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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL

CONFEDERAÇÃO SINDICAL DOS TRABALHADORES, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ de nº ..., com endereço eletrônico ..., com
sede na Rua ..., no ..., Bairro ..., CEP ..., Cidade ..., Estado…,representado
por seu PRESIDENTE..., nacionalidade ..., profissão..., estado civil..., inscrito
no CPF..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua ..., no
..., Bairro ..., CEP ..., Cidade ..., Estado ... Por advogada, com endereço
profissional na..., bairro..., cidade..., Estado..., que indica para os fins do artigo 77,
inciso V do CPC, vem respeitosamente perante a presença de Vossa Excelência,
com fundamento no artigo 102, §1o da CF e Lei no 9882/99 e demais
pertinentes a matéria, propor.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL C/C


PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR

Em face de lei do CONGRESSO NACIONAL e PRESIDENTE


DA REPÚBLICA, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I. DA BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS

No dia 12 de janeiro de 1985, foi promulgada pelo Congresso Nacional e


sancionada pelo Presidente da República a Lei Federal XX, que proíbe a prática da
ocupação de polimento de calçados em espaços públicos em todo o território nacional.

Dessa medida considerada inadequada e ainda em vigor, o líder da


Confederação Sindical dos Trabalhadores de Serviços de Hospitalidade e Comodidade,
organização sindical que representa trabalhadores da área de limpeza e
embelezamento de calçados, engraxates e atividades similares, entre outros, busca os
seus serviços para contestar a Lei Federal XX de maneira urgente e direta, uma vez que
acredita que essa norma viola diretamente a Constituição Federal.

II. DAS PREELIMINARES

II.I DO CABIMENTO

Conforme os dispositivos mencionados, previstos nos artigos 102 §1 da


Constituição Federal e na Lei 9868/99, verifica-se a admissibilidade da presente
demanda, uma vez que se trata de uma situação em que se busca reparar uma violação
à norma federal resultante de um ato do Poder Público referente a uma lei anterior ao
texto constitucional em vigor.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda


da Constituição, cabendo-lhe:

§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta


Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

Diante disso, considerando a adequação do dispositivo à situação em questão,


não restam dúvidas de que a ação direta de inconstitucionalidade por omissão é o
instrumento apropriado para satisfazer essa pretensão.

II.II DA COMPETÊNCIA

A competência para o processamento e julgamento da mencionada garantia


constitucional é atribuída ao Supremo Tribunal Federal, em conformidade com o art.
102, §1º, da Constituição Federal. Portanto, considerando a pertinência do dispositivo
à situação em questão, não há dúvidas quanto à competência da presente ação direta
de inconstitucionalidade por omissão.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental,
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal
Federal, na forma da lei.

Portanto, considerando a pertinência do dispositivo à situação em questão, não


há dúvidas quanto à competência da presente ação direta de inconstitucionalidade por
omissão.

II.III DA LEGITIMIDADE

No que se refere à legitimidade ativa, a Confederação Sindical possui a


prerrogativa de promover a ação declaratória de inconstitucionalidade por omissão,
conforme estabelecido no art. 103, inciso IX, da Constituição Federal.

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação


declaratória de constitucionalidade:

IX - Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional .

O autor cumpre esse requisito e comprova sua legitimidade por meio de


documentos anexos. Quanto à legitimidade passiva, o órgão ou entidade responsável
pela prática do ato de poder público que causou a violação a um preceito fundamental
da Constituição Federal é considerado legítimo.

Dessa forma, a legitimidade ativa e passiva da presente demanda está


devidamente comprovada.

III. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Por se tratar de uma norma federal anterior à Constituição Federal, de acordo


com o art. 1º, parágrafo único, inciso I, e o art. 4º, § 1º, ambos da Lei nº 9.882/99, a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) é a única ação de
controle concentrado de constitucionalidade cabível no presente caso.

Art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será


proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou
reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.
I - Quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre
lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição.

Art. 4o A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando


não for o caso de arguição de descumprimento de preceito fundamental, faltar
algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta.

§ 1o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental


quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.

Nesse passo, vejamos entendimento jurisprudencial.

JURISDICIONAIS SUBMETIDOS AO SISTEMA RECURSAL. NEGATIVA DE


SEGUIMENTO À ADPF. INOBSERVÂNCIA DO REQUISITO DA
SUBSIDIARIEDADE. DESPROVIMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL. 1. O
cabimento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental será
viável desde que haja a observância do princípio da subsidiariedade, que exige
o esgotamento de todas as vias possíveis para sanar a lesão ou a ameaça de
lesão a preceitos fundamentais, ou a verificação, a initio, de sua inutilidade
para a preservação do preceito. Precedentes desta CORTE. 2. Arguição
ajuizada com propósito de revisão de decisões judiciais. Não cabimento da
ADPF como sucedâneo recursal. 3. Agravo Regimental a que se nega
provimento.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.


DECRETO ESTADUAL ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO DE 1988.
COMPATIBILIDADE DE DIREITO PRÉ-CONSTITUCIONAL COM
CONSTITUIÇÃO PRETÉRITA. IMPOSSIBILIDADE. JUÍZO DE RECEPÇÃO.
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 1º, CAPUT, 5º, CAPUT, E 37, CAPUT E INC. II, DA
CONSTITUIÇÃO. ESCOPO DE DESCONSTITUIR TÍTULOS JUDICIAIS
TRANSITADOS EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
ARGUIÇÃO NÃO CONHECIDA. 1. Análise de normas pé constitucionais, em
sede de controle concentrado, somente é admitida para verificação de sua
compatibilidade com a atual ordem constitucional. Precedente: ADPF 33, de
relatoria do Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ 27.10.2006. 2.
Arguição que impugna decreto estadual pré-constitucional com escopo de
modificar títulos judiciais transitados em julgado, em contrariedade à
Jurisprudência da CORTE que assenta o não cabimento de ADPF com esse
propósito. Precedentes: ADPF 97, Rel. Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno,
julgado em 21/08/2014, de de 30/10/2014; ADPF 249-AgR, Rel. Min. CELSO
DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 13/08/2014, DJe de 1/9/2014. 3.
Arguição não conhecida.

Por conseguinte, o artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988


estabelece a livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que
atendidas as qualificações profissionais exigidas por lei.

Contudo, Lei Federal XX, em vigor desde 12 de janeiro de 1985, proíbe o


exercício da profissão de engraxate em vias públicas em todo o país. Assim, existência
dessa lei anterior, que ainda está em vigor, resulta em uma grave violação ao artigo 5º,
inciso XIII, da Constituição Federal acima mencionado.

Diante dessa situação, torna-se indispensável a propositura da Arguição de


Descumprimento de Preceito Fundamental, uma vez que está prevista no artigo 103, §
1º, da Constituição Federal, e a situação em questão se enquadra perfeitamente no
disposto no texto constitucional.

III. DA MEDIDA CAUTELAR

Nessa vereda, para a concessão da liminar, é necessário comprovar a


probabilidade do direito alegado e o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
Com base no exposto no tópico de direito, é inquestionável a probabilidade de direito,
uma vez que ficou demonstrado que a ação direta de inconstitucionalidade por omissão
encontra respaldo na Constituição Federal, mais especificamente no artigo 103, § 1º da
Constituição Federal.

Quanto ao perigo de dano, ele se evidencia pelo fato de que a manutenção da


referida lei prejudica os trabalhadores, uma vez que viola o texto constitucional e
restringe direitos fundamentais dos mesmos.

Diante disso, estando presentes os requisitos para a concessão da medida


liminar, requer-se que a mesma seja deferida.

IV. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

A). Que seja concedida liminar para suspender a Lei Federal XX;

b) A notificação das autoridades e órgãos, responsáveis pela violação ao


Preceito fundamental da Constituição Federal, para querendo, manifestem-se, caso,
assim se entender;

c) A notificação, caso Vossa Excelência entenda pertinente, do Exmo. Sr. Advogado-


Geral da União para se manifestar sobre o mérito da presente ação, nos termos do
artigo 5o, § 2o, da Lei no 9.882/99;

d) A oitiva do Exmo. Sr. Procurador Geral da República e do Ministério Público, nos


termos do artigo 5o, § 2o, e do artigo 7o, p. ú. da Lei no 9.882/99;

e). Seja julgado procedente o pedido para declarar a incompatibilidade com a


Constituição da República da Lei Federal XX, de 12 de janeiro de 1985.

f) Requerer a produção das provas admitidas em direito na forma do artigo 3, da Lei


9.882/99, em especial documental.

Dá-se à causa o valor de R$ ...

Nestes termos. Pede deferimento.

Local e Data

Advogado OAB nº...,

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