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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

PARTIDO POLÍTICO Y, com representação no Congresso Nacional, pessoa


jurídica de direito privado, por seu Diretório Nacional, inscrito no CNPJ sob o nº...,
com sede na Rua..., nº..., bairro..., cidade..., UF, CEP..., por seu advogado
(instrumento procuratório anexo), com escritório profissional na Rua..., onde receberá
as comunicações processuais (art. 77, V, CPC), vem à presença de Vossa Excelência,
com fundamento no art. 102, I, “a” da Constituição Federal e Lei 9868/99, propor
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE em face da Lei 444,
promulgada pela Assembleia Legislativa do Estado X, pelos motivos a seguir
expostos.

I - DO OBJETO DA AÇÃO

Preocupada com a Segurança Pública dentro de sua circunscrição, a Assembleia


Legislativa do Estado X editou a Lei nº 444, a chamada “Lei Antiterrorismo”, que
tipifica como crime (infração penal comum) uma série de práticas terroristas em seu
território. Um dos tipos penais da referida Lei prevê, inclusive, pena perpétua para
aquele que usar ou ameaçar usar explosivos, gases tóxicos ou conteúdos químicos,
biológicos ou nucleares para promover destruição em massa.
Ocorre que, referida norma ,como será demonstrado no decorrer desta petição,
viola o conteúdo de dispositivo da Constituição Federal e, por esta razão, deverá ser
declarada inconstitucional.

II - DA COMPETÊNCIA

Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição


Federal, sendo sua atribuição, nos termos do art. 102, I, “a”, CF/88, processar e julgar
originariamente a Ação Direta de Inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo
Federal, Estadual ou Distrital (no exercício da competência estadual do Distrito
Federal) que seja contrário à Constituição Federal.
Destarte, revela-se inequívoca a competência desta Suprema Corte para o
julgamento da presente ação direta de inconstitucionalidade.

III - DA LEGITIMIDADE ATIVA

A legitimidade ativa para atuar no controle concentrado de constitucionalidade


foi entregue a um rol taxativo, hoje presente no art. 103 da Constituição Federal.
Em síntese, o Partido Político com representação no Congresso Nacional detém
legitimidade para ajuizar a presente ação direta de inconstitucionalidade, em razão do
disposto no art. 103, VIII, da CF e do art. 2º, VIII, da Lei 9868/99.
Vale ressaltar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no
sentido de que a representação no Congresso Nacional se aufere no momento da
propositura da ação, tornando-se irrelevante a modificação desse estado no decorrer
do processo, que, aliás, em função de seus contornos objetivos, não admite
desistência, conforme determina o art. 5º da Lei 9868/99.
O requisito da pertinência temática não precisa ser comprovado, visto que a
Suprema Corte firmou entendimento no sentido de que o Partido Político com
representação no Congresso Nacional é legitimado universal, isto é, pode ajuizar as
ações do controle concentrado independentemente de comprovação da pertinência
temática.
Os legitimados universais possuem dentre as suas atribuições institucionais a
de defender a ordem constitucional objetiva, nesse sentido o interesse de agir pode
ser presumido.

IV - FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA (OU DIREITO)

Primeiramente, insta destacar que a Convenção sobre Direitos das Vítimas de


Atividades Terroristas, embora compreenda uma convenção internacional sobre
direitos humanos, tem status de lei ordinária, visto que foi integrada em nosso
ordenamento jurídico pelo rito ordinário não se impondo quórum qualificado na
forma do art. 5ª, §3ª, da CF, mas sim conforme as regras anteriores à EC 45/04,
estando, portanto, sujeita ao controle da constitucionalidade.
A inconstitucionalidade material evidencia-se quando o conteúdo do ato
normativo entra em conflito com regras ou princípios estabelecidos na Constituição
Federal. Tal inconstitucionalidade encontra-se presente no Art 5ª, XLVII, b, CF/88
que veda a imposição de pensa de caráter perpétuo.
De acordo com o art. 22, I, da CF/88, que dispõe que compete privativamente
à União legislar sobre direito penal. Nesse sentido, não há dúvida que o art. 22 da
Convenção é inconstitucional, pois afronta dispositivo expresso na CF, ao dispor que
“as presas condenadas por crimes resultantes de atividades de terrorismo, logo após
darem à luz, deverão deixar seus filhos sob a responsabilidade de entidade pública de
assistência social até que cumpram integralmente a pena”.
Por fim, demonstrada a inconstitucionalidade da Lei 444 deve-se admitir a
presente ADI, para que no mérito seja julgada procedente, declarando a
inconstitucionalidade do referido dispositivo.
V - DOS PEDIDOS

Do exposto, requer-se:

a) sejam intimados o Governador do Estado e o Presidente da Assembleia


Legislativa para, em 30 dias, prestarem informações que julgarem necessárias, de
acordo com o que prevê o art. 6º, parágrafo único, da Lei 9868/99;
b) seja ouvido o Advogado-Geral da União, no prazo de 15 dias, após o prazo
das informações, conforme o art. 103, §3º, da CF e o art. 8º da Lei 9868/99;
c) seja ouvido o Procurador-Geral da República, após a manifestação do AGU,
também no prazo de 15 dias, conforme o art. 103, §3º, da CF e o art. 8º da Lei
9868/99.
d) Ao final, no mérito, seja julgada procedente a ADI, declarando-se a
inconstitucionalidade da Lei nª 444.

Termos em que pede deferimento.

Sobral-ce, 07 de Maio de 2020.

Geisa Marques de Lima


OAB/CE

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