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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL

“Vai Brasil”, partido político, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no


CNPJ sob o nº _ e no TSE sob o nº _, por seu Diretório Nacional, com sede em _,
conforme o art. 103, VIII, da Constituição Federal e o art. 2º, VIII, da Lei nº 9.868/99,
por seu advogado regularmente inscrito na OAB/_, sob o nº _, e devidamente
constituído – instrumento de mandato em anexo – com escritório profissional situado na
rua _, vem respeitosamente perante V. Exa., com fundamento no art. 102, I, “a” e “p” da
Constituição Federal e no art. 10 da Lei 9.868/99, propor

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO DE


CAUTELAR

em face do Governador do Estado Y e da Assembleia Legislativa do Estado Y, tendo


por objeto a declaração de inconstitucionalidade da Lei do Estado Y de nº 8888/2018
em face da Constituição Federal, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

I – DO OBJETO IMPUGNADO

De acordo com o art. 102, I, a, da Constituição Federal, caberá ADI em face de


lei ou ato normativo federal ou estadual que viole a Constituição Federal.
Como se demonstrará ao longo da presente ação, a lei estadual viola a
Constituição Federal sob os aspectos formais e materiais, por isso deverá ser declarada
inconstitucional.

II – DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Consoante o art. 102, I, “a” da CF/88, o Supremo Tribunal Federal é a Corte


competente para processar e julgar originariamente a ação direta de
inconstitucionalidade de lei estadual.
Da mesma forma, a Suprema Corte é competente para apreciar o pedido de
medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade, segundo o art. 102, I, “p”, da
CF/88.

III – DA LEGITIMIDADE ATIVA

O partido político “Vai Brasil”, legitimado universal, que prescinde da


pertinência temática, preenche os requisitos dos legitimados a proporem a ação direta de
inconstitucionalidade de lei estadual em face da Constituição Federal, consoante o art.
103, VIII, da CF/88 e o art. 2º, VIII, da Lei 9.868/99, uma vez que detém representação
no Congresso Nacional, ainda que unicamente por um Deputado Federal.

IV – DA LEGITIMIDADE PASSIVA
São legitimados passivos aptos a compor o polo da presente ação o Governador
do Estado Y e a Assembleia Legislativa do Estado Y, ambos responsáveis por editar a
Lei estadual 8888/2018.

V – DAS INCONSTITUCIONALIDADES FORMAIS

A Lei estadual 8888/2018 padece de inconstitucionalidade formal ao se imiscuir


em matéria de competência administrativa da União, exposta no art. 21, XII, “b” da
CF/88. Ora, a imposição da obrigação de remover, sem custo para o usuário, postes de
sustentação da rede elétrica causadores de transtornos ou impedimentos a particulares
configura intromissão indevida do poder estadual em serviço púbico de titularidade da
União.
Do mesmo modo, a referida Lei estadual incorre em vício de
inconstitucionalidade formal por vulnerar o art. 22, IV, da CF/88, o qual reserva à
União a competência privativa de legislar sobre energia, o que fixa a primazia da União
em dispor sobre o assunto em detrimento de outros entes federativos.
Ainda, a Lei estadual também afronta o dispositivo constitucional que prevê
como de iniciativa da União legislar acerca da política tarifária a ser observada na
prestação de serviços públicos, qual seja das concessionárias de energia, conforme o art.
175, parágrafo único, III, da CF/88. Isso porque a obrigação de remoção dos postes
esbarra no equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão, elemento da
política tarifária definida para a concessionária de energia elétrica em atuação no Estado
Y.
Desta forma, é patente a violação aos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade da obrigação instituída pela Lei estadual, vez que se traduz em tentativa
estadual de dispor sobre assuntos de interesse e competência primária da União,
conforme os mandamentos constitucionais supracitados.

VI – DA MEDIDA CAUTELAR

O art. 102, I, “p”, da CF/88, bem como o art. 10 da Lei 9.868/99 autorizam a
concessão de medida cautelar com o fim de garantir, de modo antecipado e temporário,
a eficácia da futura decisão a ser proferida por este Tribunal.
O presente caso comporta adequação ao permissivo, de forma que a
plausabilidade do pedido resta demonstrada pela patente inconstitucionalidade de norma
estadual impor obrigação de remoção de bem integrante da prestação de serviço público
por concessionária de energia elétrica.
Em igual sentido resta evidenciado o risco na demora à medida que a
concessionária encontra-se obrigada a remover postes que estão a prejudicar
proprietários e terceiros, sem quaisquer ônus a estes, enquanto a norma federal existente
acerca da questão, emanada por agência reguladora, apenas autoriza tal remoção, sendo
que tal serviço deve ficar às expensas dos usuários interessados

VII – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:


a) A intimação da Assembleia Legislativa do Estado Y e do Governador do
Estado Y para que, querendo, manifestem-se acerca do pedido de medida
cautelar no prazo de cinco dias, com fulcro no art. 10 da Lei 9.868/99. E para
que também se manifestem no prazo de 30 dias acerca do mérito e do pedido
principal, consoante o art. 6º, parágrafo único da Lei 9.868/99;
b) A concessão da medida cautelar pleiteada com fundamento no art. 10 da Lei
9.868/99 para que suspenda a eficácia da norma inconstitucional, qual seja a
Lei do Estado Y de nº 8888/2018;
c) A intimação do Advogado-Geral da União para que se manifeste acerca do
pedido cautelar no prazo de três dias, caso assim entenda necessário o Exmo.
Relator. E para que também se manifeste, no prazo de 15 dias, acerca do
mérito e pedido principal, conforme o art. 10, §1º e art. 8º da Lei 9.868/99,
além da imposição constitucional do art. 103, §3º;
d) Sucessivamente, a intimação do Procurador-Geral da República para que se
manifeste acerca do pedido cautelar no prazo de três dias, caso assim entenda
necessário o Exmo. Relator. E para que também se manifeste, no prazo de 15
dias, acerca do mérito e do pedido principal, conforme o art. 10, §1º e art. 8º
da Lei 9.868/99, além da imposição constitucional do art. 103, §3º;
e) Ao final, a procedência do pedido para que a Lei do Estado Y de nº
8888/2018 seja declarada inconstitucional.

Apresenta, por fim, as inclusas cópias em duas vias da inicial, procuração,


cópias da lei estadual impugnada e documentos comprobatórios de sua
inconstitucionalidade, consoante exigência do art. 3º, parágrafo único da Lei 9.868/99.

VIII – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000 (mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC.

Termos em que pede deferimento.

Brasília, _ de _ de _

Advogado
OAB/_ nº _

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