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FORTALEZA
2016
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FORTALEZA
2016
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BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof.ª Mc. Fernanda Cláudia Araújo da Silva (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_______________________________________________
Msc. Átila Einstein de Oliveira
Doutorando UNIFOR
_______________________________________________
Bel. Demítrius Bruno Farias Valente
Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestrando UFC
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RESUMO
ABSTRACT
The importance of proper insulation and preservation of the crime scene will have positive
consequences in the disentangling of the investigations regarding the crime committed.
With the correct perception and perpetuation of a crime scene made by the coroner, it is
prevented from innocent to suffer for their rights and freedoms and prevent culprits are free
to answer for their crimes. questions will address on the current situation of expertise
bodies on the civil police, notably on the separation of the public agencies and the
constitutionality of the expert body. Through the Criminal Procedure Code to clarify the
legal requirements and the mandatory elements of a skill as well as the measures to be
taken upon the occurrence of a crime under the law. Addressing the foundations of
Criminology and Forensic you can understand the great impact on consequent expertise of
results of small changes in the crime scene because of the precariousness of preserving the
crime scene.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2 CRIMINALÍSTICA, PRESERVAÇÃO DO LOCAL DE CRIME E PROVA
PERICIAL...............................................................................................................12
2.1 A criminalística no âmbito das policias.................................................................12
2.2 A preservação do local de crime.............................................................................13
2.3 Prova pericial...........................................................................................................16
2.4 A preservação: mecanismo de isolamento – importância....................................18
3 A PERÍCIA EM FACE DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA................................22
3.1 Casos de nova perícia…..........................................................................................25
3.2 O assistente técnico..................................................................................................26
3.3 O isolamento e preservação de local de crime no Código de Processo Penal ...27
3.4 Do prazo para elaboração de exame e do laudo pericial.....................................28
3.5 Da fotografia............................................................................................................28
3.6 As perícias elencadas no Código de Processo Penal …........................................29
4 LOCAL DE CRIME E SUAS ESPECIFICIDADES...........................................31
4.1 Os Indícios e Vestígios.............................................................................................31
4.2 A preservação dos Vestígios....................................................................................32
4.3 Locais de Crime Contra a Vida..............................................................................32
4.4 Locais de Ocorrências de Tráfego..........................................................................33
4.5 Locais de Crime Contra o Patrimônio..................................................................35
4.6 Casos de Perícias de Imagens.................................................................................35
4.7 A Informática Forense.............................................................................................35
4.8 A Documestoscopia..................................................................................................36
4.9 A Grafoscopia...........................................................................................................36
4.10 Mortes por Asfixia...................................................................................................36
4.11 Mortes por Precipitação.........................................................................................37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................38
REFERÊNCIAS......................................................................................................39
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1 INTRODUÇÃO
O Código Penal define com precisão os tipos penais e as penas, mas é o Código de
Processo Penal que fornece regras de operação e deveres inerentes aos agentes policiais e
do judiciário. Isto posto, vale frisar o Art. 158 do CPP determina que todo crime que deixar
vestígios deverá ser submetido a perícia, não a substituindo ou isentando desta
necessidade a prova testemunhal.
Por esta razão a perícia criminal se faz presente em ocorrências de tráfego com
vítimas lesionadas, pois devido a lesão ocorrida se compatibiliza a figura do crime de lesão
corporal que poderá ser denunciado por ocasião do inquérito policial.
No Brasil existe a figura definida em lei do perito oficial, onde o mesmo é
vinculado as policias judiciárias (Polícias Civis e Polícia Federal). Somente em caso que
não haja perito oficial disponível será nomeado um perito ad hoc. Existe um movimento
nacional onde todos os estados da federação caminham para a independência do órgão de
perícia da Polícia Civil. Em São Paulo e Pernambuco, por exemplo, foram criadas a Polícia
Científica de São Paulo e a Polícia Científica de Pernambuco por meio de Leis Estaduais.
No Ceará foi sancionada a Lei de criação da Perícia Forense do Estado do Ceará -
PEFOCE (Lei Estadual nº 14.055, de 7 de janeiro de 2008) concedendo autonomia
administrativa e financeira ao órgão. Porém os servidores peritos continuam vinculados à
Polícia Civil do Estado do Ceará e permanecem como Policiais Civis, sendo os mesmos
cedidos à PEFOCE onde são lotados.
Nesse diapasão também haverá a necessidade de um Projeto de Emenda
Constitucional que insira os órgãos de perícia estaduais no Art. 144 da Constituição
Federal da República Federativa do Brasil – CF de 1988. No citado artigo figuram todas as
polícias brasileiras e seria acrescentada a figura dos órgãos de Perícia Estaduais e Federal
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inclusive.
Atualmente, para garantir a constitucionalidade da atuação dos peritos oficiais do
estado do Ceará, os peritos atuam como policiais civis, estando portanto inseridos no Rol
do Art. 144 da CF/1988.
Agora que já se esclareceu que toda infração penal que deixar vestígios torna
obrigatória a perícia, vale explicar em qual momento a perícia será acionada para proceder
os exames perícias que se fazem necessários. Quando um crime ocorre, o mesmo é
comunicado à Polícia, seja através do telefone ou diretamente. Após a notícia do crime
ocorrido, uma equipe policial deverá deslocar-se ao local para verificar a veracidade e o
tipo de ocorrência em curso. Ao chegar no local de crime, o primeiro policial como é
chamado, deve certificar-se com relação à sua própria segurança e em seguida confirmar a
existência do crime tomando cuidado para alterar o estado das coisas (DOREA, 2012).
Após a confirmação da ocorrência, o primeiro policial deve providenciar o devido
isolamento do local de crime impedindo que qualquer pessoa entre na área isolada até a
chegada da perícia. Quando o perito criminal chega no local, deve se comunicar com o
primeiro policial a fim de receber todas as informações disponíveis do caso. Em seguida
deve o perito avaliar o isolamento e decidir por mantê-lo ou ampliá-lo (DOREA, 2012).
Nos locais de crime, se faz necessária a presença da autoridade policial, o delegado
de polícia, podendo este ser representado por membros da equipe da delegacia respectiva.
Após a perícia ser concluída, o local de crime é liberado para a autoridade policial.
Em cumprimento, vale salientar, com o disposto no Art. 169 do Código de Processo
Penal que segue:
Art. 169. Para efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos
peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos.
Parágrafo único – Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
fatos e um dos tipos de perícia que mais demanda esforço dos peritos, devido condições
adversas que muitas vezes se encontram durante os trabalhos de levantamento pericial in
loco.
Voltando um pouco ao histórico da criminalística, temos que no princípio cabia à
medicina legal, além dos exames de integridade física do corpo da vítima, toda a pesquisa,
busca e demonstração de outros elementos relacionados com a materialidade do crime,
como o exame dos instrumentos do crime e demais evidências(DOREA; QUINTELA;
STUMVOLL, 2012).
Com o desenvolvimento da sociedade e das ciências, nasceu uma nova disciplina
para pesquisa, análise e interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de
crime, sendo esta, fonte de apoio à Polícia e ao Judiciário.
Quanto a nomenclatura desse novo ramo científico, existem diversas, como polícia
científica, polícia técnica, ciência policial ou policiologia. Segundo Gilberto Porto, os que
se filiam à escola alemã usam o nome de Criminalística, que foi utilizado pela primeira vez
por Hans Gross, considerado o pai da Criminalística, juiz de instrução e professor de
direito Penal, em 1983, em Gratz, na Alemanha, ao publicar seu livro como sistema de
Criminalística, “Manual do Juiz de Instrução”.
A Criminalística, ainda segundo Gilberto Porto, não se constitui em uma ciência,
mas em disciplina transformada e elevada para um sistema, aplicando dados fornecidos por
diversas ciências, artes e outras disciplinas, utilizando os próprios métodos inerentes a
essas ciências.
A definição dada à Criminalística, por ocasião do 1º Congresso Nacional de Polícia
Técnica, durante o ano de 1947, em São Paulo é: “Criminalística: disciplina que tem por
objetivo o reconhecimento e interpretação dos indícios materiais extrínsecos relativos ao
crime ou à identidade do criminoso. Os exames dos vestígios intrínsecos (na pessoa) são da
alçada da medicina legal.”
Nesse conceito, objetiva-se que a moderna Criminalística necessariamente esteja
imbuída do fator da dinâmica, com análise dos vestígios materiais, as interligações entre
eles, bem como dos fatos geradores, a origem e a interpretação dos vestígios, os meios e
modos como foram perpetrados os delitos, não se restringindo, tão somente, à fria estática
narrativa, sem vida, da forma como se apresentam os vestígios, isto é, ao simples visum et
repertum (DOREA; QUINTELA; STUMVOLL, 2012).
Doutrinariamente temos que, entre os principais postulados da criminalística,
destacam-se:
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tipo quando se refere imediatamente ao fato probando, ao fato cuja prova é desejada, no
segundo tipo quando se refira a outro fato do qual por questão de lógica se chega ao fato
que se deseja provar realmente, necessitando entretanto de um trabalho de raciocínio
indutivo (DOREA; QUINTELA; STUMVOLL, 2012).
Por exemplo, se uma testemunha afirma que viu o crime temos uma prova direta do
ilícito penal, sendo nesse caso uma prova direta do tipo testemunhal. Já se a testemunha
declara apenas que viu o réu sendo capturado após perseguição policial, temos uma prova
indireta, pois para concluir que o acusado preso é o mesmo que fugiu após o delito se faz
necessário o uso da indução lógica. Assim, com a prova direta é possível uma conclusão
imediata e objetiva, enquanto que com a prova indireta se faz necessário o raciocínio, com
a formulação de hipóteses, exclusões e aceitações, para um conclusão final. São provas
indiretas as presunções e os indícios.
A prova pericial é a prova resultado do trabalho científico dos peritos, como a
coleta de vestígios e a perpetuação do cenário do local de crime. Através do cenário
reproduzido através de fotografias, desenhos ou croquis é possível ao perito efetuar um
estudo sobre a dinâmica dos fatos e sobre as diversas possibilidades, o que possibilita
finalmente a formulação das hipóteses como mencionado anteriormente, como também
será possível ao Juiz de Direito ter contato com o cenário do crime, mesmo que este já
tenha sido completamente desfeito, atraves do laudo pericial, daí porque utiliza-se a
palavra perpetuar durante os trabalhos da perícia.
A partir das hipóteses já formuladas é possível inferindo outros vestígios, a
exclusão de algumas das hipóteses existentes, fazendo com que entre as hipóteses restantes
esteja a verdadeira e que descreve os fatos ocorridos no local do crime.
Uma das finalidades do levantamento pericial é a da legalização do indício, pois
não basta que cada um dos indícios, quando adequadamente analisado e interpretado, esteja
revestido e albergado de rigoroso valor científico, havendo sempre a necessidade de que o
surgimento, a origem desse vestígio, bem como sua relação com o local do crime tenham
o pressuposto característico de sua autenticidade legal, ou seja, esteja eficazmente
comprovado sua veracidade de relação com o fato que se analisa. E esta autenticidade deve
ser convalidada na forma como são registrados todos os vestígios, com o intuito de que as
informações científicas fornecidas pelos vestígios estejam realmente legalizadas e
vinculadas ao fato (DOREA; QUINTELA; STUMVOLL, 2012).
Os peritos criminais, nos seus exames periciais em local de crime, quando
constatam e registram a presença de vestígios materiais e os apreendem para posteriores
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Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
Parágrafo Único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
A preservação se refere tanto ao local do crime quanto aos objetos coletados pelo
perito criminal. No primeiro, a preservação é de responsabilidade do primeiro policial que
chegou na ocorrência, daí a grande importância do correto isolamento do local de crime,
pois somente corretamente isolado, o local será de fato preservado, pois existem vestígios
extremamente sensíveis que se desfarão ao menor toque, pegada, esbarro, etc.
Quanto a preservação dos objetos coletados pelo profissional de perícia criminal no
local periciado, sua preservação se relaciona com o correto acondicionamento na
embalagem correta e na cadeia de custódia. Somente com uma cadeia de custódia plena
será possível inibir manipulações mecânicas indevidas nos objetos, pois com a cadeia de
custódia em funcionamento, somente pessoas habilitadas terão acesso aos objetos
coletados e já condicionados pelo perito, e mesmo assim, na hipótese de acesso, este ficará
registrado na ficha individual de cadeia de custódia indicando quais foram os profissionais
que ficaram responsáveis pelo objeto durante todo o tempo, bem como como ficará
registrado as condições em que cada um dos participantes recebeu tal objeto implicando
em uma maior responsabilidade e responsabilização por eventuais alterações nos objetos
custodiados (DOREA, 2012).
A preservação é de importância tal, que peritos da Informática Forense quando do
início de seus trabalhos periciais, copiam a prova digital, e somente na cópia produzida
eles procedem os exames, pois todo contato com a mesma, por menor que seja produz
alterações que podem ter implicações futuras importantes.
Vale lembrar da tarefa que cabe ao perito de local de crime, que após a coleta dos
vestígios no local deve tratá-los antes armazená-los para o devido encaminhamento, pois
alguns deles exigem cuidados especiais, principalmente aqueles que possuem umidade e
em especial amostras de sangue, as quais estão sujeitas ao ataque por fungos. No caso de
amostra de sangue com proliferação de fungos, a mesma torna-se imprestável para um
futuro exame de DNA, inutilizando o seu potencial identificador exclusivo.
Os materiais que serão encaminhados para balística também devem ser tratados,
pois no caso de projéteis, onde as marcas contidas no mesmo serão analisadas no
equipamento denominado micro comparador balístico, caso não sejam corretamente
lavados para livrá-los do sangue que possa estar impregnado nos mesmos, sofrerão um
processo de oxidação que terminará por deformar aquelas marcas originadas no raiamento
do cano da arma que os disparou, tornando inviável o trabalho futuro do perito da balística
devido tais deformações por oxidação no projétil.
Com relação ao acondicionamento, cada tipo de objeto coletado pelo perito requer
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uma embalagem distinta. Amostras de material biológico, por exemplo são coletadas em
SWAB, um cotonete especial, sendo que o mesmo dever ser acondicionado em uma
caixinha de papelão, preso pela haste apenas, ficando o algodão suspenso e sem tocar nas
paredes da caixinha.
Além da perda de uma evidência material por motivo de deterioração ocasionada
por preservação inadequado, existe outro tipo de perda, a jurídica. Existem casos em que
devido a falta de um correto isolamento de local de crime e da devida cadeia de custódia, o
advogado solicita que a prova contida nos autos seja considerada inidônea e que a mesma
seja desconsiderada por completo no julgamento da ação. Essa desconsideração de uma
única prova ou várias provas, pode culminar em verdadeira impunidade na seara da justiça
criminal, configurando-se uma tragédia para a ciência pericial. Sem perícia, não existem
culpados nem inocentes, visto que, essa mesma prova pericial pode culminar na inocência
de algum dos acusados.
Assim, demonstra-se a importância da perícia criminal para a justiça, sendo a
mesma verdadeiro instrumento de aferição do magistrado, tal como a balança simbólica
presente no ícone da justiça.
Faz-se necessário que o Estado corrija eventuais falhas existentes atualmente nesse
processo para evitar que provas periciais sejam contestadas juridicamente tornando-se
inválidas prejudicando a Justiça e causando impunidade. Daí a importância da
problematização do assunto, que têm sido descuidado pelo Estado, causando um
incalculável prejuízo para a Justiça.
A preservação de local de crime, não diz respeito somente a alteração dos vestígios,
mas também a eventual destruição completa de vestígios mais frágeis. Esse é o grande
perigo de um local mal preservado, onde os vestígios mais sutis se perderão para sempre ao
simples tocar imprudente de alguém.
Como exemplo temos as impressões digitais, que ao menor toque podem ser
borradas ou sobrepostas, e temos também vestígios de material biológico que com o toque
podem adquirir amostras de material genético da pessoa que as tocou.
Em alguns casos, chega-se a colher amostra de material genético até mesmo da
equipe pericial, para que se possa descartar qualquer resultado influenciado acidentalmente
pelo material genético dos profissionais que estiveram na cena do crime. Percebe-se com
isso o nível de sensibilidade de tais vestígios.
Um erro comumente cometido em local de crime contra a vida, pela equipe policial
que primeiro chegou ao local é providenciar um isolamento deficiente devido seu tamanho,
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abarcando uma área pequena demais, que por vezes só engloba o corpo praticamente.
Nesses casos, o perito irá ampliar a área de isolamento determinando qual é a nova área a
ser isolada. Mas infelizmente, até a chegada da perícia, aquela área permaneceu sem
isolamento e foi exposta aos transeuntes e curiosos fazendo com que parte dos vestígios se
perca de forma irremediável.
Para corrigir as falhas no isolamento do local do crime feito pelos policiais, foram
inseridos com maior destaque nos cursos de formação destes profissionais, as corretas
técnicas e procedimentos operacionais. As instruções devidas são fornecidas aos
profissionais, mas infelizmente na prática, devido ao grande clamor no local de crime e por
vezes a pressa, ocorrem descuidos. Mas é preciso disciplina e que se respeite o correto
procedimento de isolamento de local de crime. A polícia também depende da
conscientização da população, que deverá evitar a aglomeração ao redor das fitas de
isolamento, dando espaço para o desenvolvimento tranquilo dos trabalhos de
levantamento.
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Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvados as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
Ou seja, o juiz da causa não fica vinculado ao conteúdo dos laudos periciais, não
ficando adstrito ao laudo. O que está explicitado no Art. 182 do CPP: “Art. 182. O juiz não
ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.”.
Conforme demonstra Luiz Eduardo Dorea (DOREA; QUINTELA; STUMVOLL,
2012, pág. 14) sobre o Art. 155:
Ao analisarmos este artigo de forma mais ampla e associada a uma visão técnico-pericial,
nos mostra que o juiz ao considerar todo o conjunto das provas carreadas para o processo
judicial , será – no entanto – livre para escolher aquelas que julgar convincentes.
A nova redação do mencionado artigo trouxe restrições às informações oriundas da
investigação policial, mas ressalva aquelas provas cautelares que não são repetíveis e,
portanto devem ser produzidas antecipadamente ao processo legal, aqui inserida está a
prova pericial. Na verdade, a ressalva para a prova pericial está em harmonia com o seu
próprio destino, que é a justiça, conforme determinado no artigo 178, para que o laudo
pericial deva ser juntado ao processo e, portanto, não fala no inquérito policial.
Este artigo 155 nos ressalta dois aspectos importantes da perícia. O primeiro pela
consagração jurídica (isso desde 1941) do princípio da Doutrina da Criminalística Brasileira
do Exame do Corpo de Delito e, o segundo, o destaque da importância da perícia, mais
ainda agora com a ressalva inserida pela mencionada Lei nº 11.690/2008.
Nesse particular, quando o juiz rejeita uma prova pericial (ou qualquer outra), obviamente
ele deverá justificar formalmente esta preferência, conforme determinam os artigos 200 e
381, inciso III:
Art. 200. A confissão será divisível e retratável , sem prejuízo do livre convencimento do
juiz, “fundado no exame das provas em conjunto”. - grifo nosso
Art. 381.
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III. A sentença conterá: […] a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a
decisão[...].
Outra conclusão a respeito do Art. 155, é a de que não existe hierarquia de provas.
Todas as provas podem ter o mesmo valor no processo. Mas na prática a prova pericial
pelo seu caráter eminentemente material tem um maior aproveitamento sobre as demais
provas (DOREA; QUINTELA; STUMVOLL, 2012).
É pré-requisito do perito, a formação de nível superior, de acordo com o Art. 159 do
CPP: “ Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior.”.
Caso não seja possível a atuação de um perito oficial, será nomeado pelo juiz um
perito ad hoc, também portador de diploma de nível superior, conforme descrito no
parágrafo primeiro do Art. 159 que diz: “ §1º. Na falta de perito oficial, o exame será
realizado por 2 (duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada
com a natureza do exame.”.
A exigência de dois peritos oficiais foi flexibilizada através da nova redação do Art.
159 do CPP: “ Art. 159. O exame de corpo delito e outra perícias serão realizados por
perito oficial, portador de diploma de curso superior.”
Entretanto vale ressaltar o parágrafo sete do mesmo Art. que diz que em se tratando
de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-
se-á designar atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente
técnico.
Atualmente na Perícia Forense, já é prática comum que em casos mais complexos e
os que abrangem notadamente mais de uma área de conhecimento sejam tratados por uma
equipe multitarefa. Houve casos em que a atuação dos peritos criminais da Informática
Forense foi de fundamental importância para solucionar de forma definitiva a investigação
criminal. Em outras ocasiões específicas foram chamados a participar do caso peritos
criminais com formação nos cursos de Engenharia, complementando tecnicamente os
trabalhos dos peritos criminais de locais de crime que tivessem outra formação.
Atualmente, de acordo com o Código de Processo Penal, cabe à autoridade policial
(delegado de polícia), presidente do Inquérito Policial, requisitar a perícia, conforme
determina o inciso VII do Art. 6º:
“ Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias.”
24
requisitado, já que o diretor do órgão pericial deve saber qual profissional é o mais
adequado para o caso.
As partes de uma investigação criminal também podem solicitar determinada
perícia, desde que o juiz ou a autoridade policial dê sua anuência, em conformidade com o
Art. 184 que segue: “ Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.”
Sendo portanto obrigatório a aceitação da solicitação de exame de corpo de delito
feita pela parte.
Vão sempre existir casos em que as autoridades envolvidas levantem dúvidas sobre
laudos periciais, notadamente nos casos de grande repercussão na imprensa.
Devido ao clamor da sociedade e as vezes na pressa de dar uma resposta rápida, as
autoridades terminam por desacreditar os trabalhos que ainda vãos ser concluídos ao
adiantarem suas percepções pessoais do caso, prejudicando sobremaneira a recepção do
resultado pericial.
Em caso de real necessidade de maior esclarecimento sobre um resultado ou mesmo
sua completa correção, o Art. 181 do CPP norteia o modo e a forma:
Depois de feito o laudo, apenas o juiz poderá ordenar a sua revisão ou a feitura de
um novo exame por outros peritos.
Casos as partes acreditem que haja imprecisão ou erro no laudo, deverão solicitar
ao magistrado para que tome as medidas necessárias.
Entretanto, durante os trabalhos periciais antes da expedição do laudo, o delegado,
o promotor, o juiz ou as partes (estas por meio de petição ao delegado de polícia ou ao juiz,
feita pelo advogado), poderão formular quesitos aos peritos, a fim de que eles respondam
atraves do laudo, conforme indicado no Art. 176 do CPP: “ Art. 176. A autoridade e as
partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.”
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[…]
§3.º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§4.º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta
decisão.
O parágrafo terceiro criou a figura do assistente técnico, que pode ser indicado por
qualquer das partes, conforme ali discriminado. Já o parágrafo quarto estabelece o
regramento de como será sua atuação.
O assistente técnico tem acesso inclusive as provas utilizadas pelos peritos,
podendo inclusive submetê-las a testes que desejarem, é o que diz o parágrafo sexto do
mesmo artigo:
[...]
§6.º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia
será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na
presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua
conservação.
27
O Art. 159 do CPP no seu parágrafo sexto detalhou nos pormenores o modo como
se dará o acesso do assistente técnico ao material probatório.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I. dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II. apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
Art. 1º. Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar
conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata
remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se
estiverem no leito da via pública e prejudiquem o tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim
da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais
circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.
A partir desta lei conclui-se que o poder executivo tentou atribuir à Polícia
Rodoviária Federal a tarefa de realizar “perícias” nos acidentes de tráfego ocorridos nas
rodovias federais. Inclusive com a edição do Decreto nº 1.655, de 03/10/95, inserindo no
Art. 1º, o inciso V (realizar perícias, levantamentos de locais, boletins de ocorrências,
28
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias,
podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.
Tal prazo não vem sendo cumprido nos diversos Institutos de Perícia espalhados no
Brasil, devido ao crescimento da demanda de exames e a defasagem de pessoal, havendo
muitas vagas desocupadas nestes órgãos.
Com relação aos exames, o Código de Processo Penal não determina expressamente
um prazo para elaborar o exame pericial, visto que ficaria muito difícil estabelecer na
legislação processual um prazo dessa natureza devido a complexidade variável de cada tipo
de exame.
3.5 Da fotografia
A fotografia passou a ser obrigatória para local de crime com cadáver de acordo
com o Art. 164 do CPP: “Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em
que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e
vestígios deixados no local do crime.”
O recurso fotográfico tem um caráter exclusivo e insubstituível de fornecer ao
usuário do laudo uma dimensão real da cena existente no local de crime, perpetuando
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Nesse artigo, o CPP fornece a instrução perfeita ao perito, evitando que o mesmo se
omita com relação a detalhes que serão fundamentais na qualificação do tipo penal e
dosimetria da pena.
O Art. 172 do CPP trata da avaliação pecuniária que servirá de orientação ao juiz,
principalmente na aplicação da pena do réu. Quando não for possível a avaliação direta,
será feita a avaliação indiretamente atraves das informações que forem reunidas no laudo
pericial. Como exemplo, em um levantamento, o perito pode indicar que foi danificada
determinada extensão de muro, ficando o mesmo demolido, sendo indicado no laudo
pericial, o comprimento deste muro e sua natureza. Com base na descrição e medidas é
possível efetuar uma avaliação posterior do valor monetário do referido prejuízo. Segue
abaixo o Art. 172 do CPP:
30
Art. 173.No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver
começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a
extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do
fato.
Nas ocorrências com vítima fatal, além da morte natural ocasionado por idade
avançada ou doença, teremos a morte violenta, sendo os casos de morte violenta
subdivididos em homicídio, suicídio e acidente.
Existem alguns casos em que no local será possível determinar o tipo de morte, o
que será confirmado posteriormente por ocasião da necrópsia. Em outros casos, devido a
ausência de sinais de violência e de lesões, não é possível determinar preliminarmente o
tipo de morte
Nos locais de morte por arma de fogo, o cuidado na coleta dos materiais é
fundamental, pois o trabalho do perito deverá ser complementado com o realizado na área
33
de balística forense. A arma do crime, pode fornecer material genético da pessoa que a
manipulou bem como impressões digitais da mesma. Os projéteis e estojos coletados
poderão indicar o calibre, bem como poderão ser comparados com alguma arma suspeita
encaminhada para a perícia. Com o devido levantamento de local de crime e os devidos
exames balísticos, será possível determinar se o disparo de arma de fogo foi acidental,
homicídio ou suicídio.
Durante os exames, o perito deve fotografar os vestígios na posição em que se
encontram originalmente. As fotografias, são um instrumento poderoso de trabalho
pericial. Algumas vezes, determinado detalhe dos objetos são percebidos quando as
fotografias são analisadas pelo perito. Isso ocorre até mesmo por questões de iluminação,
onde em locais escuros, o flash da câmera fotográfica permite a visualização precisa de
detalhes minuciosos dos objetos observados no local de crime.
A vítima também deve ser examinada ainda no local. As vestes do cadáver devem
ser observadas, se estão desalinhadas, se possuem alguma perfuração ou mancha, etc. O
corpo da vítima também manifesta sinais que contam ao perito algo. É o caso da rigidez
cadavérica que sugere o tempo de morte decorrido. Existem também os livores
hipostáticos, que são manchas que surgem na pele decorrentes do fato que após parar de
circular, o sangue dentro do corpo humano se deposita nas regiões mais baixas por ação da
gravidade. Após algumas horas, os livores hipostáticos se fixam e mesmo que o corpo seja
mexido e sua posição alterada, o perito terá como saber que aquela não era a posição
original do corpo e que o mesmo foi mudado de posição por alguém.
São pequenos detalhes e técnicas que vão subsidiando o perito na reconstituição da
dinâmica dos eventos passados. O profissional da perícia não se baseia somente no que
está posto diante de seus olhos, mas tudo passa por um processo de validação.
como veículos, com base em técnicas de observação e percepção. Um veículo pode ter sua
posição modificada antes da chegada da equipe pericial. Porém existem maneiras de
distinguir quando a posição final de um veículo é original ou não, levando em
consideração principalmente marcas existentes na via, tais como sulcagens, frenagens, etc.
Tais marcas não podem ser movidas de local e por isso recebem atenção especial e servem
para validar os demais elementos percebidos pelo perito. Uma moto ao cair e deslizar sobre
a via, muito provavelmente causará marcas de sulcagens no asfalto e com base nessas
marcas podemos inferir a direção e sentido do deslocamento da mesma, bem como sua
posição final original.
O isolamento e preservação de locais de ocorrência de tráfego é importante
também, pois muitas vezes o trânsito de veículos no local não é interrompido devidamente
e ocorre a destruição de vestígios, sendo carreado material existente sobre a via.
Salientando que com base da posição dos fragmentos de veículos após a colisão, pode-se
estimar a direção dos vetores velocidades dos veículos envolvidos. Tal informação se
perderá se a circulação de veículos e transeuntes desmanchar o espalhamento original dos
fragmentos de veículos.
O perito ao iniciar o levantamento pericial de ocorrência de tráfego deverá anotar
como está as condições de tempo, da via e de iluminação.
Uma perícia de trânsito se torna mais precisa com a observação dos pequenos
detalhes. As vezes com a colisão, ocorre a ruptura do radiador de um dos veículos e devido
a alta pressão da água, a mesma esguicha por sobre a via fazendo um desenho que
demostra perfeitamente o local onde houve o impacto e qual o percurso feito pelo veículo
após a colisão.
O local onde ocorre a colisão é denominado sítio de colisão. Por vezes a
determinação do sítio de colisão é determinante para a conclusão do laudo pericial, são
estes os casos em que um veículo invade a contramão de circulação ou a faixa do outro
veículo.
As marcas de frenagens longas permitem calcular parte da velocidade do veículo
com base em equações de física levando em consideração o atrito entre a banda de
rodagem do pneumático e a via. Deve ser levado em consideração para tal cálculo o tipo de
pavimentação da via, se camada asfáltica, calçamento, areia, etc. Em casos extremos,
somente o excesso de velocidade pode determinar que um dos veículos deu causa à
ocorrência (ALMEIDA, 2011).
Deverão ser especificados no corpo do laudo pericial, os veículos, os condutores, as
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4.8 A Documestoscopia
4.9 A Grafoscopia
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DOREA, Luiz Eduardo, Local de crime - 2.ed. - Campinas, SP: Millennium Editora,2012.
(Série tratado de perícias criminalísticas / organizador Domingos Tocchetto).
GRECO, Rogério; Curso de Direito Penal: parte especial, volume III – 10 . ed.
Niterói, RJ: Impetus, 2013.
______________; Curso de Direito Penal: parte especial, volume IV – 6. ed. Niterói, RJ:
Impetus, 2010.
LOPES, Dilza Maria B.; A Importância do Local de Crime Violado para a denúncia
do Ministério Público – Fortaleza, 2008. Monografia – Universidade Federal do Ceará –
Departamento de Ciências Sociais.