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CURITIBA
2023
JULIO CEZAR FERNANDES DA SILVEIRA
CURITIBA
2023
TERMO DE APROVAÇÃO
Avaliador: Prof.
DEDICATÓRIA
Voltaire
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The present scientific study aimed to study the principle of insignificance and its
possible application to drug offenses contained in Law n° 11.343 of August 23,
2006. This work is descriptive in nature, with a bibliographic procedure developed
from academic works, specialized articles and jurisprudence from national and
international Superior Courts using an inductive method with a historical,
comparative, and argumentative procedure. Initially, it dealt with the function and
purpose of criminal law and criminal policy, addressing the concept and scope of
protected legal good, discussing the principles of criminal law and, specifically,
the concept, legal nature, history and criteria of application of the principle of
insignificance. Subsequently, the history and development of drug crimes was
reported, emphasizing the controversial legislative aspects relating to crimes of
Danger and damage and open and closed criminal types. Finally, the doctrinal
currents – majority and minority – were presented regarding the application of the
principle of insignificance to drug crimes. It was found that the majority view is
that the principle of insignificance to crimes involving narcotics is not applied,
based on a mistaken criminal policy and positive criminology, which contributes
to the accumulation of cases in the Judiciary, an increase in the incarceration rate
and, possibility, given the precarious legislative distinction between user and
trafficker, the conviction of innocent citizens. On the other hand, countries like
Spain have applied the principle of insignificance to crimes involving narcotics for
approximately three decades, based on the tiny quantity seized from de agent, in
the purity of the seized substance, and, in scientific data relating to consumption
(characterized by the user) in view of the above, it is understood that the principle
of insignificance to drug trafficking is fully applicable, considering the tiny
quantum found with the person or qualitative parameters of the seized substance
(through the establishment of guiding parameters).
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10
REFERÊNCIAS................................................................................................ 89
9
1 INTRODUÇÃO
1MIR PUIG, Santiago. Derecho penal: parte general. 5ªed. Barcelona: Repperior, 1998.
2 BRASIL. Ministério de Justiça. INFOPEN Mulheres – junho de 2014. Levantamento Nacional
de Informações Penitenciárias. DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional. Brasília, 2015,
p.30.
11
2. DIREITO PENAL
3 TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,
1994.
4 LISZT, Franz Von. Tratado de Direito Penal Alemão. Fac-Sim: Brasília, 2006.
5 ASÚA, Luis Jiménez de. Princípios de Derecho Penal – La Ley e el Delito. 3ª ed. Buenos
2007.
7 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. v. I. 19ª ed. Niterói: Impetus, 2017.
8 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume I. Parte Geral. 15ª ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
9 LIXA, Ivane Fernandes Morcilo. Direito Penal I. Indaial: UNIASSELVI, 2019.
14
10 SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: Parte Geral I. 6ª ed. Curitiba: ICPC, 2014.
11BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Organizado
por Cláudio Brandão de Oliveira. Rio de Janeiro: Roma Victor, 2002.
12 SANTOS, Juarez Cirino dos. Criminologia: Contribuição para Crítica da Economia da
14 MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado - Parte geral. São Paulo: Método, 2014, p.
572.
15 BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da
fundamentos teóricos. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.
18 CAPUTO, Matteo. Politica Criminale. In PIERGALLINO, C. Studi in onore di Carlo Enrico
D´Plácido, 2017.
21 ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal
brasileiro: parte geral. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p.142.
17
Neste sentido:
de Política Criminal: Propostas para uma Análise Tipológica. In: III Encontro de
Internacionalização do Conpedi. pp.257-272. 2015.
19
28 SCHABBACH, Letícia Maria. David Garland e a Segurança Pública Brasileira. Dilemas, Rev.
Estud. Conflito Controle Soc. v.16; n.2; p. 3-25. 2023.
29 MACHADO, Leonardo Marcondes. A Política Proibicionista de Drogas: Olhares sobre a
Guerra Brasileira. In: CARVALHO, Érika Mendes de; ÁVILA, Gustavo Noronha de (Orgs.). 10
Anos da lei de drogas: aspectos criminológicos, dogmáticos e político-criminais. Belo Horizonte:
D´Plácido, 2016. pp. 27-47
30 ALMEIDA, Bruno Rotta. A teoria do bem jurídico e a proteção penal de valores
pessoa: por uma teoria dos recursos para o processo penal brasileiro. Tese (Doutorado em
Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, p. 253. 2017.
20
32 SAMPAIO, Rodrigo Xenofonte Cartaxo. A proteção do direito penal sob o bem jurídico
supra-individual. Monografia de Especialização. 2009.
33 MONTE, Mário Ferreira. Diritto penal riparativo. Criminalia – Annuario di scienze penalistiche.
2003. p.96.
35 SILVA, Ivan Luiz. O bem jurídico-penal como limite material à intervenção criminal. Revista
SILVA, Virgílio Afonso de. Princípios e regras: mitos e equívocos acerca de uma distinção.
37
ordenamento jurídico pátrio em seu artigo 5º, XXXIX “não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”4344.
Este princípio – proposto por Hans Wenzel – dispõe que não pode
ser considerado como crime, o comportamento humano aceito socialmente que,
embora tipificado na legislação, não afronte o sentimento social de justiça,
funcionando como causa supralegal de exclusão da tipicidade.
2005.
54 BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
58 BRASIL. Supremo Tribunal Federal (Plenário). Ação Cível Originária 3.196/RS. AÇÃO CÍVEL
ORIGINÁRIA. GASTOS DOS ESTADOS COM MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE
ENSINO. INCLUSÃO DE DESPESAS COM INATIVOS NO PERCENTUAL EXIGIDO PELO ART.
212 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INVIABILIDADE. INSCRIÇÃO DE ESTADO-
MEMBRO EM CADASTRO FEDERAL DE INADIMPLÊNCIA. SIAFI/CAUC/CADIN. UNIÃO.
LEGITIMIDADE AD CAUSAM. PRECEDENTES. INSCRIÇÃO SEM A OBSERVÂNCIA DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO
CONTRADITÓRIO. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.
Relator: Ministro Marco Aurélio, julgado em 08 de junho de 2021.
59 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Organizado
haverá penas “a) de morte, salvo em caso de guerra declarada (...); b) de caráter
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis.
3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Brasileiro: Parte Geral. 4ªed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
31
ordem tributária. R. Fac. Dir. Univ. São Paulo v. 106/107, pp. 749 – 775. 2012.
72 MAÑAS, Carlos Vico. O princípio da insignificância como excludente da tipicidade no
75ALBERTI, Giulia. Non punibilità per particolare tenuità del fato. Diritto Penale
Contemporaneo (quotidiano giuridico). Milano, pp. 1-13. 2015.
33
APELAÇÃO CRIMINAL86.
1. Pratica o delito do artigo 184, §2°, do Código Penal, aquele que, com
o intuito de lucro direto ou indireto, adquire mídia reproduzida com
violação ao direito autoral.
2. Não se aplica o princípio da insignificância em delitos cujos bens
jurídicos protegidos possuem relevância que não se pode mensurar.
3. "A potencialidade da conduta tipificada penalmente como violação
de direitos autorais (CP, art. 184), para fins de reconhecimento do ilícito
de bagatela, não pode ser mensurada mediante simples consideração
do valor da mercadoria, já que o bem jurídico tutelado pela norma
consiste na propriedade intelectual"
89 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (2ª Turma). Habeas Corpus 135.404/PR. PENAL.
HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO PELO CRIME PREVISTO NO ART. 34 DA LEI
9.605/1998 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS). PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO AGENTE. REITERAÇÃO
DELITIVA. ORDEM DENEGADA. Relator: Ministro Ricardo Levandowski, julgado em 07 de
fevereiro de 2017.
90 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (6ªTurma). Agravo em Recurso Especial 2181616/MG.
96BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (5ª Turma). Habeas Corpus 361.019/SC. HABEAS
CORPUS. FURTO SIMPLES. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA.
EXPRESSIVIDADE DA LESÃO PATRIMONIAL SOFRIDA PELA VÍTIMA. VALOR DO BEM
SUBTRAÍDO QUE ULTRAPASSA 10% DO SALÁRIO-MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS.
PRECEDENTES DO STJ. ALEGAÇÃO NO SENTIDO DE QUE O BEM SEQUER FOI
SUBTRAÍDO. TESE AFASTADA. [...] SITUAÇÃO DOS AUTOS EM QUE A CONDUTA DELITIVA
AFETA SUBSTANCIALMENTE O BEM JURÍDICO PROTEGIDO. ANÁLISE CONGLOBANTE DO
VALOR DO BEM SUBTRAÍDO E DA REINCIDÊNCIA. PROPORCIONALIDADE NA
CONDENAÇÃO POR CRIME DE FURTO. ADEQUAÇÃO DO REGIME SEMIABERTO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 269 DO STJ. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. Relator:
Ministro Joel Ilan Paciornik, julgado em 27 de setembro de 2026.
97BRASIL, Superior Tribunal Federal. (1ª Turma). Habeas Corpus 107.615/MG. Habeas corpus.
FURTO DE QUADRO DENOMINADO "DISCO DE OURO". PREMIAÇÃO CONFERIDA
ÀQUELES ARTISTAS QUE TENHAM ALCANÇADO A MARCA DE MAIS DE CEM MIL DISCOS
VENDIDOS NO PAÍS. VALOR SENTIMENTAL INESTIMÁVEL. ALEGADA INCIDÊNCIA DO
POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. INAPLICABILIDADE. BEM RESTITUÍDO À
VÍTIMA. IRRELEVÂNCIA. CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO AGENTE. PACIENTE
REINCIDENTE ESPECÍFICO EM DELITOS CONTRA O PATRIMÔNIO, CONFORME
CERTIDÃO DE ANTECEDENTES CRIMINAIS. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. Relator:
Ministro Dias Toffoli, julgado em 06 de setembro de 2011.
100 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 606. Não se aplica o princípio da
insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que
caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997 (Terceira Seção, julgado em
11/4/2018, DJe de 17/4/2018).
42
101 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (6ª Turma). Agravo Regimental no Agravo em Recurso
Especial 1.589.938/DF. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
DECISÃO AGRAVADA. NÃO CONHECIMENTO. IMPUGNAÇÃO SUFICIENTE.
RECONSIDERAÇÃO. ROUBO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA EM CRIME DE ROUBO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA TENTATIVA. NÃO OCORRÊNCIA. SÚMULA582/STJ. AGRAVO
REGIMENTAL PROVIDO PARA CONHECER DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, MAS
LHE NEGAR PROVIMENTO. Relator: Ministro Nefi Cordeiro, julgado em 18 de fevereiro de 2020.
102 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (2ª Turma). Recurso Ordinário em Habeas Corpus
usuário – Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Ver. Minist. Público. n.25. pp. 99-105, 2005.
46
e sua influência nos mecanismos de controle social formal. v.17; n. 31; pp. 81-104. 2009.
47
materiais que lhe permitam decidir com certeza, em qual tipo realmente deve ser
enquadrado o autor e, não raras vezes, por uma postura excessivamente
conservadora, o condena na qualidade de traficante.
110 CAMPOS, Marcelo da Silveira. O novo nem sempre vem: Lei de drogas e encarceramento
no Brasil. 2018. p. 1.
111 Id. 2018. p.2.
48
113 CARVALHO, Salo de. O papel dos atores do sistema penal na era do punitivismo – o
exemplo privilegiado da aplicação da pena. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
114 MASSON, 2014. p. 260.
115 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de direito penal: parte geral: arts. 1° a 120 do Código
1996. p.73.
50
Devido a lacuna trazida no art. 28, em não trazer uma quantidade para
distinguir usuário e traficante, e ao poder dado ao juiz para discernir
com base nas informações coletadas na apreensão do sujeito, nos
mostram mais uma vez a autoridade do Estado para com seus
administrados – é praticamente impossível não haver contaminação
em tais parâmetros.118
117 LINS, Emmanuela Vilar. A nova Lei de Drogas e o usuário: a emergência de uma política
pautada na prevenção, na redução de danos, na assistência e na reinserção social. In:
NERY FILHO, A., et al. orgs. Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas. Salvador:
EDUFBA; 2009, pp. 243-267.
118 SECCO, Lara Amorim. Controle estatal e a política de combate às drogas: análise dos
boletins de ocorrência na cidade de Maceió. In: AMARAL, Augusto Jobim do. et all.10
Congresso Internacional de Ciências Criminais. 2020. pp. 150 – 161.
119 BRASIL. Superior Tribunal Federal (Plenário). Repercussão Geral no Recurso Extraordinário
123 MARQUES, Jader. Leitura Hermenêutica da Tipicidade Penal. Tese (Doutorado em Direito)
– Faculdade de Direito, Universidade do Vale dos Sinos. São Leopoldo, p. 263, 2012.
124 OLIVEIRA, João Guilherme Silva Marcondes de. Do caráter aberto dos tipos penais:
de Janeiro. 2014.
126 BRANDÃO, Cláudio. Tipicidade e Interpretação no Direito Penal. Sequência. n.68, pp. 59-
89, 2014.
55
127 SALVADOR NETTO, Alamiro Velludo. Tipicidade Penal e Princípio da Legalidade: o dilema
dos elementos normativos e a taxatividade. Revista Brasileira de Ciências Criminais. v. 85,
pp. 219- 229, 2010.
128 LOPES, Luciano Santos. A relação entre o tipo legal de crime e a ilicitude: uma análise
elaboração da parte especial do código penal brasileiro. Rev. Dir. Proc-Geral. n. 28: pp. 64-
92, 1988.
131 LOPES, Luciano Santos. O tipo legal de crime: sua evolução e importância na dogmática
132 PIRES, Ariosvaldo de Campos e SALES, Sheila Jorge Selim. Crimes de trânsito na lei n.
9.503/97. Belo Horizonte: Del Rey, 1998.
133 NUCCI, 2017, p. 509.
134 Idem., p. 510.
57
Desse modo:
135 DINU, Vitória Caetano Dreyer; MELLO, Marília Montenegro Pessoa. Afinal, é usuário ou
traficante? Um estudo de caso sobre discricionariedade e ideologia da diferenciação.
Revista Brasileira de Direito. v.13; n.2, pp. 194-214, 2017.
136 GOMES, Luiz Flávio; BIANCHINI, Alice; CUNHA, Rogério Sanches da; OLIVEIRA, Willian
Terra de. Nova Lei de Drogas Comentada. São Paulo. Editora dos Tribunais, 2006. p. 162.
58
137ESPAÑA. Ley Orgánica 10/1995, de 23 de noviembre, del Código Penal. Jefatura del Estado.
24 nov. 1995.
59
Artigo 369 bis. Quando os atos descritos no artigo 368 forem praticados
por quem pertence a uma organização criminosa, serão impostas
penas de prisão de nove a doze anos e multa de duas a quatro vezes
o valor da droga, se forem substâncias e produtos que causem danos
graves à saúde e reclusão de quatro anos e seis meses a dez anos e
a mesma multa nos demais casos.
Aos chefes, encarregados ou administradores da organização serão
impostas penalidades superiores as dispostas no parágrafo primeiro.
Quando, de acordo com o disposto no artigo 31 bis, uma pessoa
jurídica for responsável pelos crimes previstos nos dois artigos
anteriores, serão impostas as seguintes penas: a) Multa de dois a cinco
anos, ou de três a cinco vezes o valor da droga quando o valor
resultante for superior, se o crime cometido pela pessoa física implicar
pena de prisão superior a cinco ano. b) Multa de um a três anos, ou do
dobro ao quádruplo do valor da droga quando o valor resultante for
superior, se o crime cometido pela pessoa física tiver pena de prisão
superior a dois anos não incluída na alínea anterior.
Atendidas as regras estabelecidas no artigo 66 bis, os Juízes e
Tribunais poderão impor também as penas previstas nas alíneas b) a
g) da seção 7 do artigo 33. CÓDIGO PENAL E LEGISLAÇÃO
COMPLEMENTAR §1 Lei Orgânica do Código Penal – 135.
138 FRANÇA. Lei 92.683, de 22 de julho de 1992. Código Penal. JORF, 23 de julho de 1992.
62
acusado, há lesão aos bens jurídicos tutelados: saúde, segurança pública e paz
social, inviabilizando a aplicação do referido princípio.
Neste sentido, acumulam-se decisões de distintos Tribunais de
Justiça e Cortes Superiores, das quais foram selecionadas algumas e
colacionadas a seguir.
140 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (6ªTurma). Recurso em Habeas Corpus 35.920/DF.
RECURSO EM HABEAS CORPUS. PORTE DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE PARA
CONSUMO PRÓPRIO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. Relator: Ministro Rogério Schietti Cruz,
julgado em 20 de maio de 2014.
141 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (5ªTurma). Habeas Corpus 318.936/SP.
CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRADO EM
SUBSTITUIÇÃO A RECURSO PRÓPRIO. TRÁFICO DE DROGAS. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Relator: Ministro Ribeiro
Dantas, julgado em 27 de outubro de 2015.
67
144 BRASÍLIA. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Disponível em: Tráfico de drogas – crime
de perigo abstrato – inaplicabilidade do princípio da insignificância — Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e dos Territórios (tjdft.jus.br). Acesso em 10 de out. 2023.
145 BRASÍLIA. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Disponível em: Crime de porte de drogas
147 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (1ªTurma). Habeas Corpus 110.475/SC. PENAL.
HABEAS CORPUS. ARTIGO 28 DA LEI 11.343/2006. PORTE ILEGAL DE SUBSTÂNCIA
ENTORPECENTE. ÍNFIMA QUANTIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
APLICABILIDADE. WRIT CONCEDIDO. Relator: Ministro Dias Toffoli, julgado em 14 de fevereiro
de 2012.
148 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (2ªTurma). Agravo Regimental no Recurso em Habeas
149 ESPAÑA. Tribunal Supremo (2ª Câmara Criminal). Recurso de Casación STS 1214/2005.
DELITO CONTRA LA SALUD PÚBLICA. Relator: Juan Ramón Berdugo Gómez de la Torre,
julgado em 06 de outubro de 2005.
71
151 ARGENTINA. Corte Suprema de Justiça. Recurso de Fato n° 9.080. Relatora: Carmen M.
Argibay, julgado em 25 de agosto de 2009.
152 ARGENTINA. Ley n° 23.737, de 21 de setembro de 1989. Código Penal. Buenos Aires, 10
out. 1989.
153 COLÔMBIA. Corte Constitucional. Sentencia C-491/12. Relator: Gabriel Eduardo Mendoza
MÉXICO. Suprema Corte de Justiça. Amparo de Revisión n° 1115/2017. Relator: Jorge Mario
155
ínfima – saúde – e, bens, por assim dizer colaterais, em desfavor dos quais não
há relação de causa – efeito, como a segurança e paz social.
A aplicação da legislação de maneira excessivamente positiva,
acaba por desconsiderar situações análogas como as denominadas “drogas
lícitas”, especificamente o álcool e o fumo, comprovadamente – no primeiro caso
– responsável por milhares de processos envolvendo violência doméstica,
acidentes de trânsito, entre outros, enquanto o último, é comprovado elemento
potencializador de carcinomas, inclusive expressamente advertidos sobre este
potencial em suas embalagens comerciais.
O elemento motivador de tamanha diferença no trato da posse e do
tráfico de entorpecentes não apresenta fundamentação razoável e racional,
quando se trata da efetiva proteção do bem jurídico tutelado, violando de maneira
expressa e incontroversa o princípio da isonomia, pois havendo o mesmo bem
jurídico tutelado, o tratamento dispendido a nível de política criminal é
absolutamente diverso.
Além de tratamento diverso, a questão dos delitos envolvendo
entorpecentes acaba abarrotando o Poder Judiciário com processos
desnecessários, ocupando o tempo dos Magistrados e de todo o sistema por
questões de ninharia, prejudicando o andamento de processos envolvendo
questões efetivamente relevantes e, frequentemente, levando à prisão pessoas
sem que se tenha – materialmente – uma violação de valores guarnecidos pelo
direito penal.
A imperiosa descriminalização da posse para uso – em harmonia
com a tendência jurídica internacional – mostra-se letárgica em nosso país,
sendo imprescindível a reflexão sobre critérios balizadores objetivos de
diferenciação entre usuários e traficantes, bem como, neste último caso, uma
análise pormenorizada de conduta, com a possibilidade de aplicação do
Princípio da Insignificância, Proporcionalidade, Razoabilidade e Dignidade
Humana, na apreciação da conduta e, em eventual condenação, na dosimetria
da pena aplicada.
76
156 PINTO, M.; et all. Carga de doença atribuível ao uso do tabaco no Brasil e potencial
impacto do aumento de preços por meio de impostos. Documento técnico IECS N° 21.
Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria, Buenos Aires, Argentina. Maio de 2017.
157 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. (6ªTurma). Recuso Especial 1342262/RS. RECURSO
ESPAÑA. Tribunal Supremo (2ª Turma Penal). Recurso de Casación STS 1889/2000.
161
162ESPAÑA. Tribunal Supremo (2ª Turma Penal). Recurso de Casación STS 2329/ 2014. DELITO
CONTRA SALUD PÚBLICA. Relator: Alberto Gumercindo Jorge Barreiro, julgado em 10 de junho
de 2014.
80
2020, p. 426-427.
83
do Direito: o impacto da medida cautelar e a resposta dos poderes políticos. Rev. direito
GV, v.12; n.2, pp. 1-27, 2019.
169 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. (Plenário). Arguição de Descumprimento de Preceito
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALBERTI, Giulia. Non punibilità per particolare tenuità del fato. Diritto Penale
Contemporaneo (quotidiano giuridico). Milano, pp. 1-13. 2015.
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 10. ed. Rio de
Janeiro: Revan, 2005.
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica do Direito Penal Brasileiro. 11ª ed. Rio de
Janeiro: Revan, 2007.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume I. Parte Geral. 15ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.
CARVALHO, Salo de. Pena Mínima. Série Penando o Direito. n.2. Brasília,
SAL, 2009.
ESPAÑA. Tribunal Supremo (2ª Turma Penal). Recurso de Casación STS 2329/
2014. DELITO CONTRA SALUD PÚBLICA. Relator: Alberto Gumercindo Jorge
Barreiro, julgado em 10 de junho de 2014.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. v. I. 19ª ed. Niterói:
Impetus, 2017.
LISZT, Franz Von. Tratado de Direito Penal Alemão. Fac-Sim: Brasília, 2006.
OLIVEIRA, João Guilherme Silva Marcondes de. Do caráter aberto dos tipos
penais: revisão de uma dicotomia. Dissertação de Mestrado. Universidade de
São Paulo: 2010.
PRADO, Luiz Régis; CARVALHO, Érika Mendes de; CARVALHO, Gisele Mendes
de. Curso de direito penal brasileiro. 17ªed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: Parte Geral I. 6ª ed. Curitiba: ICPC,
2014.
VALOIS, Luís Carlos. O direito penal da guerra às drogas. 3ª ed. São Paulo:
D’Plácido, 2020, p. 426-427.