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PARTE GERAL
Concurso de Crimes, Punibilidade e
Causas Extintivas da Punibilidade
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL – PARTE GERAL
Concurso de Crimes, Punibilidade e Causas Extintivas da Punibilidade
Sumário
Dermeval Farias
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Concurso de Crimes. . ....................................................................................................................... 4
1. Concurso de Crimes..................................................................................................................... 4
1.1. Concurso de Crimes. . ................................................................................................................. 4
1.2. Sistemas de Aplicação da Pena no Concurso de Crimes.................................................. 5
1.3. Concurso Material. . ................................................................................................................... 6
1.4. Concurso Formal de Crimes. . .................................................................................................. 9
1.5. Concurso Crimes Denominado de Crime Continuado ou de Continuidade Delitiva...15
1.6. Concorrência de Concurso de Crimes................................................................................. 26
2. Punibilidade................................................................................................................................ 27
2.1. Conceito e Características da Punibilidade....................................................................... 27
2.2. Escusas Absolutórias............................................................................................................ 28
2.3. Causas Extintivas da Punibilidade.. .................................................................................... 29
Questões de Concurso.................................................................................................................. 55
Gabarito............................................................................................................................................ 81
Referências...................................................................................................................................... 82
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Concurso de Crimes, Punibilidade e Causas Extintivas da Punibilidade
Dermeval Farias
Apresentação
Olá! Sou o professor Dermeval Farias. É com prazer que iniciamos mais um capítulo do
material em PDF do Gran Cursos Online. Apresentamos desta vez o estudo sobre concurso e
crimes e punibilidade, com as causas de exclusão da punibilidade.
Dentre os temas citados neste respectivo material em PDF, concurso de crimes e prescri-
ção são os mais cobrados em concursos.
É preciso alertar que, em razão das dúvidas que sempre são manifestadas pelos alunos
quanto à forma de estudo, nenhum material, por si só, é 100% completo para todos os con-
cursos jurídicos e não jurídicos. O estudo correto e organizado para concursos envolve: exce-
lentes videoaulas; bons livros; excelentes PDFs; leitura e releitura da lei seca; estudo da juris-
prudência; resolução de questões; realização de provas. Tudo isso deve ser feito de maneira
cíclica, com repetição, com anotações, com administração do tempo de estudo, bem como
acompanhado de uma correta divisão das matérias diárias que devem ser estudadas.
Busquei desenvolver no presente capítulo a análise da lei, doutrina e jurisprudência. Ao
final, comentei questões que possuem correlação com o conteúdo abordado. Como sempre
fazemos na preparação das aulas de magistério, faço sempre uma prévia pesquisa dos manu-
ais de Direito Penal e, principalmente, de artigos e livros específicos indicados nas referências
bibliográficas, acompanhados de jurisprudência e de questões de concursos, comentadas nos
seus itens de marcação.
É certo que seguimos a direção de nossas aulas, uma vez que, há mais de 16 anos, temos
preparado candidatos para os mais diversos concursos jurídicos do país: Juiz Estadual, Juiz
Federal, Procurador da República, Promotor de Justiça, Defensor Público, Delegado de Polícia
(Civil e Federal), Analista Jurídico, Advogado da União e outros.
Tenho muito prazer em trabalhar hoje com colegas que são promotores de justiça, junta-
mente comigo, que outrora eram alunos; bem como magistrados; delegados de polícia; defen-
sores públicos, ex alunos que encontramos em audiências, nos júris etc.
O tema que ora se apresenta foi dividido nas seguintes partes: concurso de crimes (ma-
terial ou real; formal ou ideal; crime continuado); punibilidade, com as causas de exclusão da
punibilidade; questões comentadas.
Ressalto que serão apresentados, quando necessários, resumos, quadros sinópticos, dicas
e destaques sobre pontos específicos de cada instituto jurídico de direito penal, de modo a
facilitar a compreensão e, por consequência, o acerto em provas de concursos.
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Dermeval Farias
CONCURSO DE CRIMES
1. Concurso de Crimes
Quanto ao concurso de crimes, serão tratados os concursos de crimes previstos no CP
brasileiro, quais sejam: material ou real; formal ou ideal (formal próprio e formal impróprio);
continuado (simples e especial); material benéfico.
É necessário destacar que, como regra, não há concurso de crimes em crime habitual e em
crime permanente. No primeiro, há necessidade de repetição de atos para a consumação do
crime, de modo que a repetição ininterrupta configura um único crime (exemplo: exercício ile-
gal da medicina); no segundo, a consumação se protrai no tempo, de forma que se trata de um
único crime (exemplos: extorsão mediante sequestro; associação criminosa etc.). Todavia, é
importante ressalvar que: se houver um ponto final da consumação e, depois de certo tempo,
o agente retornar a praticar o crime, poderá existir um concurso de crimes (exemplo: depois de
terem sido presos e condenados por associação criminosa, os condenados fugiram e inicia-
ram nova associação criminosa. Diante da interrupção, há dois crimes de associação crimino-
sa, o que foi objeto da condenação e o novo iniciado após a fuga da prisão).
Para efeito de competência do juizado especial criminal, no que diz respeito aos crimes de
menor potencial ofensivo, o intérprete deve considerar o concurso de crimes, seja a soma do
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CP espanhol de 1995
Art. 76. No obstante lo dispuesto en el artículo anterior, el máximo de cumplimiento efectivo de la
condena del culpable no podrá exceder del triple del tiempo por el que se le imponga la más grave
de las penas en que haya incurrido, declarando extinguidas las que procedan desde que las ya im-
puestas cubran dicho máximo, que no podrá exceder de veinte años. Excepcionalmente, este límite
máximo será:
a) De veinticinco años, cuando el sujeto haya sido condenado por dos o más delitos y alguno de ellos
esté castigado por la Ley con pena de prisión de hasta veinte años.
b) De treinta años, cuando el sujeto haya sido condenado por dos o más delitos y alguno de ellos
esté castigado por la Ley con pena de prisión superior a veinte años.
2. La limitación se aplicará aunque las penas se hayan impuesto en distintos procesos si los hechos,
por su conexión, pudieran haberse enjuiciado en uno solo.
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• Absorção: o crime mais grave absorve o crime menos grave. Esse modelo não foi ado-
tado em matéria de concurso de crimes no CP brasileiro. Não há de se confundir com o
princípio da consunção, adotado como um instrumento na solução do conflito aparente
de normas (tema tratado no PDF sobre Teoria da Norma). O CP de Portugal adota a so-
lução da absorção em matéria de continuidade delitiva: “Art. 79. O crime continuado é
punível com a pena aplicável à conduta mais grave que integra a continuação”;
• Exasperação: aplica se a pena de um dos crimes, se iguais, ou a mais grave, de diferen-
tes, e exaspera com um percentual. O CP brasileiro adota o referido modelo no concurso
formal próprio (primeira parte do 70 caput) e no crime continuado (caput e parágrafo
único do art. 71).
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incor-
rido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro
aquela.
§ 1º Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não
suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44
deste Código.
§ 2º Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
Sobre o concurso material, importa ressaltar que a jurisprudência dos tribunais superiores
costuma associar as situações de ofensas a bens jurídicos distintos como hipótese de concur-
so material. Mas essa frase argumentativa não constitui fundamentação absoluta. Em muitos
dos casos de concurso de crimes, a solução jurisprudencial não guarda correspondência com
a letra do Código Penal ou mesmo com os argumentos doutrinários.
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[...] II – Como destacado na decisão agravada, não há que falar em bis in idem, ante a
imputação concomitante das majorantes do emprego de arma e concurso de pessoas
do crime de roubo com as majorantes da quadrilha armada – prevista no parágrafo único
do art. 288 do Código Penal (antiga redação) –, na medida em que se tratam – os crimes
de roubo circunstanciado pelo emprego de arma e concurso de pessoas e de formação
de quadrilha armada – de delitos autônomos e independentes, cujos objetos jurídicos
são distintos – quanto ao crime de roubo: o patrimônio, a integridade jurídica e a liber-
dade do indivíduo e, quanto ao de formação de quadrilha (atual associação criminosa):
a paz pública –, bem como diferentes as naturezas jurídicas, sendo o primeiro material,
de perigo concreto, e o segundo formal, de perigo abstrato.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 470.629/MS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
19/03/2019, DJe 26/03/2019).
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4. Ordem denegada.
(HC 476.558/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2018, DJe
01/02/2019).
O concurso material ou real de crimes é a regra. Nele, as penas são somadas, ou seja, adota-se
o sistema do cúmulo material. Vale ressaltar que no caso de condenação por crimes apenados
com reclusão e com detenção, primeiro cumpre-se a reclusão e, somente depois, a detenção.
Além disso, vale ressaltar o teor das súmulas 243 do STJ e 723 do STF:
O concurso material entre crimes iguais (mesmo tipo penal) é chamado de homogêneo;
enquanto o concurso material entre crimes diferentes é denominado de heterogêneo.
Exemplo de concurso formal próprio: no erro na execução com mais de um resultado– aberra-
tio ictus complexa– regulado no art. 73, caput, segunda parte.
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mais crimes, mediante uma única ação omissão. Nesse caso, o julgador somará as penas dos
crimes, ou seja, usará o critério do cúmulo material. Pode-se dizer que, conquanto sejam dife-
rentes, o concurso formal impróprio e o concurso material são iguais nas consequências, uma
vez que em ambos os casos haverá a soma das penas.
Exemplo de concurso formal impróprio: João, com vontade de matar Carlos e Pedro, amarra
ambos em fila, depois escolhe um fuzil potente e efetua um disparo que fere e transpassa
ambas as vítimas, matando-as. Nesse caso, João responderá por dois crimes de homicídio na
forma do concurso formal impróprio, com penas somadas.
[...]
1. O concurso formal perfeito caracteriza-se quando o agente pratica duas ou mais infra-
ções penais mediante uma única ação ou omissão; já o concurso formal imperfeito evi-
dencia-se quando a conduta única (ação ou omissão) é dolosa e os delitos concorrentes
resultam de desígnios autônomos. Ou seja, a distinção fundamental entre os dois tipos
de concurso formal varia de acordo com o elemento subjetivo que animou o agente ao
iniciar a sua conduta.
2. A expressão “desígnios autônomos” refere-se a qualquer forma de dolo, seja ele direto
ou eventual. Vale dizer, o dolo eventual também representa o endereçamento da vontade
do agente, pois ele, embora vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo
resultado, não o desejando diretamente, mas admitindo-o, aceita-o.
3. No caso dos autos, os delitos concorrentes – falecimento da mãe e da criança que
estava em seu ventre –, oriundos de uma só conduta – facadas na nuca da mãe –, resul-
taram de desígnios autônomos. Em consequência dessa caracterização, vale dizer, do
reconhecimento da independência das intenções do paciente, as penas devem ser apli-
cadas cumulativamente, conforme a regra do concurso material, exatamente como reali-
zado pelo Tribunal de origem.
4. Constatando-se que não houve efetiva colaboração do paciente com a investigação
policial e o processo criminal, tampouco fornecimento de informações eficazes para
a descoberta da trama delituosa, não há como reconhecer o benefício da delação pre-
miada.
5. Ordem denegada.
(HC 191.490/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
27/09/2012, DJe 09/10/2012).
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O concurso formal entre crimes iguais (mesmo tipo penal) é chamado de homogêneo; enquan-
to o concurso formal entre crimes diferentes é denominado de heterogêneo.
Toda vez que a exasperação do concurso formal próprio ou da continuidade delitiva ficar
maior do que a soma, o julgador deverá usar o critério da soma, conforme regra do parágrafo
único do art. 70, remetida ainda no fim do parágrafo único do art. 71. Isso é denominado de
concurso material benéfico. Sobre o tema, segue esclarecedor julgado do STJ:
[...] 8. O concurso formal próprio ou perfeito (CP, art. 70, primeira parte), cuja regra para
a aplicação da pena é a da exasperação, foi criado com intuito de favorecer o réu nas
hipóteses de pluralidade de resultados não derivados de desígnios autônomos, afas-
tando-se, pois, os rigores do concurso material (CP, art. 69). Por esse motivo, o pará-
grafo único do art. 70 do Código Penal impõe o afastamento da regra da exasperação,
se esta se mostrar prejudicial ao réu, em comparação com o cúmulo material. Trata-se,
portanto, da regra do concurso material benéfico, como teto do produto da exasperação
da pena.
9. No caso, o Tribunal de origem condenou o paciente pela prática de três crimes de cor-
rupção de menores, em concurso formal, à pena de 1 ano de reclusão e de três crimes de
roubo majorado, igualmente em concurso formal, à pena de 7 anos e 1 mês de reclusão.
As instâncias ordinárias aplicaram a exasperação da pena de 1/6 por outro concurso
formal entre os crimes de corrupção de menores e os de roubo, o que revelaria a pena
final de 8 anos e 3 meses de reclusão. Há, pois, manifesta violação da regra do con-
curso material benéfico, porquanto a pena final resultante do concurso material entre os
crimes de roubo, em concurso formal, e corrupção de menores, igualmente em concurso
formal, seria de 8 anos e 1 mês. Por conseguinte, de rigor a redução da pena final do
paciente para 8 anos e 1 mês de reclusão.
10. O regime de cumprimento inicial da pena fechado mostra-se adequado. O paciente foi
condenado à penal final de 8 anos e 1 meses de reclusão, é primário e a sua pena-base foi
fixada acima do mínimo legal, portanto, nos termos do art. 33, § 2º, “a”, e § 3º, do Código
Penal, de rigor a fixação do regime inicial de cumprimento de pena fechado.
11. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para reduzir a pena final
do paciente para 8 anos e 1 mês de reclusão, mantendo-se o regime de cumprimento de
pena fechado.
(HC 401.764/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 07/12/2017,
DJe 14/12/2017).
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A jurisprudência do STJ tem decidido pela existência de concurso formal impróprio (soma
das penas) entre os crimes entre roubo e roubo com resultado morte (latrocínio) cometidos
no mesmo contexto fático, uma vez que seriam crimes do mesmo gênero, mas não da mesma
espécie. Isso é, nessa hipótese, há impossibilidade de continuidade delitiva.
Concurso formal impróprio entre o 157 e o 157 § 3º II do CP:
[...]
1. Não obstante configurado concurso formal impróprio, e não concurso material, quando
praticado os crimes de roubo e latrocínio tentado em um mesmo contexto fático, mediante
uma só ação, contra vítimas diferentes, inexiste reflexo na dosimetria da pena, por ser
idêntica à regra do concurso material, nos termos do art. 70, segunda parte, do CP.
2. Aplica-se o princípio da consunção ao crime de porte ilegal de arma de fogo e aos
delitos contra o patrimônio ocorridos no mesmo contexto fático, quando presente nexo
de dependência entre as condutas, considerando-se o porte crime-meio para a execu-
ção do roubo e do latrocínio tentado. 3. Não incide a Súmula 7/STJ quando os fatos se
encontram delimitados pelo acórdão recorrido, sendo necessária nova valoração jurídica
da prova, e não reexame fático-probatório, uma vez que a conduta do réu se apresenta
incontroversa.
4. Agravo regimental provido para redimensionar a pena.
(AgRg no AREsp 1395908/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
05/09/2019, DJe 12/09/2019).
É certo ainda que a jurisprudência atual do STJ entende que o cometimento de mais de um
latrocínio no mesmo contexto fático configura hipótese de concurso formal impróprio, com
penas somadas. Não se trata, portanto, de continuidade delitiva.
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não está em sintonia com a dogmática penal do concurso de crimes disposta na Parte Geral
do Código Penal, uma vez que o agente tem ciência do cometimento dos roubos contra vítimas
distintas e com subtração de patrimônios distintos, como ocorre, por exemplo, na situação cor-
riqueira no Brasil, na qual o agente, com o emprego de arma, ingressa em ônibus de transporte
coletivo e rouba celulares de várias vítimas, mediante o emprego de arma de fogo. A jurispru-
dência pacífica do STJ sustenta o concurso formal próprio na referida hipótese de concurso de
crimes, quando na verdade as penas deveriam ser somadas.
[...] 9. É assente nesta Corte Superior que o roubo perpetrado contra diversas vítimas,
ainda que ocorra em um único evento, configura o concurso formal e não o crime único,
ante a pluralidade de bens jurídicos tutelados ofendidos” (HC 430.716/SP, Rel. Minis-
tro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/6/2018, DJe
29/6/2018).
10. Caso tenha sido estabelecida a pena-base acima do mínimo legal, por ter sido desfa-
voravelmente valorada circunstância do art. 59 do Estatuto Repressor, admite-se a fixa-
ção de regime prisional mais gravoso do que o indicado pelo quantum de reprimenda
imposta ao réu.
11. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, tão somente para reduzir a 1/3 o
aumento pela incidência de três majorantes do crime de roubo, determinando ao Juízo
das Execuções que promova à nova dosagem da pena.
(HC 508.924/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 11/06/2019,
DJe 18/06/2019).
A jurisprudência tem decidido, ainda, que a corrupção de menores prevista no art. 244 B
do ECA convive com o roubo, majorado pelo concurso de pessoas (art. 157, § 2º, II), na forma
do concurso formal próprio, não havendo bis in idem. Seguem julgados do STJ sobre o tema:
[...] 4. Esta Corte Superior firmou sua compreensão no sentido de que “deve ser reconhe-
cido o concurso formal entre os delitos de roubo e corrupção de menores (art. 70, pri-
meira parte, do CP) na hipótese em que, mediante uma única ação, o réu praticou ambos
os delitos, tendo a corrupção de menores se dado em razão da prática do delito patri-
monial” (REsp 1.719.489/GO, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, jul-
gado em 23/08/2018, DJe 04/09/2018). 5. Agravo regimental desprovido. Habeas corpus
concedido, de ofício. (AgInt no AREsp 1595833/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA
TURMA, julgado em 04/02/2020, DJe 17/02/2020).
1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal, no julgamento do Recurso Especial Repre-
sentativo da Controvérsia n. 1.127.954/DF, uniformizou o entendimento de que, para a
configuração do crime de corrupção de menores, basta que haja evidências da participação
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O aumento da pena do concurso formal próprio leva em conta o número de crimes. Desse
modo: 2 crimes= 1/6; 3 crimes= 1/5; 4 crimes= 1/4: cinco crimes= 1/3; seis ou mais crimes=
1/2. Essa é posição pacífica da jurisprudência atual:
STJ [...] 5. Nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, o aumento
decorrente do concurso formal tem como parâmetro o número de delitos perpetrados,
devendo ser a pena de um dos crimes exasperada de 1/6 até 1/2. Por certo, o acréscimo
correspondente ao número de três infrações é a fração de 1/5. Nesse contexto, deve a
reprimenda ser definida em 6 anos, 4 meses e 24 dias de reclusão pelos crimes de roubo
e corrupção de menores praticados em concurso formal, quantum mais benefício do que
o cabível se considerado o concurso material de delitos.
6. In casu, reconhecida a presença de circunstância judicial desfavorável, deve ser man-
tido o meio prisional fechado, conforme a dicção do art. 33, §§ 2º e 3º, do CP, levando-
-se em conta a reprimenda imposta ao paciente, superior a 4 anos e inferior a 8 anos de
reclusão.
7. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de definir a reprimenda em 6
anos, 4 meses e 24 dias de reclusão, ficando mantido o regime prisional fechado.
(HC 544.961/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 04/02/2020,
DJe 12/02/2020).
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[...] 2. O crime continuado é benefício penal, modalidade de concurso de crimes, que, por
ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes parcelares que o formam, para
fins específicos de aplicação da pena. Para a sua aplicação, a norma extraída do art.
71, caput, do Código Penal exige, concomitantemente, três requisitos objetivos: I) plu-
ralidade de condutas; II) pluralidade de crime da mesma espécie; III) condições seme-
lhantes de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes (conexão tempo-
ral, espacial, modal e ocasional); IV) e, por fim, adotando a teoria objetivo-subjetiva ou
mista, a doutrina e jurisprudência inferiram implicitamente da norma um requisito da
unidade de desígnios na prática dos crimes em continuidade delitiva, exigindo-se, pois,
que haja um liame entre os crimes, apto a evidenciar de imediato terem sido esses deli-
tos subsequentes continuação do primeiro, isto é, os crimes parcelares devem resultar
de um plano previamente elaborado pelo agente.
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, “inexistindo previsão legal expressa a res-
peito do intervalo temporal necessário ao reconhecimento da continuidade delitiva, pre-
sentes os demais requisitos da ficção jurídica, não se mostra razoável afastá-la, apenas
pelo fato de o intervalo ter ultrapassado 30 dias” (AgRg no AREsp 531.930/SC, Rel. Minis-
tro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 3/2/2015, DJe 13/2/2015).
4. No caso, deve ser reconhecida a configuração da continuidade delitiva entre os crimes,
por restar demonstrado o liame subjetivo entre as condutas, assim como preenchimento
dos elementos de ordem objetiva necessários para a concessão do benefício. Perpetra-
dos crimes da mesma espécie em comarca limítrofes, com o mesmo modus operandi, o
simples fato de ter decorrido prazo um pouco superior a 30 dias entre a terceira conduta
e a última conduta não afasta a viabilidade da concessão do referido benefício.
5. Pedido de extensão deferido a fim de estabelecer a pena do requerente em 6 anos, 2
meses e 20 dias de reclusão, mais 20 dias-multa, a ser cumprida em regime fechado.
(PExt no HC 490.707/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
01/09/2020, DJe 08/09/2020).
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Na continuidade delitiva simples, o agente, mediante mais de uma conduta (ação ou omis-
são), pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, manei-
ra de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação
do primeiro.
Nesse caso, o julgador aplicará a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. O parâmetro, para exas-
perar a pena na continuidade delitiva simples (caput do art. 71), é o número de crimes.
Os requisitos apontados no caput do art. 71 são cumulativos. Isso significa dizer que, na
falta de um dos requisitos, o agente responderá por concurso material de crimes e não recebe-
rá os benefícios da continuidade delitiva.
Crimes da mesma espécie são, em regra, os que estão previstos no mesmo tipo penal e
que ofendem o mesmo jurídico, ou seja, são os que possuem a mesma estrutura típica. Cons-
titui um requisito objetivo. Exemplos: arts. 155 + 155, 171 + 171 etc. Todavia, vale ressaltar que
o STJ não admite continuidade delitiva entre o 157 (roubo) e o 157 §3º, inciso II (latrocínio),
conforme visto anteriormente no item sobre concurso formal de crimes.
[...] 8. No caso dos crimes de roubo majorado e latrocínio, sequer é necessário avaliar o
requisito subjetivo supracitado ou o lapso temporal entre os crimes, porquanto não há
adimplemento do requisito objetivo da pluralidade de crimes da mesma espécie. São
assim considerados aqueles crimes tipificados no mesmo dispositivo legal, consuma-
dos ou tentada, na forma simples, privilegiada ou tentada, e além disso, devem tutelar
os mesmos bens jurídicos, tendo, pois, a mesma estrutura jurídica. Perceba que o roubo
tutela o patrimônio e a integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade indivi-
dual (grave ameaça); por outro lado, o latrocínio, o patrimônio e a vida. 9. Habeas corpus
não conhecido. (HC 449.110/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado
em 02/06/2020, DJe 10/06/2020).
[...] 1. Na hipótese, o réu foi condenado pela prática do crime previsto no art. 218-B, § 2º,
inciso I, do CP contra duas vítimas. Assim, é possível reconhecer a continuidade delitiva
na presente hipótese, uma vez que os crimes são da mesma espécie e foram cometidos
nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. 2. Agravo regimental
desprovido. (AgRg nos EDcl no REsp 1741843/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 27/08/2019, DJe 04/09/2019).
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decidiu o STJ que o estupro do 213 é crime da mesma espécie em relação ao art. 217-A. Tais
decisões, nesses casos, têm feito uso do fundamento, outro minoritário, de que crimes da
mesma espécie são os que ofendem o mesmo bem jurídico.
[...] 2. Para fins da aplicação do instituto do crime continuado, art. 71 do Código Penal,
pode-se afirmar que os delitos de estupro de vulnerável e estupro, descritos nos arts.
217-A e 213 do CP, respectivamente, são crimes da mesma espécie.
3. Em relação ao critério temporal, a jurisprudência deste Tribunal Superior utiliza como
parâmetro o interregno de 30 dias. Importante salientar que esse intervalo de tempo
serve tão somente como parâmetro, devendo ser tomado por base pelo magistrado sen-
tenciante diante das peculiaridades do caso concreto. [...] (REsp 1767902/RJ, Rel. Minis-
tro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 04/02/2019).
[...] II – Os crimes da mesma espécie, para fins de reconhecimento da figura da continui-
dade delitiva, não são necessariamente os que estejam previstos no mesmo tipo penal,
mas os que possuem, essencialmente, o mesmo modo de execução e tutelam o mesmo
bem jurídico.
III – Verifica-se que, entre os delitos do art. 213 (‘Constranger alguém, mediante violência
ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique
outro ato libidinoso’) e do art. 217-A (‘Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos’) do Código Penal, há semelhança quanto aos elementos
objetivos do tipo e identidade do bem jurídico tutelado. Assim, não há impedimento à apli-
cação da regra da continuidade delitiva. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1562088/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
16/10/2018, DJe 22/10/2018).
Vale enfatizar ainda que há julgado casuístico da 6ª Turma do STJ que admitiu a continui-
dade delitiva entre os crimes de apropriação indébita previdenciária e sonegação previdenci-
ária, previstos em tipos penais distintos.
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De outro lado, há julgado mais recente do STJ da 5ª Turma do STJ que afirmou a impos-
sibilidade de continuidade delitiva entre os crimes de apropriação indébita previdenciária e
sonegação previdenciária, previstos em tipos penais distintos.
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[...]
1. A pretensão de reconhecimento da continuidade delitiva não merece acolhimento,
pois, no caso, os delitos foram praticados de formas distintas, em tempo e locais diver-
sos, o que resultou em concurso material, não havendo liame subjetivo entre eles, já que
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STJ [...] 3. O Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar o art. 71 do Código Penal, adotou
a teoria mista, pela qual a ficção jurídica do crime continuado exige, além da comprova-
ção dos requisitos de ordem subjetiva, a unidade de desígnios, ou seja, o liame volitivo
entre os delitos, a demonstrar que os atos criminosos se apresentam entrelaçados, isto
é, que a conduta posterior constitui um desdobramento da anterior. Precedentes. [...]
(REsp 1449981/AL, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 12/11/2019,
DJe 16/12/2019).
[...] 6. O crime continuado é benefício penal, modalidade de concurso de crimes, que, por
ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes parcelares que o formam, para
fins específicos de aplicação da pena. Para a sua aplicação, a norma extraída do art. 71,
caput, do Código Penal exige, concomitantemente, três requisitos objetivos: I) pluralidade
de condutas; II) pluralidade de crime da mesma espécie; III) e condições semelhantes de
tempo lugar, maneira de execução e outras semelhantes (conexão temporal, espacial,
modal e ocasional).
7. Adotando a teoria objetivo-subjetiva ou mista, a doutrina e jurisprudência inferiram
implicitamente da norma um requisito outro de ordem subjetiva, que é a unidade de
desígnios na prática dos crimes em continuidade delitiva, exigindo-se, pois, que haja um
liame entre os crimes, apto a evidenciar de imediato terem sido os crimes subsequentes
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[...]1. No caso, a pena de um dos crimes de homicídio foi dobrada, em razão da conti-
nuidade delitiva (três delitos), tendo sido considerado o fato de uma das vítimas ser
criança, com apenas quatro anos de idade, e elementos próprios às circunstâncias judi-
ciais, como a culpabilidade acentuada e a conduta social reprovável.
2. Não há falar em bis in idem na reavaliação das circunstâncias judiciais para o fim de
estipular o quantum de aumento pela continuidade delitiva, uma vez que o procedimento
decorre de expresso mandamento legal, nos termos do que previsto no art. 71, pará-
grafo único, do Código Penal.
3. Em relação ao percentual de aumento em razão da continuidade delitiva, não cabe em
agravo regimental a análise de matéria que não foi deduzida em recurso especial, por se
tratar de inovação recursal.
4. Agravo regimental conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido.
(AgRg no AgRg no REsp 1587199/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
julgado em 20/10/2020, DJe 22/10/2020).
[...] VIII – O art. 71, caput e parágrafo único, do Código Penal preveem duas modalidades
de crime continuado. Enquanto na continuidade qualificada o órgão julgador observará
a quantidade de condutas praticadas em paralelo como a culpabilidade do autor; na con-
tinuidade simples impera o chamado critério objetivo puro, ou seja, a fração de exaspe-
ração é diretamente proporcional ao número de reiterações delitivas.
IX – No que diz respeito à continuidade simples, “a jurisprudência desta Corte é firme no
sentido de que a fração referente à continuidade delitiva deve ser firmada de acordo com
o número de delitos cometidos, aplicando-se o aumento de 1/6 pela prática de 2 infra-
ções; 1/5 para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações
e 2/3 para 7 ou mais infrações (AgRg no AREsp n. 1.377.172/RS, Sexta Turma, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, DJe de 24.10.2019).
X – O reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de corrupção ativa e lava-
gem de dinheiro afigura-se inviável, pois, mesmo que se olvide o fato de se tratarem de
espécies delitivas distintas, eis que possuem elementares típicas e objetividade jurídica
totalmente distintas, o exame da tese defensiva exigiria o afastamento das premissas
fáticas esteares da decisão reprochada, juízo que ultrapassa os propósitos do Recurso
Especial.
[...] Agravo Regimental conhecido e parcialmente provido.
(AgRg no REsp 1792710/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
15/09/2020, DJe 23/09/2020).
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O julgador ainda deverá respeitar o limite do concurso material benéfico, de modo que a
exasperação não poderá superar a soma das penas. Outro limite narrado é o de 30 anos, o
qual tem sido entendido (STJ) como limite de cumprimento da pena e não limite para figurar
na sentença. De todo modo, esse limite de cumprimento foi aumentado pela Lei 13964/2019,
que alterou o art. 75 do CP, explicitando o limite de 40 anos para o cumprimento da pena.
Vale ressaltar ainda o sentido da expressão violência contida no parágrafo único do art.
71. Para o STJ, a palavra violência se refere à violência real, de modo que não alcançará as
condutas perpetradas contra vulnerável, em casos de estupros, quando não houver violência
real, ou seja, quando não houver violência física ou grave ameaça. Desse modo, se o agente
comete vários estupros contra adolescentes de 13 anos, sem violência real e sem grave ame-
aça, a solução, se preenchidos os requisitos, será a continuidade delitiva do caput, não a do
parágrafo único.
STJ [...]
– O crime continuado é benefício penal, modalidade de concurso de crimes, que, por
ficção legal, consagra unidade incindível entre os crimes que o formam, para fins especí-
ficos de aplicação da pena.
Para a sua aplicação, o art. 71, caput, do Código Penal exige, concomitantemente, três
requisitos objetivos: I) pluralidade de condutas; II) pluralidade de crimes da mesma espé-
cie; e III) condições semelhantes de tempo, lugar, maneira de execução e outras seme-
lhantes.
– A continuidade delitiva específica, descrita no art. 71, parágrafo único, do Código Penal,
além daqueles exigidos para a aplicação do benefício penal da continuidade delitiva sim-
ples, exige que os crimes praticados: I) sejam dolosos; II) realizados contra vítimas dife-
rentes; e III) cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.
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É certo que a continuidade delitiva do caput é mais benéfica do que a do parágrafo único.
Desse modo, considerando que o estupro é um crime hediondo, considerando que o estupro
de vulnerável foi valorado pelo legislador como uma conduta mais grave do que o estupro de
vítima não vulnerável, a interpretação do STJ, exarada no julgado anterior, segundo pensa-
mos, revela desproporcionalidade e, portanto, ofensa ao princípio da proibição da tutela penal
deficiente.
Importa destacar ainda a possibilidade de continuidade delitiva em crimes dolosos contra
a vida, ou seja, a súmula 605 do STF, conquanto não tenha sido ainda cancelada, está prejudi-
cada. Isso porque a Reforma da Parte Geral do CP, ocorrida em 1984, por meio da Lei 9.709/84,
permitiu, com a redação do parágrafo único do art. 71, a possibilidade de continuidade delitiva
em crimes dolosos contra a vida cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, dentre
os quais, a título de ilustração, homicídio, estupro e outros.
[...] 1. Os crimes praticados constituem infrações penais da mesma espécie (dois homi-
cídios qualificados), praticados sob as mesmas condições de tempo e lugar, agindo com
idêntico modus operandi, e em concurso de agentes.
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Crime único: a prática de diversos núcleos no mesmo contexto fático constitui um só crime
(conflito aparente de normas-princípio da alternatividade).
Exemplo: a foi condenado por estupro e atentado violento ao pudor na vigência da lei antiga.
Provavelmente, teve as penas somadas (concurso material) com suporte no entendimento
jurisprudencial da época, segundo o qual os crimes do 213 e do antigo 214 não eram da mesma
espécie, não admitiam continuidade delitiva.
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Exemplo: Caio, mediante emprego de arma de fogo, no dia 25/03/2020, praticou vários roubos
contra várias vítimas, dentro de um ônibus. Depois disso, em 25/06/2020, Caio, mediante con-
curso de pessoas, restrição da liberdade das vítimas, emprego de arma de fogo, com ajuda do
comparsa José, praticou vários roubos contra moradores que se encontravam em uma casa
no Lago Norte (bairro, setor) no Distrito Federal. Nesse caso, em relação aos crimes de Caio, há
um concurso formal próprio no primeiro episódio de crimes (dentro do ônibus) e outro concur-
so formal próprio no segundo episódio (roubo contra várias vítimas dentro de uma residência).
Entre os dois concursos formais de crimes, há um concurso material, ou seja, os resultados
de penas dos concursos formais serão somados. Não há se falar em continuidade delitiva
entre os dois concursos formais, uma vez que os episódios ultrapassaram o requisito tempo-
ral (intervalo bem maior do que trinta dias) e, além disso, a forma de execução dos crimes foi
diferente, com variação de comparsas. Portanto, faltaram, no mínimo, dois requisitos da con-
tinuidade delitiva.
Todavia, é importante alertar que, nos casos de concursos formais próprios em concorrên-
cia de concursos com a continuidade delitiva, a jurisprudência do STJ despreza o aumento
dos concursos formais e faz incidir apenas o aumento da continuidade delitiva. Dessa forma,
se o julgador fizer incidir ambos os aumentos (o do formal e o do continuado), na visão do STJ,
haverá bis in idem.
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2. Punibilidade
O crime é um fato típico, ilícito e culpável (conceito tripartido majoritário), há um conceito
bipartido, minoritário, em alguns setores da doutrina nacional, ou seja, a ideia de que o crime é
um fato típico e antijurídico, figurando a culpabilidade como pressuposto de aplicação de pena.
[...] consequência natural da prática de uma conduta típica, ilícita e culpável levada a efeito pelo
agente. Toda vez que o agente pratica uma infração penal, isto é, toda vez que infringe o nosso di-
reito penal objetivo, abre-se a possibilidade para o Estado de fazer valer o seu ius puniendi. (GRECO,
2017, p.833).
Possibilidade jurídica de impor sanção penal é mera condicionante ou pressuposto da consequên-
cia jurídica do delito, não integrando o conceito analítico do mesmo. (PRADO, 2012, p.815).
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Ao tratar das chamadas condições objetivas de punibilidade, Luiz Regis Prado anota
o seguinte:
De fato, as condições objetivas de punibilidade são alheias à noção de delito– ação ou omissão típi-
ca, ilícita ou antijurídica e culpável– e, de conseguinte, ao nexo causal. Ademais, atuam objetivamen-
te, ou seja, não se encontram abarcadas pelo dolo ou pela culpa. São condições exteriores à ação e
delas depende a punibilidade do delito, por razões de política criminal (oportunidade, conveniência).
(PRADO, 2012, p.808).
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O tema se encontra presente nos Códigos Penais brasileiros desde o primeiro Código Cri-
minal do Império de 1830, passando pelo Código Penal de 1890, quando havia a impossibili-
dade de instauração da ação penal no delito de furto praticado contra parentes próximos, e
chegando ao CP de 1940, quando houve a inserção expressa de isenção de pena nos arts. 181
a 183, para todos os delitos contra o patrimônio cometidos sem violência ou grave ameaça
contra certas pessoas especificadas nos referidos dispositivos legais.
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
(Vide Lei n. 10.741, de 2003)
I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido
em prejuízo: (Vide Lei n. 10.741, de 2003)
I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II – de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;
II – ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Exemplo 1: se Caio, filho de Maria (55 anos de idade), chama José, seu amigo, para furtar joias
de Maria. Caio será beneficiado pela isenção de pena (art. 181, II, do CP), mas José não terá a
exclusão de pena em razão da escusa absolutória.
Exemplo 2: se Caio e Pedro, irmãos, filhos de Maria (55 anos de idade), furtam joias de sua
mãe. Caio será beneficiado pela isenção de pena (art. 181, II, do CP) e Pedro será beneficiado
pela isenção de pena (art. 181, II, do CP). Cada qual possui a sua escusa pessoa, mas não há
falar em comunicação da escusa absolutória.
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As causas extintivas da punibilidade estão previstas no art. 107 do CP, mas não se esgo-
tam nesse dispositivo, uma vez que há outras causas extintivas da punibilidade espalhadas
pelo ordenamento jurídico e também construídas na jurisprudência (exemplos: reparação do
dano antes do trânsito em julgado no peculato culposo; laudo de constatação de reparação do
dano ambiental no caso do art. 28, inciso I, da Lei 9605/08; pagamento do imposto nas hipó-
teses do refis tributário, antes do trânsito em julgado; interpretação reversa da súmula 554 do
STF, ou seja, pagamento do cheque emitido sem fundos antes do recebimento da denúncia.
Quanto ao refis tributário, há julgados casuísticos em diversos sentidos, conquanto a po-
sição jurisprudencial mais uniforme seja a pontada no parágrafo anterior (pagamento até o
trânsito em julgado).
Seguem decisões casuísticas e outras que refletem a jurisprudência:
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5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para anular o acórdão pro-
ferido quando da vigência do benefício do parcelamento do crédito tributário, bem como
para desconstituir o trânsito em julgado da condenação imposta aos pacientes.
(HC 353.827/PI, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 16/08/2016, DJe 25/08/2016).
O juiz deve reconhecer de ofício causa extintiva da punibilidade nos termos do art. 61 caput
do CPP. Ver
Parcela da doutrina aponta diferença entre:
• Causas extintivas da punibilidade: direito de punir surge, mas desaparece em razão de
fato posterior. Exemplo: decadência;
• Exclusão da punibilidade: o direito de punir não se inicia, não surge, não nasce. Leva em
conta as condições pessoais do agente. Exemplo: artigo 181 I do CP;
• Condições objetivas de punibilidade: suspende o direito de punir até que ocorra um fato
futuro. Exemplo: artigo 7º §2º “b” do CP. Nesse sentido (SANCHES, 2019, p. 363).
A morte extingue a punibilidade do agente, de modo que o estado não poderá, em razão do
princípio da pessoalidade da pena ou intranscendência (art. 5º, LXV, da CRFB), executar a pena
privativa de liberdade e nem qualquer outra pena de natureza penal, como a pena de multa ou
as penas restritivas de direito. A decretação de perdimento de bens– usados ou adquiridos
na prática do crime– como efeito da sentença penal condenatória subsistem (não se trata de
pena). Do mesmo modo, os efeitos civis, em razão do fato cometido pelo agente, permanecem,
ou seja, seus bens serão utilizados para finalidades civis nos limites da herança.
Ponto de divergência diz respeito à morte presumida (arts. 6º e 7º do Código Civil): Para
Fragoso; Frederico Marques; Hungria – morte presumida extingue a punibilidade. Enquanto
para Luiz Regis Prado, a morte presumida não extingue a punibilidade, sendo inadmissível na
esfera penal, de modo que deve ser aguardada a prescrição (PRADO, 2012, p. 819). Para Nucci,
a morte presumida, desde que acompanhada da certidão de óbito (art. 62 CPP), extingue a
punibilidade (NUCCI, 2013, p. 613).
Quanto à certidão de óbito falsa, há divergência também na doutrina. Para a maioria da
doutrina, a extinção da punibilidade não pode ser revista. Para Arthur Gueiros e Jampiassú
(2020, p., extinção da punibilidade pode ser revista, uma vez que a fraude não pode ser premia-
da; o ato processual não pode suplantar normas de direito material; e ainda a questão do ato
inexistente. O STF já decidiu que se trata de decisão meramente declaratória que não subsiste
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se o seu parâmetro for falso (HCs 84525/2004; 104998/2011). Para o STJ, a decisão pode ser
revogada, a formalidade não pode tornar imutável uma decisão ancorada em falsidade (HCs
143474/2010; 31234/2004).
A anistia é concedida por meio de lei aprovada pelo Congresso Nacional (artigo 48, VIII da
CRFB) que extingue os efeitos penais principais e secundários. É classificada em: própria (antes
do trânsito em julgado), imprópria (depois do trânsito em julgado), irrestrita, restrita, condicio-
nada, incondicionada. Pode ser concedida em crime comuns, mas possui maior relação com
crimes políticos, militares ou eleitorais. A anistia diz respeito a fatos, não se refere a pessoas.
É vedada para crimes hediondos e assemelhados (art. 5º, XLIII, da CRFB de 1988).
A anistia provoca efeitos ex tunc no sentido de desafazer todos os efeitos penais da con-
denação, não desfazendo os efeitos extrapenais (GUEIROS, p. 475; STF Recurso Criminal
1433 de 1981).
Segundo o STF, a anistia impede a apreciação sobre a materialidade e a autoria do fato,
pois isso seria reviver o que foi esquecido pelo Poder Público (Inquérito 79 de 1979).
A graça é concedida após a condenação, por Decreto do Presidente da República, o qual
pode delegar o referido ato administrativo (Artigo 84, XII, da CRFB). A graça é concedida de
maneira individual e depende de pedido do interessado. Portanto, possui um destinatário devi-
damente identificado (SANCHES, 2019, p. 366). Possui relação com situações de cunho huma-
nitário (GUEIROS, 2020, p. 476)
Indulto é concedido após a condenação, por Decreto do Presidente da República, o qual
pode delegar o referido ato administrativo (Artigo 84, XII, da CRFB). O indulto é concedido de
maneira coletiva e não depende de pedido dos interessados.
O indulto pode ser total ou parcial. O indulto parcial, chamado de comutação de penas,
implica em redução de parte da pena. O indulto, nas duas formas narradas, está previsto no
art. 192 da LEP (Lei 7.210/84): “Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do
decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
de comutação”.
Súmula 631-STJ dia que “o indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão
executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais”.
Vale registras as previsões dos arts. 5º, XLIII, CRFB, e 2º da Lei n. 8.072/1990:
CRFB, Art. 5º, XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
se omitirem;
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Dermeval Farias
Lei n. 8.072/1990
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e
o terrorismo são insuscetíveis de:
I – anistia, graça e indulto;
II – fiança e liberdade provisória.
II – fiança.
STF
RE 1084663 AgR Órgão julgador: Primeira Turma Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento:
13/04/2018 Publicação: 27/04/2018
Ementa: AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PENAL E PROCESSUAL
PENAL. CONDENAÇÃO POR HOMICÍDIO QUALIFICADO. CRIME HEDIONDO. INDULTO.
ARTIGO 7º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DECRETO 7.873/2012. INAPLICABILIDADE. CRIME
IMPEDITIVO. QUESTÃO JÁ ANALISADA PELO STF NA ADI-MC 2.795. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
Observação – Acórdão(s) citado(s): (INDULTO, CRIME HEDIONDO) ADI 2795 MC (TP), HC
117938 (1ªT), RE 760226 AgR (2ªT), HC 119578 (1ªT). Número de páginas: 8. Análise:
04/05/2018, BMP.
Legislação LEG-FED LEI-008072 ANO-1990 ART-00002 INC-00001 LCH-1990 LEI DE
CRIMES HEDIONDOS LEG-FED DEC-007873 ANO-2012 ART-00007 PAR-ÚNICO DECRETO.
STF
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. IMPOS-
SIBILIDADE DE CONCESSÃO DE INDULTO AOS CONDENADOS POR CRIMES HEDIONDOS,
DE TORTURA, TERRORISMO OU TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS.
AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. I – No julgamento da ADI 2.795-MC, de relatoria do
Ministro Maurício Corrêa, o Plenário deste Supremo Tribunal assentou revelar-se “[...] incons-
titucional a possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por crimes hedion-
dos, de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, independente-
mente do lapso temporal da condenação”. II – Agravo a que se nega provimento.
(RHC 176673 AgR, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
14/02/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-041 DIVULG 27-02-2020 PUBLIC 28-02-2020).
É certo que não cabe indulto em casos de condenação por crime hediondo ou equiparado,
porém essa vedação subsiste quando se trata de indulto humanitário, ou seja, de precárias
condições de saúde do condenado?
Para Rogério Sanches (2019, p. 367), prevalece o entendimento de não seria aplicável a
vedação do art. 2º da Lei 8.072/90, quando se tratar de indulto humanitário. Todavia, o próprio
autor aponta decisão da 2ª Turma do STF que negou a referida possibilidade:
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O STJ tem decidido pela impossibilidade do indulto, até mesmo o humanitário, em caso de
crime hediondo ou equiparado.
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2.3.3. Retroatividade da Lei que Não mais Considera o Fato como Crime
O inciso III do art. 107 do CP trata da abolicio criminis, que significa a descriminalização de
uma conduta efetuada por uma Lei, a qual terá retroatividade benéfica. Na história não muito
distante do direito penal brasileiro, ocorreu abolicio criminis dos crimes de adultério, sedução,
rapto consensual. Se já houver condenação transitada em julgado, o juiz da execução aplicará
a abolitio criminis, na forma do artigo 66 da Lei da Execução Penal (7.210/84).
Se a lei descriminalizadora surgir na fase do inquérito policial já instaurado, os autos serão
relatados encaminhados ao Ministério Público (nos locais onde se faz a distribuição direta)
ou ao judiciário (para envio ao Ministério Público). Após a promoção de arquivamento do Mi-
nistério Público, o juiz homologará o arquivamento. Se não concordar com o arquivamento do
Ministério Público, o juiz deverá aplicar o artigo 28 do CPP.
Essa sistemática foi alterada pela Lei 13964/2019 (pacote anticrime), mas está com a efi-
cácia suspensa em razão de decisão do STF do primeiro semestre de 2020. É importante
acompanhar.
A abolicio criminis também pode acontecer por força de decisão do STF no controle de
constitucionalidade. Veja os temas em debates no final do capítulo de PDF da Teoria da Norma.
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Esse tema foi devidamente explicado no PDF de princípios e no PDF de teoria da norma, para
os quais remetemos o leitor.
2.3.5. Pela Renúncia do Direito de Queixa ou pelo Perdão Aceito, nos Crimes
de Ação Privada
Perdão do ofendido é um ato bilateral, descrito nos artigos 105 e 106 (indivisibilidade) do
CP. Possui fundamento no princípio da disponibilidade, aplicável aos crimes de ação privada.
Pode ser oferecido do início da ação até o trânsito em julgado. Depende da existência de um
processo em curso.
Seguem os artigos do CP sobre o perdão que costumam ser cobrados em provas de
concursos:
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao
prosseguimento da ação.
Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I – se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
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II – se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III – se o querelado o recusa, não produz efeito.
§ 1º Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na
ação.
§ 2º Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.
A retratação significa retirar o que foi dito, de modo a extinguir a punibilidade, conforme a
previsão legal.
Exemplo: artigo 143 do CP: “O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da
calúnia ou da difamação, fica isento de pena”. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado
tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação
dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa”.
Exemplo: §2º do artigo 342 do CP: “§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”.
Quanto ao instituto do perdão judicial, o juiz é quem o aplica, com fundamento em deter-
minadas condições que estiveram presentes no momento do fato, conforme a previsão legal
(exemplos: homicídio culposo, lesão culposa, receptação culposa, colaboração premiada do
art. 4º da Lei 12850).
STJ
I – A col. 6ª Turma do STJ, ao examinar a possibilidade de aplicação do perdão judicial
(§ 5º do art. 121 do CP) ao homicídio culposo no trânsito, assentou que “[A] melhor doutrina,
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A Súmula 18 do STJ esclarece que o perdão judicial possui natureza declaratória de extinção
da punibilidade.
2.3.8. Prescrição
A prescrição penal constitui matéria de ordem pública, logo deve ser declarada de ofício
pelo julgador, em qualquer do processo penal ou da execução penal. Constitui causa extintiva
da punibilidade regulada nos artigos 107 a 119 do CP e, ainda, em dispositivos da Legislação
Especial Penal.
Não há prescrição nos crimes de racismo e terrorismo (CF, art. 5º, incisos XLII e XLIV).
STJ [...]
2 – Condenado o recorrente por infração ao art. 20, § 2º, da Lei n. 7.716/1989, sobre o
qual incide cláusula de imprescritibilidade, nos termos do art. 5º, XLII, da Constituição
Federal, não há que se falar em prescrição.
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3 – A questão relativa à competência já foi decidida pela Terceira Seção desta Corte,
(AgRg nos EDcl no CC n. 120559/DF) e confirmada pelo STF (HC n. 121283/DF) que rati-
ficou a competência da Justiça estadual para processar e julgar o feito.
4 – Concluindo as instâncias ordinárias, soberanas na análise das circunstâncias fáticas
da causa, que o recorrente praticou o delito de racismo, desclassificar a conduta para
injúria racial é providência inviável em recurso especial, a teor da Súm. n. 7/STJ.
5 – Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 753.219/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 24/05/2018, DJe 01/06/2018).
STJ
[...] 12. Conclusão: A admissão da Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes
de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade como jus cogens não pode violar princí-
pios constitucionais, devendo, portanto, se harmonizar com o regramento pátrio. Refe-
rida conclusão não revela desatenção aos Direitos Humanos, mas antes observância às
normas máximas do nosso ordenamento jurídico, consagradas como princípios consti-
tucionais, que visam igualmente resguardar a dignidade da pessoa humana, finalidade
principal dos Direitos Humanos. Nesse contexto, em observância aos princípios cons-
titucionais penais, não é possível tipificar uma conduta praticada no Brasil como crime
contra humanidade, sem prévia lei que o defina, nem é possível retirar a eficácia das
normas que disciplinam a prescrição, sob pena de se violar os princípios da legalidade e
da irretroatividade, tão caros ao direito penal.
13. O não reconhecimento da imprescritibilidade dos crimes narrados na denúncia não
diminui o compromisso do Brasil com os Direitos Humanos. Com efeito, a punição dos
denunciados, quase 40 anos após os fatos, não restabelece os direitos humanos supos-
tamente violados, além de violar outros direitos fundamentais, de igual magnitude:
segurança jurídica, coisa julgada material, legalidade, irretroatividade etc.
14. Pedido Subsidiário: No que diz respeito à alegada ofensa aos arts. 347 e 348, ambos
do CP, a argumentação trazida no recurso especial não encontra óbice ao seu conheci-
mento. Porém, a insurgência não merece prosperar. Com efeito, o recorrente pretende
demonstrar que os crimes de fraude processual e de favorecimento pessoal têm natu-
reza de crime permanente, motivo pelo qual o prazo prescricional, com relação ambos,
ainda não teria se implementado.
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Quanto à injúria racial, prevista no art. 143 do CP (não descrita na Lei de Racismo), a juris-
prudência do STJ entendeu que constitui uma espécie de racismo, de modo que não prescreve.
Em recente julgamento iniciado no STF (26 de novembro de 2020), no bojo do HC 154.248, o
Ministro Edson Fachin votou no sentido da imprescritibilidade da injúria racial. O julgamento
será retomado em 02/12/2020 (é importante acompanhar o resultado).
STJ
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. INJÚRIA RACIAL. ART. 140, § 3º, DO
CP. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 107, IV, 109, V, E 117, I, TODOS
DO CP. PLEITO DE RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO. INADMISSIBILIDADE. ACÓRDÃO
RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DAS CORTES SUPERIORES.
1. Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte, com o advento da Lei n.
9.459/97, introduzindo a denominada injúria racial, criou-se mais um delito no cenário
do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão (AgRg no
AREsp n. 686.965/DF, Ministro Ericson Maranho (Desembargador Convocado do TJ/SP),
Sexta Turma, julgado em 18/8/2015, DJe 31/8/2015) – (AgRg no AREsp n. 734.236/DF,
Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 8/3/2018).
2. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1849696/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, jul-
gado em 16/06/2020, DJe 23/06/2020).
A prescrição penal é diferente da prescrição civil. Essa última pode significar aquisição de
direitos, por exemplo, usucapião. A prescrição civil pode ser renunciada, a penal corre sempre.
Conceito
A prescrição penal consiste na perda do direito de punir do Estado pelo não exercício em
determinado lapso de tempo. Pode ser contada de duas maneiras: pela pena abstrata e pela
pena concreta.
STJ [...] II – A prescrição da pretensão punitiva estatal, como matéria de ordem pública,
cognoscível de ofício pelo julgador, deve ser declarada em qualquer momento e grau de
jurisdição.
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III – No art. 110, § § 1º e 2º, do Código Penal (redação anterior à Lei n. 12.234/2010),
vigente ao tempo do cometimento das práticas delitivas, está previsto que a prescrição,
depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, regula-se
pela pena aplicada, podendo ter por termo inicial data anterior à do recebimento da
denúncia ou da queixa.
IV – No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de
cada um, isoladamente (art. 119, do Código Penal). Também quando se tratar de crime
continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando
o acréscimo decorrente da continuação (Súmula n. 497/STF). Para cada um dos delitos
de delitos apurados na origem, a prescrição começa a correr do dia em que o crime se
consumou (art. 111, inciso I, do Código Penal) e só vai ser interrompida pelo recebi-
mento da denúncia (art. 117, inciso I, do Código Penal).
V – Não transcorrido o prazo de 8 anos entre os marcos interruptivos dos fatos típicos
descrito no art. 288 do Código Penal, notadamente entre a cessação da permanência e o
recebimento da denúncia, incabível a declaração de extinção da punibilidade pela pres-
crição retroativa, ex vi dos arts. 109, III, 111, todos do Código Penal, como no presente
caso, conforme constou do acórdão da apelação (fl.4065). Igualmente com relação aos
delitos previstos no art. 177 do Código Penal. [...]
(EDcl no AgRg no AREsp 1378944/RJ, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2019,
DJe 03/02/2020).
Natureza Jurídica
Constitui causa extintiva da punibilidade, sendo matéria de direito penal, mesmo quando
descrita em textos do Código de Processo Penal (exemplos: arts. 366, 368). Em razão de sua
natureza, a contagem do prazo prescricional segue as regras do Direito Penal, não seguem as
regras do Direito Processual Penal.
Espécies de Prescrição
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A segunda, prescrição da pretensão executória (PPE), inicia a sua contagem com o trânsito
em julgado para a acusação nos termos do art. 112 do CP (veja a abordagem do tema, com
julgados). A PPE, quando reconhecida, impede o Estado de executar a pena, de impor o ius
puniendi. Todavia, a PPE não elimina todos os efeitos penais, uma vez que a reincidência, por
exemplo, sobrevive à PPE.
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Exemplo: Maria, não reincidente, com 30 anos na data do fato (mês de janeiro) e com os
mesmos 30 anos na data do recebimento da denúncia (mês de junho), e 42 na data da sen-
tença (mês de agosto), foi condenada pelo crime de roubo a uma pena de 5 anos de reclusão
em regime semiaberto. O Ministério Público não recorreu, de modo que transitou em julgado
para a acusação. Em seguida, observou-se que entre o recebimento da denúncia e a sentença
condenatória decorreram 12 anos. Desse modo, considerando que 5 anos de pena lançados no
art. 109 prescrevem em 12 anos, houve prescrição retroativa entre o recebimento da denúncia
e a sentença condenatória.
Antes da entrada em vigor da Lei 12234, era possível prescrição retroativa do fato ao recebi-
mento da denúncia. Agora, isso não é mais possível, salvo para os fatos cometidos antes da
entrada em vigor da referida lei.
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da nova lei com a realidade. Nesse sentido, dada a impossibilidade financeira de o Estado
atender, em sua plenitude, a todas as outras demandas sociais, seria irreal pretender que
os órgãos da persecução devessem ser providos de toda a estrutura material e humana
para investigar, com eficiência e celeridade, todo e qualquer crime praticado. A avassa-
ladora massa de delitos a apurar seria uma das causas da impunidade, dada a demora
ou impossibilidade no seu esclarecimento, na verificação da responsabilidade penal e
na punição do culpado, assim reconhecido definitivamente. Dessa maneira, o legislador
optara por não mais prestigiar um sistema de prescrição da pretensão punitiva retroa-
tiva que culminava por esvaziar a efetividade da tutela jurisdicional penal. Demais disso,
essa modalidade de prescrição, calculada a partir da pena aplicada na sentença, cons-
tituiria peculiaridade da lei brasileira, que não encontraria similar no direito comparado.
Nas legislações alienígenas, a prescrição da pretensão punitiva seria regulada pela pena
máxima em abstrato, e nunca pela pena aplicada, a qual regularia apenas a prescrição da
pretensão executória. Isso demonstraria que, embora a pena justa para o crime fosse a
imposta na sentença, seria questão de política criminal, a cargo do legislador, estabelecer
se a prescrição, enquanto não ocorrido o trânsito em julgado, deveria ser regulada pela
pena abstrata ou concreta, bem como, nesta hipótese, definir a expansão dos efeitos “ex
tunc”. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que concedia a ordem e assentava a inconstitu-
cionalidade do art. 110, § 1º, do CP. Assinalava que não se poderia chancelar a possibi-
lidade de o Ministério Público ou o titular de ação penal privada não ter prazo para atuar,
ainda que houvesse dados suficientes para a propositura de ação penal, independente-
mente de investigação. HC 122694/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 10.12.2014. (HC-122694).
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Exemplo: Caio, não reincidente, com 40 anos na data do fato e 42 na data da sentença, foi con-
denado pelo crime de furto a uma pena de 2 anos de reclusão em regime aberto. O Ministério
Público não recorreu, de modo que transitou em julgado para a acusação. A defesa apelou da
decisão. Em seguida, observou-se que entre o recurso da Defesa e o seu exame pelo Tribunal
decorreram 4 anos. Desse modo, considerando que 2 anos de pena lançados no art. 109 pres-
crevem em 4 anos, houve prescrição superveniente entre a publicação da sentença e antes do
trânsito em julgado, durante o exame do recurso da Defesa.
STJ
[...] 2. Nos termos da jurisprudência deste Sodalício, embora o termo inicial da contagem
da prescrição da pretensão executória do Estado seja o trânsito em julgado para a acu-
sação, não há que se falar em início de seu cômputo, quando pendente o trânsito em jul-
gado para ambas as partes, porquanto ainda em curso a contagem da prescrição da pre-
tensão punitiva, que pode ocorrer na modalidade retroativa (EDcl no AREsp n. 651.581/
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MS, Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 13/12/2018, DJe 19/12/2018) –
(AgRg no HC n. 473.344/PB, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 26/3/2020).
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1832665/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, jul-
gado em 08/09/2020, DJe 15/09/2020)”.
STJ
[...] I – Esta Corte Superior de Justiça sedimentou entendimento no sentido de que
“conforme disposto expressamente no art. 112, I, do CP, o termo inicial da contagem
do prazo da prescrição executória é a data do trânsito em julgado para a acusação, e
não para ambas as partes, prevalecendo a interpretação literal mais benéfica ao conde-
nado.” (AgRg nos EAREsp 908.359/MG, Terceira Seção, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, DJe
de 02/10/2018).
II – Nos termos do art. 110, caput, do Código Penal, a prescrição depois do trânsito em
julgado da sentença condenatória é regulada pela pena aplicada. Considerando a sanção
cominada em 01 (um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, a prescrição ocorre em 4
(quatro) anos, nos termos do art. 109, inciso V, também do Código Penal. III – Na hipótese
dos autos, a sentença condenatória transitou em julgado para o Ministério Público esta-
dual em em 17/01/2014 (fl.
247), assim, o início da execução da pena deveria ter ocorrido até 16/01/2018.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1817283/MT, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEM-
BARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2019, DJe
08/10/2019).
STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. ESTELIONATO.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. INÍCIO DA CONTAGEM A PARTIR DO TRÂN-
SITO EM JULGADO À ACUSAÇÃO. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Segundo o art. 112, I, do Código Penal e a Jurisprudência desta Corte Superior, a con-
tagem do prazo de prescrição da pretensão executória tem como marco inicial o trânsito
em julgado para a acusação.
2. Considerando que a possibilidade de interposição de recursos pela acusação se deu
em 12/1/2009 e que o último mandado de prisão para o início do cumprimento da pena
foi expedido com validade até 29/9/2022, está operada a prescrição, cujo prazo é de 8
anos (pena de 2 anos e 6 meses de reclusão), nos termos do art. 109, IV, c/c o 112, I,
ambos do CP.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no RHC 113.795/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
01/10/2019, DJe 08/10/2019).
STJ
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DIREITO PENAL – PARTE GERAL
Concurso de Crimes, Punibilidade e Causas Extintivas da Punibilidade
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[...]1. Esta Corte Superior de Justiça, interpretando a legislação federal vigente, firmou o
entendimento de que o artigo 112, inciso I, do Código Penal que fixa como termo inicial
da contagem do prazo da prescrição da pretensão executória o trânsito em julgado da
sentença condenatória para a acusação não pode ser interpretado da forma que importe
em agravamento da situação do condenado. 2. Nos termos da jurisprudência vigente
neste Superior Tribunal de Justiça, o marco inicial para contagem do prazo da prescrição
da pretensão executória da pena é a data do trânsito em julgado para a acusação e não
para ambas as partes envolvidas no processo. Precedentes.
3. O trânsito em julgado para a acusação ocorreu em 19.7.2009, tendo o agravante sido
condenado à pena de 3 anos de reclusão pelo crime descrito no art. 35 da Lei n. 11.343/06,
de forma que o prazo a ser observado para o cálculo da prescrição da pretensão executó-
ria é o previsto no inciso VI do art. 109 do Estatuto Repressivo, qual seja, 8 anos.
[...]
(AgRg na PET no AREsp 1225885/PI, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, jul-
gado em 01/10/2019, DJe 10/10/2019).
O STF, no passado, também decidiu que era o trânsito em julgado para ambas as partes.
Todavia, em decisões recentes têm dito que que deve ser aplicado o art. 112 na sua literalida-
de, ou seja, trânsito em julgado para acusação para iniciar a PPE.
STF
Agravo regimental no recurso ordinário em habeas corpus. 2. Agravo da PGR. 3. Tese
de inaplicabilidade do Código Penal. Marco inicial da prescrição após sentença. Trân-
sito em julgado para a acusação. Princípio da reserva legal. 4. Impropriedade do legis-
lador penal que não pode ser suprida pelo Judiciário para prejudicar o réu. 5. Agravo
improvido.
(RHC 155211 AgR, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 20/09/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 30-09-2019 PUBLIC 01-10-2019).
O art. 115 afirma a contagem do prazo prescricional pela metade no caso de crime come-
tido por agente que possuía menos de 21 anos na data do fato ou mais de 70 anos na data da
sentença. Essa redução do prazo prescricional possui incidência tanto nos caos de PPP (pres-
crição da pretensão punitiva) quanto nos casos de PPE (prescrição da pretensão executória).
E se aplica, inclusive, à lei especial que não discipline de forma diversa.
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Dessa forma, a título de ilustração, a regra do art. 114 vale para o art. 30 da Lei 11343/2006
(2 anos de pena, prescrição em 4 anos, se o agente tinha menos de 21 na data do fato ou mais
de 70 anos na data da sentença, prescrição em 2 anos).
Quanto aos 70 anos na data da sentença, o entendimento atual da jurisprudência é de que
se trata da primeira decisão condenatória. Desse modo, por exemplo, se o condenado possui
69 anos e 11 meses de idade na data da sentença, apela da decisão e, quando do acórdão pelo
Tribunal, já possui 70 anos, o seu prazo prescricional não será reduzido pela metade, uma vez
que possuía menos de 70 anos na data da sentença.
STJ
[...] 2. Por expressa previsão do art. 115 do CP, são reduzidos pela metade os prazos de
prescrição quando o criminoso era, na data da sentença, maior de 70 anos. O acórdão
confirmatório da condenação não substitui o marco de redução do prazo prescricional.
Precedentes.
3. É inviável adotar, à míngua de previsão legal, a imutabilidade da condenação como
inédito parâmetro para a aplicação do art. 115 do CP. Em matéria de prescrição, é reco-
mendável a interpretação restritiva, principalmente se considerado que o objetivo da
norma é extinguir um direito devido à inércia de seu titular, e não há falar em desinte-
resse do Estado quando, no caso concreto, a impossibilidade de executar a pena substi-
tutiva decorre da exigência do trânsito em julgado para ambas as partes.
4. A idade limite foi completada pelo agravante depois da sentença e do acórdão profe-
rido em apelação, o que impossibilita a concessão da ordem.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no RHC 94.376/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 17/05/2018, DJe 01/06/2018).
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IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em
que o fato se tornou conhecido.
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em
legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já
houver sido proposta a ação penal.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do
art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se:
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I – em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II – em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III – em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V – em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Lei n. 9.268, de 1º.4.1996)
I – em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; (Incluído pela Lei n. 9.268,
de 1º.4.1996)
II – no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for
alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
A prescrição das penas restritivas de direito é regulada pelo parágrafo único do art. 109:
“Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para
as privativas de liberdade”.
Reincidência e Prescrição
No concurso e crimes, a prescrição é contada com base na pena de cada crime tomada
de maneira isolada. Desse modo, no concurso de crimes, é contada de forma individualizada
na pena atribuída a cada delito e não do montante da soma ou da exasperação, nos termos do
art. 119 do CP.
Exemplo: em um concurso formal próprio, o juiz fixou a pena do sujeito em 4 anos e aumen-
tou até a metade, resultando um total de 6 anos (art. 70 do CP). Nesse caso, a prescrição não
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ocorrerá em 12 anos, mas sim em 8 (art. 119). Isso porque a pena a ser lançada no art. 109 é
a de 4 anos e não a de 12 anos.
Já decidiu o STJ:
[...] 2 O aumento de pena decorrente da continuidade delitiva não é considerado para fins
do cálculo da prescrição da pretensão punitiva. Incidência da Súmula 497/STF.
3. Na hipótese dos autos, a pretensão punitiva pelo crime de furto, cuja pena-base restou
definida em 2 anos e 6 meses, prescreve em 8 anos (art. 109, IV, do CP).
4. A utilização do habeas corpus como substitutivo de revisão criminal se opera em cará-
ter excepcional quando o apontado constrangimento ilegal se mostra flagrante, dispen-
sando, inclusive, o revolvimento de matéria fático-probatória, hipótese diversa do pre-
sente caso. Precedentes do STJ.
5. Ordem parcialmente conhecida e, nesta extensão, denegada.
(HC 57.926/SC, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em
19/08/2009, DJe 21/09/2009).
Cuidado com a súmula 497 do STF que diz: “Quando se tratar de crime continuado, a prescri-
ção regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação”.
Prescrição e Detração
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
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I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da exis-
tência do crime;
II – enquanto o agente cumpre pena no exterior
III – na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e
IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre
durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Os inciso II, III e IV foram inseridos pela Lei 13964/2019 – Pacote Anticrime.
Há muitas outras causas suspensivas previstas na Legislação Penal Especial. Exemplos: arts.
366 e 368 do CPP; § 5º do art. 53 da CF; art. 87 da Lei 12.529/2012; art. 83 § § 2º e 3º da Lei
9.430/1996; § 3º do art. 4º da Lei 12850/2013; 1º do art. 9º da Lei 10.684/2003.
O art. 117 trata das causas interruptivas da prescrição, ou seja, quando uma dessas cau-
sas incide, o prazo prescricional zera e recomeça a correr imediatamente, salvo na hipótese do
incido V. Os incisos de I a IV cuidam de causas interruptivas da PPP (prescrição da pretensão
punitiva), enquanto os incisos V e VI apontam causas interruptivas da PPE (prescrição da pre-
tensão executória).
a pronúncia constitui causa interruptiva da prescrição ainda que o Tribunal do Júri venha a des-
classificar o crime para outro que não seja de sua competência (súmula 191 do STJ).
O STF pacificou o entendimento de que o incido IV do art. 117 deve ser interpretado no
sentido de que o acórdão que confirme a sentença condenatória seja considerado como cau-
sa interruptiva da prescrição, aumentando, mantendo ou diminuindo a pena.
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Cuidado com a parte final do art. 117, seus parágrafos e o art. 118, os quais costumam ser
cobrado em provas objetivas.
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Concurso de Crimes, Punibilidade e Causas Extintivas da Punibilidade
Dermeval Farias
§ 1º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos
relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo pro-
cesso, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a
correr, novamente, do dia da interrupção.
Art. 118. As penas mais leves prescrevem com as mais graves.
Fazer a leitura das Súmulas: STF= 497, 592, 146; STJ= 191, 220, 74, 338.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (PROMOTOR DE JUSTIÇA/MP-SP/2019) Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Conforme entendimento sumulado, a lei penal mais grave é aplicada ao crime continua-
do ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
b) Consoante o Código Penal, a prescrição da pretensão punitiva pela pena in abstrato é regu-
lada pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se nos prazos
previstos no artigo 109, podendo ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa,
independentemente do que dispõe o § 1º do artigo 110, com a redação trazida pela Lei n.
12.234/2010.
c) Tendo em vista que o artigo 117 do Código Penal, nos incisos I, II, III, IV, V e VI, elenca as cau-
sas interruptivas da prescrição, nesses casos, interrompida a prescrição, todo o prazo começa
a correr, novamente, do dia da interrupção.
d) Os princípios que resolvem o conflito aparente de normas são: especialidade, subsidiarieda-
de, consunção e alternatividade.
e) Na denominada cooperação dolosamente distinta, se algum dos concorrentes quis partici-
par de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até a
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
No caso do inciso V do art. 117, quando ocorre a causa interruptiva da prescrição, o prazo não
começa a correr novamente, porque o agente estará preso, conforme se depreende da redação
do §2º do art. 117: “Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo
o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção”. A letra A está correta conforme
se constata da leitura da súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime con-
tinuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência”. A letra B também está correta, uma vez que o texto do § 1º do artigo 110
só se aplica à prescrição ancorada na pena em concreto (aplicada na sentença ou acórdão),
não se aplica à contagem de prescrição alicerçada na pena em abstrato (prevista no preceito
secundário dos tipos penais). A letra D está correta porque apresenta com exatidão os quatro
princípios que solucionam o conflito aparente de normas. Por fim, a letra E está corretíssima,
trata do texto exato do §2º do art. 29 do CP (cooperação dolosamente distinta ou participação
em crime menos grave ou desvio subjetivo de conduta. Sobre o tema, vide PDF de concurso de
agentes sobre o tema).
Letra c.
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realizada não pode ser praticada na forma de “dolo específico”, sendo, portanto, admissível
somente o “dolo genérico”.
A questão aborda a primeira parte do caput do art. 70 do CP, que cuida do concurso formal
próprio ou perfeito de crimes, no qual o agente mediante uma única ação pratica dois ou mais
crime. Não se fala nesta hipótese em desígnios autônomos, expressão exclusiva da segun-
da caput do art. 70, que cuida do concurso formal impróprio. Na primeira parte, no concurso
formal próprio, o agente responderá perla pena do crime mais grave, se forem diferentes, au-
mentada de 1/6 a metade, de acordo com o número de crimes cometidos. Não há vedação
à incidência do concurso formal próprio em crimes que possuem “dolo específico”, exemplo
do furto (que além do dolo de subtrair, possui uma ementar subjetiva especial– chamada de
dolo específico na época da teoria causal neoclássica– ou seja, para si ou para outrem). Se
um agente ingressa em uma sala de aula, no momento do intervalo, e subtrai a mochilas dos
alunos que estavam nas cadeiras, pratica vários furtos na forma do concurso formal próprio,
segundo a orientação atual do STJ, vista no texto acima.
Errado.
O texto do art. 119 do Código Penal informa que, no concurso de crimes, a prescrição deve
ser contada com base na pena de cada crime. Não são considerados o patamar final após a
exasperação (concurso formal próprio; crime continuado) ou após a soma concurso material;
concurso formal impróprio). Desse modo, se João foi condenado a uma pena de 6 anos, exas-
perada de 1/2 em razão do concurso formal de crimes (art. 70, caput, 1ª parte), perfazendo o
total de 9 anos, a prescrição será contada com base na pena de 6 anos, ou seja: ocorrerá em
12 anos, na forma do art. 109 do CP. O item da questão menciona crime continuado e concurso
formal, mas não exclui o concurso material. A técnica de redação não torna o item errado.
Certo.
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O texto do trata do art. 120 do CP, que possui a seguinte redação: “ No caso de concurso de
crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”.
Errado.
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A questão, no caso narrado, informa que o agente foi condenado a uma pena de 1 ano de reclu-
são. Partindo dessa premissa, na forma delineada no art. 109, inciso V, do CP brasileiro, a pres-
crição ocorreria em quatro anos. É certo que essa prescrição, com base na pena em concreto,
não pode ser contada do fato até o recebimento da denúncia (§ 1º do art. 110). No caso que se
cuida, os períodos de contagem da prescrição são os seguintes: do recebimento da denúncia
até a sentença (26/05/2014 e 26/05/2016= 2 anos) e da sentença até o acórdão (26/05/2016
a 26/05/2019= 3 anos). Portanto, não ocorreu prescrição retroativa e nem ocorreu prescrição
intercorrente.
Letra c.
A resposta correta se encontra na letra seca da lei, nos termos do art. 109, inciso III, do CP: “A
prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110
deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verifi-
cando-se: [...] III – em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede
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a oito”. As demais letras da questão possuem solução nos seguintes dispositivos: art. 108 no
caso da letra A; art. 111, inciso III, no caso da letra C; art. 117 VI, no caso da letra D. ressalta-se
que a reincidência só interfere na prescrição da pretensão executória (aumenta em 1/3 o seu
prazo nos termos do art. 110; interrompe o seu prazo, conforme previsão do inciso VI do art.
117). A reincidência não atinge o prazo da prescrição da pretensão punitiva, conforme súmula
220 do STJ: “A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”.
Letra b.
A resposta correta está em sintonia com a jurisprudência do STJ. Isto é: roubos cometidos
contra várias vítimas no mesmo contexto fático caracterizam concurso formal próprio. Decor-
rido o intervalo de 3 meses (superior aos 30 dias da continuidade delitiva), o agente praticou
nova conduta. Desse modo, na primeira sequência de roubos, há um concurso formal próprio.
A pena desse concurso formal será somada (concurso material) com a pena do segundo fato.
Letra a.
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A resposta se encontra no parágrafo único do art. 116: “depois de passada em julgado a sen-
tença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso
por outro motivo”.
Letra c.
010. (JUIZ-BA/CESPE/2019) Com relação a aspectos diversos pertinentes aos prazos pres-
cricionais previstos no CP, assinale a opção correta.
a) Tais prazos serão reduzidos pela metade nas situações em que, ao tempo do crime, o agen-
te fosse menor de vinte e um anos de idade ou, na data do trânsito em julgado da sentença
condenatória, fosse maior de setenta anos de idade.
b) Em se tratando de criminoso reincidente, são aumentados em um terço os prazos da pres-
crição da pretensão punitiva.
c) A prescrição é regulada pela pena total imposta nos casos de crimes continuados, sendo
computado o acréscimo decorrente da continuação.
d) A prescrição da pena de multa ocorrerá em dois anos, quando for a única pena cominada,
ou no mesmo prazo de prescrição da pena privativa de liberdade, se tiver sido cominada alter-
nativamente.
e) Na hipótese de evasão do condenado, a prescrição da pretensão executória é regulada pelo
total da pena privativa de liberdade imposta.
A resposta se encontra no inciso II do art. 114 do CP: “Antes de passar em julgado a sentença
final, a prescrição não corre [...] no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privati-
va de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativa-
mente aplicada”. O erro da letra A está contido na expressão “trânsito em julgado da sentença
condenatória”, em razão da desnecessidade de trânsito em julgado para incidência da regra do
art. 115 do CP. O erro da letra B está contido na expressão “prescrição da pretensão punitiva”,
uma vez que a reincidência não atinge tal modalidade de prescrição (súmula 220 do STJ). A
letra C contraria a redação do art. 119 do CP: “No caso de concurso de crimes, a extinção da
punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”. A letra E contraria a redação do
art. 113 do CP: “No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional,
a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena”.
Letra d.
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b) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou grave ameaça, desde que a pena
privativa de liberdade aplicada não seja superior a dois anos.
c) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de multa, casos em que se suspenderá,
também, a execução dessas penas.
d) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da superveniência de sentença condenató-
ria irrecorrível por crime doloso, culposo ou contravenção contra o beneficiário.
e) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao beneficiário, seja proferida sen-
tença para declarar a extinção da punibilidade do agente.
A letra B traz a redação do § 2º do art. 117 do CP: “Interrompida a prescrição, salvo a hipótese
do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção”. O
inciso V cuida, justamente, da narrativa contida na letra B. Dito de outro modo, se uma pessoa
condenada e se encontra foragida, no momento em que é presa (capturada), interrompe a
prescrição, mas não começa a correr o prazo, uma vez que o condenando se encontra preso.
Nos demais casos de interrupção previstos no art. 117, com a causa interruptiva, o novo prazo
se inicia imediatamente.
Letra b.
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A letra C está correta, em sintonia com o art. 115 do CP. Não se pode esquecer de que o art.
12 do CP determina a aplicação das regras da Parte Geral do CP à legislação especial, quando
essa não dispuser de forma contrária. Já decidiu o STJ:
STJ [...] “2. A duração máxima da pena imposta ao crime de porte de drogas para con-
sumo pessoal (art. 28 da Lei n. 11.343/06) é de cinco meses, conduzindo ao prazo pres-
cricional de dois anos, reduzido, diante da menoridade, a um ano. Tendo o fato ocorrido
em 14.11.2007, e, não havendo sequer o recebimento da representação, tem-se por
consumada a prescrição da ação socioeducativa.
3. Ordem concedida, acolhido o parecer, para decretar a prescrição da ação socioeduca-
tiva n. 015.07.11817-0, da Primeira Vara Especial da Infância e da Juventude da comarca
da Capital de São Paulo.
(HC 153.080/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, jul-
gado em 31/05/2011, DJe 08/06/2011)”.
Letra c.
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A letra C está correta, em sintonia com o art. 115 do CP. Não se pode esquecer de que o art.
12 do CP determina a aplicação das regras da Parte Geral do CP à legislação especial, quando
essa não dispuser de forma contrária.
Letra c.
Todas as assertivas estão incorretas. No item I, quando trata do concurso formal imperfeito,
a assertiva informa que os desígnios não são autônomos. Mas o art. 70 informa que os de-
sígnios são autônomos no concurso formal impróprio ou imperfeito. O erro do item II está na
comparação entre progressão criminosa e crime progressivo, que são institutos diferentes: na
progressão criminosa, o agente substitui o desígnio no mesmo contexto fático, enquanto no
crime progressivo, o agente permanece com o mesmo desígnio no mesmo contexto fático. O
item III está errado, uma vez que o STJ tem decidido da seguinte forma:
Letra b.
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A letra A está correta. O tema corresponde a texto expresso do parágrafo único do art. 70 do
CP, que narra o seguinte sobre a pena do concurso formal: “não poderá a pena exceder a que
seria cabível pela regra do art. 69 deste Código”.
Letra a.
017. (JUIZ-DF/2006) Qual critério se deve adotar para o acréscimo de pena de um sexto a dois
terços pela continuidade delitiva?
a) A gravidade dos crimes;
b) As circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal;
c) A livre apreciação do magistrado;
d) O número de crimes.
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Letra d.
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obstada na via estreita do habeas corpus. Confira-se: AgRg no REsp n. 1802523/GO, Sexta
Turma, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe de 05/06/2020; HC n. 526.508/SP, Quinta
Turma, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), DJe
22/11/2019; RHC n. 79.294/MS, Quinta Turma, de minha relatoria, DJe de 27/04/2018; e
HC n. 384.736/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe de 12/12/2017.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 602.525/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
06/10/2020, DJe 15/10/2020).
Ressalta-se que os crimes da mesma espécie, para o STJ, na maioria dos julgados, são aqueles
previstos no mesmo tipo penal.
Letra c.
019. (INÉDITA/2020). Com relação ao concurso de crimes e à prescrição, é incorreto dizer que:
a) o concurso material homogêneo se caracteriza pela prática de crimes iguais;
b) o concurso formal homogêneo se caracteriza pela prática de crimes iguais;
c) o concurso formal impróprio admite na caracterização dos desígnios autônomos a presença
de dolo direto e de dolo eventual;
d) não se admite continuidade delitiva em crimes com violência ou grave ameaça à pessoa;
e) admite-se continuidade delitiva na condenação por crimes de homicídio.
A letra D é a única incorreta, uma vez que é possível a continuidade delitiva em crimes come-
tidos com violência ou grave ameaça à pessoa. Quando os crimes forem cometidos contra a
mesma vítima, a solução da continuidade delitiva seguira o modelo previsto no caput do art.
71 do CP. No entanto, quando os crimes forem cometidos contra vítimas diferentes–com vio-
lência ou grave ameaça à pessoa– a solução da continuidade seguirá a orientação do texto
insculpido no parágrafo único do art. 71 do CP.
Letra d.
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No concurso material homogêneo, os crimes são iguais, previstos no mesmo tipo penal, en-
quanto no concurso material heterogêneo, os crimes estão previstos em tipos diferentes. A
ideia majoritária de crimes da mesma espécie indica que são os que estão previstos no mesmo
tipo penal. O tema foi discutido no capítulo do PDF quando se tratou do concurso de crimes.
Letra a.
A O sistema do cúmulo jurídico leva em conta uma exasperação, limitada a um patamar máxi-
mo, conforme a gravidade dos delitos. Um exemplo foi dado no texto acima do PDF, constante
no CP espanhol, quando se tratou do concurso de crimes, sistemas de aplicação de pena.
Letra d.
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A letra A cuida do concurso formal próprio ou perfeito, ou seja, quando o agente, sem desígnios
autônomos, mediante uma única ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. O sentido da
expressão desígnios autônomos foi devidamente explicada no PDF acima quando se tratou do
concurso de crimes.
Letra a.
023. (INÉDITA/2020) Em relação às mudanças provocadas no Código Penal brasileiro pela Lei
13.964/2019, marque a assertiva correta:
a) o tempo máximo de cumprimento de pena é de 45 anos no Código Penal;
b) o estelionato constitui um crime de ação penal pública incondicionada;
c) no crime de roubo, não haverá causa de aumento de pena se a violência ou grave ameaça
consistir no emprego de arma branca;
d) a prescrição não correrá enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não perse-
cução penal;
e) para a obtenção do livramento condicional, diferente da progressão de regime, não há ne-
cessidade de comprovar o bom comportamento durante a execução da pena.
Alteração recente do Código Penal inserida pela lei anticrime 13.964/2019. Redação atual do
artigo 116 do Código Penal:
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (Redação dada pela
Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da exis-
tência do crime; (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984)
II – enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre
durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei n. 7.209,
de 11.7.1984)
Letra d.
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A letra C é a correta, nos termos do parágrafo único do art. 116 do CP brasileiro: “Parágrafo
único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante
o tempo em que o condenado está preso por outro motivo”. O texto trata, portanto, da PPE
(prescrição da pretensão executória). É certo que a PPP (prescrição da pretensão punitiva)
não é impedida na sua contagem como fato de o agente se encontrar em prisão provisória. As
demais letras da questão possuem explicação no parágrafo único do art. 109: “Aplicam-se às
penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade”; no art.
114: “A prescrição da pena de multa ocorrerá: I – em 2 (dois) anos, quando a multa for a única
cominada ou aplicada; II – no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada”; no art. 119: “No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá so-
bre a pena de cada um, isoladamente”; e no art. 108, última parte: “A extinção da punibilidade
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026. (JUIZ-PR/2019) De acordo com o STJ, a prática de falta grave pelo condenado durante o
cumprimento da pena:
a) não interrompe a contagem do prazo para obtenção de livramento condicional.
b) não interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena.
c) interrompe a contagem do prazo para obtenção de comutação de pena.
d) interrompe a contagem do prazo para obtenção de indulto e saída temporária.
A letra A possui a redação da súmula 441 do STJ. As demais letras são solucionadas pelas
súmulas 535 e 534 do mesmo Tribunal: “535. A prática de falta grave não interrompe o prazo
para fim de comutação de pena ou indulto; 534. A prática de falta grave interrompe a contagem
do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração; e 441. A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de
livramento condicional”.
Letra a.
027. (INÉDITA/2020) 2020. Quanto aos crimes contra a humanidade, assinale a alternati-
va correta.
a) Segundo o entendimento atual do STJ, os crimes contra a humanidade são imprescritíveis
no ordenamento jurídico brasileiro.
b) Segundo o entendimento atual do STJ, os crimes contra a humanidade são prescritíveis no
ordenamento jurídico brasileiro.
c) Segundo o entendimento atual do STJ, os crimes de tortura e de genocídio, classificados
como crimes contra a humanidade, são imprescritíveis no ordenamento jurídico brasileiro.
d) Segundo o entendimento atual do STJ, os crimes contra a humanidade prescrevem
em 30 anos.
e) Segundo o entendimento atual do STJ, os crimes contra a humanidade prescrevem
em 40 anos.
Para o STJ, a imprescritibilidade dos crimes de lesa-humanidade depende de lei aprovada pelo
Congresso Nacional, até agora, inexistente no ordenamento jurídico brasileiro. CRIME CON-
TRA A HUMANIDADE, LEGALIDADE, PRESCRIÇÃO STJ – INFO 659. REsp 1.798.903-RJ, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, por maioria, julgado em 25/09/2019, DJe
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30/10/2019. TEMA: Crime contra a humanidade. Art. 7º do Estatuto de Roma. Tratado interna-
cional internalizado pelo Decreto n. 4.388/2002. Ausência de lei em sentido formal. Princípio
da Legalidade. Art. 5º, XXXIX, da CF. Ofensa. É necessária a edição de lei em sentido formal
para a tipificação do crime contra a humanidade trazida pelo Estatuto de Roma, mesmo se
cuidando de Tratado internalizado.
Letra b.
A resposta correta está contida na letra E, a qual traz o conceito de prescrição retroativa. Me-
rece ser destacado o § 1º do art. 110 do CP, aletrado pela Lei 12234: “A prescrição, depois da
sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu
recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial
data anterior à da denúncia ou queixa”.
Letra e.
O concurso material benéfico está previsto no parágrafo único do art. 70, remetido ainda no
parágrafo único do art. 71, ambos do CP brasileiro. Ele funciona toda vez que a exasperação
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Conquanto o texto do item correto não esteja em perfeição, a alternativa certa é a letra E. A
reincidência constitui uma causa interruptiva da prescrição da pretensão executória, insculpi-
da no art. 117 VI do CP. A reincidência só interfere na PPE, não interfere na PPP, nos termos da
súmula 220 do STJ.
Letra e.
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Como já fora comentado no texto acima do capítulo sobre concurso de crimes, a jurisprudên-
cia do STJ e do STF trabalham com a unidade de desígnios no crime continuado que deve ser
somada com os requisitos subjetivos. Ou seja, trabalham como a teoria objetivo-subjetiva ou
mista. No campo doutrinário, há debate sobre o assunto. Uma corrente entende que a exposi-
ção de motivos do código (natureza doutrinária) teria se vinculado à teoria objetiva, de modo
a exigir somente requisitos objetivos. Outra corrente doutrinária segue a jurisprudência. Sobre
o tema, veja o desenvolvimento do item sobre crime continuado no texto acima do PDF sobre
concurso de crimes.
Errado.
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causou o óbito de ambos em poucos minutos. Nessa situação, Elton responderá por homicídio
doloso em concurso formal imperfeito.
A hipótese narrada cuida de uma única ação com desígnios autônomos, ou seja, o agente
atuou com dolo + dolo em uma única ação, produzindo dois resultados. Portanto, a solução
aplicável é do concurso formal impróprio ou imperfeito, descrito na segunda parte do art. 70,
caput, do CP.
Certo.
A súmula vinculante 26 do STF não cuida do livramento condicional, mas sim da progressão de
regime de cumprimento de pena em crime hediondo ou equiparado. Ela é fruto do julgamento
do HC 82959/SP, que julgou inconstitucional o regime integralmente fechado previsto para os
crimes hediondos e equiparados. Segue o texto da referida súmula:
Errado
O item está errado porque usou a expressão sempre. Dentre as causas interruptivas da
prescrição do art. 117, uma delas, a prevista no inciso V (pelo início ou continuação do
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cumprimento da pena) não terá reinício da contagem do prazo, uma vez que o condenado
estará preso, conforme redação do § 2º do art. 117 do CP (interrompida a prescrição, salvo
a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da
interrupção).
Errado.
O item está errado porque o art. 92 do CP, em seu parágrafo único, informa que o tal efeito
(perda do cargo) não é automático, mas depende de fundamentação:
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O item está errado porque a interrupção, no exemplo dado, ocorre “nas mãos do escrivão”,
quando ele atesta o recebimento no termo, antes da publicação no diário oficial. Ressalta-se
que, caso a sentença fosse proferida em audiência, na presença das partes, nesse momento
ocorreria a interrupção da prescrição. O termo do escrivão só é necessário nos casos nos
quais o juiz profere a sentença no gabinete ou na sua casa, por exemplo.
Errado.
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corporais de natureza leve. Nessa situação hipotética, caso essa mulher seja condenada pela
referida agressão após o devido processo legal, não caberá, como efeito da condenação, a
decretação de sua incapacidade para o exercício do poder familiar, nos termos do CP.
O caso narrado na questão é solucionado pelo art. 92, inciso II, que exige condenação à pena
de reclusão para a decretação, na sentença condenatória, da incapacidade para o exercício do
poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos cometidos contra outrem igualmen-
te titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado
ou curatelado. A lesão leve, nos termos do art. 129 caput do CP, é punida com detenção.
Certo.
Item correto, conforme redação do art.119 do CP: “No caso de concurso de crimes, a extinção
da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente”.
Certo.
“[...] 2. Os efeitos específicos da condenação não são automáticos, mesmo que presen-
tes, em princípio, os requisitos do art. 92, I, do Código Penal, deve a sentença declarar,
motivadamente, os fundamentos da perda do cargo, função pública ou mandato eletivo.
3. Ausente a fundamentação requerida pelo parágrafo único do art. 92 do Código Penal
e pelo art. 93, IX, da Constituição, é nulo, nesse ponto, o dispositivo da sentença con-
denatória.
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Errado.
A pronúncia interrompe a contagem do prazo prescricional ainda que o Tribunal do júri des-
classifique o crime para outro não abrigado por sua competência. Essa afirmação constitui en-
tendimento constante da súmula 191 do STJ: “A pronúncia e causa interruptiva da prescrição,
ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime”.
Certo.
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Trata-se de concurso material quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, incidindo, assim, a exasperação da pena
No concurso material de crimes, as penas são somadas, não são exasperadas, conforme re-
dação do art. 69 do CP: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela”.
Errado.
No concurso material de crimes, as penas são somadas, não são exasperadas, conforme re-
dação do art. 69 do CP: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela”.
Errado.
A lesão leve é absorvida pelo crime de estupro. Se tivesse ocorrido lesão grave, o agente res-
ponderia pelo estupro qualificado pela lesão grave. Não há se falar, nesse, em se tratando do
mesmo contexto fático, em concurso de crimes.
Errado.
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GABARITO
1. c 37. E
2. E 38. E
3. C 39. E
4. E 40. E
5. b 41. E
6. c 42. E
7. b 43. C
8. a 44. C
9. c 45. E
10. d 46. C
11. b 47. E
12. b 48. E
13. c 49. E
14. c
15. b
16. a
17. d
18. c
19. d
20. a
21. d
22. a
23. d
24. c
25. c
26. a
27. b
28. e
29. a
30. a
31. C
32. e
33. a
34. E
35. E
36. C
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Concurso de Crimes, Punibilidade e Causas Extintivas da Punibilidade
Dermeval Farias
REFERÊNCIAS
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Dermeval Farias
Dermeval Farias
Professor Dermeval Farias Gomes Filho. Promotor de Justiça do Júri/Criminal no Distrito Federal (MPDFT).
Doutorando em Direito Penal pela PUC-SP. Mestre em Direito Penal pelo UNICEUB. Pós-graduado em
processo civil pela Universidade Federal de Santa Catarina. Ex Conselheiro Nacional do Ministério Público
(biênio 2017/2019). Professor de Direito Penal em diversos cursos de preparação para concursos da
Magistratura e do Ministério Público e pós-graduações desde o ano de 2006. Palestrante em Simpósios
e Congressos. Leciona em cursos de capacitação de direito penal do STF, STJ, TJDFT e MPDFT. Integra
o grupo de pesquisa em política criminal do UNICEUB/UNB. Autor de artigos e livros, com destaque para:
Dogmática Penal: Fundamento e limite à construção da jurisprudência penal no Supremo tribunal Federal.
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