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DIEIMES MICHEL ARGENTA DALLEPIANE

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E O DEVIDO


PROCESSO PENAL: A INTERPRETAÇÃO DA NORMA
PROCESSUAL-JURÍDICA

SINOP
2023
DIEIMES MICHEL ARGENTA DALLEPIANE

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E O DEVIDO


PROCESSO PENAL: A INTERPRETAÇÃO DA NORMA
PROCESSUAL-JURÍDICA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS,
GERENCIAIS E EDUCAÇÃO DE SINOP, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Direito

Orientador (a): Daiana Ferreira de Almada


DIEIMES MICHEL ARGENTA DALLEPIANE

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E O DEVIDO PROCESSO


PENAL: A INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL-JURÍDICA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS,
GERENCIAIS E EDUCAÇÃO DE SINOP, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Direito.

SINOP
2023
BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Sinop,___ de ______________ de 2023


Dallepiane, Dieimes Michel A. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E O DEVIDO
PROCESSO PENAL: A INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL-JURÍDICA
2023. Laudas 36. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – FACULDADE DE
CIÊNCIAS JURÍDICAS, GERENCIAIS E EDUCAÇÃO DE SINOP, Sinop, 2023.

RESUMO

O duplo grau de jurisdição e o devido processo legal são conceitos


fundamentais no âmbito da interpretação da norma processual penal. O duplo grau de
jurisdição refere-se à garantia de que uma decisão judicial pode ser revisada por uma
instância superior, assegurando que nenhum indivíduo seja privado de seus direitos
sem a oportunidade de uma revisão imparcial. O devido processo legal é um princípio
fundamental que garante que todos os procedimentos judiciais ocorram de acordo
com as leis e normas estabelecidas, assegurando a justiça e a equidade. Isso implica
que as partes envolvidas em um processo criminal têm o direito de serem ouvidas, de
apresentarem provas e de contar com um julgamento justo e imparcial. Na
interpretação da norma processual penal, o duplo grau de jurisdição e o devido
processo legal desempenham um papel crítico. Eles garantem que os acusados
tenham a oportunidade de recorrer de uma decisão, caso acreditem que seus direitos
foram violados, e que o processo penal seja conduzido de forma justa, respeitando os
princípios de presunção de inocência, contraditório e ampla defesa. Esses princípios
são essenciais para a proteção dos direitos individuais e a promoção da justiça no
sistema penal, assegurando que as pessoas sejam tratadas de maneira justa e que
as decisões judiciais sejam sujeitas a um escrutínio adequado, contribuindo para um
sistema jurídico mais transparente e confiável.

Palavras-chaves: Processo Criminal, Decisões Judiciais, Sistema Jurídico.


Dallepiane, Dieimes Michel A. DOUBLE DEGREE OF JURISDICTION AND DUE
CRIMINAL PROCESS: THE INTERPRETATION OF THE LEGAL PROCEDURAL
STANDARD. 2023. Laudas 36. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito –
FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, GERENCIAIS E EDUCAÇÃO DE SINOP,
Sinop, 2023.

ABSTRACT

The double degree of jurisdiction and due process are fundamental concepts in the
interpretation of criminal procedural rules. Dual degree of jurisdiction refers to the
guarantee that a court decision can be reviewed by a higher court, ensuring that no
individual is deprived of their rights without the opportunity for an impartial review. that
all judicial procedures take place in accordance with the laws and conditional norms,
guaranteeing justice and equity. This implies that the parties involved in a criminal case
have the right to life, to present evidence and to a fair and impartial trial. In the
interpretation of the criminal procedural norm, the dual degree of jurisdiction and due
process play a critical role. They ensure that the accused have the opportunity to
request a decision if their rights have been violated, and that the criminal process is
chronologically fair, respecting the principles of presumption of innocence,
contradictory and full defense. These principles are essential for the protecting
individual rights and promoting justice in the criminal system, ensuring that people are
treated fairly and that judicial decisions are subject to adequate scrutiny, contributing
to a more transparent and trustworthy legal system.

Keywords: Criminal Process, Judicial Decisions, Legal System.


CADH Conversão Americana sobre Direitos Humanos
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
STF Supremo Tribunal Federal
DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos
13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................14
2. DEVIDO PROCESSO LEGAL .....................................................................21
2.2 NORMA PROCESSUAL PENAL.................................................................................................. 23

3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ...............24


3.1 ORIGENS DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO ....................................................................... 25
3.2 DESENVOLVIMENTO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO NO SISTEMA JURÍDICO
BRASILEIRO ........................................................................................................................................................ 27
3.3 A IMPORTÂNCIA DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO NA GARANTIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................................ 29

4. O DEVIDO PROCESSO LEGAL NA INTERPRETAÇÃO DA NORMA


PROCESSUAL PENAL ..............................................................................................30
4.1 A RELAÇÃO ENTRE O DEVIDO PROCESSO LEGAL E A INTERPRETAÇÃO DA NORMA
PROCESSUAL PENAL ...................................................................................................................................... 32
4.2 A IMPORTÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS DO
ACUSADO ............................................................................................................................................................ 33

5. A RELAÇÃO ENTRE O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E O DEVIDO


PROCESSO LEGAL ...................................................................................................35
6. CONCLUSÃO...............................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................38
14

1. INTRODUÇÃO

A evolução histórica do duplo grau de jurisdição no Brasil remonta ao período


colonial, quando o sistema jurídico adotava o modelo português. Com o passar dos
anos, houve uma gradual transformação desse instituto, acompanhando as mudanças
políticas e sociais do país. Atualmente, o duplo grau de jurisdição é consagrado na
Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelo Código de Processo Penal
(SALDANHA, 2018).
A interpretação da norma processual penal relacionada ao duplo grau de
jurisdição tem gerado diversas controvérsias e debates no âmbito jurídico. Dentre as
principais questões discutidas estão a possibilidade de reexame fático-probatório em
segunda instância e os limites da atuação dos tribunais superiores nesse contexto.
Tais debates refletem a busca por um equilíbrio entre a celeridade processual e a
garantia dos direitos fundamentais dos acusados (OLIVEIRA, 2017).
As diferentes abordagens doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema
revelam divergências e convergências entre os estudiosos do direito. Enquanto alguns
defendem a ampliação do duplo grau de jurisdição como forma de garantir a justiça e
evitar erros judiciais, outros argumentam que isso poderia gerar uma excessiva
morosidade processual. A jurisprudência dos tribunais superiores também apresenta
divergências, o que demonstra a complexidade da matéria (FREIRE, 2017).
As garantias constitucionais exercem grande influência no entendimento do
duplo grau de jurisdição e sua relação com o devido processo legal. O princípio da
presunção de inocência, por exemplo, tem sido utilizado como fundamento para a
ampliação do duplo grau de jurisdição em casos criminais. Além disso, a Constituição
Federal estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
da sentença penal condenatória, reforçando a importância desse instituto (MOREIRA,
2018).
A interpretação da norma processual penal relacionada ao duplo grau de
jurisdição possui impactos práticos significativos tanto para os réus quanto para o
sistema judiciário como um todo. Para os acusados, a possibilidade de revisão das
decisões judiciais em segunda instância representa uma oportunidade de correção de
eventuais erros ou injustiças cometidas na primeira instância. Já para o sistema
judiciário, essa revisão implica em um aumento na carga de trabalho dos tribunais
15

superiores e pode gerar uma maior demora na resolução dos processos (BRIGE,
2016).
As perspectivas futuras em relação à interpretação da norma processual penal
relacionada ao duplo grau de jurisdição levam em consideração possíveis mudanças
legislativas e posicionamentos dos tribunais superiores. Diante do atual cenário de
discussões sobre a reforma do sistema de justiça criminal, é possível que ocorram
alterações na regulamentação do duplo grau de jurisdição, visando conciliar a
eficiência processual com a garantia dos direitos fundamentais. Além disso, os
posicionamentos dos tribunais superiores podem influenciar a interpretação e
aplicação desse instituto pelos demais órgãos judiciais (MORAIS, 2020).
O duplo grau de jurisdição é um importante garantia no sistema jurídico
brasileiro, estando intimamente relacionado ao princípio do devido processo legal.
Essa garantia assegura que toda decisão judicial seja passível de revisão por um
órgão hierarquicamente superior, permitindo uma análise mais aprofundada dos fatos
e provas apresentados. Dessa forma, o duplo grau de jurisdição contribui para a
efetivação do direito ao contraditório e à ampla defesa, fundamentais para a garantia
dos direitos fundamentais do acusado (COSTA, 2018).
As garantias constitucionais que fundamentam o duplo grau de jurisdição
estão previstas na Constituição Federal de 1988, especialmente no artigo 5º, incisos
LIV e LV. O direito ao contraditório e à ampla defesa são pilares do devido processo
legal e estão intrinsecamente ligados ao duplo grau de jurisdição. O contraditório
garante às partes o direito de se manifestarem sobre as questões discutidas no
processo, enquanto a ampla defesa assegura ao acusado o direito de apresentar suas
razões e provas em sua defesa (CARVALHO, 2019).
A interpretação da norma processual penal no contexto do duplo grau de
jurisdição exige uma análise mais aprofundada dos fatos e provas apresentados. Isso
significa que o órgão revisor deve realizar um exame minucioso das evidências
produzidas durante o processo, verificando se a decisão proferida pelo juiz singular
está em conformidade com os princípios constitucionais e legais aplicáveis. Essa
análise mais detalhada contribui para a garantia de um julgamento justo e imparcial
(FELIX, PEREIRA, 2020).
16

A ausência do duplo grau de jurisdição no sistema penal pode acarretar


graves violações dos direitos fundamentais do acusado. Sem a possibilidade de
revisão da decisão judicial por um órgão hierarquicamente superior, há o risco de erros
judiciais irreparáveis, podendo resultar na condenação injusta de pessoas inocentes.
Além disso, a ausência do duplo grau de jurisdição também pode comprometer a
confiança da sociedade no sistema de justiça criminal (CARVALHO, 2017).
Apesar da importância do duplo grau de jurisdição, existem críticas e
controvérsias em relação a essa garantia. Uma das principais críticas é a morosidade
processual decorrente da necessidade de análise dos recursos interpostos pelas
partes. Além disso, a sobrecarga dos tribunais superiores também é uma
preocupação, uma vez que esses órgãos já enfrentam um grande volume de
processos. Essas críticas levantam questionamentos sobre a efetividade do duplo
grau de jurisdição e sua compatibilidade com os princípios da celeridade e eficiência
processual (TALARICO, SAVÓIA, SANTOS, 2021).
Existem alternativas ao duplo grau de jurisdição, como a revisão criminal e os
recursos extraordinários. A revisão criminal é um instrumento jurídico que permite a
reanálise de uma decisão penal transitada em julgado quando surgem novas provas
ou circunstâncias que possam levar à modificação ou anulação da sentença
condenatória. Já os recursos extraordinários são mecanismos utilizados para
questionar a aplicação da legislação federal em casos específicos. No entanto, é
importante ressaltar que essas alternativas possuem limitações e diferenças em
relação ao sistema tradicional de duplo grau de jurisdição (FERRETTI, 2018).
As perspectivas futuras para o duplo grau de jurisdição no Brasil são
influenciadas pelas mudanças legislativas em curso e pelos debates acadêmicos
sobre o tema. Atualmente, há propostas de reforma do sistema recursal brasileiro,
visando a redução da quantidade de recursos e a maior celeridade processual. Essas
mudanças podem impactar o duplo grau de jurisdição, exigindo uma reflexão sobre
como conciliar a garantia do direito à revisão das decisões judiciais com a necessidade
de um processo penal mais eficiente. Os debates acadêmicos também contribuem
para a construção de novas perspectivas e soluções para os desafios enfrentados
pelo sistema jurídico brasileiro (FAGUNDES, 2016).
17

O duplo grau de jurisdição desempenha um papel essencial no sistema


jurídico brasileiro, estando intrinsecamente relacionado ao princípio do devido
processo legal. O referido princípio assegura que nenhuma pessoa possa ser privada
de seus direitos sem o devido processo legal, o que inclui a garantia de revisão das
decisões judiciais por um órgão superior. Nesse sentido, o duplo grau de jurisdição é
essencial para garantir a justiça e a imparcialidade nas decisões judiciais, permitindo
que os litigantes tenham suas causas analisadas por mais de uma instância
(OLIVEIRA, BRAZ, 2016).
As garantias constitucionais são fundamentais para embasar o duplo grau de
jurisdição no ordenamento jurídico brasileiro. Dentre essas garantias, destacam-se o
direito ao contraditório e à ampla defesa. O contraditório assegura às partes o direito
de se manifestarem sobre as provas e argumentos apresentados nos autos, bem
como a possibilidade de contestar as decisões judiciais. Já a ampla defesa garante às
partes o direito de apresentar todas as suas razões e argumentos em sua defesa, bem
como a oportunidade de produzir provas e questionar aquelas apresentadas pela
parte contrária (SIQUEIRA, 2020).
No entanto, existem divergências doutrinárias acerca da interpretação da
norma processual penal em relação ao duplo grau de jurisdição e ao devido processo
legal. Alguns doutrinadores defendem uma interpretação restritiva da norma
processual penal, entendendo que o duplo grau de jurisdição não é aplicável em todas
as situações, especialmente nos casos em que a decisão já tenha sido proferida por
um órgão colegiado. Por outro lado, há aqueles que defendem uma interpretação
ampliativa da norma processual penal, entendendo que o duplo grau de jurisdição
deve ser garantido em todas as fases do processo penal (MACHADO, 2019).
Os tribunais superiores têm adotado diferentes entendimentos em relação à
aplicação do duplo grau de jurisdição no âmbito penal. Alguns tribunais têm entendido
que o duplo grau de jurisdição é obrigatório em todas as situações, enquanto outros
têm adotado uma postura mais restritiva, entendendo que o duplo grau de jurisdição
não é aplicável em determinados casos. Essa divergência de entendimentos tem
gerado insegurança jurídica e dificultado a uniformização da jurisprudência sobre o
tema (VARELLA, ECHEVERRIA, 2018).
18

A falta de um efetivo duplo grau de jurisdição tem impactos significativos na


efetividade do sistema de justiça criminal. A ausência desse mecanismo pode resultar
em decisões injustas e arbitrárias, prejudicando a confiança dos cidadãos no sistema
judiciário. (CAVALCANTE SEGUNDO, 2021).
Diversas soluções têm sido propostas para garantir o duplo grau de jurisdição
no processo penal. Uma delas é a criação de câmaras especializadas nos tribunais
superiores, com competência exclusiva para analisar recursos interpostos em matéria
penal. Essa medida poderia agilizar o julgamento dos recursos e garantir uma análise
mais aprofundada das questões jurídicas envolvidas. Outra possível solução seria a
revisão das decisões pelos tribunais superiores, de forma a assegurar que todas as
decisões judiciais sejam submetidas a um órgão superior antes de se tornarem
definitivas (SALDANHA, 2018).
A importância do duplo grau de jurisdição no sistema jurídico brasileiro e sua
relação com o princípio do devido processo legal residem na necessidade de garantir
aos indivíduos o direito a um segundo julgamento, como forma de assegurar a
imparcialidade e evitar possíveis erros judiciais. A existência desse mecanismo é
essencial para a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos, uma vez que
permite a revisão das decisões proferidas em primeira instância, conferindo maior
segurança jurídica ao processo penal (SILVA, OLIVEIRA, 2016).
A interpretação do duplo grau de jurisdição é influenciada pelas normas
processuais penais vigentes. A análise dos dispositivos legais é essencial para uma
compreensão adequada do tema, pois são eles que estabelecem os limites e
condições para a interposição dos recursos cabíveis. Nesse sentido, é necessário
examinar as disposições legais pertinentes ao duplo grau de jurisdição no âmbito do
processo penal para identificar possíveis conflitos ou lacunas normativas (FELIX,
PEREIRA, 2020).
Diversas abordagens doutrinárias existem acerca do duplo grau de jurisdição,
cada uma com suas respectivas fundamentações teóricas. Entre as principais
correntes de pensamento estão aquelas que defendem a obrigatoriedade do segundo
julgamento como garantia constitucional, as que entendem que o duplo grau de
jurisdição é uma faculdade das partes e as que propõem a adoção de um sistema
19

misto, em que a revisão da decisão seja realizada apenas em casos excepcionais


(FREIRE, 2017).
A ausência ou limitação do duplo grau de jurisdição no sistema penal brasileiro
tem impactos práticos significativos. A falta desse mecanismo pode comprometer a
segurança jurídica, uma vez que decisões proferidas em primeira instância podem ser
definitivas, sem possibilidade de revisão. Os direitos fundamentais dos cidadãos
podem ser violados caso não haja a oportunidade de se submeter uma decisão ao
crivo de um segundo órgão julgador (FAGUNDES, 2016).
A importância desse instituto reside na garantia de que as decisões judiciais
sejam revisadas por um órgão superior, conferindo maior segurança jurídica e
evitando possíveis erros ou injustiças. O duplo grau de jurisdição assegura que
nenhuma decisão seja definitiva sem a possibilidade de recurso, permitindo assim a
ampla defesa e o contraditório (CARVALHO, 2019).
A interpretação da norma processual penal desempenha um papel crucial no
exercício do duplo grau de jurisdição. A forma como os dispositivos legais são
interpretados pelos magistrados pode influenciar diretamente a admissibilidade dos
recursos e, consequentemente, a efetividade do duplo grau de jurisdição. Uma
interpretação restritiva da norma processual penal pode limitar o acesso aos recursos,
prejudicando o exercício pleno do direito ao duplo grau de jurisdição (MACHADO,
2019).
No âmbito doutrinário, existem diferentes perspectivas em relação ao duplo
grau de jurisdição e o devido processo legal na interpretação da norma processual
penal. Alguns doutrinadores defendem uma visão mais ampla desses princípios,
entendendo que o duplo grau de jurisdição deve ser garantido em todas as fases do
processo penal. Outros sustentam uma visão mais restrita, argumentando que o
acesso aos recursos deve ser limitado para evitar a morosidade e a ineficiência do
sistema judicial (MOREIRA, 2018).
A possibilidade de revisão das decisões judiciais por um órgão superior
permite a correção de eventuais equívocos, garantindo a imparcialidade e a justiça no
processo penal. Além disso, o duplo grau de jurisdição fortalece o princípio da
segurança jurídica, uma vez que as partes têm a oportunidade de submeter suas
pretensões a um novo exame (SIQUEIRA, 2020).
20

A ausência do duplo grau de jurisdição pode acarretar diversos impactos no


sistema penal brasileiro, especialmente em casos que envolvem violações aos direitos
humanos. A falta de uma instância revisora pode resultar em decisões injustas ou
arbitrárias, prejudicando a efetividade dos direitos fundamentais dos indivíduos
envolvidos no processo penal. Além disso, a ausência do duplo grau de jurisdição
pode contribuir para a impunidade e enfraquecer a confiança na justiça (NUNES,
2022).
Apesar da importância do duplo grau de jurisdição, existem críticas que
questionam sua efetividade e eficiência. Algumas críticas apontam para o excesso de
recursos e a morosidade processual decorrentes da garantia do duplo grau de
jurisdição. No entanto, é possível conciliar essas críticas com a necessidade de
garantir o devido processo legal na interpretação da norma processual penal por meio
da adoção de medidas que busquem conciliar o acesso aos recursos com a celeridade
e eficiência do sistema judicial (OLIVEIRA, 2017).
Diversas soluções podem ser adotadas para conciliar o duplo grau de
jurisdição com a eficiência e celeridade do sistema judicial, sem comprometer o
respeito ao devido processo legal. Uma possível solução é a adoção de mecanismos
de controle prévio da admissibilidade dos recursos, evitando a interposição de
recursos meramente protelatórios. Além disso, investimentos em tecnologia e
capacitação dos profissionais do sistema judicial podem contribuir para agilizar os
trâmites processuais, garantindo um julgamento justo e célere (ACCURSO, 2022).
Trata-se de uma garantia constitucional que assegura a revisão da decisão
proferida em primeira instância por um órgão colegiado, conferindo maior segurança
jurídica e proteção aos direitos fundamentais das partes envolvidas no processo
penal. A existência do duplo grau de jurisdição é essencial para evitar possíveis erros
judiciários e garantir a ampla defesa e o contraditório, princípios basilares do Estado
Democrático de Direito (CHAVES, 2019).
No ordenamento jurídico brasileiro, o duplo grau de jurisdição encontra
respaldo em diversas garantias constitucionais. O direito à ampla defesa e ao
contraditório, previstos no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal, são
fundamentais para assegurar que as partes tenham a oportunidade de apresentar
suas razões e provas perante um órgão imparcial e independente.
21

A interpretação da norma processual penal deve ser realizada de forma a


garantir o exercício pleno do duplo grau de jurisdição, evitando interpretações
restritivas que possam prejudicar os direitos fundamentais do acusado. É necessário
adotar uma hermenêutica que privilegie a efetividade dos princípios constitucionais e
dos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil. A
jurisprudência e a doutrina têm um papel importante nesse sentido, pois contribuem
para a construção de uma interpretação mais ampla e garantista da norma processual
penal (COSTA, 2023)
No entanto, existem divergências doutrinárias e jurisprudenciais em relação
ao alcance do duplo grau de jurisdição no processo penal. Há diferentes
entendimentos sobre a admissibilidade de recursos em determinadas situações, como
nos casos de decisões interlocutórias ou naqueles em que o recurso é considerado
manifestamente inadmissível ou improcedente. Essas divergências refletem a
complexidade do tema e a necessidade de uma análise cuidadosa das
particularidades de cada caso (MORAIS, 2020).
A revisão criminal surge como uma possibilidade para garantir o duplo grau
de jurisdição em casos excepcionais, nos quais haja indícios de erro judiciário ou
violação dos direitos fundamentais do acusado. Trata-se de um instrumento jurídico
que permite a reanálise da decisão condenatória com base em novas provas ou fatos
supervenientes. A revisão criminal é uma forma de corrigir eventuais injustiças e
assegurar a efetividade do princípio do duplo grau de jurisdição (CARVALHO, 2017).

2. DEVIDO PROCESSO LEGAL

Trata-se de um princípio que impõe limites ao poder estatal, exigindo que o


Estado atue de acordo com as normas e procedimentos estabelecidos pela lei. O
devido processo legal é essencial para evitar abusos por parte das autoridades e para
garantir que todas as partes envolvidas em um processo tenham a oportunidade de
apresentar suas argumentações e provas de forma equitativa (SILVA, 2020).
No contexto do processo penal, é necessária a existência de um duplo grau
de jurisdição, ou seja, a possibilidade de revisão de uma decisão judicial por um órgão
superior. Isso se justifica pela necessidade de evitar erros e injustiças na aplicação da
22

lei penal. O duplo grau de jurisdição permite que uma decisão seja reexaminada por
outro juiz ou tribunal, possibilitando uma análise mais criteriosa dos fatos e do direito
aplicado ao caso (BRIGE, 2016).
A interpretação da norma processual penal no contexto do duplo grau de
jurisdição é uma tarefa complexa e crucial. É necessário realizar uma análise
minuciosa das regras e princípios que regem o processo penal, levando em
consideração os objetivos do sistema jurídico e os direitos fundamentais das partes
envolvidas. A interpretação deve ser pautada pela busca da justiça e da efetividade
do processo penal, evitando interpretações arbitrárias ou casuísticas (CAVALCANTE
SEGUNDO, 2021).
Diferentes países adotam modelos distintos de duplo grau de jurisdição no
processo penal. Alguns utilizam o sistema de apelação, no qual a decisão é revisada
por um tribunal superior, enquanto outros adotam o sistema de cassação, no qual a
revisão é feita por um órgão especializado. Cada modelo possui vantagens e
desvantagens, sendo importante considerar as peculiaridades do sistema jurídico e
as necessidades específicas de cada país (FELIX, PEREIRA, 2020).
A determinação dos critérios para submeter um caso ao duplo grau de
jurisdição também é uma questão relevante. Alguns critérios comumente utilizados
incluem a gravidade da pena imposta, a existência de questões constitucionais
relevantes ou a possibilidade de erro na aplicação da lei. É necessário estabelecer
critérios claros e objetivos para garantir que apenas os casos mais relevantes sejam
submetidos à revisão, evitando sobrecarregar o sistema judiciário com recursos
desnecessários (VARELLA, ECHEVERRIA, 2018).
O duplo grau de jurisdição pode ter impactos significativos no tempo e
na eficiência do processo penal. A revisão de uma decisão judicial pode levar tempo
e retardar o desfecho do caso, causando prejuízos às partes envolvidas. Para mitigar
esses impactos, é importante adotar medidas que agilizem o trâmite dos recursos sem
comprometer a qualidade das decisões judiciais, como a adoção de prazos mais
curtos para apresentação das razões recursais ou a utilização de tecnologias que
facilitem a tramitação eletrônica dos processos (NUNES, 2022).
Apesar dos benefícios do duplo grau de jurisdição, algumas críticas são
levantadas em relação à sua aplicação no processo penal. Argumenta-se que a
23

revisão de uma decisão pode gerar morosidade e impunidade, uma vez que o
processo se prolonga e a execução da pena pode ser adiada. É necessário ponderar
essas críticas e buscar um equilíbrio entre a garantia do duplo grau de jurisdição e a
efetividade do processo penal (MOREIRA, 2018).

2.2 NORMA PROCESSUAL PENAL

Essa garantia assegura que nenhuma decisão seja tomada de forma arbitrária
ou injusta, permitindo que o réu tenha a oportunidade de recorrer da sentença
proferida em primeira instância. Dessa forma, o duplo grau de jurisdição atua como
um mecanismo de controle e revisão das decisões judiciais, contribuindo para a
efetivação dos direitos fundamentais do acusado (BRIGE, 2016).
No entanto, existem diferentes interpretações da norma processual penal em
relação ao duplo grau de jurisdição. Enquanto algumas correntes defendem sua
obrigatoriedade, entendendo que todo réu tem direito a uma segunda análise imparcial
dos fatos e provas apresentados no processo penal, outras correntes entendem que
essa garantia é facultativa, cabendo ao legislador definir quando ela deve ser aplicada.
Essas divergências têm gerado debates acalorados no âmbito jurídico, pois implicam
diretamente na forma como o sistema processual penal é estruturado (OLIVEIRA,
2017).
Os defensores do duplo grau de jurisdição argumentam que essa garantia é
essencial para evitar erros judiciais e injustiças. Alegam que uma segunda instância
possibilita uma revisão mais criteriosa das provas e argumentos apresentados pelas
partes, contribuindo para a formação de uma decisão mais justa e equilibrada.
(FERRETTI, 2018).
No entanto, a adoção do duplo grau de jurisdição pode gerar impactos na
celeridade e eficiência do sistema processual penal. A necessidade de uma segunda
análise dos casos pode resultar em demora nos julgamentos, aumentando a duração
dos processos e sobrecarregando os tribunais. (FREIRE, 2017).
A relação entre o duplo grau de jurisdição e o princípio da presunção de
inocência também é objeto de discussão. Enquanto alguns argumentam que a
exigência desse recurso fortalece esse princípio essencial ao garantir uma revisão
24

imparcial das decisões condenatórias, outros sustentam que ela viola a presunção de
inocência ao presumir a culpa do réu antes mesmo do trânsito em julgado da sentença
condenatória (MACHADO, 2019).
No Brasil, há propostas legislativas e debates atuais relacionados ao tema do
duplo grau de jurisdição. Diversos projetos de lei têm sido apresentados visando a
alteração da norma processual penal, com o objetivo de tornar obrigatória a revisão
das decisões condenatórias em segunda instância. Essas propostas refletem a
preocupação com a garantia dos direitos fundamentais dos acusados e a busca por
um sistema processual mais justo e eficiente (SILVA, OLIVEIRA, 2016).

3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Ao longo da história, o duplo grau de jurisdição passou por diversas


transformações no sistema processual penal. Inicialmente, a origem do duplo grau de
jurisdição remonta ao período medieval, em que os tribunais eclesiásticos e seculares
coexistiam e cada um possuía sua própria instância recursal. Com o tempo, essa
dualidade foi sendo substituída por um sistema mais centralizado, em que apenas um
tribunal exercia a função de revisão das decisões judiciais. (TALARICO, SAVÓIA,
SANTOS, 2021).
A importância do duplo grau de jurisdição para garantir o devido processo
legal está intrinsecamente relacionada à proteção dos direitos fundamentais do
acusado. A possibilidade de revisão das decisões judiciais por uma instância superior
assegura que o acusado tenha a oportunidade de contestar eventuais erros ou abusos
cometidos durante o processo penal. (ACCURSO, 2022).
As diferentes abordagens doutrinárias em relação ao duplo grau de jurisdição
geram debates acerca da sua aplicação no processo penal. Os defensores dessa
garantia argumentam que ela é essencial para evitar injustiças e assegurar a
efetividade do direito à ampla defesa. Por outro lado, os críticos afirmam que o duplo
grau de jurisdição pode gerar morosidade processual e dificultar a conclusão dos
casos criminais (CHAVES, 2019).
25

Dentre as principais críticas feitas ao duplo grau de jurisdição no processo


penal, destaca-se a possibilidade de reabertura de discussões já encerradas em
primeira instância, o que pode gerar insegurança jurídica e prolongar a duração dos
processos. (COSTA, 2018).
A influência das normas internacionais de direitos humanos na interpretação
do duplo grau de jurisdição é essencial para a consolidação do Estado Democrático
de Direito. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, por exemplo, estabelece
que toda pessoa tem direito a recorrer da sentença para um tribunal superior. Essas
normas têm sido cada vez mais utilizadas como parâmetro para a interpretação e
aplicação do duplo grau de jurisdição nos sistemas jurídicos nacionais (SIQUEIRA,
2020).
No contexto brasileiro, houve recentes alterações legislativas relacionadas ao
duplo grau de jurisdição no processo penal. A Emenda Constitucional nº 45/2004
introduziu o recurso extraordinário criminal, permitindo a revisão das decisões judiciais
pelo Supremo Tribunal Federal. Essa mudança teve impactos significativos na
efetividade da justiça criminal, uma vez que ampliou as possibilidades de revisão das
decisões judiciais e fortaleceu o papel do STF como guardião da Constituição
(FAGUNDES, 2016).
Em relação às perspectivas futuras do duplo grau de jurisdição no contexto do
processo penal, é necessário considerar os avanços tecnológicos e as demandas por
celeridade processual. A utilização de recursos digitais e a implementação de
sistemas eletrônicos de tramitação processual podem contribuir para agilizar a revisão
das decisões judiciais, garantindo ao mesmo tempo a segurança e a efetividade do
duplo grau de jurisdição. No entanto, é importante que essas inovações sejam
acompanhadas por mecanismos de controle e transparência, a fim de evitar abusos e
garantir o respeito aos direitos fundamentais dos acusados (SALDANHA, 2018).

3.1 ORIGENS DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

O duplo grau de jurisdição possui uma longa evolução histórica, remontando


às antigas civilizações. Na Grécia Antiga, por exemplo, já existiam mecanismos para
26

a revisão das decisões judiciais, como o recurso ao Areópago. No Império Romano, o


sistema de apelação permitia que as partes recorressem de uma decisão desfavorável
perante um tribunal superior. Essas práticas foram se desenvolvendo ao longo dos
séculos e se consolidaram nos sistemas jurídicos modernos (OLIVEIRA, BRAZ, 2016).
A importância do duplo grau de jurisdição para garantir o devido processo
legal é inegável. Esse princípio assegura que todas as partes envolvidas em um litígio
tenham a oportunidade de recorrer de uma decisão judicial desfavorável, buscando a
revisão da mesma perante um órgão hierarquicamente superior. Dessa forma, o duplo
grau de jurisdição contribui para a proteção dos direitos fundamentais das partes e
para a busca da justiça material (MORAIS, 2020).
Os países adotam diferentes abordagens em relação ao duplo grau de
jurisdição, refletindo as variações existentes nos sistemas jurídicos ao redor do
mundo. Alguns países estabelecem o duplo grau como regra geral, permitindo que
todas as decisões judiciais sejam passíveis de revisão. Outros adotam o princípio da
unicidade da jurisdição, limitando o acesso ao segundo grau apenas em casos
excepcionais. Há ainda aqueles que adotam sistemas mistos, nos quais certas
categorias de processos são passíveis de revisão e outras não (CARVALHO, 2017).
Os princípios fundamentais que embasam o duplo grau de jurisdição são
essenciais para a garantia do devido processo legal. O princípio do contraditório, por
exemplo, assegura que todas as partes tenham a oportunidade de apresentar suas
argumentações e provas perante o tribunal revisor. Já o princípio da ampla defesa
garante que as partes possam se manifestar e rebater os argumentos apresentados
pela parte contrária. Esses princípios estão intrinsecamente ligados ao devido
processo legal, pois visam garantir um processo justo e equilibrado COSTA, 2023.
Os debates e controvérsias em torno do duplo grau de jurisdição são
frequentes, envolvendo argumentos a favor e contra sua aplicação em determinados
casos ou situações específicas. Alguns defendem que o acesso ao segundo grau é
essencial para corrigir eventuais erros judiciais e garantir a justiça material. Por outro
lado, há quem argumente que a revisão em segunda instância pode gerar morosidade
processual e prejudicar a efetividade da justiça (MOREIRA, 2023).
As normas internacionais desempenham um papel importante no
reconhecimento e garantia do duplo grau de jurisdição. Tratados e convenções
27

estabelecem direitos processuais fundamentais, incluindo o direito ao recurso perante


um órgão hierarquicamente superior. A Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, por exemplo, estabelece o direito ao recurso judicial como uma garantia
mínima em matéria penal (CARVALHO, 2019).
No contexto das perspectivas futuras do duplo grau de jurisdição, é possível
considerar possíveis mudanças legislativas ou interpretações judiciais que possam
afetar sua aplicação e importância no contexto do devido processo legal. A evolução
tecnológica, por exemplo, pode influenciar a forma como os recursos são interpostos
e julgados, tornando o acesso ao segundo grau mais ágil e eficiente. (FAGUNDES,
2016).

3.2 DESENVOLVIMENTO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO NO SISTEMA


JURÍDICO BRASILEIRO

O desenvolvimento do duplo grau de jurisdição no sistema jurídico brasileiro


remonta ao período colonial, quando o Brasil adotava o sistema jurídico português.
Nessa época, a estrutura judiciária era composta por tribunais superiores em Portugal,
aos quais se recorria das decisões proferidas pelas instâncias inferiores no Brasil.
Com a independência do país em 1822, foi necessário estabelecer uma nova
organização judiciária. A Constituição de 1824 previa a existência de tribunais
superiores e a possibilidade de recurso das decisões proferidas pelos juízes de
primeira instância para esses tribunais. (MORAIS, 2020)
A importância do duplo grau de jurisdição para garantir o devido processo
legal e a ampla defesa no âmbito do processo penal é inegável. O princípio do duplo
grau assegura que nenhuma decisão seja definitiva sem que haja a possibilidade de
revisão por um órgão superior. Isso garante que as partes tenham a oportunidade de
apresentar novos argumentos e provas, bem como questionar eventuais erros ou
injustiças cometidos na primeira instância. (SILVA, OLIVEIRA, 2016).
No sistema jurídico brasileiro, o primeiro grau de jurisdição é exercido pelos
juízes singulares ou colegiados das varas e juizados, enquanto o segundo grau de
jurisdição é exercido pelos tribunais de justiça estaduais e pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ). Uma das principais características do duplo grau de jurisdição é a
28

possibilidade de reexame dos fatos e do direito, permitindo uma análise mais


aprofundada da matéria. (SIQUEIRA, 2020).
Os princípios constitucionais que fundamentam o duplo grau de jurisdição são
essenciais para garantir um processo justo e equilibrado. O princípio do contraditório
assegura que todas as partes tenham a oportunidade de se manifestar e apresentar
suas razões antes da tomada de decisão. Já o princípio da ampla defesa garante que
as partes possam utilizar todos os meios legais para se defenderem, inclusive
recorrendo das decisões desfavoráveis. O princípio da igualdade processual busca
garantir tratamento isonômico entre as partes, evitando qualquer forma de
discriminação ou privilégio (COSTA, 2018).
Apesar das vantagens do duplo grau de jurisdição, existem críticas e
controvérsias em relação ao seu funcionamento no sistema jurídico brasileiro. A
morosidade processual é uma das principais críticas, uma vez que a revisão das
decisões em segunda instância pode levar muito tempo, retardando a solução dos
litígios. Além disso, há controvérsias quanto à possibilidade de reformatio in pejus, ou
seja, a piora da situação do recorrente em segunda instância. Isso ocorre quando o
tribunal, ao analisar o recurso, modifica a decisão de primeira instância para prejudicar
o recorrente (SILVA, 2020).
Nos últimos anos, houve alterações legislativas e jurisprudenciais relevantes
relacionadas ao duplo grau de jurisdição no sistema jurídico brasileiro. A súmula
vinculante nº 21 do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, estabelece que a revisão
criminal é uma garantia constitucional assegurada a qualquer pessoa condenada,
independentemente do trânsito em julgado da sentença condenatória. Essa súmula
tem impacto direto no processo penal e reforça a importância do duplo grau de
jurisdição como um instrumento de proteção dos direitos fundamentais (ACCURSO,
2022).
Diante dos avanços tecnológicos e das demandas sociais por uma justiça
mais célere e eficiente, é possível vislumbrar perspectivas futuras para o
desenvolvimento do duplo grau de jurisdição no sistema jurídico brasileiro. A utilização
de meios eletrônicos para a tramitação processual e a adoção de técnicas de gestão
judicial podem contribuir para agilizar os procedimentos e reduzir a morosidade
processual (BRIGE, 2016).
29

3.3 A IMPORTÂNCIA DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO NA GARANTIA


DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A importância do duplo grau de jurisdição na garantia dos direitos


fundamentais reside no fato de que essa garantia contribui para a proteção dos
indivíduos contra possíveis erros ou abusos cometidos pelo poder judiciário. A
existência de uma instância superior para revisar as decisões judiciais permite corrigir
eventuais equívocos ou injustiças, assegurando um julgamento mais justo e imparcial.
Além disso, o duplo grau de jurisdição também fortalece a confiança da sociedade no
sistema judicial, uma vez que demonstra transparência e responsabilidade na tomada
de decisões (MACHADO, 2019).
A relação entre o duplo grau de jurisdição e o devido processo legal é estreita,
pois, a possibilidade de revisão das decisões judiciais em instâncias superiores
assegura um julgamento justo e imparcial. O princípio do devido processo legal exige
que todas as partes envolvidas tenham a oportunidade de apresentar seus
argumentos e provas perante diferentes instâncias judiciais. Dessa forma, o duplo
grau de jurisdição garante que nenhum indivíduo seja privado de seus direitos sem o
devido processo legal, permitindo uma análise mais criteriosa das provas e
argumentos apresentados (CHAVES, 2019).
Esses princípios garantem que todas as partes envolvidas tenham a
oportunidade de apresentar seus argumentos e provas perante diferentes instâncias
judiciais. O contraditório permite que cada parte conteste as alegações da outra,
enquanto a ampla defesa garante que o acusado tenha a oportunidade de se defender
de forma plena e efetiva. Assim, o duplo grau de jurisdição assegura que todas as
partes tenham igualdade de condições para apresentar suas argumentações e
influenciar o resultado do processo (NUNES, 2022).
Um dos benefícios do duplo grau de jurisdição é sua contribuição para a
segurança jurídica. A possibilidade de revisão das decisões judiciais em instâncias
superiores contribui para a uniformização da interpretação das leis e evita decisões
contraditórias entre diferentes tribunais. Isso proporciona maior previsibilidade e
estabilidade ao sistema jurídico, garantindo que os cidadãos sejam tratados de forma
igual perante a lei. Além disso, a segurança jurídica também é fortalecida pela
30

transparência e responsabilidade demonstradas pelo poder judiciário ao permitir a


revisão das decisões em instâncias superiores (CAVALCANTE SEGUNDO, 2021).
Apesar dos benefícios do duplo grau de jurisdição, existem críticas a essa
garantia. Argumenta-se que sua aplicação pode levar ao aumento da morosidade
processual e aos custos envolvidos na revisão das decisões judiciais. No entanto, é
importante considerar que essas críticas devem ser ponderadas em relação à
importância dessa garantia para a efetivação dos direitos fundamentais. A morosidade
processual pode ser mitigada por meio de medidas como a adoção de prazos
razoáveis para a revisão das decisões e o investimento em recursos materiais e
humanos para agilizar o trâmite processual. Quanto aos custos, é necessário avaliar
se eles são proporcionais aos benefícios proporcionados pelo duplo grau de jurisdição
na proteção dos direitos fundamentais (SALDANHA, 2018).
Diante das diferentes perspectivas apresentadas, é essencial buscar uma
análise equilibrada e proporcional do duplo grau de jurisdição. É necessário considerar
os diferentes aspectos envolvidos, como a celeridade processual, a segurança jurídica
e a proteção dos direitos fundamentais. Para isso, é importante encontrar um ponto
de equilíbrio que garanta tanto a eficiência do sistema judicial quanto a proteção dos
indivíduos. (VARELLA, ECHEVERRIA, 2018).

4. O DEVIDO PROCESSO LEGAL NA INTERPRETAÇÃO DA NORMA


PROCESSUAL PENAL

A importância do duplo grau de jurisdição no sistema processual penal é


inegável, uma vez que ele contribui para garantir o devido processo legal. O duplo
grau de jurisdição consiste na possibilidade de revisão da decisão proferida em
primeira instância por um órgão superior, conferindo ao acusado a oportunidade de
ter sua causa reexaminada por um tribunal imparcial e independente. Essa garantia
processual assegura que nenhum indivíduo seja condenado sem a devida análise e
revisão da decisão judicial, evitando assim possíveis erros judiciários e injustiças
(OLIVEIRA, 2017).
31

A interpretação correta das normas processuais é essencial para garantir a


efetividade dos direitos fundamentais dos acusados, como a ampla defesa, o
contraditório e a presunção de inocência. Uma interpretação equivocada pode levar à
violação desses princípios, comprometendo a justiça do processo penal (FREIRE,
2017).
O duplo grau de jurisdição está intimamente relacionado com a ampla defesa,
pois ambos são instrumentos que visam assegurar um julgamento justo e equilibrado.
A ampla defesa consiste no direito do acusado de apresentar argumentos e provas
em sua defesa, bem como de impugnar as provas produzidas pela acusação. O duplo
grau de jurisdição permite que o acusado recorra da decisão desfavorável em primeira
instância, possibilitando uma nova análise dos fatos e das provas apresentadas, o que
reforça a garantia da ampla defesa (TALARICO, SAVÓIA, SANTOS, 2021).
A interpretação da norma processual penal enfrenta diversos desafios, devido
à complexidade do sistema jurídico e às diferentes correntes doutrinárias existentes.
A legislação processual penal é composta por uma série de dispositivos legais que
devem ser interpretados de forma sistemática e harmônica, levando em consideração
os princípios constitucionais e as garantias fundamentais. (MOREIRA, 2023).
A fundamentação das decisões judiciais é de extrema importância no contexto
do devido processo legal. A fundamentação consiste na exposição clara e precisa dos
motivos que levaram o juiz a decidir de determinada maneira. Essa exigência contribui
para a transparência e legitimidade do sistema, pois permite que as partes envolvidas
no processo compreendam os fundamentos da decisão e possam exercer seu direito
de recorrer. (CARVALHO, 2019).
Na interpretação da norma processual penal, devem ser observados
princípios como o princípio da legalidade e o princípio da presunção de inocência. O
princípio da legalidade estabelece que ninguém será condenado ou punido senão em
virtude de lei anterior que defina a conduta como crime. Isso significa que a
interpretação da norma processual penal deve ser restritiva, ou seja, não é possível
ampliar o alcance da lei penal por meio de interpretação extensiva ou analógica. Já o
princípio da presunção de inocência estabelece que todo acusado é considerado
inocente até que se prove sua culpa de forma definitiva. Esses princípios devem
32

nortear a interpretação da norma processual penal, garantindo assim a proteção dos


direitos fundamentais dos acusados (FELIX, PEREIRA, 2020).
A interpretação equivocada da norma processual penal pode ter impactos
significativos no exercício dos direitos fundamentais dos acusados. Uma interpretação
errônea pode levar à violação do princípio da presunção de inocência, ao cerceamento
da ampla defesa e ao desrespeito aos demais direitos assegurados
constitucionalmente. Por isso, é essencial que a interpretação da norma processual
penal seja realizada de forma cuidadosa e precisa, levando em consideração os
princípios constitucionais e as garantias fundamentais dos acusados (MOREIRA,
2018).

4.1 A RELAÇÃO ENTRE O DEVIDO PROCESSO LEGAL E A


INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL PENAL

O direito de recorrer da decisão judicial é essencial para garantir a ampla


defesa e o contraditório no processo penal, bem como para evitar possíveis erros ou
injustiças na aplicação da lei. O princípio do duplo grau de jurisdição está diretamente
ligado ao devido processo legal, pois ambos visam assegurar que todas as partes
envolvidas no processo tenham a oportunidade de apresentar suas argumentações e
provas perante um órgão imparcial e competente (CHAVES, 2019).
A possibilidade de revisão das decisões judiciais em instâncias superiores
contribui para a efetivação do princípio do duplo grau de jurisdição e do devido
processo legal. Isso porque permite que eventuais erros ou ilegalidades cometidos
nas decisões sejam corrigidos, garantindo assim a justiça e a imparcialidade no
julgamento. (CARVALHO, 2017).
No entanto, é importante ressaltar que o exercício pleno do direito ao recurso
e ao devido processo legal pode ser afetado por algumas limitações impostas ao duplo
grau de jurisdição. A existência de recursos específicos e prazos para interposição,
por exemplo, pode dificultar o acesso à justiça e prejudicar a efetividade do direito ao
recurso. É necessário, portanto, que essas restrições sejam estabelecidas de forma
razoável e proporcional, de modo a não comprometer a garantia do devido processo
legal (MORAIS, 2020).
33

A exigência de fundamentação contribui para a transparência e


legitimidade do sistema jurídico, pois permite que as partes envolvidas no processo
compreendam os motivos que levaram à tomada daquela decisão. Além disso, a
fundamentação possibilita uma análise mais criteriosa das decisões pelos tribunais
superiores, contribuindo para uma interpretação mais consistente da norma
processual penal (TALARICO, SAVÓIA, SANTOS, 2021).
A aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição e do devido processo legal
na interpretação da norma processual penal enfrenta diversos desafios. Um dos
principais é a morosidade dos processos, que muitas vezes impede que o réu tenha
acesso rápido à justiça e ao exercício pleno do direito ao recurso. (FELIX, PEREIRA,
2020).
Para garantir uma interpretação efetiva da norma processual penal à luz dos
princípios do duplo grau de jurisdição e do devido processo legal, é necessário adotar
medidas que visem agilizar os processos e melhorar a estrutura dos tribunais. Isso
pode ser feito por meio da implementação de políticas públicas voltadas para a
melhoria da infraestrutura judiciária, bem como pela adoção de tecnologias que
facilitem o acesso à justiça e agilizem os trâmites processuais. (ACCURSO, 2022).

4.2 A IMPORTÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL NA PROTEÇÃO


DOS DIREITOS DO ACUSADO

Sua importância na proteção dos direitos do acusado reside no fato de que


ele estabelece uma série de garantias processuais que asseguram a igualdade entre
as partes e evitam abusos por parte do Estado. O devido processo legal implica, por
exemplo, o direito ao contraditório, que permite ao acusado apresentar sua versão dos
fatos e contestar as acusações feitas contra si. (FERRETTI, 2018).
A relação entre o duplo grau de jurisdição e o devido processo legal é estreita,
uma vez que a possibilidade de revisão da decisão por um órgão superior contribui
para a garantia dos direitos do acusado. O duplo grau de jurisdição permite que uma
decisão seja submetida a uma nova análise, possibilitando a correção de eventuais
erros ou injustiças cometidas na primeira instância. Dessa forma, o acusado tem a
34

oportunidade de ter sua causa reexaminada por um órgão imparcial e independente,


garantindo-lhe maior segurança jurídica (CAVALCANTE SEGUNDO, 2021).
Os princípios que compõem o devido processo legal são essenciais para
assegurar um julgamento equilibrado. O contraditório, por exemplo, garante às partes
o direito de se manifestarem sobre todas as questões relevantes do processo,
permitindo-lhes apresentar argumentos e provas em sua defesa. Já a ampla defesa
engloba não apenas o direito de apresentar argumentos, mas também o de produzir
provas e de se valer de todos os meios legais para provar sua inocência. (SIQUEIRA,
2020).
A observância do devido processo legal na interpretação da norma processual
penal é de suma importância, uma vez que essa interpretação correta evita abusos e
injustiças no sistema jurídico. A correta aplicação das normas processuais penais
garante que o acusado tenha seus direitos respeitados e que seja tratado com
dignidade durante todo o processo. Além disso, a interpretação adequada da norma
processual penal contribui para a efetividade do sistema jurídico como um todo,
garantindo a segurança jurídica e a confiança da sociedade no sistema de justiça
(FAGUNDES, 2016).
No entanto, a aplicação efetiva do devido processo legal enfrenta diversos
desafios. Um dos principais desafios é a morosidade processual, que pode
comprometer a efetividade do princípio. A demora na tramitação dos processos pode
resultar em violações aos direitos do acusado, como a prisão prolongada sem
condenação definitiva. A ausência de recursos financeiros ou técnicos pode prejudicar
a capacidade do acusado de apresentar uma defesa adequada, comprometendo a
igualdade entre as partes (SILVA, OLIVEIRA, 2016).
As críticas ao duplo grau de jurisdição no contexto do devido processo legal
são frequentes. Argumenta-se, por exemplo, que a revisão da decisão por um órgão
superior pode gerar insegurança jurídica e retardar o encerramento do processo. No
entanto, tais críticas não devem ser levadas em consideração, uma vez que o duplo
grau de jurisdição é essencial para a proteção dos direitos do acusado. A possibilidade
de revisão da decisão por um órgão imparcial e independente contribui para a garantia
de um julgamento justo e imparcial, evitando condenações injustas e assegurando a
efetividade do princípio do devido processo legal (SILVA, 2020).
35

A violação do devido processo legal pode resultar em condenações injustas


ou na negação dos direitos fundamentais do acusado. Casos emblemáticos
evidenciam a relevância desse princípio na busca pela justiça. Um exemplo é o caso
X, no qual um indivíduo foi condenado com base em provas obtidas de forma ilícita,
violando seu direito à privacidade e ao sigilo das comunicações. Outro exemplo é o
caso Y, no qual um acusado foi impedido de se manifestar durante todo o processo,
ferindo seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Esses casos demonstram como
a observância rigorosa do devido processo legal é essencial para evitar abusos e
garantir a justiça no sistema jurídico (FREIRE, 2017).

5. A RELAÇÃO ENTRE O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E O DEVIDO


PROCESSO LEGAL

A relação entre o duplo grau de jurisdição e o princípio do devido processo


legal é estreita e interligada. Ambos visam assegurar um processo justo e equitativo,
garantindo aos indivíduos o direito à ampla defesa e ao contraditório. O duplo grau de
jurisdição complementa o princípio do devido processo legal ao possibilitar a revisão
das decisões judiciais por um órgão superior, conferindo maior segurança jurídica às
partes envolvidas no processo (NUNES, 2022).
As garantias processuais asseguradas pelo duplo grau de jurisdição são
essenciais para a proteção dos direitos individuais. A possibilidade de revisão das
decisões judiciais por um órgão superior permite corrigir eventuais erros ou injustiças
cometidos em primeira instância. (COSTA, 2018).
Existem diferentes modelos de duplo grau de jurisdição ao redor do mundo,
cada um com suas características e peculiaridades. Alguns países adotam o sistema
de revisão, no qual um órgão superior analisa a legalidade e a correção das decisões
judiciais. Outros países adotam o sistema de reexame, no qual o órgão superior
reexamina todo o processo, podendo inclusive produzir novas provas.
Independentemente do modelo adotado, todos buscam garantir o respeito ao devido
processo legal (SALDANHA, 2018).
A implementação efetiva do duplo grau de jurisdição enfrenta desafios
significativos. A morosidade processual é um dos principais obstáculos, uma vez que
36

a revisão das decisões judiciais demanda tempo e recursos dos tribunais superiores.
Para solucionar esses problemas, é necessário investir em estrutura e capacitação
dos tribunais superiores, bem como buscar alternativas para agilizar o trâmite
processual (MOREIRA, 2018).
Apesar das garantias oferecidas pelo duplo grau de jurisdição, algumas
críticas são feitas a essa instituição. Argumenta-se que sua existência pode gerar uma
excessiva judicialização dos casos e retardar ainda mais a conclusão dos processos.
No entanto, tais críticas devem ser analisadas com cautela, levando-se em
consideração os princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito e a
importância da proteção dos direitos individuais (COSTA, 2023).
É necessário realizar uma análise criteriosa das leis, evitando interpretações
equivocadas ou injustas. A correta interpretação da norma processual penal contribui
para a efetividade do duplo grau de jurisdição, assegurando a revisão das decisões
judiciais por um órgão superior e garantindo a proteção dos direitos fundamentais dos
indivíduos envolvidos no processo penal (CARVALHO, 2019).

6. CONCLUSÃO

Esse princípio assegura que nenhuma pessoa seja condenada ou tenha seus
direitos restringidos sem a oportunidade de recorrer a uma instância superior,
possibilitando a revisão da decisão proferida em primeira instância. Dessa forma, o
duplo grau de jurisdição confere maior segurança jurídica e evita possíveis erros
judiciais, garantindo a efetividade do processo penal (SILVA, 2020).
A interpretação da norma processual penal no contexto do duplo grau de
jurisdição é um tema que suscita diferentes perspectivas doutrinárias e
jurisprudenciais. Enquanto alguns defendem uma interpretação restritiva, entendendo
que o recurso deve ser limitado apenas às questões de direito, outros adotam uma
interpretação ampliativa, admitindo a análise também das questões fáticas. Essa
divergência reflete-se na prática forense e gera controvérsias quanto à extensão do
duplo grau de jurisdição no processo penal (MACHADO, 2019).
Os princípios constitucionais que fundamentam o duplo grau de jurisdição são
essenciais para sua aplicação adequada. O princípio do contraditório assegura às
37

partes o direito de se manifestarem sobre os atos processuais e apresentarem suas


razões recursais perante o órgão julgador competente. Já o princípio da ampla defesa
garante ao acusado a possibilidade de utilizar todos os meios legais para se defender,
inclusive recorrendo da decisão condenatória. O princípio da imparcialidade do juiz
garante que a análise do recurso seja realizada por um órgão isento e imparcial,
evitando-se qualquer forma de parcialidade ou favorecimento (NUNES, 2022).
Apesar de sua importância, o duplo grau de jurisdição também é alvo de
críticas e controvérsias. Alguns argumentam que a sua aplicação no processo penal
pode gerar morosidade e congestionamento do sistema judiciário, prejudicando a
celeridade e efetividade do processo. Além disso, há quem defenda que o duplo grau
de jurisdição não é necessário em todas as situações, especialmente nos casos em
que a matéria já foi amplamente debatida e não há questões relevantes a serem
discutidas em instância superior (CHAVES, 2019).
A influência das garantias internacionais dos direitos humanos na
interpretação da norma processual penal relacionada ao duplo grau de jurisdição é
inegável. Diversos tratados e convenções internacionais estabelecem o direito ao
duplo grau de jurisdição como uma garantia essencial para assegurar um julgamento
justo e equitativo. Assim, a interpretação da norma processual penal deve considerar
essas normas internacionais, buscando harmonizar os princípios nacionais com os
padrões internacionais de proteção aos direitos humanos (OLIVEIRA, BRAZ, 2016).
Cada caso concreto possui peculiaridades que devem ser consideradas na
análise recursal, levando em conta os interesses envolvidos e a gravidade da infração
penal. Dessa forma, é necessário um equilíbrio entre a garantia do duplo grau de
jurisdição e a efetividade do processo penal, evitando-se recursos meramente
protelatórios ou desnecessários (SIQUEIRA, 2020).
Para conciliar a garantia do duplo grau de jurisdição com a celeridade e
efetividade do processo penal, é possível adotar algumas soluções. Uma delas seria
a criação de recursos específicos para casos complexos, de modo a evitar que
questões simples e já pacificadas sejam objeto de recurso. Essas medidas
contribuíram para agilizar o trâmite processual sem comprometer a garantia do duplo
grau de jurisdição (COSTA, 2018).
38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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