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MEIOS DE TUTELA DO DIREITO

MEDIDAS PREVENTIVAS
1. PENAS ACESSÓRIAS (Código Penal)
Complementarmente à pena de prisão, pode ser aplicada uma pena acessória assente na
ideia de prevenção da prática futura de novos crimes.

Artigo 152.º
Violência doméstica
1 - Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos,
incluindo castigos corporais, privações da liberdade, ofensas sexuais ou impedir o
acesso ou fruição aos recursos económicos e patrimoniais próprios ou comuns:
a) Ao cônjuge ou ex-cônjuge;
b) A pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha
mantido uma relação de namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que
sem coabitação;
c) A progenitor de descendente comum em 1.º grau; ou
d) A pessoa particularmente indefesa, nomeadamente em razão da idade, deficiência,
doença, gravidez ou dependência económica, que com ele coabite;
e) A menor que seja seu descendente ou de uma das pessoas referidas nas alíneas a), b)
e c), ainda que com ele não coabite;
é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber
por força de outra disposição legal.
2 – (…)
3 – (…)
4 - Nos casos previstos nos números anteriores, incluindo aqueles em que couber pena
mais grave por força de outra disposição legal, podem ser aplicadas ao arguido as
penas acessórias de proibição de contacto com a vítima e de proibição de uso e porte
de armas, pelo período de seis meses a cinco anos, e de obrigação de frequência de
programas específicos de prevenção da violência doméstica.
5 - A pena acessória de proibição de contacto com a vítima deve incluir o afastamento
da residência ou do local de trabalho desta e o seu cumprimento deve ser fiscalizado
por meios técnicos de controlo à distância.
6 – (…)

Artigo 346.º
Penas acessórias
Quem for condenado por crime previsto no presente capítulo pode, atenta a concreta
gravidade do facto e a sua projeção na idoneidade cívica do agente, ser incapacitado
para eleger Presidente da República, membro de assembleia legislativa ou de autarquia
local, para ser eleito como tal ou para ser jurado, por período de 2 a 10 anos.
Artigo 388.º-A
Penas acessórias
1 - Consoante a gravidade do ilícito e a culpa do agente, podem ser aplicadas,
cumulativamente com as penas previstas para os crimes referidos nos artigos 387.º e
388.º, as seguintes penas acessórias:
a) Privação do direito de detenção de animais de companhia pelo período máximo de 6
anos;
b) Privação do direito de participar em feiras, mercados, exposições ou concursos
relacionados com animais de companhia;
c) Encerramento de estabelecimento relacionado com animais de companhia cujo
funcionamento esteja sujeito a autorização ou licença administrativa;
d) Suspensão de permissões administrativas, incluindo autorizações, licenças e alvarás,
relacionadas com animais de companhia.
2 - As penas acessórias referidas nas alíneas b), c) e d) do número anterior têm a
duração máxima de três anos, contados a partir da decisão condenatória.

2- MEDIDAS DE SEGURANÇA (Código Penal)


Colocar certas categorias de pessoas, que se consideram perigosas e particularmente
aptas a praticar crimes, em situação de os não poder praticar e de lhes poder ser,
inclusivamente, curada essa aptidão.

Medidas de segurança
SECÇÃO I
Internamento de inimputáveis
Artigo 91.º
Pressupostos e duração mínima
1 - Quem tiver praticado um facto ilícito típico e for considerado inimputável, nos
termos do artigo 20.º, é mandado internar pelo tribunal em estabelecimento de cura,
tratamento ou segurança, sempre que, por virtude da anomalia psíquica e da gravidade
do facto praticado, houver fundado receio de que venha a cometer outros factos da
mesma espécie.
2 - Quando o facto praticado pelo inimputável corresponder a crime contra as pessoas
ou a crime de perigo comum puníveis com pena de prisão superior a cinco anos, o
internamento tem a duração mínima de três anos, salvo se a libertação se revelar
compatível com a defesa da ordem jurídica e da paz social.
SECÇÃO IV
Medidas de segurança não privativas da liberdade
Artigo 100.º
Interdição de atividades
1 - Quem for condenado por crime cometido com grave abuso de profissão, comércio
ou indústria que exerça, ou com grosseira violação dos deveres inerentes, ou dele for
absolvido só por falta de imputabilidade, é interdito do exercício da respetiva atividade
quando, em face do facto praticado e da personalidade do agente, houver fundado
receio de que possa vir a praticar outros factos da mesma espécie.
2 - O período de interdição é fixado entre 1 e 5 anos; mas pode ser prorrogado por
outro período até 3 anos se, findo o prazo fixado na sentença, o tribunal considerar que
aquele não foi suficiente para remover o perigo que fundamentou a medida.
3 - O período de interdição conta-se a partir do trânsito em julgado da decisão, sem
prejuízo de nele ser imputada a duração de qualquer interdição decretada, pelo mesmo
facto, a título provisório.
4 - O decurso do período de interdição suspende-se durante o tempo em que o agente
estiver privado da liberdade por força de medida de coação processual, pena ou
medida de segurança. Se a suspensão durar 2 anos ou mais, o tribunal reexamina a
situação que fundamentou a aplicação da medida, confirmando-a ou revogando-a.

3- PROCEDIMENTOS CAUTELARES

Dos procedimentos cautelares


CAPÍTULO I
Procedimento cautelar comum
Artigo 362.º (art.º 381.º CPC 1961)
Âmbito das providências cautelares não especificadas
1 - Sempre que alguém mostre fundado receio de que outrem cause lesão grave e
dificilmente reparável ao seu direito, pode requerer a providência conservatória ou
antecipatória concretamente adequada a assegurar a efetividade do direito ameaçado.
2 - O interesse do requerente pode fundar-se num direito já existente ou em direito
emergente de decisão a proferir em ação constitutiva, já proposta ou a propor.
3 - Não são aplicáveis as providências referidas no n.º 1 quando se pretenda acautelar o
risco de lesão especialmente prevenido por alguma das providências tipificadas no
capítulo seguinte.
4 - Não é admissível, na dependência da mesma causa, a repetição de providência que
haja sido julgada injustificada ou tenha caducado.

Arresto
Artigo 391.º (art.º 406.º CPC 1961)
Fundamentos
1 - O credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito
pode requerer o arresto de bens do devedor.
2 - O arresto consiste numa apreensão judicial de bens, à qual são aplicáveis as
disposições relativas à penhora, em tudo o que não contrariar o preceituado nesta
secção.

Arrolamento
Artigo 403.º (art.º 421.º CPC 1961)
Fundamento
1 - Havendo justo receio de extravio, ocultação ou dissipação de bens, móveis ou
imóveis, ou de documentos, pode requerer-se o arrolamento deles.
2 - O arrolamento é dependência da ação à qual interessa a especificação dos bens ou
a prova da titularidade dos direitos relativos às coisas arroladas.
Embargo de obra nova
Artigo 397.º (art.º 412.º CPC 1961)
Fundamento do embargo - Embargo extrajudicial
1 - Aquele que se julgue ofendido no seu direito de propriedade, singular ou comum,
em qualquer outro direito real ou pessoal de gozo ou na sua posse, em consequência de
obra, trabalho ou serviço novo que lhe cause ou ameace causar prejuízo, pode requerer,
dentro de 30 dias a contar do conhecimento do facto, que a obra, trabalho ou serviço
seja mandado suspender imediatamente.
2 - O interessado pode também fazer diretamente o embargo por via extrajudicial,
notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o dono da obra, ou, na sua falta, o
encarregado ou quem o substituir para a não continuar.
3 - O embargo previsto no número anterior fica, porém, sem efeito se, dentro de cinco
dias, não for requerida a ratificação judicial.

FIM

Ana Margarida Ferreira da Silva


Direito Empresarial II
2021/2122

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