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GABRIEL LINHARES - 032.074.

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Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com


pena de prisão simples de 1 a 3 meses ou multa de
DIA 36
NCR$ 0,50 (cinqüenta centavos) a NCR$ 3,00 (três
cruzeiros novos), a retenção de qualquer documento
LEI 5553/68 - APRESENTAÇÃO E USO DE a que se refere esta Lei.
DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL Parágrafo único. Quando a infração for praticada por
LEI 8069/90 - CRIMES NO ECA preposto ou agente de pessoa jurídica, considerar-se-á
LEI 11343/06 - LEI DE DROGAS responsável quem houver ordenado o ato que ensejou
a retenção, a menos que haja , pelo executante,
desobediência ou inobservância de ordens ou
LEI 5553/68 - APRESENTAÇÃO E instruções expressas, quando, então, será este o
USO DE DOCUMENTOS DE infrator.

IDENTIFICAÇÃO PESSOAL
Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei
Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a dentro do prazo de 60 dias, a contar da data de sua
nenhuma pessoa jurídica, de direito público ou de publicação.
direito privado, é lícito reter qualquer documento
de identificação pessoal, ainda que apresentado por
fotocópia autenticada ou pública-forma, inclusive
comprovante de quitação com o serviço militar, título
de eleitor, carteira profissional, certidão de registro de
LEI 8069/90 - CRIMES NO ECA
nascimento, certidão de casamento, comprovante de
naturalização e carteira de identidade de estrangeiro. Título VII
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Capítulo I
Art. 2º Quando, para a realização de determinado Dos Crimes
ato, for exigida a apresentação de documento de Seção I
identificação, a pessoa que fizer a exigência fará Disposições Gerais
extrair, no prazo de até 5 dias, os dados que Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
interessarem devolvendo em seguida o documento contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão,
ao seu exibidor. sem prejuízo do disposto na legislação penal.
§ 1º - Além do prazo previsto neste artigo (5 dias),
somente por ordem judicial poderá ser retido
qualquer documento de identificação pessoal. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
§ 2º - Quando o documento de identidade for normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao
indispensável para a entrada de pessoa em órgãos processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
públicos ou particulares, serão seus dados anotados
no ato e devolvido o documento IMEDIATAMENTE ao
interessado. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
pública INCONDICIONADA
RETENÇÃO

SEM ORDEM JUDICIAL COM ORDEM JUDICIAL


Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I
Até 5 dias Mais de 5 dias do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos

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com abuso de autoridade, são condicionados à


ocorrência de reincidência. (LEI 13869/19)
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
função, nesse caso, independerá da pena aplicada na autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
reincidência. (LEI 13869/19) constrangimento:
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos.

Seção II
Dos Crimes em Espécie Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de adolescente, tão logo tenha conhecimento da
gestante de manter registro das atividades ilegalidade da apreensão:
desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 Pena - detenção de 6 meses a 2 anos.
desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, onde constem as intercorrências do parto Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo
e do desenvolvimento do neonato: fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos. de liberdade:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de 6 meses a 2 anos.
Pena - detenção de 2 a 6 meses, ou multa.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade


Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de representante do Ministério Público no exercício de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, função prevista nesta Lei:
por ocasião do parto, bem como deixar de proceder Pena - detenção de 6 meses a 2 anos.
aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
Pena - detenção de 2 a 6 meses, ou multa. quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de 2 a 6 anos, e multa.
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
da autoridade judiciária competente: pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos. Pena - reclusão de 1 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem
procede à apreensão sem observância das oferece ou efetiva a paga ou recompensa.
formalidades legais.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato


Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela destinado ao envio de criança ou adolescente para o
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata exterior com inobservância das formalidades legais ou
comunicação à autoridade judiciária competente e à com o fito de obter lucro:
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - reclusão de 4 a 6 anos, e multa.
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos.

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Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave e contra o mesmo objeto material, responderá por um
ameaça ou fraude: único crime, não havendo concurso de crimes nesse
Pena - reclusão, de 6 a 8 anos, além da pena caso. Logo, se o agente fotografou e filmou o ato
correspondente à violência. sexual, no mesmo contexto fático, haverá crime único.
STJ. 5ª Turma. PExt no HC 438.080-MG, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 27/08/2019 (Info 655).
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
Pena – reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.
outro registro que contenha cena de sexo explícito
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia,
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo
Pena – reclusão, de 4 a 8 anos, e multa.
intermedeia a participação de criança ou
adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo,
ou ainda quem com esses contracena
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 se o agente comete o
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio,
crime:
inclusive por meio de sistema de informática ou
I – no exercício de cargo ou função pública ou a
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
pretexto de exercê-la;
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de
envolvendo criança ou adolescente:
coabitação ou de hospitalidade; ou
Pena – reclusão, de 3 a 6 anos, e multa.
III – prevalecendo-se de relações de parentesco
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
consanguíneo ou afim até o 3° grau, ou por adoção,
I – assegura os meios ou serviços para o
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de
de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade
que trata o caput deste artigo;
sobre ela, ou com seu consentimento.
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
O delito do art. 240 do ECA é classificado como crime trata o caput deste artigo
formal, comum, de subjetividade passiva própria, § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o
consistente em tipo misto alternativo. deste artigo são puníveis quando o responsável legal
• Crime formal (consumação antecipada): o delito pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa
se consuma independentemente da ocorrência de um de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata
resultado naturalístico. Assim, a ocorrência de efetivo o caput deste artigo.
abalo psíquico e moral sofrido pela criança ou
adolescente é mero exaurimento do crime, sendo
O grande interesse por material que contenha
irrelevante para a sua consumação. De igual forma, se
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
forem filmadas mais de uma criança ou adolescente,
criança ou adolescente é ínsito ao crime descrito
no mesmo contexto fático, haverá crime único.
no art. 241-A da Lei nº 8.069/90, não sendo
• Crime comum: o sujeito ativo pode ser qualquer
justificável a exasperação da pena-base a título de
pessoa.
conduta social ou personalidade. STJ. 6ª Turma.
• Crime de subjetividade passiva própria: exige-se
REsp 1579578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
uma condição especial da vítima (no caso, exige-se
julgado em 04/02/2020 (Info 666).
que a vítima seja criança ou adolescente).
• Tipo misto alternativo: o legislador descreveu duas
ou mais condutas (verbos). No entanto, se o sujeito
praticar mais de um verbo, no mesmo contexto fático Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de

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registro que contenha cena de sexo explícito ou em cada caso, de acordo com suas especificidades.
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: STJ. 6ª Turma. REsp 1579578-PR, Rel. Min. Rogerio
Pena – reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).
§ 1o A pena é diminuída de 1/3 a 2/3 se de pequena
quantidade o material a que se refere o caput deste Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou

artigo. adolescente em poses nitidamente sensuais, com

§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos

tem a finalidade de comunicar às autoridades por peças de roupas, e incontroversa finalidade sexual

competentes a ocorrência das condutas descritas nos e libidinosa, adéquam, respectivamente, aos tipos do

arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a art. 240 e 241-B do ECA. Portanto, configuram os

comunicação for feita por: crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara

I – agente público no exercício de suas funções; a finalidade sexual e libidinosa de fotografias

II – membro de entidade, legalmente constituída, produzidas e armazenadas pelo agente, com enfoque

que inclua, entre suas finalidades institucionais, o nos órgãos genitais de adolescente — ainda que

recebimento, o processamento e o cobertos por peças de roupas —, e de poses

encaminhamento de notícia dos crimes referidos nitidamente sensuais, em que explorada sua

neste parágrafo; sexualidade com conotação obscena e pornográfica.

III – representante legal e funcionários responsáveis STJ. 6ª Turma. REsp 1543267-SC, Rel. Min. Maria

de provedor de acesso ou serviço prestado por meio Thereza de Assis Moura, julgado em 3/12/2015 (Info

de rede de computadores, até o recebimento do 577).

material relativo à notícia feita à autoridade


policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
manter sob sigilo o material ilícito referido. adolescente em cena de sexo explícito ou
pornográfica por meio de adulteração, montagem ou

Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra

contendo cena de sexo explícito e pornográfica forma de representação visual:

envolvendo crianças e adolescentes e depois Pena – reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.

disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem

arquivos para outra pessoa, esse indivíduo terá vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica

praticado dois crimes ou haverá consunção e ele ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou

responderá por apenas um dos delitos? armazena o material produzido na forma do caput

Em regra, não há automática consunção quando deste artigo.

ocorrem armazenamento e compartilhamento de


material pornográfico infanto-juvenil. Isso porque o
cometimento de um dos crimes não perpassa, Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,

necessariamente, pela prática do outro. No entanto, é por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim

possível a absorção a depender das peculiaridades de de com ela praticar ato libidinoso:

cada caso, quando as duas condutas guardem, entre Pena – reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.

si, uma relação de meio e fim estreitamente Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo I – facilita ou induz o acesso à criança de material

de dependência entre a sucessão de fatos. Se contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o

evidenciado pelo caderno probatório que um dos fim de com ela praticar ato libidinoso;

crimes é absolutamente autônomo, sem relação de II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo

subordinação com o outro, o réu deverá responder com o fim de induzir criança a se exibir de forma

por ambos, em concurso material. A distinção se dá pornográfica ou sexualmente explícita.

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§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a


Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a cassação da licença de localização e de
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” funcionamento do estabelecimento.
compreende qualquer situação que envolva criança
ou adolescente em atividades sexuais explícitas,
reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de
de uma criança ou adolescente para fins menor de 18 anos, com ele praticando infração
primordialmente sexuais penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou quem pratica as condutas ali tipificadas
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos,
arma, munição ou explosivo: inclusive salas de bate-papo da internet.
Pena - reclusão, de 3 a 6 anos. § 2o As penas previstas no caput deste artigo são
aumentadas de 1/3 no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072,
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou de 25 de julho de 1990.
entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer
forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, Súmula 500-STJ: A configuração do crime previsto no
sem justa causa, outros produtos cujos componentes artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente
possam causar dependência física ou psíquica: independe da prova da efetiva corrupção do
Pena - detenção de 2 a 4 anos, e multa, se o fato não menor, por se tratar de delito formal.
constitui crime mais grave.
A prática de crimes em concurso com dois
adolescentes dá ensejo à condenação por dois crimes

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou de corrupção de menores. STJ. 6ª Turma. REsp

entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado

fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, em 10/10/2017 (Info 613).

pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de


provocar qualquer dano físico em caso de utilização Art. 244-B do ECA Art. 218 do CP
indevida:
Trata-se do crime que É um crime contra a
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.
analisamos acima. dignidade sexual do
menor de 14 anos
(considerado vulnerável).
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou Ocorre quando o agente Ocorre quando o agente
à exploração sexual: corrompe ou facilita a induz uma pessoa menor
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da corrupção de uma pessoa de 14 anos a satisfazer a
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa menor de 18 anos, com lascívia de outrem.
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do ele praticando infração Obs: lascívia significa
Adolescente da unidade da Federação (Estado ou penal ou induzindo-o a luxúria (desejo sexual).
Distrito Federal) em que foi cometido o crime, praticá-la.
ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
Sujeito passivo: menor de Sujeito passivo: menor de
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o
18 anos. 14 anos.
gerente ou o responsável pelo local em que se verifique
a submissão de criança ou adolescente às práticas Pena de 1 a 4 anos. Pena de 2 a 5 anos.
referidas no caput deste artigo.

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Trata-se de crime formal. Trata-se de crime I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a


material. reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Corrupção de menores (art. 244-B do ECA). Buscador
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: ilícito de drogas.
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f187a23c3ee681ef6
913f31fd6d6446b> § 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de
princípios, regras, critérios e recursos materiais e
humanos que envolvem as políticas, planos, programas,
LEI 11343/06 - LEI DE DROGAS ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por
adesão, os Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas
TÍTULO I dos Estados, Distrito Federal e Municípios. (LEI
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 13840/2019)
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas § 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social Assistência Social – SUAS. (LEI 13840/2019)
de usuários e dependentes de drogas; estabelece
normas para repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas e define crimes. CAPÍTULO I
Parágrafo único. Para fins desta Lei, CONSIDERAM-SE DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
COMO DROGAS as substâncias ou os produtos DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
capazes de causar dependência, assim especificados DROGAS
em lei ou relacionados em listas atualizadas Art. 4o São princípios do Sisnad:
periodicamente pelo Poder Executivo daa União I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
[NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA]. humana, especialmente quanto à sua autonomia e à
sua liberdade;
II - o respeito à diversidade e às especificidades
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as populacionais existentes;
drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a III - a promoção dos valores éticos, culturais e de
exploração de vegetais e substratos dos quais possam cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como
ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a fatores de proteção para o uso indevido de drogas e
hipótese de autorização legal ou regulamentar, bem outros comportamentos correlacionados;
como o que estabelece a Convenção de Viena, das IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla
Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de participação social, para o estabelecimento dos
1971, a respeito de plantas de uso estritamente fundamentos e estratégias do Sisnad;
ritualístico-religioso. V - a promoção da responsabilidade compartilhada
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a entre Estado e Sociedade, reconhecendo a
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput importância da participação social nas atividades do
deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou Sisnad;
científicos, em local e prazo predeterminados, VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas correlacionados com o uso indevido de drogas, com a
supramencionadas. sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e
internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e
TÍTULO II reinserção social de usuários e dependentes de drogas
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE e de repressão à sua produção não autorizada e ao seu
DROGAS tráfico ilícito;
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar,
organizar e coordenar as atividades relacionadas com:

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VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e estadual e municipal e se constitui matéria definida no
dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à regulamento desta Lei.
cooperação mútua nas atividades do Sisnad;
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que CAPÍTULO II
reconheça a interdependência e a natureza (LEI 13840/2019)
complementar das atividades de prevenção do uso DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE
indevido, atenção e reinserção social de usuários e DROGAS
dependentes de drogas, repressão da produção não Seção I
autorizada e do tráfico ilícito de drogas; (LEI 13840/2019)
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de Da Composição do Sistema Nacional de Políticas
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social Públicas sobre Drogas
de usuários e dependentes de drogas e de repressão à Art. 7º A organização do Sisnad assegura a orientação
sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, central e a execução descentralizada das atividades
visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social; realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital,
XI - a observância às orientações e normas emanadas estadual e municipal e se constitui matéria definida no
do Conselho Nacional Antidrogas – Conad. regulamento desta Lei.

Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos: Seção II (LEI 13840/2019)


I - contribuir para a inclusão social do cidadão, Das Competências
visando a torná-lo menos vulnerável a assumir Art. 8º-A. Compete à União:(LEI 13840/2019)
comportamentos de risco para o uso indevido de I - formular e coordenar a execução da Política
drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos Nacional sobre Drogas; (LEI 13840/2019)
correlacionados; II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre
II - promover a construção e a socialização do Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal,
conhecimento sobre drogas no país; Municípios e a sociedade; (LEI 13840/2019)
III - promover a integração entre as políticas de III - coordenar o Sisnad; (LEI 13840/2019)
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e
de usuários e dependentes de drogas e de repressão à funcionamento do Sisnad e suas normas de referência;
sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as (LEI 13840/2019)
políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas,
Executivo da União, Distrito Federal, Estados e prioridades, indicadores e definir formas de
Municípios; financiamento e gestão das políticas sobre drogas;
IV - assegurar as condições para a coordenação, a (LEI 13840/2019)
integração e a articulação das atividades de que trata o VI – (VETADO); (LEI 13840/2019)
art. 3o desta Lei. VII – (VETADO); (LEI 13840/2019)
VIII - promover a integração das políticas sobre
drogas com os Estados, o Distrito Federal e os
CAPÍTULO II Municípios; (LEI 13840/2019)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e
DROGAS (LEI 13840/2019) Municípios, a execução das políticas sobre drogas,
Seção I observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad;
Da Composição do Sistema Nacional de Políticas (LEI 13840/2019)
Públicas sobre Drogas (LEI 13840/2019) X - estabelecer formas de colaboração com Estados,
Art. 7o A organização do Sisnad assegura a orientação Distrito Federal e Municípios para a execução das
central e a execução descentralizada das atividades políticas sobre drogas; (LEI 13840/2019)
realizadas em seu âmbito, nas esferas federal, distrital,

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XI - garantir publicidade de dados e informações sobre aos usuários ou dependentes de drogas; (LEI
repasses de recursos para financiamento das políticas 13840/2019)
sobre drogas; (LEI 13840/2019) VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo
XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, com
nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento, objetivo de promover a inserção profissional da
reinserção social e econômica e repressão ao tráfico pessoa que haja cumprido o plano individual de
ilícito de drogas; (LEI 13840/2019) atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento;
XIII - adotar medidas de enfrentamento aos crimes (LEI 13840/2019)
transfronteiriços; e (LEI 13840/2019) IX - promover formas coletivas de organização para
XIV - estabelecer uma política nacional de controle o trabalho, redes de economia solidária e o
de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas cooperativismo, como forma de promover
no País. (LEI 13840/2019) autonomia ao usuário ou dependente de drogas
egresso de tratamento ou acolhimento, observando-se
as especificidades regionais; (LEI 13840/2019)
CAPÍTULO II-A (LEI 13840/2019) X - propor a formulação de políticas públicas que
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS conduzam à efetivação das diretrizes e princípios
Seção I (LEI 13840/2019) previstos no art. 22; (LEI 13840/2019)
Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas XI - articular as instâncias de saúde, assistência social e
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e (LEI
sobre Drogas, dentre outros: (LEI 13840/2019) 13840/2019)
I - promover a interdisciplinaridade e integração dos XII - promover estudos e avaliação dos resultados das
programas, ações, atividades e projetos dos órgãos políticas sobre drogas. (LEI 13840/2019)
e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, § 1º O plano de que trata ocaput terá duração de 5
educação, trabalho, assistência social, previdência anos a contar de sua aprovação.
social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à § 2º O poder público deverá dar a mais ampla
prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas
social dos usuários ou dependentes de drogas; (LEI sobre Drogas.
13840/2019)
II - viabilizar a ampla participação social na Seção II
formulação, implementação e avaliação das políticas (LEI 13840/2019)
sobre drogas; (LEI 13840/2019) Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
articulados com os estabelecimentos de ensino, com a constituídos por Estados, Distrito Federal e
sociedade e com a família para a prevenção do uso de Municípios, terão os seguintes objetivos: (LEI
drogas; (LEI 13840/2019) 13840/2019)
IV - ampliar as alternativas de inserção social e I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas; (LEI
econômica do usuário ou dependente de drogas, 13840/2019)
promovendo programas que priorizem a melhoria de II - colaborar com os órgãos governamentais no
sua escolarização e a qualificação profissional; (LEI planejamento e na execução das políticas sobre drogas,
13840/2019) visando à efetividade das políticas sobre drogas; (LEI
V - promover o acesso do usuário ou dependente de 13840/2019)
drogas a todos os serviços públicos; (LEI 13840/2019) III - propor a celebração de instrumentos de
VI - estabelecer diretrizes para garantir a efetividade cooperação, visando à elaboração de programas, ações,
dos programas, ações e projetos das políticas sobre atividades e projetos voltados à prevenção, tratamento,
drogas; (LEI 13840/2019) acolhimento, reinserção social e econômica e repressão
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento ao tráfico ilícito de drogas; (LEI 13840/2019)
telefônico com orientações e informações para apoio

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IV - promover a realização de estudos, com o objetivo Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de
de subsidiar o planejamento das políticas sobre drogas; drogas devem observar os seguintes princípios e
(LEI 13840/2019) diretrizes:
V - propor políticas públicas que permitam a I - o reconhecimento do uso indevido de drogas
integração e a participação do usuário ou como fator de interferência na qualidade de vida do
dependente de drogas no processo social, indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual
econômico, político e cultural no respectivo ente pertence;
federado; e (LEI 13840/2019) II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação
VI - desenvolver outras atividades relacionadas às científica como forma de orientar as ações dos serviços
políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e públicos comunitários e privados e de evitar
com os respectivos planos. (LEI 13840/2019) preconceitos e estigmatização das pessoas e dos
serviços que as atendam;
CAPÍTULO IV (LEI 13840/2019) III - o fortalecimento da autonomia e da
DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS responsabilidade individual em relação ao uso indevido
POLÍTICAS SOBRE DROGAS de drogas;
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
atenção à saúde e da assistência social que atendam colaboração mútua com as instituições do setor privado
usuários ou dependentes de drogas devem comunicar e com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários
ao órgão competente do respectivo sistema municipal e dependentes de drogas e respectivos familiares, por
de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos, meio do estabelecimento de parcerias;
preservando a identidade das pessoas, conforme V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e
orientações emanadas da União. adequadas às especificidades socioculturais das
diversas populações, bem como das diferentes drogas
utilizadas;
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
tráfico ilícito de drogas integrarão o sistema de do uso” e da redução de riscos como resultados
informações do Poder Executivo. desejáveis das atividades de natureza preventiva,
quando da definição dos objetivos a serem alcançados;
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
TÍTULO III vulneráveis da população, levando em consideração
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO, as suas necessidades específicas;
ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE VIII - a articulação entre os serviços e organizações que
USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS atuam em atividades de prevenção do uso indevido de
CAPÍTULO I drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes
DA PREVENÇÃO de drogas e respectivos familiares;
Seção I IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais,
Das Diretrizes artísticas, profissionais, entre outras, como forma de
(LEI 13840/2019) inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso X - o estabelecimento de políticas de formação
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas continuada na área da prevenção do uso indevido de
direcionadas para a redução dos fatores de drogas para profissionais de educação nos 3 níveis de
vulnerabilidade e risco e para a promoção e o ensino;
fortalecimento dos fatores de proteção. XI - a implantação de projetos pedagógicos de
prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições
de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes
Curriculares Nacionais e aos conhecimentos
relacionados a drogas;

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XII - a observância das orientações e normas emanadas qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos
do Conad; associados ao uso de drogas.
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
social de políticas setoriais específicas.
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente usuário ou do dependente de drogas e respectivos
deverão estar em consonância com as diretrizes familiares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas
emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da para sua integração ou reintegração em redes
Criança e do Adolescente - Conanda. sociais.
Seção II
(LEI 13840/2019)
Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção
Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de Políticas social do usuário e do dependente de drogas e
sobre Drogas, comemorada anualmente, na quarta respectivos familiares devem observar os seguintes
semana de junho.(LEI 13840/2019) princípios e diretrizes:
§ 1º No período de que trata o caput, serão I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
intensificadas as ações de:(LEI 13840/2019) independentemente de quaisquer condições,
I - difusão de informações sobre os problemas observados os direitos fundamentais da pessoa
decorrentes do uso de drogas;(LEI 13840/2019) humana, os princípios e diretrizes do Sistema Único de
II - promoção de eventos para o debate público sobre Saúde e da Política Nacional de Assistência Social;
as políticas sobre drogas;(LEI 13840/2019) II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e
III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento, reinserção social do usuário e do dependente de
acolhimento e reinserção social e econômica de drogas e respectivos familiares que considerem as suas
usuários de drogas;(LEI 13840/2019) peculiaridades socioculturais;
IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de III - definição de projeto terapêutico individualizado,
prevenção do uso indevido de drogas;(LEI 13840/2019) orientado para a inclusão social e para a redução de
V - mobilização da comunidade para a participação nas riscos e de danos sociais e à saúde;
ações de prevenção e enfrentamento às drogas;(LEI IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
13840/2019) respectivos familiares, sempre que possível, de forma
VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos na Lei multidisciplinar e por equipes multiprofissionais;
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes V - observância das orientações e normas emanadas do
e Bases da Educação Nacional, na realização de Conad;
atividades de prevenção ao uso de drogas.(LEI VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
13840/2019) social de políticas setoriais específicas.
VII -estímulo à capacitação técnica e profissional;(LEI
13840/2019)
CAPÍTULO II VIII - efetivação de políticas de reinserção social
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO, voltadas à educação continuada e ao trabalho;(LEI
ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E 13840/2019)
ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE IX - observância do plano individual de atendimento na
DROGAS(LEI 13840/2019) forma do art. 23-B desta Lei;(LEI 13840/2019)
Seção I X - orientação adequada ao usuário ou dependente de
Disposições Gerais (LEI 13840/2019) drogas quanto às consequências lesivas do uso de
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário drogas, ainda que ocasional.(LEI 13840/2019)
e dependente de drogas e respectivos familiares,
para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da
Seção II

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Da Educação na Reinserção Social e Econômica(LEI gerais, dotados de equipes multidisciplinares e


13840/2019) deverá ser obrigatoriamente autorizada por médico
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes devidamente registrado no Conselho Regional de
do Sisnad terão atendimento nos programas de Medicina - CRM do Estado onde se localize o
educação profissional e tecnológica, educação de estabelecimento no qual se dará a internação.(LEI
jovens e adultos e alfabetização. (LEI 13840/2019) 13840/2019)
§ 3º São considerados 2 tipos de internação: (LEI
13840/2019)
Seção IV I - INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA: aquela que se dá com
Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas o consentimento do dependente de drogas;(LEI
(LEI 13840/2019) 13840/2019)
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos II - INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA: aquela que se dá,
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios sem o consentimento do dependente, a pedido de
desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao familiar ou do responsável legal ou, na absoluta
dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do falta deste, de servidor público da área de saúde, da
Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art. assistência social ou dos órgãos públicos
22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária integrantes do Sisnad, com exceção de servidores
adequada. da área de segurança pública, que constate a
existência de motivos que justifiquem a medida.(LEI
13840/2019)
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente § 4º A internação voluntária:(LEI 13840/2019)
de drogas deverá ser ordenado em uma rede de I - deverá ser precedida de declaração escrita da
atenção à saúde, com prioridade para as pessoa solicitante de que optou por este regime de
modalidades de tratamento ambulatorial, incluindo tratamento;(LEI 13840/2019)
excepcionalmente formas de internação em II - seu término dar-se-á por determinação do
unidades de saúde e hospitais gerais nos termos de médico responsável ou por solicitação escrita da
normas dispostas pela União e articuladas com os pessoa que deseja interromper o tratamento.(LEI
serviços de assistência social e em etapas que 13840/2019)
permitam:(LEI 13840/2019) § 5º A internação involuntária:(LEI 13840/2019)
I - articular a atenção com ações preventivas que I - deve ser realizada após a formalização da decisão
atinjam toda a população;(LEI 13840/2019) por médico responsável; (LEI 13840/2019)
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de
baseados em evidências científicas, oferecendo droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese
atendimento individualizado ao usuário ou dependente comprovada da impossibilidade de utilização de
de drogas com abordagem preventiva e, sempre que outras alternativas terapêuticas previstas na rede de
indicado, ambulatorial;(LEI 13840/2019) atenção à saúde;(LEI 13840/2019)
III - preparar para a reinserção social e econômica, III - perdurará apenas pelo tempo necessário à
respeitando as habilidades e projetos individuais desintoxicação, no prazo máximo de 90 dias, tendo
por meio de programas que articulem educação, seu término determinado pelo médico
capacitação para o trabalho, esporte, cultura e responsável;(LEI 13840/2019)
acompanhamento individualizado; e(LEI 13840/2019) IV - a família ou o representante legal poderá, a
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e Sisnad, qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção
de forma articulada.(LEI 13840/2019) do tratamento.(LEI 13840/2019)
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos § 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só
de tratamento, em âmbito nacional.(LEI 13840/2019) será indicada quando os recursos extra-hospitalares
§ 2º A internação de dependentes de drogas somente se mostrarem insuficientes.(LEI 13840/2019)
será realizada em unidades de saúde ou hospitais

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§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta Lei § 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a
deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto
horas, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e terapêutico que atender o usuário ou dependente de
a outros órgãos de fiscalização, por meio de sistema drogas e será atualizado ao longo das diversas fases do
informatizado único, na forma do regulamento desta atendimento.(LEI 13840/2019)
Lei.(LEI 13840/2019) § 5º Constarão do plano individual, no mínimo:(LEI
§ 8º É garantido o sigilo das informações disponíveis 13840/2019)
no sistema referido no § 7º e o acesso será permitido I - os resultados da avaliação multidisciplinar;(LEI
apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena 13840/2019)
de responsabilidade.(LEI 13840/2019) II - os objetivos declarados pelo atendido;(LEI
§ 9º É vedada a realização de qualquer modalidade de 13840/2019)
internação nas comunidades terapêuticas III - a previsão de suas atividades de integração social
acolhedoras.(LEI 13840/2019) ou capacitação profissional;(LEI 13840/2019)
§ 10. O planejamento e a execução do projeto IV - atividades de integração e apoio à família;(LEI
terapêutico individual deverão observar, no que couber, 13840/2019)
o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que V - formas de participação da família para efetivo
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas cumprimento do plano individual;(LEI 13840/2019)
portadoras de transtornos mentais e redireciona o VI - designação do projeto terapêutico mais adequado
modelo assistencial em saúde mental. (LEI 13840/2019) para o cumprimento do previsto no plano; e(LEI
13840/2019)
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do
Seção V atendido.(LEI 13840/2019)
Do Plano Individual de Atendimento(LEI 13840/2019) § 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 dias da
Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou dependente data do ingresso no atendimento.(LEI 13840/2019)
de drogas na rede de atenção à saúde dependerá § 7º As informações produzidas na avaliação e as
de:(LEI 13840/2019) registradas no plano individual de atendimento são
I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e consideradas sigilosas(LEI 13840/2019)
multissetorial; e(LEI 13840/2019)
II - elaboração de um Plano Individual de
Atendimento - PIA.(LEI 13840/2019) Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a Municípios poderão conceder benefícios às instituições
elaboração e execução do projeto terapêutico privadas que desenvolverem programas de reinserção
individual a ser adotado, levantando no mínimo: (LEI no mercado de trabalho, do usuário e do dependente
13840/2019) de drogas encaminhados por órgão oficial.
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e(LEI
13840/2019)
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins
dependente de drogas ou das pessoas com as quais lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e
convive.(LEI 13840/2019) da assistência social, que atendam usuários ou
§ 2º (VETADO). dependentes de drogas poderão receber recursos do
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos Funad, condicionados à sua disponibilidade
familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de orçamentária e financeira.
contribuir com o processo, sendo esses, no caso de
crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização
civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em
8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do razão da prática de infração penal, estiverem
Adolescente.(LEI 13840/2019) cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a

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medida de segurança, têm garantidos os serviços de PESSOAL, drogas sem autorização ou em desacordo
atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema com determinação legal ou regulamentar será
penitenciário. submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade (PSC);
Seção VI III - medida educativa de comparecimento a
Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica programa ou curso educativo.
Acolhedora § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
(LEI 13840/2019) consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente de destinadas à preparação de pequena quantidade de
drogas na comunidade terapêutica acolhedora substância ou produto capaz de causar dependência
caracteriza-se por:(LEI 13840/2019) física ou psíquica.
I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou § 2o Para determinar se a droga destinava-se a
dependente de drogas que visam à abstinência;(LEI consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
13840/2019) quantidade da substância apreendida, ao local e às
II - adesão e permanência voluntária, formalizadas por condições em que se desenvolveu a ação, às
escrito, entendida como uma etapa transitória para a circunstâncias sociais e pessoais, bem como à
reinserção social e econômica do usuário ou conduta e aos antecedentes do agente.
dependente de drogas;(LEI 13840/2019) § 3o As penas previstas nos incisos II (PSC) e III
III - ambiente residencial, propício à formação de (COMPARECIMENTO A PROGRAMA/CURSO
vínculos, com a convivência entre os pares, atividades EDUCATIVO) do caput deste artigo serão aplicadas
práticas de valor educativo e a promoção do pelo prazo máximo de 5 meses.
desenvolvimento pessoal, vocacionada para § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos
acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
vulnerabilidade social;(LEI 13840/2019) pelo prazo máximo de 10 meses.
IV - avaliação médica prévia;(LEI 13840/2019) § 5o A prestação de serviços à comunidade será
V - elaboração de plano individual de atendimento na cumprida em programas comunitários, entidades
forma do art. 23-B desta Lei; e(LEI 13840/2019) educacionais ou assistenciais, hospitais,
VI - vedação de isolamento físico do usuário ou estabelecimentos congêneres, públicos ou privados
dependente de drogas.(LEI 13840/2019) sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente,
§ 1º Não são elegíveis para o acolhimento as pessoas da prevenção do consumo ou da recuperação de
com comprometimentos biológicos e psicológicos de usuários e dependentes de drogas.
natureza grave que mereçam atenção § 6o Para garantia do cumprimento das medidas
médico-hospitalar contínua ou de emergência, caso em educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III,
que deverão ser encaminhadas à rede de saúde.(LEI a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o
13840/2019) juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
CAPÍTULO III II - multa.
DOS CRIMES E DAS PENAS § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser disposição do infrator, gratuitamente,
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como estabelecimento de saúde, preferencialmente
substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério ambulatorial, para tratamento especializado.
Público e o defensor.
O porte de drogas para consumo pessoal foi
DESPENALIZADO, isto é, continua sendo crime, mas
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, PARA CONSUMO

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as sanções aplicadas são mais leves, sem que haja a Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição
privação da liberdade. da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
Cabível transação penal e suspensão condicional do
processo.

STJ: A condenação pelo art. 28 da Lei 11.343/2006 Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição
(porte de droga para uso próprio) NÃO CONFIGURA [Prescrição da pretensão punitiva] E A EXECUÇÃO
REINCIDÊNCIA (REsp 1672654/SP) das penas [Prescrição da pretensão executória],
observado, no tocante à interrupção do prazo, o
A reincidência de que trata o § 4º é a reincidência
disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.
específica.
Assim, se um indivíduo já condenado definitivamente
por roubo, pratica o crime do art. 28, ele não se
TÍTULO IV
enquadra no § 4º. Isso porque se trata de reincidente
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO
genérico.
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
O § 4º ao falar de reincidente, está se referindo ao
CAPÍTULO I
crime do caput do art. 28.STJ. 6ª Turma. REsp
DISPOSIÇÕES GERAIS
1771304-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade
10/12/2019 (Info 662).
competente para produzir, extrair, fabricar,
O processamento do réu pela prática da conduta transformar, preparar, possuir, manter em depósito,
descrita no art. 28 da Lei de Drogas no curso do importar, exportar, reexportar, remeter, transportar,
período de prova deve ser considerado como causa de expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou
revogação facultativa da suspensão condicional do adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima
processo. STJ. 5ª Turma. REsp 1.795.962-SP, Rel. Min. destinada à sua preparação, observadas as demais
Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info 668). exigências legais.

Nos termos do art. 28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006, não


é apenas a quantidade de drogas que constitui fator É incabível salvo-conduto para o cultivo da cannabis
determinante para a conclusão de que a substância se visando a extração do óleo medicinal, ainda que na
destinava a consumo pessoal, mas também o local e quantidade necessária para o controle da epilepsia,
as condições em que se desenvolveu a ação, as posto que a autorização fica a cargo da análise do
circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta caso concreto pela ANVISA. STJ. 5ª Turma. RHC
e os antecedentes do agente. STJ. 6ª Turma. AgRg no 123.402-RS, Rel.Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
AREsp 1740201/AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
julgado em 17/11/2020.

Art. 32. As plantações ilícitas serão IMEDIATAMENTE


Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se DESTRUÍDAS pelo delegado de polícia na forma do
o
refere o inciso II (MULTA) do § 6 do art. 28, o juiz, art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para
atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o exame pericial, de tudo lavrando auto de
número de dias-multa, em quantidade nunca levantamento das condições encontradas, com a
inferior a 40 nem superior a 100, atribuindo depois a delimitação do local, asseguradas as medidas
cada um, segundo a capacidade econômica do necessárias para a preservação da prova.
agente, o valor de 1/30 avos até 3 vezes o valor do
maior salário mínimo. Destruição imediata quando não tenha ocorrido a
prisão em flagrante

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Forma de destruição: será feita por incineração (Art. Art. 4° As glebas referidas nesta lei, sujeitas à
50-A) expropriação, são aquelas possuídas a qualquer
título.
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir
a plantação, observar-se-á, além das cautelas
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto CAPÍTULO II
o
no Decreto n 2.661, de 8 de julho de 1998, no que DOS CRIMES
couber, DISPENSADA a autorização prévia do órgão Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
Sisnama. em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
o
§ 4 As glebas cultivadas com plantações ilícitas prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
da Constituição Federal, de acordo com a legislação em em desacordo com determinação legal ou
vigor. regulamentar:
Pena - reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a
Lei 8257/91. 1.500 dias-multa.
Art. 1° As glebas de qualquer região do país onde
forem localizadas culturas ilegais de plantas A materialidade do crime de tráfico de entorpecentes
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e pode ser atestada por outros meios idôneos
especificamente destinadas ao assentamento de existentes nos autos quando não houve apreensão da
colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e droga e não foi possível realizar o exame pericial,
medicamentosos, sem qualquer indenização ao especialmente se encontrado entorpecentes com
proprietário e sem prejuízo de outras sanções outros corréus ou integrantes da organização
previstas em lei, conforme o art. 243 da Constituição criminosa. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1116262/GO,
Federal. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/11/2018.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor
econômico apreendido em decorrência do tráfico § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
ilícito de entorpecentes e drogas afins será I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
confiscado e reverterá em benefício de instituições vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
e pessoal especializado no tratamento e depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
recuperação de viciados e no aparelhamento e gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
custeio de atividades de fiscalização, controle, determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
prevenção e repressão do crime de tráfico dessas insumo ou produto químico destinado à preparação de
substâncias. drogas;
Art. 2° Para efeito desta lei, plantas psicotrópicas são
aquelas que permitem a obtenção de substância
A conduta de transportar folhas de coca melhor se
entorpecente proscrita, plantas estas elencadas no
amolda, em tese e para a definição de competência,
rol emitido pelo órgão sanitário competente do
ao tipo descrito no § 1º, I, do art. 33 da Lei nº
Ministério da Saúde.
11.343/2006, que criminaliza o transporte de
Parágrafo único. A autorização para a cultura de
matéria-prima destinada à preparação de drogas. STJ.
plantas psicotrópicas será concedida pelo órgão
3ª Seção. CC 172.464-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da
competente do Ministério da Saúde, atendendo
Fonseca, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
exclusivamente a finalidades terapêuticas e científicas.
Art. 3° A cultura das plantas psicotrópicas
caracteriza-se pelo preparo da terra destinada a II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
semeadura, ou plantio, ou colheita. em desacordo com determinação legal ou

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regulamentar, de plantas que se constituam em Não tem natureza hedionda (STF).


matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que É crime formal.

tem a propriedade, posse, administração, guarda ou É possível substituir a PPL pela PRD no crime de tráfico
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda privilegiado (Art. 33, § 4º) se preencherem os
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo requisitos legais do Art. 44, CP (STJ).
com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico
A natureza e a quantidade da droga NÃO podem
ilícito de drogas.
ser utilizadas simultaneamente para justificar o
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
aumento da pena-base e afastar a redução
insumo ou produto químico destinado à preparação
prevista no §4º do art. 33 da Lei 11.343/06, sob pena
de drogas, sem autorização ou em desacordo com a
de caracterizar bis in idem (STJ).
determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos A quantidade de drogas encontrada não constitui,
probatórios razoáveis de conduta criminal isoladamente, fundamento idôneo para negar o
preexistente. (LEI 13964/19) benefício da redução da pena previsto no art. 33, §
4º, da Lei nº 11.343/2006 (STF).
JDPP 7 Não fica caracterizado o crime do inciso IV do Inquéritos policiais e/ou ações penais em curso
§ 1º do artigo 33 da Lei 11.343/2006, incluído pela Lei podem ser utilizados para afastar a aplicação do
Anticrime, quando o policial disfarçado provoca, privilégio (STJ EREsp 1431091-SP)
induz, estimula ou incita alguém a vender ou a
entregar drogas ou matéria-prima, insumo ou Não é possível a fixação de regime de

produto químico destinado à sua preparação cumprimento de pena fechado ou semiaberto para

(flagrante preparado), sob pena de violação do art. 17 crime de tráfico privilegiado de drogas sem a

do Código Penal e da Súmula 145 do Supremo devida justificação.

Tribunal Federal. Não se admite a fixação automática do regime


fechado ou semiaberto pelo simples fato de ser
tráfico de drogas.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
Não se admite, portanto, que o regime semiaberto
indevido de droga:
tenha sido fixado utilizando-se como único
Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa de 100 a 300
fundamento o fato de ser crime de tráfico, não
dias-multa.
obstante se tratar de tráfico privilegiado e ser o réu
§ 3o [CRIME DE USO COMPARTILHADO] Oferecer
primário, com bons antecedentes.
droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a
A gravidade em abstrato do crime não constitui
pessoa de seu relacionamento, para juntos a
motivação idônea para justificar a fixação do regime
consumirem:
mais gravoso.
Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de
STF. 1ª Turma. HC 163231/SP, rel. orig.Min. Marco
700 a 1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
previstas no art. 28.
julgado em 25/6/2019 (Info 945).
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste
artigo, as penas poderão ser reduzidas de 1/6 a 2/3, A habitualidade no crime e o pertencimento a
vedada a conversão em penas restritivas de direitos, organizações criminosas deverão ser comprovados
desde que o agente seja primário, de bons pela acusação, não sendo possível que o benefício
antecedentes, não se dedique às atividades seja afastado por simples presunção. Assim, se não
criminosas nem integre organização criminosa. houver prova nesse sentido, o condenado fará jus à
TRÁFICO PRIVILEGIADO. redução da pena.
A quantidade e a natureza são circunstâncias que,
apesar de configurarem elementos determinantes na
Requisitos devem ser cumulados (STF/STJ).

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definição do quanto haverá de diminuição, não são infracional pode ser prevista no § 4º do art. 33
elementos que, por si sós, possam indicar o considerado para da Lei 11.343/2006 é
envolvimento com o crime organizado ou a dedicação afastar a minorante do aplicada desde que o
a atividades criminosas. art. 33, § 4.º, da Lei nº agente seja primário,
Vale ressaltar, por fim, que é possível a aplicação 11.343/2006, por meio possua bons
deste benefício mesmo para condenados por tráfico de fundamentação antecedentes, não se
transnacional de drogas. STF. 2ª Turma. HC 152001 idônea que aponte a dedique às atividades
AgR/MT, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o existência de criminosas nem integre
ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/10/2019 (Info circunstâncias organização criminosa.
958). excepcionais, nas quais 3. Na linha dos

A previsão da redução de pena contida no § 4º do art. se verifique a gravidade precedentes desta

33 da Lei nº 11.343/2006 tem como fundamento de atos pretéritos, Colenda Turma, a

distinguir o traficante contumaz e profissional daquele devidamente menção a atos

iniciante na vida criminosa, bem como do que se documentados nos infracionais praticados

aventura na vida da traficância por motivos que, por autos, bem como a pelo agente não

vezes, confundem-se com a sua própria sobrevivência razoável proximidade consiste

e/ou de sua família. Assim, para legitimar a não temporal com o crime fundamentação idônea

aplicação do redutor é essencial a fundamentação em apuração. STJ. 3ª para afastar a

corroborada em elementos capazes de afastar um Seção. EREsp minorante em exame.

dos requisitos legais, sob pena de desrespeito ao 1.916.596-SP, Rel. Min. Esse entendimento está

princípio da individualização da pena e de Joel Ilan Paciornik, Rel. em consonância com

fundamentação das decisões judiciais. Desse modo, Acd. Min. Laurita Vaz, sistema de proteção

a habitualidade e o pertencimento a organizações julgado em 08/09/2021 integral assegurado a

criminosas deverão ser comprovados, não valendo a (Info 712) crianças e adolescentes

simples presunção. Não havendo prova nesse sentido, por nosso ordenamento

o condenado fará jus à redução de pena. Em outras jurídico. (HC 202574 AgR,

palavras, militará em favor do réu a presunção de Relator(a): EDSON

que é primário e de bons antecedentes e de que FACHIN, Segunda Turma,

não se dedica a atividades criminosas nem integra julgado em 17/08/2021,

organização criminosa. O ônus de provar o contrário PROCESSO ELETRÔNICO

é do Ministério Público. Assim, o STF considerou DJe-185 DIVULG

preenchidas as condições da aplicação da redução de 15-09-2021 PUBLIC

pena, por se estar diante de ré primária, com bons 16-09-2021)

antecedentes e sem indicação de pertencimento a


organização criminosa. STF. 2ª Turma. HC 154694
AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
Gilmar Mendes, julgado em 4/2/2020 (Info 965). vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer
O histórico infracional é suficiente para afastar a
objeto destinado à fabricação, preparação,
causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei
produção ou transformação de drogas, sem
11.343/2006?
autorização ou em desacordo com determinação legal

SIM NÃO ou regulamentar:


Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 1.200 a
O histórico de ato 2. A causa de diminuição 2.000 dias-multa.

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O art. 34 fica absorvido pelo art. 33, se ambos forem qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
praticados no mesmo contexto. Princípio da e 34 desta Lei:
consunção. Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de 300 a
700 dias-multa.

Art. 35. Associarem-se 2 ou mais pessoas para o fim


Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas,
de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
doses excessivas ou em desacordo com determinação
Lei:
legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de
1.200 dias-multa.
50 a 200 dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
artigo incorre quem se associa para a prática
Conselho Federal da categoria profissional a que
reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei
pertença o agente.
[Associação para o financiamento do tráfico].

A associação deve ser permanente e estável.


É necessário que o sujeito ativo esteja no exercício da
Não é equiparado a crime hediondo. profissão.

O delito é praticado somente nas três hipóteses


ASSOCIAÇÃO ASSOCIAÇÃO ORGANIZAÇÃO
previstas no tipi:
PARA O CRIMINOSA CRIMINOSA
a) Droga desnecessária ao paciente
TRÁFICO
b) Droga necessária, mas em quantidade excessiva
2 ou + pessoas 3 ou + pessoas 4 ou + pessoas c) Droga necessária, mas em desacordo com
determinação legal.

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos


crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o
Lei: consumo de drogas, expondo a dano potencial a
Pena - reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a incolumidade de outrem:
4.000 dias-multa. Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da
apreensão do veículo, cassação da habilitação
Exceção à teoria monista do concurso de pessoas: respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo
se o agente financia o tráfico praticado por terceiro, da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento
cada um responderá por um crime autônomo – um de 200 a 400 dias-multa.
por tráfico (art. 33, caput) e o outro por financiamento Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
ou custeio do tráfico (art. 36). cumulativamente com as demais, serão de 4 a 6 anos e
de 400 a 600 dias-multa, se o veículo referido no caput
Difere do Autofinanciamento, que é aquele que
deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.
financia a sua própria atividade ilícita – responde pelo
art. 33, caput c/c art. 40, VII.

Crime de perigo concreto, pois é necessário que fique


provado o efetivo perigo à incolumidade de outrem.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo,
organização ou associação destinados à prática de Derrogou o art. 34 da LCP.

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Para a incidência da majorante prevista no art. 40,


Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei inciso III, da Lei nº 11.343/2006 é desnecessária a
são aumentadas de um 1/6 a 2/3, se: efetiva comprovação de que a mercancia tinha por
I - a natureza, a procedência da substância ou do objetivo atingir os estudantes, sendo suficiente que a
produto apreendido e as circunstâncias do fato prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos, ou
evidenciarem a transnacionalidade do delito; seja, nas imediações de tais estabelecimentos, diante
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de da exposição de pessoas ao risco inerente à atividade
função pública ou no desempenho de missão de criminosa da narcotraficância. STJ. 6ª Turma. AgRg no
educação, poder familiar, guarda ou vigilância; REsp 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
III - a infração tiver sido cometida nas dependências 12/09/2017. STJ. 6ª Turma. HC 359088/SP. Maria
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016.
ensino ou hospitalares, de sedes de entidades
estudantis, sociais, culturais, recreativas, A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40,

esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica quando

coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou constatada a comercialização de drogas nas

diversões de qualquer natureza, de serviços de dependências ou imediações de estabelecimentos

tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa

social, de unidades militares ou policiais ou em ou não aos frequentadores daquele local. Assim, se o

transportes públicos; tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um


estabelecimento prisional, incidirá a causa de
aumento, não importando quem seja o comprador do
Se o agente comanda o tráfico de drogas de dentro do
entorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min.
presídio, deverá incidir a causa de aumento de pena
Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).
do art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006, mesmo que os
efeitos destes atos tenham se manifestado a
quilômetros de distância. Incide a causa de aumento de pena prevista no
Não é necessário que a droga passe por dentro do inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006 em caso
presídio para que incida a majorante prevista no art. de tráfico de drogas cometido nas dependências
40, III, da Lei nº 11.343/2006. Esse dispositivo não faz a ou nas imediações de igreja?
exigência de que as drogas efetivamente passem por
SIM
dentro dos locais que se busca dar maior proteção,
mas apenas que o cometimento dos crimes tenha Justificada a incidência da causa de aumento prevista
ocorrido em seu interior. STJ. 5ª Turma. HC no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, uma vez
440888-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em consta nos autos a existência de igreja evangélica a
15/10/2019 (Info 659). aproximadamente 23 metros de distância do local
onde a traficância era realizada.
Não incide a causa de aumento de pena prevista no
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 668.934/MG, Rel. Min.
art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, se a prática de
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/06/2021.
narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não
Os julgados que adotam essa corrente não discutem,
facilite a prática criminosa e a disseminação de
com profundidade a ausência expressa das igrejas no
drogas em área de maior aglomeração de pessoas.
rol da lei.
STJ. 6ª Turma. REsp 1719792-MG, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018 (Info NÃO
622). O tráfico de drogas cometido em local próximo a
igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das
majorantes previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº
11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado

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com esse fim tendo em vista que no Direito Penal não será possível a condenação por aquele delito,
incriminador não se admite a analogia in malam mas apenas a majoração da sua pena com base no
partem. Caso o legislador quisesse punir de forma art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. REsp
mais gravosa também o fato de o agente cometer o 1622781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
delito nas dependências ou nas imediações de igreja, em 22/11/2016 (Info 595).
teria feito expressamente, assim como fez em relação
aos demais locais. STJ. 6ª Turma. HC 528.851-SP, Rel. JDPP 2 Para a aplicação do artigo 40, inciso VI, da Lei
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 n. 11.343/2006, é necessária a prova de que a
(Info 671). criança ou adolescente atua ou é utilizada, de
Esse entendimento é baseado no fato de que as qualquer forma, para a prática do crime, ou figura
igrejas não estão listadas expressamente no rol do como vítima, não sendo a mera presença da criança
inciso III do art 40 da LD. ou adolescente no contexto delitivo causa suficiente
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Incide a causa de aumento de pena prevista no para a incidência da majorante.
inciso III do art 40 da Lei nº 11.343/2006 em caso de tráfico de drogas cometido nas
dependências ou nas imediações de igreja?. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/94aada62f90dd50a
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
84ca74304563d5db>

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave Art. 41. O indiciado ou acusado que COLABORAR
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer VOLUNTARIAMENTE com a investigação policial e o
processo de intimidação difusa ou coletiva; processo criminal na identificação dos demais
V - caracterizado o tráfico entre Estados da coautores ou partícipes do crime e na recuperação
Federação ou entre estes e o Distrito Federal; total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá PENA REDUZIDA de um 1/3 a 2/3.
É inadmissível a aplicação simultânea das causas de
aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da COLABORAÇÃO PREMIADA (Requisitos)
interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar
comprovada a intenção do importador da droga de Investigação policial e processo criminal instaurados

difundi-la em mais de um Estado-membro. O fato de o Identificação dos demais coautores e partícipes


agente, por motivos de ordem geográfica, ter que
Recuperação total ou parcial do produto do crime
passar por mais de um Estado para chegar ao seu
destino final não é suficiente para caracterizar a Voluntariedade (não se exige espontaneidade)
interestadualidade. STJ. 6ª Turma. HC 214942-MT, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/6/2016 (Info
586). Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
preponderância sobre o previsto no art. 59 do
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou Código Penal, a NATUREZA e a QUANTIDADE da
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, substância ou do produto, a PERSONALIDADE e a
diminuída ou suprimida a capacidade de CONDUTA SOCIAL do agente.
entendimento e determinação;

Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts.
menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art.
da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa,
crime de corrupção de menores, porém, se a conduta atribuindo a cada um, segundo as condições
estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), econômicas dos acusados, valor não inferior a 1/30
avos nem superior a 5 vezes o maior salário-mínimo.

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Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso 11.343/2006.Assim, não é possível a concessão de
de crimes serão impostas SEMPRE indulto ou comutação da pena ao condenado pelo
CUMULATIVAMENTE, podem ser aumentadas até o delito de associação para o tráfico de drogas, pois há
décuplo se, em virtude da situação econômica do vedação legal contida no art. 44, caput, da Lei n.
acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que 11.343/2006.
aplicadas no máximo. STJ. 5ª Turma. AgRg-HC 670.378, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 15/06/2021.
Critério bifásico:
1° Fixa-se o número de dias-multa
2° Fixa-se o valor de cada dia-multa Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso
fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração
34 a 37 desta Lei são INAFIANÇÁVEIS e INSUSCETÍVEIS penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
de SURSIS, GRAÇA, INDULTO, ANISTIA e liberdade caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
provisória, vedada a conversão de suas penas em com esse entendimento.
restritivas de direitos. Parágrafo único. Quando absolver o agente,
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste reconhecendo, por força pericial, que este apresentava,
artigo, dar-se-á o livramento condicional após o à época do fato previsto neste artigo, as condições
cumprimento de 2/3 da pena, vedada sua concessão referidas no caput deste artigo, poderá determinar o
ao reincidente específico. juiz, na sentença, o seu encaminhamento para
tratamento médico adequado.
Associação para o tráfico não é crime hediondo, mas
para a concessão do livramento condicional é
necessário cumprir 2/3 da pena, por imposição legal. Art. 46. As penas podem ser reduzidas de 1/3 a 2/3 se,
por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta
STF: inconstitucionalidade da vedação genérica da Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da
liberdade provisória, independentemente da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
presença dos critérios previstos no art. 312 do CPP. ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
STF: inconstitucionalidade da vedação da pena entendimento.
restritiva de direitos, por violar o princípio da
individualização da pena.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em
Não é possível a concessão do indulto ao crime de
avaliação que ateste a necessidade de
associação para o tráfico de drogas, ainda que não
encaminhamento do agente para tratamento, realizada
haja proibição no Decreto Presidencial.
por profissional de saúde com competência específica
O art. 44 da Lei n. 11.343/2006 estatui que "os crimes
na forma da lei, determinará que a tal se proceda,
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei são
observado o disposto no art. 26 desta Lei.
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de
suas penas em restritivas de direitos." Embora a
CAPÍTULO III
vedação à concessão do indulto ao crime de
DO PROCEDIMENTO PENAL
associação para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei n.
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por
11.343/2006) não conste, de fato, no Decreto
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto
Presidencial n. 9.246/2017, está expressamente
neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as
delineada no art. 44, caput, da Lei n.

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disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Lei, a ser especificada na proposta (transação
Execução Penal. penal).
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas no
art. 28 desta Lei (CONSUMO PESSOAL), salvo se
houver concurso com os crimes previstos nos arts. Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33,
33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as
forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 circunstâncias o recomendem, empregará os
de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados instrumentos protetivos de colaboradores e
Especiais Criminais. testemunhas previstos na Lei n 9.807, de 13 de julho de
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta 1999.
Lei (CONSUMO PESSOAL), NÃO SE IMPORÁ PRISÃO
EM FLAGRANTE, devendo o autor do fato ser
imediatamente encaminhado ao juízo competente Seção I
ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele Da Investigação
comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade
providenciando-se as requisições dos exames e de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação
perícias necessários. ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto
o
§ 3 Se ausente a autoridade judicial, as providências lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério
previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de Público, em 24 horas.
imediato pela autoridade policial, no local em que se § 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em
encontrar, VEDADA A DETENÇÃO do agente. flagrante e estabelecimento da materialidade do
delito, é suficiente o laudo de constatação da
natureza e quantidade da droga, firmado por perito
Considerando-se que o termo circunstanciado não é
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
procedimento investigativo, mas sim uma mera peça
informativa com descrição detalhada do fato e as
declarações do condutor do flagrante e do autor do O laudo preliminar possui natureza jurídica de
fato, deve-se reconhecer que a possibilidade de sua CONDIÇÃO OBJETIVA DE PROCEDIBILIDADE. Dessa
lavratura pela autoridade judicial (magistrado) não forma, caso a denúncia seja oferecida sem o laudo
ofende os §§ 1º e 4º do art. 144 da Constituição, nem de constatação, não haverá justa causa para a
interfere na imparcialidade do julgador. As normas ação penal.
dos §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006 foram Nos casos em que ocorre a apreensão da droga, o
editadas em benefício do usuário de drogas, visando laudo toxicológico definitivo é, em regra,
afastá-lo do ambiente policial quando possível e evitar imprescindível para a condenação pelo crime de
que seja indevidamente detido pela autoridade tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de se ter por
policial. STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, incerta a materialidade do delito e, por conseguinte,
julgado em 29/06/2020 (Info 986 – clipping). ensejar a absolvição do acusado. Em situações
excepcionais, admite-se que a comprovação da
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o materialidade do crime possa ser efetuada por
deste artigo, o agente será submetido a exame de meio do laudo de constatação provisório, quando
corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de ele permita grau de certeza idêntico ao do laudo
polícia judiciária entender conveniente, e em seguida definitivo, pois elaborado por perito oficial, em
liberado. procedimento e com conclusões equivalentes.
o o
§ 5 Para os fins do disposto no art. 76 da Lei n 9.099, STJ. 3ª Seção. EREsp 1544057/RJ, Rel. Min. Reynaldo
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Soares da Fonseca, julgado em 26/10/2016.
Criminais, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta

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§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o §


1o deste artigo NÃO FICARÁ IMPEDIDO de participar Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta
da elaboração do laudo definitivo. Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os
o
§ 3 Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o autos do inquérito ao juízo:
juiz, no prazo de 10 dias, certificará a regularidade I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
formal do laudo de constatação e determinará a justificando as razões que a levaram à classificação do
destruição das drogas apreendidas, guardando-se delito, indicando a quantidade e natureza da substância
amostra necessária à realização do laudo definitivo. ou do produto apreendido, o local e as condições em
o
§ 4 A destruição das drogas será executada pelo que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias
delegado de polícia competente no prazo de 15 dias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
na presença do Ministério Público e da autoridade do agente; ou
sanitária. II - requererá sua devolução para a realização de
o
§ 5 O local será vistoriado antes e depois de efetivada a diligências necessárias.
destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem
auto circunstanciado pelo delegado de polícia, prejuízo de diligências complementares:
certificando-se neste a destruição total delas. I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato,
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
competente até 3 dias antes da audiência de instrução
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a e julgamento;
ocorrência de prisão em flagrante será feita por II - necessárias ou úteis à indicação dos bens,
incineração, no prazo máximo de 30 dias contado da direitos e valores de que seja titular o agente, ou que
data da apreensão, guardando-se amostra necessária figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser
à realização do laudo definitivo. (LEI 13840/2019) encaminhado ao juízo competente até 3 dias antes da
audiência de instrução e julgamento.
DESTRUIÇÃO DA DROGA

COM PRISÃO EM SEM PRISÃO EM Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal
FLAGRANTE FLAGRANTE relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos,
Será executada pelo Será feita por além dos previstos em lei, MEDIANTE AUTORIZAÇÃO
delegado de polícia incineração, no prazo JUDICIAL e ouvido o Ministério Público, os seguintes
competente no prazo de máximo de 30 dias procedimentos investigatórios:
15 dias na presença do contado da data da I - a INFILTRAÇÃO por agentes de polícia, em tarefas de
Ministério Público e da apreensão, guardando-se investigação, constituída pelos órgãos especializados
autoridade sanitária. amostra necessária à pertinentes;
realização do laudo II – [AÇÃO CONTROLADA, FLAGRANTE RETARDADO,
definitivo DIFERIDO OU POSTERGADO] a NÃO-ATUAÇÃO
POLICIAL sobre os portadores de drogas, seus
precursores químicos ou outros produtos utilizados em
sua produção, que se encontrem no território
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo
brasileiro, com a finalidade de identificar e
de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias,
responsabilizar maior número de integrantes de
quando solto.
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo
ação penal cabível.
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo
Público, mediante pedido justificado da autoridade
(NÃO-ATUAÇÃO POLICIAL), a autorização será
de polícia judiciária.
concedida desde que sejam conhecidos o itinerário

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provável e a identificação dos agentes do delito ou § 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
de colaboradores. nomeará defensor para oferecê-la em 10 dias,
concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
AGENTE INFILTRADO § 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 dias.
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo
Amparado pela excludente de ilicitude do ESTRITO máximo de 10 dias, determinará a apresentação do
CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL preso, realização de diligências, exames e perícias.
O infiltrado ganha a confiança do investigado e retira
dele as informações necessárias da atuação ilícita do
grupo, tendo uma atuação INFORMATIVA DO CRIME e Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
NÃO FORMATIVA. hora para a audiência de instrução e julgamento,
ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do
É um meio de obtenção de prova na fase de
Ministério Público, do assistente, se for o caso, e
investigação criminal (MEDIDA CAUTELAR
requisitará os laudos periciais.
PREPARATÓRIA SATISFATIVA DA AÇÃO PENAL)
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração
Previsão legal: do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta
Art. 53, Lei de Drogas Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
Art. 10 a 14, Lei de Organização Criminosa afastamento cautelar do denunciado de suas
atividades, se for funcionário público, comunicando
ao órgão respectivo.

Seção II § 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo

Da Instrução Criminal será realizada dentro dos 30 dias seguintes ao

Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito recebimento da denúncia, salvo se determinada a

policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou realização de avaliação para atestar dependência de

peças de informação, dar-se-á vista ao Ministério drogas, quando se realizará em 90 dias.

Público para, no prazo de 10 dias, adotar uma das


seguintes providências:
I - requerer o arquivamento; Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o

II - requisitar as diligências que entender necessárias; interrogatório do acusado e a inquirição das

III - oferecer denúncia, arrolar até 5 testemunhas e testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao

requerer as demais provas que entender pertinentes. representante do Ministério Público e ao defensor do
acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20
minutos para cada um, prorrogável por mais 10, a

Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a critério do juiz.

notificação do acusado para oferecer DEFESA PRÉVIA, Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz

por escrito, no prazo de 10 dias. indagará das partes se restou algum fato para ser

§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e esclarecido, formulando as perguntas correspondentes

exceções, o acusado poderá arguir preliminares e se o entender pertinente e relevante.

invocar todas as razões de defesa, oferecer


documentos e justificações, especificar as provas que STF: Interrogatório é o último ato, mesmo na Lei de
pretende produzir e, até o número de 5, arrolar Drogas.
testemunhas.
§ 2o As exceções serão processadas em apartado,
nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. de imediato, ou o fará em 10 dias, ordenando que os
autos para isso lhe sejam conclusos.

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Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que trata


Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda
34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques
recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons emitidos como ordem de pagamento, será
antecedentes, assim reconhecido na sentença determinada, imediatamente, a sua conversão em
condenatória. moeda nacional. (LEI 13886/19)
§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie deve
ser encaminhada a instituição financeira, ou
CAPÍTULO IV equiparada, para alienação na forma prevista pelo
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE Conselho Monetário Nacional.(LEI 13886/19)
BENS DO ACUSADO § 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação a que
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira será
ou do assistente de acusação, ou mediante custodiada pela instituição financeira até decisão sobre
representação da autoridade de polícia judiciária, o seu destino. (LEI 13886/19)
poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação § 3º Após a decisão sobre o destino da moeda
penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, caso seja
nos casos em que haja suspeita de que os bens, verificada a inexistência de valor de mercado, seus
direitos ou valores sejam produto do crime ou espécimes poderão ser destruídos ou doados à
constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei, representação diplomática do país de origem. (LEI
procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do 13886/19)
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código § 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes
de Processo Penal. (LEI 13840/2019) da data de entrada em vigor da Medida Provisória nº
§ 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de 885, de 17 de junho de 2019, e que estejam
3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, o juiz custodiados nas dependências do Banco Central do
poderá determinar a prática de atos necessários à Brasil devem ser transferidos à Caixa Econômica
conservação dos bens, direitos ou valores.(LEI Federal, no prazo de 360 dias, para que se proceda à
13840/2019) alienação ou custódia, de acordo com o previsto
§ 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens, nesta Lei.(LEI 13886/19)
direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz,
ouvido o Ministério Público, quando a sua execução
imediata puder comprometer as investigações. (LEI Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações,
13840/2019) aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e
§ 5º Decretadas quaisquer das medidas previstas no dos maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de
caput deste artigo, o juiz facultará ao acusado que, no qualquer natureza utilizados para a prática, habitual ou
prazo de 5 dias, apresente provas, ou requeira a não, dos crimes definidos nesta Lei será
produção delas, acerca da origem lícita do bem ou do imediatamente comunicada pela autoridade de
valor objeto da decisão, exceto no caso de veículo polícia judiciária responsável pela investigação ao
apreendido em transporte de droga ilícita. (LEI juízo competente. (LEI 14322/22)
14322/22) § 1º O juiz, no prazo de 30 dias contado da
§ 6º Provada a origem lícita do bem ou do valor, o juiz comunicação de que trata o caput, determinará a
decidirá por sua liberação, exceto no caso de veículo alienação dos bens apreendidos, excetuadas as
apreendido em transporte de droga ilícita, cuja armas, que serão recolhidas na forma da legislação
destinação observará o disposto nos arts. 61 e 62 desta específica.(LEI 13840/2019)
Lei, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (LEI § 2º A alienação será realizada em autos apartados, dos
14322/22) quais constará a exposição sucinta do nexo de
instrumentalidade entre o delito e os bens

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apreendidos, a descrição e especificação dos objetos, as Art. 62. Comprovado o interesse público na
informações sobre quem os tiver sob custódia e o local utilização de quaisquer dos bens de que trata o art.
em que se encontrem. (LEI 13840/2019) 61, os órgãos de polícia judiciária, militar e
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens rodoviária poderão deles fazer uso, sob sua
apreendidos, que será realizada por oficial de justiça, responsabilidade e com o objetivo de sua
no prazo de 5 dias a contar da autuação, ou, caso conservação, mediante autorização judicial, ouvido
sejam necessários conhecimentos especializados, por o Ministério Público e garantida a prévia avaliação dos
avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior a respectivos bens. (LEI 13840/2019)
10 dias. (LEI 13840/2019) § 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do Funad para que, em 10 dias, avalie a existência do
Funad, o Ministério Público e o interessado para se interesse público mencionado no caput deste artigo
manifestarem no prazo de 5 dias e, dirimidas eventuais e indique o órgão que deve receber o bem. (LEI
divergências, homologará o valor atribuído aos bens. 13886/19)
(LEI 13840/2019) § 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste
§ 5º (VETADO). artigo, os órgãos de segurança pública que
§ 9º O Ministério Público deve fiscalizar o cumprimento participaram das ações de investigação ou repressão ao
da regra estipulada no § 1º deste artigo. (LEI 13886/19) crime que deu causa à medida. (LEI 13886/19)
§ 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados a § 2º A autorização judicial de uso de bens deverá conter
regra estabelecida no § 1º deste artigo. (LEI 13886/19) a descrição do bem e a respectiva avaliação e indicar o
§ 11. Os bens móveis e imóveis devem ser vendidos órgão responsável por sua utilização. (LEI 13840/2019)
por meio de hasta pública, preferencialmente por § 3º O órgão responsável pela utilização do bem deverá
meio eletrônico, assegurada a venda pelo maior lance, enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer momento
por preço não inferior a 50% do valor da avaliação quando por este solicitado, informações sobre seu
judicial. (LEI 13886/19) estado de conservação. (LEI 13840/2019)
§ 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e aos § 4º Quando a autorização judicial recair sobre veículos,
órgãos de registro e controle que efetuem as embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à
averbações necessárias, tão logo tenha conhecimento autoridade ou ao órgão de registro e controle a
da apreensão. (LEI 13886/19) expedição de certificado provisório de registro e
§ 13. Na alienação de veículos, embarcações ou licenciamento em favor do órgão ao qual tenha
aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão deferido o uso ou custódia, ficando este livre do
congênere competente para o registro, bem como as pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à
secretarias de fazenda, devem proceder à decisão de utilização do bem até o trânsito em julgado
regularização dos bens no prazo de 30 dias, ficando o da decisão que decretar o seu perdimento em favor da
arrematante isento do pagamento de multas, União. (LEI 13840/2019)
encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de § 5º Na hipótese de levantamento, se houver indicação
execução fiscal em relação ao antigo proprietário.(LEI de que os bens utilizados na forma deste artigo
13886/19) sofreram depreciação superior àquela esperada em
§ 14. Eventuais multas, encargos ou tributos pendentes razão do transcurso do tempo e do uso, poderá o
de pagamento não podem ser cobrados do interessado requerer nova avaliação judicial. (LEI
arrematante ou do órgão público alienante como 13840/2019)
condição para regularização dos bens. (LEI 13886/19) § 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º, o
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a ente federado ou a entidade que utilizou o bem
autoridade de trânsito ou o órgão congênere indenizará o detentor ou proprietário dos bens. (LEI
competente para o registro poderá emitir novos 13840/2019)
identificadores dos bens. (LEI 13886/19)

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Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores indicando o local em que se encontram e a entidade ou
referentes ao produto da alienação ou a numerários o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua
apreendidos ou que tenham sido convertidos deve destinação nos termos da legislação vigente.(LEI
ser efetuado na Caixa Econômica Federal, por meio 13840/2019)
de documento de arrecadação destinado a essa § 4º Transitada em julgado a sentença condenatória, o
finalidade. (LEI 13886/19) juiz do processo, de ofício ou a requerimento do
§ 1º Os depósitos a que se refere ocaput deste artigo Ministério Público, remeterá à Senad relação dos bens,
devem ser transferidos, pela Caixa Econômica Federal, direitos e valores declarados perdidos em favor da
para a conta única do Tesouro Nacional, União, indicando, quanto aos bens, o local em que se
independentemente de qualquer formalidade, no encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder
prazo de 24 horas, contado do momento da realização estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
do depósito, onde ficarão à disposição do Funad. (LEI legislação vigente.
13886/19) § 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão gestor do
§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão Funad, o juíz deve: (LEI 13886/19)
judicial, o valor do depósito será devolvido a ele pela I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos de
Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 dias úteis, registro e controle que efetuem as averbações
acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º do necessárias, caso não tenham sido realizadas quando
art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995. (LEI da apreensão; e (LEI 13886/19)
13886/19) II – determinar, no caso de imóveis, o registro de
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em propriedade em favor da União no cartório de registro
favor da União, o valor do depósito será transformado de imóveis competente, nos termos do caput do
em pagamento definitivo, respeitados os direitos de parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal,
eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (LEI afastada a responsabilidade de terceiros prevista no
13886/19) inciso VI do caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), bem
Federal, por decisão judicial, devem ser efetuados como como determinar à Secretaria de Coordenação e
anulação de receita do Funad no exercício em que Governança do Patrimônio da União a incorporação e
ocorrer a devolução. (LEI 13886/19) entrega do imóvel, tornando-o livre e desembaraçado
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o controle de quaisquer ônus para sua destinação. (LEI 13886/19)
dos valores depositados ou devolvidos. (LEI 13886/19) § 6º Na hipótese do inciso II do caput, decorridos 360
dias do trânsito em julgado e do conhecimento da
sentença pelo interessado, os bens apreendidos, os que
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: tenham sido objeto de medidas assecuratórias ou os
(LEI 13840/2019) valores depositados que não forem reclamados serão
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor revertidos ao Funad (LEI 13840/2019)
apreendido ou objeto de medidas assecuratórias; e(LEI
13840/2019)
II - o levantamento dos valores depositados em conta Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será
remunerada e a liberação dos bens utilizados nos conhecido sem o comparecimento pessoal do
termos do art. 62.(LEI 13840/2019) acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em necessários à conservação de bens, direitos ou valores.
decorrência dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto (LEI 13840/2019)
de medidas assecuratórias, após decretado seu
perdimento em favor da União, serão revertidos
diretamente ao Funad.(LEI 13840/2019) Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação parcial dos bens, direitos e objeto de medidas
dos bens, direitos e valores declarados perdidos, assecuratórias quando comprovada a licitude de sua

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origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e § 5º Na alienação de veículos, embarcações ou


valores necessários e suficientes à reparação dos danos aeronaves deverão ser observadas as disposições dos
e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e §§ 13 e 15 do art. 61 desta Lei. (LEI 13886/19)
custas decorrentes da infração penal. (LEI 13840/2019) § 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo a
proibição relativa à cobrança de multas, encargos ou
Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da Justiça tributos prevista no § 14 do art. 61 desta Lei. (LEI
e Segurança Pública, proceder à destinação dos 13886/19)
bens apreendidos e não leiloados em caráter § 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança
cautelar, cujo perdimento seja decretado em favor Pública, pode celebrar convênios ou instrumentos
da União, por meio das seguintes modalidades: (LEI congêneres com órgãos e entidades da União, dos
13886/19) Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem
I – alienação, mediante:(LEI 13886/19) como com comunidades terapêuticas acolhedoras, a
a) licitação; (LEI 13886/19) fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido
b) doação com encargo a entidades ou órgãos neste artigo. (LEI 13886/19)
públicos, bem como a comunidades terapêuticas § 8º Observados os procedimentos licitatórios previstos
acolhedoras que contribuam para o alcance das em lei, fica autorizada a contratação da iniciativa
finalidades do Funad; ou (LEI 13886/19) privada para a execução das ações de avaliação, de
c) venda direta, observado o disposto no inciso II do administração e de alienação dos bens a que se refere
caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; esta Lei. (LEI 13886/19)
(LEI 13886/19)
II – incorporação ao patrimônio de órgão da
administração pública, observadas as finalidades do Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segurança
Funad; (LEI 13886/19) Pública regulamentar os procedimentos relativos à
III – destruição; ou (LEI 13886/19) administração, à preservação e à destinação dos
IV – inutilização. (LEI 13886/19) recursos provenientes de delitos e atos ilícitos e
§ 1º A alienação por meio de licitação deve ser estabelecer os valores abaixo dos quais se deve
realizada na modalidade leilão, para bens móveis e proceder à sua destruição ou inutilização. (LEI
imóveis, independentemente do valor de avaliação, 13886/19)
isolado ou global, de bem ou de lotes, assegurada a
venda pelo maior lance, por preço não inferior a 50%
do valor da avaliação. (LEI 13886/19) Art. 63-E. O produto da alienação dos bens apreendidos
§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste artigo ou confiscados será revertido integralmente ao Funad,
será amplamente divulgado em jornais de grande nos termos do parágrafo único do art. 243 da
circulação e em sítios eletrônicos oficiais, Constituição Federal, vedada a sub-rogação sobre o
principalmente no Município em que será realizado, valor da arrematação para saldar eventuais multas,
dispensada a publicação em diário oficial. (LEI encargos ou tributos pendentes de pagamento. (LEI
13886/19) 13886/19)
§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não
eletrônico da administração pública, a publicidade dada prejudica o ajuizamento de execução fiscal em relação
pelo sistema substituirá a publicação em diário oficial e aos antigos devedores. (LEI 13886/19)
em jornais de grande circulação. (LEI 13886/19)
§ 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica livre
do pagamento de encargos e tributos anteriores, Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às
sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo quais esta Lei comine pena máxima superior a 6
proprietário. (LEI 13886/19) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda,
como produto ou proveito do crime, dos bens
correspondentes à diferença entre o valor do

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patrimônio do condenado e aquele compatível com I - intercâmbio de informações sobre legislações,


o seu rendimento lícito. (LEI 13886/19) experiências, projetos e programas voltados para
§ 1º A decretação da perda prevista no caput deste atividades de prevenção do uso indevido, de atenção e
artigo fica condicionada à existência de elementos de reinserção social de usuários e dependentes de
probatórios que indiquem conduta criminosa drogas;
habitual, reiterada ou profissional do condenado ou II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e
sua vinculação a organização criminosa. (LEI tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o
13886/19) tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, precursores químicos;
entende-se por patrimônio do condenado todos os III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
bens: (LEI 13886/19) sobre produtores e traficantes de drogas e seus
I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha precursores químicos.
domínio e benefício direto ou indireto, na data da
infração penal, ou recebidos posteriormente; e (LEI
13886/19) TÍTULO VI
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
mediante contraprestação irrisória, a partir do Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art.
início da atividade criminal. (LEI 13886/19) 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da
§ 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
da incompatibilidade ou a procedência lícita do substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
patrimônio. (LEI 13886/19) outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344,
de 12 de maio de 1998.

Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá


firmar convênio com os Estados, com o Distrito Federal Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei no
e com organismos orientados para a prevenção do uso 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados
indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e
usuários ou dependentes e a atuação na repressão à respeito às diretrizes básicas contidas nos convênios
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, firmados e do fornecimento de dados necessários à
com vistas na liberação de equipamentos e de recursos atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei,
por ela arrecadados, para a implantação e execução de pelas respectivas polícias judiciárias.
programas relacionados à questão das drogas.

TÍTULO V Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam


DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL recursos públicos para execução das políticas sobre
Art. 65. De conformidade com os princípios da drogas deverão garantir o acesso às suas instalações, à
não-intervenção em assuntos internos, da documentação e a todos os elementos necessários à
igualdade jurídica e do respeito à integridade efetiva fiscalização pelos órgãos competentes. (LEI
territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos 13840/2019)
nacionais em vigor, e observado o espírito das
Convenções das Nações Unidas e outros instrumentos
jurídicos internacionais relacionados à questão das Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
drogas, de que o Brasil é parte, o governo brasileiro Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros,
prestará, quando solicitado, cooperação a outros países destinados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem
e organismos internacionais e, quando necessário, na prevenção do uso indevido de drogas, atenção e
deles solicitará a colaboração, nas áreas de: reinserção social de usuários e dependentes e na

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repressão da produção não autorizada e do tráfico Importação da droga via postal (Correios) Tráfico
ilícito de drogas. transnacional de drogas (art. 33 c/c art. 40, I da Lei nº
11.343/2006) A competência será do local onde a
droga foi apreendida ou do local de destino da droga?
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial
de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de Entendimento anterior do STJ: Local de apreensão

pesquisa, de ensino, ou congêneres, assim como nos da droga

serviços de saúde que produzirem, venderem, Essa posição estava manifestada na Súmula 528 do
adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornecerem STJ, aprovada em 13/05/2015: Súmula 528-STJ:
drogas ou de qualquer outro em que existam essas Compete ao juiz federal do local da apreensão da
substâncias ou produtos, incumbe ao juízo perante o droga remetida do exterior pela via postal processar e
qual tramite o feito: julgar o crime de tráfico internacional.
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou
Entendimento atual do STJ: Local de destino da
liquidação, sejam lacradas suas instalações;
droga
II - ordenar à autoridade sanitária competente a
urgente adoção das medidas necessárias ao Na hipótese de importação da droga via correio
recebimento e guarda, em depósito, das drogas cumulada com o conhecimento do destinatário por
arrecadadas; meio do endereço aposto na correspondência, a
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para Súmula 528/STJ deva ser flexibilizada para se fixar a
acompanhar o feito. competência no Juízo do local de destino da droga, em
§ 1o Da licitação para alienação de substâncias ou favor da facilitação da fase investigativa da busca da
produtos não proscritos referidos no inciso II do caput verdade e da duração razoável do processo. STJ. 3ª
deste artigo, só podem participar pessoas jurídicas Seção. CC 177.882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
regularmente habilitadas na área de saúde ou de julgado em 26/05/2021 (Info 698).
pesquisa científica que comprovem a destinação lícita a CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 528-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível
em:
ser dada ao produto a ser arrematado. <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/20c86a628232a67e7bd46f7

§ 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste 6fba7ce12>

artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à


hasta pública, destruído pela autoridade sanitária, na
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou arquivado
presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante
Ministério Público.
representação da autoridade de polícia judiciária, ou a
§ 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas
requerimento do Ministério Público, determinará a
especialidades farmacêuticas em condições de
destruição das amostras guardadas para
emprego terapêutico, ficarão elas depositadas sob a
contraprova, certificando nos autos. (LEI 13840/2019)
guarda do Ministério da Saúde, que as destinará à rede
pública de saúde.

Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os


Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes
e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
drogas, e com os Municípios, com o objetivo de
caracterizado ilícito transnacional, são da
prevenir o uso indevido delas e de possibilitar a atenção
competência da Justiça Federal.
e reinserção social de usuários e dependentes de
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios
drogas.
que não sejam sede de vara federal serão
processados e julgados na vara federal da
circunscrição respectiva. SÚMULAS SOBRE LEI DE DROGAS

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Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência (Súmula n. 501/STJ)
das suas disposições, na íntegra, seja mais 2) A inobservância do art. 55 da Lei n. 11.343/2006,
favorável ao réu do que o advindo da aplicação da que determina o recebimento da denúncia após a
Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis apresentação da defesa prévia, constitui nulidade
(lex tertia) relativa quando forem demonstrados os prejuízos
suportados pela defesa.
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local
da apreensão da droga remetida do exterior pela 3) O laudo pericial definitivo atestando a ilicitude
via postal processar e julgar o crime de tráfico da droga afasta eventuais irregularidades do laudo
internacional. CANCELADA preliminar realizado na fase de investigação.
OBS: Compete ao Juízo Federal do endereço do
4) A falta da assinatura do perito criminal no laudo
destinatário da droga, importada via Correio,
toxicológico é mera irregularidade que não tem o
processar e julgar o crime de tráfico internacional.
condão de anular o referido exame.
Na hipótese de importação da droga via correio
cumulada com o conhecimento do destinatário por 5) O princípio da insignificância não se aplica aos
meio do endereço aposto na correspondência, a delitos do art. 33,caput, e do art. 28 da Lei de
Súmula n. 528/STJ deva ser flexibilizada para se fixar Drogas, pois tratam-se de crimes de perigo abstrato
a competência no Juízo do local de destino da droga, ou presumido.
em favor da facilitação da fase investigativa, da busca Quanto ao art. 28:
da verdade e da duração razoável do processo. CC • STJ: não é possível aplicar o princípio da
177.882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira insignificância.
Seção, por unanimidade, julgado em 26/05/2021 • STF: possui precedentes admitindo a insignificância:
(INFo 698) HC 110475, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
14/02/2012.
Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico Quanto ao art. 33:
transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº A grande maioria dos julgados afirma que não se
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação aplica ao tráfico de drogas, visto se tratar de crime de
internacional das drogas, ainda que não perigo abstrato ou presumido, sendo, portanto,
consumada a transposição de fronteiras. irrelevante a quantidade de droga apreendida. Vale
ressaltar, no entanto, que a 2ª turma do STF
Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da
reconheceu, recentemente, a possibilidade de
confissão espontânea no crime de tráfico ilícito
aplicação do princípio da insignificância ao tráfico de
de entorpecentes exige o reconhecimento da
drogas para absolver mulher flagrada com 1 grama de
traficância pelo acusado, não bastando a mera
maconha (STF. 2ª Turma. HC 127573/SP, Rel. Min.
admissão da posse ou propriedade para uso
Gilmar Mendes, julgado em 11/11/2019).
próprio.
6) A conduta de porte de substância entorpecente
para consumo próprio, prevista no art. 28 da Lei n.
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ 11.343/2006, foi apenas despenalizada pela nova Lei
EDIÇÃO N. 131: COMPILADO: LEI DE DROGAS de Drogas, mas não descriminalizada, não havendo,
portanto,abolitio criminis.
1) É cabível a aplicação retroativa da Lei n.
11.343/2006, desde que o resultado da incidência das 7) As contravenções penais, puníveis com pena de
suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao prisão simples, não geram reincidência,
réu do que o advindo da aplicação da Lei n. mostrando-se, portanto, desproporcional que
condenações anteriores pelo delito do art. 28 da

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Lei n. 11.343/2006 configurem reincidência, uma 16) Não se reconhece a existência de bis in idem na
vez que não são puníveis com pena privativa de aplicação da causa de aumento de pena pela
liberdade. transnacionalidade (art. 40, inciso I, da Lei n.
11.343/2006), em razão do art. 33,caput, da Lei n.
8) O crime de uso de entorpecente para consumo
11.343/2006 prever as condutas de "importar" e
próprio, previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, é de
"exportar", pois trata-se de tipo penal de ação
menor potencial ofensivo, o que determina a
múltipla, e o simples fato de o agente "trazer
competência do Juizado Especial estadual, já que ele
consigo" a droga já conduz à configuração da
não está previsto em tratado internacional e o art. 70
tipicidade formal do crime de tráfico.
da Lei n. 11.343/2006 não o inclui dentre os que
devem ser julgados pela justiça federal. 17) O agente que atua diretamente na traficância e
que também financia ou custeia a aquisição de
9) A conduta prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/2006
drogas deve responder pelo crime previsto no art.
admite tanto a transação penal quanto a
33,caput, da Lei n. 11.343/2006 com a incidência da
suspensão condicional do processo.
causa de aumento de pena prevista no art. 40, VII,
10) A posse de substância entorpecente para uso da Lei n. 11.343/2006, afastando-se, por conseguinte,
próprio configura crime doloso e quando cometido a conduta autônoma prevista no art. 36 da referida
no interior do estabelecimento prisional constitui legislação.
falta grave, nos termos do art. 52 da Lei de Execução
18) É possível a aplicação do princípio da
Penal - LEP (Lei n. 7.210/1984).
consunção entre os crimes previstos no § 1º do art.
11) É imprescindível a confecção do laudo 33 e/ou no art. 34 pelo tipificado no caput do art.
toxicológico para comprovar a materialidade da 33 da Lei n. 11.343/2006, desde que não
infração disciplinar e a natureza da substância caracterizada a existência de contextos
encontrada com o apenado no interior de autônomos e coexistentes, aptos a vulnerar o bem
estabelecimento prisional. jurídico tutelado de forma distinta.

12) A comprovação da materialidade do delito de 19) Quando o agente no exercício irregular da


posse de drogas para uso próprio (art. 28 da Lei n. medicina prescreve substância caracterizada como
11.343/2006) exige a elaboração de laudo de droga, resta configurado, em tese, o delito do art. 282
constatação da substância entorpecente que do Código Penal, em concurso formal com o art.
evidencie a natureza e a quantidade da substância 33,caput, da Lei n. 11.343/2006.
apreendida.
20) O § 3º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 traz tipo
13) O tráfico de drogas é crime de ação múltipla e a específico para aquele que fornece gratuitamente
prática de um dos verbos contidos no art. 33,caput, substância entorpecente a pessoa de seu
da Lei n. 11.343/2006 é suficiente para a relacionamento para juntos a consumirem e, por se
consumação do delito. tratar de norma penal mais benéfica, deve ser
aplicado retroativamente.
14) O laudo de constatação preliminar de
substância entorpecente constitui condição de 21) O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada
procedibilidade para apuração do crime de tráfico de (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006) NÃO É CRIME
drogas. EQUIPARADO A HEDIONDO. (Tese revisada sob o rito
do art. 1.036 do CPC/2015 - TEMA 600)
15) Para a configuração do delito de tráfico de drogas
previsto no caput do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, é 22) A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do
desnecessária a aferição do grau de pureza da art. 33 da Lei de Drogas só pode ser aplicada se
substância apreendida. todos os requisitos, cumulativamente, estiverem
presentes.

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23) É inviável a aplicação da causa especial de subsidiar as infrações a que se referem os art.
diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei 33,caput e § 1º, e art. 34 da Lei de Drogas.
n. 11.343/2006 quando há condenação simultânea
31) O crime de colaboração com o tráfico, art. 37 da
do agente nos crimes de tráfico de drogas e de
Lei n. 11.343/2006, é um tipo penal subsidiário em
associação para o tráfico, por evidenciar a sua
relação aos delitos dos arts. 33 e 35 da referida lei e
dedicação a atividades criminosas ou a sua
tem como destinatário o agente que colabora como
participação em organização criminosa.
informante, de forma esporádica, eventual, sem
24) A condição de "mula" do tráfico, por si só, não vínculo efetivo, para o êxito da atividade de grupo, de
afasta a possibilidade de aplicação da minorante associação ou de organização criminosa destinados à
do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, uma vez que prática de qualquer dos delitos previstos nos arts.
a figura de transportador da droga não induz, 33,caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas.
automaticamente, à conclusão de que o agente
32) A Lei n. 11.343/2006 manteve as condutas
integre, de forma estável e permanente,
descritas no art. 12, § 2º, inciso III, da Lei n.
organização criminosa.
6.368/1976, razão pela qual não há que se falar em
25) Diante da ausência de parâmetros legais, é abolitio criminis.
possível que a fração de redução da causa de
33) A Lei n. 11.343/2006 aboliu a majorante da
diminuição de pena estabelecida no art. 33, § 4º, da
associação eventual para o tráfico prevista no art. 18,
Lei n. 11.343/2006 seja modulada em razão da
III, primeira parte, da Lei n. 6.368/1976.
qualidade e da quantidade de droga apreendida, além
das demais circunstâncias do delito. 34) A incidência da majorante da segunda parte do
inciso III do art. 18 da Lei n. 6. 368/1976 - "visar [o
26) Para a caracterização do crime de associação
crime] a menores de 21 anos" -, segue contemplada
para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei n.
no art. 40, inciso VI, da nova Lei de Drogas - "sua
11.343/2006) é imprescindível o dolo de se associar
prática envolver ou visar a atingir criança ou
com estabilidade e permanência.
adolescente" -, não restando configurada a abolitio
27) Para a configuração do crime de associação para criminis.
o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei n.
35) O art. 40 da Lei n. 11.343/2006 conferiu
11.343/2006, é irrelevante apreensão de drogas na
tratamento mais favorável às causas especiais de
posse direta do agente.
aumento de pena, devendo ser aplicado
28) O crime de associação para o tráfico de retroativamente aos delitos cometidos sob a égide da
entorpecentes (art. 35 da Lei n. 11. 343/2006) não Lei n. 6.368/1976.
figura no rol taxativo de crimes hediondos ou de
36) Não acarreta bis in idema incidência
delitos a eles equiparados.
simultânea das majorantes previstas no art. 40 da
29) Em se tratando de condenado pelo delito previsto Lei n. 11.343/2006 aos crimes de tráfico de drogas e
no art. 14 da Lei n. 6. 368/1976, deve-se observar as de associação para fins de tráfico, porquanto são
reprimendas mínima e máxima estabelecidas pelo art. delitos autônomos, cujas penas devem ser
8º da Lei n. 8.072/1990 (3 a 6 anos de reclusão), por calculadas e fixadas separadamente.
ser norma penal mais benéfica ao réu, impondo-se,
37) Para a incidência das majorantes previstas no art.
inclusive, se for o caso, a exclusão da pena de multa.
40, I e V, da Lei n. 11. 343/2006, é desnecessária a
30) O crime de financiar ou custear o tráfico ilícito efetiva transposição de fronteiras, sendo suficiente,
de drogas (art. 36 da Lei n. 11.343/2006) é delito respectivamente, a prova de destinação internacional
autônomo aplicável ao agente que não tem das drogas ou a demonstração inequívoca da intenção
participação direta na execução do tráfico, de realizar o tráfico interestadual.
limitando-se a fornecer os recursos necessários para

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38) É cabível a aplicação cumulativa das causas de 42) Para a caracterização da causa de aumento de
aumento relativas à transnacionalidade e à pena do art. 40, III, da Lei n. 11. 343/2006, é
interestadualidade do delito, previstas nos incisos I e necessária a efetiva oferta ou a comercialização da
V do art. 40 da Lei de Drogas, quando evidenciado droga no interior de veículo público, não bastando,
que a droga proveniente do exterior se destina a para a sua incidência, o fato de o agente ter se
mais de um estado da Federação, sendo o intuito utilizado dele como meio de locomoção e de
dos agentes distribuir o entorpecente estrangeiro transporte da substância ilícita.
por mais de uma localidade do país.
43) A aplicação das majorantes previstas no art. 40 da
39) O rol previsto no inciso III do art. 40 da Lei de Lei de Drogas exige motivação concreta, quando
Drogas não deve ser encarado como taxativo, pois o estabelecida acima da fração mínima, não sendo
objetivo da referida lei é proteger espaços que suficiente a mera indicação do número de causas
promovam a aglomeração de pessoas, circunstância de aumento.
que facilita a ação criminosa.
44) Para fins de fixação da pena, não há necessidade
A prática de crime de tráfico de drogas em praça
de se aferir o grau de pureza da substância
pública, por si só, não atrai a incidência da majorante
apreendida uma vez que o art. 42 da Lei de Drogas
prevista no art. 40, III, da Lei 11.343/06, porquanto não
estabelece como critérios "a natureza e a quantidade
prevista em lei, sendo vedado o uso da analogia in
da substância".
malam partem (STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
1495549/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 45) A natureza e a quantidade da droga não podem
18/02/2020). O tráfico de drogas cometido em local ser utilizadas simultaneamente para justificar o
próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador aumento da pena-base e para afastar a redução
no rol das majorantes previstas no inciso III do art. 40 prevista no §4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, sob
da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser pena de caracterizar bis in idem.
utilizado com esse fim tendo em vista que no Direito
46) A utilização concomitante da quantidade de
Penal incriminador não se admite a analogia in malam
droga apreendida para elevar a pena-base e para
partem (STJ. 6ª Turma. HC 528.851-SP, Rel. Min.
afastar a incidência da minorante prevista no § 4º
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020).
do art. 33 da Lei de Drogas, por demonstrar que o
40) A causa de aumento de pena prevista no inciso III acusado se dedica a atividades criminosas ou
do art. 40 da Lei de Drogas possui natureza objetiva e integra organização criminosa, não configura bis in
se aplica em função do lugar do cometimento do idem, tratando-se de hipótese diversa da Repercussão
delito, sendo despicienda a comprovação efetiva do Geral - TEMA 712/STF.
tráfico nos locais e nas imediações mencionados no As circunstâncias da natureza e da quantidade da
inciso ou que o crime visava a atingir seus droga apreendida devem ser levadas em consideração
frequentadores. apenas em uma das fases do cálculo da pena, sob
pena de bis in idem. STF. Plenário. ARE 666334 RG, Rel.
41) A incidência da majorante prevista no art. 40,
Min. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2014
inciso III, da Lei n. 11.343/2006 deve ser
(Repercussão Geral – Tema 712).
excepcionalmente afastada na hipótese de não
A partir daí, as duas Turmas do STJ passaram a decidir
existir nenhuma indicação de que houve o
de forma diferente:
aproveitamento da aglomeração de pessoas ou a
A Tese 45 é adotada pela 6ª Turma do STJ: A Sexta
exposição dos frequentadores do local para a
Turma do Superior Tribunal de Justiça é uníssona no
disseminação de drogas, verificando-se, caso a caso,
sentido de que a valoração da quantidade e/ou da
as condições de dia, local e horário da prática do
natureza da droga é restrita a apenas uma das fases
delito.
da dosimetria, sendo vedada a sua consideração
concomitante na primeira fase para aumentar a

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pena-base e na terceira fase para afastar ou mesmo regras previstas no Código Penal para a fixação do
modular o quantum de redução (STJ. 6ª Turma. AgInt regime prisional.
no HC 545.926/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha
50) O juiz pode fixar regime inicial mais gravoso do
Palheiro, julgado em 26/05/2020).
que aquele relacionado unicamente com o quantum
A Tese 46, por sua vez, reflete o entendimento da
da pena ao considerar a natureza ou a quantidade da
5ª Turma do STJ: (...) Esta Corte tem entendimento
droga.
firme de que é possível a aferição da quantidade e da
natureza da substância entorpecente, 51) Configura ofensa ao princípio da proteção integral
concomitantemente, na primeira etapa da dosimetria, a aplicação de medida de semiliberdade ao
para exasperar a pena-base e, na terceira, para adolescente pela prática de ato infracional análogo ao
justificar o afastamento da causa especial de crime previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006.
diminuição do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 -
52) O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por
quando evidenciado o envolvimento habitual do
si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de
agente no comércio ilícito de entorpecentes - sendo
medida socioeducativa de internação do
tal hipótese distinta da julgada, em repercussão geral,
adolescente. (Súmula n. 492/STJ)
pela Suprema Corte no ARE 666.334/AM. (...) (STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 549.034/SP, Rel. Min. Ribeiro 53) A despeito de não ser considerado hediondo, o
Dantas, julgado em 09/06/2020). crime de associação para o tráfico, no que se refere
Assim, a 5ª Turma do STJ faz a seguinte distinção: à concessão do livramento condicional, deve, em
• Utilizar natureza e quantidade para aumentar a razão do princípio da especialidade, observar a regra
pena-base (1ª fase da dosimetria) e para definir o estabelecida pelo art. 44, parágrafo único, da Lei n.
percentual de redução da pena do § 4º do art. 33 (ex: 11.343/2006: cumprimento de 2/3 da pena e vedação
definir no mínimo legal de 1/6): não pode. Configura do benefício ao reincidente específico.
bis in idem. 54) É possível a concessão de liberdade provisória
• Utilizar natureza e quantidade para aumentar a nos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes.
pena-base (1ª fase da dosimetria) e para negar o
benefício do § 4º do art. 33: pode. Isso não teria sido 55) É vedada a concessão de indulto aos

proibido pelo STF no Tema 712. condenados por crime hediondo ou por crime a ele
equiparado, entre os quais se insere o delito de tráfico
47) Reconhecida a inconstitucionalidade da vedação previsto no art. 33,caput e § 1º da Lei n. 11.343/2006,
prevista na parte final do §4º do art. 33 da Lei de afastando-se a referida vedação na hipótese de
Drogas, inexiste óbice à substituição da pena privativa aplicação da causa de diminuição prevista no art.
de liberdade pela restritiva de direitos aos 33, § 4º, da mesma Lei, uma vez que a figura do tráfico
condenados pelo crime de tráfico de drogas, desde privilegiado é desprovida de natureza hedionda.
que preenchidos os requisitos do art. 44 do Código
Penal. 56) O requisito objetivo necessário para a progressão
de regime prisional aos condenados em crime de
48) A utilização da reincidência como agravante tráfico ilícito de entorpecentes (delito equiparado a
genérica é circunstância que afasta a causa especial hediondo), praticados antes do advento da Lei n.
de diminuição da pena do crime de tráfico, e não 11.464/2007, deve ser o previsto no art. 112 da Lei de
caracteriza bis in idem. Execução Penal (Lei n. 7.210/1984), qual seja, 1/6 ;
49) Reconhecida a inconstitucionalidade do § 1º do art. posteriormente, passou-se a exigir o cumprimento de
2º da Lei n. 8.072/1990, é possível a fixação de 2/5 da pena pelo réu primário e 3/5 pelo reincidente. A
regime prisional diferente do fechado para o início Lei nº 13.769/2019 (Pacote Anticrime) revogou o § 2º
do cumprimento de pena imposta ao condenado por do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que previa as frações de
tráfico de drogas, devendo o magistrado observar as 2/5 e 3/5). Com isso, a progressão de regime no caso
de crimes hediondos passou a ser disciplinada

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exclusivamente pelo art. 112 da LEP, que foi alterado e


prevê novos períodos como requisito objetivo.

57) Compete ao juiz federal do local da apreensão da


droga remetida do exterior pela via postal processar e
julgar o crime de tráfico internacional. (Súmula n.
528/STJ) Súmula flexibilizada.
Na hipótese de importação da droga via correio
cumulada com o conhecimento do destinatário por
meio do endereço aposto na correspondência, a
Súmula 528/STJ deva ser flexibilizada para se fixar a
competência no Juízo do local de destino da droga, em
favor da facilitação da fase investigativa, da busca da
verdade e da duração razoável do processo. STJ. 3ª
Seção. CC 177.882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 26/05/2021 (Info 698).

58) A expropriação de bens em favor da União,


decorrente da prática de crime de tráfico ilícito de
entorpecentes, constitui efeito automático da
sentença penal condenatória.

59) Não viola o princípio da dignidade da pessoa


humana a revista íntima realizada conforme as
normas administrativas que disciplinam a
atividade fiscalizatória, quando houver fundada
suspeita de que o visitante esteja transportando
drogas ou outros itens proibidos para o interior do
estabelecimento prisional.

36

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