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2. PRAZO PARA REQUERIMENTO
A reabilitação poderá ser requerida decorridos 2 anos do dia em que foi extinta, de
qualquer modo, a pena principal ou terminar a sua execução, comprometendo-se
o período de prova do “SURSIS” e do livramento condicional, sem revogação.
Obs. SURSIS significa suspensão condicional da pena.
2 anos a partir do término do cumprimento da pena.
AULA – 28/02/2024
3. CONDIÇÕES DA REABILITAÇÃO
Segundo o disposto no artigo 94 do Código Penal, para requerer a reabilitação, o
condenado deve satisfazer as seguintes condições:
a) Ter tido domicílio no País pelo prazo referido no caput do art. 94 do Código
Penal;
b) Ter tido, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
c) Ter ressarcido o dano causado pelo delito, ou demonstrado a absoluta
impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou exibido documento que
comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.
4. PROCEDIMENTO DA REABLITAÇÃO
O procedimento referente ao pedido de reabilitação vem previsto nos artigos nos arts.
743 e seguintes do Código de Processo Penal.
5. EFEITOS
A reabilitação assegura o sigilo dos registros sobre o processo e a condenação.
Entretanto esse sigilo, é relativo, pois, pode ser quebrado quando se tratar de
informações solicitadas por juiz criminal.
6. REVOGAÇÃO
A revogação da reabilitação vem tratada no art. 95 do Código Penal.
Assim a reabilitação será revogada de ofício ou a requerimento do Ministério Público
se o reabilitado for condenado como reincidente por decisão definitiva a pena que não
seja de multa.
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AULA – 06/03/2024
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
1. CONCEITO DE CONDENAÇÃO
Os efeitos da condenação vêm relacionados nos arts. 91, 91-A e 92 do Código Penal.
Condenação é o ato do juiz por meio do qual se impõe uma sanção penal ao sujeito
ativo da infração.
Art. 92
- São também efeitos da condenação:
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a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano,
nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro)
anos nos demais casos.
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de
crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo
ser motivadamente declarados na sentença.
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AULA – 13/03/2024
MEDIDA DE SEGURANÇA
1. CONCEITO
A medida de segurança é uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos
inimputáveis por doença mental retardada, visando a prevenção do delito, com a
finalidade de evitar que o criminoso que apresente periculosidade volte a delinquir.
2. PRESSUPOSTOS DE APLICAÇÃO
Pressupostos de aplicação das medidas de segurança, São três:
a) Prática de fato definido como crime;
b) Periculosidade do sujeito;
c) Ausência de imputabilidade plena.
3. ESPÉCIES
Existem duas espécies de medidas de segurança:
a) Medida de segurança detentiva, que consiste na internação em hospital de
custódia e tratamento psiquiátrico (art. 96, I, do CP);
b) Medida de segurança restritiva, que consiste na sujeição a tratamento
ambulatorial (art. 96, II, do CP).
4. APLICAÇÃO
Para a aplicação da medida de segurança, deverá o réu ser submetido a processo
regular. No final do processo, em fase de sentença, sendo o réu inimputável e
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responsável pelo crime, deverá o juiz, absolve-lo, impondo-lhe medida de
segurança.
A natureza jurídica da sentença que impõe ao réu inimputável medida de segurança
é absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III, do CPP).
6. SISTEMA VICARIANTE
É aquele que permite a aplicação de pena reduzida ou medida de segurança ao semi-
imputável.
Portanto, sistema vicariante significa a possibilidade de aplicação de pena reduzida
ou medida de segurança ao semi-imputável (vide artigos 26 parágrafo único e 98 do
Código Penal).
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento
Diz o art. 98 do Código Penal:
Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o
condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um)
a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1.º a 4.º.
Assim, se o semi-imputável pratica um crime, poderá ser-lhe aplicada uma pena
reduzida ou uma medida de segurança.
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O que irá determinar uma ou outra sanção será a periculosidade do agente, que
deverá ser constatada pericialmente, já que, no curso do processo, deverá ser iniciado
um incidente de insanidade mental.
AULA – 20/03/2024
AÇÃO PENAL
1. CONCEITO
Ação Penal, é o direito de invocar o Poder Judiciário, no sentido de aplicar o Direito
Penal objetivo.
O direito de punir do Estado, chamado de jus puniendi, somente pode ser realizado
por meio do direito de ação, chamado de o jus persequendi.
O exercício do direito de ação (jus accusationis), será deferido por lei ao Ministério
Público, nas ações penais públicas, ou ao ofendido, nas ações penais privadas.
2. CLASSIFICAÇÃO
Alguns bens jurídicos interessam a toda sociedade e fazem com que o Estado reserve
para si a iniciativa da ação penal. (Por exemplo: direito a vida, direito a liberdade,
direito a integridade corporal e etc.). Trata-se de ação penal pública.
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O Ministério Público é o titular exclusivo da ação penal pública. Artigo 100 do Código
Penal.
3.2 ESPÉCIES
— representação do ofendido;
AULA – 27/03/2024
O Ministério Público é o titular privativo da ação penal pública, dando início a ela por
meio de uma peça processual chamada Denúncia.
Denúncia, portanto, é a peça que dá início a ação penal pública.
Essa peça escrita e assinada pelo promotor de justiça. O prazo para, oferecimento da
Denúncia é de 5 dias, se o indiciado estiver preso, e de 15 dias se o indiciado estiver
solto.
A representação não precisa de forma solene, podendo ser feita por escrito ou
oralmente perante a autoridade policial ou perante ao Ministério Público.
O prazo para representação é de 6 meses contado da data do conhecimento da
autoria do fato.
Exemplos:
A ação penal pública pode ainda ser condicionada a requisição do Ministro da Justiça,
nos casos de crime contra a honra do Presidente da República ou do Chefe de
Governo Estrangeiro.
4.2. ESPÉCIES
A ação penal privada apresenta duas espécies: Ação penal privada exclusiva e ação
penal privada subsidiária.
a) ação penal privada exclusiva, que somente pode ser proposta pelo ofendido; ela é
exclusiva do ofendido porque o interesse dele prevalece sobre o interesse público.
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b) ação penal privada subsidiária, que tem lugar nos crimes de ação penal pública,
quando o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
A peça processual que inicia a ação penal exclusiva é a queixa crime ou somente
queixa.
O prazo para o exercício da ação penal privada, ou seja, para oferecer queixa-crime
é de 6 meses, contado da data do conhecimento da autoria do fato.
Neste caso havendo a inércia do Ministério Público, o ofendido poderá ingressar com
a ação penal privada.
Para se poder identificar a natureza da ação penal, basta atentar para as seguintes
regras:
a) Se a Lei Penal silenciar a respeito da ação penal, esta será uma ação penal
pública incondicionada.
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c) Se a Lei Penal após descrever o crime, disser “somente se procede mediante
a representação” estaremos, diante de uma ação penal pública condicionada a
representação.
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CAPÍTULOS EXTRAÍDOS DO LIVRO: “MANUAL DE DIREITO PENAL” 16ª Ed.
2024 – Ed. Saraiva. Ricardo Antônio Andreucci.
15 REABILITAÇÃO
A reabilitação vem tratada nos arts. 93 a 95 do Código Penal.
15.1 Conceito
Reabilitação é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas
impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e
atinge os efeitos da condenação.
a) ter tido domicílio no País pelo prazo referido no caput do art. 94 do Código Penal;
O processo de reabilitação não tem rito próprio nem está sujeito a formalidades,
podendo ser processado nos próprios autos da execução. Daí por que o juiz poderá
ordenar as diligências necessárias para a apreciação do pedido, cercando-as do sigilo
possível e ouvindo-se sempre o Ministério Público.
Esse sigilo, entretanto, é relativo, pois, conforme o disposto no art. 748 do Código de
Processo Penal, pode ser quebrado quando se tratar de informações solicitadas por
juiz criminal.
“Art. 927. As certidões criminais serão expedidas com a anotação NADA CONSTA,
nos casos a seguir enumerados:
II — inquéritos arquivados;
VII — absolvição;
VIII — impronúncia;
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IX — pena privativa de liberdade cumprida, julgada extinta, ou que tenha sua
execução suspensa;
XVI — feitos relativos aos juizados especiais criminais em que não haja aplicação de
pena privativa de liberdade;
Parágrafo único. A certidão com a anotação NADA CONSTA não trará qualquer
apontamento de feitos”.
De acordo com o disposto no § 4.º do art. 8.º do Estatuto, “não atende ao requisito de
idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por crime infamante, salvo
reabilitação judicial”. Crime infamante é aquele que traz ao sujeito má fama, má
reputação, desonra, repercutindo, ainda, negativamente na dignidade da advocacia.
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Segundo o disposto no art. 750 do Código de Processo Penal, a revogação da
reabilitação será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Mas é verdade, também, que a utilização imprópria das informações compiladas, seja
por meio da divulgação indevida dos antecedentes criminais arquivados, seja por meio
do vazamento criminoso dos dados para pessoas ou entidades não autorizadas ao
acesso, seja por meio da violação de sigilo funcional por parte de agentes públicos
que mal utilizam as informações restritas, causa incontáveis transtornos à pessoa que
se viu envolvida, em algum momento de sua vida, em uma ocorrência policial, mas
que já acertou as contas com a Justiça, vindo a ser tratada precipitadamente como
portadora de maus antecedentes criminais e classificada negativamente em
abordagens policiais e investigações da mesma natureza.
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Nesse sentido, é induvidoso o direito à preservação da privacidade e da intimidade,
no que toca à divulgação de informações daquele sobre o qual recai o peso de uma
condenação ou tão somente da obrigação de comparecer perante o Estado para
responder a um processo criminal, mormente nos casos de extinção da punibilidade
pela prescrição da pretensão punitiva, arquivamento, absolvição ou reabilitação, não
podendo nem a autoridade policial nem os serventuários da Justiça fornecer certidão
ou atestado senão por força de requisição judicial.
No mesmo sentido: “Sem perder de vista o disposto no art. 202 da Lei de Execuções
Penais, a manutenção, no banco de dados do IIRGD, de informações relativas a
processos criminais cujas punibilidades foram extintas é de rigor, posto que, como o
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo não possui sistema de armazenamento
de dados próprio e centralizado, nos moldes do IIRGD, do qual constem informações
oriundas de todo o Estado acerca de todos os processos em trâmite relacionados a
determinada pessoa, a exclusão das informações implicaria na impossibilidade de sua
recuperação nas hipóteses em que a lei o permite. Precedentes. O acesso a tais
dados é condicionado a requerimento fundamentado dirigido ao juiz criminal, única
autoridade habilitada a autorizar o acesso aos antecedentes penais daqueles
protegidos pelo manto da reabilitação, da absolvição ou da extinção da puni-bilidade
pela prescrição. Isso porque, operada a reabilitação, aparenta vício de ilegalidade o
livre acesso aos terminais de identificação por agentes públicos que não o juiz
criminal, visto que a Lei de Execuções Penais, bem como o Código de Processo
Penal, atentos à disciplina do Código Penal, fixaram o caráter sigiloso das informações
penais acerca do reabilitado e daquele em favor de quem se tenha operado a extinção
da punibilidade” (STJ — RMS 52.714/SP — Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca
— Quinta Turma — DJe 10-3-2017).
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Entende o Superior Tribunal de Justiça que “as informações relativas a inquérito e
pro-cesso criminal (em que houve absolvição ou extinção da punibilidade) não podem
ser excluídas do banco de dados do Instituto de Identificação. Isso porque tais
registros comprovam fatos e situações jurídicas e, por essa razão, não devem ser
apagados ou excluídos, observando-se, evidentemente, que essas informações estão
protegidas pelo sigilo” (STJ, 48.053/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira
Turma, DJe 1.º-9-2015, AgRg no RMS 45.604/SP, Assusete Magalhães, Segunda
Turma, DJe 3-6-2015, RMS 47.812/SP, Rel. Min. Herman benjamin, DJe 5-8-2015,
RMS 38.951/SP, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, DJe de 16-3-2015, AgRg
no RMS 44.413/SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 27-2-2014 e
AgRg no RMS 41.626/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12-6-
2013).
O ideal é que haja uma completa reestruturação legal do tratamento dos antecedentes
criminais no Brasil, preservando-se o sigilo, exceção feita apenas e tão somente às
requisições judiciais, investigações já instauradas e em andamento e vedando-se
expressamente qualquer outro tipo de acesso, inclusive por parte de agentes públicos,
sob qualquer pretexto, inclusive abordagens policiais, aos bancos de dados sigilosos.
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AULA – 06/03/2024
14 EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Os efeitos da condenação vêm relacionados nos arts. 91, 91-A e 92 do Código Penal.
14.1 Conceito de condenação
Segundo Damásio E. de Jesus (Direito penal, cit., p. 555), condenação é o ato do juiz
por meio do qual se impõe uma sanção penal ao sujeito ativo da infração.
a) Reparação do dano
Com relação às excludentes de ilicitude, faz coisa julgada no cível a sentença penal
que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima
defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito (art.
65 do CPP). No caso do estado de necessidade, não obstante a regra do art. 65 do
Código de Processo Penal, mesmo tendo o juiz penal absolvido criminalmente o
acusado em virtude do estado de necessidade agressivo, ocorreu prejuízo à vítima,
que deve ser indenizada na esfera cível, nos termos dos arts. 929 e 930 do Código
Civil.
Ocorrendo anistia (art. 107, II, do CP), permanece o dever de indenizar no cível. A
graça e o indulto (art. 107, II, do CP), que pressupõem sentença condenatória
transitada em julgado, não atingem os efeitos secundários da condenação,
permanecendo, portanto, a obrigação de reparar o dano.
b) Confisco
Com relação ao confisco, pode ser denominado como a perda em favor da União dos
instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso,
porte ou detenção constituam fato ilícito, e do produto do crime ou de qualquer bem
ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
No caso do art. 91, II, do Código Penal, trata-se de efeito automático da condenação,
que não precisa ser expressamente reconhecido pelo juiz na sentença condenatória.
Embora o Código Penal se refira apenas a crime, é pacífico na jurisprudência que o
confisco se aplica também aos casos de contravenção penal.
Nesse caso, a perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo
Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da
diferença apurada. Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença
apurada e especificar os bens cuja perda for decretada.
Vale ressaltar que o dispositivo mencionado ainda prevê que o condenado poderá
demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
O Código de Processo Penal, por seu turno, nos arts. 125 a 132, cuida das chamadas
medidas assecuratórias, que são medidas cautelares (processos incidentes)
destinadas a evitar o prejuízo que adviria da demora na conclusão da ação penal
(sequestro, arresto e hipoteca legal).
Dispõe o art. 243 da Constituição Federal, ainda, que “as propriedades rurais e
urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas
e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei,
observado, no que couber, o disposto no art. 5.º”, estabelecendo, ainda, o parágrafo
único que “todo e qualquer bem de valor econômico apreen-dido em decorrência do
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei”.
Vide também Lei n. 8.259/91, que trata da expropriação das glebas nas quais se
localizem culturas ilegais de plantas psicotrópicas.
Na Lei dos Crimes Ambientais — Lei n. 9.605/98, dispõe o art. 25 que, verificada a
in-fração ambiental, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os
respectivos autos. O § 5.º desse dispositivo determina que os instrumentos utilizados
na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da
reciclagem.
Com relação à incapacidade para o exercício do poder familiar (Código Civil — arts.
1.630 a 1.638), da tutela (arts. 1.728 a 1.766 do CC) e da curatela (arts. 1.767 a 1.782
do CC), constitui efeito secundário de natureza extrapenal civil da condenação. Para
que ocorra essa incapacidade, o crime deve necessariamente ser doloso, não se
verificando o efeito mencionado em caso de crime culposo. Ao crime doloso cometido
contra filho, filha ou outro descendente, tutelado ou curatelado, deve ser prevista, em
abstrato, pena de reclusão, ocorrendo o referido efeito ainda que o juiz tenha, a final,
na sentença condenatória, substituído a reclusão por outra modalidade de pena
(detenção, multa, penas restritivas de direitos). Em relação à vítima (filho, filha ou outro
descendente, tutelado ou curatelado), a incapacidade ora tratada é permanente, não
sendo alcançada pela reabilitação (art. 93, parágrafo único, do CP). Nada impede,
porém, que o agente volte a exercer o poder familiar (CC, arts. 1.630 a 1.638) sobre
os demais filhos, filhas ou outros descendentes, ou a tutela ou curatela em relação a
outras pessoas. O inciso II do art. 92, com a redação dada pela Lei n. 13.715/2018,
prevê, ainda, a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da
curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem
igualmente titular do mesmo poder fami-liar (cônjuge, companheiro etc.). Nesse
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sentido, merece ser ressaltado o disposto no parágrafo único do art. 1.638 do Código
Civil.
“A possibilidade de perda do cargo público não precisa vir prevista na denúncia, posto
que decorre de previsão legal expressa, como efeito da condenação, nos termos do
art. 92 do Código Penal” (STJ — AgRg no AREsp 1354005/ES — Rel. Min. Ribeiro
Dantas — Quinta Turma — DJe 14-5-21).
Dispõe, outrossim, o art. 1.º, § 5.º, da Lei de Tortura — Lei n. 9.455/97, que a
condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Nesse
caso, o efeito mencionado é automático.
A Lei de Abuso de Autoridade — Lei n. 13.869/2019 —, no art. 4.º, cuida dos efeitos
da condenação aplicáveis ao agente público, servidor ou não, da administração direta,
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e de Território. Assim, o agente condenado em um dos crimes
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de abuso de autori-dade tipificados na referida lei terá, como efeito da condenação,
certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos. Também a
inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1
(um) a 5 (cinco) anos e a perda do cargo, do mandato ou da função pública. Esses
dois últimos efeitos, entretanto, de acordo com o parágrafo único do art. 4.º, são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não
são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
Nos crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional, previstos na Lei n. 7.716/89, constitui efeito da condenação a
perda do cargo ou função pública, para o servidor público (art. 16). No caso, esse
efeito não é automático, devendo ser motivadamente declarado na sentença.
Com relação à inabilitação para dirigir veículo, esse efeito secundário de natureza
extrapenal administrativo da condenação somente alcança as hipóteses em que o
veículo for utilizado pelo agente como instrumento de crime doloso. Em caso de crime
culposo, não ocorre o efeito ora analisado. Entretanto, o Código de Trânsito Brasileiro
— Lei n. 9.503/97, prevê, nos arts. 292 a 296, a suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
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convém, contudo, que o faça, pois tal fato poderia vir a desprestigiar o conceito social
do Poder Judiciário, caso as decisões trabalhista e criminal venham a ser divergentes.
“Se o empregado for condenado no crime, estará sempre configurada justa causa,
pelos mesmos fatos. Ainda que tenha havido suspensão da execução da pena, e o
caso não se enquadre na letra d do art. 482 da CLT, enquadrar-se-á sempre em outra
alínea: improbidade (letra a), incontinência de conduta ou mau procedimento (letra b),
ofensas físicas ou lesão à honra ou à boa fama (letras j e k) etc.
Se houver absolvição por ter sido reconhecido, no crime, que o empregado não foi o
autor do ato criminoso, ou se a absolvição for fundamentada na inexistência dos fatos
que configurariam crime, se existissem, não poderá haver justa causa. Mais do que
isso, nessas hipóteses (do art. 1.525 do CC) não haverá nem mesmo ato faltoso.
Também não haverá justa causa se o empregado houver praticado o ato em estado
de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício
regular de direito, quando for reconhecida uma dessas circunstâncias no processo-
crime (art. 65 do CPP).
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AULA – 13/03/2024
13 MEDIDA DE SEGURANÇA
Como regra, ao agente dotado de culpabilidade (imputável em razão de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento) aplica-
se a pena, já estudada nos capítulos anteriores.
13.1 Conceito
A medida de segurança é uma espécie de sanção penal imposta pelo Estado aos
inimputáveis (art. 26, caput, do CP) visando a prevenção do delito, com a finalidade
de evitar que o criminoso que apresente periculosidade volte a delinquir.
b) periculosidade do sujeito;
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No caso dos inimputáveis, a periculosidade é presumida, pois a lei determina a
aplica-ção da medida de segurança, pressupondo que sejam eles dotados de
potencialidade criminosa. No caso dos semi-imputáveis, a periculosidade é real, pois
deve ser verificada pelo juiz à luz do caso concreto, ensejando a escolha entre a
aplicação de pena reduzida ou a imposição de medida de segurança.
Merece ser ressaltado que nos crimes apenados tanto com reclusão como com
detenção a espécie de medida de segurança adequada será a de internação. A lei
faculta ao juiz, entretanto, no art. 97, caput, segunda parte, do Código Penal que
submeta o agente a tratamento ambulatorial, no caso de ser o fato previsto como crime
apenado com detenção, sempre em atenção à gravidade do delito, às circunstâncias
do fato e à periculosidade apresentada. Em qualquer fase do tratamento ambulatorial,
poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária
para fins curativos.
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Merece ser ressaltado que a desinternação progressiva não é prevista em lei. Trata-
se de aplicar a medida de segurança de forma progressiva, por meio de saídas
terapêuticas, evoluindo para regime de hospital-dia ou hospital-noite e outros serviços
de atenção diária tão logo o quadro clínico do paciente assim o indique. Essa
possibilidade vem sendo admitida pelos tribunais superiores, assim como a
progressão de internação para tratamento ambulatorial.
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A dúvida que se estabelece é saber se o prazo de duração dessa medida de
segurança substitutiva será indeterminado ou se estará limitado ao restante da pena
privativa de liber-dade aplicada. O mais lógico é que tal medida tenha seu limite fixado
no restante da pena privativa de liberdade que o condenado tinha ainda por cumprir.
E isso porque a imputabilidade, no caso, foi verificada no momento do crime, quando
o agente era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento, recebendo, em contrapartida, a justa punição.
Se, no curso da execução, tornou-se doente mental, merece tratamento, mas não por
tempo indeterminado. Vencido o prazo inicialmente fixado para a pena privativa de
liberdade e persistindo a doença mental, deverá o agente ser desinternado e colocado
à disposição do juízo cível competente, para que se lhe promova a interdição ou outra
medida adequada. Restabelecendo-se o agente, voltará para o cárcere.
O que irá determinar uma ou outra sanção será a periculosidade do agente, que
deverá ser constatada pericialmente, já que, no curso do processo, deverá ser iniciado
um incidente de insanidade mental.
Ressalte-se que, de acordo com a Resolução, o criminoso com transtorno mental não
poderá ser internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
A Resolução ainda determinou que, no prazo de até 6 (seis) meses, contados a partir
da sua entrada em vigor, a autoridade judicial competente deve revisar os processos
a fim de avaliar a possibilidade de extinção da medida em curso (internação),
progressão para tratamento ambulatorial em meio aberto ou transferência para
estabelecimento de saúde adequado.
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AULA – 20/03/2024 e 27/03/2024
AÇÃO PENAL
Ação penal é matéria de Direito Processual Penal, razão pela qual vem
pormenorizadamente tratada nos arts. 24 a 62 do Código de Processo Penal.
1 CONCEITO
Ação penal, segundo José Frederico Marques (Tratado de direito penal, São Paulo:
Saraiva, 1966, p. 324), é o direito de invocar-se o Poder Judiciário, no sentido de
aplicar o Direito Penal objetivo.
O direito de punir do Estado, denominado jus puniendi, somente pode ser realizado
por meio do direito de ação, que é, nesse caso, o jus persequendi.
O exercício do direito de ação (jus accusationis), entretanto, é que será deferido por
lei ao Ministério Público, nas ações penais públicas, ou ao ofendido, nas ações penais
privadas.
2 CLASSIFICAÇÃO
A ação penal tem como critério de classificação, basicamente, o objeto jurídico do
delito e o interesse da vítima na persecução criminal.
3.2 Espécies
A ação penal pública apresenta duas espécies:
— representação do ofendido;
A peça que inicia essa ação chama-se denúncia, sendo privativamente oferecida por
membro do Ministério Público (promotor de justiça, procurador de justiça ou
procurador da República, conforme o caso), devendo conter a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol de testemunhas (art. 41 do CPP).
O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial.
Se o réu estiver solto ou afiançado, o prazo para oferecimento da denúncia passa a
ser de 15 dias (art. 46 do CPP). Essa é a regra geral, havendo outros prazos fixados
na legislação especial.
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No caso de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, não
obstante o crime atingir um bem de natureza pública, por motivos políticos, a lei
confere a ele a análise da conveniência de se iniciar a ação penal. Existem apenas
dois casos no Código Penal em que a ação penal pública é condicionada à requisição
do Ministro da Justiça: arts. 7.º, § 3.º, b, e 145, parágrafo único.
Art. 101. Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos
que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde
que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério
Público.
Crime complexo é aquele que resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. Exemplo:
roubo (art. 157 do CP), que resulta da fusão do furto (art. 155 do CP) com a lesão
corporal (art. 129 do CP — violência) ou ameaça (art. 147 do CP — grave ameaça).
4.2 Espécies
A ação penal privada apresenta duas espécies:
a) ação penal privada exclusiva, que somente pode ser proposta pelo ofendido;
b) ação penal privada subsidiária, que tem lugar nos crimes de ação penal pública,
quando o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
Denomina-se queixa-crime a peça pela qual se inicia a ação penal privada. Não se
confunde a queixa-crime, é bom lembrar, com a notitia criminis, que é o ato por meio
do qual qualquer pessoa noticia a ocorrência de uma infração penal, seja à autoridade
policial ou judiciária, seja ao Ministério Público.
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Em caso de morte do ofendido, ou quando declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (art. 31 do CPP).
Assim sendo, se o Ministério Público não observar esses prazos para oferecimento
da denúncia, para requerer alguma diligência ou para requerer arquivamento, não
obstante a ação penal ser de iniciativa pública incondicionada, poderá o ofendido ou
seu representante legal intentar a ação penal privada subsidiária por meio de queixa-
crime (art. 5.º, LIX, da CF, art. 100, § 3.º, do CP e art. 29 do CPP).
e) No caso de ação penal privada subsidiária da pública, em tese, poderá ter lugar em
todos os casos de ação penal pública, quando seu titular, o Ministério Público, não a
propuser no prazo legal.
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