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DIREITO PENAL II

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MEDIDAS DE SEGURANÇA

1. NOÇÕES GERAIS

2
Medidas de Segurança

Detentivas Não Detentivas

Internamento de Interdição de actividade


inimputáveis
Cassação e interdição da
(art.º 20º e 91º a 99º) concessão do titulo de
condução de veículo com
motor (101º)
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Pena e medida de segurança ?
 Sistema (tendencialmente) monista das
reacções criminais:
 Penas para imputáveis;
 Medidas de segurança para inimputáveis
perigosos;
 Não permite a aplicação ao agente, pelo
mesmo facto, de uma pena e de uma medida
de segurança;
 Permite a aplicação ao mesmo agente, no
mesmo processo, mas por factos diversos, de
penas e medidas de segurança.
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MEDIDAS DE SEGURANÇA

2. INTERNAMENTO DE INIMPUTÁVEIS

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Pressupostos
 “Quem tiver praticado um facto ilícito típico
e for considerado inimputável, nos termos do
art.º 20º, é mandado internar pelo tribunal em
estabelecimento de cura, tratamento ou
segurança, sempre que, por virtude de
anomalia psíquica e da gravidade do facto
praticado houver fundado receio de que
venha a cometer outros factos da mesma
espécie”
Art.º 91, n.º 1

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Ou seja,
 Prática de 1 facto ilícito típico
 Por agente inimputável
 Houver fundado receio de que venha a
cometer outros factos da mesma espécie
 Por virtude de anomalia psíquica, e
 Da gravidade do facto praticado
 Internamento pelo tribunal em estabelecimento
de cura, tratamento ou segurança

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Local e objectivos do internamento
 O internamento terá lugar em
“estabelecimentos de cura, tratamento e
segurança” – abandono da ideia dos
“manicómios criminais”.
 O internamento de cura e tratamento visa
pôr termo ao estado de perigosidade criminal
que lhe deu origem (inimputáveis curáveis);
 O internamento de segurança visa proteger a
sociedade do inimputável perigoso
(inimputáveis incuráveis).

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Internamento e Lei
de Saúde Mental

 Diferentes são os casos de internamento


compulsivo para as situações de perigo “para
bens jurídicos, de relevante valor, próprios ou
alheios, de natureza pessoal ou patrimonial”
criados e virtude de anomalia psíquica grave,
quando o seu portador se recuse a submeter-
se ao necessário tratamento médico.
 Aqui, aplica-se a Lei da Saúde Mental (Lei
n.º 36/98, de 24 de Julho).

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Pressupostos (novamente…)

 Requisitos estabelecidos para aplicação da


medida de segurança de internamento aos
inimputáveis por anomalia psíquica (art.º 91º):
1) Prática de um facto ilícito típico;
2) Inimputabilidade psíquica do autor;
3) Juízo de perigosidade.

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I - Prática de 1 facto ilícito típico
 Carácter post-delitual:
 O inimputável só pode ser sujeito a
internamento depois da prática de um facto
ilícito típico
 só a prática de uma acção criminosa
evidencia a sua efectiva capacidade de
delinquir, sem a qual o juízo de
periculosidade arrisca-se a não ser mais que
precária hipótese ou simples conjectura
 Não se fala em crime, pois falta aqui o
elemento psíquico (a culpa).
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Facto ilícito típico grave
 O facto ilícito típico praticado tem que revestir
uma certa gravidade
 Gravidade não objectivada na lei.
 O n.º 2 do art.º 91º dá uma indicação
indirecta:
 “pena de prisão superior a 5 anos”
 o que não exclui que possam ser
considerados graves os factos puníveis com
pena inferior.

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II - Inimputabilidade penal do autor

 É inimputável quem
 por força de uma anomalia psíquica
 for incapaz, no momento da prática do
facto, de avaliar a ilicitude deste ou de se
determinar de acordo com essa avaliação
 podendo ser ainda declarado como tal
quem, por força de anomalia psíquica grave,
não acidental e cujos efeitos não domina,
tem no momento da prática do facto aquela
capacidade sensivelmente diminuída.
Art.º 20

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Exclusão da culpa/perigosidade
 A declaração de inimputabilidade exclui a
culpa do agente e, assim, a possibilidade de
lhe ser aplicada uma pena
 No entanto, pode o inimputável ser, de tal
forma perigoso, que seja necessário defender a
sociedade, prevenindo a prática futura de
factos ilícitos, através da medida de
segurança de internamento.
 Assim, a medida de internamento tem por
fundamento a perigosidade, tal com a pena
tem por fundamento a culpa.
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N.B.
À data da prática do facto
ilícito típico
Inimputabilidade
no momento da aplicação
da medida

internamento
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III - Juízo de perigosidade
 Fundado receio de que
 a anomalia psíquica do agente associada à
gravidade do facto cometido,
 faça supor que se seguirá o cometimento de
outros factos da mesma espécie;
 Elementos a ter em conta:
 Natureza e gravidade do facto ilícito
praticado;
 Natureza e gravidade da anomalia psíquica;
 Previsão do cometimento de factos da
mesma espécie graves e relevantes
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Limites de duração

 “Não pode haver penas nem medidas de


segurança privativas ou restritivas da liberdade
com carácter perpétuo ou de duração
ilimitada ou indefinida”
Art.º 30º, n.º 1 da C.R.P.

Limites da medida de segurança de


internamento de inimputáveis
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Limites máximos

 O internamento cessa quando o tribunal


considerar que já cessou o estado de
perigosidade (art.º 92º, n.º 1);
 O internamento cessa obrigatoriamente
quando se atingir o limite máximo
(abstracto) da pena aplicável ao ilícito
praticado (art.º 92º, n.º 2)

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Limites mínimos

 Não há uma base mínima fixada na lei

 Quando o inimputável praticar facto


correspondente a crime contra a pessoa ou
crime de perigo comum, puníveis com pena de
prisão de máximo superior a 5 anos e existir
probabilidade de ocorrerem outros factos da
mesma espécie, o internamento tem um limite
mínimo de 3 anos, salvo se a libertação se
mostrar compatível com a defesa da ordem
jurídica e a paz social (art.º 91º, n.º 2)
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Internamento: Cessação

 A medida de internamento deve manter-se


enquanto perdura a perigosidade do
inimputável (art.º 92º, n.º 1);
 E cessar mal o agente deixe de constituir
perigo para a sociedade (excepção do art.º 91º, n.º
2);

 No entanto, deve cessar logo que se completar


o limite máximo da pena correspondente ao
tipo de crime praticado (art.º 92º, n.º 3);

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Internamento: Prorrogação
 Mas, mesmo decorrido o tempo correspondente
ao limite máximo da pena aplicável ao crime
praticado, pode o internamento não cessar, por
prorrogação da medida (art.º 92º, n.º 3):
 Quando ao facto corresponder pena de prisão
cujo limite máximo seja superior a 8 anos, e
 Haja perigo grave de cometimento de novos
crimes da mesma espécie que desaconselhe a
libertação.

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Prorrogação

Por períodos sucessivos de 2 anos

Até cessar perigosidade do agente

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Revisão do internamento

 A todo o tempo, desde que seja invocada –


pelo MP, pelo representante do inimputável ou
pela direcção do estabelecimento onde decorre
o internamento - causa justificativa da
cessação do internamento;

 Obrigatória, mesmo sem requerimento, de 2


em 2 anos (sem prejuízo do prazo de 3 anos
estabelecido pelo art.º 91º, n.º 2, para as
situações aí previstas)

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Decisão do Tribunal
 Elementos necessários à decisão do tribunal:
 Relatório da perícia psiquiátrica ou sobre
a personalidade;
 Diligências que se julguem necessárias e
com interesse para a decisão;
 Relatório dos Serviços de Reinserção
Social respeitante ao enquadramento
familiar e profissional do internado;
 Audição prévia do MP, do defensor e do
interessado (quanto a este, salvo se for
inviável ou inútil a sua audição) artº 540º CPP
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Liberdade para prova

 Se a revisão da situação do internado


mostrar que a finalidade da medida pode
ser alcançada em meio aberto, o tribunal
coloca-o em liberdade para prova.
 Findo o tempo estipulado para a liberdade
para prova, declara-se a medida extinta.

Art.º 94º

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Meio Aberto
 cumprimento da medida em meio aberto:
 Quando a finalidade da medida de segurança
possa ser, assim, alcançada;
 Por um período de 2 a 5 anos – que não pode
ultrapassar o que falta para o limite máximo
do internamento;
 Com aplicação de regras de conduta,
submissão a tratamentos e regimes de
cura ambulatórios apropriados, prestação de
exames e observações e vigilância tutelar
dos serviços de Reinserção social.

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Revogação da liberdade para prova

 A liberdade para prova pode ser revogada:


 Quando o comportamento do agente mostre que
o internamento é indispensável; ou
 Quando o agente for condenado em pena
privativa de liberdade e não se verificarem os
pressupostos da suspensão da execução, nos
termos do art.º 50º, n.º 1;

Se, findo o período de liberdade para prova, se


encontrar pendente um destes processos ou
incidentes, a medida só é declarada extinta
quando aqueles findarem (sem dar lugar à
revogação)
27
Revogação

Reinternamento

Regras do art.º 92º


Art.º 95

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Reexame da medida de internamento

E se a execução do internamento só se
iniciar 2 anos (ou +) depois da decisão que
o decretou?

Art.º 96

29
 Tem que ser novamente apreciados os
fundamentos da aplicação da medida de
internamento,
 E haver uma nova decisão que confirme,
suspenda ou revogue a medida decretada.

Porquê?

30
 Porque a medida tem que ser actual, isto
é, deve verificar-se não só no momento em
que é decretada como também no
momento da sua execução;
 Assim, aquando da execução, tem de
continuar a ser necessário o internamento
como forma de cura, tratamento ou
segurança.

31
 art.º 91º, n.º2:
 Prática por inimputável de crime contra
pessoas ou crime de perigo comum puníveis
com pena de prisão superior a 5 anos
 internamento com a duração mínima de 3
anos

Conjugação com art.º 96º?


Problema?

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Exemplo:
Em Jan/2000, determinou-se e executou-se
o internamento do A à luz do art.º 91º, n.º
2. Esse internamento teria a duração
mínima de 3 anos, pelo que poderia
terminar a partir de Jan/2003.
Ora, se a medida só fosse executada, p.
ex., em Fev/2002, até Jan/2003 justifica-se
o reexame?

33
R: Sim

Art.º 91º, n.º 2 – “(…)salvo se a libertação


se revelar compatível com a defesa da
ordem jurídica e da paz social.”

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Inimputáveis estrangeiros
 Pode substituir-se o internamento de
inimputáveis estrangeiros pela sua
expulsão de território nacional:
 Salvo convenção ou tratado internacional;
 Nos termos regulados por legislação especial
(Lei n.º 23/2007, de 4 de Julho – “Entrada,
permanência, saída e afastamento de estrangeiros de
território nacional”; Leis 104/2001, de 25 de Agosto
e 48/2003, de 22 de Agosto – “Regime de
Cooperação Judiciária Internacional em Matéria
Penal”
Art.º 97º

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 Razão:

 Trata-se de um encargo para o Estado


com um cidadão estrangeiro;
 Não se exige a necessidade social de
retribuição

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Suspensão da execução do internamento

 Pode haver ordem de internamento com


suspensão da sua execução
Art.ºs 98º e 52º ss.
 Em que caso:
 Se for razoavelmente de esperar que com a
suspensão se alcance a finalidade da
medida, i. é, que o inimputável perigoso
será tratado com êxito.
 Por determinação do juiz que ordena o
internamento.
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Obrigações

 Que daí decorrem para o inimputável:


 Regras de conduta com vista à prevenção da
perigosidade;
 Tratamentos e regimes de cura ambulatórios;
 Sujeição a exames e observações;
 Vigilância tutelar pelos serviços de reinserção
social;

38
N.B.:
 Nos casos do art.º 91º, n.º 2, só há lugar à
suspensão da execução do internamento,
depois de decorrido o período mínimo de
internamento.
 À suspensão da execução do internamento
aplicam-se as regras da cessação e
prorrogação do internamento e da revisão
da situação do internado.

39
Execução do internamento e
da pena de prisão

 Quando o agente é condenado a uma pena


de prisão e também sujeito a uma medida
de segurança de internamento.

Art.º 99º

40
Regras:

 A medida de segurança de internamento é


executada antes da pena de prisão;
 A medida de segurança de internamento é
descontada na pena de prisão;

41
Cessação da Medida
Cessada a medida de segurança de
internamento, o tribunal:
 Coloca o agente em liberdade condicional, se:
 estiver cumprido ½ da pena, e
 A libertação se revelar compatível com a
defesa da ordem jurídica e da paz social;

 Não coloca o agente em liberdade condicional

42
N.B.
 Se a liberdade condicional for revogada (art.º
64º), o tribunal vai decidir se o agente deve
cumprir o resto da pena ou continuar o
internamento;
 A aplicação da liberdade condicional depende
sempre do consentimento do condenado
(art.º 61, n.º 1).

43
 E se a medida de internamento dever cessar
mas não tiver ainda decorrido ½ da pena?

 Pode o tribunal, a requerimento do


condenado, substituir o tempo que falta por
prestação de trabalho a favor da
comunidade, até ao máximo de 1 ano, se tal
for compatível com a defesa da ordem
jurídica e da paz social; prestado o trabalho,
o condenado é posto em liberdade
condicional;

44
 E se a medida dever cessar mas o condenado
não tiver sido colocado em liberdade
condicional?
 Será colocado em liberdade condicional uma
vez cumprido 2/3 da pena;
 A requerimento do condenado pode o tempo
que falta ser substituído por prestação de
trabalho a favor da comunidade, até ao
máximo de 1 ano (art.º 58º);
 Se se trata de um condenado a prisão superior
a 6 anos, ele é colocado em liberdade logo que
houver cumprido 5/6 da pena (art.º 61º, n.º 4)

45
3 – INTERDIÇÃO DE ACTIVIDADE;
CASSAÇÃO E INTERDIÇÃO DA
CONCESSÃO DO TÍTULO DE
CONDUÇÃO DE VEÍCULO COM MOTOR

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Relembrando…

Medidas Medidas não


detentivas detentivas

Internamento de Interdição de actividade


inimputáveis Cassação e interdição da
concessão do titulo de
condução de veículo com
motor (101º)

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Interdição de actividade

 Objectivo – proteger os cidadãos do perigo


que pode resultar de abusos cometidos no
exercício dessa mesma actividade.

 Como?
interditando o agente ao exercício dessa
actividade

48
 é interditado do exercício da respectiva
actividade:
 O condenado por crime (doloso ou negligente)
cometido com grave abuso de profissão,
comércio ou indústria ou com grosseira
violação dos deveres inerentes, ou
 Aquele que do crime for absolvido só por falta
de imputabilidade;
 Se, em razão do facto praticado e da sua
personalidade, houver fundado receio de que
possa vir a praticar factos da mesma espécie.

49
Pressupostos

 Condenação pela prática de crime (ou


prática de facto ilícito típico, quando se
trate de inimputável);
 Com grave abuso ou grosseira violação dos
deveres inerentes à profissão, comércio ou
indústria;
 Fundado receio de que venha a cometer
actos ilícitos da mesma espécie

50
 Limites da Interdição:

 De 1 a 5 anos;
 Conta-se a partir do trânsito em julgado da
sentença;
 Desconta-se a duração de qualquer
interdição decretada, pelo mesmo facto, a
título provisório.
 Possibilidade de prorrogação por um período
até 3 anos, quando o tribunal considerar
que o perigo não foi afastado;

51
 Suspende-se durante o tempo em que o
agente estiver privado da liberdade por força
de medida de coacção processual, pena ou
medida de segurança.

 Se a interdição estiver suspensa por 2 ou +


anos, o tribunal reexamina a situação do
interdito

52
 Nestas situações pode haver cumulação
de pena e medida de segurança;

 A medida de segurança não é uma pena


acessória: a pena acessória refere-se ao
facto, a medida de segurança refere-se ao
perigo da prática de crimes futuros.

53
 A interdição de actividade extingue-se
quando:
 Se esgotar o prazo mínimo (1 ano), e
 Não subsistirem os pressupostos de
aplicação, e
 Houver requerimento do interessado.

54
Cassação e interdição da concessão do
título de condução de veículo com motor
 “Em caso de condenação por crime praticado
na condução de veículo com motor ou com ela
relacionado, ou com grosseira violação dos
deveres que a um condutor incumbem, ou de
absolvição só por falta de imputabilidade, o
tribunal decreta a cassação do título de
condução quando, em face do facto praticado e
da personalidade do agente: a) houver
fundado receio de que possa vir a praticar
outros factos da mesma espécie; ou b) dever
ser considerado inapto para a condução de
veículos com motor.”
Art.º 101º, n.º 1

55
Distinção…

Cassação e interdição Proibição de condução


do título de condução de veículos

Medida de segurança Pena acessória

Art.º 101º Art.º 69º

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agente

Possui título de Não possui título de


condução condução

Cassação do título Interdição à


concessão do título

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Pressupostos

1) Ter sido o arguido:


 Condenado por crime praticado na
condução de veículo com motor; ou
 Condenado por crime praticado com
grosseira violação dos deveres que a um
condutor incumbem; ou
 Absolvido de tais crimes só por
inimputabilidade;

58
2) Se, em face ao facto praticado e à
personalidade do agente:
 Houver fundado receio de que possa vir a
cometer factos da mesma espécie;
 Se concluir pela inaptidão do agente para a
condução de veículo com motor.

59
Será inapto aquele que tenha praticado
factos que integrem, entre outros, os
seguintes tipos legais:
 Omissão de auxílio (art.º 200º), se for
previsível que dele possam resultar graves
danos para a vida, o corpo ou a saúde de
alguma pessoa;
 Condução perigosa de veículo rodoviário
(art.º 291º);

60
 Condução de veículo em estado de
embriaguez ou sob a influência de
estupefacientes, substâncias psicotrópicas
ou produtos com efeito análogo (art.º
292º);

 Qualquer um daqueles factos cometidos em


estado de embriaguez (art.º 295º).

61
 Limites da Interdição:

 De 1 a 5 anos;
 Conta-se a partir do trânsito em julgado da
sentença;
 Desconta-se a duração de qualquer
interdição decretada, pelo mesmo facto, a
título provisório.
 Possibilidade de prorrogação por um período
até 3 anos, quando o tribunal considerar
que o perigo não foi afastado;
62
 Suspende-se durante o tempo em que o
agente estiver privado da liberdade por
força de medida de coacção processual,
pena ou medida de segurança.

 Se a interdição estiver suspensa por 2 ou +


anos, o tribunal reexamina a situação do
interdito

63
 Decretando a cassação do título de condução,
o tribunal determina ainda que ao agente não
pode ser concedido novo título, de qualquer
categoria.

 O condenado fica obrigado a entregar a licença


de condução (se esta não estiver já apreendida
no processo), num prazo de 10 dias a contar
do trânsito em julgado da decisão;

64
 A proibição de conduzir é comunicada à ANSR
no prazo de 20 dias a contar do trânsito em
julgado da decisão.
 Se se tratar de título de condução emitido em
país estrangeiro com valor internacional, a
apreensão pode ser substituída por anotação
da proibição naquele título, pela ANSR. Se a
anotação não for possível, a ANSR comunica a
decisão ao competente organismo do país que
emitiu o título.

65
 A pena acessória de inibição de condução
não se aplica quando haja lugar à aplicação
da medida de segurança de cassação ou
interdição à concessão de título de
condução de veículo com motor (art.º 69º,
n.º 7).

66
 A medida de cassação ou interdição da
concessão de título de condução de veículo
com motor extingue-se quando:
 Se esgotar o prazo mínimo (1 ano ou 2
anos, no caso do art.º 100º, n.º2 «101º, n.º
5»), e
 Não subsistirem os pressupostos de
aplicação, e
 Houver requerimento do interessado;
 Em caso de indeferimento, o requerimento
só pode ser renovado passado 1 ano.

67
4 – INTERNAMENTO DE IMPUTÁVEIS
PORTADORES DE ANOMALIA PSÍQUICA

68
Anomalia psíquica anterior

Imputabilidade

Anomalia psíquica Regime previsto


(ex. psicopatias no art.º 104º
leves, neuroses, etc.)

Inadaptação aos
estabelecimentos
prisionais
69
 Regime:
 Internamento
 pelo tempo correspondente à duração da
pena
 em estabelecimento destinado a
inimputáveis – estabelecimento de cura, de
tratamento ou de segurança;
 Não há estabelecimentos próprios e
exclusivos para estas situações

70
 Pressupostos:
 Imputabilidade
 Anomalia psíquica anterior à prática do
facto;
 Condenação em prisão;
 Regime dos estabelecimentos comuns
mostra-se prejudicial ao condenado ou
será por ele perturbado

71
 O internamento não obsta:
 À concessão da liberdade condicional;
 À colocação do agente em
estabelecimentos comuns de execução
da pena quando cessar a anomalia
psíquica e a pena ainda não se encontrar
cumprida.

72
Anomalia psíquica posterior à prática da
infracção

 Pressupostos:
 Imputabilidade
 Anomalia psíquica posterior à prática do
facto;
 Condenação em prisão;
 O regime dos estabelecimentos comuns
mostra-se prejudicial ao condenado ou será
por ele perturbado (art.º 104º) ou, então, o
condenado revela perigosidade (nos termos
do art.º 91º, n.º 1).

73
 Regime
 Internamento;
 Em estabelecimento destinado a inimputáveis;
 Pelo tempo correspondente à duração da
pena;
 Se se tratar de anomalia com os efeitos
previstos no art.º 104º, poderá haver
liberdade condicional e colocação do agente
em estabelecimento comum;
 Se se tratar de anomalia com os efeitos
previstos no art° 91º, n.º 1, o internamento é
descontado na pena e aplicam-se as regras do
n.º 2 a 5 do art.º 99º.
74
Anomalia psíquica posterior sem
perigosidade

 Pressupostos:
 Imputabilidade
 Anomalia psíquica posterior à prática do
facto;
 Condenação em prisão;
 O regime dos estabelecimentos comuns não
se mostra prejudicial ao condenado ou nem
será por ele perturbado (art.º 104º) e nem
o condenado revela perigosidade (nos
termos do art.º 91º, n.º 1).
75
 Regime:
 Não se justifica o internamento em
estabelecimento destinado a inimputáveis;
 Não se justifica a continuação do
cumprimento da pena (perde o seu sentido
ressocializador);
 Suspende-se a execução da pena até que
cesse a anomalia psíquica do agente.

76
 A duração da suspensão é descontada no
tempo de pena que estiver por cumprir;
 Não pode ser ultrapassado o tempo de duração
da pena a que o agente foi condenado;
 O tribunal pode impor ao agente deveres de
submissão a tratamentos e regimes de cura
apropriados e a exames e observações, bem
como a vigilância dos S.R.S.

77
Revisão da situação

 Aplicam-se as regras do art.º 93º, n.ºs 1 e 2


(revisão da situação do internado);
 Assim, a revisão:
 Opera a todo o tempo, desde que seja
invocada – pelo MP, pelo representante do
inimputável ou pela direcção do
estabelecimento onde decorre o
internamento - causa justificativa da
cessação do internamento;
 É obrigatória, mesmo sem requerimento, de
2 em 2 anos
78
Simulação de anomalia psíquica

 Se a anomalia psíquica foi simulada, caducam


as alterações que tenham ocorrido ao regime
normal de execução da pena.

Art.º 108º e art.º 104º, n.º 2

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