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Disciplina: Formação Humanística

Professor: Flávio Straus


Aula: 09 | Data: 04/04/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

1. Integração da Psicologia com o Direito


2. Conceito e importância da Psicologia para o Judiciário
3. Código Penal – Decreto Lei 2.848 de 07/12/1940
3.1 Da Imputabilidade Penal
4. Lei de Execução Penal – Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984
5. Conceito atual da Psicologia Judiciária
5.1 Resolução CNJ nº 75 de 12/05/2009
5.1.1. Anexo VI – Noções gerais de Direito e Formação Humanística

PSICOLOGIA JUDICIÁRIA

 Bibliografia indicada

o ALTAVILLA, Enrico. PSICOLOGIA JUDICIÁRIA, Tomo I – O PROCESSO PSICOLÓGICO E A VERDADE JUDICIAL, 3ª


edição, Armênio Amado – Editor, Sucessor, Coimbra, 1981, tradução de Fernando de Miranda.
o ALTAVILLA, Enrico. PSICOLOGIA JUDICIÁRIA, Tomo III – PERSONAGENS DO PROCESSO PENAL, 3ª edição, Armênio
Amado – Editor, Sucessor, Coimbra, 1982, tradução de Fernando de Miranda.
o TELLES JR., Goffredo. INICIAÇÃO DA CIÊNCIA DO DIREITO, São Paulo, Saraiva, 2001.
o MAYRINK DA COSTA, Álvaro, Exame Criminológico – Doutrina e Jurisprudência, 3ª edição revista e atualizada,
Editora Forense, Rio de Janeiro, 1990.
o TRINDADE, Elisa Karam, TRINDADE, Jorge, e MOLINARI, Fernanda, PSICOLOGIA JUDICIÁRIA – para a Carreira da
Magistratura, 2ª Edição revista, atualizada e ampliada, Livraria do Advogado Editora Ltda., São Paulo, Coimbra,
2012.
o ALMEIDA, Guilherme Assis de, MEDIAÇÃO E O RECONHECIMENTO DA PESSOA, CLA Editora, São Paulo, 2019.

1. Integração da Psicologia com o Direito

“Direito e Psicologia compartilham do mesmo objeto de estudo, qual seja, o comportamento humano. Por isso
advogamos que Direito e Psicologia estão ‘condenados’ a dar as mãos. Com efeito, pois se a Psicologia é
fundamental para o Direito, mais que qualquer outra coisa, é essencial para a Justiça”. (FIGUEIREDO, 2012, p. 05)

2. Conceito e importância da Psicologia para o Judiciário

O conceito da PSICOLOGIA JUDICIÁRIA sofreu uma significativa evolução ao longo do tempo, entre os séculos XX e
XXI.

O livro do “papa” italiano da disciplina, Enrico Altavilla, prefaciado por Enrico Ferri, por sua vez discípulo de
Lombroso, ainda que dele tenha se distanciado em ideias fundamentais, foi editado em 1955, em Nápolis, e a
tradução portuguesa que indicamos na bibliografia do curso teve os dois volumes publicados em 1981 e 1982, ainda
antes da Lei de Execuções Penais brasileira, de 1984.

Magistratura e MP Estadual
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Enrico Ferri, em seu prefácio a Altavilla (ALTAVILLA, 1981, p. 13), observa que “na psicologia judiciária, ao estudo
do delinquente, no seu comportamento processual, como acusado, acrescenta-se o do comportamento das outras
pessoas que participam no processo penal, o ofendido, o denunciante, as testemunhas e acusadores, defensores e
juízes”.

Ambos os “Enricos” circunscreviam, portanto, a PSICOLOGIA JUDICIÁRIA ao Processo Penal, até porque, na época,
ainda não se falava da Execução Penal como disciplina autônoma.

Tratava-se, principalmente, de verificar o cabimento de penas ou medidas de segurança, do reconhecimento de


inimputabilidade ou semi-imputabilidade, e, mais tarde, da aplicabilidade da progressão de regimes de execução
das penas, o que, sem dúvida, é importantíssimo para o magistrado e para a PSICOLOGIA JUDICIÁRIA, como
veremos na segunda aula deste curso, mas, hoje, está longe de ser seu único objeto.

3. Código Penal – Decreto Lei 2.848 de 07/12/1940

3.1 Da Imputabilidade Penal

a) Inimputáveis

“Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”.

 Redução de pena

“Art. 26 (...)
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento”.

 Espécies de medidas de segurança

“Art. 96. As medidas de segurança são:


I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à
falta, em outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de
segurança nem subsiste a que tenha sido imposta”.

 Imposição da medida de segurança para inimputável

“Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua


internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível
com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial”.

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- Prazo
“Art. 97 (...)
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante
perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá
ser de 1 (um) a 3 (três) anos”.

- Perícia médica

“Art. 97 (...)
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado
e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o
determinar o juiz da execução”.

- Desinternação ou liberação condicional

“Art. 97 (...)
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional
devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do
decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua
periculosidade.
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz
determinar a internação do agente, se essa providência for necessária
para fins curativos”.

Obs.: para cessar a medida de segurança/internação é necessário a realização de um exame pericial.

b) Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável

“Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e


necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena
privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou
tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos,
nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º”.

4. Lei de Execução Penal – Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984

“Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus


antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da
execução penal.

Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação


que elaborará o programa individualizador da pena privativa de
liberdade adequada ao condenado ou preso provisório.

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada


estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo,
por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1

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(um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa
de liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo
da Execução e será integrada por fiscais do serviço social.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade,


em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a
obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e
com vistas à individualização da execução.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser
submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de
liberdade em regime semi-aberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores


da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre
presentes peças ou informações do processo, poderá:
I - entrevistar pessoas;
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e
informações a respeito do condenado;
III - realizar outras diligências e exames necessários”.

O perito criminal será responsável pela elaboração do laudo.

Álvaro Mayrink da Costa (MAYRINK DA COSTA, 1990, p. 01/03):

“O exame criminológico do delinquente permite o conhecimento integral do homem, sem


o qual não se poderá vislumbrar uma justiça eficaz e apropriada, uma vez que a aplicação
fria da norma penal, tomando como ponto de partida um critério de valoração político-
jurídica, inevitavelmente conduziria a enormes injustiças e monstruosos equívocos”.

“Também dentre as vantagens do exame criminológico realizado antes de ser prolatada


a sentença judicial, é o estabelecimento de uma ponte, uma transição criminológica, entre
esta etapa e a fase da execução da pena para o tratamento do delinquente, isto é,
preparando o período final e até o pós-carcerário”.

5. Conceito atual da Psicologia Judiciária

Obs.: desde 2009 há uma definição normativa da importância da psicologia ao Judiciário, na Resolução do CNJ nº
75/2009.

Já segundo Figueiredo (FIGUEIREDO, 2012, p. 6), “a Psicologia Judiciária, enquanto psicologia a serviço do Direito,
constitui um conjunto de conhecimentos que auxiliam o magistrado na sua difícil e complexa tarefa de julgar”, e,
um pouco antes, observa que “vai se consolidando, gradativamente, a importância da...Psicologia Judiciária na
seleção e na qualificação de magistrados, bem como se reconhecendo que o juiz é um mediador de conflitos, que
a razão não está dissociada da emoção, e que os saberes humanísticos são essenciais ao magistrado”.

 Prefaciador de Figueiredo, desembargados José Renato Nalini:

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“Noções de psicologia deveriam ser exigíveis a todos os profissionais que se relacionam
amiúde com o semelhante”.

“Em se tratando de juízes, especificamente, esta expressão passa a constituir uma máxima
na medida em que os magistrados lidam com as turbulências sociais, mas principalmente
com o arrebatável sentimento de justiça, nada havendo de mais doloroso ou intolerável
ao ser humano que o sentimento de injustiça”.

5.1 Resolução CNJ nº 75 de 12/05/2009

O art. 47 da referida Resolução incluiu questões relativas à Formação Humanística do Juiz entre aquelas da primeira
prova escrita dos concursos para ingresso na Magistratura, dentre elas, conforme o Anexo VI, conteúdos de
Psicologia Judiciária:

“Art. 47. A primeira prova escrita será discursiva e consistirá:


I - de questões relativas a noções gerais de Direito e formação
humanística previstas no Anexo VI;
II – de questões sobre quaisquer pontos do programa específico do
respectivo ramo do Poder Judiciário nacional”.

5.1.1. Anexo VI – Noções gerais de Direito e Formação Humanística

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