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DOI: 10.1590/1413-81232014199.

13202013 3947

“Essa medida de segurança é infinita ou tem prazo

temas livres free themes


de vencimento?” – interlocuções e desafios entre
o Direito e a Psicologia no contexto judiciário

“Are measures infinite or do they have an expiry date?”


– interlocution and challenges between Law and Psychology
in the juridical context

Érica Quinaglia Silva 1


Caroline Quinaglia Araújo Costa Silva Brandi 2

Abstract The Psychosocial Section of the Crim- Resumo A Seção Psicossocial da Vara de Exe-
inal Executions Court of the Federal District cuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito
Court of Justice assists people who are under civil Federal e Territórios ocupa-se do atendimento a
commitment, namely a legal sentence that labels pessoas que cumprem medida de segurança, ou
them as sick people and criminals. In the juridical seja, uma sentença judicial que as define como
context, there are two options facing them: out- doentes e criminosas. Encaminhadas ao contexto
patient treatment or internment in a secure hos- judiciário, há dois caminhos a serem percorridos
pital facility and psychiatric treatment. In these por elas: o tratamento ambulatorial e a interna-
options, requirements, such as tests to verify the ção em hospital de custódia e tratamento psiqui-
cessation of danger, duration of imprisonment átrico. Nesses percursos, requisitos, como exames
and existence of a relative who can shelter them, para verificar a cessação de periculosidade, tempo
are examined to permit a favorable judicial de- de reclusão e existência de parente que as acolha,
cision of conditional release leading to removal são observados para permitir uma decisão judicial
from the sphere of justice. This is a third possible favorável à desinternação condicional, ou seja, a
path. Through the analysis of an emblematic case, uma desvinculação da Justiça. Trata-se de um ter-
this article seeks to examine the sentence imposed ceiro caminho possível. Por meio da análise de um
on these people. The intention is, therefore, to give caso emblemático, este artigo busca inquirir sobre
voice to the unimputable and/or the semi-imput- a disciplina infligida a essas pessoas. Intenta-se,
able, people who are considered wholly or partial- assim, dar voz a inimputáveis e/ou semi-im-
ly unable to respond to the illicit nature of the act putáveis, pessoas consideradas inteiramente ou
they have committed, according to the Brazilian parcialmente incapazes de responder pelo caráter
Criminal Code. The interlocution and the chal- ilícito do ato que cometeram, de acordo com o Có-
lenges between law and psychology in the juridical digo Penal. As interlocuções e os desafios existentes
1
Curso de Saúde Coletiva, context emerge as a possibility by them of building entre o Direito e a Psicologia no contexto judiciá-
Faculdade de Ceilândia, another discourse, a line of thought that seeks the rio emergem como possibilidade de construção de
Universidade de Brasília.
Centro Metropolitano
acquisition of autonomy and responsibility. outro discurso por elas, de uma fala que busque
conjunto A/lote 1. 72.220- Key words Mental health, Law, Psychology, Se- a aquisição de autonomia e a responsabilização.
900 Brasília DF Brasil. curity measures Palavras-chave Saúde mental, Direito, Psicolo-
equinaglia@yahoo.com.br
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Tribunal de Justiça
gia, Medida de segurança
do Distrito Federal e
Territórios.
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Silva EQ, Brandi CQACS

Introdução fligida a essas pessoas no contexto judiciário. A


medida de segurança tem sido sinônimo de pri-
A Seção Psicossocial da Vara de Execuções Pe- são perpétua no Brasil? De acordo com o Censo
nais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal realizado em 2011, sobre A custódia e o trata-
e Territórios ocupa-se do atendimento a pesso- mento psiquiátrico no Brasil, um em cada quatro
as que cumprem medida de segurança, ou seja, indivíduos em medida de segurança não deveria
uma sentença judicial que as define não somente estar internado, e 21% da população encarcerada
como criminosas, mas também como doentes. cumprem pena além do tempo previsto2.
Perigosas e loucas, essas pessoas são considera- Amiúde negligenciadas e esquecidas, essas
das inimputáveis ou semi-imputáveis. De acordo pessoas são silenciadas. Intenta-se, assim, dar voz
com o artigo 26 do Código Penal (Decreto-Lei nº a elas. As interlocuções e os desafios existentes en-
2.848, de 7 de dezembro de 1940), inimputável é tre o Direito e a Psicologia no contexto judiciário
“o agente que, por doença mental ou desenvolvi- emergem como possibilidade de construção de
mento mental incompleto ou retardado, era, ao outro discurso por elas, de uma fala que busque
tempo da ação ou da omissão, inteiramente in- a aquisição de autonomia e a responsabilização3.
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento”.
Essa pessoa fica isenta de pena. Ainda segundo o Metodologia
Código Penal, semi-imputável é “o agente [que],
em virtude de perturbação de saúde mental ou O inimputável e o semi-imputável trazem uma
por desenvolvimento mental incompleto ou re- marca de uma sentença que os define como do-
tardado, não era inteiramente capaz de entender entes e perigosos. A partir disso, são submetidos
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de a uma série de normas e são imersos em um ima-
acordo com esse entendimento”. Essa pessoa pode ginário historicamente construído do louco in-
ter sua sanção reduzida de um a dois terços1. O frator4. Tendo como ponto de partida reflexões
universo que essa sentença contempla é imenso e sobre essa realidade reclusa, propomos um traba-
variegado: abarca pessoas com transtornos men- lho sustentado pelo estudo de caso para dar ênfa-
tais orgânicos, transtornos mentais e comporta- se aos entraves existentes na medida de segurança
mentais devido ao uso de substâncias psicoativas, e à singularidade que subjaz a eles.
transtornos psicóticos, transtornos do humor, De acordo com Michel Foucault, em Microfí-
transtornos de personalidade e retardo mental. sica do poder, o controle da sociedade sobre os in-
Encaminhadas ao contexto judiciário, no âm- divíduos começa no corpo. O corpo é uma reali-
bito da medida de segurança, há dois caminhos a dade biopolítica5. Essa gestão disciplinar dos cor-
serem percorridos por elas: o tratamento ambu- pos social e individual é evidenciada no contexto
latorial, que ocorre na rede pública e, eventual- judiciário no âmbito da medida de segurança.
mente, privada de saúde, e a internação em hos- Nos manicômios judiciários, persiste o contro-
pital de custódia e tratamento psiquiátrico, que, le do espaço e a vigilância e o exame contínuos
no Distrito Federal, ocorre na Ala de Tratamento dos indivíduos. Por meio desse poder disciplinar,
Psiquiátrico, localizada na Penitenciária Femini- o Estado “faz viver e deixa morrer”6. Como re-
na do Gama. Como anteposto, ambos os trata- tratado no filme A Casa dos Mortos, de Debora
mentos são acompanhados pela Seção Psicosso- Diniz, existem nesses locais três mortes possíveis:
cial da Vara de Execuções Penais do Tribunal de ou o indivíduo mata ou ele se mata ou ele morre
Justiça do Distrito Federal e Territórios. seja física seja simbolicamente. Esse filme desvela
Nesses percursos, essas pessoas são submeti- a realidade dos manicômios judiciários no país.
das a exames, pareceres psiquiátricos e psicológi- O poema “A Casa dos Mortos”, escrito por Bubu,
cos, geralmente anuais, cujo objetivo é verificar um dos reclusos internados, serve de mote para
a cessação de periculosidade. Juntamente com o filme. Esse poema mostra que nos manicômios
esses exames, requisitos, como tempo de reclusão judiciários sobrevêm as mortes sem batidas de
e existência de parente que as acolha, são obser- sino, ou seja, as mortes daquelas pessoas que “não
vados para permitir uma decisão judicial favorá- merecem” condolências, realidade exemplificada
vel à desinternação condicional, ou seja, a uma pelo suicídio do homicida Jaime; o ciclo intermi-
desvinculação da Justiça. Trata-se de um terceiro nável de internações ou as mortes usuais e ditas
caminho possível. legais, experiência vivida por Antônio, persona-
Por meio da análise de um caso emblemático, gem que, embora retorne à sociedade, tem como
este artigo busca inquirir sobre a disciplina in- fim inexorável a internação em um hospital de
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custódia e tratamento psiquiátrico; e as vidas sem A tentativa é dar voz, direção e meios de fazer
câmbio lá fora, como aquela de Almerindo, em novas reinvenções para se exercer a liberdade a
que a sobrevivência tem como único destino a alguém considerado juridicamente incapaz de se
morte na casa dos mortos7. responsabilizar por seus atos. É uma aposta, uma
Pode-se dizer que há nessas instituições to- possibilidade de posse e assunção de suas histó-
tais, os manicômios judiciários, uma “mortifica- rias. A aquisição de autonomia e a consequente
ção do eu” dos inimputáveis e/ou semi-imputá- responsabilização são condições para uma efetiva
veis, nos termos de Erving Goffman, que resulta inclusão social.
das restrições de contato com a família e com o Acrescentamos que foram observados todos
mundo externo em geral, da falta ou excesso de os aspectos éticos preconizados pela Resolução
trabalho, da perda da identidade (não somente nº 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho
de documentos, como também do conjunto de Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que
características que permitem definir e identificar regulamenta pesquisas feitas com seres humanos
os indivíduos), das mutilações físicas e simbó- no país9. Os dados que pudessem identificar a
licas sofridas, da violação à autonomia do ato e fonte foram omitidos, de forma a preservar o si-
do estabelecimento de um sistema de privilégios, gilo da pessoa analisada. Ademais, a pesquisa foi
que cria regras e permite vigiar e punir8. autorizada mediante a assinatura de um termo
Nesse contexto, a fala, o direito ao contradi- de consentimento livre e esclarecido pelo sujeito
tório, visa deslocar o inimputável e/ou semi-im- de pesquisa e de uma carta de aceite institucio-
putável de um lugar do “ninguém”, em que não nal pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal
há chances de se inserir no sistema de decisão e Territórios. Finalmente, a pesquisa foi avaliada
– o lugar do “ninguém” desresponsabilizado, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
de uma fala interditada e desqualificada – para do Instituto de Ciências Humanas - CEP/IH, da
se reinventar em um lugar de empoderamento, Universidade de Brasília.
ou seja, de responsabilização. A inimputabilida-
de e/ou semi-imputabilidade despoja as pessoas
assim consideradas de suas responsabilidades. Resultados
Substitui-se a culpabilidade pela periculosida-
de. Ou seja, a medida de segurança tira a culpa O Sr. P cumpre medida de segurança na modali-
dessas pessoas, mas, paradoxalmente, tacha-as de dade de internação por prazo indeterminado. O
perigosas. Não obstante, há resistências e agen- referido senhor foi detido ao tentar roubar um
ciamentos a despeito dessa sentença que as con- aparelho de música eletrônico. Conforme re-
fina a um espaço disciplinar de silenciamento e latos na denúncia, estava alterado, apresentava
“normalização”. A responsabilização implica na discurso acelerado e pensamento desconexo. O
consideração de que essas pessoas são agentes de processo foi remetido posteriormente à Vara de
suas ações. Responsabilizá-las significa devolver a Execuções Penais.
elas o estatuto de pessoa juridicamente perdido. Ao adentrarmos na história de vida do Sr. P,
Aliás, pessoa deriva etimologicamente da palavra percebemos que era permeada de dificuldades.
latina persona (per+sona), pelo som. Quais são as Sua mãe contou que ele era agitado, brigava na
estratégias desses sujeitos para vivenciar e agen- escola e, ao mesmo tempo, fazia amigos com faci-
ciar processos de produção da verdade sobre eles lidade. Era muito inteligente. Sua família residia
mesmos e suas ações? em outro estado, afastado de Brasília. O Sr. P era
A escuta clínica, realizada durante dois anos o caçula e possuía mais dois irmãos, ambos tra-
entre 2010 e 2012 por uma das autoras deste arti- balhavam e eram financeiramente estáveis. Aos
go, que é psicóloga na Seção Psicossocial da VEP 12 anos, o Sr. P veio para Brasília para estudar.
do TJDFT, e a análise de um caso emblemático, o Durante esse período, no qual residia com um fa-
caso do Sr. P, permitem inquirir sobre a disciplina miliar, foi muito agredido, o que o levou a fugir
infligida a essas pessoas no contexto judiciário. e permanecer nas ruas. Ficou desaparecido. A fa-
Quem são elas? O que dizem? Que sentidos dão à mília o encontrou após dois anos, em decorrên-
própria existência? O estudo de caso é relevante cia de um contato feito pelo juizado de menores.
porque permite verificar, ratificar e/ou retificar, Nessa época, passou a utilizar diferentes drogas.
hipóteses teóricas, além de possibilitar problema- Voltou a conviver com a família em seu estado de
tizações. Como tem se estabelecido o diálogo en- origem por mais alguns anos, período vivenciado
tre o Direito e a Psicologia na Seção Psicossocial com muita dependência de entorpecentes e com
da VEP do TJDFT? as consequências usuais que a drogadição e o
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comportamento transgressor trazem: violência, pelos familiares. O Sr. P considerava-se traído e


furtos, delitos, problemas familiares e na comu- passivo em relação a sua medida de segurança.
nidade. Reconhecia-se como assaltante e não como do-
O Sr. P decidiu posteriormente partir para ente. Considerava-se traído. “Deus é um traíra”,
Brasília novamente e passou a viver aí como mo- relatou. Assim como Deus, sua família também
rador de rua. Realizou pequenos furtos, então. era considerada traidora, pois forneceu laudos
Após sua prisão, em flagrante, ao realizar o furto médicos que atestavam seu transtorno mental à
do aparelho de música, foi transferido para a Ala Justiça. Sobre sua relação familiar e sua infância,
de Tratamento Psiquiátrico do Gama e lá perma- destacamos o trecho a seguir:
neceu por dois anos. Sua família era humilde e Eu não converso nem com minha mãe direito.
não possuía condições financeiras para visitá-lo. Por que todo mundo pergunta se eu tenho proble-
Aguardava a decisão do juiz para que fosse desin- ma com minha família? Eu não tenho problema
ternado e encaminhado para sua cidade natal. A com minha família! Só não gosto de ficar em casa.
mãe avisou, porém, que queria recebê-lo somen- A única coisa que minha mãe poderia fazer é assi-
te se ele não envergonhasse a família: “Eu nem nar para eu zarpar daqui. Olha, você quer saber,
conto para ninguém que ele está nesta situação. eu não tive infância boa. A infância me levou ao
Morro de vergonha”. tráfico de drogas. A infância me levou ao tráfico
Chegou bastante agitado. Com o tempo, seu de drogas! Ninguém nunca me bateu. O tráfico de
pensamento tornou-se mais organizado. Sempre drogas levou minha infância. Desde pequeno mi-
apresentou humor exaltado. Foi submetido a nha família me vê como moleque do crime. Nem
exames anuais no Instituto Médico Legal, cujos minha mãe me conhece. Eu “tô” falando para ela
resultados não favoreciam a sua desinternação, não me ligar, não é para me esquecer.
por sugerir que o referido senhor era dependente O Sr. P burlava as regras comuns de vivência
químico e ainda não estava mentalmente com- em sociedade antes da internação. Não desejava
pensado. Tais exames embasam as decisões dos ajuda da família. Como anteposto, acreditava que
magistrados, são solicitados pela equipe psicos- a família, ao informar à Justiça suas internações
social para fundamentar encaminhamentos clí- psiquiátricas anteriores, contribuiu para essa
nicos, pelos próprios magistrados e pelo Ministé- sentença em medida de segurança que, segundo
rio Público. Todos os procedimentos dependem ele, prejudicou sua vida. Tampouco permitia que
de decisão judicial. a Justiça lhe ajudasse ao proporcionar alternati-
A seguir, apresentamos trechos de sua fala, vas que possibilitariam sua desinternação e re-
sempre rica de gestual, entonação e perspicácia, torno aos cuidados de sua família. Encontrava-se
realizada durante entrevista na Ala de Tratamen- desamparado e angustiado. Seu único desejo era
to Psiquiátrico. O trecho revela sua resposta em ser preso comum, pois estaria vinculado apenas
relação a como se sentia naquele momento. ao tempo cronológico de sua pena. Ser preso co-
Deus é um traíra. E eu falo isto com uma plena mum significa, ainda e sobretudo, ter posse do
lucidez. Eu já vim preparado para o que a senho- próprio comportamento.
ra iria dizer. Não estou nem desanimado... Eu não O entendimento sobre sua pena de tratamen-
posso fazer uma escolha sem a Justiça fazer primei- to, sobre sua vivência de encarceramento e sobre
ro. Eu tomo dois carbolitiuns, me faz mal. Eu vou o que ele sentia em relação à medida de seguran-
questionar o que o psiquiatra vai dizer? O cara tra- ça é percebido a seguir:
balha em dois lugares e tudo. Odeio tomar remé- Aqui é um lugar que só tem pessoas com do-
dio. Só tomo porque não tem jeito. Nem tremendo enças mentais... Regenerado? Como eu vou dizer?
eu estou. Eu só sou um paciente. Esses remédios, eu Não sou drogado, viciado, assaltante... Não tenho
fico fritando aqui. Esse remédio dá efeito de áci- problema mental. A senhora tem como comprovar?
do. Deus é um traíra. Quantos caras foi e voltou e Não tenho vontade nem de comer... Olha, eu não
eu continuo aqui. Eu “tô” na mesma. Só faço uso tenho nada a dizer dessa ala de tratamento... Me
de medicamento para não contrariar o psiquiatra, sinto um lixo no dia de visita. Eu sinto “deprê”,
que é uma pessoa legal. Vai acontecer uma coisa tédio de novo... Eu não gosto nem de conversar. É
ruim para me adiantar para baixo [para o presí- porque não está tendo resultado. Desanima. Estou
dio comum]. é injuriado... Essa roupa é imunda. Não consigo
A história de vida do Sr. P é marcada por nem andar limpo. Eu “tô” me dando mal sem pre-
comportamentos transgressivos, encarceramen- cisão. Aqui eu não durmo, eu fico só acordado... Es-
tos, distanciamento da família e intervenção do tou melhor que qualquer psicanalista. Fico falando
Estado, para que ele fosse novamente acolhido não faz isto, deixa disto, dentro da cela...
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O sentido dado pelo Sr. P à sua existência está Ora, o Sr. P não se considerava inimputável.
refletido no trecho seguinte: Como anteposto, sabia o que tinha feito e o mo-
Eu sou uma pessoa normal e tudo. Eu sou ati- tivo. Vivenciava a medida de segurança como
vidade. Em qualquer lugar. Não sou rico, mas tam- uma imposição e como algo muito angustiante.
bém não sou burro. Não falo nada fora do comum. Foi uma proteção imposta pela Justiça, já que o
“Tô” sempre na norma. “Tô” sendo como eu sou. Sr. P não estava vivendo de acordo com as regras
Sei até onde eu posso ir. Não me vejo como pa- da sociedade. Reagia com o comportamento es-
ciente, como interno. Não sou bandidão, mas não perado em um preso imputável ou comum: “Eu
aceito comigo, não. Meu problema sabe o que é? Eu roubo, eu assalto... Fui um ladrão competente.
roubo, eu assalto... Fui um ladrão competente. Não Não evadi... Fico aqui trabalhando, não evadi...”.
evadi... Fico aqui trabalhando, não evadi... Se a De fato, era o que gostaria de ser quando disse:
senhora me mandar para uma clínica, vou evadir. “Eu só quero ir para um lugar que eu fique de
Não entro em choque. verdade. Se fosse a cadeia, já teria saído”.
Sobre o delito e sobre seu diagnóstico de de- Outro caso notório de crime, cuja sentença
pendente químico, o Sr. P relatava que não se foi a medida de segurança, ocorreu em 1980. Re-
considerava drogado ou viciado e ressaltava ter fere-se à história de Althusser, filósofo francês,
conhecimento de seus limites. que estrangulou sua esposa. Após ter sido consi-
Eu sei minha capacidade de inteligência. Faço derado inimputável pela Justiça desse país, o filó-
quando é preciso. Eu sei bem o que fiz. Vou dizer isto sofo publicou uma obra, L’avenir dure longtemps,
para quê? Para acabar de lenhar com minha vida? por meio da qual se responsabiliza por seu ato e
Se fosse a cadeia, já teria saído. “Tá” vendo esta encontra seu lugar de fala10.
cicatriz? Já tem o nome, tudo, crack. No outro dia É provável que se considere chocante que eu
que isso aconteceu, já estava fumando pedra. Parei não me resigne ao silêncio após o ato que cometi, e
depois porque quis. Os caras aí não sabem nem o também ao não lugar sancionado pelo qual [...] fui
que estão usando. Ficam só dizendo, olha só, estou beneficiado. Mas se eu não tivesse tido esse benefí-
usando... Estou trabalhando, cavando buraco, obe- cio, eu deveria ter sido julgado. E se eu tivesse que
decendo para ver se dá alguma aderência, um retor- ser julgado, eu teria que responder. Este livro é esta
no para mim. Sei até onde eu posso ir. Respeito todo resposta, que, de outra forma, eu teria sido obriga-
mundo. Eu procuro não ter problema com ninguém. do a dar. E tudo que peço é que me seja concedida
Destaca-se que o Sr. P falava saber exatamen- esta resposta, que me seja concedido agora o que
te o que fez, como fez e por quê. Mas já não sabia poderia ter sido uma obrigação. Claro, tenho cons-
como deveria se comportar, como paciente em ciência de que a resposta que eu tento dar aqui não
medida de segurança, para conseguir um retor- se encontra nem nas regras de um comparecimen-
no sobre si e poder ser desinternado. É relevante to diante de um julgamento que não ocorreu, nem
salientar que o dia de visita é um dos únicos em na forma que ele teria tomado. Eu me pergunto,
que é possível um contato com o mundo exte- contudo, se a falta, no passado e para sempre, deste
rior, com familiares e com a possibilidade de se julgamento, destas regras e desta forma não expõe,
ter alguma alternativa de desinternação. No Dis- finalmente, mais ainda o que vou tentar contar
trito Federal, devido à inexistência de residências para a apreciação do público e a sua liberdade.
terapêuticas ou vagas em locais que acolham essa De qualquer forma, espero que sim. É meu destino
população, ter alguém da família para se respon- pensar em acalmar uma inquietude incorrendo in-
sabilizar pelo sentenciado é fator primordial e definidamente em outras (tradução nossa)10.
vinculante para uma desinternação. Althusser foi capaz de simbolizar sua história.
Era crucial um resgate da fala do Sr. P, um res- No entanto, essa possibilidade de dar resposta aos
gate de si. O comportamento transgressor na rua, atos é amiúde negada no contexto judiciário ao
repleto de permissões morais e com um eu infla- não se proporcionar um espaço de fala e escuta
do, tornou-se rebaixado no encarceramento, com dessas pessoas. Mesmo o bom comportamento
um eu mortificado, principalmente por ser uma não é aceito para reduzir a pena no contexto da
internação causada por motivo de adoecimento medida de segurança, como acontece no presídio
psíquico. Embora houvesse uma tentativa de res- comum. “Vai acontecer uma coisa ruim para me
saltar a autonomia, a capacidade de escolha, de adiantar para baixo”, ameaçou o Sr. P. Como preso
fazer opções, como estar ou não com a família, o comum, haveria pelo Sr. P uma responsabilização,
Sr. P sentia-se totalmente cerceado em sua liber- ele saberia o que fazer e como se comportar. Se
dade, física e simbólica. “Não acredito em nada... assim fosse, não teria que lidar com a necessidade
Vou ficar nesse lugar penando...” de ter sua família envolvida em sua vida, com seu
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adoecimento, com a perda de seu “poder” – de seu inimputável ou semi-imputável. Portanto, essa
empoderamento e de suas capacidades – como sentença deve ser seriamente tomada.
também com um tempo impreciso, indetermina- Não há, contudo, atualmente no Distrito Fe-
do. “Essa medida de segurança é infinita ou tem deral, uma equipe de psicólogos ou psiquiatras
prazo de vencimento?”, questionou. do Judiciário que preste assistência aos magistra-
dos nas diversas varas de origem onde a senten-
ça é definida como medida de segurança. Como
Discussão mencionado, após a decisão e os trâmites proces-
suais de praxe, o processo é encaminhado para a
O caso do Sr. P corresponde à realidade de um única Vara de Execuções Penais do Distrito Fe-
dos reclusos internados. Esse caso remete a ou- deral, local responsável em proceder à execução
tro, o do “louco ladrão de bicicleta”, cuja história da pena. A pessoa, uma vez condenada a cumprir
de internação se repete em todos os manicômios medida de segurança, é recebida pela equipe psi-
judiciários do país, de acordo com Debora Diniz, cossocial que assessora o juiz da Vara de Execu-
em entrevista publicada na revista Vibrant sobre ções Penais. Não obstante, a equipe de psicólogos
o filme A Casa dos Mortos11. Esse “louco ladrão da Justiça é pequena, não consegue abarcar todas
de bicicleta”, enclausurado até a morte, qualquer as situações, atua apenas na execução da pena e
que seja ela, serve como metáfora para as pessoas suporta manter atendimentos psicológicos com
que, consideradas inimputáveis e/ou semi-impu- uma frequência reduzida. No ambiente prisional,
táveis, permanecem esquecidas e silenciadas nos é relevante ressaltar, ainda, que grades, escoltas,
manicômios judiciários do país. algemas e falta de privacidade abalam o cenário
Na Justiça, a pessoa vinculada à medida de terapêutico minimamente proposto.
segurança tem a obrigação de cumprir um tra- Ademais, é mister salientar que o acompanha-
tamento, em regime de internação ou ambulato- mento psicossocial sistemático pelo Judiciário
rialmente, e, no Distrito Federal, de ser acompa- ocorre apenas quando a pessoa recebe sentença
nhada pela equipe psicossocial da Vara de Exe- em medida de segurança. A equipe de psicólogos
cuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito do Executivo, que deveria realizar atendimentos
Federal e Territórios. Como é possível haver res- permanentes e contínuos aos sentenciados do
ponsabilização em uma pena de tratamento im- sistema comum e aos da medida de segurança, é
posta pela Justiça que desresponsabiliza o agente reduzida e não consegue abarcar todo o contin-
ao considerá-lo inimputável ou semi-imputável gente existente na reclusão. Essas lacunas devem
e não responsável pelo crime cometido? Como ser preenchidas e observadas para a melhoria do
se constitui o modo de funcionamento dessas acompanhamento dos reclusos internados que
pessoas e, a partir disso, como essa pena imposta cumprem medida de segurança e dos presos co-
pela Justiça é (res)significada? De que maneira muns, visando inclusive à atenção à segurança
essa pessoa se posiciona frente a essa imposição? pública.
Como é possível recriar a vida em um local im- No cenário da sentença já definitiva em me-
possível, de reclusão? dida de segurança, a situação jurídica das pessoas
A sentença de medida de segurança é defi- inimputáveis e/ou semi-imputáveis está dada e
nida nas varas criminais de origem e, após isto, quaisquer mudanças dependerão de uma melho-
o processo é encaminhado para a única Vara de ra no estado de saúde – periodicamente avaliado
Execuções Penais do Distrito Federal. Para o sen- pela equipe psicossocial da Vara de Execuções
tenciado, esse é um momento Kairós (em grego, Penais, pela equipe de saúde do presídio e pelos
o momento “certo” ou “oportuno”) de sua vida, peritos do Instituto Médico Legal.
aquela situação decisiva e tomada como impor- Outro critério para a desinternação condicio-
tante para aquele que a vivencia. Esse momento nal é a existência de algum parente dessas pessoas
deve ser crucialmente considerado na Psicologia. que as acolha. Se uma parcela considerável dos
A vida de um sentenciado, cuja sanção é cumprir crimes cometidos por essas pessoas foi contra a
a medida de segurança, se modifica essencial- família, é pertinente perguntar se há tal acolhi-
mente. É mortífero excluir uma pessoa do pro- mento. É, portanto, importante afirmar que, nes-
cesso de comunicação, de sua alteridade, e tor- ses casos, assim como naqueles retratados pela
ná-la objeto e abjeto. O processo de exclusão já história do Sr. P, em que a família abandona o
é culturalmente produzido em relação ao doente recluso internado (ou em que ele a abandona), a
mental. Esse fato é intensificado quando se trata responsabilidade deve se deslocar da família para
do louco infrator, que recebe a classificação de o Estado.
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Uma alternativa, ou um prazo possível de da para que, ao olhar da Justiça, algo seja possível.
vencimento da medida de segurança, nos ter- Trata-se do paradoxo existente entre a inimputa-
mos do Sr. P, seria efetivar o que está preconi- bilidade e a busca de responsabilização por parte
zado pela Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, do sentenciado.
intitulada “Lei da Reforma Psiquiátrica e da Luta A fala do inimputável e/ou semi-imputável,
Antimanicomial”, que “dispõe sobre a proteção e intermediada por uma escuta clínica, tenta, as-
os direitos das pessoas portadoras de transtornos sim, dar voz, direção e meios para se exercer a
mentais e redireciona o modelo assistencial em liberdade a alguém considerado juridicamente
saúde mental”. Essa lei prevê, em seu artigo 4º, incapaz de se responsabilizar por seus atos. A fala
que a internação seja indicada como último re- como veículo para se (re)pensar e para (re)cons-
curso terapêutico e pelo menor tempo possível. truir a noção de si porta possibilidades de res-
Ainda nesse artigo, consta que o tratamento deve tabelecimento e de recriação pessoal. A assunção
ter como finalidade permanente a reinserção so- da própria história, como no caso do Sr. P, evoca,
cial do paciente. Finalmente, o artigo 5º prevê a ainda, reflexão e problematização a respeito da
criação de política específica de alta planejada e proteção e dos direitos dos reclusos internados.
reabilitação psicossocial assistida nos casos de Isso significa deslocarmo-nos de um lugar limi-
grave dependência institucional, decorrente de tado da lei para outro mais amplo, o da saúde
um quadro clínico severo ou da ausência de su- mental, em que questões subjetivas, singularida-
porte social12. Cabe, portanto, ao Estado criar, des e resistências são evocadas.
por exemplo, serviços residenciais terapêuticos, Nesse contexto, há limites e (im)possibilida-
que promovam a desinstitucionalização e a hu- des. Não podemos deixar de comentar, outros-
manização do tratamento dispensado a pessoas sim, que o diálogo entre a Psicologia e o Direito
internadas em hospitais-presídios13-15. envolve uma questão especialmente delicada e
Nesse contexto, auxiliar o sentenciado a pen- difícil: poder conciliar a verdade da pessoa e sua
sar sobre si, sobre sua subjetividade e sobre sua singularidade irredutível com regras gerais e nor-
situação penal é essencial. Para tanto, a equipe mas exteriores. Essa articulação entre o individu-
psicossocial convoca-o a expor a sua fala. Tra- al e o coletivo envolve discussões complicadas.
ta-se da fala de alguém que ninguém ousa ou se A articulação entre o Direito e a Psicologia
importa em ouvir. A Justiça lhe impôs um trata- envolve uma postura equilibrada, sem superva-
mento. O que ocorreu? Como? O que a pessoa lorizar ou negligenciar a relação existente entre
sentiu? O que pensa da sentença? O que sente em transtorno psiquiátrico e comportamento vio-
relação a essa pena de tratamento? Há desejo de lento. Acreditamos que as potencialidades da
se posicionar como autor de sua própria história medida de segurança estão no trabalho de escuta,
para o outro que o condena? Há (re)criação da de convocação do outro e do advento dessa alte-
singularidade, da autonomia e da responsabiliza- ridade. Apesar de haver a medida de segurança, o
ção apesar dos processos moralizadores e disci- inimputável e/ou semi-imputável existe.
plinadores do Estado? A medida de segurança cria um espaço que
À espera da avaliação de seus comportamen- é ao mesmo tempo hospitalar e penitenciário.
tos e de sua subjetividade, esse sujeito vislumbra Aliar tratamento em saúde mental e políticas de
a possibilidade de tornar o tempo menos ocioso defesa social foi historicamente (e é) uma ques-
e improdutivo, ao dar enfoque às elaborações so- tão de difícil resolução. Uma possível resposta,
bre si e a uma possível reorganização da vida e não estanque e acabada, é apontar para as falhas
da existência. É na fala do inimputável e/ou se- e para os caminhos possíveis no cumprimento
mi-imputável que se pode encontrar a responsa- desse instituto. Como anteposto, necessitamos de
bilização. uma presença maior do Executivo dando suporte
O Direito, e suas normas jurídicas, tem por ao tratamento dessas pessoas. Carecemos, ainda,
encargo criar direitos e obrigações para as pesso- de uma equipe maior dentro da Seção Psicosso-
as no intuito de regular a vida social. E quando o cial da VEP do TJDFT, para abarcar o contin-
Direito impõe um dever querer um tratamento? gente encontrado na medida de segurança atu-
Como isso ocorre? Primeiro, se interdita a fala, almente, cujos casos aumentam paulatinamente.
desqualifica-a, haja vista ser aquele um inimpu- Ademais, deve-se buscar um tratamento que vise
tável e/ou semi-imputável. Depois, na fase de à ressocialização mediante uma mudança de um
execução, é necessário, de maneira estrita, que modelo centrado na referência hospitalar para
essa pessoa ascenda, consiga forças advindas da uma assistência diversificada de base comunitá-
profundidade da vivência sofrida e impossibilita- ria. Além das residências terapêuticas, menciona-
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Silva EQ, Brandi CQACS

das anteriormente, é preciso implementar servi- do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Ter-
ços substitutivos à internação em hospitais e alas ritórios, como também de políticas públicas de
de tratamento psiquiátrico, como os Centros de atenção psicossocial dispensadas a inimputáveis
Atenção Psicossocial - CAPS16, Núcleos de Aten- e/ou semi-imputáveis, no âmbito da medida de
ção Psicossocial - NAPS e centros de convivência, segurança, no Brasil.
que tenham como foco uma rede de cuidado in-
tegrada17-19.
Possibilitar a elaboração da vivência de uma
sentença em medida de segurança é o compro-
misso ético, tanto dos profissionais do Direito
quanto daqueles da Psicologia que atuam no
contexto judiciário. Atentar para esses desafios Colaboradores
e interlocuções possíveis permitirá o aprimo-
ramento não somente do trabalho realizado na EQ Silva e CQACS Brandi tiveram igual partici-
Seção Psicossocial da Vara de Execuções Penais pação na elaboração deste artigo.

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