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RESUMO - APRESENTAÇÃO ATP (COLMÉIA) - PSICOLOGIA JURIDICA

Texto 12 - “Essa medida de segurança é infinita ou tem prazo de vencimento?” –


interlocuções e desafios entre o Direito e a Psicologia no contexto judiciário.

MEDIDA DE SEGURANÇA: É uma sentença judicial que as define não somente como
criminosas, mas também como doentes. Perigosas e loucas, essas pessoas são consideradas
inimputáveis ou semi-imputáveis.

♦ Inimputável é “o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental


incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento”. Essa pessoa fica isenta de pena.
♦ Semi-imputável é “o agente [que] em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento”. Essa pessoa pode ter sua sanção reduzida de um a dois terços

Contempla: pessoas com transtornos mentais orgânicos, transtornos mentais e


comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas, transtornos psicóticos, transtornos
do humor, transtornos de personalidade e retardo mental.

Opções: o tratamento ambulatorial (rede pública e /ou privada de saúde), e a internação em


hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, que, no Distrito Federal, ocorre na Ala de
Tratamento Psiquiátrico, localizada na Penitenciária Feminina do Gama. Ambos os tratamentos
são acompanhados pela Seção Psicossocial da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e Territórios. Nesses percursos, essas pessoas são submetidas a exames,
pareceres psiquiátricos e psicológicos, geralmente anuais, cujo objetivo é verificar a cessação
de periculosidade.

A inimputabilidade e/ou semi-imputabilidade despoja as pessoas assim consideradas de suas


responsabilidades. Substitui-se a culpabilidade pela periculosidade.

Diferença do preso comum: O preso comum é vinculado apenas ao tempo cronológico de sua
pena e é possível ter posse do próprio comportamento.

Diretrizes vigentes: A Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, intitulada “Lei da Reforma


Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial”, que “dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental”. Essa lei prevê, em seu artigo 4º, que a internação seja indicada como último recurso
terapêutico e pelo menor tempo possível.

Falhas do sistema: A maioria dos internos que estão lá já poderiam ser liberados; uma das
condições para a liberação é a liberdade condicional que só é permitida caso a família assuma
responsabilidade pelo individuo, internos abandonados por suas famílias não possuem
alternativas para serem liberados;

Medidas que poderiam ser efetivadas:


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♦ Estado criar espaços de serviços residenciais terapêuticos, que promovam a


desinstitucionalização e a humanização do tratamento dispensado a pessoas
internadas em hospitais-presídios.
♦ Utilização da fala como veículo para se (re) pensar e para (re) construir a noção de si
porta possibilidades de restabelecimento e de recriação pessoal.

Diálogo entre a Psicologia e o Direito envolve uma questão especialmente delicada e difícil:
poder conciliar a verdade da pessoa e sua singularidade irredutível com regras gerais e normas
exteriores. Essa articulação entre o individual e o coletivo envolve discussões complicadas. A
articulação entre o Direito e a Psicologia envolve uma postura equilibrada, sem supervalorizar
ou negligenciar a relação existente entre transtorno psiquiátrico e comportamento violento.
Acreditamos que as potencialidades da medida de segurança estão no trabalho de escuta, de
convocação do outro e do advento dessa alteridade.

Tema: Ala de Tratamento Psiquiátrico.


Atuação: Construção de estratégias que visem ao fortalecimento dos laços sociais,
resgate da cidadania e inserção na sociedade. E desconstruir as ideias de que o crime
está relacionado unicamente a patologia ou história de vida do sujeito.

Desafios éticos: Esclarecimento sobre documentos jurídicos para os pacientes,


atender entre grades, desrespeito dos direitos humanos no sentido de que alguns
pacientes, não tem o básico para se higienizar ou vestir.

Estudar sobre o presídio colméia?


O PFDF - Presídio Feminino do Distrito Federal (Popularmente conhecido como
Colmeia), está situado no Setor de Chácaras da região administrativa do Gama, no
Distrito Federal. Destina-se ao recolhimento de mulheres, sentenciadas ao
cumprimento de pena privativa de liberdade, nos regimes Semiaberto e fechado, bem
como de presas provisórias, que aguardam julgamento pelo Poder Judiciário. A
referida Penitenciária faz a custódia também de internos, tanto de mulheres, quanto
de homens, submetidos à medida de segurança, sendo que o interno homem são
recolhidos na Ala de Tratamento Psiquiátrico – ATP.

Estudar sobre o que é a ala psiquiátrica?


Antigamente, as pessoas que possuíam algum problema psíquico eram deixadas nos
porões de hospitais das Santas Casas junto com mendigos, ociosos, entre outros. A
partir do século XVIII, de acordo com Alencastre e Hildebrant (2001), a loucura
começou a ser vista e considerada como doença mental e passou a ter um espaço
próprio para o tratamento das pessoas que as tinham, o chamado hospício. Neste
local, as pessoas ficavam isoladas do restante da sociedade, eram reprimidas e
controladas o tempo todo. Como este local não proporcionava melhoras pra essas
pessoas, surgiram os movimentos da Luta Antimanicomial que propunham mudanças e
novas alternativas ao modelo clássico da Psiquiatria.
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Diversos movimentos e estudiosos pontuaram a história da psiquiatria. O gesto mais


notável foi do psiquiatra francês Philippe Pinel. O movimento antimanicomial no Brasil
e a anti-psiquiatria foram fundamentais na criação do conceito atual de "hospital
psiquiátrico ou Centro Clínico de Psiquiatria e Psicologia", aceito mundialmente de
forma moderna, usado no Brasil de 1946 a 1988. Eles advogaram principalmente pela
abolição das hospitalizações de forma clássica, dos idos de 1848 a 1950,
aproximadamente, ou seja a de longo termo e pelo fim dos grandes e tradicionais
hospitais, de difícil controle, para esse tipo de doença.
Mais especificamente sobre o movimento antimanicomial, no Brasil, pode-se dizer que
ele teve início no fim da década de 1980, quando, no Congresso Nacional dos
Trabalhadores em Saúde Mental, foi elaborado um documento intitulado Manifesto de
Bauru (nome referente à cidade de São Paulo na qual ocorreu o encontro). O
Manifesto é um resumo das pautas discutidas no evento e traz como pedido, dentre
outras demandas sociais, a não utilização de manicômios ou de qualquer prática não
provisora dos devidos cuidados aos portadores de sofrimento psíquico.
Como resultado da mobilização, conseguiu-se instituir o dia 18 de maio como dia nacional da luta
antimanicomial e aprovar a Lei 10.216/2001, garantindo, através dela, seguridade à comunidade
em questão, sobretudo quanto suas necessidades específicas.

Porque existe ala psiquiátrica?


Philippe Pinel é referido como sendo o primeiro na área da medicina psiquiátrica a
utilizar métodos humanizados no tratamento dos doentes, enquanto foi
superintendente do asilo Bicêtre em Paris, tendo sido influenciado pelo enfermeiro
Jean Baptiste Pussin, que foi o primeiro a questionar a ausência de humanidade que
acabava em incrementar o ódio e a rebelião, como acontecia, com a fuga e a
perseguição policial dos internos em um verdadeiro massacre holocaustral; defendia a
atenção médica com a utilização de drogas medicinais terapêuticas, aos portadores de
sofrimentos psíquicos; sendo utilizando, de princípio, como primeiro medicamento
conhecido, o vinho misturado a bebidas alcoólicas destiladas; a destilada para acalmar
e o vinho, para a redução dos efeitos dos destilados, no organismo dos pacientes, e
dessa forma, poder aos poucos, remover as amarras dos internos. Na mesma
época, William Tuke, na Inglaterra, introduzia uma nova forma de tratar os doentes
mentais; através de métodos terapêuticos, pela conversa; e troca de informações e
experiências existenciais, como "novo método, terapêutico psiquiátrico, semelhante
ao trabalho que os padres da igreja católica apostólica romana já faziam; nos
confessionários, à quase já dois mil anos". Nos também, chamados por eles por esses
pioneiros no tratamento terapêutico, de confessionários. E a paralela evolução
científica, da prática, desenvolvida pela Psicanálise.

Como as pessoas vão parar na ala psiquiátrica?


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De uma maneira geral e ampla, “paciente psiquiátrico” é aquela pessoa que está se
tratando com um psiquiatra. Os quadros clínicos dessas pessoas variam muito, desde
leves estados ansiosos até grandes alienações mentais em que as pessoas estão
completamente fora da realidade. Nesse último caso, as pessoas podem ter
comportamentos muito inadequados, perigosos e mesmo violentos, tanto em relação
a si mesmo quanto em relação a outras pessoas, sem se darem plena conta de seus
comportamentos e da consequência deles. Há alguns anos, como não existiam
tratamentos eficazes, pacientes psiquiátricos eram segregados do convívio social,
internados e deixados evoluir livremente em hospícios, nos quais alguns chegavam a
estados de profundas alterações. Esses tempos acabaram e a internação psiquiátrica
vem enfrentando fortes críticas do movimento antimanicomial, embora os leitos
hospitalares venham sendo substituídos por ofertas alternativas ainda muito
deficitárias. Acabaram também os antigos hospícios, manicômios e hospitais
psiquiátricos, hoje no máximo substituídos por alas especiais em hospitais gerais.
Alguns pacientes podem mesmo ser tratados nas alas comuns de um hospital geral,
em meio aos pacientes de outras especialidades.

Com os tratamentos e controles modernos dos últimos cinquenta anos, os quadros


psiquiátricos não evoluem mais como antigamente e quase nunca os pacientes
precisam ser internados. Contudo, alguns casos ainda demandam internação, em razão
de precisarem de tratamentos e cuidados especiais, por serem agressivos consigo
mesmos ou com outras pessoas, pelo risco de provocarem situações perigosas ou pelo
risco de suicídio.

Para esta última situação, a internação pode ser indispensável, já que para os
pacientes gravemente deprimidos os psicofármacos exigem um lapso de tempo para
que seu efeito se manifeste e a eletroconvulsoterapia, quando indicada, exige o
regime hospitalar. Mas não devemos confundir a internação com o antigo
confinamento asilar. A internação deixou de ser um fim, passando a ser um meio para
o tratamento mais adequado de alguns aspectos das doenças mentais.

Em geral, a hospitalização de alguns casos facilita um cuidado mais intensivo e


possibilita a utilização de métodos e instrumentos terapêuticos especiais. Ela deve
representar o menor comprometimento possível dos vínculos sociais ou familiares do
paciente e ser o mais curta possível.

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