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Fármacos antiepilépticos e

interações medicamentosas
Dr. Fernando Cendes
CRM-SP 54896

Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia. Professor Titular do Departamento de Neurologia da


Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.
Fá r m a co s a n t i e p i l é p t i co s e i n t e r a çõ e s m e d i c a m e n t o s a s

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dos autores. Código da Publicação: 4826.2017. Distribuição exclusiva à classe médica.
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Fármacos
antiepilépticos
e interações
medicamentosas
Dr. Fernando Cendes
CRM-SP 54896
Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia. Professor Titular do Departamento de Neurologia
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

O desenvolvimento de novos fármacos antie- a avaliação do real efeito da medicação no


pilépticos (FAEs) é fundamental, principal- controle de crises.
mente para pacientes com epilepsia não con-
trolada com os medicamentos mais antigos1. No caso da lacosamida, por exemplo, os resul-
tados referentes ao controle total de crises dos
Vale a pena lembrar que como existem medi- estudos pivotais, duplo-cegos e randomiza-
camentos comprovadamente eficazes no con- dos3-5 foram inferiores aos observados na prá-
trole de crises, não é ético realizar estudos tica clínica6. Villanueva et al.6 mostraram que
comparando o uso de novos fármacos antie- 24,1% de pacientes ficaram livres de crises
pilépticos com placebo2. Por isso, a maioria após 12 meses de tratamento com lacosamida.
dos estudos pivotais avalia a frequência das
crises em pacientes com epilepsia não contro- Além disso, a maioria dos estudos em epilepsia
lada comparada ao período pré-tratamento utiliza como parâmetro de melhora clínica a
(paciente em uso de medicação antiga versus contagem de crises. Em geral, utiliza-se a taxa
medicação antiga associada à nova medica- de respondedores superior a 50% como forma
ção), ou seja, por causa dessa limitação ética, de aferir a eficácia (proporção de pacientes que
provavelmente estudos duplo-cegos e rando- experimentam diminuição de 50% ou mais
mizados apresentem o viés de avaliarem ape- na frequência de crises em um determinado
nas uma subpopulação específica de pacientes período) ou a análise da redução percentual
que já sabidamente não respondem bem ao de crises em relação ao período pré-estudo2.
tratamento medicamentoso2. Tal fato dificulta No entanto, a eficácia de uma medicação, no

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contexto da epilepsia, vai além da contagem mos de ação é imprescindível, uma vez que
de crises. são medicamentos de uso contínuo e prolon-
gado, muitas vezes para o restante da vida1.
O cenário ideal seria o de remissão total de cri-
ses sem presença de efeitos colaterais. Porém, Por esses motivos, no contexto da epilepsia,
muitas vezes não é possível controlar as crises buscam-se não somente estudos de superiori-
com medicações antigas e, nesses casos, deve- dade de uma medicação, mas também o que se
se considerar o uso de novos medicamentos. denomina de resultado de não inferioridade.
Como os mecanismos de ação dos novos fár- Um novo medicamento que controle as crises
macos são diferentes dos antigos, é possível tão bem como as medicações antigas, porém
associar medicamentos de forma sinérgica com mecanismos de ação diferentes, perfil
(politerapia racional), melhorando, assim, a farmacocinético distinto ou menos efeitos
eficácia do tratamento e reduzindo os efeitos colaterais, torna-se uma importante ferra-
colaterais provenientes do efeito aditivo da menta no tratamento.
associação de fármacos com mecanismos de
ação semelhantes. Além disso, pacientes com Muitos FAEs têm alto potencial para ser a
epilepsia frequentemente apresentam comor- causa ou o alvo de interações medicamento-
bidades e o perfil de interação medicamentosa sas clinicamente importantes. A maioria des-
acaba muitas vezes afetando o tratamento sas interações envolve indução ou inibição de
deles. enzimas metabolizadoras de fármacos e pode
ser prenunciada mediante o conhecimento
Um exemplo clássico seria a interação de anti- dos mecanismos relevantes1.
convulsivantes indutores com medicamentos
utilizados para tratamento oncológico. Há Em geral, interações entre FAEs podem ser
também a questão da resposta individual às minimizadas pelo ajuste da dose e monito-
diversas medicações. Um paciente que não ração cuidadosa da resposta clínica. Algu-
respondeu a um determinado medicamento mas interações com outros tipos de fármacos
pode muitas vezes apresentar controle de cri- podem ter sérias consequências e nem sem-
ses com um fármaco diferente. Outro aspecto pre podem ser gerenciadas com ajustes de
importante é o fato de muitos pacientes apre- dosagem1.
sentarem resposta adequada quanto ao con-
trole de crises com fármacos antigos; porém, Interações entre FAEs ou entre FAEs e
não toleram os efeitos adversos relativamente outros fármacos podem ser de natureza far-
comuns (sonolência excessiva, ataxia, visão macocinética ou farmacodinâmica. As inte-
dupla, ganho de peso, aumento de níveis de rações farmacocinéticas envolvem mudan-
colesterol etc.) ou apresentam efeitos idios- ças na absorção, distribuição ou eliminação,
sincráticos graves (farmacodermia, disfunção enquanto as interações farmacodinâmicas
hepática etc.). Para tais pacientes, a disponibi- envolvem sinergismo e antagonismo no local
lidade de fármacos com diferentes mecanis- de ação.

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A maioria das interações clinicamente da neurotoxicidade observada em pacientes


im­por­tantes de FAEs resulta da indução ou tratados com uma combinação de FAEs que
inibição do metabolismo do fármaco. A car- bloqueiam o canal de sódio1,7.
bamazepina, a fenitoína, o fenobarbital e a
primidona são indutores fortes do citocromo Até um quarto das pessoas com epilepsia usa
P450 e enzimas glucuronizantes (bem como dois ou mais FAEs e essa proporção aumenta
a P-glicoproteína) e podem reduzir a eficá- para mais de 75% entre pacientes clinica-
cia de medicamentos coadministrados, como mente refratários atendidos em centros de
anticoagulantes orais, antagonistas de cálcio, referência terciários8. Além disso, há alta
esteroides, antimicrobianos e antineoplási­cos. probabilidade de FAEs serem prescritos com
A oxcarbazepina, o acetato de eslicarbazepina, outras medicações em algum momento da
o felbamato, a rufinamida e o topiramato (em vida. As comorbidades são frequentes em epi-
doses superiores a 200 mg/dia) apresentam lepsia, principalmente em idosos.
propriedades indutoras mais fracas e menos
propensão a causar interações mediadas por Como a maioria dos FAEs tem um índice tera-
indução enzimática. pêutico estreito e muitos afetam a atividade
de enzimas metabolizadoras de fármacos,
Ao contrário da indução enzimática, a inibição além de serem eles próprios substratos das
enzimática resulta em diminuição da depu- mesmas enzimas, as interações medicamen-
ração metabólica do fármaco afetado, cuja tosas clinicamente relevantes são comuns e
concentração sérica pode aumentar, levando muitas vezes conduzem a efeitos adversos1,7.
a efeitos tóxicos. Exemplos de interações
importantes mediadas pela inibição enzimá- As interações podem ser de natureza farma-
tica incluem aumento da concentração sérica cocinética ou farmacodinâmica. As interações
de fenobarbital e lamotrigina causado por farmacocinéticas envolvem mudanças no
ácido valproico. Existem também interações metabolismo do fármaco ou, menos frequen-
em que outros fármacos induzem ou inibem temente, absorção de fármacos, distribuição e
o metabolismo de FAEs, como o aumento da excreção renal e estão associadas à alteração
concentração sérica de carbamazepina pela na concentração sérica do fármaco afetado.
eritromicina e a diminuição da concentração Já as interações farmacodinâmicas ocorrem
sérica de lamotrigina por contraceptivos con- no local da ação e não envolvem mudanças na
tendo estrogênio. concentração sérica do fármaco afetado1,7.

Interações farmacodinâmicas entre FAEs As interações farmacocinéticas são mais


também podem ser clinicamente importan­tes, fáceis de documentar objetivamente, por-
podendo ter efeitos potencialmente be­néficos, tanto são relatadas com mais frequência, mas
como sinergismo terapêutico do ácido val- não necessariamente são mais importantes
proico combinado com lamotrigina, ou efei- do que as interações farmacodinâmicas1,9
tos adversos, como potencialização recíproca (Figura 1).

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Indutores Efeito desprezível


(1A2, 2C, 3A4, UGT) ou sem efeito
Fenitoína Gabapentina
Carbamazepina
Lacosamida
Fenobarbital
Lamotrigina
Primidona
Levetiracetam
Citocromo P450
Perampanel
Inibidores Pregabalina
(2C9, UGT, EH) Rufinamida
Valproato Vigabatrina
Felbamato Zonisamida

Indutores fracos (3A4) ou inibidores (2C19)


Oxcarbazepina
Topiramato
Adaptado de Asconapé, 2010(9).

Figura 1. Potencial de interação de fármacos antiepilépticos.

Mecanismos de interação
•  Interações farmacocinéticas

Indução enzimática Inibição enzimática

As interações de FAEs causadas por indução A inibição enzimática é o processo pelo qual
enzimática podem ser preditas ao saber quais um fármaco inibe a atividade de enzimas que
isoenzimas metabolizam um determinado fár- metabolizam outros fármacos. Entre os FAEs
maco e os efeitos dos FAEs sobre tais enzimas. comumente usados, o ácido valproico pode ser
Por exemplo, a carbamazepina é um indutor considerado um inibidor enzimático de amplo
bem conhecido de CYP3A4 (e outras enzimas) espectro, pois inibe a atividade das enzimas
e estimula previsivelmente o metabolismo de UGT (UGT1A4 e UGT2B7), bem como CYP2C9
outros substratos de CYP3A4, como muitas e, fracamente, CYP2C19 e CYP3A4. Por outro
estatinas, antagonistas de cálcio e hormônios. lado, o ácido valproico não inibe CYP1A2,
Conforme discutido anteriormente, porém, CYP2D6 nem CYP2E11.
a magnitude dessas interações está sujeita a
uma considerável variabilidade entre pacien- Os inibidores da enzima fraca de CYP2C19
tes, não sendo fácil prevê-la individualmente1. incluem oxcarbazepina, eslicarbazepina e

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topiramato, o que pode causar um aumento da fenitoína ligada a proteínas pelo ácido
moderado (geralmente menos de 50%) na con- valproico1. As implicações dessas interações
centração sérica de fenitoína, um composto são pouco compreendidas. Em geral, a conse-
parcialmente metabolizado pelo CYP2C191. quência das interações de ligação às proteínas
plasmáticas é uma queda na concentração
Outros mecanismos farmacocinéticos sérica total do fármaco deslocado, sem alte-
ração significativa na concentração de fár-
Absorção. As interações medicamentosas que maco farmacologicamente ativo (não ligado).
afetam a absorção gastrointestinal não são Entretanto, tais interações podem interferir
comuns. Um exemplo clinicamente impor- na interpretação de exames de nível sérico do
tante é a redução na absorção de fenitoína FAE, levando a uma subestimação da quanti-
quando administrada com alimentação ente- dade do FAE farmacologicamente ativo (não
ral10. A absorção de alguns FAEs também pode ligado)1.
ser diminuída pela ingestão concomitante de
alguns antiácidos, como óxido de magnésio e Papel da glicoproteína P (P-gp) e outras pro-
hidróxido de alumínio1. teínas da família dos transportadores ABC.
A entrada de alguns medicamentos no tecido
Ligação e distribuição de proteínas. Alguns cerebral é regulada por proteínas transporta-
FAEs, principalmente a fenitoína e o ácido doras, como P-gp, e por outras proteínas da
valproico, são altamente ligados às proteínas família dos transportadores ABC. A diferente
séricas, e o deslocamento de sítios de ligação expressão genética desses transportadores
à proteína pode ocorrer quando outros medi- pode contribuir para a resistência aos FAEs11,12.
camentos altamente ligados a proteínas são Além disso, P-gp pode ser inibida ou induzida
administrados concomitantemente. A mais por outros agentes, resultando em variações
comum dessas interações é o deslocamento na concentração cerebral de alguns FAEs11.

Interações farmacodinâmicas
Dois fármacos podem interagir no local de toxicidade e pouco ou nenhum ganho de efi-
ação, potencializando os efeitos uns dos outros cácia. Normalmente, interações farmacodinâ-
(interações sinérgicas) ou antagonizando os micas são inferidas de observações empíricas
efeitos uns dos outros (interações antagonis- e difíceis de documentar objetivamente1.
tas). É importante ressaltar que tais interações
podem influenciar os efeitos terapêuticos e Interações farmacodinâmicas também podem
tóxicos de diferentes maneiras: por exemplo, ocorrer entre FAEs e outros medicamentos.
dois fármacos podem ter efeito sinérgico (ou Exemplos são os efeitos terapêuticos aditivos
aditivo), mas toxicidade antagônica ou menor (ou sinérgicos) entre o ácido valproico e alguns
do que aditiva (infra-aditiva), resultando em antipsicóticos de nova geração utilizados para
um índice terapêutico melhorado da combi- o tratamento da mania, como quetiapina, ou
nação. Por outro lado, a combinação de dois piora dos efeitos adversos quando ácido val-
fármacos também pode levar ao aumento da proico é combinado com olanzapina1.

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•  Interações entre fármacos antiepilépticos

Interações resultando em diminuição tais interações são tipicamente de pequena


da con­centração sérica do fármaco magnitude e limitada significância clínica1.
afetado
Interações resultando em aumento
Os quatro maiores FAEs indutores enzimá- da concentração sérica do fármaco
ticos (carbamazepina, fenitoína, fenobarbi- afetado
tal e primidona) estimulam o metabolismo e
reduzem a concentração sérica da maioria dos O melhor exemplo de interações de FAE clini-
FAEs administrados simultaneamente, o que camente relevantes associadas a aumento das
pode resultar em diminuição da eficácia do concentrações séricas do medicamento afe-
medicamento afetado. Às vezes, isso é com- tado é o da inibição do metabolismo da lamo-
pensado pelo efeito terapêutico adicional do trigina e do fenobarbital pelo ácido valproico13.
FAE que interage, mas, em outros casos, será
necessário um ajuste na dosagem do medica- O ácido valproico dobra a triplica a meia-vida
mento afetado. da lamotrigina, o que resulta em um aumento
correspondente das concentrações séricas de
Por exemplo, a dosagem necessária de ácido lamotrigina. Pelo menos em adultos, o meta-
valproico e lamotrigina é significativamente bolismo da lamotrigina é inibido ao máximo
maior em pacientes que ingerem carbama- com 500 mg/dia de ácido valproico, não
zepina, fenobarbital, primidona e fenitoína. ocorrendo inibição adicional em doses mais
Para alguns FAEs, como carbamazepina e elevadas14.
tiagabina, que apresentam meia-vidas con-
sideravelmente mais curtas na presença de Essa interação tem grande relevância clínica.
indutores enzimáticos, a indução enzimática Para minimizar o risco de reações cutâneas
também aumenta as flutuações nas concen- graves, a lamotrigina deve ser iniciada em
trações séricas, levando potencialmente a doses muito mais baixas e titulada mais len-
efeitos adversos intermitentes no momento tamente em pacientes que estejam utilizando
do pico de concentração e crises relacionadas ácido valproico1,14. As doses de manutenção
à redução do nível sérico nos intervalos de recomendadas de lamotrigina também são
dose1. Nesses casos, maior número de ingestas menores quando usadas em combinação com
ou uso de formulações de liberação prolon- ácido valproico.
gada podem melhorar a resposta clínica1.
Quando o ácido valproico é adicionado em
A oxcarbazepina, o acetato de eslicarba- pacientes já em uso de lamotrigina, podem
zepina*, a rufinamida* e o felbamato também ocorrer efeitos neurotóxicos se a dosagem
diminuem as concentrações séricas de alguns da lamotrigina não for reduzida em cerca
FAEs administrados concomitantemente, mas de 50% assim que a dose do ácido valproico

*não disponíveis comercialmente no Brasil.

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atingir, em adultos, cerca de 250 a 500 mg/dia1. Outras interações clinicamente importantes
A dose de lamotrigina também deve ser ajus- mediadas pela inibição metabólica incluem
tada quando o ácido valproico é descontinuado. aumento das concentrações plasmáticas de
A interação entre ácido valproico e lamotri- fenobarbital, fenitoína e ácido valproico cau-
gina pode ser bidirecional, podendo ocorrer sados por felbamato e incremento da con-
diminuição de 25% nas concentrações de centração plasmática de clobazam, ácido
ácido valproico após adição de lamotrigina1,15. valproico, fenitoína, carbamazepina e feno-
barbital por estiripentol1.
O ácido valproico também aumenta as con-
centrações séricas de fenobarbital. Quando o Outras interações mediadas pela inibição
ácido valproico é adicionado à carbamazepina, metabólica incluem aumento na concentração
a inibição da enzima epóxido hidrolase pode sérica de fenitoína (em até 40%) após adminis-
causar aumento de até 100% ou mais na con- tração de oxcarbazepina ou eslicarbazepina
centração sérica do metabolito epóxido ativo e aumento sérico inconsistente de fenitoína
da carbamazepina, potencialmente levando a após a adição de topiramato1,16.
efeitos colaterais do sistema nervoso central13.

Interações farmacodinâmicas
Quando FAEs são combinados, podem ocor- tas vezes com redução na dose de ambos os
rer interações recíprocas no local de ação, o medicamentos1,16.
que pode influenciar sua eficácia e tolerabi-
lidade. O melhor exemplo dessas interações Foram sugeridas outras interações farmaco-
é entre ácido valproico e lamotrigina. Vários dinâmicas potencialmente favoráveis entre o
estudos indicaram que a combinação desses ácido valproico e a etossuximida em pacien-
dois FAEs pode produzir controle em vários tes com crises de ausência e entre ácido val-
tipos de crises epilépticas que não respondem proico e carbamazepina em pacientes com
às doses máximas toleradas de qualquer um crises focais17. É interessante notar que esses
deles isoladamente1,16. relatos de eficácia aditiva ou sinérgica envol-
vem combinações de FAEs com diferentes
No entanto, em razão das interações farmaco- mecanismos de ação. Por outro lado, estu-
cinéticas discutidas anteriormente, a combi- dos experimentais e clínicos sugerem que
nação de ácido valproico e lamotrigina requer combinações de bloqueadores dos canais de
cautela especial. sódio são frequentemente associadas à inci-
dência aumentada de efeitos adversos do
Ajustes cuidadosos da dosagem precisam ser sistema nervoso central em vez de eficácia
feitos para minimizar efeitos adversos, mui- aditiva1.

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•  Interações entre fármacos antiepilépticos e outros fármacos

Há um grande número de interações entre séricas de fenitoína e antibióticos do tipo car-


FAEs e outros medicamentos, o que impossi- bapenem, como imipenem, meropenem, erta-
bilita a descrição de todas. As interações mais penem e panipenem, podem causar diminui-
importantes serão discutidas nos tópicos a ção importante nas concentrações séricas de
seguir. ácido valproico por mecanismos ainda não são
esclarecidos1.
Interações resultando em diminuição
da concentração sérica de fármacos Interações resultando em aumento
antiepilépticos da concentração sérica de fármacos
antiepilépticos
A administração de pílula contraceptiva com-
binada pode diminuir as concentrações séri- Muitos fármacos são inibidores da CYP3A4,
cas de lamotrigina em cerca de 50% ou mais, principal enzima responsável pelo metabo-
levando à perda de controle de crises em algu- lismo da carbamazepina. Em vista da ampla
mas mulheres18. A interação é mediada pela utilização de carbamazepina, não é surpreen-
indução de glucuronidação de lamotrigina dente que tenham sido descritas muitas inte-
pelo etinilestradiol, enquanto o componente rações que levem a elevações clinicamente
progestogênico da pílula não interfere no importantes nas concentrações de carbama-
metabolismo da lamotrigina18. Essa interação zepina e a consequentes manifestações da
também segue um padrão cíclico, com dimi- toxicidade da carbamazepina1. Os clínicos
nuição acentuada das concentrações séricas devem estar cientes da maioria dessas intera-
de lamotrigina durante os 21 dias em que a ções e escolher, dentro de classes específicas
pílula é ingerida e aumento de rebote duplo de medicamentos, os agentes que são menos
na concentração de lamotrigina durante a propensos a causar efeitos problemáticos. Por
semana sem comprimidos. Contraceptivos exemplo, entre os antibióticos macrólidos, a
orais também podem causar interação cíclica eritromicina e a claritromicina são os inibido-
similar, mas menos pronunciada, que leva a res mais potentes da CYP3A4, sendo melhor
uma diminuição nas concentrações séricas de evitá-los em pacientes tratados com carbama-
ácido valproico19. zepina. Por outro lado, a azitromicina, a roci-
tamicina, a diritromicina e a espiramicina não
Outros fármacos que podem reduzir as con- interagem com CYP3A4, portanto não afetam
centrações séricas de lamotrigina em até 50% as concentrações de carbamazepina1.
são rifampicina, lopinavir/ritonavir e ataza-
navir/ritonavir. Efavirenz reduz a concen- A fenitoína é um substrato de CYP2C9 e
tração sérica da carbamazepina em torno de CYP2C19 e suas concentrações séricas podem
27%1. ser aumentadas por fármacos que inibem
essas enzimas. A Tabela 1 apresenta as prin-
Cisplatina e alguns outros fármacos antineo- cipais interações que levam ao aumento do
plásicos podem diminuir as concentrações nível sérico de FAEs1.

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Tabela 1. Exemplos de interações em que outros fármacos


aumentam a concentração sérica de fármacos antiepilépticos1.

Classe do fármaco
FAE afetado Fármaco inibidor
inibidor enzimático

Carbamazepina Antidepressivos Fluoxetina, Fluvoxamina,


Trazodona, Viloxazina

Antimicrobianos Claritromicina, Eritromicina,


Fluconazol, Isoniazida, Itraconazol,
Cetoconazol, Metronidazol, Ritonavir,
Troleandomicina, Voriconazol

Outros fármacos Cimetidina, Danazol, Dextropropoxifeno,


Diltiazem, Omeprazol, Risperidona,
Quetiapina, Ticlopidina, Verapamil

Clobazam Antimicrobianos Cetoconazol

Outros fármacos Omeprazol

Fenitoína Antidepressivos Fluoxetina, Fluvoxamina, Imipramina,


Sertralina, Trazodona, Viloxazina

Antimicrobianos Cloranfenicol, Fluconazol, Isoniazida,


Miconazol, Sulfafenazol

Outros fármacos Alopurinol, Amiodarona, Azapropazona,


Cimetidina, Clorfeniramina,
Dextropropoxifeno, Diltiazem, Dissulfito,
Doxifliridina, 5-Fluoruracila, Omeprazol,
Fenilbutazona, Sulfacilopera, Tacrolimo,
Tamoxifeno, Ticlopidina, Tolbutamida

Fenobarbital Antimicrobianos Cloranfenicol

Analgésicos Dextropropoxifeno

Etossuximida Antimicrobianos Isoniazida

Ácido valpróico Antidepressivos Sertralina

Antimicrobianos Eritromicina, Isoniazida

Outros fármacos Cimetidina

Lamotrigina Antidepressivos Sertralina

Perampanel Antimicrobianos Cetoconazol

Topiramato Diuréticos Hidroclorotiazida


Adaptado de Zaccara & Perucca, 2014(1).

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Interações resultando em diminuição de quatro dias. Se pílula combinada contendo


da concentração sérica de outros doses elevadas de etinilestradiol não estiver
fármacos disponível, uma alternativa será utilizar dois
comprimidos de um contraceptivo contendo
Uma lista de medicamentos cujo metabolismo 30 g de etinilestradiol e 150 g de levonorges-
pode ser estimulado por FAEs indutores de trel em regime continuado20. Ácido valproico,
enzimas fortes (carbamazepina, fenitoína, benzodiazepínicos e alguns FAEs de geração
fenobarbital e primidona) é apresentada na mais recente, principalmente levetiracetam,
Tabela 2. lacosamida, gabapentina e pregabalina, não
parecem afetar as concentrações séricas de
Contraceptivos orais estão entre os compostos contraceptivos hormonais21.
mais sensíveis à indução enzimática. Como
resultado, a perda da eficácia contracep- Conforme discutido anteriormente, oxcarba-
tiva é esperada quando a pílula é usada com zepina, eslicarbazepina, felbamato, rufina-
FAEs antigos indutores enzimáticos. Redu- mida e altas doses de topiramato ou peram-
ção importante nas concentrações séricas de panel possuem propriedades mais fracas de
estrogênios também é causada por oxcarba- indução de enzimas e tais FAEs parecem ser
zepina e eslicarbazepina. menos propensos a causar diminuição clinica-
mente significativa na concentração de outros
As formulações contraceptivas que podem ser fármacos. No entanto, pode haver exceções,
afetadas por FAEs indutores incluem não ape- como redução de 50% nas concentrações séri-
nas a pílula anticoncepcional oral combinada, cas de sinvastatina causada por acetato de
mas também o adesivo contraceptivo (patch eslicarbazepina16.
contraceptivo), o anel vaginal contraceptivo
combinado, o Minipil à base de progesterona Interações resultando em aumento
apenas, o implante de progesterona e anticon- da concentração sérica de outros
cepcionais pós-coito20. Por outro lado, acetato fármacos
de medroxiprogesterona injetável de depósito,
dispositivos intrauterinos liberadores de levo- Por sua atividade inibidora da enzima, o
norgestrel e dispositivos intrauterinos con- ácido valproico pode aumentar as concentra-
tendo cobre não são afetados por indutores ções séricas de uma variedade de fármacos,
enzimáticos. incluindo zidovudina, lopinavir, lorazepam,
nimodipina, paroxetina, amitriptilina, nor-
Se um dos últimos métodos de contracepção triptilina e nitrosureias1. Em alguns casos, tais
não for aceitável, O’Brien e Guillebaud20 suge- interações podem resultar em mais eficácia e/
rem considerar o uso de um contraceptivo oral ou toxicidade do fármaco afetado. Por exemplo,
combinado com dose elevada de etinilestra- a coadministração de ácido valproico e agen-
diol (50 a 60 g), administrado de forma contí- tes antineoplásicos em pacientes com tumores
nua ou em três ou quatro ciclos da pílula com- cerebrais resultou em aumento da toxicidade
binada consecutivamente, sem interrupção, hematológica dos agentes quimioterápicos,
seguido por um intervalo sem comprimidos mas também, possivelmente, da sobrevida22.

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Tabela 2. Exemplos de medicamentos cujo metabolismo pode ser


aumentado pelo tratamento concomitante com FAEs indutores enzimáticos,
principalmente carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e primidona1.

Buprenorfina, Fentanil, Metadona, Paracetamol (Acetaminofeno),


Analgésicos
Meperidina, Tramadol

Albendazol, Cloranfenicol, Doxiciclina, Efavirenz, Indinavir,


Antimicrobianos Itraconazol, Lopinavir, Metronidazol, Nevirapina, Posiconazol,
Praziquantel, Rifampicina, Ritonavir, Saquinavir, Voriconazol

Bussulfano, Ciclofosfamida, Etoposido, Ifosfamida, Imatinibe,


Irinotecano, Metotrexato, Misonidazol, Nitrosureias, Paclitaxel,
Antineoplásicos
Procarbazina, Tamoxifeno, Teniposídeo, Tiotepa, Topotecana,
Alcaloicos Vinca

Acenocumarol, Alprenolol, Amiodarona, Apixabana, Atorvastatina,


Dicumarol, Digoxina, Diltiazem, Disopiramida, Felodipina,
Cardiovasculares Isradipina, Lovastatina, Metoprolol, Mexiletina, Nifedipina,
Nimodipina, Nisoldipina, Propranolol, Quinidina, Sinvastatina,
Talinolol, Timolol, Verapamil, Varfarina

Imunossupressores Ciclosporina, Sirolimo, Tacrolimo

Amitriptilina, Aripiprazol, Benzodiazepinas, Bupropiona,


Citalopram, Clorpromazina, Clomipramina, Clozapina, Desipramina,
Desmetilclomipramina, Doxepina, Flupentixol, Haloperidol,
Drogas psicoativas Imipramina, Mesoridazina (Metabólito Ativo da Tioridazina),
Mianserina, Mirtazepina, Nefazodona, Nortriptilina, Olanzapina,
Paroxetina, Protriptina, Quetiapina, Sertralina, Risperidona,
Trazodona, Ziprasidona, Zuclopentixol

Cortisol, Dexametasona, Hidrocortisona, Metilprednisolona,


Esteroides
Prednisona, Prednisolona, Contraceptivos Hormonais

Metirapona, Teofilina, Tiroxina, Vecurônio (e alguns outros agentes


Outras drogas
bloqueadores neuromusculares não despolarizantes)

Nem todas as interações listadas anteriormente são clinicamente significativas e não ocorrem
necessariamente com todos os indutores enzimáticos. Por exemplo, enquanto a carbamazepina
estimula consistentemente o metabolismo da varfarina, reduzindo sua ação, a fenitoína
pode estimular ou inibir o metabolismo da varfarina. Na maioria das situações, o aumento do
metabolismo resulta em diminuição da concentração sérica e do efeito do fármaco afetado, mas
potencialização do efeito pode ocorrer quando o aumento da metabolização leva ao acúmulo de
metabólitos ativos.
Adaptado de Zaccara & Perucca 2014(1).

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Considerações finais
Alguns FAEs de geração mais recente são des- sentam grande eficácia no controle de crises
providos de atividade indutora e inibidora de conforme demonstrado em vários estudos.
enzimas hepáticas e menos propensos a cau-
sar interações clinicamente relevantes como Além disso, o uso de lacosamida ou levetira-
as descritas anteriormente. Dentre estes, des- cetam pode ser especialmente vantajoso em
tacam-se a lacosamida e o levetiracetam, que, pacientes que usam vários medicamentos,
além da excelente biodisponibilidade, apre- inclusive outros FAEs.

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Neil, UCB

Somos dedicados.
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Tudo o que fazemos começa com uma simples questão: como
isso fará a diferença na vida das pessoas?

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para alcançar o potencial das duas disciplinas: química e biologia.

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desenvolvendo produtos inovadores nas áreas terapêuticas do
sistema imunológico e sistema nervoso central, para transformar
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