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Farmacologia
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Princípios de farmacologia clínica
Dan M. Roden
CONSIDERAÇÕES GLOBAIS
Em todas as culturas e doenças, é verdade que determinados fatores, como
adesão ao tratamento, variantes genéticas que afetam a farmacocinética ou
farmacodinâmica (que variam elas próprias pela ascendência) e interações
medicamentosas, contribuem para as respostas aos fármacos. Questões
relacionadas a custos ou fatores culturais podem determinar a probabilidade de
que fármacos específicos, combinações de fármacos ou medicamentos de venda
livre sejam prescritos. Os amplos princípios da farmacologia clínica enunciados
aqui podem ser usados para analisar os mecanismos subjacentes à terapia bem-
sucedida ou não com qualquer fármaco.
Efeitos adversos Alguns efeitos adversos são tão comuns e tão claramente
associados à terapia farmacológica que logo são identificados durante o uso
clínico de um fármaco. Por outro lado, os efeitos adversos graves podem ser
suficientemente incomuns para escapar à detecção por muitos anos após o uso
amplo de um fármaco. A questão de como identificar efeitos adversos raros,
porém graves (os quais podem afetar profundamente a percepção de
risco/benefício em um dado paciente), não está resolvida de maneira satisfatória.
As soluções potenciais abrangem desde uma maior compreensão das bases
moleculares e genéticas da variabilidade nas ações dos fármacos até a expansão
dos mecanismos de vigilância pós-comercialização. Nenhuma dessas opções foi
plenamente eficaz; por isso, os médicos precisam manter contínua vigilância
quanto à possibilidade de que sintomas incomuns estejam relacionados com
determinados fármacos ou combinações de fármacos usados por seus pacientes.
ABSORÇÃO E BIODISPONIBILIDADE
Quando se administra um fármaco por via oral, subcutânea, intramuscular, retal,
sublingual ou diretamente nos locais de ação desejados, a quantidade do fármaco
que de fato chega à circulação sistêmica pode ser menor que a quantidade que
chega por via intravenosa (Fig. 63-2A). A fração do fármaco disponível na
circulação sistêmica pelas outras vias denomina-se biodisponibilidade. A
biodisponibilidade se reduz a < 100% por duas razões principais: (1) a absorção
é reduzida ou (2) o fármaco sofre metabolismo ou eliminação antes de entrar na
circulação sistêmica. Algumas vezes, a formulação administrada é inconsistente
ou sofreu degradação pelo tempo; por exemplo, o anticoagulante dabigatrana se
degrada rapidamente (em semanas) quando exposto ao ar, de modo que a
quantidade administrada pode ser menor que a prescrita.
FIGURA 63-2 Curvas idealizadas de tempo-concentração plasmática após uma única dose do
fármaco. A. Apresentação do curso de tempo de concentração do fármaco após um bolus intravenoso (IV)
instantâneo ou uma dose oral no modelo de um compartimento. A área sob a curva tempo-concentração é
claramente menor com o fármaco oral do que com o IV, indicando biodisponibilidade incompleta. Observar
que, apesar dessa biodisponibilidade incompleta, a concentração após a dose oral pode ser mais alta do que
após a dose IV em alguns pontos do tempo. O detalhe mostra que o declínio das concentrações com o
tempo é linear em um gráfico log-linear, típico da eliminação de primeira ordem, e que o fármaco oral ou
IV tem o mesmo curso de tempo de eliminação (paralelo). B. Declínio da concentração do compartimento
central quando o fármaco é distribuído para, e a partir de, um compartimento periférico e eliminado a partir
do compartimento central. O rápido declínio inicial da concentração reflete não a eliminação do fármaco,
mas a sua distribuição.
ulo 64.
Nota: Uma lista de substratos, inibidores e indutores de CYP é mantida em http://medicine.iupui.edu/clinpharm/ddis/main-table.
MEIA-VIDA
A maioria dos processos farmacocinéticos, como a eliminação, é de primeira
ordem, ou seja, a taxa do processo depende da quantidade de fármaco presente.
A eliminação pode, algumas vezes, ser de ordem zero (quantidade fixa eliminada
por unidade de tempo), e isso pode ser clinicamente importante (ver “Princípios
de seleção da dose”). No modelo farmacocinético mais simples (Fig. 63-2A), um
bolus do fármaco (D) é administrado instantaneamente a um compartimento
central, a partir do qual a eliminação do fármaco ocorre como um processo de
primeira ordem. Ocasionalmente, o compartimento central e outros
compartimentos correspondem aos espaços fisiológicos (p. ex., volume
plasmático), enquanto em outros casos eles são simplesmente funções
matemáticas usadas para descrever a disposição do fármaco. A natureza de
primeira ordem da eliminação do fármaco leva diretamente à relação que
descreve a concentração (C) do fármaco em qualquer tempo (t) após o bolus:
D
C = • e (-0,69t/t
1/2)
Vc
em que Vc é o volume do compartimento ao qual o fármaco é fornecido, e t1/2 é a
meia-vida de eliminação. Em consequência dessa relação, o gráfico do logaritmo
da concentração versus tempo é uma linha reta (Fig. 63-2A, em destaque). Meia-
vida é o tempo necessário para que 50% de um processo de primeira ordem se
complete. Assim, 50% da eliminação do fármaco é atingida após uma meia-vida
de eliminação do fármaco; 75%, após duas meias-vidas; 87,5%, após três e
assim por diante. Na prática, os processos de primeira ordem, como a
eliminação, estão quase completos após 4 a 5 meias-vidas.
Em alguns casos, o fármaco é removido do compartimento central não
apenas por eliminação, mas também por distribuição para os compartimentos
periféricos. Nesse caso, o gráfico da concentração plasmática versus tempo após
uma dose em bolus pode mostrar dois (ou mais) componentes exponenciais (Fig.
63-2B). Em geral, a rápida queda inicial da concentração do fármaco representa
não a eliminação, mas a distribuição do fármaco entrando e saindo dos tecidos
periféricos (também processos de primeira ordem), enquanto o componente mais
lento representa a eliminação do fármaco; o declínio abrupto inicial geralmente é
evidente com a administração intravenosa, mas não por outras vias. As
concentrações do fármaco em locais periféricos são determinadas por um
equilíbrio entre a distribuição do fármaco para os tecidos periféricos e a
redistribuição a partir deles, além da eliminação. Depois que a distribuição está
quase completa (4 a 5 meias-vidas de distribuição), as concentrações plasmáticas
e teciduais declinam paralelamente.
FIGURA 63-4 Acúmulo de fármaco até estabilidade dinâmica. Nesta simulação, o fármaco foi
administrado (setas) em intervalos = 50% da meia-vida de eliminação. A estabilidade dinâmica é atingida
durante o início da terapia após aproximadamente 5 meias-vidas de eliminação ou 10 doses. Uma dose de
ataque não alterou a estabilidade dinâmica subsequente atingida. Uma duplicação da dose resultou em
duplicação da estabilidade dinâmica, mas no mesmo curso de tempo de acúmulo. Quando se atinge a
estabilidade dinâmica, uma mudança na dose (aumento, redução ou suspensão do fármaco) resulta em nova
estabilidade dinâmica em aproximadamente 5 meias-vidas de eliminação. (Adaptada com permissão de DM
Roden, in DP Zipes, J Jalife [eds]: Cardiac Electrophysiology: From Cell to Bedside, 4th ed., Philadelphia,
Saunders, 2003. Copyright 2003 com permissão de Elsevier.)
DISTRIBUIÇÃO DO FÁRMACO
Em uma pessoa de 70 kg, o volume plasmático é de aproximadamente 3 L, o
volume sanguíneo, de aproximadamente 5,5 L, e a água extracelular fora da
vasculatura, de cerca de 20 L. O volume de distribuição de fármacos
extensamente ligados às proteínas plasmáticas, mas não aos componentes
teciduais, aproxima-se do volume plasmático; a varfarina é um exemplo. Em
contrapartida, para os fármacos altamente ligados aos tecidos, o volume de
distribuição pode ser bem maior do que qualquer espaço fisiológico. O volume
de distribuição da digoxina e dos antidepressivos tricíclicos, por exemplo, é de
centenas de litros, obviamente excedendo o volume corporal total. Esses
fármacos não são rapidamente removidos por diálise – consideração importante
na superdosagem.
DOSES DE ATAQUE Para alguns fármacos, a indicação pode ser tão urgente
que é necessária a administração de dosagens “de ataque” para se atingir
elevações rápidas da concentração do fármaco e efeitos terapêuticos mais cedo
do que com a terapia de manutenção crônica (Fig. 63-4). Não obstante, o tempo
necessário até a estabilidade dinâmica verdadeira ser alcançada ainda é
determinado apenas pela meia-vida de eliminação.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DE FÁRMACOS Embora
as simulações na Figura 63-2 utilizem uma única dose intravenosa em bolus, na
prática isso é geralmente inapropriado, porque podem sobrevir efeitos colaterais
relacionados com as concentrações transitoriamente muito altas. De preferência,
os fármacos são mais administrados por via oral ou como uma infusão
intravenosa mais lenta. Alguns fármacos são tão previsivelmente letais quando
infundidos de maneira rápida demais que se devem tomar precauções especiais
para evitar infusões rápidas acidentais. Por exemplo, as soluções de potássio
para administração intravenosa > 20 mEq/L devem ser evitadas com exceção das
circunstâncias muito excepcionais e cuidadosamente monitoradas. Isso minimiza
a possibilidade de parada cardíaca por elevação acidental nas taxas de infusão de
soluções mais concentradas.
As concentrações transitoriamente elevadas de fármacos após a
administração intravenosa rápida podem, algumas vezes, ser usadas como
vantagem. O uso de midazolam para sedação intravenosa, por exemplo, depende
da sua rápida captação pelo cérebro durante a fase de distribuição para produzir
sedação rapidamente, com subsequente saída do cérebro durante a redistribuição
do fármaco, quando o equilíbrio é alcançado.
De modo semelhante, deve-se administrar a adenosina como um bolus
rápido no tratamento das taquicardias supraventriculares reentrantes (Cap. 241),
para evitar a eliminação por captação muito rápida (t1/2 de segundos) nas
hemácias e nas células endoteliais, antes que o fármaco chegue ao seu local de
ação clínica, o nó atrioventricular.
FIGURA 63-5 A bomba de efluxo da glicoproteína P exclui fármacos do endotélio dos capilares no
cérebro e, portanto, constitui um elemento-chave da barreira hematencefálica. Por conseguinte, a
redução da função da glicoproteína P (p. ex., devido a interações medicamentosas) aumenta a penetração de
fármacos substratos no cérebro, mesmo quando as concentrações plasmáticas permanecem inalteradas.
DOENÇA HEPÁTICA
As provas de função hepática habituais não ajudam no ajuste das doses em
doenças como hepatite ou cirrose. O metabolismo de primeira passagem pode
diminuir, levando a um aumento da biodisponibilidade oral como consequência
de disfunção dos hepatócitos, alteração da arquitetura hepática e derivações
portocavas. A biodisponibilidade oral dos fármacos que sofrem alta eliminação
de primeira passagem, tais como morfina, meperidina, midazolam e nifedipino,
quase dobra nos pacientes cirróticos em comparação com os que têm função
hepática normal. Por isso, em tal contexto, deve-se reduzir a dose oral dos
referidos fármacos.
ESCOPO DO PROBLEMA
De acordo com uma estimativa realizada no Reino Unido, 6,5% de todas as
admissões hospitalares ocorrem devido a reações adversas a fármacos, e 2,3%
desses pacientes (0,15%) acabam morrendo. Os fármacos mais comumente
responsáveis foram o ácido acetilsalicílico, outros AINEs, diuréticos, varfarina,
IECAs, antidepressivos, opiáceos, digoxina, esteroides e clopidogrel. Em um
estudo conduzido no final da década de 1990, foi sugerido que as reações
adversas aos fármacos foram responsáveis por > 100.000 mortes hospitalares nos
Estados Unidos, de modo que ocupavam da quarta à sexta posição como causa
mais comum de morte hospitalar. Outro estudo realizado 10 anos depois mostrou
a ausência de qualquer mudança nessa tendência.
Nos hospitais, os pacientes recebem, em média, 10 fármacos diferentes
durante cada internação. Quanto mais enfermo, mais fármacos o paciente recebe,
e há um aumento correspondente na probabilidade de reações adversas
medicamentosas. Quando < 6 fármacos diferentes são fornecidos a pacientes
hospitalizados, a probabilidade de uma reação adversa é de aproximadamente
5%, mas se > 15 fármacos forem administrados, a probabilidade será > 40%.
Reações adversas graves também foram detectadas com fitoterápicos e
compostos de venda livre; são exemplos a hepatotoxicidade associada à kava, a
eosinofilia-mialgia associada ao L-triptofano e o acidente vascular cerebral
associado à fenilpropanolamina. Todos levaram a casos fatais.
LEITURAS ADICIONAIS
Landrigan CP et al: Temporal trends in rates of patient harm resulting from
medical care. N Engl J Med 363:2124, 2010.
Lazarou J et al: Incidence of adverse drug reactions in hospitalized patients: A
meta-analysis of prospective studies. JAMA 279:1200, 1998.
MacRae CA et al: The future of cardiovascular therapeutics. Circulation
133:2610, 2016.
Pirmohamed M et al: Adverse drug reactions as cause of admission to hospital:
Prospective analysis of 18 820 patients. Br Med J 329:15, 2004.
Wheatley LM et al: Report from the National Institute of Allergy and Infectious
Diseases workshop on drug allergy. J Allergy Clin Immunol 136:262, 2015.
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Farmacogenômica
Dan M. Roden
nucleotídeo único
(SNP, de single CYP2C9*3 rs1057910 I359L: perda da função 6,9 1,3 3,4
nucleotide CYP2C9*8 rs7900194 R150H: redução da função b 5,6 b
polymorphism)
(ou variante de CYP2C19*2 rs4244285 Defeito no splicing: perda da função 14,8 18,1 31,0
nucleotídeo único b b
CYP2C19*3 rs4986893 Interrupção prematura: perda da função 6,7
[SNV, de single
nucleotide variant]) CYP2C19*17 rs12248560 Ganho de função 45 45 < 5
CYP2D6*4c rs3892097 Defeito no splicing: perda de função 23,1 11,9 0,4
CYP2D6*10c Múltiplos SNPs definem CYP2D6*10 (redução da
função do alelo):
rs1065852 P34S 24,9 15,1 59,1
rs1135840 S486T
CYP3A5*3 rs776746 Defeito no splicing: perda de função 90 33 85
VKORC1*2 rs9923231 Variante promotora associada a uma 39 11 91
diminuição da dose de varfarina
VKORC1 rs61742245 D36Y: Redução de função, associada a 5% na África Oriental, Oriente
um aumento da dose de varfarina Médio, Oceania; rara em outras
partes do mundo
ABCB1 rs1045642 Variante sinônimo; pode afetar a 47,2 79,8 62,5
estabilidade do mRNA e enovelamento
da proteína
Inserção/deleção UGT1A1*28 Redução da função da variante 31,6 39,1 14,8
promotora (7 repetições TA versus 6
repetições no alelo de referência); os
homozigotos apresentam síndrome de
Gilbert
Múltiplas variantes HLA-B*15:01 Predispõem a reações adversas aos b b 5
constituindo haplótipos medicamentos imunologicamente
especificos mediadas
HLA-B*57:01 6,8 1,0 1,6
Deleção gênica CYP2D6*5 Perda da função 2,7 6 5,6
Duplicação gênica CYP2D6*1xN Duplicação Fenótipo de metabolizador ultrarrápido 0,8 1,5 0,3
de alelo
normal Até 3% na África do Norte e
Oriente Médio
CYP2D6*4xN Duplicação Fenótipo de metabolizador extensor ou 0,3 1,4 b
SNPs para definir uma variante específica. Por exemplo, rs1065852 está presente nas variantes *4 e *10. Ver http://www.cypalleles.ki.se.
Abordagens com genes candidatos A maioria dos estudos até o momento tem
utilizado uma compreensão dos mecanismos moleculares modulando a ação do
fármaco para identificar genes candidatos nos quais as variantes poderiam
explicar respostas farmacológicas variáveis. Um cenário muito comum é que as
ações de fármacos variáveis podem ser atribuídas à variabilidade nas
concentrações plasmáticas do fármaco. Quando as concentrações plasmáticas do
fármaco variam muito (p. ex., mais de uma ordem de magnitude), especialmente
se a sua distribuição for não unimodal, como na Figura 64-1, variantes em genes
individuais que controlam concentrações do fármaco muitas vezes contribuem.
Nesse caso, os genes candidatos mais óbvios são aqueles responsáveis pelo
metabolismo e eliminação dos fármacos. Outros genes candidatos são os que
codificam as moléculas-alvo com as quais os fármacos interagem, produzindo os
seus efeitos, ou moléculas que modulam essa resposta, incluindo aquelas
envolvidas na patogênese da doença.
FIGURA 64-1 A. Distribuição da atividade metabólica de CYP2D6 em uma população. A seta espessa
indica um antimodo, separando os indivíduos metabolizadores fracos (MFs, preto), com dois alelos
CYP2D6 com perda de função (preto), indicados pelas estruturas íntron-éxon abaixo do gráfico. Os
indivíduos com um ou dois alelos funcionais são agrupados juntos como metabolizadores extensivos (MEs,
azul). São também mostrados os metabolizadores ultrarrápidos (MUs, vermelho), com 2 a 12 cópias
funcionais do gene, exibindo a maior atividade enzimática. (Adaptada de M-L Dahl et al: J Pharmacol Exp
Ther 274:516, 1995.) B. Essas simulações mostram os efeitos previstos do genótipo CYP2D6 na eliminação
de um fármaco substrato. Com uma única dose (à esquerda), há uma relação inversa “gene-dose” entre o
número de alelos ativos e as áreas sob as curvas tempo-concentração (a menor nos indivíduos MU, a maior
nos indivíduos MF), o que indica que a depuração é maior nos indivíduos MU. Além disso, a meia-vida de
eliminação é mais longa nos indivíduos MF. O painel da direita mostra que essas diferenças com dose única
são exageradas durante a terapia crônica: a concentração de estabilidade dinâmica é muito mais alta nos
sujeitos MF (depuração reduzida), assim como o tempo necessário para atingir a estabilidade dinâmica
(meia-vida de eliminação mais longa).
Estudos de associação genômica ampla Essa área também tem tido algum
sucesso com abordagens “sem viés”, como a associação genômica ampla (GWA,
de genome-wide association) (Cap. 456), particularmente na identificação de
variantes únicas associadas a um alto risco de determinadas formas de toxicidade
farmacológica. Os estudos de GWA (GWAS, de GWA studies) identificaram
variantes no locus HLA-B que estão associadas com um alto risco de exantemas
cutâneos graves durante o tratamento com o anticonvulsivante carbamazepina e
de hepatotoxicidade com flucloxacilina, um antibiótico que nunca foi
comercializado nos Estados Unidos. Um GWAS sobre a miopatia associada à
sinvastatina identificou um único SNP não codificador em SLCO1B1,
codificando OATP1B1, um transportador de fármaco, que modula a captação da
sinvastatina pelo fígado, que é responsável por 60% do risco de miopatia. As
abordagens que utilizam a GWA também implicaram variantes de interferona em
respostas antileucêmicas e em resposta à terapia na hepatite C. Sabe-se que os
negros apresentam uma necessidade de doses mais altas para obter uma
anticoagulação estável com a varfarina, devido, em parte, à variação em
CYP2C9 e VKORC1, conforme discutido adiante. Além disso, um GWAS
identificou novos SNPs próximo a CYP2C9 que contribuem para esse efeito nos
negros.
captação de serotonina são metabolizados por CYP2D6, por CYP2C19 ou por ambas, e alguns metabólitos apresentam atividade
farmacológica. Ver https://www.pharmgkb.org/view/dosing-guidelines.do.
Siglas: ME, metabolizador extensivo (atividade enzimática normal); MI, metabolizador intermediário (heterozigoto para o alelo de perda de
função); MF, metabolizador fraco (homozigoto para o alelo de redução ou de perda de função); MU, metabolizador ultrarrápido (atividade
enzimática muito maior do que o normal, p. ex., com duplicação de gene, Fig. 64-1); SSJ/NET, síndrome de Stevens-Johnson/necrólise
epidérmica tóxica.
Dados adicionais em:
U.S. Food and Drug Administration: http://www.fda.gov/Drugs/ScienceResearch/ResearchAreas/Pharmacogenetics/ucm083378.htm
Pharmacogenetics Research Network/Knowledge Base: http://www.pharmgkb.org
The Clinical Pharmacogenomics Implementation Consortium: https://www.pharmgkb.org/page/cpic
LEITURAS ADICIONAIS
Mallal S et al: HLA-B*5701 screening for hypersensitivity to abacavir. N Engl J
Med 358:568, 2008.
Nelson MR et al: The support of human genetic evidence for approved drug
indications. Nat Genet 47:856, 2015.
Relling MV, Evans WE: Pharmacogenomics in the clinic. Nature 526:343, 2015.
Wang L et al: Genomics and drug response. N Engl J Med 364:1144, 2011.
Weeke P, Roden DM: Applied pharmacogenomics in cardiovascular medicine.
Annu Rev Med 65:81, 2014.