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Centro Universitário Unibrasília de Goiás-

Graduação em Psicologia

VITÓRIA MARTINS SILVA


E
TAYNARA KENNES DA COSTA PAULA

Psicopatologia

Pedro Augisto Souto Silva


CRP: 09/16300
Centro Universitário Unibrasília de Goiás –
Graduação em Psicologia

Psicopatologia

Atividade referente à disciplina de


Psicopatologia.

Prof. Pedro Augusto Souto Silva

São Luís de Montes Belos


2022

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SUMÁRIO
Centro Universitário UniBrasília de Goiás – Graduação em Psicologia......................4
1 – INTRODUÇÃO.........................................................................................................6

2 – A CONSTITUIÇÃO DO LOUCO ENQUANTO SUJEITO E A BIOPOLÍTICA............6

3 – A INSTITUCIONALIZAÇÃO E INTERNAMENTO DO SUJEITO;.............................7

4 – O PAPEL DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS


MENTAIS;...................................................................................................................... 9

6 – CONCLUSÃO;.......................................................................................................11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................12

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1 – INTRODUÇÃO

Desde a criação da primeira instituição de saúde mental no Brasil em


1852 até a reforma psiquiátrica nos anos 90 onde ficou determinado a proibição
de novos hospitais psiquiátricos são notáveis os avanços na organização e na
concepção dos serviços de atenção à saúde mental no Brasil. O objetivo é
fazer uma reflexão sobre a constituição do louco enquanto sujeito à luz dos
conceitos de biopolítica, a institucionalização e internamento do sujeito assim
como o papel da desinstitucionalização no tratamento das doenças mentais.

2 – A CONSTITUIÇÃO DO LOUCO ENQUANTO SUJEITO E A


BIOPOLÍTICA;

A biopolítica é um tema que fala especificamente de modos como a


política enxerga e lida com a vida, Foucault distingue dois termos o primeiro
que é a Biopolítica diz respeito á regulamentação da vida e o Biopoder que diz
respeito ao impacto do poder político sobre a vida, o poder governamental.
Foucault também faz diferenciação entre dois momentos sendo o momento
pré-capitalista neste caso o capitalismo industrial que surge no século XIV. Até
o século XVIII o poder monárquico era o poder de “fazer morrer ou deixar
viver”, ou seja, o monarca tinha autonomia para interferir diretamente na vida
do sujeito. A partir do século XIV com o advento do capitalismo industrial e as
modificações sociais causadas por ele Foucault enxerga que o poder está
centrado sobre a lógica do “fazer viver ou deixar morrer” esse “fazer viver”
seriam políticas que vão promover a vida já que a vida é necessária como mão
de obra par manter o capitalismo funcionando, ou “deixar morrer” aquele tipo
de vida que não interessa ao poder estabelecido.
Quando Foucault fala sobre as instituições disciplinares ele menciona os
hospitais psiquiátricos conhecidos na época como manicômios onde eram
internadas pessoas consideradas loucas, muitas vezes era considerado louco
aquele que não conseguia se adequar as regras ou aos padrões sociais da
época. Durante a reprodução do filme O Holocausto Brasileiro fica evidente

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quem são essas pessoas que não se encaixam, é comum durante a história
documentada perceber que algumas pessoas eram colocadas lá com o
presuposto de uma loucura quando na verdade eram muitas vezes deixadas lá
apenas para silenciar algum crime ou até mesmo mulheres que gostariam de
sair de um casamento indesejado eram tidas como loucas e direcionadas para
hospitais manicomiais, como a ausência de profissonais qualificados era
grande e a demanta de pacientes maior ainda muitos entravam ali sem mesmo
ter um transtormo mental identificado.
Foucault se dedicou a analisar o surgimento um modelo de psiquiatria
que se constrói e se articula em torno do sujeito com doença mental e não
seria possível analisar o discurso psiquiátrico relacionado aos anormais sem
retomar o conceito de biopolítica da população e sem questionar as
dificuldades incluindo a oposição normal/patológico.

O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela


consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico,
no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo
é uma realidade biopolítica. (FOUCAULT, 1989, p. 82).

A biopolítica da população iniciada no século XVIII foi a estratégia que


possibilitou que, pela primeira vez na história, o biológico ingressasse no
registro da política a partir desse momento que o corpo e a vida passaram a se
transformar em alvo privilegiado de saber e de intervenções corretivas. O
sujeito, enquanto sujeito de direitos, passou a ocupar um segundo plano em
relação à preocupação política por maximizar a saúde das populações. Uma
característica do biopoder é a importância crescente da norma sobre a lei: a
ideia de que é preciso definir e redefinir o normal em contraposição àquilo que
lhe é oposto, a figura dos “anormais”, considerados “exceção”.
A partir do momento em que se associa o conceito de saúde ao de
normalidade, entendida como frequência estatística, toda e qualquer anomalia
ficará inevitavelmente associada à patologia. Sendo assim, qualquer variação
do tipo específico será considerada como uma variação biológica de valor
negativo e, consequentemente, como algo que deve sofrer uma intervenção
curativo-terapêutica.
Sabemos que o conceito de normal é duplo: de um lado, remete a

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médias estatísticas, constantes e tipos; de outro, é um conceito valorativo, que
se refere àquilo que é considerado desejável em um determinado momento e
em uma determinada sociedade, dizendo como uma função, processo ou
conduta “deveria ser” (NORDENFELD, 2000, p. 64).

3 – A INSTITUCIONALIZAÇÃO E INTERNAMENTO DO SUJEITO;

A institucionalização dos loucos teve início na idade média a partir de um


movimento de exclusão social. A chamada ‘Nau dos Loucos’ é um exemplo
dessa exclusão. Pessoas consideradas ‘loucas’ eram colocadas nos porões
dos barcos e lançadas ao mar durante as travessias transoceânicas.

A internação é uma criação institucional própria ao século XVII. [...] Como medida
econômica e precaução social ela tem valor de invenção. (FOUCAULT, 2008A, P. 78).

É importante falar que principalmente na idade média a loucura tinha


forte ligação com a religião, acreditava-se que os loucos eram na verdade
pessoas possuídas ou controladas por espíritos e por sua vez era
responsabilidade da igreja o acolhimento desses sujeitos. Através do
documentário O Holocausto Brasileiro, é possível observar a influencia da
igreja, ela tinha papel ativo dentro dos hospitais manicomiais, e muitas vezes
os religiosos tomavam decisões acerca dos pacientes independente das
considerações médicas que também eram questionáveis na época.
Os hospitais existentes desde a idade média, não eram voltados para a
cura, e a prática médica não fazia parte das intervenções realizadas nestas
instituições. Hospitais eram destinados apenas a acolher os desabrigados,
pobres e doentes, como uma instituição de caridade que prestava assistência
material e religiosa e que, por consequência, contribuía para evitar a
disseminação das doenças, protegendo a população. O hospital era o lugar
para se receber os últimos cuidados e o último sacramento, um morredouro. No
entanto, as precárias condições de higiene e a inexistência de medidas de
assepsia, fizeram dos hospitais foco constante de desordem, devido às
doenças que se proliferavam em seu ambiente, assim como nas cidades.

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Em torno de 1780, o hospital passou a ser uma espécie de instrumento
terapêutico, propiciando o surgimento de uma nova proposta de trabalho: a
prática da visita e da observação sistemática e comparada, com o objetivo de
cura. Nesse processo, a necessidade de reorganização hospitalar ganhou
legitimidade uma vez que o direito à cidadania, reivindicado no contexto da
Revolução Francesa, exigia que se regularizasse a situação dos
enclausurados. Surge, então, um novo olhar sobre o hospital considerado
como máquina de curar e que, se produz efeitos patológicos. As práticas de
reorganização hospitalar por meio da disciplina – técnica de exercício de poder
– passaram a ser confiada ao médico, o que consequentemente contribuiu para
a transformação do saber e do exercício da medicina.
Desta forma, o médico tornou-se o responsável pela organização
hospitalar que, por sua vez, tornou-se um laboratório de pesquisas, espaço de
exames, tratamento, ensino-aprendizagem da medicina e saber sobre as
doenças. A instituição que era filantrópica passou a ter um novo caráter: o de
hospital médico. Em decorrência destas transformações nascem os primeiros
hospitais psiquiátricos cujo princípio para o tratamento dos doentes mentais
passou a ser a hospitalização integral, ou seja, o isolamento. A exclusão ocorre
através da internação, que é o que caracteriza a institucionalização.

4 – O PAPEL DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NO TRATAMENTO


DAS DOENÇAS MENTAIS;

A Política de Saúde Mental brasileira, desde a década de 1990, toma


rumos distintos, tendo em vista o novo modelo de atenção à pessoa com
transtorno mental, advindos com os ideais da Reforma Psiquiátrica, além das
conquistas da Luta Antimanicomial, que visam à substituição do modelo
hospitalocêntrico, centrado nas internações e medicalização da enfermidade,
devendo ser priorizado o sujeito em sua totalidade, o contexto social em que
está inserido. Torna-se necessário investir nos determinantes sociais,
econômicos e culturais implicados no processo saúde-doença, no sentido de
melhorar a qualidade de vida e prestar uma atenção integral.

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Dessa forma, o novo modelo de assistência às pessoas com transtorno
mental ganha maior densidade com a aprovação da Lei n. 10.216, de 6 de abril
de 2001, também conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, que redireciona
a atenção à saúde mental para uma rede de base comunitária e dispõe sobre
os direitos das pessoas com transtornos mentais. Ela garante ser de
responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a
assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos
mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será
prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as
instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de
transtornos mentais.
O processo de desinstitucionalização caracteriza-se por implicar novos
contextos de vida para as pessoas com transtorno mental, bem como para
seus familiares e pretende mobilizar como atores os sujeitos sociais envolvidos,
modificar as relações de poder entre os usuários e as instituições e produzir
diversas ações de saúde mental substitutivas à internação no hospital
psiquiátrico.
Os CAPS, atualmente regulamentados pela Portaria n. 336/GM, de 19
de fevereiro de 2002, constituem o principal equipamento do processo de
reforma psiquiátrica no País. São destinados a acolher as pessoas com
transtornos mentais severos e persistentes, de forma a inseri-las na vida
comunitária e familiar, buscando, assim, a sua autonomia. Funcionam como
porta de entrada aos serviços para ações relacionadas à saúde mental, sendo
um articulador com outras redes que oferecem serviços a este público, como o
Programa de Saúde da Família, Núcleos de Apoio à Saúde da Família,
ambulatórios, Residências Terapêuticas, abertura de leitos em saúde
mental/atenção psicossocial em hospitais gerais, entre outros.
A pesar das conquista da Luta Antimanicomial, ainda é muito falha a
atuação do Estado por meio dos serviços ofertados, frente aos novos papéis
direcionados aos familiares, que se sentem, geralmente, impotentes no lidar
com a situação a que são inseridos, bem como estão, muitas vezes, envoltos
por outras fragilidades resultantes do surgimento do transtorno mental e pelas
vulnerabilidades de seu contexto de vida e conjuntura social, por exemplo.
A Reforma Psiquiátrica marcou o percurso histórico da construção e

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reconhecimento da cidadania da pessoa com transtorno mental, moldando um
dos avanços fundamentais para a mudança no modelo assistencial rumo à
liberdade e comunidade, os CAPS. Embora ainda estejam em processo de
implantação e consolidação, tais serviços passam por várias dificuldades.

6 – CONCLUSÃO;

No cenário atual do campo da saúde mental brasileira, é preciso investir


e ampliar os espaços de reflexão e de invenção de práticas que contemplem o
cuidado dos sujeitos em sofrimento psíquico, no cotidiano dos serviços,
potencializando a constituição da rede de atenção psicossocial. É necessário
estar sempre atento sobre os modelos de cuidados propostos, a fim de que
possa ser evitada a reprodução das práticas tradicionais do antigo modelo
psiquiátrico, baseado no poder disciplinador.
No campo da saúde mental, a intersecção entre o biopoder e a
biopolítica pode ser considerada como limitante ao desenvolvimento de uma
clínica ampliada, que contribua para uma nova compreensão do processo
saúde-sofrimento-adoecimento psíquico, bem como com a invenção de novas
práticas de cuidado, consoantes às proposições da Política Nacional de Saúde
Mental e de acordo com as especificidades de cada território na rede de
atenção psicossocial.
No contexto desinstitucionalizante, um novo olhar também é direcionado
ao papel das famílias, vistas como partícipes dos serviços de saúde mental;
protagonistas no cuidado à pessoa com transtorno mental, bem como sujeitos
que precisam de cuidado, proteção social, diante da trajetória intensa pela qual
comumente passam. A família é tida como referência principal, dentre outros,
pela proximidade e por conhecer as reais necessidades do seu ente acometido
pelo transtorno mental. Acredita-se que a família tem o potencial no provimento
de cuidado, pois é no “ensaio e erro” que constroem estratégias no lidar
cotidiano com a pessoa com transtorno mental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Caponi, S. (2009). Biopolítica e medicalização dos anormais. Physis: Revista

de Saúde Coletiva.

Barbosa, V. F. B., Martinhago, F., Hoepfner, Â. M. da S., Daré, P. K., & Caponi,

S. N. C. de. (2016). O cuidado em saúde mental no Brasil: uma leitura a

partir dos dispositivos de biopoder e biopolítica. Saúde Em Debate.

‌Biopolítica - Brasil Escola. (n.d.). Www.youtube.com. Retrieved August 15,

2022,

‌Katál, R., & Florianópolis. (2014). Desinstitucionalização Psiquiátrica no Brasil.

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