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Saúde X Doença mental

e suas relações com normalidade e


legalidade.

Referências: A saúde mental e a Fabricação da normalidade: uma crítica


aos excessos do ideal normalizador a partir das obras de Foucault e Canguilhen.
SILVA. M.M, 2008. UFMG. Pag. 141-150.

Manual de psicologia jurídica / Carla Pinheiro. 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação,
2019. Capitulo 13 (luta antimanicomial Lei. 10.216/01). 1. Direito - Aspectos
psicológicos 2. Psicologia forense. 18-213.
Reforma psiquiátrica lei 10.216/ 2001

A reforma psiquiátrica e, consequentemente, o movimento no sentido de
desinstitucionalização dos portadores de transtornos mentais tiveram origem na Itália,
com a reforma psiquiátrica de Franco Basaglia, na década de 1960.


No Brasil, somente a partir dos anos de 1990, começou a ganhar força um movimento
em prol de políticas públicas que dessem conta de corrigir os erros decorrentes da
aplicação inadequada da psiquiatria clássica.Em 1990, o Brasil torna-se signatário da
Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em
2001, é aprovada a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.

Na década de 1930, as práticas médicas consolidadas para o
tratamento dos chamados transtornos mentais eram
indubitavelmente intrusivas e controversas. Os principais
recursos para a contenção e o tratamento dos chamados
“loucos” eram: induções a convulsões, com o uso de
eletrochoques, insulina e outras drogas, a leucotomia e a
lobotomia – que consistia em cortar parte do cérebro na
pretensão de extirpar a doença.

Na década de 1950, chegou-se ao “reinado dos psicofármacos”. E com
ele a promessa de cura pela via medicamentosa da maioria dos
transtornos psiquiátricos: antipsicóticos, como a cloroplomazina e o
haloperidal, foram intensamente utilizados. Somente após o tratamento a
médio e longo prazo, passou-se a levar em consideração os efeitos
colaterais importantes que esses tipos de medicamento produziam,
como a discinesia tardia – movimentos repetitivos involuntários, por
exemplo.

A década de 1960 foi o auge da “antipsiquiatria”. O termo foi utilizado
pela primeira vez por David Cooper, em 1967, como um movimento que
desafiou as práticas fundamentais da psiquiatria clássica. Para os
adeptos da “antipsiquiatria”, os problemas psiquiátricos eram originados
tendo em vista a dinâmica e os valores sociais, tendo origem endêmica e
não orgânica. Assim sendo, o que os psiquiatras chamavam de
esquizofrenia nada mais era do que o desvio das normas sociais.

Para Michel Foucault, Deleuze e Guattari, o papel da psiquiatria na
sociedade perpassava necessariamente a utilização das chamadas
“instituições totais”, de rótulos e de estigmas. Para eles, a sanidade e a
loucura seriam “construções sociais”: seriam indicativos do poder dos
ditos “saudáveis” sobre os chamados “insanos”.

Um dos principais movimentos na luta contra o tratamento desumano despendido às
pessoas portadoras de transtornos mentais é a chamada antipsiquiatria. Esse
movimento surgiu como uma crítica às teorias e às práticas fundamentais da psiquiatria
tradicional. Entre as práticas fundamentais, destacam-se três vertentes:

a. O tratamento dito inadequado, imposto contra a vontade do paciente, em sua maioria,
e excludente de outras alternativas ao tratamento das doenças mentais e do sofrimento
psíquico.

b. A vulnerável integridade ética dos médicos, muitos deles mais comprometidos com a
indústria farmacêutica do que com o tratamento mais adequado ao paciente.

c. O uso de manuais de diagnósticos – CID e DSM – que estigmatizam o paciente.
Art. 6 Internação Psiquiátrica - trata da internação psiquiátrica,
determinando que somente será realizada mediante laudo médico
circunstanciado que caracterize os seus motivos; estabelece em seu
parágrafo único e incisos os tipos de internação psiquiátrica: (lei
10.2016/01)


1- voluntária – Com consentimento do Usuário.

2- Involuntária – Sem consentimento do usuário a pedido de
terceiros

3- Compulsória – Por determinação da justiça.
* fica vetado a internação mesmo quando imposta como medida de
segurança, sem recomendação médica da real necessidade.
Quem são esses profissionais?


Psicólogo:

Psicoterapeuta:

Psicanalista:

Psiquiatra:

O psiquiatra, por exemplo, é um profissional da área da medicina, que após sua formação,
optou pela especialização em psiquiatria.

Já o psicólogo é o profissional que tem formação superior em Psicologia, ciência que estuda
os processos mentais e o comportamento humano. Além disso, o psicólogo pode atuar em
diversas áreas.

E o psicanalista é um profissional que possui uma formação em psicanálise, entretanto, ele
pode ter qualquer outra formação acadêmica que não seja relacionada com a Psicologia, por
exemplo. Este profissional utiliza o método terapêutico da psicanálise, que consiste na
interpretação dos conteúdos inconscientes das palavras, ações e produções imaginárias de
uma pessoa.

Psicoterapeuta: Um psicoterapeuta se trata de um profissional que trabalha as
questões emocionais dos pacientes por meio do diálogo. ( equoterapia
/arteterapia/ musicoterapia/ terapia ocupacional.)

Através da revisão das discussões levantadas por Georges
Canguilhem e Michel Foucault, pretende-se caracterizar a
construção conceitual de “doença mental” como intrinsecamente
relacionada às normas sociais. O conceito de “doença” refere-se a
um julgamento socialmente embasado a respeito de certas
manifestações, estabelecendo-as como inadequadas.

Na medicina, a biologia (o dado químico ou fisiológico) serve de
parâmetro para julgar uma diferença como doença. No campo da
saúde mental, por outro lado, os parâmetros para a definição do
patológico encontram dificuldades em apoiar-se na biologia,
situando-se claramente no campo dos valores. (sinais e sintomas)

A doença mental, correlato de anormalidade, é concebida em
relação às normas sociais, sendo, por isso, aplicável aos
sujeitos que não se submetem adequadamente a elas.

Nesse sentido, a função dos tratamentos mentais seria a
“normalização” dos indivíduos, fixando-os às normas de que
se distanciaram. Através da reflexão ética, entretanto, é
possível que a saúde mental encontre um outro patamar que
ultrapasse a adaptação social, permitindo a expressão da
diferença e da criatividade.

Para o filosofo Foucault, trata-se de pensar a história de
determinadas problematizações: a história de como certas
coisas se tornam problemas para o pensamento, dignas de
serem pensadas por um ou outro domínio do saber e, através
de formas de racionalização específicas, verdades são
fabricadas.

De maneira que suas pesquisas mostravam que nossas


evidências são frágeis e nossas verdades, recentes e
provisórias.

Ex. pesquisas com drogas, mudança na mídia, cultura e comportamento, educação e
violência.

As políticas públicas sobre drogas no Brasil são comandadas pela Secretaria Nacional de
Política sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, após sua criação em 1998. Já a
atual política de drogas no Brasil foi formulada a partir da lei 11.343/2006, que procura
estabelecer critérios claros para o combate às drogas, focando a luta mais contra o tráfico do
que na pessoa que consome a droga.

Foucault participou teórica e praticamente dos movimento sociais que
poderíamos chamar de vanguarda de seu tempo, sobretudo durante as
décadas de sessenta e setenta:

a luta antimanicomial (sua experiência num hospital psiquiátrico foi uma
das motivações que o levou a escrever História da Loucura);

as revoltas nos presídios franceses (junto com Gilles Deleuze criou o
GIP – Grupo de Informação sobre as Prisões, que buscava dar voz aos
presos e às outras pessoas diretamente envolvidas no sistema prisional;
com base nessa experiência escreveu Vigiar e Punir);

o movimento gay (uma das motivações para sua História da
Sexualidade).
Principais críticas de Foucault:


O saber médico psiquiátrico – a patologização e a
medicalização como formas modernas de
dominação sobre seres econômica e socialmente
inconvenientes, ou seja, os loucos.

Medicalização das emoções... Remédio para
acordar, remédio para dormir, remédio para sorrir...
Alguns dados:

Conforme contagem populacional realizada em 2016 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Goiás,
totaliza  6.003.788 habitantes, distribuídos em 246 municípios, sendo o
estado mais populoso do Centro-Oeste.


A população carcerária do estado é de 6.903.


Dados da POG, a população carcerária, em sua maioria, cerca de 50%,
são oriundos da região metropolitana de Goiânia, 25% são do interior do
estado de Goiás, 20% de outros estados brasileiros e 5% são
estrangeiros.

A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe
definição "oficial" de saúde mental.


Diferenças culturais, julgamentos subjetivos, e teorias
relacionadas concorrentes afetam o modo como a "saúde
mental" é definida.


Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de
qualidade de vida cognitiva, emocional, afetiva e social.

A saúde Mental pode incluir a capacidade de um
indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio
entre as atividades e os esforços para atingir a
resiliência psicológica. Admite-se, entretanto, que o
conceito de Saúde Mental é mais amplo que a
ausência de transtornos mentais.
Sobre o texto:


Doença e transtorno mental é uma construção valorativa?

Critérios de diagnostico (DSM, CID) a busca da normalidade
adoece?

O circulo do poder da norma, seria uma maneira de exclusão
social?

O que pode ser avaliado, comente sobre o contabilidade do
mental?
Como definir SAÚDE MENTAL?

Saúde Mental é o equilíbrio emocional entre o


patrimônio interno e as exigências ou vivências
externas. É a capacidade de administrar a própria vida
e as suas emoções dentro de um amplo espectro de
variações sem contudo perder o valor do real e do
precioso. É ser capaz de ser sujeito de suas próprias
ações sem perder a noção de tempo e espaço. É
buscar viver a vida na sua plenitude máxima,
respeitando o legal e o outro. (Dr. Lorusso)

Saúde Mental é estar de bem consigo e com os
outros. Aceitar as exigências da vida. Saber lidar
com as boas emoções e também com as
desagradáveis:
ü
alegria/tristeza; coragem/medo; amor/ódio;
serenidade/raiva; ciúmes; culpa; frustrações.

ü
Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando
necessário.

“Mostrar às pessoas que elas são muito mais livres
do que pensam, que elas tomam por verdadeiro, por
evidentes, certos temas fabricados em um momento
particular da história, e que essa pretensa evidência
pode ser criticada e destruída.” (Michel Foucault)

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