Você está na página 1de 7

Conceitos básicos da Medicalização da

Vida
Biolegitimidade:
● dispositivo de produção de direitos, de reconhecimento e de acesso a serviços e
atendimento por parte do Estado, e também como meio de reivindicação e de conquista
de direitos. (...) “deslocamento de legitimidades nas políticas da vida”, da vida política à
biológica (de bios a zoé). (Biolegitimidade, direitos e políticas sociais: novos regimes
biopolíticos no campo da saúde mental no Brasil, Sônia Weidner Maluf, 2021)

Eugenia:
● a ciência que trata dos fatores capazes de aprimorar as qualidades hereditárias da raça
humana. (A influência das ideias higienistas no desenvolvimento da psicologia no Brasil,
Adriano Rodrigues Mansanera, Lúcia Cecília da Silva, 2000)

Farmacologização:
● a tradução ou transformação de condições, capacidades e potencialidades humanas em
oportunidades para intervenções farmacológicas. Ainda que com larga superposição
com a medicalização, a farmacologização se distinguiria por não estar necessariamente
ligada a algum tipo de diagnóstico médico, como se vê no fenômeno cada vez mais
presente da utilização de medicamentos sem indicação terapêutica, mas para atingir
uma certa "supernormalidade" por meio do aperfeiçoamento farmacológico
("enhancement"). Segundo esses autores, a farmacologização é um complexo processo
sociotécnico que interage com os processos de medicalização. A farmacologização cria
identidades em torno do uso de determinados fármacos, além de reforçar a ideia de que
"para cada mal há um comprimido", levando à expansão do mercado farmacêutico para
além das áreas tradicionais, incluindo o uso por indivíduos saudáveis, ao
enfraquecimento da predominância da profissão médica criando relações diretas da
indústria com "consumidores" e a colonização da vida humana pelos produtos
farmacêuticos. (Medicalização, farmacologização e imperialismo sanitário, Kenneth
Rochel de Camargo Jr., 2013)

Higiene mental:
● o conceito de higiene mental incluía diversas nuanças que, grosso modo, envolviam
ações voltadas à busca de um ideal de homem pautado em preceitos sobre condutas e
procedimentos que, segundo os higienistas, levariam a um nível de desenvolvimento
estabelecidos como meta. Sobre tal intento, Fontenelle (1925, p. 09) advoga que
medidas que incluíssem um esforço coletivo trariam resultados muito vultosos, visto que
“[...] se multiplicariam as fontes de propaganda dos grandes princípios que põem na
educação os fundamentos da higiene mental, cultivando e preparando as mentalidades
individuais para o correto ajustamento futuro, base da saúde, do trabalho e da
felicidade”. (As Contribuições da Psicologia aos Ideais da Liga Brasileira de Higiene
Mental: Algumas Reflexões, Roselania Francisconi Borges, 2020)
● Uma destas definições foi proposta pelo psicólogo polonês Waclaw Radecki (1887-
1953) que definia higiene mental como “[...] uma ação que forma as condições da vida,
capazes de assegurar o desenvolvimento normal[grifo do autor] em todos os domínios
da vida psíquica da criança” (Radecki, 1925, p. 20-21). Consoante a esse pensamento,
o médico sergipano Manoel Bomfim (1868-1932) em sua obra “Lições de Pedagogia”,
originalmente publicada em 1915, também propunha ações de higiene mental visando
“o apuro do caráter e a organização do proceder”, tendo como objetivo “[...] opor
tendências, ou instintos, uns aos outros, desenvolver e reforçar os bons pelo exercício;
deixar atrofiar os maus, evitando as tentações, organizar os hábitos, de sorte que sobre
eles tenha sempre a vontade um poder eficaz” (Bomfim, 1926, p. 387). (As
Contribuições da Psicologia aos Ideais da Liga Brasileira de Higiene Mental: Algumas
Reflexões, Roselania Francisconi Borges, 2020)
● Embora referências à saúde mental como um estado possam ser encontradas na língua
inglesa bem antes do século 20, referências técnicas à saúde mental como um campo
ou disciplina não são encontradas antes de 1946. Nesse ano, a Conferência
Internacional de Saúde, realizada em Nova York , decidiu estabelecer a Organização
Mundial da Saúde (OMS) e uma Associação de Saúde Mental foi fundada em Londres.
Antes dessa data, encontram-se referências ao correspondente conceito de “higiene
mental”, que apareceu pela primeira vez na literatura inglesa em 1843, num livro
intitulado Higiene mental ou um exame do intelecto e das paixões destinado a ilustrar a
sua influência na saúde e na duração da vida. Além disso, em 1849, o “desenvolvimento
mental e físico saudável do cidadão” já havia sido incluído como o primeiro objetivo da
saúde pública em um projeto de lei submetido à Sociedade de Médicos e Cirurgiões de
Berlim. (The roots of the concept of mental health, José Bertolote, 2008)
● Em 1948, foi criada a OMS e no mesmo ano foi realizado em Londres o primeiro
Congresso Internacional de Saúde Mental. Na segunda sessão do Comitê de
Especialistas em Saúde Mental da OMS (11 a 16 de setembro de 1950), “saúde mental”
e “higiene mental” foram definidas da seguinte forma: “Higiene mental refere-se a todas
as atividades e técnicas que encorajam e mantêm a saúde mental. A saúde mental é
uma condição sujeita a flutuações devido a fatores biológicos e sociais, que permite ao
indivíduo alcançar uma síntese satisfatória de suas próprias pulsões instintivas
potencialmente conflitantes; formar e manter relações harmoniosas com os outros; e
participar de mudanças construtivas em seu ambiente social e físico”. (The roots of the
concept of mental health, José Bertolote, 2008)

Higienismo:
● Segundo a concepção higienista, não era possível fazer uma grande nação com uma
raça inferior, eivada pela mestiçagem, como eram os brasileiros. Nesta questão, o
higienismo se fundamentava na Eugenia. (A influência das ideias higienistas no
desenvolvimento da psicologia no Brasil, Adriano Rodrigues Mansanera, Lúcia Cecília
da Silva, 2000)
● Podemos vislumbrar que o movimento higienista esteve amplamente presente na vida
dos brasileiros no início do século XX e que lidou com problemas com os quais estamos
ainda nos debatendo, como por exemplo a discriminação racial, a exclusão e/ou
inclusão dos deficientes e doentes mentais na sociedade, a delinqüência, a
possibilidade ou não da prevenção em saúde mental. Observamos também que a
Psicologia, assim como a Eugenia, tornou-se um dos fundamentos científicos do
movimento higienista, e, marcadamente, a base científica da higiene mental. (A
influência das ideias higienistas no desenvolvimento da psicologia no Brasil, Adriano
Rodrigues Mansanera, Lúcia Cecília da Silva, 2000)

Medicar:
● Determinar a medicação a (ou de). = RECEITAR (Dicionário Priberam)
● Obs. VER DIFERENÇA ENTRE REMÉDIO, MEDICAR, MEDICAÇÃO, MEDICAMENTO
E MEDICAMENTALIZAÇÃO

Medicação:
● Ato de medicar (Dicionário Priberam)
● Obs. VER DIFERENÇA ENTRE REMÉDIO, MEDICAR, MEDICAÇÃO, MEDICAMENTO
E MEDICAMENTALIZAÇÃO

Medicalização:
● “Medicalização” descreve um processo pelo qual problemas não médicos são definidos
e tratados como problemas médicos, geralmente em termos de doenças e distúrbios. (..)
A chave para a medicalização é a definição. Ou seja, um problema é definido em termos
médicos, descrito em linguagem médica, entendido por meio da adoção de um
arcabouço médico, ou “tratado” com uma intervenção médica.(...) “medicalizar” significa
literalmente “tornar médico” (The Medicalization of Society: On the Transformation of
Human Conditions into Treatable Disorders, Peter Conrad, 2007)
● Existem duas definições recentes para o conceito de medicalização: (1) a definição soft,
de Paul Weindling, que a entende como extensão da racionalidade médica a uma ampla
gama de atividades sociais; e (2) a definição hard, de Thomas Szasz, que a concebe
como conversão direta de problemas sociais e morais em doenças. (...) A medicalização
opera fazendo problemas sociais (frequentemente associados ao corpo e que colocam
dilemas morais) passarem da competência jurídica àquela da medicina, novo locus
privilegiado de controle social. As condutas desviantes são, cada vez mais, rotuladas e
tratadas pela medicina, cujo mandato social autoriza e legitima a redefinição médica
desses problemas sociais. Quanto mais as premissas médicas são aceitas socialmente,
mais diminuem o alcance das premissas concorrentes, e vice-versa. (A Medicalização
da Existência e o Descentramento do Sujeito na Atualidade, Rogério Paes Henriques,
2012)
● O fenômeno sociocultural da Medicalização pode ser caracterizado, em um sentido
amplo, pela transformação de experiências humanas comuns (e.g., sofrimento, luto,
desatenção e inquietação) em problemas de ordem médica (...) Em outros termos,
comportamentos outrora distantes da jurisdição médica, mas considerados desviantes
às normas vigentes, passaram a ser alvo de intervenções disciplinares no campo da
saúde. (Medicalização da vida e análise clínica do comportamento, Tiago Alfredo da
Silva Ferreira, João Pedro Alves Matos, Mateus Mattos Souza, Sidarta da Silva
Rodrigues, 2022)
● processo pelo qual aspectos da vida subjetiva que antes não eram considerados signo
de doença e alvo de intervenção médica passam a sê-lo. (Medicalização do sofrimento
na cultura terapêutica: vulnerabilidade e normalidade inalcançável, Mariana Ferreira
Pombo, 2017)
● Há diferentes conceitos de medicalização, que nem sempre são compatíveis entre si
(CAMARGO JUNIOR, 2013). Este fenômeno pode ser entendido como uma forma e
controle da sociedade; uma consequência inevitável dos processos de transformação
social, ou ainda o processo de transformação e do deslocamento de problemas, que
antes não eram médicos, que passam a ser considerados doenças mentais para ganhar
a atenção destes especialistas (Medicalização e saúde mental: estratégias alternativas,
Michelle Zanella, 2016).

Medicalização da vida:
● Nas sociedades ocidentais, os problemas inerentes à vida têm sido deslocados para o
campo médico e, assim, nos encontramos em plena Era dos Transtornos. Vivemos hoje
em uma sociedade onde problemas coletivos e sociais são gerenciados por um
processo de medicalização que avança a passos largos sobre todas as esferas da vida,
diagnosticando fatos cotidianos e ocultando desigualdades. Os problemas de origem
social, histórica e política são transformados em problemas individuais, inerentes ao
sujeito e solucionados no plano biológico. (Medicalização da vida: uma análise sobre a
psiquiatrização do campo educacional como estratégia biopolítica, Karina Gomes Giusti,
2016)
● A medicalização, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, não se refere a um
processo recente. De acordo com as autoras, a medicalização é um fenômeno social
que ocorre há mais de duzentos anos, e, no decorrer desse período, constituiu-se de
várias formas, até chegar à condição atual de vulgarização do consumo de
medicamentos. (...) Sentimentos e comportamentos desviantes, como tristeza,
insatisfação e a agressividade, são medicados. Dessa forma, a medicalização não
constitui apenas uma norma de adequação ao sistema, mas também de produção de
novos modos de existência. Essa produção de novos modos de existência se dá por
meio do que Foucault denominou de biopoder. Segundo Bicalho, Bohrer e Decotelli
(2013, p. 3) “nesse cenário, parecemos ver encarnadas, em uma medicação, o que
Foucault (2005) chamou de tecnologias do biopoder, não mais instituições totais, mas
medicações totais. O que se vê é a medicalização da vida.” O biopoder é uma nova
forma do poder operar. É um poder que dita a forma ideal de comportamento,
aprendizagem, de saúde, de existência, exercendo, dessa forma, a normatização e o
domínio dos corpos. (Medicalização da vida: sobre o processo de biologização da
existência, Mayara Souza Ferreira, 2017)
Medicamentalização:
● uso de medicamentos em situações que, anteriormente, não eram consideradas
problemas médicos e, consequentemente, não existia um tratamento farmacológico
para tal. Portanto, a medicamentalização pode ser considerada uma das conseqüências
da medicalização. (Uso de Medicamentos e Medicalização da Vida: recomendações e
estratégias, Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos, 2019)
● A medicamentalização refere-se ao controle médico sobre a vida das pessoas. Para
tanto, utiliza a prescrição e o uso de medicamentos como única terapêutica possível de
responder às situações da vida cotidiana, entendidas como enfermidades psíquicas. Por
conseguinte, angústia, mal-estar ou dificuldades, outrora compreendidas como parte da
complexidade e singularidade do ser humano, passam a ser consideradas doenças ou
transtornos diagnosticáveis e, consequentemente, “medicamentalizados”, com o intuito
de proporcionar cura. ("Fui lá no posto e o doutor me mandou foi pra cá": processo de
medicamentalização e (des)caminhos para o cuidado em saúde mental na Atenção
Primária, Indara Cavalcante Bezerra, Maria Salete Bessa Jorge, Ana Paula Soares
Gondim, Leilson Lira de Lima e Mardênia Gomes Ferreira Vasconcelos, 2014)
● Obs. VER DIFERENÇA ENTRE REMÉDIO, MEDICAR, MEDICAÇÃO, MEDICAMENTO
E MEDICAMENTALIZAÇÃO

Medicamento:
● Um medicamento é um produto que foi desenvolvido por uma indústria farmacêutica e
que cumpriu todas as exigências legais definidas por órgãos regulatórios (no caso do
Brasil, é a Anvisa). Os efeitos são conhecidos e foram comprovados cientificamente por
inúmeros testes que vamos explicar logo mais. Em resumo: Então, todo medicamento é
um remédio, mas um remédio nem sempre é um medicamento. (Site Dr. Drauzio
Varella:
https://drauziovarella.uol.com.br/genericos/diferenca-entre-remedio-e-medicamento/ )
● Obs. VER DIFERENÇA ENTRE REMÉDIO, MEDICAR, MEDICAÇÃO, MEDICAMENTO
E MEDICAMENTALIZAÇÃO

Modelo biomédico (do sofrimento emocional):


● uma abordagem que enquadra a maior parte do sofrimento mental como doença
médica e favorece explicações biomédicas e intervenções como drogas psiquiátricas.
Essa abordagem, explicou Pūras, aumentou a quantidade de prescrições
desnecessárias, negligenciou alternativas psicológicas e sociais eficazes e deturpou a
natureza e as causas do sofrimento mental. Também levou os profissionais a
negligenciar os complexos determinantes sociais e psicológicos do sofrimento, em
detrimento da saúde individual. (...) O que piorou as coisas para Pūras foi que essa
abordagem biomédica não era cientificamente fundamentada. “Apesar dos bilhões
gastos em pesquisas, ainda não descobrimos as causas biológicas de quaisquer
transtornos mentais”, disse ele. 'O que descobrimos, veja bem, são desequilíbrios de
poder – entre médicos e pacientes e entre a biomedicina e outras abordagens que
darão mais atenção aos determinantes sociais e psicológicos do sofrimento de uma
pessoa' – para a pedra no sapato, para falar. “No entanto, quando você pergunta
informalmente aos psiquiatras por que a abordagem biomédica está falhando, cerca de
90% culpam a falta de recursos. Eles dizem que há uma lacuna de financiamento que
precisamos fechar para que as coisas melhorem.' Para Pūras, porém, investir mais
dinheiro na mesma abordagem fracassada simplesmente não mudará as coisas. Em
vez disso, devemos redirecionar o financiamento para combater as causas sociais do
sofrimento e implementar intervenções psicológicas e sociais eficazes. (Sedated: How
Modern Capitalism Created our Mental Health Crisis, James Davies, 2021)

Patologização:
● O conceito de patologização remete a um processo semelhante ao da medicalização,
focando na atribuição de status de doença a problemas da vida cotidiana. Calcado no
binômio saúde-doença, termina por escamotear a influência de aspectos históricos,
sociais, econômicos e políticos sobre o desenvolvimento humano, além de individualizar
questões que se constroem na relação das pessoas entre si (Moysés & Collares,
2013a). Representa, assim, a biologização de conflitos sociais, naturalizando os
fenômenos socialmente constituídos e retirando da análise da existência humana a
historicidade, a cultura e as desigualdades sociais, característicos da vida em
sociedade. (Patologização e Medicalização da Educação Superior, Julia Chamusca
Chagas e Regina Lúcia Sucupira Pedroza, 2016)

Psicologização:
● De um modo geral, a "psicologização" é o fenômeno no qual "a psicologia veio para
infundir e até dominar outras formas de formar, organizar, disseminar e implementar
verdades sobre as pessoas" (Rose 1998, 59). Em outras palavras, a psicologização é o
processo de usar vocabulários psicológicos para explicar tudo na vida cotidiana e
institucional – desde fábricas, tribunais, prisões, salas de aula, quartos, administração
colonial até espaços urbanos (Rose 1998). Mais importante, a psicologização afirma
que as verdades psicológicas podem resolver todos os problemas identificados nesses
locais (De Vos 2012). (Against the psychologization of resilience: towards an
onto-political theorization of the concept and its implications for higher education,
Michalinos Zembylas, 2020)

Psicofarmacologização:
● Mas parte-se do pressuposto de que o processo de medicamentalização, entendido
como a apreensão médica a partir de situações não necessariamente médicas, é o
pano de fundo de um processo mais específico. Esse processo ganha contornos
específicos com a classe dos psicofármacos. Ou seja, há algumas nuances importantes
de serem frisadas no concernente ao modo pelo qual emoções, reações e
comportamentos psicológicos em geral, ou os seus excessos (ou déficits), podem ser
tidos como problemas médicos. Isso se denomina psicofarmacologização (A banalidade
do mal psicofarmacológico em tempos de performance, Maicon Cunha, 2021).
Psiquiatrização:
● Esse processo de ampliação dos discursos e práticas psiquiátricas, aqui denominado de
psiquiatrização da existência, pode ser compreendido como um modo de transformar
algo ou alguém em objeto do saber, da prática, ou da tutela médica. Nessa perspectiva,
os fenômenos relacionados à subjetividade e à existência humana vêm sendo
transformados em queixas de âmbito médico-psiquiátrico, em sintomas de supostos
“transtornos mentais” e, finalmente, em categorias diagnósticas que sustentariam as
práticas de tutela psiquiátrica, as indispensáveis prescrições psicofarmacológicas e as
atuais internações manicomiais. Entretanto, esse processo de ampliação das práticas
psiquiátricas não significaria que a psiquiatria no decorrer dos tempos conquistou
finalmente um status científico pela sua vinculação às ciências biológicas, mas
conforme elucida Foucault (2000, p. 481) em sua obra, As palavras e as coisas, a
explicação para sua expansão deve-se às características de “pretensão ao universal”
que todas as ciências humanas carregam consigo, daí “o perigo do psicologismo”, do
“sociologismo” e, aqui, acrescentaríamos também de um “psiquiatrismo”. (A
psiquiatrização da existência: dos manicômios à neuroquíca da subjetividade, Daniele
de Andrade Ferrazza, 2013)

Remédio:
● Métodos ou cuidados terapêuticos que ajudam a aliviar desconfortos, mas que não
passaram pelas etapas que um medicamento passa para ser liberado, são
considerados remédios, mas não medicamentos. (Site Dr. Drauzio Varella:
https://drauziovarella.uol.com.br/genericos/diferenca-entre-remedio-e-medicamento/ )
● Obs. VER DIFERENÇA ENTRE REMÉDIO, MEDICAMENTO E
MEDICAMENTALIZAÇÃO

Salutarismo:
● O salutarismo representa um modo particular de considerar o problema da saúde e é
característico desse novo tipo de consciência e de seus movimentos. Ele pode ser
melhor entendido como uma forma de medicalização, no sentido de que ainda retém
noções-chave da medicina. Assim como a medicina, o salutarismo situa o problema da
saúde e da doença no nível do indivíduo, e as soluções são elaboradas no plano
individual. (Salutarismo e medicalização da vida cotidiana, Robert Crawford, 1980)
● salutarismo é definido aqui como a preocupação com a saúde pessoal como foco
primário – muitas vezes ‘o’ principal foco – para a definição e realização do bem-estar.
Um objetivo que deve ser atingido primeiramente por meio da modificação de estilos de
vida, com ou sem ajuda terapêutica. A etiologia da doença pode ser vista como
complexa, mas o salutarismo trata do comportamento individual, de atitudes e emoções
como sintomas relevantes que necessitam de atenção. (Salutarismo e medicalização da
vida cotidiana, Robert Crawford, 1980)

Você também pode gostar