O documento discute a necessidade de uma psicologia clínica democrática que respeite as diretrizes da profissão e da saúde pública. Uma prática democrática deve fornecer acesso universal à saúde mental, independentemente da condição socioeconômica, e respeitar a individualidade de cada pessoa ao mesmo tempo em que promove a redução de riscos e sofrimento psíquico.
O documento discute a necessidade de uma psicologia clínica democrática que respeite as diretrizes da profissão e da saúde pública. Uma prática democrática deve fornecer acesso universal à saúde mental, independentemente da condição socioeconômica, e respeitar a individualidade de cada pessoa ao mesmo tempo em que promove a redução de riscos e sofrimento psíquico.
O documento discute a necessidade de uma psicologia clínica democrática que respeite as diretrizes da profissão e da saúde pública. Uma prática democrática deve fornecer acesso universal à saúde mental, independentemente da condição socioeconômica, e respeitar a individualidade de cada pessoa ao mesmo tempo em que promove a redução de riscos e sofrimento psíquico.
Como coloca Maria Lúcia da Silva, psicóloga e pesquisadora, em uma palestra em
comemoração aos 60 anos da psicologia clínica no Brasil, a nomenclatura “psicologia clínica” está associada, em sua origem, a clínica médica. Não só semanticamente, a sua prática também deriva do modelo médico, cabendo ao profissional da clínica psicológica, analogamente, “observar e compreender para intervir e tratar''. Não obstante, esta prática, também surgiu ligada às práticas higienistas e, sendo assim, muito distante das questões sociais, também em consonância com a lógica clínica médica. Principalmente com a formação da ética psicanalítica, “esta prática psicológica clínica fundamentada no olhar sob o fenômeno passa para uma prática fundamentada na escuta do fenômeno”, estando agora vinculada às demandas do sujeito e não a sua patologização como entendia o modelo médico. A partir disso, esta antes individualização do sujeito, portanto, começa a ser substituída por um olhar mais abrangente que levará em conta a estrutura socioeconômica cultural e institucional ao qual conformará sua individualidade. Sendo assim, a prática clínica se preocupará com os contextos sociais que são responsáveis pelas subjetivações e adoecimentos psíquicos, defendendo que não se é possível compreender o sujeito sem compreender a realidade ao qual ele está inserido. Entretanto, esta dicotomia: “individualização x individualidade” ainda permanece indissolúvel, pois as lógicas de cunho higienistas, medicalizantes, coloniais e manicomiais que conformam esta individualização estão longe de estar escusas da prática clínica. Podemos ver exemplo disso nos casos de tentativa de “cura gay”, por exemplo A prática clínica, portanto, embora pautada por referenciais teóricos diferentes, é unificada como campo por uma ética única da escuta aberta. Sendo também uma prática política, isto é, que gera mudanças nos indivíduos e, mediante estas lógicas instituídas que persistem, a prática clínica deve ser guiada por um viés político que respeite a sua ética profissional: a democracia Para se pensar em uma psicologia clínica democrática, é preciso ter como referência as diretrizes deste campo de atuação. Uma das fontes importantes são as diretrizes da lei N:8.080, a qual incluem as diretrizes do SUS. A lei 8.080 é a lei federal disposta 19 de fevereiro de 1990 que “regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado”, dentre esses serviços de saúde, temos a psicologia clínica. Começando a análise dessas diretrizes pelas disposições gerais do título I, temos já no artigo 2º que “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. Ainda neste artigo, temos que estas condições responsáveis pelo estado consistem na “(...) formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”. A partir disso, podemos entender que uma prática clínica democrática deve ocupar todos os espaços socioeconômicos fornecendo acesso à saúde mental, este, por sua vez, deve ser possibilitado através de recursos estatais. Não obstante, entende-se também que esta prática deve envolver a redução de riscos, portanto, do sofrimento psíquico, assim como promovendo proteção e recuperação. O parágrafo único, por exemplo, explicita que essas garantias de saúde envolvem não só a dimensão física, como a mental e social. Já no capítulo II, podemos observar os Princípios e Diretrizes do S.U.S, visto que o Sistema Único de Saúde é o principal programa federal de promoção à saúde. Faz parte desse sistema o C.A.P.S, ou Centros de Atenção Psicossocial, nos quais os psicólogos operam. Dessa forma, essas diretrizes do S.U.S também resguardam, não só a atuação dos psicólogos nas instituições hospitalares, como também nos serviços públicos de atendimento clínico. Temos, neste capítulo, princípios da ética democrática que guiam nossa atuação clínica, citando apenas alguns exemplos: I -universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VIII - participação da comunidade, entre outras. Ainda, pensando especialmente na saúde das pessoas indígenas, visto o preconceito e exclusão que estes sofrem, o capítulo V versa especificamente sobre o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Quanto a isso, o art 19-A promulga que todas as “ações e serviços de saúde voltados para o atendimento das populações indígenas, em todo o território nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei”, o que inclui as atuações da psicologia clínica. Em suma, pensar em uma psicologia clínica democrática é pensar em uma psicologia ética que, para tanto, respeite as diretrizes da profissão e do campo da saúde. Dentre estas, em especial, as que reforcem a universalidade de acesso e tratamento, independente das conformações socioeconômicas e culturais que formam a individualidade de cada um. Respeitando, entretanto, esta conformação para uma prática que se adeque às idiossincrasias de cada indivíduo em prol do seu acolhimento e mitigação das suas vulnerabilidades mentais e sociais.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)