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PSICOTERAPIA DA HISTERIA
Bruno Borelli
Elysa Santa Rosa
D) O afeto tem um papel de extrema importância nos traumas psiquícos, pois o excesso
do mesmo é o que leva uma lembrança a se tornar um evento traumático. Caso não haja
uma reação, como chorar, se vingar ou falar sobre o ocorrido, o vínculo entre esse excesso
de afeto e a lembraça permanecerá. Quando o indivíduo não é capaz de agir, a linguagem
pode entrar como substituta. Freud então percebe que a hipnose já não é mais necessária,
visto que a fala do paciente também permite acessar o inconsciente, pois é por meio da
linguagem que ocorre a internalização e externalização dos eventos.
E) Charcot denominou quatro fases de um ataque histérico, sendo elas: 1- fase epilóide,
2- fase dos movimentos amplos, 3- fase das atittudes passionnelles (alucionatória) e 4-
fase do delírio terminal. É levado em conta a terceira fase, que é quando acontece uma
reprodução alucinatória da lembrança de um trauma ou uma série de traumas que estão
interligados. Então, o ataque histérico teria origem na lembrança de algum evento em que
a pessoa não pode ter uma reação para descarregar o afeto, ou seja, um evento traumático.
Os movimentos (mexer pernas e braços etc.) que a pessoa fazia durante um ataque
histérico, poderia ser considerado como uma forma de reagir ao afeto da lembrança que
está sendo reproduzida. Já a epilepsia teria como etiologia fatores motores e a fase de
atittudes passionnelles não estaria presente.
F) A resistência é percebida e compreendida por Freud como uma defesa, uma repulsa
por parte do ego, que impede a lembrança do evento traumático, em que a pessoa não
pode reagir e gerou um excesso de afeto, de chegar até a memória. Quando o paciente
afirmava não saber o que lhe causou os sintomas histéricos, na verdade, escolhia,
conscientemente ou não, não querer saber, como uma forma de defesa. Por mais que o
terapeuta insistisse e tentasse extrair uma resposta por meio de diferentes perguntas, o
paciente continuaria afirmando não saber as causas de seus sintomas, afim de evitar sentir
novamente o que havia sentido no momento em que seus sintomas iniciaram.
G) Freud, ao analisar que alguns dos seus pacientes não eram suscetíveis à hipnose,
reajustou o seu método a partir de um artifício técnico: a pressão na testa, nele, ele
sugestionava o paciente, enquanto apertava a sua testa, que lembra-se do evento
traumático. Com isso, Freud percebeu que, mesmo que eles não recordassem da
lembrança traumática em si, expressavam, através da fala, fragmentos aos quais o evento
estava associado. Logo, Freud realizou que o inconsciente não era desorganizado, mas
que sim havia uma inteligência a qual o organizava e produzia associações com outros
conteúdos do inconsciente. Visto que o método hipnótico já não era suficiente em alguns
casos, ele analisou que esse fragmentos constituiam associações as quais conduziam
originalmente ao trauma inicial. Portanto, neste caso, a fala em si já era suficiente para
alcançar a lembrança, o método, dessa forma, já não era mais cirúrgico como antes, mas
sim analítico: traçar as associações até chegar a lembrança recalcada.