Você está na página 1de 10

PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE

TEORIA PSICANALÍTICA DE FREUD – UMA


TEORIA PSICODINÂMICA

-1-
Assista e analise a história de Sigmund Freud e os principais conceitos esenvolvidos pelo “pai da Psicanálise” no

filme Freud além da alma.

O filme retrata os momentos difíceis vívidos por Freud, médico neurologista, durante a elaboração da sua teoria

sobre o aparelho psíquico. O longa-metragem dirigido por John Huston demonstra as várias fases da vida de

Freud; suas observações, estudos, tratamentos de pacientes e suas descobertas com as próprias experiências

pessoais, que o levaram à criação da teoria psicanalítica da personalidade.

O filme inicia quando Freud leva ao hospital uma paciente com histeria. Segundo o diretor do hospital Meynert,

os sintomas histéricos refletem uma mentira, e os pacientes deveriam estar num teatro popular, pois queriam

atenção e fugir de responsabilidades. Por fim, o diretor afirma que não há terapia para isso e o leito precisava ser

liberado.

Com isso, Freud decide ir a Paris estudar e observar o tratamento de Jean Martin Charcot, um neurologista

francês. Charcot emprega a hipnose para estudar a histeria e demonstra que estes sintomas poderiam ser

resolvidos através dos comandos orais realizados no tratamento com hipnoses.

Segundo Charcot, a histeria não era uma simulação, e sim uma doença, com um conjunto de sintomas bem

definidos, sendo tanto feminina como masculina. Com isso, desfez a necessária relação que existia entre histeria

e o sexo feminino. A mente do histérico estaria dividida, e assim, um trauma seria ocultado da consciência e as

emoções, descarregadas fisicamente.

1 Freud e a histeria
De volta a Viena, em uns dos seus discursos, Freud fala de sua experiência com Charcot, mas seu relato não é

bem recebido pela classe médica. Segundo os médicos vienenses, o hipnotismo não era considerado um método

científico.

Neste episódio, Freud conhece Josef Breuer, que relata ter experiência com hipnose. Breuer convida Freud para

trabalhar ao seu lado, e Freud começa a trabalhar com os histéricos.

-2-
2 Anna O.
Breuer relata o tratamento de Anna O. (cujo nome real era Bertha Pappenheim) utilizando a hipnose. Breuer

atendeu Anna O. diariamente por mais de um ano.

Ele acreditava que, enquanto a paciente estivesse hipnotizada, ela se lembraria de experiências específicas que

pudessem ter originado alguns dos sintomas. Breuer observava que, ao falar sobe as experiências dolorosas

durante a hipnose, Anna O. se sentia aliviada dos sintomas. Ele se referia às conversas como cura da palavra.

Conforme prosseguiam as sessões, Breuer percebia que os incidentes de que Anna se lembrava estavam

relacionados a pensamentos ou eventos que ela repudiava. Revivendo as experiências perturbadoras durante a

sessão de hipnose, os sintomas eram reduzidos ou eliminados.

-3-
3 Estudos sobre Histeria
Em colaboração com Joseph Breuer, Freud publicou: Estudos sobre

Histeria, em 1895, afirmando que o sintoma toma o lugar de processos psíquicos suprimidos que não chegam à

consciência. Ou seja, que o sintoma representa uma transformação (conversão”) de tais processos.

Aeficácia terapêutica de seu procedimento foi explicada em função da descarga do afeto.

O caso de Anna O. foi importante para o desenvolvimento da Psicanálise, por ter apresentado a Freud o método

catártico (eliminação dos sintomas através da vivência emocional de questões repulsivas excluídas da

consciência).

4 Significado dos sonhos


Em outro episódio, Freud atendia um jovem paciente, que dizia, em estado de transe hipnótico, que matara o paí

porque amava a própria mãe, e começara a ter sonhos estranhos.

“Assim, Freud começa a pensar no significado dos sonhos e fazer autoanálise, visto que Breuer não o aceita como

paciente. Freud formula então o conceito do “Complexo de Édipo”, e mais tarde, a interpretação dos sonhos.

Freud cria uma teoria sobre a neurose, baseada em todos os casos já tratados, além de sua própria autoanálise.

Segundo esta teoria, todos os traumas são ligados à sexualidade, ou seja, a sexualidade como causa da histeria.

-4-
5 Transferência
A paciente Anna O., que parecia estar curada, tem uma recaída e cria uma gravidez psicológica. Brauer observa

que Ana O. está apaixonada por ele e decide interromper o tratamento.

Este fenômeno revela a transferência, que na teoria psicanalítica é a projeção de sentimentos relacionados às

figuras parentais às pessoas em geral. Na seção psicanalítica, esses sentimentos são projetados para o

psicanalista.

Neste caso específico de Anna O., a jovem transfere para Brauer a relação afetiva que tinha com o pai Freud,

então, passa a atender Anna, e conclui que, após a hipnose, os sintomas continuam. Assim, renuncia ao método

catártico e abandona a hipnose. Freud continua tratando Anna O. e consegue levá-la a muitas lembranças em

estado consciente.

6 A sexualidade e o inconsciente
Durante uma seção, Ana O. confessa ter sido molestada pelo paí, que para silenciá-la, presenteia-a com uma

boneca. Freud desconfia da veracidade deste relato em função do afeto que Anna O. demonstra para com a

boneca.

Freud reconhece que, na realidade, o que ocorreu foi o inverso disto. Quando a jovem dizia que seu pai a

molestou, na verdade ela queria possuir seu próprio paí. Ela levou esta fantasia para a vida adulta, sem saber

administrar que se tornou um trauma.

Freud então muda sua teoria, pois descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a

conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida.

Suas descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e Freud desenvolve o segundo conceito mais

importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. Breuer discorda de expor a teoria da sexualidade na

infância ao conselho de médicos. Freud diz que vai seguir sozinho a partir de então.

7 Achados teóricos
Freud desenvolveu uma arte de interpretação que objetiva tornar conscientes os conteúdos recalcados. A

interpretação é direcionada para as associações livres, amnésias, assim como sonhos e as ações acidentais e

fortuitas, e os erros cometidos na vida cotidiana.

-5-
O livro A interpretação dos sonhos, publicado por Freud em 1900, deve ser visto como o precursor da introdução

à teoria e técnica psicanalítica.

Em 1905, Freud publica Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, onde apresenta sua teoria sobre a

sexualidade infantil, a importância da vida sexual para todas as atividades humanas e a ampliação do conceito de

sexualidade, ou seja, não se restringe à genitalidade.

Nesta publicação, o primeiro grande conceito desenvolvido por Freud foi o de inconsciente. Freud assume que

não há nenhuma descontinuidade na vida mental, que nada ocorre por acaso. Há uma causa para cada

pensamento, para cada memória, sentimento ou ação. Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou

inconsciente.

8 Conceitos sobre sexualidade


As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e é desenvolvido o segundo conceito mais

importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil.

A sexualidade como busca de prazer existe desde o princípio de vida, logo após o nascimento, e não só a partir da

puberdade, como afirmavam as ideias dominantes.

O desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo, até chegar à sexualidade adulta, onde a reprodução pode

estar associada ao prazer, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação contraria as ideias dominantes de

que o sexo estava associado exclusivamente à reprodução.

Estas afirmações tiveram profundas repercussões na sociedade puritana da época, pela concepção vigente de

infância como “inocente e pura”.

9 Relações entre eventos conscientes


Freud começa a procurar e descrever as relações ocultas que ligavam um evento consciente a outro. Quando um

pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precederam, as

conexões estão no inconsciente.

Uma vez que as relações inconscientes são descobertas, a aparente descontinuídade é elucidada. Em suas

investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, Freud descobre que a maioria de

pensamentos e desejos recalcados refere-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida.

Na infância estavam as experiências reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas na vida adulta.

Assim, as ocorrências deste período de vida deixam marcas profundas na estruturação da personalidade.

-6-
10 Psicanálise hoje
Atualmente, a Psicanálise trata seus pacientes da seguinte maneira: convida-os a se deitarem de costas num sofá

(divá), comodamente, enquanto o psicanalista senta-se numa cadeira por trás dele, fora de seu campo visual.

Freud propõe a associação livre, ou seja, o paciente deve falar tudo o que vier à sua cabeça. Assim, espera que

sejam expostos os pensamentos involuntários, considerados perturbadores e postos de lado, e que costumam se

manifestar.

11 Recalque ou recalcamento
Espera-se que apareçam também as lacunas de memória, as confusões e as falhas. Essas memórias costumam vir

acompanhadas de críticas e de mal-estar. Assim, Freud conclui que essas amnésias são resultado de um processo

que ele chama de recalcamento, que leva as informações para o inconsciente e funciona para reduzir o desprazer

de ter aquela lembrança na consciência.

Quanto maior a dificuldade de lembrar, ou falar, maior a confusão e os enganos, e maior a resistência (força que

tenta manter o conteúdo recalcado).

O fator da resistência tornou-se um dos fundamentos de sua teoria.

Quando se dispõe de um procedimento que permite partir das associações até o recalcado, pode-se tornar

acessível à consciência o que era antes inconsciente.

12 Consciente, pré-consciente e inconsciente


A primeira teoria do aparelho psíquico baseia-se em uma concepção energética onde o acúmulo de energia gera

tensão e é identificado como desprazer, e por

isso, tende a provocar uma descarga energética que é sentida como prazer.

Segundo Freud, o objetivo de todo comportamento é o prazer, ou seja, a redução da tensão através da liberação

da energia acumulada.

Se a energia é bloqueada para um canal de expressão, ela encontrará outro: a princípio, aquele que oferece

menor resistência. Assim, se a energia é bloqueada para propósitos sexuais, será liberada de acordo com o que é

possível diante da estrutura da personalidade ou aparelho psíquico.

Já a primeira teoria psicológica foi a de uma concepção topológica: consciente, pré-consciente e inconsciente.

Saiba mais

-7-
Segundo Freud, os homens não são criaturas gentis e generosas, que agridem apenas quando
atacados. Freud acreditava que todas as atividades científicas, artísticas e culturais eram
expressão da energia sexual que era impedida de se expressar de maneira direta, em função da
pressão social.

• Consciente

Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte do aparelho psíquico, e inclui tudo do que

estamos cientes num dado momento. O nível consciente refere-se às experiências que a pessoa percebe,

incluindo lembranças e ações intencionais.

A consciência funciona de modo realista, de acordo com as regras do tempo e do espaço. O interesse de

Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele

denominava pré-consciente e inconsciente.

Freud recorre à imagem do iceberg para ilustrar a enorme dimensão da região inconsciente, visto que,

segundo ele, só teríamos acesso a uma pequena parte dos conteúdos psíquicos.

• Pré-consciente

-8-
É uma parte do inconsciente, e pode tornar-se consciente com facilidade. As porções da memória que nos

são facilmente acessíveis fazem parte do pré- consciente. Estas podem incluir lembranças de ontem, as

ruas onde moramos, certas datas comemorativas, nossos alimentos prediletos, o cheiro de certos

perfumes e uma grande quantidade de outras experiências passadas.

O pré-consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para

desempenhar suas funções.

• Inconsciente

A premissa inicial de Freud era de que há conexões entre todos os eventos mentais, e quando um

pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o

precedem, as conexões estariam no inconsciente.

"Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência somos obrigados a supor - devido a

um motivo tal que inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nada sabemos” (Freud, 1933, livro 28,

p. 90, na edição brasileira).

No inconsciente estão aspectos não acessíveis à consciência. Além disso, há material que foi excluído da

consciência, recalcado e reprimido. Repressão refere-se a uma ação que é exercida sobre alguém, a partir

da exterioridade; enquanto o recalque designa aquele que seria um processo intrínseco ao próprio eu.

Processo interno, acontecimentos externos

Desta forma, o termo que mais corresponde àquele que Freud teria utilizado, enquanto um processo interno,

seria recalque ou recalcamento. No entanto, embora o processo seja interno, não prescinde de forma alguma dos

acontecimentos externos pelos quais passa o indivíduo ao longo da sua própria vida, tais como a censura e a lei.

Estes estariam representando os aspectos "externos" ao sujeito.

O material excluído da consciência não é esquecido nem perdido, mas é impedido de ser lembrado. O

inconsciente é atemporal. Memórias muito antigas, quando liberadas à consciência, podem mostrar que não

perderam nada de sua força emocional.

Aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes são em si mesmos atemporais. Isto

significa, em primeiro lugar, que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que

a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada" (Freud, 1920, livro 13, p. 41-422 na edição brasileira).

Pulsões

-9-
Assim sendo, para Freud, a maior parte do aparelho psíquico é inconsciente. Ali estão os principais

determinantes da personalidade, a origem da energia psíquica: as pulsões. As pulsões são forças que estimulam

o corpo a liberar energia mental.

Freud dividiu em duas categorias complementares:

Pulsão de vida refere-se à autopreservação. Esta forma de energia manifesta é chamado de libido;

Pulsão de morte - É uma força contrária. Freud explica a libido como uma pulsão sexual existente desde o

nascimento, a força motivadora do comportamento.

CONCLUSÃO
Chegamos ao final do conteúdo. Nos vemos na próxima aula! Continue seus estudos.

- 10 -

Você também pode gostar