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PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE

PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE E AS
TEORIAS DA PERSONALIDADE

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1 O que estuda a personalidade?
Etimologicamente, a palavra "personalidade”" se origina do latim persona, que significa máscara. Na

Antiguidade, a máscara era usada para representar ou caracterizar os personagens no teatro.

As questões que a Psicologia da Personalidade tenta responder são:

Por que uma pessoa precisa ter alto nível de desempenho, como tirar a nota máxima nas provas, ter alto grau de

status social, muito dinheiro e poder para ficar satisfeita?

Por que uma pessoa, que aparentemente tem tudo o que se poderia desejar, tem depressão e outra que passa por

diferentes formas de privação se sente feliz?

Como algumas conseguem se adaptar?

Por que as pessoas são tão diferentes?

Por que outras desenvolvem doenças graves e incapacitantes na ausência de uma patologia orgânica?

Como as pessoas são?

Por que agem de determinada maneira?

O que faz com que uma pessoa triste vá ao shopping e outra fique deitada em casa?

O que faz com que uma pessoa tente dar ao filho o que nunca teve e outra repita com os filhos os mesmos

comportamentos que reclama de seus pais?

Reflexão

De forma geral, pretende-se entender todas as diversidades do comportamento humano: “o quê”, “como” e “por

quê”.

O que é uma teoria?

Uma das principais funções de uma teoria é organizar conhecimentos de forma relativamente lógica,

compreensível e simples. Neste sentido, é um meio de estruturar e integrar tudo o que se sabe sobre

determinada área de interesse.

As teorias devem partir dos conhecimentos científicos conhecidos e confiáveis que se tem, até aquele momento,

sobre um determinado tema.

Por exemplo: uma teoria sobre memória deve incluir grande parte das informações) pesquisadas sobre a

memória, até o momento em que foi elaborada.

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2 Expansão do conhecimento
Apesar de incluir conhecimentos consolidados, as teorias incluem suposições e especulações não confirmadas

empiricamente. Assim, as teorias podem contribuir para a expansão do conhecimento à medida que permitem a

criação de hipóteses a serem testadas futuramente. Desta forma, não existe uma única teoria que sirva como

paradigma, e a sua aceitação ou rejeição é determinada pela utilidade que os profissionais encontram nela.

3 Divergências teóricas
As teorias são corpos teóricos de conhecimentos organizados, que facilitam a compreensão de uma determinada

dinâmica da personalidade, dentro de uma perspectiva específica.

Ao longo desta disciplina, vamos conhecer diferentes teóricos de personalidade e uma grande variedade de

perspectivas sobre os fatores relevantes para o desenvolvimento e compreensão da personalidade.

Vamos observar que muitas das teorias surgem da prática clínica e, por isso, temos teorias de personalidade na

abordagem psicanalista, behaviorista, humanista e cognitivista. Além das abordagens dos traços que não se

concentram nestas quatro abordagens básicas da Psicologia Clínica.

4 Questões divergentes
Desta forma, vamos perceber questões divergentes nas teorias de personalidade, tais como a importância da

genética. Alguns autores privilegiam o aspecto genético na formação da personalidade, enquanto outros não

abordam essa questão.

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Enquanto uma teoria de personalidade considera o homem ativo com relação ao mundo (Freud), outra considera

o homem como uma vítima passiva do ambiente (Skinner).

Reflexão

Alguns autores enfatizam a consistência do comportamento da pessoa em diferentes situações, enquanto outros

consideram que a personalidade muda significativamente em função de diferentes circunstâncias.

5 Continuidade da infância?
Alguns teóricos consideram a durabilidade das características ao longo do tempo. Neste caso, a personalidade na

idade adulta seria uma continuidade da infância.

Para outros, não existe uma continuidade ao longo do tempo e o adulto pode ser radicalmente diferente da

criança, a ponto de não se reconhecer nada em comum entre eles.

Alguns autores utilizam o conceito de self como representativo de uma unidade que se supõe existir, apesar da

diversidade ao longo do tempo e diferentes contextos, outros não.

Para entender o que os autores querem dizer com o conceito de self, pense por um minuto: você hoje é a mesma

pessoa de 10 anos atrás?

Talvez a resposta para essa pergunta seja sim e não. Pois certamente você ainda é a mesma pessoa, mas também

não é exatamente igual há 10 anos. O conceito de self supõe exatamente esta continuidade ao longo do tempo,

porém com progressivas alterações em função de novas experiências, amadurecimento etc.

Para exemplificar, vamos pensar na seguinte situação:

Imagine que seu (sua) namorado(a), marido ou esposa lhe traga flores num dia comum.

O que você pensaria?

Que é gentileza ou ele(a) aprontou alguma coisa.

Este é o aspecto cognitivo desta situação. Dependendo da sua avaliação, afetará sua emoção e seu

comportamento.

Caso tenha achado gentil, ficará feliz e lhe dará um beijo. Caso tenha achado suspeito, poderá sentir raiva e lhe

jogar as flores na cabeça. Neste exemplo, a cognição determinou a alteração nos outros componentes, a saber:

emocional e comportamental.

6 Componente comportamental
Suponhamos que você planeje fazer um laboratório para interpretar uma pessoa deprimida no teatro. Você

adota todo o comportamento não verbal de uma pessoa deprimida: expressão de tristeza com o canto da boca, o

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canto das sobrancelhas e os ombros caídos. O andar e a fala lenta. A cabeça e o olhar para baixo. Este é o

componente comportamental.

Caso você consiga se manter assim por algumas horas, finalizado o laboratório, poderá perceber que suas

emoções e pensamentos não estarão muito animados. Neste caso, o comportamento alterou a emoção.

Saiba mais
Caso, por qualquer motivo, você experimente um ansiolítico, este medicamento atuará
diretamente na experiência emocional de redução da ansiedade. Assim, poderá perceber que
seus pensamentos e sentimentos se alteram no sentido de entrarem em harmonia com o
estado emocional provocado pelo efeito da química no sistema nervoso. Neste exemplo, o
emocional alterou o comportamental e o cognitivo.

7 Diferenças entre as teorias


Ocorre que as teorias comportamentais focam a investigação no comportamento e rejeitam os processos

mentais. Os cognitivistas focam no aspecto cognitivo como o responsável pelas alterações emocionais e

comportamentais. Já a Psicanálise estuda o inconsciente como o responsável por todos os comportamentos e

sofrimentos psíquicos.

Com relação à influência do passado, presente e futuro, podemos encontrar perspectivas antagônicas entre os

psicanalistas e os cognitivistas. Enquanto a teoria psicanalítica atribui importância decisiva ao passado, a

perspectiva cognitiva atribui relevância aos projetos futuros.

8 Teorias multidimensionais
Pode-se dizer que o psicólogo da personalidade não estuda especificamente como ocorre a percepção, a cognição

ou as emoções, mas como esses processos se relacionam de forma particular em cada pessoa.

Assim, as teorias de personalidade são multidimensionais e devem contemplar cinco grandes áreas:

Estrutura

Os aspectos mais duráveis da personalidade.

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Um exemplo seriam os traços (Traço refere-se aos atributos que descrevem uma pessoa, como por exemplo:

autoritária, ciumenta, agressiva, ansiosa etc.) de personalidade, como a constância de uma determinada resposta

individual diante de uma diversidade de situações.

Outro exemplo de estrutura refere-se ao tipo (Tipo consiste no agrupamento de vários traços de personalidade.

São geralmente características mais amplas, tais como introversão e extroversão.) de personalidade.

Processos

Refere-se aos motivos que explicam o comportamento. São estudadas três categorias de motivos:
• Busca do prazer e evitação da dor;
• Crescimento;
• Autorrealização e motivos cognitivos.
Um mesmo comportamento pode ser motivado pela busca do prazer ou pela evitação do desprazer.

Por exemplo: quando uma pessoa vai para a academia porque quer emagrecer e, com isso, espera receber

elogios e se tornar mais atraente, ela está em busca do prazer. Se ela vai para a academia porque está cansada de

ouvir piadas a respeito do seu peso e da sua forma física, ela está querendo evitar a dor que experimenta.

Quando uma adolescente vai à aula para não ter que ouvir a mãe reclamar ou tirar a sua mesada, está motivada

pela evitação do desprazer.

Quando ela vai porque quer aprender aquele conteúdo, está motivada pela busca do prazer.

Desenvolvimento

Relevância de aspectos inatos e adquiridos, associados à formação da personalidade. Segundo algumas teorias, o

aspecto genético é mais relevante em características como:


• Inteligência;
• Nível de atividade motora;
• Nível de ansiedade.
Para os psicólogos evolucionistas, todas as seis emoções básicas também são determinadas pela genética

(Ekman, 1992).

Psicopatologia

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Causas das desordens da personalidade. Ou seja, as teorias devem investigar por que algumas pessoas

conseguem suportar o estresse e as dificuldades do dia a dia e ainda se sentirem felizes, enquanto outras

desenvolvem transtornos mentais.

Essas teorias devem também sugerir uma indicação psicoterápica e formas de contribuir para a saúde mental

das pessoas com alguma psicopatologia.

Mudança

Diz respeito à forma como as pessoas mudam, e por que às vezes mudam e outras vezes, não. Em quais

circunstâncias mudam e se existe um núcleo básico que permanece.

9 Definição
Podemos concluir afirmando que personalidade é um campo de estudo dentro da Psicologia. Em cada teoria

encontramos uma definição diferente de personalidade.

De forma geral, pode ser definida como um conjunto dinâmico e organizado dos aspectos cognitivos,

motivacionais, emocionais e comportamentais, relativamente duradouras, de uma pessoa, que nos permite

prever suas respostas à sua capacidade de ajustamento.

CONCLUSÃO
Chegamos ao final do conteúdo. Nos vemos na próxima aula! Continue seus estudos.

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