Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Neurobiologia da
Personalidade no
Transtorno do Espectro
Autista
simultânea, em grandeza e sinal, dos termos de duas séries cronológicas. Medida da tendência
à variedade simultânea dos termos de duas séries cronológicas.
3
desenvolvem novas capacidades, e essas capacidades aumentam
consideravelmente o número de características que as crianças podem exibir.
No primeiro ano de vida, as crianças já apresentam diferenças
temperamentais em emoções e prazeres positivas, várias emoções negativas e
interesse e atenção. À medida que as crianças mudam na infância, o
desenvolvimento de habilidades motoras mais coordenadas permite que as
crianças exibam agressão física e explorem mais amplamente. As crianças
mudam desde manifestar apenas um pequeno número de emoções durante a
infância - prazer, angústia e interesse - manifestando um conjunto expandido
de emoções aos 3 anos - incluindo alegria, tristeza, raiva, medo, empatia,
orgulho, vergonha e culpa.
As capacidades das crianças para a autorregulação também se
desenvolvem rapidamente, o que permite que as crianças demonstrem
diferenças em suas habilidades para regular suas emoções, se engajarem em
comportamentos morais e perseguir tarefas. Em suma, a maturação das
crianças permite o desenvolvimento e a expressão de novos traços de
personalidade. A gama mais estreita de características de temperamento
observadas em bebês se expande para uma rede de traços mais complexa nos
anos escolares.
Durante cada fase do desenvolvimento, a estrutura provavelmente será
diferente, à medida que novas características se tornem evidentes. Apesar
desses desafios, nas últimas duas décadas, foram feitos progressos
substanciais na identificação da estrutura do temperamento e dos traços de
personalidade durante cada fase da vida desde a infância até a idade adulta.
Neurobiologia da personalidade
Nossa personalidade pode ser moldada pela forma como o nosso
cérebro funciona, mas, de fato, a forma do nosso cérebro pode fornecer pistas
surpreendentes sobre como nos comportamos - e nosso risco de desenvolver
transtornos de saúde mental - sugere um estudo publicado hoje.
De acordo com os psicólogos, a extraordinária variedade de
personalidade humana pode ser dividida nos chamados traços de
personalidade "Big Five6". Big Five (port. "cinco grandes") refere-se em
psicologia aos cinco fatores da personalidade descritos pelo método lexical, ou
seja, baseado em uma análise linguística:
1. Neuroticismo ou Instabilidade Emocional (ingl. neuroticism)
2. Extroversão (extraversion)
3. Agradabilidade (agreeableness)
4. Consciencialidade (conscientiousness)
5. Abertura para a experiência (openness to experience)
Neuroticismo.
Neuroticismo é a tendência para experimentar emoções negativas, como
raiva, ansiedade ou depressão. Por vezes é chamada de instabilidade
emocional. Aqueles com um grau elevado de neuroticismo são
emocionalmente reativos e vulneráveis ao estresse.
6Para saber mais sobre o Big Five ou Cinco Grandes: PASSOS, M. F.; LAROS, J. A. O modelo
dos cinco grandes fatores de personalidade: Revisão de literatura. Peritia,v. 21, p. 13-21, 2014.
4
Conforme Silva e Nakano (2011), o modelo dos Cinco Grandes Fatores
tem sua origem em um conjunto de pesquisas sobre personalidade, advindos
de teorias fatoriais e de traços de personalidade. Um dos pioneiros no
desenvolvimento do modelo dos CGF foi McDougall que, na década de 30,
sugeriu que a análise da linguagem de uma população ajudaria a entender a
sua personalidade, propondo um modelo na qual ela poderia ser analisada a
partir de cinco fatores independentes. Após esse trabalho, McDougall inspirou
pesquisas sobre o modelo, como os estudos de Fiske (1949), Borgatta (1964),
e Tupes e Christal (1992).
Conforme os mesmos autores, o modelo tem sido extensamente
estudado por possibilitar uma descrição da personalidade de forma simples,
elegante e econômica, já que outros modelos fatoriais da personalidade são
maiores e mais complexos. Dentro dessa constatação, um modelo composto
por cinco fatores representa um avanço conceitual e empírico no campo da
personalidade, visto que pesquisas têm demonstrado que quando se avaliam
os principais instrumentos de personalidade, independentemente da teoria que
os embasam, o emprego da análise fatorial tem indicado soluções compatíveis
com o modelo dos Cinco Grandes Fatores. Os autores citam como exemplo
estudos com os principais questionários e inventários de avaliação da
personalidade: o 16-PF, O MMPI, a escala de Necessidades de Murray, o
California Q – Set, as escalas de Comrey, entre outros. Embora ainda existam
divergências quanto à denominação dos fatores, um consenso foi alcançado
em relação ao conteúdo das dimensões, independentemente do país,
instrumento utilizado e da pessoa que é avaliada. Os traços de personalidade
podem ser usados para resumir, prever e explicar a conduta de um indivíduo,
de forma a indicar que a explicação para o comportamento da pessoa será
encontrada nela, e não na situação, sugerindo, assim, algum tipo de processo
ou mecanismo interno que produza o comportamento. Embora considerados
parte constante, devido ao fato de representarem uma tendência, de forma a se
poder afirmar a presença de traços ou tendências da personalidade, os traços
não são imutáveis. Os traços de personalidade seriam características
psicológicas que representam tendências relativamente estáveis na forma de
pensar, sentir e atuar com as pessoas, caracterizando, contudo, possibilidades
de mudanças, como produto das interações das pessoas com seu meio social.
Os traços podem sofrer influência de aspectos motivacionais, afetivos,
comportamentais e atitudinais.
8
Como explicam os pesquisadores (2016)8 da Universidade Estadual de
San Diego (EUA), os hemisférios esquerdo e direito do cérebro processam
informações de maneiras muito diferentes e como o cérebro como um todo
mitiga isso pode nos ajudar a entender melhor como as pessoas com
transtorno do espectro autista veem o mundo.
8
CARPER, R. A.; TREIBER, J. M.; S. Y.; DEJESUS; MÜLLER, R.-A. Reduced Hemispheric
Asymmetry of White Matter Microstructure in Autism Spectrum Disorder. Journal of the
American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, v. 55, n. 12, p. 1073-1080, 2016.
9
"Isso se encaixa com a idéia de que o hemisfério direito tem uma função
mais integrada, reunindo muitos tipos de informação", explicam os
pesquisadores.
As varreduras de imagens cerebrais revelaram, que as conexões
cerebrais em participantes com transtorno do espectro autista foram
organizadas de forma mais simétrica em ambos os hemisférios.
"A ideia por trás da assimetria no cérebro é que existe uma divisão de
trabalho entre os dois hemisférios", diz Ralph-Axel Müller. "Parece que esta
divisão do trabalho é reduzida em pessoas com transtorno do espectro autista".
Nesta fase, a equipe do Estado de San Diego não é clara sobre como
essa simetria desempenha as diferenças cognitivas entre os jovens com e sem
transtorno do espectro do autismo, e eles não podem dizer com certeza se a
simetria leva ao autismo, ou o autismo leva para a simetria.
Mas eles suspeitam que a falta de especialização que observaram no
cérebro de crianças com autismo poderia contribuir para a "fraca coerência
central" que caracteriza a condição - o que Müller resume como "não ver a
floresta para as árvores".
9 Em Estatística, coorte é um conjunto de pessoas que tem em comum um evento que se deu
no mesmo período; exemplo: coorte de pessoas que nasceram entre 1960 e 1970; coorte de
mulheres casadas entre 1990 e 2000; coorte de vítimas do terremoto do Haiti; etc.
10 Código aberto, ou open source em inglês, é um modelo de desenvolvimento que promove
11
Conclusões
O autismo é uma maneira diferente de estar e ver o mundo, e essa
diferença surge no cérebro. As redes neuronais de um cérebro “autístico” são
de alguma forma diferentes das de um cérebro típico. Conhecemos um pouco
sobre muitas dessas diferenças, embora nem sempre seja claro qual é a
relação entre as diferenças nas qualidades cerebrais e as características do
autismo (certos comportamentos e as diferentes formas de processamento da
informação).
Os autores acreditam, que é preciso fazer muito mais trabalhos para
entender as diferenças entre crianças do sexo masculino e feminino com
autismo e, particularmente, aumentar o número de crianças do sexo feminino
que participam da pesquisas de autismo.
Para os autores, parte da boa notícia que surge dessa compreensão é
que podemos ajuda a mudar conscientemente a maneira como os autistas
reagem às coisas que o cercam. Também, poderemos ajuda-los a ajustar as
suas respostas e, de fato, os seus próprios estilos de personalidade. Este é um
tópico que é importante saber, pois os traços emocionais que nossos amigos
autistas possuem agora, nós poderemos trabalhar para ajudá-los a conviver
melhor com o mundo.
Leiam!
12
Para saber mais
FIGUEIRÓ, M. T.; SOUZA, J. C.; MARTINS, L. N. R.; LEITE, L R. C.;
ZILIOTTO, J. M.; BACHA, M. M. Traços de personalidade de estudantes de
Psicologia. Psicólogo informação, ano 14, n. 14, p. 13-28, 2010.
13
14