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Empatia e Comunicação

Comunicação

Finalidade
Nesta unidade, vamos apresentar os conceitos fundamentais da Comunicação, trazendo o foco para a área
da Saúde.

Objetivos:
Ao final desta unidade, você estará apto a:
• Definir comunicação;
• Apresentar os tipos de comunicação: verbal e não verbal;
• Identificar as técnicas de comunicação, observando sua aplicação no âmbito hospitalar;
• Identificar os componentes da comunicação;
• Verificar como se dá a comunicação na saúde;
• Comunicar–se bem no processo de hospitalização.
Índice
Índice............................................................................................................................ 1

Seção 1: Introdução..................................................................................................... 2
1. Definição......................................................................................................... 2
2. Ruídos na Comunicação.................................................................................. 4
3. Concluindo...................................................................................................... 5

Seção 2: Componentes Importantes na Comunicação................................................. 6


1. Componentes da Comunicação....................................................................... 6
2. Canais de Comunicação................................................................................... 6
3. Aspectos Psicossociológicos............................................................................ 8
4. Compreensão.................................................................................................. 8
5. Concluindo...................................................................................................... 9

Seção 3: Comunicação em Saúde................................................................................. 9


1. Na Instituição de Saúde................................................................................... 9
2. Concluindo....................................................................................................... 11

Seção 4: Efeitos da Comunicação no Processo de Hospitalização................................ 11


1. Formas de Comunicação................................................................................. 11
2. Elementos Verbais x Não Verbais.................................................................... 12
3. Falhas na Comunicação................................................................................... 13
4. Consciência da Linguagem.............................................................................. 13
5. Concluindo...................................................................................................... 14

Referências Bibliográficas............................................................................................ 14

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Seção 1: Introdução

Definição

Nesta unidade será abordado o conceito de comunicação, as técnicas empregadas, bem como, seus componentes e
sua relevância na área da saúde. Que tal iniciarmos este processo de aprendizagem pela definição de comunicação?
A origem da palavra comunicar vem no latim comunicare, que tem por significado pôr em comum. Ela pressupõe
o entendimento das partes envolvidas, é sabido que não existirá entendimento se não houver, anteriormente, a
compreensão (Silva, 2009).
Segundo Kurcgant e Cols (1991), comunicar é o processo de transmitir informações de indivíduo para indivíduo, por
meio, da linguagem com o objetivo de gerar algum conhecimento.
A comunicação é uma das mais importantes necessidades de sobrevivência do ser humano, visto que ele é um ser
social e, ao se comunicar, precisa de outra pessoa para completar este processo.

É por meio da interação com outro que ocorre seu desenvolvimento


biopsicossocial. Esta interação inicia-se desde o seu nascimento através da
linguagem corporal(não verbal) e posteriormente da linguagem oral.

A comunicação faz parte do cotidiano dos profissionais de saúde e implica na interação entre eles, paciente e familiares
(Borges, Freitas, & Gurgel, 2012). É uma ferramenta importante na relação médico paciente/familiar e deve ser
aperfeiçoada para diminuir o impacto emocional e proporcionar melhor assimilação da nova realidade.

De acordo com Maximino e Cols (2009, p.268), “a linguagem é uma função cortical
superior e seu desenvolvimento está condicionado a uma estrutura anatomofuncional
geneticamente determinada e ao estímulo do ambiente.
O desenvolvimento desta habilidade envolve inúmeros sistemas e fatores que devem
ser analisados para a compreensão do processo de aquisição da comunicação, de cada
indivíduo em particular. Em linhas gerais, estes fatores e sistemas dizem respeito à
integridade do Sistema Nervoso Central e ao seu processo maturacional, à integridade
sensorial, às habilidades cognitivas e capacidade intelectual, ao processamento das
informações ou aspectos perceptivos, fatores emocionais e às influências do ambiente”.

A comunicação pode ocorrer de mais de uma maneira, como a comunicação verbal e a comunicação não verbal.
Observe na figura abaixo.

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A comunicação verbal é A comunicação não verbal é
associada a palavras expressas desenvolvida atráves de gestos,
pela fala ou escrita. silêncios, expressões faciais e
corporais.

Silva (2006) ressalta algumas técnicas de comunicação verbal para auxiliar na expressão, clarificação e
validação da mensagem:

EXPRESSÃO CLARIFICAÇÃO

• Permanecer em silêncio: tentar ouvir o que o outro • Estimular Comparações: auxiliar a pessoa a se
tem a dizer, controlando suas próprias emoções para não expressar, tentando entender o real significado de suas
haver interferências. palavras, como por exemplo, “como se fosse...”.
• Verbalizar aceitação: dar indicações ao outro que está • Devolver as perguntas feitas: ajudar a pessoa a
prestando a atenção no que está dizendo, sendo através desenvolver um raciocínio sobre o assunto e a entender
de postura corporal bem como expressões verbais. melhor a necessidade que gerou a pergunta.
• Repetir as últimas palavras ditas pela pessoa. • Solicitar esclarecimentos de termos incomuns e de
• Ouvir reflexivamente: estimular o outro a continuar dúvidas: questionar o significado de um termo
falando, demonstrando interesse em saber mais do que desconhecido ou sobre o qual não se tenha certeza.
está sendo contado.
• Verbalizar interesse: utilizar expressões verbais, como
“Que interessante!”.

VALIDAÇÃO
• Repetir a mensagem dita: ao final de cada conversa, fazer um resumo do que foi falado permitindo que o outro
possa ouvir o que você entendeu. Exemplo: “Como combinamos...”.
• Pedir a pessoa para repetir o que foi dito.

Estes fatores, quando implantados, podem auxiliar no entendimento em uma consulta médica.
Por exemplo, quando o paciente é orientado sobre o seu tratamento pelo médico, o mesmo deve ter ciência
de que seu paciente compreendeu todas as informações necessárias. Visto que, o paciente pode estar
impactado emocionalmente pelos sintomas, e não consegue assimilar as informações de forma racional.

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Ruídos na Comunicação
Muitas vezes a comunicação pode se tornar falha, ocasionando uma relação conturbada entre os indivíduos.
O desenvolvimento de habilidades comunicativas se deve a uma junção de técnicas e estratégias bem como
uma disponibilidade interna de cada indivíduo.
O que pode contribuir também para a falha da comunicação são os ruídos presentes, os quais são toda as
formas de interferência na transmissão de uma mensagem. Algo que prejudica a compreensão de uma ideia
compartilhada. Essas interferências podem ser físicas, fisiológicas, psicológicas ou semânticas.

Física Fisiológica
Os ruídos físicos são de origem Os ruídos fisiológicos são
externa, como sons ou elementos físicos que podem
barulhos, externos ao interferir na comunicação, por meio
ambiente que está ocorrendo de dores em alguma parte do
a comunicação. corpo.
Psicológica Semântica
Os ruídos psicológicos são
quando alguém tenta se Já os ruídos semânticos acontecem
comunicar, mas sua mente foca quando as palavras das mensagens
em outro assunto que não seja são de origem desconhecida pelo
o que esta sendo discutido. receptor.

Vamos ver um exemplo de ruídos de comunicação.

Os pais que acabam de chegar a uma UTI Pediátrica com sua filha de quatro
anos, o qual apresentava sintomas de dores de barriga e vômitos.

O médico entra no quarto e conversa com os pais tentando explicar as


condições clínicas da criança. Utiliza em alguns momentos termos técnicos.

Como os pais estão desorganizados emocionalmente, não questionam o


médico. Quando o enfermeiro entra no quarto para aplicar uma medicação,
percebe uma ansiedade dos pais em solicitações e questionamentos. O
enfermeiro percebe que os pais não conseguiram compreender o diagnóstico
e o tratamento da filha.

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Segundo Ganime e Cols (2010), os ruídos podem ocasionar efeitos à saúde.

Filho e Blikstein (2013), ressaltam que para atingir um diálogo mais eficaz a comunicação assertiva é primordial.
Como uma técnica desenvolvida nos EUA, é caracterizada pelos diferentes estilos de comunicação, tais como:

Estilo Agressivo é visto como grosseiro e mal-educado. Este estilo geralmente é


Agressivo utilizado em situações que se pode interromper o canal de comunicação, em que se
interrompe a fala do outro, desta forma, observa-se que ocasiona um desrespeito ao
Agressivo
outro diante de uma tentativa de um diálogo.
Agressivo
Estilo Passivo considera-se uma abordagem tímida do indivíduo, levando-o a fugir Passivo
de seus compromissos, omitindo-se de suas opiniões, bem como obrigações por
Passivo
comodismo. Neste caso, sendo passivo, o indivíduo se permite ser desrespeitado em
Passivo
um diálogo, como também não cumpre suas obrigações.
Passivo -
Agressivo
Passivo - Estilo Passivo-Agressivo é caracterizado por ser negativo, crítico e manipulador.
Agressivo Pode ser percebido em situações em que o indivíduo destrói seu próprio meio de
Passivo -
comunicação, tendo em vista que realiza comportamentos de descaso com o diálogo.
Agressivo
Desta forma, é observado que há um desrespeito com o canal de comunicação
Agressivo impedindo qualquer tipo de diálogo. Respeitoso
- Assertivo
Respeitoso
Estilo Respeitoso-Assertivo é a ausência de comportamentos comunicativos - Assertivo
Respeitoso
inadequados apontados nos estilos anteriores. No momento em que o indivíduo - Assertivo
evita comportamentos que impeçam a comunicação respeitosa com o outro, consigo Passivo
mesmo e com o ambiente, o indivíduo possibilitará um melhor desenvolvimento de
uma habilidade de comunicação.

Passivo -
Agressivo
Concluindo
Nesta seção, destaca-se a importância de identificar na comunicação, os ruídos que possam interferir no
Respeitoso
processo, bem como os estilos e as técnicas de comunicação adequados para um diálogo assertivo.
- Assertivo

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Seção 2: Componentes Importantes na Comunicação

Componentes da Comunicação
Confira a seguir os componentes, canais de comunicação e suas implicações psicossociológicas. Segundo
Filho e Blikstein (2013) uma abordagem respeitosa se constitui por alguns componentes importantes na
comunicação:

Situação

Você está bem Meu Deus, estou


com dengue!
Canal de
comunicação

Mensagem

Feedback
Emissor Receptor

Emissor: o indivíduo que emite a mensagem.


Receptor: o indivíduo que recebe essa mensagem.
Mensagem: conteúdo de ideias, palavras, expressões e valores enviados pelo emissor e que serão
captados por outra pessoa.
Canal de comunicação: é o meio que possibilita o trânsito da mensagem permitindo a comunicação
entre os dois elementos. No caso do exemplo acima, o canal de comunicação é a voz.
Situação: é o contexto em que está acontecendo a interação.

Canais de Comunicação
A comunicação pode ser transmitida através de diversos canais como: visual, auditivo e cinestésico.

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Canal Visual: o indivíduo pode transmitir suas ideais , por meio, de gestos ou
recursos que sejam visuais.

Canal Auditivo: o indivíduo se comunica através dos sons, a nitidez e o timbre das
palavras.

Canal Cinestésico: a comunicação se dá através de gestos e da movimentação do


corpo do indivíduo.

Cada indivíduo possui estilos diferentes de comunicação e apresenta maior facilidade em alguns. É importante
estar atento e identificar qual seu estilo (do profissional de saúde) e o estilo para quem se está comunicando.

Vamos considerar o exemplo abaixo.


Paciente que precisa receber orientações sobre o tratamento de Diabetes, em que é necessário o
manejo da insulina e alinhamento com relação a sua alimentação, se utilizado somente o canal auditivo,
ela poderá absorver parte da informação ou nenhuma informação dependendo de sua facilidade em
relação as formas de aprendizado (visual, auditiva, cinestésico).

Mas se o profissional de saúde optar por orientá-la utilizando o canal auditivo e o canal visual através de
ilustrações, por exemplo, a paciente poderá ter mais facilidade na compreensão da orientação. Desta
forma, a utilização do canal auditivo em conjunto com o canal visual pode facilitar para um melhor
entendimento para aquele determinado indivíduo que se beneficia desta forma de comunicação.

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Aspectos Psicossociológico
Abdo (1996) discorre sobre a importância dos aspectos psicossociológicos da comunicação, ou seja, é o
contato entre duas ou mais personalidades que estão envolvidas em uma mesma situação. Cada indivíduo
tem uma história pessoal, sistema de motivações, estado emocional, nível intelectual, cultural e a cada
situação comum entre eles, há um contexto definido, caracterizado como um meio à comunicação.

Compreensão
Para Abdo (1996), a compreensão do sentido de uma comunicação ocorre através de um filtro e um halo.

COMUNICAÇÃO

FILTRO HALO
É formado pelo É constituído pela
sistema de valores de ressonância
cada indivíduo mais simbólica provocada
inconsciente que no interlocutor pela
consciente, no qual o Desta forma, a comunicação eficaz é muito significação do que
interlocutor escolhe mais que uma troca de informações, é sim emite ou recebe,
alguns elementos da utilizar uma linguagem adequada, uma podendo
comunicação e postura respeitosa com o outro e desencadear
despreza outros de consequentemente uma disponibilidade associações pessoais
acordo com esses interna consigo mesmo e com o outro. que resultam em
valores. obstáculos ou
facilitações à
comunicação.

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Concluindo
Nessa seção é importante destacar a necessidade de valorizar aspectos pessoais que podem interferir e/
ou auxiliar no processo de comunicação, considerando que todos os indivíduos apresentam suas histórias,
crenças e valores.

Seção 3: Comunicação em Saúde

Na Instituição de Saúde
A comunicação em saúde é caracterizada por diferentes indivíduos com diferentes ideias, embora, apresentem
focos iguais dentro do âmbito da saúde e do adoecimento.
Assim, segundo Lefevre e Cols (2010), as pessoas que vivem no mesmo contexto social geralmente pensam
de forma semelhante, pois compartilham das mesmas representações ou de representações diferentes as
quais conversam entre si.

No contexto da saúde, as dinâmicas das relações, a organização do trabalho e seus objetivos, são caracterizados
por um alto grau de complexidade e mobilização emocional da categoria de profissionais assistenciais,
demandando um maior desgaste dos mesmos.
O modelo médico prioriza os sinais e sintomas, tornando secundário o cuidado aos aspectos psíquicos e/ou
emocionais dos envolvidos. Mas, para além da tecnologia, há de se considerar que toda relação estabelecida

No campo da Saúde Pública e Coletiva, é de extrema importância conhecer as representações sociais


de cada indivíduo, tanto profissionais quanto pacientes, sobre o adoecimento a ser enfrentado e
! o próprio corpo. Sem esse conhecimento, o contato necessário e a comunicação eficaz não se
estabelecem.

Outro exemplo que pode ser citado é de um enfermeiro que está com um familiar em tratamento de Câncer,
e no plantão precisa cuidar de um paciente que acabou de receber este diagnóstico.
Silva e Cols (2000) comentam que muitas vezes acontecem situações em que o profissional da saúde disfarça

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sua expressão facial na tentativa de amenizar algum desgaste emocional, que por ventura pode afetar sua
relação com paciente.
Segundo Danet e Cols (2014), uma boa gestão hospitalar é caracterizada pela combinação do êxito na
comunicação interna, motivação da equipe, alinhamento dos objetivos, planejamento, segurança no
trabalho e bom clima emocional entre os funcionários. Estudos recentes evidenciam que as expectativas
dos profissionais da saúde sobre as relações interpessoais, liderança, tipos e canais de comunicação são
diferentes para cada indivíduo a partir de suas experiências profissionais, pois cada setor, paciente e
profissional demandam vivências distintas.

Por outro lado, com relação aos processos estruturais e de infraestrutura


entre os profissionais de saúde para auxiliar no trabalho são de interesses
semelhantes, tendo uma satisfação maior quando contemplados.
Portanto, o clima emocional e a assistência ao paciente e família
apresentam uma ligação inseparável, refletindo diretamente na
segurança e satisfação dos mesmos. Conhecer e organizar estes fatores
corretamente e suas dinâmicas internas, podem contribuir para um
melhor resultado no trabalho assistencial.

De acordo com Santos e Bernardes (2010), na maioria das instituições de saúde é mantido um
modelo baseado nos princípios da Abordagem Clássica da Administração, a qual representa um
modelo hierárquico de gestão baseado no poder mando-subordinação, onde a comunicação ocorre
de forma vertical através de ordens e não de orientações. Neste contexto, as pessoas não são ouvidas
e as decisões se tornam de baixa qualidade visto que as informações geralmente são incompletas e
incorretas afetando em uma comunicação eficaz.

Saiba mais
Estude também o texto “Abordagem Clássica de Administração”, disponível para download, para
acrescentar na sua aprendizagem.
http://www.professorcezar.adm.br/Textos/AbordagemClassicaAdministracao.pdf

Considerando uma Instituição de Saúde em que seu foco principal é o adoecimento, deve-se evitar a
comunicação vertical e aderir a uma comunicação horizontal ou lateral, tanto nas interunidades como nas
intraunidades, tendo assim um bom relacionamento interpessoal entre equipes e pacientes. Esta comunicação
pode facilitar uma boa escuta e empatia entre os indivíduos, sem apresentar ruídos na comunicação.

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Santos e Bernardes(2010) referem que alguns estudos apontam o processo de comunicação como ferramenta
de gerenciamento, apontando como garantia do sucesso no gerenciamento da enfermagem. Este processo
de comunicação favorece um diálogo entre os profissionais das equipes multidisciplinares e da enfermagem,
tendo um poder decisório de forma descentralizada.
Neste sentido, observamos que as instituições de saúde estão transitando da Administração Clássica para
um modelo de Gestão de Pessoas, em que a comunicação é fundamental no alinhamento e flexibilidade da
equipe assistencial.

Concluindo
Nesta sessão, podemos visualizar que aspectos emocionais do profissional da saúde podem interferir na
comunicação com o paciente e vice-versa.

Seção 4: Efeitos da Comunicação no Processo de Hospitalização

Formas de Comunicação
Nesta seção vamos abordar os efeitos da comunicação no processo de hospitalização.

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Dentro do hospital, a comunicação está presente em todos os aspectos do cuidado e na recuperação do
paciente, visto que se tem como base do trabalho, as relações humanas.
Destaca-se a comunicação verbal, não-verbal e escrita, através de reuniões e/ou passagem de plantões entre
equipes multidisciplinares e/ou médicas, informações e orientações aos pacientes e registros em prontuários.

Elementos Verbais x Não Verbais

Maldonado e Canella (2003) referem que na maioria das vezes pode-


se exercer maior controle sobre os elementos verbais da comunicação.
Porém, pode-se exercer pouco ou nenhum controle sobre os elementos
não-verbais, de modo que pode-se dizer palavras de tranquilidade, mas
o corpo e o tom de voz se mostrarem ansiosos.

Diante do estresse e da demanda do trabalho no ambiente hospitalar, os elementos verbais e não-verbais


quando se relacionam tornam-se facilitadores. Porém, nos momentos em que não há sintonia, os profissionais
da saúde apresentam maior dificuldade em decifrar estes aspectos que devem ser analisados subjetivamente.

Elementos Comunicação
Elementos
Verbais Não-Verbais

Um exemplo que pode ser citado neste contexto é de um menino de aproximadamente 11 anos que precisa
receber uma medicação de forma invasiva e, diante dos profissionais e por pressão dos pais, verbaliza que
é bastante corajoso, oferecendo o braço para a enfermagem para receber a medicação. Porém, ao mesmo
tempo, ele apresenta comportamento de tremores e suor nas mãos, direcionando seu olhar para o lado
oposto a equipe.

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O paciente internado se sente ameaçado por estar em um ambiente desconhecido e suscetível a qualquer
acontecimento, bem como invadido pelos procedimentos e tratamentos invasivos. Desta forma, os
profissionais da saúde devem estar atentos a sua postura para favorecer um vínculo de confiança, pois muitas
vezes o próprio paciente não consegue identificar eventuais sensações.

Segundo Silva (2006), os profissionais de saúde devem decifrar as mensagens emitidas pelo paciente
para então poder estabelecer um plano de cuidado ao mesmo. Desta forma, é imprescindível que o
profissional preste atenção também na comunicação não verbal do paciente, a fim de auxiliá-lo no
enfrentamento dos problemas e sua participação em seu tratamento.

A vivência de forma inversa pode também ocorrer, em que o profissional de saúde demonstre através da
comunicação não-verbal elementos negativos os quais não correspondem a mensagem oral.
Para Tellenbach apud Abdo (1996), estar sã é estar de bom ânimo, achar-se bem e encontrar-se em si mesmo.
Isto inclui a capacidade de comunicação, uma vez que, pode se apresentar de forma limitada no paciente. A
pessoa sadia equilibra suas possibilidades reais de relação consigo mesma e com o seu mundo interpessoal.

Falhas na Comunicação
De acordo com Silva (2006), as falhas mais comuns na comunicação em saúde são:
• Linguagem: uso de termos técnicos pelos profissionais;
• Impedimentos Físicos: surdez, mutismo;
• Fatores Psicológicos: personalidade, emoções;
• Diferenças Educacionais: formação profissional ou cultural;
• Barreiras Organizacionais: status de uma pessoa em uma determinada organização.

Consciência da Linguagem
Silva (2006) afirma que, para melhor interpretar os atos verbo-gestuais do paciente, o profissional precisa
se assumir produtor consciente de linguagem, elemento transformador e intérprete de mensagens. Assim,
estar disponível para compreender os pacientes elimina a ideia de que os mesmos não saibam nada sobre o
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que acontecem consigo.
Um exemplo que pode ser citado é de um paciente que sofre de uma doença há muito tempo, estruturando
sua posição existencial, seus relacionamentos interpessoais e até mesmo sua identidade em torno da
doença. A doença, neste exemplo, pode ter um ganho secundário, isto é, estar doente proporciona atenção

Neste contexto, quando, por meio de um tratamento eficaz recém-descoberto ou de uma cirurgia exitosa,
consegue-se eliminar a doença, a pessoa pode se sentir subitamente vulnerável ou desprotegida. Uma das
possíveis reações emocionais é a depressão, mesmo após estar curado.
Desta forma, poder ter uma escuta e uma percepção das diversas formas de comunicação do paciente,
possibilitando um melhor atendimento ao mesmo e, por conseguinte, o alinhamento em relação ao trabalho
da equipe multiprofissional.

Concluindo
Podemos concluir que no ambiente hospitalar diante de situações difíceis faz-se necessário o cuidado com
a comunicação não verbal e aspectos emocionais que possam dificultar a comunicação entre paciente e
equipe multidisciplinar.

Referências Bibliográficas
1. Abdo, C. H. N. Armadilhas da Comunicação. O médico e o paciente e o diálogo. São Paulo: Lemos Editorial,
1996.
2. Danet, A. D.; March, J. C. ; Romera, I. G. Comunicación, participación y liderazgo en la percepción del
clima emocional en un hospital universitario de Andalucía, España. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
30(3):546-558, mar, 2014.
3. Filho, A. G.; Blikstein, I. Comunicação assertiva e o relacionamento nas empresas. GV executivo. V 12 . N
2 . Jul/dez 2013.
4. Ganime, J. F.; et al. O Ruído como um dos riscos ocupacionais: uma revisão de literatura. REVISTA
BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE. Enfermería Global Nº 19 Junio 2010.
5. Lefevre, F.; Lefevre, A M e Figueiredo R. Comunicação em saúde e discurso do sujeito coletivo: semelhanças
nas diferenças e diferenças nas diferenças. BOLETIM DO INSTITUTO DE SAÚDE. São Paulo: Volume 12 -
Número 1 - Abril de 2010.

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6. Maldonado, M. T. Recursos de relacionamento para profissionais de saúde: a boa comunicação com
clientes e seus familiares em consultórios, ambulatórios e hospitais. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso
Editores, 2003.
7. Maximino L. P.; et al. Conhecimentos, atitudes e práticas dos médicos pediatras quanto ao desenvolvimento
da comunicação oral. REVISTA CEFAC. São Paulo: v.11, Supl2, 267-274, 2009.
8. Santos M. C; Bernardes A. Comunicação da equipe de enfermagem e a relação com a gerência nas
instituições de saúde. REVISTA GAÚCHA ENFERMAGEM. Porto Alegre: 2010 jun;31(2):359-66.
9. Silva, L.M.G.; Brasil, V.V.; Guimarães, H.C.Q.C.P.; Savonitti, B.H.R.A.; Silva, M.J.P. Comunicação não-verbal:
reflexões acerca da linguagem corporal. REVISTA LATINO AMERICANA DE ENFERMAGEM. Ribeirão Preto:
v. 8, n. 4, p. 52-58, agosto 2000.
10. Zinn G. R.; Silva M. J. P., Telles S. C R. Comunicar-se com o paciente sedado: vivência de quem cuida.
REVISTA LATINO AMERICANA DE ENFERMAGEM. Ribeirão Preto: 11(3):326-32, 2003 maio-junho.
11. Silva MJP. O papel da comunicação na humanização da atenção à saúde. Rev Bioética [Internet].
2009;10(2):73–88. Available from: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/
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12. Borges, M. D. S., Freitas, G., & Gurgel, W. (2012). A comunicação da má notícia na visão dos profissionais
de saúde. Tempus Actas de Saúde Coletiva, 6(3), 113-126. doi: http://dx.doi. org/10.18569/tempus.
v6i3.1159
13. Rodrigues, L. A., Moraes, E. L., Betoschi, J. R., & Amaral, C. P. (2015). Como a dor e o sofrimento do
paciente oncológico afetam o médico no processo de tratamento. Revista CuidArte, 9(1), 58-70

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