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Processo de Comunicação

Relacionamento Interpessoal (RI)


em Enfermagem

Monalisa C. M. Silva
Objetivos da aula:
Objetivo geral:

 Analisar a importância do relacionamento


interpessoal na enfermagem e o papel da
comunicação no estabelecimento desta relação.
Objetivos da aula:
Objetivos específicos:

 Identificar a comunicação como instrumento básico


na construção de um relacionamento terapêutico
entre o enfermeiro e o paciente;

 Conhecer os elementos e os tipos de comunicação;

 Analisar os fatores que afetam e os que favorecem o


processo de comunicação.
Relações Humanas

Para saber lidar com pessoas precisamos


entender que existem as Relações:
1. Interpessoal {relações entre pessoas}

Diz respeito à maneira como lidamos com nossos


colegas, chefes, superiores, clientes, e todos os envolvidos
no ambiente de trabalho.

Está ligada à forma como nós lidamos com outras pessoas


de nosso convívio e de como nos relacionamos com colegas,
familiares e amigos.

No caso do trabalho, tem a ver com a maneira que lidamos


com as pessoas que compõe nossa equipe.
Relações Humanas

2. Intrapessoal {relações com você mesmo}

Está relacionado ao ato de conhecer a si mesmo,


identificar pontos fortes e que precisam de melhoria,
emoções e habilidades.

É como você se enxerga no mundo, como vê a si


mesmo e como reage às mais diversas situações.

É a busca constante pelo autoconhecimento,


autocontrole emocional e autoestima.
• As relações interpessoais desenvolvem-se em
decorrência do processo de interação.

• Não há processos unilaterais na


interação humana: tudo que acontece no
relacionamento interpessoal decorre de duas
fontes: EU e OUTRO ( S).
RELAÇÕES INTERPESSOAIS

• Forças que  Forças que


Impulsionam: Restringem:

 Empatia  Superioridade
 Motivação/ interesse  Rigidez extrema
 Comprometimento  Desatenção
 Objetividade  preconceito
(identificação e resolução
de problemas)
o Relacionamento Interpessoal
pode ser utilizado como uma
ferramenta?
A comunicação terapêutica
É um processo onde o enfermeiro
conscientemente usa a
comunicação verbal e não-verbal
com o objetivo de auxiliar o
paciente.
Elementos do processo de
Comunicação
Estímulo Canal Estímulo

Mensagem
Emissor Receptor

Para que a comunicação seja efetiva é necessário


que haja feedback.
Fatores que afetam a comunicação

Emissor

 Dificuldade na fonação
 Estado físico e emocional
 Idade, cultura;
Fatores que afetam a comunicação

Mensagem

 Dificuldade de expressar
 Emissão de mensagens conflitantes.
Fatores que afetam a comunicação

Receptor

 Problemas auditivos
 Nível cultural
 Integridade física e do processo fisiológico
 Fator emocional
Tipos de Comunicação
Verbal Não
verbais

Oral Mímicas

Gestos
Escritas

Postura
do Olhar
corpo
Tipos de Comunicação

 Comunicação Verbal
oral - escrita
Refere-se às palavras expressas por meio da fala ou
escrita.
Comunicação Não-Verbal

 É aquela não associada às palavras, e ocorre


por meio de gestos, posturas, expressões
faciais (modo de olhar, sorriso) e alterações
fisiológicas (rubor, sudorese, tremores,
palidez, etc).
Comunicação Não-Verbal

Estudos feitos sobre comunicação estimam que:

7% - dos pensamentos (das intenções) são


transmitidos por palavras

38% - transmitidos por sinais paralingüísticos


(entonação da voz, velocidade com que as
palavras são ditas)

55% - sinais do corpo.

BIRDWHISTELL apud CASTRO, R.C.B.R. de; SILVA, M.J.P. da A comunicação não-verbal nas interações enfermeiro-usuário em
atendimentos de saúde mental. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 1, p. 80-87, janeiro 2001. Castro e Silva,
2001,
Classificação dos Sinais Não-Verbais

1- Paralinguagem – qualquer som produzido


que não faça parte do sistema sonoro da
língua usada.

São fornecidos pelo:

 ritmo da voz
intensidade entonação
grunhidos (“ah”, “uh”)
ruídos vocais de hesitação, tosses provocadas
por tensão, suspiro, etc. Exemplos: Eu estou
tranqüila / Eu estou tranqüila.
Classificação dos Sinais Não-
Verbais

2 - Cinésica – linguagem do corpo - seus


movimentos, gestos manuais, meneios de
cabeça, tremor nas mãos.
Ex: tamborilar os dedos (ansiedade), bater o pé
(impaciência, raiva), mover as mãos
lateralmente (adeus, até logo), etc.
Na cinésica, o rosto é o melhor “mentiroso” não-
verbal. De todo corpo, é a zona da qual as
pessoas têm maior consciência e em que as
tentativas de controle são mais freqüentes.
Ex: alegria - “olhar brilhante”, pálpebras
levantadas, sorriso, levantamento da bochecha
dúvida – lábio em “bico”, inclinação lateral da
cabeça, sobrancelhas erguidas.
Classificação dos Sinais Não-
Verbais

3 - Proxêmica – a distância entre as


pessoas. É o uso que o homem faz do
espaço enquanto produto cultural
específico, como a distância mantida
entre os participantes de uma interação.

Esse espaço pode indicar o tipo de relação


que existe entre eles- simpatias, relações
de poder.
Territorialidade

É a área que o indivíduo reivindica como sua,


defendendo-o dos outros membros da própria
espécie.
Ex.: local onde os pacientes colocam suas
coisas e o profissional deve pedir licença para
mexer.

Tem quatro funções: segurança, privacidade,


autonomia e identidade pessoal.
Fonte de consulta: Allan & Bárbara Pease: Desvendando os segredos da linguagem corporal
(2005)
A Bolha Invisível

Espaço pessoal representa o quanto nosso


corpo aguenta a proximidade de alguém, uma
espécie de “bolha invisível” que existe ao redor
do corpo de toda pessoa.

A invasão desse espaço provoca reações como


afastamento, mudança na orientação do corpo,
mudanças corporais.
Classificação dos Sinais Não-
Verbais

4 - Tacésica - o tocar – é o estudo do toque e de


todas as características que o envolvem: pressão
exercida, local onde se toca, idade e sexo dos
comunicadores, e mais.....
Tipos de toque na área de
saúde

A- Toque instrumental - contato físico


necessário para realizar uma tarefa. Ex:
verificar temperatura, curativo, medicação.

B- Toque expressivo ou afetivo - contato


espontâneo e afetivo, não necessariamente
relacionado a uma tarefa, com finalidade de
demonstrar carinho, empatia, apoio,
segurança e proximidade em relação ao
paciente.
C- Toque terapêutico- termo usado para
designar a imposição das mãos. “toque sem
toque”
Classificação dos Sinais Não-
Verbais

5- Características físicas – a própria forma e a


aparência de um corpo. Exemplo: transmitem
informações como faixa etária, sexo, origem étnica
e social, etc e objetos que são sinais de seu
autoconceito (jóias, roupas, tipo de carro) e das
relações mantidas (aliança, anel de graduação).
Classificação dos Sinais Não-Verbais

6- Fatores do meio ambiente – são as


disposições dos objetos no espaço e as
características do próprio espaço, como cor,
forma e tamanho
A percepção nas relações humanas

Modelo de interação humana desenvolvido por


Joseph Luft e Inghan-Harrington esquema
denominado “A Janela de Johari”- explica a
complexidade da personalidade humana,
especialmente em suas relações com os outros
A Janela de Johari
1- Eu sei e os 2- Só os outros
outros também sabem

4- Nem eu nem os
3- Só eu sei
os outros sabem.
A Janela de Johari

Eu aberto – conhecido por nós e por qualquer um que nos


observe. Assuntos que falamos sem constrangimento.

Eu cego – é conhecido dos outros, mas não do eu.

Eu secreto – representa as coisas sobre nós mesmos que


conhecemos, mas que escondemos dos outros.

Eu desconhecido – remete ao “inconsciente humano”- reações


que passam desapercebidas tanto para os outros como para
nós mesmos. Envolve mecanismos de defesa, memórias da
infância, potencialidades latentes e aspectos desconhecidos
da dinâmica interpessoal.
Em que posso utilizar esta ferramenta?
A Janela de Johari

 É nos quadrantes II e III que modificações podem


ser conseguidas quando indivíduos trabalham
juntos.
 O profissional precisa “pensar”, estar atento à
comunicação não-verbal para torná-la mais
consciente e, assim, dispor de recursos para
entender seu próprio comportamento e o do
paciente. É percebendo o não-verbal de forma
consciente que poderemos compreendê-lo
corretamente.
MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

A principal causa de você ter medo de falar em


público é simplesmente o fato de que você não está
acostumado a falar em público.
Converse sobre seus medos, assim eles perdem
poder.

90% das coisas que mais


tememos não acontecem.

10% das que acontecem não


são tão ruins como pareciam.
Aceitar o Outro

“Relacionar-se é olhar para o outro”


Evite julgamentos,para que o outro não reaja de
forma defensiva, desconsiderando
as suas palavras.
TRATE CADA UM COMO GOSTARIA
DE SER TRATADO

Abra os olhos e a mente para o


mundo a seu redor;
Preste atenção aos
diferentes comportamentos;
Ouça atentamente;
Trate aos outros com
respeito;
Tenha disposição para ajudar
aos outros.

VOCÊ É UMA COMPANHIA


AGRADÁVEL?
Passagem do Cometa Halley transforma-se em festa
Numa Empresa com Comunicações rápidas
e objetivas
1) DE: Diretor Presidente PARA: Gerente
- Na próxima sexta-feira, aproximadamente às 17 h,
o Cometa Halley estará nesta área. Trata-se de um
evento que ocorre somente uma vez em cada 78
anos.
Assim, por favor, reúna os funcionários no pátio da
fábrica, todos usando capacete de segurança, que
depois lhes explicarei o fenômeno.
Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro
espetáculo a olho nu. Sendo assim, todos deverão
dirigir-se ao refeitório, onde será exibido um filme
documentário sobre o Cometa Halley.
Passagem do Cometa Halley transforma-se em festa

2) DE: Gerente PARA: Supervisor


- Por ordem do Diretor Presidente, na sexta-feira, às 17
horas, o Cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica.
Se chover, por favor, reúna os funcionários, todos de
capacete de segurança, e encaminhe-se ao refeitório,
onde o raro fenômeno terá lugar, o que somente
acontece a cada 78 anos a olho nu.
3) DE: Supervisor PARA: Chefe de Produção
- A convite do nosso querido diretor, o Cientista Dr.
Halley, de 78 anos, vai aparecer nu no refeitório da
fábrica, usando capacete, pois vai ser apresentado um
filme sobre o problema da chuva na segurança.
O diretor levará a demonstração para o pátio da fábrica.
Passagem do Cometa Halley transforma-se em festa
4) DE: Chefe de Produção PARA: Mestre

- Na próxima sexta-feira, às 17 horas, o Diretor,


pela primeira vez em 78 anos, vai aparecer no
refeitório da fábrica para filmar o Halley nu, um
cientista famoso e a sua equipe.
Todos devem estar lá de capacete, pois vai ser
apresentado um show sobre a segurança na chuva.
O Diretor levará a banda para o pátio da fábrica.
Passagem do Cometa Halley transforma-se em festa

5) DE: Mestre PARA: Funcionário

- Todos nus, sem exceção, devem estar com


segurança no pátio da fábrica, na próxima sexta-
feira, às 17 horas, pois o manda-chuva (o Diretor)
e o senhor Halley, guitarrista famoso, estarão lá
para mostrar o raro filme "Dançando à Chuva".
Caso comece a chover mesmo, é para ir para o
refeitório de capacete à mesma hora. O show será
lá, o que ocorre em cada 78 anos.
Passagem do Cometa Halley transforma-se em festa

6) QUADRO DE AVISOS:

AVISO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS:

Na sexta-feira, o Diretor Presidente vai fazer 78


anos, e todos podem ir à festa, às 17 horas no
refeitório.
Vão estar lá, pagos pelo manda-chuva (o
Diretor), Bill Halley e os seus Cometas.
Todos devem estar nus e de capacete, porque a
banda é muito louca e o rock vai estar a dar até
no pátio, mesmo com chuva.
Comunicação Verbal

* Técnicas:
1- Expressão:
• permanecer em silêncio – ouvir o que o
outro tem a dizer; a maioria fala demais e ouve
de menos. Para ouvir os outros precisamos
aprender a controlar nossos sentimentos e
preconceitos.
Comunicação Verbal

* Técnicas:
1- Expressão:
• verbalizar aceitação – dar indicações de estar
prestando atenção (ex: “Eu entendo”, “Posso
imaginar como se sente”).
Comunicação Verbal

* Técnicas:
 repetir as últimas palavras ditas pela
pessoa.
 ouvir reflexivamente – estimular o outro a
continuar falando, balançar a cabeça,
perguntar: “E depois?”, mostrar interesse.
Tentar compreender o que está sendo dito.
Comunicação Verbal

* Técnicas:

 verbalizar interesse – demonstrar que


percebe os esforços do paciente, chamá-lo pelo
nome, demonstrar atenção.
Comunicação Verbal

2- Clarificação:
 estimular comparações – ajuda a
descobrir semelhanças e diferenças entre
experiências vividas

 Devolver as perguntas feitas - ajuda a


desenvolver o raciocínio sobre o assunto e a
entender melhor a necessidade que gerou a
pergunta. Ex: “Na sua opinião, o que o senhor
acha?”
Comunicação Verbal

2- Clarificação:

 Solicitar o esclarecimento dos termos


incomuns e de dúvidas – questionar o
significado de termo desconhecido. Ex: “O que
o senhor quer dizer com gastura?”, “perde os
óio”, “perde a cabeça”, “falta o ar”, “brucutú no
chão”.
Comunicação Verbal

3- Validação:
As mensagens tem a mesma significação.
 repetir a mensagem dita – Exemplo: “Só para
reforçar, combinamos que ...?”
Comunicação Verbal

3- Validação:

 pedir para a pessoa repetir o que foi


dito – Exemplo: “Como foi mesmo que
combinamos?”

 Sumarizar o que foi dito na interação


faz o paciente perceber seus progressos.
Comunicação Não-Verbal

Funções da comunicação não-verbal nas relações interpessoais

1- Complementar a comunicação verbal –


sinal não-verbal que reforce, o que foi dito
verbalmente. Ex: um sorriso após a frase: “eu
gosto disso”.
Comunicação Não-Verbal

Funções da comunicação não-verbal nas relações interpessoais

2- Substituir a comunicação verbal – fazer


qualquer sinal não-verbal. Ex: sinal de “não” com
o dedo.
Comunicação Não-Verbal

Funções da comunicação não-verbal nas


relações interpessoais

3- Contradizer o verbal – qualquer sinal que


desminta o que foi dito verbalmente. Ex:
perguntar “Como você está hoje?”, olhando para
o relógio.
Comunicação Não-Verbal

Funções da comunicação não-verbal nas relações


interpessoais

4- Demonstrar sentimentos – demonstrar


emoção não por palavras, mas, principalmente,
por expressões faciais. Ex: rubor sinalizando
vergonha, abertura dos olhos e arquear das
sobrancelhas denotando surpresa.
Portanto...

 Para um efetivo relacionamento- interpessoal é


necessário que o enfermeiro domine as ferramentas
de comunicação, que utilize a Comunicação
terapêutica como aliada.

 E mais é necessário que aprenda a “Perceber o


imperceptível” .
Obrigada!!!
Referências

 FORMOZO, G. A. et al. As relações interpessoais no cuidado em saúde: uma aproximação


ao problema. Revista Enfermagem UERJ, v. 20, n. 1, p. 124-127, 2012.
 ATKINSON, L. D.; MURRAY, M.E. Fundamentos de Enfermagem: introdução ao processo
de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
 OLIVEIRA, P. S. et al. Comunicação terapêutica em enfermagem revelada nos
depoimentos de pacientes internados em centro de terapia intensiva. Revista
Eletrônica de Enfermagem, [S.l.], v. 7, n. 1, dez. 2006. ISSN 1518-1944. Disponível
em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/861>. Acesso em: 13 Abr.
2015. doi:10.5216/ree.v7i1.861.
 VOLGEMANN, E. P. A arte de ensinar e construir o conhecimento. Biblioteca 24
horas, 2011.
 CASTRO, R.C.B.R. de; SILVA, M.J.P. da A comunicação não-verbal nas interações
enfermeiro-usuário em atendimentos de saúde mental. Rev.latino-am.enfermagem,
Ribeirão Preto, v. 9, n. 1, p. 80-87, janeiro 2001.

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