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Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol.

1: O Guia do Emocionauta

www.cicem.com.br

São Paulo, Brasil: CICEM Ed.

Escritos sobre a mensuração científica da face humana: Vol. 1 – o guia do emocionauta

© 2018 – C. Ferreira

Capa “As 7 Emoções Básicas Universais” © 2018 – CICEM.

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esta mecânica, eletrônica, fotocópia, gravação ou qualquer outra, sem prévia autorização
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Ao novo emocionauta.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

AGRADECIMENTOS

Este livro é o resultado de um trabalho científico que só pôde ser


desenvolvido por estar apoiado nos ombros de gigantes e este é o momento
para referenciá-los de forma adequada. Ainda que não pude conhecer,
pessoalmente, o Dr. Duchenne, não posso deixar de expor minha admiração e
gratidão ao estudo pioneiro e paradigmático por ele realizado – estudo que
possibilitou um enorme avanço na compreensão sobre as expressões faciais em
seres humanos e motivou outros tantos trabalhos. O mesmo vale para C.
Darwin, que iniciou a “polêmica” sobre a universalidade de certas emoções.
Agradeço publicamente também pelos trabalhos (teóricos e de campo) de Paul
Ekman, que dedicou uma vida para compreender e ensinar a comunicação não-
verbal e agradeço à A. Freitas-Magalhães, que me possibilitou os primeiros
contatos com o estudo científico da expressão facial das emoções e foi a bússola
emocional.

Agradeço aos meus pares mais recentes, por não terem poupado
incentivos e apoios (dos mais diversos tipos), quando eu ou o CICEM lhes pediu.
Meu emocional obrigado ao meu pai Donizete Ferreira, aos modelos faciais
Bruno Luigi Andreoni Smaldino, Alaissa Rodrigues e Cesar Tunas, e aos
colaboradores Luis Sant’Anna, Thiago Flausino, Pedro Costa, Caroline Bürer
Maziero e Igor Banin. Em nome da investigação do comportamento das
emoções, muito grato pela contribuição à ciência.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

SUMÁRIO

PREFÁCIO

INTRODUÇÃO: A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL E O COMPORTAMENTO


EMOCIONAL

Expressão facial; comunicação não-verbal; comunicadores; cérebro; comportamento


emocional.

1 – AS 7 EMOÇÕES BÁSICAS UNIVERSAIS

Expressão facial da emoção; Duchenne; Darwin; Ekman; alegria; raiva; aversão; surpresa;
medo; tristeza; desprezo.

2 – O QUE É FACS

Características; áreas da face; divisões da face; código; pontuação; anatomia;


unilateralidade/bilateralidade; intensidade.

3 – SOBRE AS UNIDADES DE AÇÃO FACIAIS (AUS)

Características, localização, identificação, anatomia, o código da emoção.

DO AUTOR
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

PREFÁCIO

Este livro nasceu da emoção: da emoção sentida e do desejo da emoção


partilhada. Estudar o comportamento facial é estudar a emoção; é estudar um
fenômeno interno e mensurá-lo externamente; é identificar, medir, reconhecer,
interpretar e sentir; é ter olhos para a emoção do outro e de si mesmo - é ter
olhos para entender o que revela o olhar. É também perceber o papel e a
importância das emoções para a evolução, sobrevivência, existência e
continuidade da espécie; é compreender que elas podem ser funcionais ou
disfuncionais a depender da situação e do sujeito; é perceber incongruências
emocionais e saber ler face da dissimulação - bem como distinguir a face da
verdade; é estudar a comunicação, o comportamento e aquilo que nos motiva a
agir. É também regular as emoções para alcançar maior qualidade de vida; é
perceber a relação dialética entre estados mentais e comportamentos; é
mergulhar na trilha do nervo facial – do cérebro seu e meu – e explorar o impulso
emocional. É mover-se; emovere!; é sentir; é se emocionar; é ser emocionauta.

Os conteúdos desse volume foram, originalmente, publicados no site do


CICEM – Centro de Investigação do Comportamento das Emoções
(www.cicem.com.br) e passaram por revisão e ampliação para as finalidades
técnicas e didáticas desse livro. A obra reúne e apresenta tópicos basilares para
compreensão inicial da mensuração científica da face humana, com tabelas,
imagens e descrições pautadas em estudos científicos, além de sugerir
referências e complementos de estudos.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

INTRODUÇÃO: A COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL E O COMPORTAMENTO


EMOCIONAL

A expressão facial é um fenômeno resultante de ações (contrações)


musculares da face que resultam em alterações visíveis na aparência de alguém,
sendo que, com cerca de 44 músculos responsáveis pelas expressões nos rostos
humanos é possível realizar cerca de 10.000 comportamentos faciais distintos
(Ekman, 2003). Estudar a ação facial é estudar também a cinésica, isto é, o
campo de investigação que se debruça sobre os movimentos corporais e suas
respectivas mensagens (Knapp & Hall, 1999). Estudo esse que diz respeito ao
macro campo da comunicação não-verbal e do comportamento emocional.

A comunicação não-verbal

A comunicação não-verbal (CNV) é o campo de investigação que se


debruça sobre aspectos como expressões faciais, postura, tom de voz, utilização
dos espaços por corpos, gestos, aparência e outros elementos do
comportamento e da comunicação humanas que independem de palavras
(Ekman & Friesen, 1986; Knapp & Hall, 1999). Ela permite, entre outros
exemplos, a identificação das verdadeira reações, intenções e motivações de
uma pessoa, ao passo em que o corpo e a face revelam, ainda que se tente
ocultar com palavras e dissimulações, a verdade de alguma situação. Aplicação
essa de grande valia para os contextos investigativos de análise da veracidade.
(Ekman, 1985/2009; Navarro, 2017).

A CNV e a compreensão das mensagens que os comportamentos não-


verbais emitem, também aponta para contribuições no campo do entendimento
sobre os efeitos da percepção da primeira impressão: atratividade, liderança,
dominância ou submissão, extroversão e introversão (Todorov, 2017); bem
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como nos terrenos da: paquera e sedução, negociação e vendas, justiça e


segurança, entre outras (Knapp & Hall, 1999).

Seu estudo também possibilita identificar e reconhecer as emoções


básicas dos outros, de modo confiável e científico, quando a análise é feita do
ponto de vista da expressão facial da emoção (Ferreira, 2016), com a devida
aplicação do Facial Action Coding System (FACS) (Ekman, Friesen & Hager, 2002).
Atualmente, outros estados internos como emoções secundárias, sentimentos,
avaliações da dor, de patologias e psicopatologias já são possíveis de serem
analisadas e mensuradas por meio dessa ferramenta que vem ganhando
inúmeras pesquisas e possibilidades de aplicação (Ekman & Rosenberg, 2005;
Freitas-Magalhães, 2012; Maziero et al., 2016).

Os principais elementos de estudo da comunicação não-verbal

Abaixo estão listados os principais dos fenômenos que se deve ter atenção
para fazer uma boa análise e possibilitar uma interpretação adequada da
comunicação não-verbal:

• Linha de base (baseline) e contexto: tanto no que diz respeito às


expressões faciais quanto aos demais comportamentos observáveis nas
pessoas, é crucial ter em vista aquilo que é habitual e padrão no
repertório desta. Chamamos isto de linha de base ou baseline. O
especialista em comunicação não-verbal traça a baseline do sujeito para
fazer sua análise de forma precisa e poder relatar os comportamentos que
realmente tem valor emocional ou significativo. O contexto daquele que
emite a ação que se deseja decifrar também deve ser levado em
consideração naquilo que diz respeito à: cultura, idade e gênero, por
exemplo.
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• Proxêmica: este é o nome que se dá para o estudo da utilização dos


espaços por corpos. A forma como as pessoas afastam-se, aproximam-se,
ocupam ou evitam ocupar o espaço em que estão inseridas revelam
muitas mensagens sobre, por exemplo, sua intimidade ou desconforto
frente a um lugar ou a uma situação específica, bem como sobre o
fenômeno da territorialidade individual e variável de cultura para cultura
(Knapp & Hall, 1999). A proxêmica costuma ser classificada como íntima
(0 m – 0,5 m), pessoal (0,5 m – 1,3 m), social (1,3 m – 3,7 m) e pública (>
3,7 m), de acordo com os estudos do antropólogo Edward T. Hall. Quando
a proxêmica é de 0 m temos um contato físico (um toque) e isso também
é estudado na CNV pelo subcampo da tacésica.
• Paralinguagem: a voz, para além das palavras, também é analisada na
comunicação não-verbal e é responsável por revelar uma série vestígios
emocionais ou então, corroborar, de forma significativa, com outros
fenômenos não-verbais observados. Vale dizer que o estudo da voz conta
com pesquisas, protocolos e ferramentas de mensuração superiores,
quando comparadas, ao resto da linguagem corporal (salvo a expressão
facial). Alguns pontos observados pela paralinguagem são as pausas,
hesitações, ritmo da respiração durante a fala, o tom de voz e suas
oscilações, a intensidade (ou volume) da fala, a frequência das palavras,
os “cacos” e “vícios” da que acompanham a fala, entre outras emissões
vocais, como tosses e risos, por exemplo.
• Cinésica: este tópico dialoga diretamente com a linguagem corporal, ao
passo em que a cinésica estuda os movimentos do corpo e, portanto,
compreende a postura, as expressões faciais, os movimentos de braços,
pernas e pés, e também os gestos das mãos. Vale dizer que as 3 principais
categorias de gestos das mãos são: emblemas (ou gestos emblemáticos),
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ilustradores e manipuladores (ou pacificadores ou adaptadores). A tabela


a seguir apresenta as respectivas descrições.

Emblemas Ilustradores Manipuladores/Pacificadores/


Adaptadores
Gestos que possuem Gestos que Gestos de auto toque/ auto
significado independente complementam, manipulação que visam acalmar e
da palavra, por exemplo, demonstram a reconfortar a pessoa que passou
o “V de vitória” feito com intensidade ou a carga por uma situação desagradável, por
os dedos indicador e emocional relacionada a exemplo: morder o lápis, esfregar a
médio, que também um discurso verbal, por testa, tocar no pescoço, coçar os
pode significar “paz e exemplo: acusar alguém antebraços, lamber os lábios,
amor”, “dois” ou até e apontar com o dedo mexer no cabelo.
“cinco” (na contagem indicador (para cultura
romana). brasileira); dizer que “foi
logo alí” e apontar com o
dedo.
Tabela 1 - Descrição dos gestos para a comunicação não-verbal

• Expressões faciais: apesar de esse ser um sub-tópico que diz respeito à


cinésica, as expressões faciais merecem destaque pois, ao contrário do
resto da linguagem corporal, possuem uma ferramenta científica
internacional de mensuração chamada Facial Action Coding System
(FACS) – que será apresentada no decorrer desse livro.

Todos os fenômenos acima são pertencentes, em resumo, aos saberes tanto


da psicologia (e sociologia e antropologia) quanto da comunicação (e semiologia
e semiótica), uma vez que se tratam de comportamentos humanos e
comportamentos que carregam fortes funções comunicativas. Sendo assim, os
comportamentos analisados pela CNV podem ter ou não valor emocional.
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O comportamento emocional

Quando falamos de comportamento emocional falamos de respostas


corporais diretamente influenciadas por processos emocionais. São ações
corporais involuntárias que emergem naturalmente durante a experienciação
das emoções, como:

• O sorriso verdadeiro durante a vivência da alegria;


• O paralisar, correr ou lutar frente à situação de perigo;
• A elevação do pitch vocal e “tremor na voz” durante a sensação de
ansiedade;
• A dilatação e a contração pupilar referente não a alteração da
luminosidade do ambiente, mas à alteração emocional particular de
alguém;
• O aumento no uso de gestos manipuladores durante a emoção negativa;
• O ruborizar durante a vergonha ou raiva, por exemplo;

“Estes comportamentos podem ser observados e descodificados, pois manifestam-se


fisicamente nos nossos pés, tronco, braços, mãos e rosto. Uma vez que estas reações
ocorrem sem pensamento, ao contrário das palavras, elas são genuínas. Assim, o
cérebro límbico é considerado o << cérebro honesto >> em termos dos aspectos não-
verbais”.

Navarro, 2017, p. 43

As funções emocionais do cérebro e suas respectivas respostas


comportamentais vêm sendo estudadas e relatadas, principalmente, desde a
década de 1960 por autores como: Alexander Luria, Paul Ekman, Joseph E.
LeDoux, Paul D. MacLean, Daniel Goleman, António Damásio e Joe Navarro. O
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chamado cérebro límbico faz referência ao sistema límbico, que é um conjunto


de estruturas encontrado no cérebro dos mamíferos.

"As emoções são muitas e difíceis de classificar. Envolvem sempre três aspectos:
( 1) um sentimento, que pode ser positivo ou negativo; (2) comportamento, ou seja,
reações motoras características de cada emoção; e (3) ajustes fisiológicos
correspondentes. As regiões neurais envolvidas são geralmente reunidas em um
conjunto denominado sistema límbico, que agrupa regiões corticais e subcorticais
situadas sobretudo, mas não exclusivamente, nos setores mais mediais do encéfalo.
[...] Uma região do lobo temporal desempenha o papel de botão de disparo das
emoções: a amígdala. Sua função é receber as informações sensoriais e interiores
provenientes do córtex e do tálamo, filtrá-las para avaliar sua natureza emocional,
e comandar as regiões responsáveis pelos comportamentos e ajustes fisiológicos
adequados (no hipotálamo e no tronco encefálico)."

Lent, 2010, p. 714

É no cérebro que as emoções são elaboradas e enviadas para os sistemas


motores da face e do resto do corpo. Vale lembrar que, em 1872, Charles Darwin
propôs que haveria um modelo estrutural comum no cérebro e esse seria
responsável por transmitir o caráter básico, inato, hereditário e universal de
certas expressões emocionais. Hoje sabemos que Darwin estava certo e
descobrimos a importância de áreas como o sistema límbico e o nervo craniano
VII, por exemplo, para a realização do comportamento emocional em sua
totalidade (LeDoux, 1996; Lent, 2010; Goleman, 2012; Navarro, 2017).
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Uma das principais estruturas cerebrais responsáveis


pelas expressões faciais é o Nervo Facial (ou Nervo
Craniano VII). É por meio dele que o cérebro transmite
as informações que corresponderão na alteração de
aparência decorrente da movimentação de músculos
faciais específicos em seres humanos. Em outras
palavras, ele controla os músculos da expressão facial.

Esta estrutura é de fundamental importância para a Figura 1 - Ilustração do Nervo


Facial (imagem: CC).
compreensão da expressão facial da emoção e para a
investigação clínica de patologias. É esse nervo que faz com que as informações
do cérebro cheguem à face e comuniquem algo. Sem o adequado
funcionamento dele não é possível que os nossos músculos faciais reajam, de
forma específica, à impulsos nervosos específicos.

"Por exemplo: um doente com paralisia do nervo facial pode apresentar distúrbios da
fala porque não consegue mover adequadamente os músculos da face. Ao contrário,
os portadores de afasias podem perder a capacidade de falar sem apresentar qualquer
deficiência no funcionamento da musculatura facial."

Lent, 2010, p. 695

É importante dizer que os movimentos oculares (como a direção do olhar,


a contração e a dilatação pupilar) – em particular – não são controladas pelo
nervo craniano VII, mas sim, pelos nervos oculomotor (III), troclear (IV) e
abducente (VI) (Lent, 2010).
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O cérebro trino

Partindo da perspectiva evolucionista e relacionando-a com as pesquisas


e teorias da neurociência, uma visão muito interessante – do meu ponto de vista
– sobre o cérebro foi proposta por Paul MacLean em 1970, que dividiu o cérebro
humano em 3 regiões que compreendem estruturas específicas e que
relacionam-se com o cérebro de outras espécies de animais.

O cérebro reptiliano é a camada mais primitiva e é composto


principalmente pela medula espinhal e por porções do prosencéfalo; é conhecido
como "cérebro instintivo" e é responsável por reflexos simples. Na sequência,
vem o cérebro dos mamíferos inferiores, que é formado pelo sistema límbico e
é a base do comportamento emocional. Por último, vem o cérebro racional, que
é composto pelo neocórtex, a camada mais externa que contorna grande parte
do cérebro e é responsável por funções como o pensamento abstrato, a
moralidade e atividades de raciocínio complexo, por exemplo.

Muito se descobriu sobre o cérebro nos últimos 20 e 30 anos, mais do que


nunca antes, porém, ainda pouco se sabe de forma segura sobre seu real
funcionamento. Todavia, a constante encontrada nas investigações inclinadas às
temáticas do comportamento emocional tem apontado para a importância das
estruturas que integram o sistema límbico. A amígdala, um dos componentes do
sistema límbico, que antes era associada, quase que exclusivamente, à emoção
de medo, hoje já é compreendida como um grande "centro das emoções" e tem
demonstrado ser de grande importância e influência em vários aspectos da vida
emocional.
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Referências e complementos de estudo

Battocchi, A.; Pianesi, F.; Goren-Bar, D.. A First Evaluation Study of a Database
of Kinetic Facial Expressions (DaFEx). Proceedings of the 7th International
Conference on Multimodal Interfaces ICMI 2005, October 04-06, 2005, Trento
(Italy), pp. 214-221. ACM Press New York, NY, USA.

Battocchi, A.; Pianesi, F.; Goren-Bar, D.. The Properties of DaFEx, a Database of
Kinetic Facial Expressions. In Jianhua Tao, Tieniu Tan, Rosalind W. Picard (Eds.):
Affective Computing and Intelligent Interaction, First International Conference,
ACII 2005, Beijing, China, October 22-24, 2005, Proceedings. Lecture Notes in
Computer Science 3784 Springer 2005, pp. 558-565.

Darwin, C. (2009). A expressão das emoções no homem e nos animais. (Leon de


Souza Lobo Garcia, Trad.). São Paulo: Companhia das Letras. (Obra original
publicada em 1872).

Ekman, P. (1985/2009). Telling lies: clues to deceit in the marketplace, politics


and marriage. New York: W. W. Norton & Company, Inc.

Ekman, P. (2003). A linguagem das emoções: revolucionando sua comunicação


e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor.
São Paulo: Lua de Papel.

Ekman, P. & Friesen, W. (1976). Origen, uso y codificación: bases para cinco
categorías de conducta no verbal, in Eliseo Verón (Editor In-Chief), Lenguaje y
comunicación social, Buenos Aires: Nueva Visión.

Ekman, P. & Rosenberg, E. L. (Eds.). (2005). What the face reveals: basic and
applied studies of spontaneous expression using the facial action coding system
(FACS) (2nd ed.) New York: Oxford University Press.
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Ferreira, C. (2016, Novembro) A expressão facial das emoções básicas. Poster


apresentado no XVI Congresso Nacional de Iniciação Científica. São Paulo, Brasil.

Freitas-Magalhães, A. (2012). Facial expression of emotion. In. V. S.


Ramachandran (Ed.), Encyclopedia of Human Behavior (Vol. 2, pp. 173-183).
Oxford: Elsevier/Academic Press.

Goleman, D. (2012). O cérebro e a inteligência emocional: novas perspectivas.


Rio de Janeiro: Objetiva

Knapp, M. L. & Hall, J. A. (1999). Comunicação não-verbal na interação humana.


São Paulo: JSN Editora.

LeDoux, J. (1996). O cérebro emocional: os misteriosos alicerces da vida


emocional. Rio de Janeiro: Objetiva.

Lent, R. (2010) Cem bilhões de neurônios?: conceitos fundamentais de


neurociência. São Paulo: Ed. Atheneu.

Maziero, C.; Ferreira, C.; Marcolan, A.; Oliveira, A.; Mendes, V.; & Freitas-
Magalhães, A. (2016). Facial Action Coding System: Current Approaches to
Psychosocial Implications and Applications. In A. Freitas-Magalhães (Ed.),
Emotional expression: The brain and the face (Vol. 8, pp. 245-278). Porto: FEELab
Science Books.

Navarro, J. (2017). Verdade ou mentira?: como saber o que os outros pensam


mas não dizem. Alfragide: Texto Editores, Lda.

Todorov, A. (2017). Face value: the irresistible influence of first impressions. New
Jersey: Princeton University Press.
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CAPÍTULO 1 – AS 7 EMOÇÕES BÁSICAS UNIVERSAIS

Expressões faciais universais

Pesquisas realizadas em várias partes da Terra e por vários anos


confirmaram a existência de 7 emoções básicas que possuem expressões faciais
universais, são elas: alegria, tristeza, raiva, aversão, surpresa, medo e desprezo.
Independente da sociedade e cultura em que se vive, ao experienciar uma
dessas 7 emoções, os indivíduos irão movimentar os mesmos músculos faciais.

Estudar a expressão facial da emoção é estudar o que move as pessoas, o


que determina a qualidade de vida delas e como elas se comportam, mas
também é uma oportunidade para se tornar mais consciente dos momentos que
vivencia e aprender a regular/controlar as próprias emoções.

Sobre a universalidade da
expressão facial das emoções, vale dizer
que a discussão sobre este tema foi
iniciada, de forma científica, por Charles
Darwin que, em 1872, publicou o livro
The expression of the emotions in man
and animals, onde propôs que haveria
uma estrutura cerebral responsável pela
expressão comportamental universal
das emoções nos homens e em outros
animais. Em resumo, Darwin afirmou
Figura 2 - “Os principais movimentos expressivos de
que a expressão facial de algumas homens e animais inferiores são inatos ou hereditários,
isto é, não foram aprendidos pelo indivíduo”. (Darwin,
emoções humanas são inatas, universais 1872/2009, p. 298) (imagem: Domínio Público).

e partilhadas por todos os membros da


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mesma espécie, ou seja, sem ser o resultado de aprendizagem ou relativa às


variações culturais/sociais.

No séc. XX a antropóloga Margaret Mead afirmou, sobre este tema, o


contrário de Darwin e escreveu que todos os comportamentos humanos seriam
um produto peculiar resultado das diferentes culturas, o que implicou
diretamente sobre os comportamentos faciais. Sendo assim, a necessidade de
verificar qual dos dois teóricos estava certo emergiu e foi à campo o psicólogo
Paul Ekman, que realizou pesquisas nos Estados Unidos da América, Japão, Brasil
e em outros países, até encontrar a tribo Fore, da Papua Nova Guiné, que era
uma tribo virgem, isto é, que nunca havia tido contato com outra civilização.
Nesta cultura e com os estudos antecedentes de Ekman, juntamente com a
pesquisa de outros que realizavam investigações semelhantes em paralelo,
como Carroll Izard, pôde-se constatar a veracidade da teoria universal de Darwin
e mapear as 6 emoções básicas universais em seres humanos, onde mais tarde
a emoção básica desprezo seria incorporada e passaria-se a falar de 7 emoções
básicas inatas e universais (Ekman, 1972; Ekman, 2003; Ekman & Friesen, 1971;
Ekman & Friesen, 1986; Ekman & Heider, 1988).

Se você quisesse fazer um estudo, nos dias atuais, para validar ou refutar
a universalidade da expressão facial da emoção, o que você faria? Quem seria
isolado o suficiente, à nível das expressões faciais, para contribuir com essa
investigação?

Um outro estudo que vale citar foi realizado por David Matsumoto que,
juntamente com Jessica Tracy, analisou 4.800 fotografias de judocas com visão
e judocas cegos congênitos nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2004. O
estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of
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Sciences, que revelou que ambos tipos de atletas exibiram as mesmas


expressões faciais ao alcançarem o primeiro lugar e expressões faciais bem
similares foram vistas naqueles que perderam a competição. Outro dado
interessante que a pesquisa apontou foi o fato de 85% dos atletas que
receberam a medalha de prata (2º lugar) exibiram o chamado “sorriso social”
(onde apenas o músculo Zigomático Maior (AU 12) é acionado – a ser esclarecido
no capítulo sobre Unidades de Ação). Uma vez que os indivíduos cegos de
nascença não podem ter aprendido esse tipo de comportamento pela via visual,
deve haver uma questão hereditária, genética também relacionada à regulação
da exibição da expressão facial da emoção, sugere o estudo. A nível do corpo,
os pesquisadores perceberam que os atletas cegos também erguem os braços,
a cabeça e estufam o peito quando comemoram as suas vitórias – uma
expressão corporal de conquista e orgulho (Tracy & Matsumoto, 2008).

Figura 3 – “Sorrisos sociais” e o "Duchenne Smile" posados em laboratório. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das
Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)
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7 emoções básicas universais

A seguinte imagem ilustra, em face humana masculina, um protótipo


referente à cada emoção básica. As fotos foram dirigidas no CICEM – Centro de
Investigação do Comportamento das Emoções para funções didáticas e a ordem
de montagem está: baseline, raiva, desprezo, aversão, medo, alegria, tristeza e
surpresa.

Figura 4 - As 7 emoções básicas universais (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo:
CICEM.)

Vale lembrar que a análise da expressão facial possui uma ferramenta


científica de mensuração chamada FACS e que, após a criação do FACS, foi
produzido o EMFACS (sigla para EmotionFACS) enquanto um sistema econômico
de pontuação que leva em conta apenas as emoções básicas e apresenta os
protótipos mais comuns. O FACS e o EMFACS serão apresentados no decorrer
do livro.
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O Estudo de Duchenne

Um dos estudos paradigmáticos sobre a ciência da expressão facial foi


realizado por Guillaume-Benjamin-Amand Duchenne (1806 – 1875), ou apenas
Dr. Duchenne, como é mais conhecido. Esse homem foi um neurologista francês
que contribuiu com grandes pesquisas sobre a face humana e sobre a expressão
facial da emoção.

Duchenne estudou as emoções, os músculos da anatomia da face e


realizou experimentos de estimulação elétrica nesses. Ao estimular um músculo
eletricamente, este se contrai e causa uma mudança específica na aparência. Esse
estudo pioneiro sobre a fisiologia das emoções foi registrado em várias
fotografias e publicado no livro “Mécanisme de la physionomie humaine”, datado
1862. Vale dizer também que foi uma das grandes referências para Charles
Darwin publicar, em 1872, o seu emocional trabalho “The Expression of the
Emotions in Man and Animals”.

Neste estudo, o cientista francês também pode catalogar o que ficou


conhecido como Duchenne smile, o sorriso verdadeiro, que tem relação com a
exibição facial genuína da emoção básica alegria. Ele fez isso registrando a
expressão facial do "homem velho sem dentes" (old toothless men) - seu paciente
mais famoso - após estimular eletricamente o músculo zygomaticus major
(responsável pela mímica facial do sorriso) e após contar uma piada ao mesmo.
Na comparação com as imagens, Duchenne pode perceber que o sorriso
resultante da piada também apresentava - para além da contração do
zygomaticus major - a contração do músculo orbicularis oculii, que é um músculo
facial localizado ao redor dos olhos e cujas pesquisas posteriores confirmaram a
relação com a experienciação da alegria.
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Alegria

A alegria é uma emoção básica positiva associada também às palavras e


sensações de: prazer, diversão, alívio, excitação, êxtase e outras – fenômenos
esses identificados como emoções prazerosas (Ekman, 2003a; Ekman & Friesen,
2003). Ekman (2003b) catalogou 16 sensações agradáveis associadas à alegria e
Ferreira (2017) as traduziu e adaptou para a população brasileira. A tabela
abaixo apresenta os nomes originalmente apresentados por Ekman, a respectiva
tradução e uma breve descrição para finalidades de compreensão além das
terminologias em si.

Nome original Nome traduzido Características associadas


Sensory pleasures (5) Prazeres sensoriais (5) • Relacionados aos órgãos sensoriais;
• derivados dos 5 principais sentidos: tato,
visão, audição, olfação e paladar.

Amusement Diversão • a maioria das pessoas se diverte com algo


que acha engraçado;
• a diversão pode variar de leve à
extremamente intensa, com risadas e até
lágrimas.

Contentment Contentamento/satisfação • experienciada quando tudo parece estar


certo e quando não há necessidade de fazer
algo;
• satisfação em momento de descontração.

Excitement Excitação • resposta à novidade e ao desafio.

Relief Alívio • sentida quando alguém teve fortes emoções;


• requer a presença anterior de uma emoção
não agradável (tipicamente o medo).

Wonder Maravilha • emoção rara que é sentida quando a pessoa


se sente dominada por algo
incompreensível;
• distingue-se do medo, todavia, podem se
fundir quando é difícil entender o que
ameaça.
Ecstasy ou Bliss Êxtase • enlevo auto-transcendente alcançado por
alguns por meio da meditação, ou por meio
de experiências na natureza, ou por meio da
experiência sexual com um verdadeiro
amado.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Fiero Triunfo/orgulho pessoal • Palavra italiana; orgulho da conquista sem a


necessidade de um concurso com outras
pessoas;
• emoção importante para motivação de
conquistas.

Naches Orgulho de tutor • palavra iíddish; orgulho de um pai ou mentor


que é sentido frente à realização do
protegido;
• garante o investimento dos pais para facilitar
o crescimento e as conquistas dos filhos.

Schadenfreude Prazer do prejuízo • palavra alemã; experienciada quando se


percebe que o inimigo/rival sofreu de
alguma maneira;
• diferente das demais emoções agradáveis, é
reprovada em algumas culturas.

Elevation Exaltação • sente-se quando alguém experimenta atos


humanos de bondade ou compaixão;
• pode motivar a pessoa a também realizar os
atos.
Gratitude Gratidão • apreciação por um ato altruísta que ofereça
benefícios;
• quando alguém faz algo agradável para nós e
isto não o beneficia, sentimos gratidão;
• é uma emoção que possui fortes sensações
fisiológicas associadas.

Tabela 2 - As 16 emoções agradáveis. Ferreira, 2017, com base em Ekman, 2003 b. Disponível em: .http://cicem.com.br/as-
16-emocoes-agradaveis/

“Dentre as emoções vivenciadas pelo ser humano, a alegria ocupa um lugar


incomparável. Seja por poder reivindicar o estatuto de força motriz desde os primeiros
gestos expansivos do bebê – e o termo emoção deriva de emovere que, em latim,
significa ‘mover’ –, seja pelo fato de que, por meio dela, desfrutamos as nossas
experiências mais prazerosas, o que a torna um dom precioso... e bastante cobiçado”.

Kupermannn & Souza, 2010, p. 11

Falar da alegria é também falar de sua mímica facial mais característica, o


sorriso, que como diz Freitas-Magalhães “é uma curva que tudo pode
endireitar”. E, por sua vez, ao falar de sorrisos é necessário identificar e
reconhecer o tipo de sorriso manifestado, bem como a sua ausência e a sua
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

função psicossocial, isto é, a literatura aponta (Freitas-Magalhães, 2006, p. 77)


4 categorias de sorriso:

Sorriso largo Sorriso superior Sorriso fechado Face neutra

Quando há elevação Quando há elevação Quando há elevação Quando não há


das comissuras das comissuras das comissuras elevação das
labiais e exibição das labiais e exibição da labiais sem exibição comissuras labiais e
fileiras dentárias fileira dentária das fileiras exibição das fileiras
(inferior e superior); superior. dentárias. dentárias

Tabela 3 - Identificação e descrição do sorriso humano. Ferreira (2018) com base em Freitas-Magalhães (2006).

Também podemos falar de sorriso verdadeiro e sorriso falso, sendo que o


sorriso verdadeiro (aquele associado à expressão genuína/espontânea da
alegria) acontece de forma simétrica na face humana, apresenta congruência
entre a upper face (face superior) e lower face (face inferior), bem como entre
os momentos de onset (início), apex (momento de maior contração muscular) e
offset (término), em outras palavras, observa-se a combinação do sorriso com
os outras ações faciais, suas intensidades e durações (Ekman, Friesen & Hager,
2002) – tópicos esses que serão melhor abordados nos capítulos 2 e 3, onde
falaremos sobre o Facial Action Coding System (FACS) e sobre o código da alegria
(AU 6 + AU 12 + AU 25).
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Duchenne catalogou o que ficou conhecido


como Duchenne Smile (ou Sorriso Duchenne) que,
curiosamente, leva o seu nome, mas não é o seu
próprio sorriso, e sim, de um de seus pacientes.

Ao longo do tempo, o sorriso verdadeiro ficou Figura 5 - Sorriso e Riso: no riso há


vocalização. (imagem: Ferreira, C.
(2017/2018). As Faces das Emoções
associado ao termo Duchenne Smile e o sorriso falso Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

ao Pan American Smile (Freitas-Magalhães, 2011).

Sorriso Duchenne

Figura 6 - Sorriso Duchenne sinalizado. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo:
CICEM.)

Figura 7 - Imagens do estudo original de Duchenne. As pranchas 31 e 32 apresentam, respectivamente, o sorriso social e o
sorriso Duchenne. (imagem: Domínio Público)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

O que Duchenne observou é que para além do sorriso (realizado pelo


músculo zygomaticus major), na experiencia da alegria, há também atividade no
músculo que circunda os olhos (orbicularis oculii) – cuja ação é de estreitar as
pálpebras e elevar as bochechas.

Figura 8 - Base muscular; zygomaticus major sinalizado; orbicularis oculii e zygomaticus major sinalizados. (imagem:
Ferreira, C. (2017). Os Músculos das Emoções Básicas (MEB). São Paulo: CICEM.)

O CICEM está analisando as imagens da investigação de Duchenne em um


estudo de inédito de codificação destas por meio do FACS, onde as expressões
faciais observadas nas fotografias originais foram pontuadas, de forma
automática, pelo software FaceReader 7.0, capaz de reconhecer e identificar a
ação facial, discriminando algumas Action Units (AUs) e também está sendo
realizada uma codificação manual para comparar os resultados que serão
organizados em um paper.

Figura 9 - Fotografias do estudo de Duchenne com a leitura automática das AUs do FACS, por meio do FaceReader 7.0.
Retirado de: Ferreira & Maziero (2017).
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Raiva

A raiva não pode ser superada pela raiva. Se uma pessoa


demonstra raiva de você, e você mostrar raiva em troca, o resultado
é um desastre.

Dalai Lama

Contém tanto sentimentos como aborrecimento quanto fúria. A


intensidade desses estados varia, sendo que: podemos sentir um leve ou forte
aborrecimento, mas só podemos sentir uma fúria intensa. Todos os estados da
raiva são desencadeados por um sentimento de estar bloqueado – impedido –
em uma situação, sendo que o principal gatilho universal da raiva é a frustração
(Ekman, 2003a).

A emoção raiva tem uma direção e essa direção vai de encontro ao objeto
que a desperta. A nível da expressão facial, as sobrancelhas se unem e se
abaixam, as pálpebras superiores são elevadas, as pálpebras inferiores são
tensionadas, a pupila pode contrair, a narina pode dilatar, os lábios são
pressionados, tensionados ou há elevação de lábio superior, o queixo é elevado.

Figura 10 - Variações comuns na expressão facial da raiva. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas
(FEB). São Paulo: CICEM.)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Figura 11 - Raiva sinalizada. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

“A emoção cólera pode ser muitas vezes uma defesa contra a agonia, um substituto
desta e até a sua resolução. Os sentimentos e acções que a cólera provoca podem,
muitas vezes, destruir uma relação e a nossa expressão facial ou tom de voz sugerem
ao nosso alvo de ira que estamos furiosos com alguma coisa”.

Freitas-Magalhaes, 2011, p. 71

Comportamentos como disputar, gritar, insultar/ofender e usar força


física podem ser observados e vivenciados durante a experiênciação da raiva. A
depender do contexto e do(s) indivíduo(s) afetado por essa emoção, vale dizer
que ela pode levar tanto à agressividade, violência e destruição, como também
pode servir de força motriz motivacional para enfrentar desafios e/ou superar
obstáculos (Ekman, 2003a; Goleman, 2012)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Aversão

O espectro da aversão contempla tanto a antipatia quanto o ódio, sendo


que a intensidade desses estados varia: podemos sentir uma antipatia leve ou
forte, mas só podemos sentir um ódio intenso. Todos os estados de aversão são
desencadeados pela sensação de que algo é tóxico. A função da aversão é fazer
com que algo nocivo à continuídade do ser fique longe desse (Ekman, 2003a).

“As manifestações faciais de repulsa são muito honestas e refletem o que se está
passar no cérebro. É provável que a repulsa se registe em primeiro lugar na face,
porque esta é a parte da nossa anatomia que foi adaptada, ao longo de milhões de
anos, para rejeitar comida estragada ou qualquer coisa que nos pudesse fazer mal”.

Navarro, 2017, p. 229

A raiva e a aversão possuem alguns marcadores faciais semelhantes,


todavia, ajuda ter em vista que a direção da emoção aversão vai em sentido
oposto ao objeto que a desperta e a resposta corporal é de afastamento e
bloqueio das vias que dão acesso ao corpo. A nível da expressão facial, as
sobrancelhas se unem e se abaixam, as pálpebras inferiores são tensionadas, o
nariz é franzido, o lábio superior é elevado, o canto dos lábios é puxado para
baixo, o queixo é elevado e, nas crianças, não é rara a exibição de língua. É
comum também o afastamento da cabeça por meio de recuos ou movimentos
de virar.

Comportamentos como vomitar, retirar-se/afastar-se, desumanizar


(tratar alguém como se ele não fosse um ser humano; privar alguém de
qualidades humanas, personalidade ou espírito) podem ser observados e
vivenciados durante a experiênciação da aversão.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Figura 12 - As faces da Aversão. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

Figura 13 - Aversão sinalizada. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)
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Surpresa

É a mais breve das emoções e ocorre quando algo inesperado – um evento


súbito – acontece (Ekman, 2003a). É considerada uma emoção neutra que,
geralmente, é acompanhada – na sequência imediata – por uma outra emoção
positiva ou negativa, isto é, após nos surpreendermos com alguma coisa
(reagindo frente a algo que não havia sido previsto), é comum julgarmos –
atribuirmos um valor – de forma positiva ou negativa ao que acabou de
acontecer (Ekman, 2003a; Freitas-Magalhães, 2011).

A nível da expressão facial, as sobrancelhas são elevadas (parte interna e


externa), a pálpebra superior é elevada e o queixo é relaxado.

“Embora a surpresa seja uma emoção, o espanto não é, mesmo que muitas
pessoas usem essa palavra para designar surpresa. Elas sequer se parecem. A
expressão de espanto é o oposto da de surpresa”[...]“O espanto difere da surpresa
de três outras maneiras. Primeiro, o timing do espanto é ainda mais limitado que
o da surpresa — a expressão é sempre evidente em um quarto de segundo e acaba
em meio segundo. É tão rápido que, se você piscar os olhos, não verá o espanto
da pessoa. O timing não é fixo em nenhuma emoção. Segundo, ao perceber que o
espanto logo virá por causa de um barulho muito alto, a magnitude da reação fica
reduzida, mas não inexistente. Você não consegue ficar surpreso sabendo o que
vai acontecer. Terceiro, ninguém é capaz de inibir a reação de espanto, mesmo
sendo avisado a respeito do momento exato em que o barulho ocorrerá. A maioria
das pessoas consegue inibir tudo, exceto os sinais sutis de uma emoção,
especialmente se foram prevenidas. O espanto é um reflexo físico, e não uma
emoção”.
(Ekman, 2003a, p. 163)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Figura 14 - A surpresa real. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

O segmento acima traz dois registros fotográficos sequenciais de uma


experienciação genuína de surpresa e foi obtido quando a modelo facial se
surpreendeu com um dos conteúdos explanados na sessão de gravação. De uma
imagem para outra, percebe-se que o movimento facial vertical é congruente
entre a face superior (sobrancelhas erguidas) e face superior (lábios separados
e queixo relaxado).

Para finalidades de reconhecimento da emoção verdadeira x emoção


falsa, vale comparar com a sequência da surpresa posada – quando a pessoa
tenta simular as Unidades de Ação faciais da expressão – mas uma série de
incongruências podem ser observadas. A curva, trajetória ou dinâmica da
emoção genuína é totalmente diferente daquela analisada durante uma emoção
posada/ falsa. (Ekman, 1985/2009).

O próximo segmento reúne imagens do onset (início) ao apex (ponto de


maior contração muscular na expressão) de uma expressão simulada da
surpresa.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Figura 15 - A dinâmica da emoção simulada. (Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo:
CICEM.)

Primeiro há elevação de pálpebra superior (alta intensidade), depois há


elevação de sobrancelha (intensidade média) e então, há o relaxamento do
queixo (intensidade alta). Tudo isso foi realizado de forma sequencial e muito
rápida, sendo que, a maioria das pessoas sem treino não conseguem reconhecer
e identificar esses movimentos no dia-a-dia, mas após treinamento, é possível
perceber e diferenciar a expressão da emoção verdadeira em comparação com
a da falsa, sobretudo, pois o exemplo acima ilustra a surpresa, mas a dinâmica
sequencial de movimentos é característica da falsidade na expressão, bem como
a incongruência dos movimentos à nível também da intensidade. Com base no
exemplo acima, se fosse uma surpresa real, todos os movimentos teriam o
mesmo onset e a elevação da pálpebra superior não seria tão intensa (Ekman,
1985/2009).

Figura 16 - Surpresa sinalizada. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Medo

Essa emoção diz respeito tanto à sensação de ansiedade quanto ao pânico


e o terror, sendo que a intensidade desses estados varia: podemos sentir uma
ansiedade leve ou forte, mas só podemos sentir um terror intenso. Todos os
estados de medo são desencadeados por sentir uma ameaça de dano (Ekman,
2003a).

A nível da duração, o medo é a emoção básica mais duradoura; ela faz


com que continuemos sentindo as alterações fisiológicas, decorrentes da
experienciação emocional, mesmo após a retirada do objeto desencadeante
(Ekman & Friesen, 2003).

Durante a prática com o ensino


das faculdades emocionais, pude
perceber a confusão que as pessoas
costumam fazer, nos primeiros contatos
com o tema, entre as expressões de Figura 17 - As sobrancelhas e a boca no medo e na
surpresa. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das
Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)
surpresa e medo. De fato, existem
semelhanças entre a face da surpresa e a face do medo, uma vez algumas
Unidades de Ação são partilhadas por elas de forma comum, como o elevar de
sobrancelhas e a separação dos lábios/relaxamento de queixo, todavia, no
medo, o elevar das sobrancelhas ocorre com aproximação e tensão, e os
movimentos da boca têm ações horizontais que esticam os lábios (a nível do
FACS – a ser esclarecido nos próximos capítulos – estamos falando da presença
da AU 4 + AU 20 na expressão de medo e de sua ausência na expressão de
surpresa) (Ekman, Friesen & Hager, 2002).
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

A nível da face, o medo eleva e aproxima as sobrancelhas, eleva a


pálpebra superior, pode tensionar a pálpebra inferior, estica – horizontalmente
– os lábios e pode ter também relaxamento de queixo, abertura de boca e/ou
tensão no pescoço (variações essas que guardam relação com a intensidade da
emoção sentida) (Ekman, 2003a; Ekman & Friesen, 2003).

Comportamentos como evitar (o objeto/estímulo), congelar/paralizar,


hesitar, ruminar/refletir, gritar, afastar-se/retirar-se e preocupar-se, podem ser
observados e vivenciados durante a experiênciação do medo (Ekman, 2003a).

Figura 18 - As faces do medo. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

“Uma ameaça imediata de dano concentra nossa atenção, mobilizando-nos para seu
enfrentamento. Se percebermos uma ameaça iminente, nossa preocupação sobre o
que pode acontecer pode nos proteger, prevenindo e nos deixando alerta. As
expressões faciais quando estamos preocupados com um dano iminente, ou
apavorados, se a ameaça é muito séria, notifica aos outros que a ameaça está à
espreita, e os previne ou convoca para ajudar a enfrentar o dano”.
Ekman, 2003a, p. 169
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Figura 19 - Medo sinalizado. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

Tristeza

O expectro da tristeza abange desde o desapontamento até o desespero.


A intensidade desses estados varia: podemos sentir um desapontamento leve
ou forte, mas só podemos sentir um desespero intenso. Todos os estados de
tristeza são desencadeados por um sentimento de perda.

Comportamentos como lamentar, protestar, buscar conforto,


ruminar/refletir, afastar-se/retirar-se e até o sentir-se envergonhado podem ser
observados e vivenciados durante a experiênciação da tristeza.

“Diversos tipos de perda podem ativar a tristeza: a rejeição de um amigo ou namorada;


a perda da autoestima pelo fracasso de objetivo no trabalho; a perda de admiração ou
elogio de um superior; a perda da saúde; a perda de alguma parte do corpo ou de
função devido a um acidente ou doença; e, para alguns, a perda de um objeto querido.
Há muitas palavras para descrever sentimentos tristes: atormentado, desapontado,
abatido, melancólico, deprimido, desencorajado, desesperado, enlutado, indefeso,
miserável e pesaroso”. Ekman, 2003a, p. 99
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

A nível da face, a parte interna das sobrancelhas é elevada, pode haver


aproximação das sobrancelhas, as pálpebras inferiores podem ser tensionadas
e as bochechas elevadas, pode haver acentuação da prega nasolabial, os cantos
dos lábios são deprimidos, o queixo é elevado, pode haver também olhar para
baixo e cabeça para baixo (variações essas que guardam relação com a
intensidade da emoção sentida) (Ekman, 2003a; Ekman & Friesen, 2003).

Lágrimas de Tristeza e de Alegria

As lágrimas também são fenômenos relacionado aos olhos e são poderosos


vestígios emocionais. Encontramos não só lágrimas de tristeza, mas também de
alegria, de bocejo e as chamadas "lágrimas de crocodilo", ou lágrimas falsas.

Em curso, é comum me perguntarem qual a diferença entre as lágrimas de


tristeza e as lágrimas de alegria. Quando estudamos o FACS e o EMFACS é fácil de
compreender. Por meio do estudo científico da expressão facial da emoção passamos
a conhecer não só as unidades de ação, marcadores faciais e alterações de aparência
específicas, como também os músculos faciais correspondentes a esses
comportamentos. Desta forma, encontramos a Action Unit 6 (AU 6) - movimento de
elevar as bochechas e correspondente ao músculo que circunda os olhos orbicularis
oculii (ver figura 8) - comum à experienciação da alegria e da tristeza mais intensa. E
é justamente a contratação deste músculo que pressiona o saco lacrimal, produzindo
as lágrimas, sejam de tristeza ou de alegria. Quando a alegria inclui não apenas
sorrisos, mas também risos, o aparecimento das lágrimas é mais comum. E quando
bocejamos e pressionamos o músculo orbicularis oculii, produzimos as lágrimas de
bocejo, sem valor emocional, a nível das emoções básicas, mas que pode ser um
vestígio do estado interno sonolento, cansado ou tedioso, por exemplo, ou até
indicador de um comportamento pacificador.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Figura 20 - As faces da tristeza. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

Figura 21 - Tristeza sinalizada. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

Desprezo

O desprezo é a emoção mais recente adicionada à lista das 7 emoções


básicas (Ekman & Heider, 1988; Ferreira, 2016) e é desenvolvida entre os 4 e 8
anos de vida do indivíduo (Freitas-Magalhães, 2011). Sobre essa emoção, é
comum, pelo menos inicialmente, ocorrerem algumas confusões para com a
emoção aversão, todavia, vale dizer que, durante a aversão o objeto é percebido
como tóxico, portanto, busca-se o afastamento na relação para com esse (por
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

ter características repulsivas), já durante o desprezo, o objeto é visto como


inferior e, consecutivamente, não ameaça e não requer afastamento (por se
encontrar em um nível abaixo).

Quem sente desprezo se sente superior a algo ou alguém (Ekman, 2003a).


Ao escrever isso, lembro-me de um exemplo dado pela Professora Doutora
Daniela Alves durante o 1º curso de FACS da América Latina, onde ela
diferenciou os objetos que causam aversão e desprezo dizendo que “posso ter
aversão de uma batata, mas não posso ter desprezo de uma batata”. Isso ocorre,
pois o desprezo diz respeito às pessoas e suas ações, enquanto a aversão diz
respeito à gostos, cheiros, sons, visões, ações, ideias, aparências físicas e outros
fenômenos (Ekman & Friesen, 2003).

“O desprezo, como todas as outras emoções, pode variar em força ou intensidade,


assim como a aversão. Suspeito que o resultado final seja muito mais estendido em
aversão que em desprezo, isto é, o desprezo máximo não chega perto da aversão
máxima, em sua força” [...] “O desprezo pode ser freqüentemente acompanhado pela
raiva, uma forma branda de raiva, como o aborrecimento. A raiva também pode
alternar com a aversão, se a pessoa enojada sentir raiva por algo tê-la feito se sentir
assim”.
Ekman, 2003a, pp. 192-193

A nível da face, as expressões unilaterais e assimétricas estão diretamente


ligadas com o desprezo, uma vez que essa emoção é a única das emoções
básicas que, geralmente, se manifesta de apenas um dos lados da face – com
exceção dessa, todas as outras expressões faciais da emoção espontânea são
simétricas (alegria, raiva, aversão, surpresa, medo e tristeza). Observamos o
desprezo acontecendo com sorrisos unilaterais ou elevações de lábio que
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

ocorrem em apenas um lado da boca, sendo que não é raro observar


movimentos de cabeça (como inclinações ou virar para o lado) e de olhos (como
olhar para o lado ou revirar os olhos), observa-se também o relaxamento da
pálpebra e; quando o desprezo é simétrico na face, geralmente é exibido pela
ação simétrica da Unidade de Ação
que conhecemos como “fazedor de
covinhas” (dimpler), que é uma
alteração de aparência decorrente
da contração do músculo
bucinador (AU 14).

Figura 22 - As faces do desprezo. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)

Figura 23 - Desprezo sinalizado. (imagem: Ferreira, C. (2017/2018). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Referências e complementos de estudo

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Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

CAPÍTULO 2 – O QUE É FACS

O Facial Action Coding System (FACS) é um método de mensuração das


ações/movimentos faciais em seres humanos. Ele foi publicado por Paul Ekman
e Wallace Friesen em 1978 e revisado por Ekman, Friesen e Joseph Hager em
2002. Essa ferramenta permite medir as ações faciais e pontuar suas Unidades
de Ação (AUs) – bem como outros códigos –, intensidades, assimetrias ou
unilateralidades e durações correspondentes a qualquer movimento executado
por uma face humana.

O código FACS é composto, principalmente, por Action Units (AUs), Action


Descriptors (ADs) e Moviments (Ms) – há também os códigos de visibilidade e
códigos de comportamento grosseiro. As AUs correspondem a um ou a um
conjunto de músculos da anatomia facial, e seu domínio possibilita, por
exemplo, a identificação de emoções básicas e outros estados afetivos; a leitura
de incongruências emocionais (mentiras) – durante uma conversa ou diálogo; a
avaliação de uma face de dor real e falsa (ou fingida); a compreensão do efeito
terapêutico ou persuasivo, dependendo do tipo de sorriso aplicado em uma
situação específica; a identificação e o reconhecimento de microexpressões,
macroexpressões, expressões sutis e muito mais. É importante dizer que, de
acordo com os próprios criadores deste código, uma formação mínima
adequada em Facial Action Coding System tem de ter 100 horas e pode ser
realizada de forma auto instrutiva ou por meio de grupos de estudo (Ekman,
Friesen & Hager, 2002).

A análise da face humana, por meio do FACS, se dá com pontuações sobre


os movimentos observados nas chamadas upper face (ou face superior) e lower
face (face inferior: dividida em movimentos verticais; horizontais; oblíquos e
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orbitais), onde a ação facial é mensurada e codificada no alfabeto FACS – o que


possibilita entendimento universal para os estudiosos dessa ferramenta (quem
fala essa linguagem).

No manual original do FACS (dividido em FACS: Manual e FACS:


Investigator’s Guide) são encontradas ilustrações e descrições sobre as áreas
faciais, sobre os marcadores que ajudam a entender o movimento
(formação/acentuação de rugas e sulcos, por exemplo) bem como sobre a
anatomia da face correspondente às AUs, os critérios de pontuação da
assimetria, da unilateralidade, da duração, da intensidade dos movimentos,
ações alternativas (excludentes), códigos de anotação e uma série de outros
detalhes. As sinalizações e descrições sobre áreas faciais auxilia no processo de
aprendizagem, uma vez que as AUs e outros códigos correspondem a alterações
específicas de aparência em regiões da face e não é raro, durante os cursos e
supervisões, por exemplo, falarmos sobre a marca pronunciada na região da
glabela (relacionada a AU 4) ou sobre o separar do filtro (relacionada a AU 11).

Figura 24 - Identificação das áreas faciais. (imagem: Ferreira, C. (2017b). Base de Dados O Código FACS (CFACS). São Paulo:
CICEM.)

A tabela a seguir apresenta os principais códigos do FACS:


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Tabela 4 - Pontuação elementar do FACS. Ferreira (2017b) com base em de Ekman, Friesen & Hager (2002).
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Figura 25 - Identificação dos músculos da expressão facial. (imagem: Ferreira, C. (2017c). Músculos Indicados & Action Units
(MIAU). São Paulo: CICEM.)

Figura 26 - Identificação dos músculos da expressão facial e das AUs nucleares do FACS. (imagem: Ferreira, C. (2017c).
Músculos Indicados & Action Units (MIAU). São Paulo: CICEM.)
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Um dos elementos de peso que contribuem para o rigor da análise feita


por meio do FACS é a base anatômica envolvida no código. Vale dizer que houve
um “pré-FACS” chamado FAST (Facial Affect Scoring Technique) (Ekman, Friesen
& Tomkins, 1971) e que não se afirmou como uma boa ferramenta de análise
facial, justamente por não guardar relação com os músculos da face (o próximo
capítulo traz um tabela que apresenta as principais AUs, seus nomes, suas
correlações musculares e exemplos com fotos).

Quando falamos de mensuração da expressão facial, é necessário ter em


vista que uma expressão pode ser simétrica (quando o lado direito e o lado
esquerdo do rosto apresentam as mesmas contrações e intensidades
musculares); assimétrica (quando há diferença entre a intensidade muscular de
um lado para com o outro); unilateral (quando o movimento ocorre em apenas
um lado da face). Quando a ação é simétrica, marca-se apenas o código seguido
de sua intensidade; quando a ação é assimétrica, são utilizados os prefixos V, W,
X, Y e Z (quando o lado esquerdo é mais pronunciado) e G, H, I, J, K (quando o
lado direito é mais pronunciado); quando ação é unilateral, utilizam-se os
prefixos L (para lado esquerdo) e R (para lado direito). Há também pontuação
de assimetria para ações labiais, onde o T diz respeito ao lábio superior e o B ao
lábio inferior.

A ação facial também á analisada a nível de duração, sendo que o FACS


discrimina 3 momentos: onset (início), apex (momento de maior contração
muscular) e offset (término). A pontuação da intensidade acontece em 5 níveis
e é anotada em frente ao código pontuado.
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Figura 27 - A intensidade para o FACS. (imagem: Ferreira, C. (2017b). Base de Dados O Código FACS (CFACS). São Paulo:
CICEM.)

Figura 28 - Exemplo de AU1E + AU2E + AU5B. (imagem: Ferreira, C. (2017b). Base de Dados O Código FACS (CFACS). São
Paulo: CICEM.)

O CICEM desenvolveu uma base de dados brasileira de revisão do Facial


Action Coding System (FACS) com utilização de filmagem em Full HD. Este
material reúne segmentos de imagens e vídeos que apresentam, de forma
isolada e combinada, as AUs, ADs e Ms do FACS em modelo humano e são
utilizados em nossos cursos e investigações.

Figura 29 - Exemplos de segmentos do CFACS. (imagem: Ferreira, C. (2017b). Base de Dados O Código FACS (CFACS). São
Paulo: CICEM.)

Para finalidades de divulgação do método e apresentação de material de


apoio para qualquer interessado, o CICEM criou a primeira base de dados
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pública sobre FACS, onde utilizou-se um smartphone Asus Zenfone 2, com


sistema operacional Android; acesso à internet; e os aplicativos Boomerang e
Instagram. Foram filmadas, com a câmera frontal do smartphone, todas as AUs,
ADs e Ms do código FACS em modelo humano masculino e editadas no
Boomerang, para criar animações em looping infinito com os respectivos
movimentos e expressões faciais. Depois de editados, começaram a ser
publicados, por meio do Instagram, no perfil do CICEM – Centro de Investigação
do Comportamento das Emoções (@cicem_oficial) (Ferreira, 2017a)

Referências e complementos de estudo

Ekman, P., Friesen. W. V., & Tomkins, S. S. (1971). Facial affect scoring technique:
a first validity study. Semiotica, 3, 37-58. Retirado de
https://www.paulekman.com/wp-content/uploads/2013/07/Facial-Affect-
Scoring-Technique-A-First-Validity-Study.pdf

Ekman, P.; Friesen, W. V.; & Hager, J. C. (2002). The Facial Action Coding System.
(2nd ed.) Salt Lake City, UT: research Nexus ebook.

Ferreira, C. (2017a). Boomerang FACS code database: estudo de validação da


base de dados. São Paulo: CICEM. (Disponível em:
http://cicem.com.br/pesquisa/boomerang-facs-code-database-estudo-de-
validacao-da-base-de-dados/)

Ferreira, C. (2017b). Base de Dados O Código FACS (CFACS). São Paulo: CICEM.

Ferreira, C. (2017c). Músculos Indicados & Action Units (MIAU). São Paulo:
CICEM.
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3 – SOBRE AS UNIDADES DE AÇÃO FACIAIS (AUS)

As Unidades de Ação ou Action Units (AUs) são uma parte fundamental


do código de mensuração FACS e são caracterizadas por corresponderem a um
ou a um conjunto de músculos referentes à expressão facial (em comparação,
os ADs e Ms não possuem correlação muscular sinalizada pelo FACS).

No FACS, falamos de 44 AUs onde, por exemplo, a AU1 é a elevação da


parte interna da sobrancelha e tem como músculo envolvido, o frontalis pars
medialis. A AU2 é a elevação da parte externa da sobrancelha e tem o frontalis
part lateralis como músculo envolvido. Já a AU4, refere-se ao abaixar e/ou
aproximar das sobrancelhas e tem os músculos corrugator supercilii, depressor
supercilii e prócero como correspondentes.

Utilizar a base da anatomia para a análise da expressão facial permite


analisar o movimento de um músculo acionado em uma determinada
expressão, o que implica em uma segurança maior e rigor científico, que não é
possível quando o foco da observação é apenas a mudança de aparência, como
característica de uma mesma expressão facial.

É importante frisar isto, pois algumas literaturas afirmam, por exemplo,


que o sorriso verdadeiro é aquele que produz “pés de galinha” ou rugas na
região dos olhos, e com isso, acaba por causar compreensões errôneas.
Dependendo do rosto em questão, um sorriso bem falso irá provocar também
“pés de galinha”, e não é por isso que deverá ser entendido enquanto
verdadeiro. Hoje sabemos que o sorriso verdadeiro é o sorriso que guarda
correspondência com a emoção básica alegria e possui ações musculares
específicas, que podem ser mensuradas e avaliadas pelo FACS – os pés de
galinha que buscamos são referentes à contração do músculo orbicularis oculii.
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Código Identificação Músculos Faciais Exemplo


AU0 Face Neutra (Baseline) -

AU1 Elevar a Parte Interna Frontalis, pars medialis


das Sobrancelhas

(Inner Brow Raiser)

AU2 Elevar a Parte Externa Frontalis, pars lateralis


das Sobrancelhas

(Outer Brow Raiser)

AU4 Aproximar as Depressor glabellae


Sobrancelhas (Procerus), Corrugator
supercilii, Depressor
(Brow Lowerer) supercilii

AU5 Levantar as Pálpebras Levator


Superiores palpebrae superioris

(Upper Lid Raiser)

AU6 Levantar as Orbicularis oculii, pars


Bochechas orbitalis

(Cheek Raiser)

AU7 Tensionar as Orbicularis oculii, pars


Pálpebras palpebralis

(Lid Tightener)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

AU9 Franzir o Nariz Levator labii


superioris alaequae nasi

(Nose Wrinkler)

AU10 Elevar o Lábio Levator labii superioris


Superior

(Upper Lip Raiser)

AU11 Acentuar a Prega Zygomaticus minor


Nasolabial

(Nasolabial
Deepener)

AU12 Puxar o Canto dos Zygomaticus major


Lábios Para Trás e
Para Cima

(Lip Corner Puller)

AU13 Levantar o Ângulo da Levator anguli oris


Boca e (Caninus)

Acentuar as
Bochechas
(Cheek Puffer)

AU14 Fazer Covinhas Buccinator

(Dimpler)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

AU15 Deprimir o Canto dos Depressor anguli


Lábios oris (Triangularis)

(Lip Corner
Depressor)

AU16 Deprimir o Lábio Depressor labii inferioris


Inferior

(Lower Lip Depressor)

AU17 Elevar o Queixo Mentalis

(Chin Raiser)

AU18 Enrugar os Lábios Incisivii labii superioris e


Incisivii labii inferioris
(Lip Pucker)

AU20 Esticar os Lábios Risorius/Platysma

(Lip Stretcher)

AU21 Tensionar o Pescoço Platysma

(Neck Tightener)
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AU22 Afunilar os Lábios Orbicularis oris

(Lip Funneler)

AU23 Tensionar os Lábios Orbicularis oris

(Lip Tightener)

AU24 Pressionar os Lábios Orbicularis oris

(Lip Pressor)

AU25 Separar os Lábios Depressor labii inferioris ou


Mentalis (relaxamento), ou
(Lips Part) Orbicularis oris

AU26 Cair o Queixo Masseter, Temporalis


(relaxamento) e
(Jaw Drop) Pterygoideus

AU27 Abrir a Boca Pterygoideus, Digastricus

(Mouth Stretch)

AU28 Sugar os Lábios Orbicularis oris

(Lip Suck)

AU43 Fechar as Pálpebras Levator palpebrae


superioris (relaxamento);
(Eyes Closed) Orbicularis oculii, pars
palpebralis

Tabela 5 - Identificação e descrição das AUs nucleares do FACS. (Ferreira, 2017)


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O código da emoção - EMFACS

O EMFACS é um recurso econômico (não emprega todos os códigos do


FACS) utilizado para identificar a expressão facial da emoção. Por exemplo, o
principal código da alegria é AU 6 + AU 12 + AU 25.

Emoções básicas AUs associadas Quantidade


Alegria 12C/D 1
(Joy) 6+12* 2
6+12+25 3

Aversão 9 1
(Disgust) 9+16+15, 26 4
9+17 2
10* 1
10*+16+25, 26 4
10+17 2

Raiva 4+5*+7+10*+22+23+25, 26 8
(Anger) 4+5*+7+10*+23+25, 26 7
4+5*+7+23+25, 26 6
4+5*+7+17+23, 24 6
4+5*+7+23, 24 5

Desprezo 2+(L/R)10+41 3
(Contempt) (L/R)10+41+61 ou 62 3
(L/R)12 1
(L/R/Bi)14+53 2

Medo 1+2+4+5*+25, 26 ou 27 6
(Fear) 1+2+4+5*+20*+25, 26 ou 27 7

Surpresa 1+2+5B+26 4
(Surprise) 1+2+5B+27 4

Tristeza 1+4+15B +/-54+64 3 (5)


(Sadness) 1+4+15B+17 +/-54+64 4 (6)
1+4+11 +/-54+64 3 (7)
1+4+11+15B +/-54+64 4 (8)
1+4+15* +/-54+64 3 (7)
6+15* +/-54+64 2 (4)
11+15B +/-54+64 2 (4)
11+17 2

Tabela 6 - Emoções Básicas e Action Units (AUs). Fonte: Ferreira, C. (2017) baseado em Ekman, Friesen & Hager (2002)

* indica que nessa combinação, a respectiva AU pode ter qualquer intensidade.


Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

Referências e complementos de estudo

Ekman, P. (2003). A linguagem das emoções: revolucionando sua comunicação


e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor.
São Paulo: Lua de Papel.

Ekman, P. & Rosenberg, E. L. (Eds.). (2005). What the face reveals: basic and
applied studies of spontaneous expression using the facial action coding system
(FACS) (2nd ed.) New York: Oxford University Press.

Ekman, P.; Friesen, W. V.; & Hager, J. C. (2002). The Facial Action Coding System.
(2nd ed.) Salt Lake City, UT: research Nexus ebook.

Ferreira, C. (2017). Base de Dados O Código FACS (CFACS). São Paulo: CICEM.

Ferreira, C. (2018). CICEM MacroEFE: Faces Humanas (CICEM MacroEFE-FH). São


Paulo: CICEM. (Disponível em http://cicem-macroefe-fh.cicem.com.br/)

Freitas-Magalhães, A. (2011). O código de Ekman: o cérebro, a face e a emoção.


Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa.

Lucey, P., Cohn, J. F., Kanade, T., Saragih, J., Ambadar, Z., & Matthews, I. (2010).
The Extended Cohn-Kande Dataset (CK+): A complete facial expression dataset
for action unit and emotion-specified expression. Paper presented at the Third
IEEE Workshop on CVPR for Human Communicative Behavior Analysis (CVPR4HB
2010)
Escritos Sobre a Mensuração Científica da Face Humana – Vol. 1: O Guia do Emocionauta

DO AUTOR

Caio Ferreira é psicólogo pesquisador especializado na comunicação não-


verbal – com ênfase no FACS. É Sócio-Fundador da Sociedade dos Psicólogos,
fundador e atual diretor do CICEM - Centro de Investigação do Comportamento
das Emoções.

Atualmente vem desenvolvendo uma série de pesquisas, bases de dados,


plataformas didáticas e eventos para divulgação do comportamento emocional.

Contato: cferreira@cicem.com.br / contato@cicem.com.br

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