O documento discute técnicas para falar em público de forma convincente, incluindo a diferença entre oratória, retórica e dialética, os canais de percepção humana, e a "técnica dos pés à cabeça" para expressão corporal eficaz ao falar.
O documento discute técnicas para falar em público de forma convincente, incluindo a diferença entre oratória, retórica e dialética, os canais de percepção humana, e a "técnica dos pés à cabeça" para expressão corporal eficaz ao falar.
O documento discute técnicas para falar em público de forma convincente, incluindo a diferença entre oratória, retórica e dialética, os canais de percepção humana, e a "técnica dos pés à cabeça" para expressão corporal eficaz ao falar.
Mauro Alessi (jornalista, radialista e pesquisador em memria e oratria)
Edio, retextualizao e reviso textual: Bernardo Maito
OBJETIVOS Este curso tem como finalidade apresentar os aspectos bsicos para se falar em pblico e convencer, explicando o funcionamento de diversos mecanismos que podem trazer resultados positivos para o discurso do palestrante, fazendo que as demais pessoas que o esto escutando acreditem no que ele est falando e faam o que eventualmente ele queira que elas faam. Para tanto, o jornalista e radialista Mauro Alessi vai ministrar de maneira bem prtica diversos temas que esto direta ou indiretamente relacionamos com esse assunto. A princpio Alessi fala a respeito da diferena entre oratria, retrica e dialtica, logo seguido de uma breve explicao dos tipos de comunicao existentes. Aps isso, so destacados os trs canais de percepo que compe o sistema sensorial humano, para mostrar como os sentidos influem na comunicao. Num momento posterior Mauro Alessi apresenta uma tcnica com o nome tcnica dos ps a cabea. Esta tcnica visa esclarecer como todo o corpo de um palestrante deve portar- se durante uma apresentao para que obtenha xito em seu discurso e seja convincente com o corpo, ou seja, como devem ser realizados os gestos, postura, expresso facial e oral, etc. Alm desses tpicos est includa a explicao de como falar utilizando o microfone e tambm como estruturar a fala. Na parte final da aula sero analisadas as razes do medo e apresentadas algumas estratgias que visam control-lo.
3 Oratria, Retrica e Dialtica Esses conceitos foram criados na Grcia Antiga por filsofos antigos, dentre eles Scrates e Plato, que visavam desenvolver a habilidade de argumentao, tanto para a finalidade de convencer ou influenciar atravs do discurso, quanto auxiliar na construo do conhecimento. Retrica: foi um conceito originado na Grcia Antiga e est ligada a utilizao da linguagem para persuadir ou influenciar pessoas, ou seja, a argumentao usada para envolver as pessoas, fazendo com que elas pensem e/ou faam o que o palestrante deseja. Oratria: tratando-se da prpria arte de falar em pblico, est ligada ao gesto, postura, entonao de voz e a forma que voc interpreta um dado texto a um grupo de pessoas. Dialtica: diz respeito a um mtodo de dilogo que ope ideias, pensamentos ou fatos, visando esclarecer as suas contradies. Est ligada prtica do dilogo e discusso.
Os Tipos de Comunicao Comunicao verbal: a comunicao consciente, e que tem a funo de expressar determinada ideia ou conceito por meio da lngua.
Comunicao no-verbal: Pode ser compreendida como comunicao inconsciente, pois no possvel ter um controle direto sobre ela. Em vrios momentos essa expresso se d por meio de sinais e expresses emitidos pelo corpo involuntariamente, fazendo com que seja mais decisiva do que a verbal. interessante ressaltar que quanto se busca desenvolver a habilidade em utilizar esses tipos de comunicao ao mesmo tempo, mais possvel estar em sintonia com as pessoas com quem o palestrante est em contato e ter mais preciso e clareza em discurso, atingindo com mais facilidade os objetivos traados.
4 Os Canais de Percepo Entende-se que o corpo humano provido de um Sistema Sensorial que constitudo de nervos, feixes de axnios ou fibras nervosas, que esto espalhados desde a cabea at os dedos dos ps. Esse sistema um dos aspectos que esto relacionados produo do pensamento, que viabiliza a construo de conhecimentos e aprendizados atravs do contato com a realidade. Abaixo seguem os Cinco Canais de Percepo: Canal Visual: representado pelos olhos e capta imagens, cores, formas e dimenses, possibilitando perceber e distinguir lugares, rostos de pessoas e imagens em geral.
Canal Auditivo: funciona por intermdio dos ouvidos, permitindo a captao de diversos sons e barulhos, como msicas, a fala das pessoas, sons de animais e o rangido de uma porta.
Canal ttil: permite identificar a textura, temperatura e presso de diferentes objetos e substncias qumicas.
Canal Gustativo: possibilita a percepo e distino das sensaes de doce, salgado, azedo e amargo atravs das papilas gustativas.
Canal Olfativo: captando minsculas partculas que saem de alimentos, lquidos e substncias em geral, o nariz pode verificar uma srie de aromas.
Cada um de ns recebe informaes de maneira diferente; h pessoas que so mais visuais e atentam mais para as imagens e cores; outras so mais auditivas, tendo como maior referencial os sons em geral; e outras mais sinestsicas, que correspondem s pessoas que tem a inclinao para captar diversas sensaes diferentes simultaneamente.
5 Pelas razes apresentadas acima, no aconselhvel ao palestrante ter a mesma comunicao para diferentes pessoas, privilegiando apenas um canal de percepo. Usando todos os canais simultaneamente tem-se uma argumentao mais abrangente e efetiva.
As formas de Expresso Ainda que todos os canais de percepo citados no captulo anterior tenham sua importncia, a expresso corporal em vrias ocasies pode informar e comunicar mais do que as outras formas de expresso citadas no captulo anterior. Abaixo esto alguns dados de um estudo realizado na Universidade da Califrnia, que visava ressaltar a percentagem que representam os tipos de comunicaes expressas por nosso corpo: 38% correspondem voz; 07% s palavras; 54% expresso corporal; O estudo mostra que a expresso corporal tem um grau de importncia elevadssimo em se tratando de comunicao. necessrio colocar nfase e convico nos gestos, postura e expresso facial para que isso, somado ao contedo da argumentao, possa permitir ao orador cumprir com seus objetivos. Quando o palestrante no acredita no contedo do que fala e/ou no passa segurana com o que est comunicando, tem o seu discurso facilmente descreditado. Colocar sentimento e emoo ao informar e ensinar faz com que a fala torne-se mais clara, precisa e eficaz. Utilizando Exemplos Reais e Imaginrios Quando o palestrante no consegue instigar ou motivar o pblico a transformar o seu discurso em pensamento, fica fcil a disperso. Para que a fala seja envolvente e
6 instigadora interessante que ele faa as pessoas pensarem ou imaginarem o que est falando.
Tcnica dos Ps Cabea Desenvolvida por Mauro Alessi, a tcnica dos ps a cabea visa apontar as diversas subcategorias que so originadas da expresso corporal. Abaixo possvel encontrar seis tpicos que envolvem cada parte do corpo, que influenciam e so relevantes para a comunicao:
Os ps/pernas: representam essencialmente nossa postura ou estrutura. Se o orador estiver posicionado de uma forma inadequada, pode perder toda a sua informao corporal, transparecendo a imagem de pessoa desleixada, indiferente e amadora. Em contrapartida a posio mais adequada para o contexto fala de uma palestra, apresentao ou discurso a posio do soldado vontade: as pernas devem estar nem muito abertas, nem muito fechadas e o corpo ereto, mas sem estar tencionado. A movimentao importante para no cansar os ouvintes, no entanto deve ser planejada para no cansar.
Bolsos: ao colocar as mos nos bolsos, o orador transparece em certo grau a sensao de insegurana e/ ou medo. Alm disso, os bolsos devem permanecer vazios para que no haja motivo de distrao das pessoas, como o barulho de moedas ou objetos grandes que faam volume, como carteiras e celulares. Vale notar que, colocar as mos nos bolsos pode at ser charmoso, no entanto, no envolvente em termos de comunicao.
Braos: o que fazer com os braos? Os gestos so fundamentais, pois podem envolver muito mais as pessoas e transmitir muitas informaes, em especial quando so intensos. E assim como a comunicao, os gestos devem se dar de
7 maneira natural. Quando for gesticular o palestrante deve mobilizar seus braos e mos da linha da sua cintura at o limite da sua cabea, lembrando que a agilidade ou lentido nos movimentos esto relacionadas personalidade de cada pessoa. J os gestos repetitivos como, rodar anis, bater uma mo na outra e etc., devem ser evitados j que podem cansar ou causar a distrao da plateia.
Boca: comum as pessoas falarem em pblico e no serem escutadas e, por isso, necessrio buscar forma de falar que permita uma audio com clareza e qualidade. Nessa circunstncia, o orador deve ter e mente que at mesmo a pessoa que esta mais distante de si precisa escut-lo.
Dico: diz respeito ao modo como so pronunciadas e articuladas as palavras de uma lngua. Quando o palestrante corta letras e/ ou tem dificuldade em pronunciar palavras, em caso de sentir necessidade, deve procurar um fonoaudilogo e no sentir vergonha ou receio de falar.
Inflexo: vcios de linguagem (a, ento, , tipo assim) em geral incomodam as pessoas, principalmente as auditivas. Para que estes vcios sejam eliminados necessrio atentar para 3 fases: fase da identificao (gravar a fala ), de conscientizao (perceber o que voc est falando), e de eliminao (o momento de excluir as expresses indesejadas do discurso).
Olhos: um dos pontos mais importantes, pois, se voc no olha para a plateia est excludo da comunicao, j que se as pessoas sentem-se deslocadas e, dessa forma, tendem a no dar importncia ou ateno ao palestrante. Portanto, o orador tem de passar a sensao de que as pessoas esto sendo olhadas o mximo de tempo possvel, devendo usar de movimentos mais rpidos conforme o seu pblico seja mais numeroso.
Postura: se subdivide em duas modalidades (postura de p ou sentada), tendo ambas suas particularidades. Segundo Mauro Alessi, quando voc fala de p, convence muito mais as pessoas do que quando voc est sentado.. Isso porque
8 as pessoas que assistem ao palestrante normalmente esto posicionadas abaixo da linha deste, permitindo ao orador administrar certo poder perante o pblico. No entanto, sabe-se que existem excees quanto a ficar de p; em uma reunio, por exemplo, mais adequado o orador estar sentado. Quando se est sentado interessante estar vontade, mas sem ficar muito relaxado, para que no seja passada uma imagem de uma pessoa desleixada. Ficar em coluna reta, cruzando ou no as pernas e evitar colocar as mos de baixo da mesa so atitudes que contribuem para uma postura segura e profissional.
Como Falar ao Microfone necessrio frisar que a depender da posio do microfone em relao ao palestrante o contexto pode passar de mais formal para menos formal, por exemplo: quando utilizamos o microfone em um pedestal, a situao, via de regra, deve apresentar mais formalidade. No entanto, quando o orador segura o microfone em suas mos passa uma ideia de mais informalidade. Procedimentos ao se falar por intermdio do microfone O microfone deve estar na altura do queixo, em uma distncia de mais ou menos 10 cm da boca, para que o som no fique em uma intensidade muito alta ou que as consoantes oclusivas (p, b, t) possam causar rudo incomodando as pessoas.
Afastar-se demais do microfone tambm podem trazer alguns prejuzos para a compreenso do discurso; a voz fica baixa e o corpo longe. de fundamental importncia que o eixo do microfone seja mantido, e que sejam evitados movimentos bruscos com a boca.
O uso do microfone em situao mais informal O microfone deve estar na altura do queixo, a uma distncia de 10 cm, e no deve ser segurado com muita fora ou com delicadeza exagerada, mas sim de forma firme e natural.
Evitar segurar o microfone em frente ao rosto para no apagar a expresso facial, ou tambm segurar o fio do microfone (quando houver) junto mo em que esse
9 est. Apenas deve-se segurar o cabo quando for necessrio se movimentar, evitando tropeos e quedas.
Como Estruturar a Fala
O que, como e para quem falar Um aspecto tambm muito importante para uma apresentao oral, seja esta para diversas finalidades e pblicos, definir um contedo, ou seja, delimitar ou especificar algum tema ou assunto para que a fala no seja abrangente em demasia e acabe se tornando superficial. Outra estratgia eficaz e facilitadora a sintetizao de contedos em tpicos ou frases curtas; ter apenas palavras-chave ou frases que sirvam para lembrar algum conceito ou ideia mais complexa. Quando h muito texto escrito em apresentao falada, esta pode facilmente tornar-se mecnica e dificultar o entendimento dos expectadores.
Organizao do IAC (Introduo Argumentao Concluso) A comunicao se d de maneira mais clara quando existe incio, meio e fim: A Introduo um dos momentos mais importantes ao se utilizar os gneros orais para ensinar ou explicar diversos temas e assuntos. Alm de passar ao pblico uma ideia do que vai ser abordado na fala, fazendo as pessoas entrarem em sintonia com o contedo e prestarem ateno, essa etapa pode servir para que o palestrante afaste a ansiedade e nervosismo iniciais para que o seu discurso flua bem e os objetivos sejam cumpridos com xito. A introduo no deve ultrapassar de 2 ou 3 minutos. Em se tratando da Argumentao, esta deve representar 90 % do tempo do seu discurso, pois corresponde ao momento de exposio e explanao do contedo. Nessa etapa, o palestrante deve evitar decorar falas ou, em caso de haver uma apresentao com uso de lngua escrita, deve-se evitar a exposio de muito texto, para que a fala no seja mecnica e/ ou cansativa aos expectadores.
10 J a Concluso visa deixar claro o objetivo da apresentao e do contedo desta, resumindo os argumentos e perspectivas em relao ao assunto. Serve tambm para dar s pessoas a ideia que o orador encerrou a sua fala, devendo vir acompanhada de uma expresso de cortesia, como Muito obrigado ou Boa noite.
Conscincia e Controle do Medo Aprenda como ele acontece (medo), para que seja possvel controlar o medo e ser mais natural, pois, mesmo dominando vrias tcnicas de oratria, uma pessoa com medo pode ter um desempenho insatisfatrio. parnteses meu (Mauro Alessi, 2011).
O medo uma sensao oriunda dos primrdios da existncia humana na terra. No perodo em que possivelmente os homens habitavam as cavernas, quando estes se encontravam diante de uma situao de perigo, tinham de escolher entre matar ou correr. Sendo assim, desde essa poca, as glndulas suprarrenais de nosso corpo passaram a produzir a adrenalina, a fim de preparar o indivduo para ter mais fora e agilidade, para que no fosse ferido ou morto. Dessa forma, mesmo o mundo tendo se transformado tanto, as pessoas ainda correm determinados riscos, e acabam por sentir medo em algumas situaes. E, sentindo medo, a pessoa fica plida, pois a circulao concentra-se nos rgos vitais (internos) e a musculatura fica enrijecida pra que a pessoa tenha mais fora. Quando isso acontece, a adrenalina aumenta e a pessoa que est falando em pblico pode experimentar a sensao de paralisao, e como h uma desorganizao orgnica ela tambm pode sofrer de outros sintomas como sudorese, taquicardia, hesitao, bem como gaguejar. de fundamental importncia que todos entendam que silenciar os sintomas do medo e ansiedade com medicamentos e com estratgias pessoais no o bastante para que o indivduo aprenda a controlar os sintomas e at mesmo chegar compreenso de suas razes. Para tanto, as pessoas devem procuram auxlio profissional, seja de psiclogos, psicanalistas e outros profissionais ligados psicologia ou medicina para que a cada dia
11 mais possam combater os sintomas do medo, conscientizando-se de si mesmas, a fim de conhecer e controlar as causas do medo. Mesmo assim, sempre vlido que as pessoas prestem cada vez mais ateno aos seus pensamentos e aes, j que a autoconscincia um passo fundamental para que seja possvel a elas analisar seus comportamentos, emoes e sensaes e, posteriormente, control-los de maneira mais sensvel. A seguir seguem listadas algumas das causas do medo:
No ter prtica de falar em pblico Segundo Aristteles a excelncia fruto da repetio, ou seja, para que seja possvel tornar-se um bom orador preciso aprimorar constantemente a habilidade em falar em pblico. Portanto, interessante a um palestrante, quando tiver uma chance para falar, se oferecer, desde que respeitosamente e coerentemente, para expressar sua posio ou pensamento para determinado assunto. Despreparo No conhecer o assunto, pode gerar medo e nervosismo e outros sintomas indesejveis. Por isso, quando o palestrante se encontrar em uma situao de apresentao ou exposio de determinado assunto ou tema deve ter uma reserva de conhecimento. Programao mental negativa Os pensamentos negativos e depreciativos podem prejudicar em larga escala uma apresentao ou semelhante, pois eles manifestam-se no apenas em nvel psicolgico, mas tambm no emocional das pessoas, podendo ocasionar uma srie de desdobramentos, incluindo os sintomas de ansiedade e nervosismo. Por essas razes, procure pensar positivamente, pois os pensamentos positivos tambm podem se disseminar pela mente e corpo, influindo diretamente e na comunicao das pessoas que os criam, podem trazer benefcios inimaginveis para nossa sade e bem estar.