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A)Quatro a seis

TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho


de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de
cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma
entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior.

O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co-
nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na
sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos
científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade,
transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publi-
cações e/ou outras normas de comunicação.

Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura,


de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir
uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, ex-
celência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar
o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de quali-
dade.

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Sumário

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

1. TRANSTORNO MENTAL ............................................................... 4

1.1 Sistemas de classificação e diagnóstico ..................................... 6

1.2 Quais as causas das doenças mentais? ........................................ 7

Detalhamento do Cid-10 ...................................................................... 8

TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO SEGUNDO O DSM-V ..... 13

Delírios ............................................................................................... 14

Alucinações ........................................................................................ 15

Desorganização do Pensamento (Discurso) ...................................... 16

Comportamento Motor Grosseiramente Desorganizado ou Anormal


(Incluindo Catatonia) ..................................................................................... 17

Tipos mais comuns de transtornos mentais ....................................... 18

2. TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO ........................................ 41

2.1 Transtorno do neurodesenvolvimento .......................................... 43

2.2 Autismo e suas origens ................................................................ 44

3. REFERÊNCIAS: ........................................................................... 47

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1. TRANSTORNO MENTAL

Transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que


prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida
pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na
possibilidade de ter prazer na vida em geral. Alterações nas relações sociais,
pessoais e profissionais são comuns nesses casos, o que afeta negativamente
a qualidade de vida.

Especialistas e definem como uma disfunção significativa no pensamento


emocional e comportamento de alguém, o que muitas vezes compromete sua
habilidade de se relacionar com outros e de administrar as várias atividades do
dia a dia.

Imagem: 1

Os transtornos mentais não têm nada a ver com fraqueza ou falha de


personalidade. Profissionais da área têm tratado com sucesso vários tipos de

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transtornos mentais. Por isso, o primeiro passo é ter uma avaliação completa de
um profissional de saúde com experiência em tratar distúbios mentais.

Mas as doenças mentais têm condições específicas que as caracterizam


como patologias. Elas são definidas como alterações na química cerebral que
geram particularidades intelectuais, emocionais e/ou comportamentais.

A gravidade dos sintomas pode variar de duração e intensidade,


dependendo da pessoa e das circustâncias. Os transtornos mentais podem
afetar qualquer pessoa, independentemente de sexo, idade, cultura, raça
religião, nível educacional ou renda, e não têm nada a ver com fraqueza ou falha
de personalidade. Com os cuidados médicos apropriados, a pessoa pode levar
uma vida produtiva e gratificante.

Com todas as classificações de loucura da medicina e de retardo mental


da psicologia, o século XX trouxe muitos estigmas às pessoas que traziam tais
rótulos. Elas eram chamadas de loucas, depois de doentes mentais ou
retardadas mentais. Inclusive alguns problemas físicos com efeitos no
comportamento e na inteligência, como o hipotireoidismo – também chamado de
cretinismo, foram responsáveis por estigmatizar várias pessoas.

Atualmente, chegou-se em um consenso de utilizar o termo “transtorno


mental” ou “distúrbio mental”, para desestigmatizar essas condições
psicológicas. Essas pessoas não são mais marginalizadas como loucas ou
internadas como doentes, mas tratadas com respeito e compreensão. Os atuais
manuais classificam os transtornos, não as pessoas. Por isso evita-se utilizar
expressões como “o esquizofrênico” ou “o alcoólatra” e utilizam-se termos como
“a pessoa com esquizofrenia” ou “o paciente que sofre de alcoolismo”.

É importante entender que todos nós temos pensamentos, percepções,


emoções e comportamentos incômodos de vez em quando, mas isso não
significa uma doença psiquiátrica.

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1.1 Sistemas de classificação e diagnóstico

Imagem: 2

Um dos papéis da ciência é desenvolver sistemas de classificação de


seus objetos de estudo, para facilitar a aproximação do cientista. Na área da
psiquiatria e dos sistemas de diagnóstico não é diferente. Aceita-se o uso da
expressão “transtornos” ou “distúrbios mentais” para se referir aos problemas
psicopatológicos. Eles são diagnosticados pela presença de sintomas, que são
manifestações únicas e desviantes do comportamento dito normal.
Um grupo de sintomas pode ser classificado como uma síndrome. Uma
determinada síndrome psicológica classificada, então, pode receber o nome de
transtorno mental. Vale, porém, ressaltar que esses sistemas de classificação
não são recortes reais da vida. Eles são somente modelos para auxiliar o
profissional da área da saúde e deve ser visto como um mapa, um guia e não o
território.

Segundo o DSM 5, existem mais de 300 tipos de transtornos mentais


catalogados.

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Eles são classificados em grupos, como:

► Transtornos neurocognitivos: Parkinson, Alzheimer ou outras


demências

► Transtornos do neurodesenvolvimento: autismo, déficit de atenção


(TDAH)

► Transtornos psicóticos: esquizofrenia, transtorno delirante

► Transtornos ansiosos: fobias, Síndrome do Pânico, ansiedade


generalizada

► Transtornos depressivos: depressão maior, distimia

► Transtornos de personalidade: anti social, borderline, transtorno


bipolar

► Transtornos relacionados ao uso de psicoativos: como álcool,


cigarro e drogas ilícitas

► Transtornos do sono: insônia, hipersonolência, entre outros.

1.2 Quais as causas das doenças mentais?

Entre os principais fatores de risco para transtornos mentais, estão:

Fatores ambientais: estilo de vida estressante, condições de trabalho


impróprias, hábitos alimentares inadequados

Fatores sócio-culturais: contexto político e econômico, problemas


financeiros, questões religiosas

Fatores genéticos: histórico de doenças mentais na família

Fatores químicos: desequilíbrios químicos no cérebro, como baixa


concentração de serotonina.

Muito importante também é a forma como cada pessoa reforça a sua


capacidade de gerir pensamentos e emoções.

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1.3 Detalhamento do Cid-10

F00-F09 Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos

F00* Demência na doença de Alzheimer (G30.-†)


F01 Demência vascular
F02* Demência em outras doenças classificadas em outra parte
F03 Demência não especificada
F04 Síndrome amnésica orgânica não induzida pelo álcool ou por outras
substâncias psicoativas
F05 Delirium não induzido pelo álcool ou por outras substâncias
psicoativas
F06 Outros transtornos mentais devidos a lesão e disfunção cerebral e a
doença física
F07 Transtornos de personalidade e do comportamento devidos a
doença, a lesão e a disfunção cerebral
F09 Transtorno mental orgânico ou sintomático não especificado

F10-F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


substância psicoativa

F10 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool

F11 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


opiáceos

F12 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


canabinóides

F13 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


sedativos e hipnóticos

F14 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso da cocaína

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F15 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros
estimulantes, inclusive a cafeína

F16 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


alucinógenos

F17 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo

F18 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


solventes voláteis

F19 Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas

F20-F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos


delirantes

F20 Esquizofrenia

F21 Transtorno esquizotípico

F22 Transtornos delirantes persistentes

F23 Transtornos psicóticos agudos e transitórios

F24 Transtorno delirante induzido

F25 Transtornos esquizoafetivos

F28 Outros transtornos psicóticos não-orgânicos

F29 Psicose não-orgânica não especificada

F30-F39 Transtornos do humor [afetivos]

F30 Episódio maníaco

F31 Transtorno afetivo bipolar

F32 Episódios depressivos

F33 Transtorno depressivo recorrente

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F34 Transtornos de humor [afetivos] persistentes

F38 Outros transtornos do humor [afetivos]

F39 Transtorno do humor [afetivo] não especificado

F40-F48 Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o


“stress” e transtornos somatoformes

F40 Transtornos fóbico-ansiosos

F41 Outros transtornos ansiosos

F42 Transtorno obsessivo-compulsivo

F43 Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação

F44 Transtornos dissociativos [de conversão]

F45 Transtornos somatoformes

F48 Outros transtornos neuróticos

F50-F59 Síndromes comportamentais associadas a disfunções


fisiológicas e a fatores físicos

F50 Transtornos da alimentação

F51 Transtornos não-orgânicos do sono devidos a fatores emocionais

F52 Disfunção sexual, não causada por transtorno ou doença orgânica

F53 Transtornos mentais e comportamentais associados ao puerpério,


não classificados em outra parte

F54 Fatores psicológicos ou comportamentais associados a doença ou a


transtornos classificados em outra parte

F55 Abuso de substâncias que não produzem dependência

F59 Síndromes comportamentais associados a transtornos das funções


fisiológicas e a fatores físicos, não especificadas

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F60-F69 Transtornos da personalidade e do comportamento do
adulto

F60 Transtornos específicos da personalidade

F61 Transtornos mistos da personalidade e outros transtornos da


personalidade

F62 Modificações duradouras da personalidade não atribuíveis a lesão


ou doença cerebral

F63 Transtornos dos hábitos e dos impulsos

F64 Transtornos da identidade sexual

F65 Transtornos da preferência sexual

F66 Transtornos psicológicos e comportamentais associados ao


desenvolvimento sexual e à sua orientação

F68 Outros transtornos da personalidade e do comportamento do adulto

F69 Transtorno da personalidade e do comportamento do adulto, não


especificado

F70-F79 Retardo mental

F70 Retardo mental leve

F71 Retardo mental moderado

F72 Retardo mental grave

F73 Retardo mental profundo

F78 Outro retardo mental

F79 Retardo mental não especificado

F80-F89 Transtornos do desenvolvimento psicológico

F80 Transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem

F81 Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades


escolares

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F82 Transtorno específico do desenvolvimento motor

F83 Transtornos específicos misto do desenvolvimento

F84 Transtornos globais do desenvolvimento

F88 Outros transtornos do desenvolvimento psicológico

F89 Transtorno do desenvolvimento psicológico não especificado

F90-F98 Transtornos do comportamento e transtornos emocionais


que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência

F90 Transtornos hipercinéticos

F91 Distúrbios de conduta

F92 Transtornos mistos de conduta e das emoções

F93 Transtornos emocionais com início especificamente na infância

F94 Transtornos do funcionamento social com início especificamente


durante a infância ou a adolescência

F95 Tiques

F98 Outros transtornos comportamentais e emocionais com início


habitualmente durante a infância ou a adolescência

F99 Transtorno mental não especificado

F99 Transtorno mental não especificado em outra parte.

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2. TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO
SEGUNDO O DSM-V

Seguindo a proposta de lançar um olhar longitudinal sobre o curso dos


transtornos mentais, o DSM-V excluiu o capítulo “Transtornos geralmente
diagnosticados pela primeira vez na infância ou na adolescência”. Parte dos
diagnósticos do extinto capítulo passou a compor os “Transtornos do
neurodesenvolvimento”.
Os critérios para Deficiência Intelectual enfatizaram que, além da
avaliação cognitiva, é fundamental avaliar a capacidade funcional adaptativa. Os
“Transtornos de comunicação” agrupam antigos diagnósticos com discretas
alterações quanto à divisão e nomenclatura. Os “Transtornos globais do
desenvolvimento”, que incluíam o Autismo, Transtorno desintegrativo da infância
e as Síndromes de Asperger e Rett, foram absorvidos por um único diagnóstico,
“Transtornos da gama do autismo”.
Os critérios para o diagnóstico de “Transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade” (TDAH) são bastante similares aos do antigo manual. O DSM-V
manteve a mesma lista de dezoito sintomas divididos entre desatenção e
hiperatividade/impulsividade. Os subtipos do transtorno foram substituídos por
especificadores com o mesmo nome. Indivíduos até os dezessete anos de idade
precisam apresentar seis dos sintomas listados, enquanto indivíduos mais
velhos precisam de apenas cinco. A exigência de que os sintomas estivessem
presentes até os sete anos de vida foi alterada.
No novo manual, o limite é expandido para os doze anos de idade. Além
disso, o DSM-V permitiu que o TDAH e os Transtornos da Gama do Autismo
sejam diagnosticados como transtornos comórbidos. Ambas as alterações
provocam polêmica pelo risco de gerarem uma superestimativa com aumento da
incidência de TDAH na população geral.
Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com
início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam
cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola,
sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos
no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os déficits de

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desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou
no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais
ou inteligência.
É frequente a ocorrência de mais de um transtorno do
neurodesenvolvimento; por exemplo, indivíduos com transtorno do espectro
autista frequentemente apresentam deficiência intelectual (transtorno do
desenvolvimento intelectual), e muitas crianças com transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam também um transtorno específico da
aprendizagem.
O atraso global do desenvolvimento, como o nome implica, é
diagnosticado quando um indivíduo não atinge os marcos do desenvolvimento
esperados em várias áreas do funcionamento intelectual. Esse diagnóstico é
utilizado para indivíduos que estão incapacitados de participar de avaliações
sistemáticas do funcionamento intelectual, incluindo crianças jovens demais para
participar de testes padronizados. A deficiência intelectual pode ser
consequência de uma lesão adquirida no período do desenvolvimento,
decorrente, por exemplo, de traumatismo craniano grave, situação na qual um
transtorno neurocognitivo também pode ser diagnosticado.
O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes
na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo
déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de
comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver,
manter e compreender relacionamentos.

2.1 Delírios

Os delírios são crenças fixas, não passíveis de mudança à luz de


evidências conflitantes. Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas (p.
ex., persecutório, de referência, somático, religioso, de grandeza).
Delírios persecutórios (i.e., crença de que o indivíduo irá ser prejudicado,
assediado, e assim por diante, por outra pessoa, organização ou grupo) são mais
comuns.

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Delírios de referência (i.e., crença de que alguns gestos, comentários,
estímulos ambientais, e assim por diante, são direcionados à própria pessoa)
também são comuns.
Delírios de grandeza (i.e., quando uma pessoa crê que tem habilidades
excepcionais, riqueza ou fama) e delírios erotomaníacos (i.e., quando o indivíduo
crê falsamente que outra pessoa está apaixonada por ele) são também
encontrados.
Delírios niilistas envolvem a convicção de que ocorrerá uma grande
catástrofe, e delírios somáticos concentram-se em preocupações referentes à
saúde e à função dos órgãos.
Delírios são considerados bizarros se claramente implausíveis e
incompreensíveis por outros indivíduos da mesma cultura, não se originando de
experiências comuns da vida. Um exemplo de delírio bizarro é a crença de que
uma força externa retirou os órgãos internos de uma pessoa, substituindo-os
pelos de outra sem deixar feridas ou cicatrizes. Um exemplo de delírio não
bizarro é acreditar que a pessoa está sob vigilância da polícia, apesar da falta
de evidências convincentes.
Os delírios que expressam perda de controle da mente ou do corpo
costumam ser considerados bizarros; eles incluem a crença de que os
pensamentos da pessoa foram “removidos” por alguma força externa (retirada
de pensamento), de que pensamentos estranhos foram colocados na mente
(inserção de pensamento) ou de que o corpo ou as ações do indivíduo estão
sendo manipulados por uma força externa (delírios de controle).
Distinguir um delírio de uma ideia firmemente defendida é algumas vezes
difícil e depende, em parte, do grau de convicção com que a crença é defendida
apesar de evidências contraditórias claras ou razoáveis acerca de sua
veracidade.

2.2 Alucinações

Alucinações são experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem


um estímulo externo. São vívidas e claras, com toda a força e o impacto das
percepções normais, não estando sob controle voluntário. Podem ocorrer em

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qualquer modalidade sensorial, embora as alucinações auditivas sejam as mais
comuns na esquizofrenia e em transtornos relacionados. Alucinações auditivas
costumam ser vividas como vozes, familiares ou não, percebidas como
diferentes dos próprios pensamentos do indivíduo. As alucinações devem
ocorrer no contexto de um sensório sem alterações; as que ocorrem ao
adormecer (hipnagógicas) ou ao acordar (hipnopômpicas) são consideradas
como pertencentes ao âmbito das experiências normais. Em alguns contextos
culturais, alucinações podem ser elemento normal de experiências religiosas.

2.3 Desorganização do Pensamento (Discurso)

A desorganização do pensamento (transtorno do pensamento formal)


costuma ser inferida a partir do discurso do indivíduo. Este pode mudar de um
tópico a outro (descarrilamento ou afrouxamento das associações). As respostas
a perguntas podem ter uma relação oblíqua ou não ter relação alguma
(tangencialidade).
Raras vezes, o discurso pode estar tão gravemente desorganizado que é
quase incompreensível, lembrando a afasia receptiva em sua desorganização
linguística (incoerência ou “salada de palavras”). Uma vez que o discurso
levemente desorganizado é comum e inespecífico, o sintoma deve ser
suficientemente grave a ponto de prejudicar de forma substancial a comunicação
efetiva.
A gravidade do prejuízo pode ser de difícil avaliação quando a pessoa que
faz o diagnóstico vem de um contexto linguístico diferente daquele de quem está
sendo examinado. Pode ocorrer desorganização menos grave do pensamento
ou do discurso durante os períodos prodrômicos ou residuais da esquizofrenia.

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2.4 Comportamento Motor Grosseiramente Desorganizado ou
Anormal (Incluindo Catatonia)

Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal pode


se manifestar de várias formas, desde o comportamento “tolo e pueril” até a
agitação imprevisível. Os problemas podem ser observados em qualquer forma
de comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na realização
das atividades cotidianas.
Comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao
ambiente. Varia da resistência a instruções (negativismo), passando por
manutenção de postura rígida, inapropriada ou bizarra, até a falta total de
respostas verbais e motoras (mutismo e estupor). Pode, ainda, incluir atividade
motora sem propósito e excessiva sem causa óbvia (excitação catatônica).
Outras características incluem movimentos estereotipados repetidos,
olhar fixo, caretas, mutismo e eco da fala. Ainda que a catatonia seja
historicamente associada à esquizofrenia, os sintomas catatônicos são
inespecíficos, podendo ocorrer em outros transtornos mentais (p. ex.,
transtornos bipolar ou depressivo com catatonia) e em condições médicas
(transtorno catatônico devido a outra condição médica).

2.5 Sintomas Negativos

Sintomas negativos respondem por uma porção substancial da morbidade


associada à esquizofrenia, embora sejam menos proeminentes em outros
transtornos psicóticos. Dois sintomas negativos são especialmente
proeminentes na esquizofrenia: expressão emocional diminuída e avolia.
Expressão emocional diminuída inclui reduções na expressão de
emoções pelo rosto, no contato visual, na entonação da fala (prosódia) e nos
movimentos das mãos, da cabeça e da face, os quais normalmente conferem
ênfase emocional ao discurso. A avolia é uma redução em atividades motivadas,
autoiniciadas e com uma finalidade.

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A pessoa pode ficar sentada por períodos longos e mostrar pouco
interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. Outros sintomas
negativos incluem alogia, anedonia e falta de sociabilidade. A alogia é
manifestada por produção diminuída do discurso.
A anedonia é a capacidade reduzida de ter prazer resultante de estímulos
positivos, ou degradação na lembrança do prazer anteriormente vivido. A falta
de sociabilidade refere-se à aparente ausência de interesse em interações
sociais, podendo estar associada à avolia, embora possa ser uma manifestação
de oportunidades limitadas de interações sociais.

2.6 Tipos mais comuns de transtornos mentais

Transtorno Depressivo

Consiste em um transtorno de humor comum e de curso crônico,


associada a altos níveis de incapacitação. Se caracteriza pela redução de
comportamentos ocasionados por situações prazerosas e aumento da
sensibilidade a estímulos adversos, sendo assim, um padrão de comportamento
de indivíduos com depressão se apresenta pelo aumento de comportamentos
de sofrimento estando este mais sensível a situações de adversidade e perda
de sensibilidade a situações em que antes ocasionavam prazer (LOMBARDO,
2020).
De acordo com o DSM-V, o diagnóstico da depressão é realizado a partir
de cinco ou mais sinais e sintomas, descritos abaixo:
1) Um tom emocional constante de tristeza, vazio ou sofrimento;
2) Perda generalizada de interesse;
3) Perda de sensibilidade a estímulos; apetitivos (prazerosos);
4) Autoavaliação de inutilidade ou culpa, perda ou excesso de apetite,
insônia ou hipersonia, inibição ou agitação psicomotora;
5) Fadiga constante;
6) Inibição cognitiva em termos de atenção, concentração, tomada de
decisão e pensamento em geral;

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7) Ideias de morte, ideação suicida ou mesmo planos ou tentativas de
suicídio.
O transtorno Depressivo maior ou Depressão, como é mais comumente
conhecido, assim como qualquer outro tipo de transtorno de adoecimento
emocional tem causas multifatoriais, diante disso, o modelo de etiológico se
caracteriza por relações causais de ordem biológica, comportamental e cultural.
Em relação a ordem biológica, o modelo mais amplamente utilizado, e que
sustenta uso de várias drogas psicoativas, é a redução de neurotransmissores
responsáveis pelas sensações de prazer, bem-estar e disposição, que são: a
serotonina, a dopamina e a noradrenalina.A redução desses neurotransmissores
pode gerar também um baixo nível de prazer, fadiga constante e alterações
emocionais que caracterizam por sensação constante de tristeza, culpa,
incapacidade e infelicidade (BELUJON; GRACE, 2017).
O tratamento para depressão deve ser entendido de uma forma
globalizada levando em consideração o ser humano como um todo incluindo
dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Portanto, a terapia deve abranger
todos esses pontos e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a
medicamentos, quando necessário. Deve-se mencionar que não se trata
“depressão” de forma abstrata, mas sim pacientes deprimidos, contextualizados
em seus meios sociais e culturais e compreendidos nas suas dimensões
biológicas e psicológica.
Segundo Souza (1999) o tratamento antidepressivo farmacológico deve
ser realizado considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais do
paciente. Na média, não há diferenças significativas em termos de eficácia entre
os diferentes antidepressivos, mas o perfil em termos de efeitos colaterais,
preço, risco de suicídio, tolerabilidade varia bastante o que implica em diferenças
na efetividade das drogas para cada paciente. A conduta, portanto, deve ser
individualizada e avaliada por um médico psiquiatra competente que acompanhe
o caso. A prescrição de antidepressivos irá depender da intensidade e frequência
dos episódios depressivos. O risco de suicídio dever ser sempre avaliado e os
efeitos colaterais da medicação em relação as condições de sofrimento do
paciente.
Não há antidepressivo ideal, entretanto, atualmente existe uma
disponibilidade grande de drogas atuando através de diferentes mecanismos de

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ação o que permite que, mesmo em depressões consideradas resistentes, o
tratamento possa obter êxito.
É importante que o médico sinalize ao paciente os possíveis efeitos
colaterais do uso de antidepressivos e realize junto com o paciente avaliação se
o mesmo da conta de lidar com tais situações de desconforto, verificando assim
uma conduta medicamento mais adequada pra cada caso, pois a principal
variável relacionada à não adesão dos pacientes são os efeitos colaterais.
Portanto, a redução dos efeitos colaterais é fundamental para o êxito do
tratamento (Souza, 1999).

Transtorno de ansiedade

Antes de falarmos de transtornos de ansiedade, devemos primeiramente


compreender o que é a ansiedade em si, de forma sucinta podemos
compreender a ansiedade como uma emoção. Para Brandão (2019), em sua
manifestação mais simples a emoção é uma expressão de um ato motor, de
natureza motivacional, desencadeado por sensações oriundas de estímulos
sensoriais de onde o indivíduo esteja. Ainda pode incluir pensamentos e planos
sobre o que já ocorreu, está ocorrendo ou ocorrerá e manifestações de
expressões faciais, podendo ocorrer ainda outras alterações fisiológicas.
A ansiedade tem importantes bases para proteção do indivíduo,
evolutivamente tem função de resguardar o sujeito de perigos (BRAVIN; DE-
FARIAS, 2010). Durante a evolução, esses mecanismos foram e são muito
importantes para preservação e sobrevivência de várias espécies. Contudo,
devido às condições da vida moderna, os processos fisiológicos relatados
podem ser mais prolongados, uma vez que as situações de perigo nem sempre
são remetidas à fuga ou luta, necessitando que seja preciso refletir sobre as
possíveis situações de perigo (BRANDÃO, 2019).
O DSM em sua primeira versão agrupava os transtornos de ansiedade
em 7 classificações, atualmente o DSM-5 apresenta 11 Classificações para os
quadros de ansiedade, sendo elas:
1) Transtorno de Ansiedade de Separação;
2) Mutismo Seletivo;
3) Fobia específica;

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4) Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social);
5) Transtorno de Pânico;
6) Agorafobia;
7) Transtorno de Ansiedade Generalizada;
8)Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento;
9) transtorno de Ansiedade devido a Outra Condição Médica;
10) Outro Transtorno de Ansiedade Especificado e
11) Transtorno de Ansiedade Não Especificado.

Saiba mais!

1) Transtorno de Ansiedade de Separação: O transtorno de ansiedade de


separação é caracterizado por medo ou ansiedades excessivas ou impróprios
envolvendo a separação com alguém com a pessoal tenha apego. Não se trata
apenas de apego a alguém, nessa condição a pessoa pode desenvolver
preocupação e sofrimento constantes com a possibilidade de afastamento ou
perda da figura de apego, insônias, queixas somáticas (cefaleia, náuseas ou
vômitos) entre outros sintomas.

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2) Mutismo Seletivo: O Mutismo Seletivo é uma condição onde há uma
dificuldade do indivíduo se comunicar verbalmente e em determinadas
situações, as primeiras manifestações podem ser verificadas nas escolas com
crianças de 3 a 6 anos, em casa elas podem se comunicar normalmente, cabe
observar que não trata-se de timidez, nessa fobia a criança é incapaz de se
comunicar, ocorrendo fracassos persistentes na tentativa de comunicação.

3) Fobia específica: Na fobia específica o medo ou ansiedade são


direcionados para um objeto ou situação (agulhas, animais, alturas, etc.). A
pessoa pode reconhecer que seu medo é irracional e/ou excessivo, mas tem
muita dificuldade enfrentar, por isso muitas vezes evita o objeto fóbico ou quando
suporta é com muito sofrimento.

4) Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social): Na Fobia social a


ansiedade e/ou medo são direcionadas os para interações sociais, nessa
condição há um medo irracional e acentuado em uma ou mais condições da vida
social. A possibilidade de avaliações por outras pessoas torna-se pavoroso. As
interações sociais cotidianas são prejudicadas pelo medo excessivo e
preocupação em ser julgado ou humilhado.

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5) Transtorno de Pânico: O transtorno do pânico é caracterizado por
crises de ansiedade recorrentes e inesperadas. Nas crises ocorrem ataques de
pânicos, os ataques de pânicos podem ser descritos como surto abrupto de
medo ou desconforto intenso, ele ocorre alcança seu pico em alguns minutos,
são comuns os seguintes sintomas: coração acelerado, sudorese, tremores,
sensações de falta de ar ou sufocamento, sensações de asfixia, dor ou
desconforto torácico, medo de perder o controle ou “enlouquecer”, medo de
morrer, entre outros.

6) Agorafobia: A Agorafobia é um transtorno de ansiedade que está


relacionado ao medo de lugares ou situações onde seja difícil escapar ou
conseguir auxilio de alguém caso seja necessário diante de sintomas de pânico
ou outros sintomas incapacitantes.

7) Transtorno de Ansiedade Generalizada: Nesse transtorno a ansiedade


e preocupação excessivas, ocorrem na maioria dos dias e apresentam prejuízos
em diversos eventos ou atividades do indivíduo, para eles são difíceis controlar
a preocupação. São comuns nesses quadros os seguintes sintomas: Inquietação
ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade em
concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão nos
músculos e perturbação do sono.

8) Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento: Os


transtornos de ansiedade podem ainda ter origem ou sendo resultado do
uso/abuso de substância. Intoxicações por estimulantes do sistema nervoso
central como cocaína, anfetaminas e cafeínas, podem alterar a fisiologia do
corpo. Da mesma forma como Cannabis e abstinência de depressores como
álcool podem levar provocar um ataque de pânico.

23
Imagem: 5

Transtorno bipolar

O DSM 5 traz algumas espécies de transtorno bipolar. No tipo 1, os sinais


da mania são:

► humor elevado e tipicamente anormal;


► autoestima inflada;
► sentimentos de grandiosidade;
► diminuição drástica da necessidade de dormir;
► envolvimento em atividades impulsivas e arriscada (por exemplo,
apostas milionárias mesmo sem ter dinheiro).

Para uma melhor compreensão do Transtorno Bipolar é necessário


primeiramente entendermos que ele se refere a um dos tipos de transtorno de
humor. A seguir será apresentado os conceitos e sintetizado a diferença entre
Humor e Transtorno do Humor.
Humor é o estado emocional de uma pessoa em determinado momento.
Baseado nos sentimentos, o humor e suas alterações interferem diretamente nas

24
relações pessoais, sociais, de trabalho e familiares. Há evidências de que
episódios de tristeza gerados a partir de acontecimentos negativos, não
permanecem por períodos longos, pois o cérebro humano trabalha para
equilibrar as emoções que geram desconforto (KUTCHER et al, 2014).
Para Bastos e Fleck (2016) alteração do humor, de modo geral faz
referência a mudanças no estado afetivo percebidos como moderada, de fácil
controle e menos nocivo então podemos afirmar que a alteração do humor se
apresenta como alteração dentro de padrões considerados saudáveis diferente
do transtorno do Humor é quando a oscilação de humor se apresenta de modo
mais acentuado, marcado por mudanças extremamente profundas e que geram
impacto nas relações sociais e pessoais tais como escola, trabalho, família e
amizades.
Segundo a OMS, entre os anos de 1996 e 2013 houve um aumento de
quase 50% no número de pessoas comprometidas por algum transtorno do
humor, atualmente 10% da população mundial é afetada de alguma forma por
essa patologia (PASSOS et al, 2019).
Os transtornos do humor estão entre as doenças neuropsicológicas mais
frequentes (BASTOS; FLECK, 2016).
O Transtorno Bipolar é uma doença grave e que pode se tornar crônica.
A pessoa apresenta oscilações entre estados patológicos do humor denominado
mania, hipomania, depressão e estado de humor misto. Essas condições afetam
além do humor, o pensamento, o comportamento e o ritmo biológico (sono,
apetite, libido) da pessoa. (PASSOS et al, 2019).
Estados patológicos do humor no TB para Kutcher et al ( 2014)
• Mania
• Humor: Eufórico, exaltado, irritado.
• Pensamento: Acelerados com redução do juízo crítico
• Comportamento agitado, tanto ao falar quanto inquietação física
• Ritmo Biológico: Mudanças nos hábitos de sono, aumento ou diminuição
do apetite, se tornando bastante sexualizado ou, diminuir.

• Hipomania:
• Estado menos intenso do quadro maníaco

25
• Depressão:
• Tristeza, pensamentos sobre a morte, indecisão excessivo

• Misto:
• Sintomas de mania (ex: muita energia) associado a sintomas
depressivos (como tristeza, pensamentos sobre a morte, indecisão
excessiva)
• Oscilações de humor podem ser muito evidentes ou sutis, dificultando
sua identificação.

• Incidência do TB
O TB acomete cerca de 2 a 4% da população mundial, acredita-se que a
prevalência entre homens e mulheres seja a mesma. Estudos apontam
que pelo menos 40% da população com Tb necessitará de internação em algum
momento da vida (PASSOS et al, 2019).
Segundo Kutcher et al (2014) um estudo recentemente apontou que a
frequência do Tb na infância e adolescência pareceu muito semelhante a
encontrada em adultos, ficou evidente que entre os adolescentes a frequência é
maior quando comparada as crianças.

Causas
► Fatores Genéticos;
► biológico;
► psicológicos;
► ambientais e familiares tem se mostrado principais causas do TB.
Os fatores genéticos tem sido considerados o de maior importância,
sendo responsáveis por cerca de 70% das possibilidades de a pessoa
desenvolver os sintomas de TB (KUTCHER et al, 2014).

Esquizofrenia

Esse transtorno é denominado pelo protocolo clínico de diretrizes


terapêuticas (2013) como: um grupo de distúrbios mentais graves caracterizados
por distorções do pensamento e da percepção, por inadequação e embotamento

26
do afeto sem prejuízo da capacidade intelectual (embora ao longo do tempo
possam aparecer prejuízos cognitivos).

Imagem: 6

Em muitos conceitos encontramos o termo psicose, que se denomina


como perda do contato com a realidade, a título de curiosidade a esquizofrenia
foi considerada por muito tempo como “única psicose”.
De acordo com o DSM-V, mundialmente, a prevalência da esquizofrenia
é de 1%, esta prevalência é equiparada entre homens e mulheres e
relativamente constante entre culturas.
Porém, alguns são os fatores de risco, entre eles temos:
► Vida Urbana
► Trauma na infância
► Negligência e infecções pré-natais
► Predisposição genética

Diagnóstico
O diagnóstico de esquizofrenia é clínico realizado por um médico
psiquiatra e baseado nos critérios da CID-11. Existem alguns critérios que devem
ser atendidos, estes combinam história, sinais e sintomas do paciente e o médico
é responsável pela avaliação de tais critérios, devemos evitar autodiagnostico,

27
assim como automedicação.

Principais sintomas:
► delírios;
► alucinações;
► discurso desorganizado;
► comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico;
► sintomas depressivos.

Mas saiba que, apesar de a esquizofrenia ser, dentro dos transtornos


psicóticos, o mais preocupante, ela também pode ter vários graus e tipos de
prejuízos. Por exemplo, algumas pessoas podem ser impossibilitadas de
trabalhar, por apresentar bastante dificuldade de convivência no trabalho e na
família. No entanto, há muitos casos que, seguindo o tratamento direitinho,
podem ter uma vida normal.
Os sinais e sintomas dependem muito da fase do transtorno que o
paciente se encontra, muitos demoram a procurar avaliação médica. O início do
quadro de esquizofrenia (delírios e alucinações) pode ser repentino em questão
de dias e semanas, ou lento que vai evoluindo de acordo com a fase no decorrer
dos anos.
Para Silva (2006), os aspectos mais característicos da esquizofrenia são
alucinações e delírios, transtornos de pensamento e fala, perturbação das
emoções e do afeto, déficits cognitivos e avaliação.
Os delírios envolvem mudança de pensamento, comportamento e linguagem,
esta mudança de pensamento é facilmente percebida pelo discurso do paciente.
Segundo a autora os distúrbios do comportamento na esquizofrenia incluem
comportamento grosseiramente desordenado e comportamento catatônico. Um
ponto que queremos enfatizar quando falamos de esquizofrenia é a questão de
comportamentos violentos apresentados por alguns pacientes, sim esse é um
distúrbio de comportamento possível, porém no DSM-V encontramos que a
esquizofrenia tem risco relativamente pequeno para comportamento violento.
Ameaças de violência e acessos de agressividade são mais comuns do que
comportamentos realmente perigosos.

28
Segundo o manual, os esquizofrênicos costumam ser menos violentos do
que pessoas sem esquizofrenia.

Tratamento
O tratamento da esquizofrenia é medicamentoso e psicoterápico, os
remédios são antipsicóticos e o acompanhamento médico é fundamental. A
assistência psicoterapêutica auxilia o indivíduo nas relações sociais e pessoais,
isto envolve, aceitação, tratamento e prognóstico. Enquanto a medicação pode
reduzir os sintomas positivos e prevenir recaídas psicóticas, o apoio
psicoterapêutico e o treinamento de estratégias de enfrentamento e manejo de
situações de vida ajudam o paciente a adaptar-se ao ambiente e a enfrentar o
estresse, sendo que as intervenções familiares e sócio-profissionais modificam
fatores ambientais de acordo com a capacidade do paciente. (SILVA, 2006, p.
276, 277).
Esse acompanhamento de uma equipe multiprofissional vai de acordo
com a necessidade do paciente, este tem de forma singular e única suas
necessidades e o profissional precisa reconhecê-las.
Um acompanhamento após o tratamento também é necessário segundo
o Protocolo clínico e diretrizes Terapêuticas, pois este tratamento não tem tempo
determinado e o paciente precisa de reavaliações médicas periódicas de no
máximo de 6 em 6 meses.

Transtorno de estresse pós-traumático ( TEPT)

O transtorno do estresse pós-traumático é uma síndrome psicológica no


qual a pessoa "revive" algum acontecimento perturbador ou violento no passado.
Constituise de lembranças recorrentes intrusivas de um evento traumático
opressivo; as lembranças duram por mais de 1 mês e começam em até 6 meses
depois do evento. Alguns exemplos podem ser: ter sido assaltado, ter sofrido
violência doméstica, abuso sexual, ter participado de uma guerra, catástrofes
naturais ou provocadas pelo homem são as causas comuns, entre outros.

29
Imagem: 7

Geralmente, eventos susceptíveis de provocar TEPT são aqueles que


invocam sentimentos de medo, impotência ou horror. Esses eventos podem ser
experimentados diretamente (exemplo: como uma lesão grave ou a ameaça de
morte) ou indiretamente (exemplo: testemunhar outros sendo seriamente feridos,
mortos ou ameaçados de morte; ter conhecimento dos eventos que ocorreram a
membros familiares ou amigos íntimos). Vale lembrar que o medo é uma reação
normal do organismo, durante e após essas situações, no entanto, o estresse
pós-traumático pode causar um medo excessivo, constante e patológico para
realizar as atividades do dia a dia, como ir ao supermercado ou outro lugar
público ou então ficar sozinho em casa, mesmo quando não existe perigo
aparente.
Este transtorno pode trazer consequências para a vida da pessoa,
incluindo problemas com a família, amigos, no trabalho ou na escola, além de
haver uma maior possibilidade de abuso de substâncias psicoativas. Por isso, é
importante que o psicólogo seja consultado quando os sintomas de estresse pós-
traumático forem notados.

30
Principais sintomas do transtorno de estresse pós-traumático

Os sintomas do TEPT podem ser subdivididos em categorias: intrusões,


esquiva, alterações negativas da cognição e do humor e alterações da excitação
e da reatividade. Mais comumente, os pacientes têm memórias indesejadas
frequentes que reproduzem o evento desencadeante. Pesadelos com o evento
são comuns.
Estados dissociativos transitórios durante a vigília são menos comuns,
nos quais os eventos são revividos como se estivessem acontecendo
(lembranças vívidas), às vezes fazendo os pacientes reagirem como se
estivessem na situação original (p. ex., ruídos altos como fogos de artifício
podem desencadear uma lembrança vívida de estar em combate, que por sua
vez pode levar o paciente a procurar abrigo ou se jogar no chão para buscar
proteção). Pacientes evitam estímulos associados ao trauma e muitas vezes se
sentem emocionalmente entorpecidos e desinteressados em relação a
atividades diárias.
Depressão, outros transtornos de ansiedade e abuso de substâncias são
comuns entre pacientes com TEPT crônico. Além de ansiedade específica
ao trauma, os pacientes podem sentir culpa por causa de suas ações durante o
evento ou porque sobreviveram quando outros não.
Em resumo, os sintomas podem ser:
► Recordações intensas
► Pensamentos assustadores ou pesadelos constantes
► Ansiedade frequente
► Dificuldade para dormir
► Ataques de raiva
►Evitar ir a lugares que recordem a situação traumática
► Evitar pensar sobre o ocorrido
► Sentir menor interesse por atividades agradáveis e prazerosas
► Sentir culpa
► Pensamentos negativos sobre si.

Estes sintomas devem estar presentes por pelo menos 1 mês e não serem

31
causados por outra possível doença orgânica para que possa ser
considerado o diagnóstico do estresse pós-traumático.

Possíveis causas do transtorno de estresse pós-traumático

► Ter vivido um evento traumático


► Exposição repetida a detalhes de um evento traumático, como viver
junto de um hospital e ver as ambulâncias com pessoas feridas, por exemplo
► Presenciar um evento traumático que aconteceu a outra pessoa
(sequestro ou agressão, por exemplo);
► Saber sobre um evento traumático que aconteceu com alguém
próximo.
► Quando o evento traumático está relacionado com lesões físicas como
espancamentos, queimaduras e violência sexual, por exemplo.

O transtorno do estresse pós-traumático pode surgir desde os 6 anos de


idade até a vida adulta e são mais frequentes em mulheres sendo os principais
fatores relacionados com o seu desenvolvimento.

Diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático

O principal fator para diagnosticar o transtorno de estresse pós-traumático


é o antecedente de um evento traumático que tenha posto a vida do indivíduo
em risco, o que deve ser avaliado por um psicólogo ou psiquiatra.
O psiquiatra pode também solicitar outras avaliações para descartar
doenças orgânicas como o abuso de álcool e de substâncias e outros transtornos
psicológicos, como depressão ou síndrome do pânico, os quais podem ter
sintomas similares ao do estresse pós-traumático.
Para atender os critérios para o diagnóstico, os pacientes devem ter sido
expostos direta ou indiretamente a um evento traumático e devem ter os
sintomas de cada uma das seguintes categorias durante o período de mais ou
igual a 1 mês.

32
Sintomas de intrusão

► Ter memórias recorrentes, involuntárias, intrusivas e/ou perturbadoras.


►Ter sonhos perturbadores recorrentes, por exemplo,
pesadelos do evento.
► Agir ou sentir como se o evento estivesse acontecendo de novo, desde
flashbacks até perda total de consciência do ambiente atual.
► Sentir sofrimento psicológico ou fisiológico intenso ao lembrar o evento
(p. ex., aniversários do evento, sons semelhantes àqueles ouvidos durante o
evento).

Efeitos negativos sobre a cognição e o humor

► Perda de memória para partes significativas do evento (amnésia


dissociativa);
► Convicções ou expectativas negativas persistentes e exageradas
sobre si mesmo, outros ou o mundo;
► Pensamentos distorcidos persistentes sobre a causa ou
consequências do trauma que levam a culpar a si mesmo ou outros;
► Estado emocional negativo persistente (exemplo: medo, horror, raiva,
culpa vergonha);
► Diminuição acentuada do interesse ou participação em atividades
significativas;
► Sensação de distanciamento ou estranhamento em relação a outras
pessoas;
► Incapacidade persistente de experimentar emoções positivas
(exemplo: felicidade, satisfação, sentimentos amorosos).

Tratamento

O tratamento do estresse pós-traumático sempre deve ser orientado e


avaliado por um psicólogo ou psiquiatra, pois precisa ser adaptado a cada
pessoa. Na maior parte dos casos, o tratamento é iniciado com sessões de
psicoterapia, que deve começar o mais rápido possível. O psiquiatra também

33
pode recomendar o uso de medicamentos para ajudar a aliviar os sintomas do
transtorno do sono e ataques de pânico, além de aliviar os sintomas de
ansiedade. Além do paciente praticar o autocuidado.

AUTISMO E SUAS ORIGENS

Imagem: 8

A primeira vez que a nomenclatura autista foi utilizada em 1906, por


Plouller, identificando como a perda de contato com a realidade que por
consequência acarreta uma dificuldade e até mesmo uma impossibilidade de
comunicação e interação social. (GAUDERER, 1997, p. 6).
É um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por
desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na
comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e
estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e
atividades.
Segundo Gauderer a definição resumida de autismo pela “The National
Society for Autistic Childrem” USA - 1978 é:

Autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta


de maneira grave, durante toda a vida. É incapacidade, e aparece

34
tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acontece cerca de cinco
entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre
meninos do que meninas. É uma enfermidade encontrada em todo o
mundo e em famílias de toda configuração racial, étnica e social. Não
se conseguiu provar nenhuma causa psicológica no meio ambiente
dessas crianças que possa causar autismo (GAUDERER, 1993, p. XI).

A etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece


desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas
sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A interação entre esses
fatores parecem estar relacionadas ao TEA, porém é importante ressaltar que
“risco aumentado” não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais.
Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em
pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum destes fatores pareça ter
forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a agentes
químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias (como
ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade gestacional
abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas,
infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são
considerados fatores contribuintes para o desenvolvimento do TEA.

A criança apresenta déficits na comunicação e na interação social, tendo,


por exemplo:

► dificuldade em estabelecer conversas;


► falta de habilidade em reconhecer as emoções das outras pessoas;
► ausência de interesse por amizades;
► falta de certas habilidades comportamentais;
► movimentos motores repetitivos;
► interesses fixos que são anormais em intensidade.

Cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu conjunto de


sintomas variados e características bastante particulares. Tudo isso vai
influenciar como cada pessoa se relaciona, se expressa e se comporta.

35
Imagem: 9

A confirmação costuma acontecer quando criança possui as


características principais do autismo: deficiências sociais, dificuldades de
comunicação, interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos
(também chamados de estereotipias). A condição pode se apresentar em
distintos graus, o que faz com que os sinais também possam ter essas variações.
Em casos de autismo leve, por exemplo, o transtorno pode demorar mais tempo
para ser diagnosticado, pois costuma ser confundido com outros
comportamentos, como timidez, excentricidade ou falta de atenção.
O DSM-5 também reconhece que indivíduos afetados pelo TEA podem
apresentar sintomas associados em diferentes graus, como uma habilidade
cognitiva fora do normal (para mais ou para menos), atrasos de linguagem ou
alta habilidade de linguagem expressiva, surtos nervosos e agressividade,
padrões de início, além de outras condições associadas.
O diagnóstico permite que a criança receba um tratamento personalizado
de acordo com as particularidades do seu quadro. Com o acompanhamento
médico multidisciplinar, os sintomas tendem a ser amenizados ao longo da vida,
melhorando a qualidade de vida do indivíduo e da sua família.

Autismo infantil
A síndrome aparece em idades precoces tendo em vista a presença de
desvios nas relações interpessoais principalmente desenvolvendo dificuldades

36
em suas comunicações linguagens e comportamentos. Cabe ressaltar que o
autismo infantil é predominante de condições crônicas com início na infância,
permanecendo até o final do terceiro ano de vida. (SCHWARTZMAN, 1994, p.
7).
Segundo Gauderer (1997) é de extrema importância que se tenha
observação bem clara sobre a criança com autismo, pois as mesmas
apresentam algumas características que trazem como base elementos nítidos
para se ter uma percepção maior do autismo em si. Dentro de uma visão clínica
de diagnostico o portador de autismo apresenta comportamentos
estereotipados. Exemplificando:
1. Início antes dos dois anos e seis meses (trinta meses);
2. Os mesmos apresentam uma forma de desvio do desenvolvimento
social;
3. Uma determinada forma de desvio do desenvolvimento da linguagem;
4. Apresentam comportamentos estereotipados e rotinas; (por exemplo,
as brincadeiras são repetitivas pouco imaginativas e sem variedades trazendo
uma rotina frequente;
5. Ausência de delírios, alucinações e distúrbios do pensamento do tipo
esquizofrênico.
A criança autista apresenta um rosto inexpressivo dificultando a
apreensão de suas emoções, porém essa internalização reflete em contato com
outras pessoas. A maioria das crianças com autismo possui uma fisionomia
normal, porém sua seriedade pode dar a impressão errada de muita inteligência.
(GAUDERER, 1997, p 43).

Tratamento

O tratamento associa diferentes terapias para testar e melhorar as


habilidades sociais, comunicativas, adaptativas e organizacionais. A rotina de
cuidados pode incluir exercícios de comunicação funcional e espontânea; jogos
para incentivar a interação com o outro; aprendizado e manutenção de novas
habilidades; e o apoio a atitudes positivas para contrapor problemas de
comportamento. É muito popular a adoção das abordagens terapêuticas Análise

37
Aplicada do Comportamento (conhecido como método ABA) e Terapia
Cognitivo-Comportamental.
Frequentemente, as terapias são combinadas com remédios para tratar
condições associadas, como insônia, hiperatividade, agressividade, falta de
atenção, ansiedade, depressão e comportamentos repetitivos. As avaliações
são realizadas a cada 3 ou 6 meses para entender a necessidade de mudanças
na abordagem ou intensidade do tratamento.

Demência

A demência é uma síndrome que consiste na deterioração da memória,


do pensamento, do comportamento e da capacidade de realizar atividades
cotidianas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
É um conjunto de sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida
da pessoa, levando a problemas cognitivos e afetando, também, a linguagem e
o comportamento e alterando a personalidade do indivíduo.

Causas
Diversas doenças estão por trás das causas da demência.
Veja exemplos:
Demências irreversíveis (degenerativas)
► Doença de Alzheimer
► Demência com corpos de Lewy, cujos sintomas são similares aos do
Alzheimer e cuja incidência é a segunda maior entre as demências (perdendo
apenas para o próprio Alzheimer)
► Demência vascular, resultante de uma série de pequenos acidentes
vasculares cerebrais (AVC)
► Demência frontotemporal, que é uma degeneração que ocorre no
lóbulo frontal do cérebro e que pode se espalhar para o lóbulo temporal.

Demências reversíveis
► Tumores cerebrais
► Demências de causa metabólica, em que há alterações nos níveis de
açúcar, sódio e cálcio no sangue

38
► Baixos níveis de vitamina B12
► Hidrocefalia normotensiva
► Uso de determinados medicamentos, principalmente alguns para tratar
colesterol
► Abuso crônico do álcool.

Outras demências
►Traumatismo craniano
► Doença de Parkinson
► Esclerose múltipla
► Doença de Huntington
► Doença de Pick
► Paralisia supranuclear progressiva
► Infecções que podem afetar o cérebro, como HIV/AIDS e doença de
Lyme
► Doença de Creutzfeldt-Jakob.

Sinais
Sintomas de demência variam, dependendo da causa, mas os mais
comuns incluem:

► Perda de memória
► Dificuldade de planejar e executar tarefas
► Problemas com a fala e a escrita
►Alteração do humor
► Dificuldade em compreender informações
► Desorientação sobre o lugar e espaço
► Apatia
► Perda ou diminuição temporária de algumas habilidades cognitivas e
motoras.

39
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade

É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na


infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se
caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é
chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
Sintomas
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas

1) Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

As características são:
► pensamentos que surgem de repente e podem se manifestar por frases
ou imagens;
► comportamentos podem ser atos repetitivos logo após o pensamento
(lavar as mãos) ou, ainda, atos mentais (repetir orações). Eles são praticados
pra ajudar a lidar com a ansiedade.

Sintomas
A pessoa com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) tem obsessões –
pensamentos, imagens ou impulsos que ocorrem frequentemente, mesmo que
ela não queira. Essas obsessões surgem mesmo quando a pessoa está
pensando e fazendo outras coisas. Além disso, as obsessões normalmente
causam grande angústia e ansiedade. As obsessões normalmente envolvem
pensamentos de dano, risco ou perigo.

As obsessões comuns incluem:

► Preocupação com contaminação (por exemplo, supor que tocar em


maçanetas provocará alguma doença);
► Dúvidas (por exemplo, supor que a porta da frente não foi trancada);

40
Preocupação com objetos que não estão perfeitamente alinhados ou
uniformes;
► Uma vez que as obsessões não causam prazer à pessoa,
frequentemente ela tenta ignorá-las e/ou controlá-las.

Compulsões (também chamadas de rituais) são uma forma que a pessoa


tem de responder às suas obsessões. Por exemplo, elas sentem vontade de
fazer algo - repetitivo, propositado e intencional - para evitar ou aliviar a
ansiedade causada pelas obsessões.

3. TRANSTORNO MENTAL E AUTISMO

Deste que as pessoas se reconhecem enquanto pessoas, existe a


percepção de comportamento normal, padrão e comportamento desviante. Em
diferentes momentos da história, esses comportamentos desviantes receberam
vários nomes e classificações.
Para os antigos, alguns desses comportamentos eram vistos como sinais
de deuses, tanto positivos quanto negativos. Alguns casos de esquizofrenia, por
exemplo eram vistos como sinais de profetas. Com a influência do cristianismo
na cultura ocidental, esses mesmos comportamentos passaram a ser vistos
como sendo negativos e influenciados por demônios. A depressão, por exemplo,
dizia-se que era influenciada pelo demônio do meio-dia. Como a Igreja tinha
bastante influência na sociedade, essas pessoas eram ou abandonadas por
estarem possuídas ou eram levadas a igrejas para serem exorcizadas.
No final da idade média e início do Renascimento, pessoas que
apresentavam esses comportamentos eram deixados de lado pela sociedade.
Eles eram chamados de loucos e muitas vezes eram trancados com criminosos
para afastar suas influências das pessoas ditas normais.
Sigmund Freud, por exemplo, com ajuda de Jean-Martin Charcot, utilizou
inicialmente a hipnose para mostrar que a histeria, doença até então misteriosa
que afetava principalmente mulheres e causava paralisias entre outros sintomas,
era uma doença psicogênica, ou seja, de origem psicológica ou mental.

41
Carl Jung, psiquiatra suíço que trabalhou no hospital psiquiátrico de
Burgholzli na suíça, mostrou através de testes de associação de palavras a
existência de complexos autônomos reprimidos e inconscientes, comprovando
assim a tese de Freud. Ele também contribuiu no desenvolvimento do
diagnóstico de esquizofrenia, elaborado por seu professor e mentor Eugene
Bleuler, doença até então chamada de demência precoce.
No século XX, houveram muitos avanços na psiquiatria e na
psicopatologia, como ficou conhecida a área de estudos das doenças mentais.
Durante a Primeira Guerra Mundial houveram importantes avanços na
área da psicometria, ou de testes psicológicos. Eles eram utilizados inicialmente
para selecionar os melhores soldados e depois para selecionar os melhores
empregados para as indústrias. Com os testes psicológicos começaram as
classificações de inteligência. Com isso alguns casos de transtornos mentais
passaram a ser classificados como retardos mentais ou déficits de inteligência.
Pessoas com QI entre 80 e 120 eram consideradas normais, pois estavam na
média. Pessoas com QI abaixo de 80 eram consideradas com atraso no
desenvolvimento mental e taxadas como retardadas mentais.
A 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da
Organização Mundial da Saúde (OMS), que entrou em vigor neste ano, teve sua
última atualização publicada dia 11 de fevereiro de 2022.
A CID 11 reuniu todos os transtornos que fazem parte do espectro do
autismo, como o autismo infantil, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger,
o transtorno desintegrativo da infância (F84.3) e o transtorno com hipercinesia,
por exemplo, em apenas um único diagnóstico: o TEA (Transtorno do Espectro
do Autismo).
Hoje, a CID é considerada uma das principais ferramentas de trabalho
para médicos do mundo todo. Além disso, ela também é capaz de monitorar a
incidência e prevalência de enfermidades, apresentando um panorama completo
da realidade de muitos países e das suas populações.

42
2.1 Transtorno do neurodesenvolvimento

Segundo DSM-5 transtornos do neurodesenvolvimento são condições


alteradas desde o início do período do desenvolvimento neurológico. Estes
transtornos tipicamente se manifestam cedo, durante o crescimento e
desenvolvimento, frequentemente, antes da criança ingressar na escola.
Os transtornos do neurodesenvolvimento são caracterizados por déficits
no desenvolvimento que trazem prejuízos no funcionamento pessoal, social,
acadêmico/pedagógico e, posteriormente, profissional.
Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas
na aprendizagem ou no controle de funções executivas (p, ex. planejamento e
execução de atividades, incluindo iniciação de tarefas, memória de trabalho,
atenção sustentada) até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência.
A avaliação clínica utiliza critérios para realizar possíveis diagnósticos e
inclui análise de sintomas tanto de excesso quanto de déficits e atrasos em
atingir os marcos esperados para respectiva idade. Por exemplo, o transtorno do
espectro autista somente é diagnosticado quando os déficits característicos de
comunicação social são acompanhados por comportamentos excessivamente
repetitivos, nteresses restritos e insistência em mesmas coisas.
Não existe cura para Transtornos de Neurodesenvolvimento. O
tratamento para transtornos do neurodesenvolvimento incluem abordagem para
reduzir danos e melhorar a parte cognitivo-comportamental.

Os Transtornos do Neurodesenvolvimento incluem as Deficiências


Intelectuais, os Transtornos da Comunicação (Transtorno da Linguagem,
Transtorno da Fala, Gagueira, Transtorno da Comunicação Social, Transtorno
da Comunicação sem outras especificações), o Transtorno do Espectro Autista
(TEA), O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH –
Apresentação Combinada, Predominantemente Desatenta,,
Predominantemente hiperativa/impulsiva ), o Transtorno Específico da
Aprendizagem (com prejuízo na leitura, com prejuízo na escrita, com prejuízo na
matemática), os Transtornos Motores (Transtorno do Desenvolvimento da
Coordenação e Transtorno do Movimento Estereotipado), os Transtornos de

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Tique (Transtorno de Tourette, Transtorno de Tique Motor ou Vocal Crônico e
Transtorno de Tique Transitório) e Outros Transtornos do
Neurodesenvolvimento, com e sem especificações.

2.2 Autismo e suas origens

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Uma das principais características do TGD é um pequeno grau de


interação social, comportamento e comunicação, a complexidade dos sintomas
e a diversidade das explicações perpetuam até hoje. Diferentes autores
concordam em citar o autismo como uma questão que apresenta grandes
controvérsias, uma vez que engloba, dentro dos seus conceitos, uma gama
bastante variada de doenças com diferentes quadros clínicos que tem como fator
comum o autismo.
A primeira vez que a nomenclatura autista foi utilizada em 1906, por
Plouller, identificando como a perda de contato com a realidade que por
consequência acarreta uma dificuldade e até mesmo uma impossibilidade de
comunicação e interação social. (GAUDERER, 1997, p. 6).

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Arrisca-se até em afirmar que é um mundo impenetrável, o
relacionamento com uma pessoa com autismo é muito complexo e de difícil
compreensão e explicação. Por isso tanto divergências a respeito do próprio
conceito de autismo, vários pesquisadores entram em conflito quando visa à
conceituação deste transtorno, de forma que o estudo do mesmo é comparado
como se fosse uma pesquisa de antropológica em Marte. Sendo o autismo um
mundo desconhecido, sem um início e um fim, afirma também o autor que a
incidência poderia ser cinco vezes mais comum que a própria síndrome de Down
e três vezes mais comuns que os diabetes. (OLIVER, 1995, p. 09).
A necessidade de imutabilidade é uma das características típicas entre as
pessoas com autismo, que tem, diga–se de passagem, a fascinação por
movimentos circulares, repetição de movimentos incansavelmente como ficar
rolando caneta entre os dedos ascender e apagar a luz ou até mesmo ficar
observando o movimento de um ventilador durante horas.
Entretanto, os autistas têm uma ótima memória, gravando com muita
facilidade datas, nomes, fatos que são repetidos com precisão após um
determinado tempo semanas. Alguns dos movimentos dessas pessoas são
considerados estereotipados como sacudir as mãos, autoninar, girar objetos
compulsivamente. São ótimos também atividades como montagem de quebra-
cabeças, mas apresentam dificuldade se nessa tarefa for requerido compreender
o significado, como, por exemplo, compreender uma sequência de imagens que
contenham uma história. (PEETERS, 1998, p.10).

[...] eles sentem, ouvem e veem, mas seu cérebro administra estas
informações de maneira peculiar (por este motivo a definição do autismo
no Manual de Diagnostico e Estatística de Distúrbios Mentais - DSM IV
é relacionada com desajustes qualitativos na comunicação e interação
social (PEETERS, 1998, p.10).

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O autismo mesmo com os avanços tecnológicos não se pode chegar a


um diagnostico preciso, uma série de condições tem sido descritas e estudada,
visando assim uma maior compreensão do significado do ser autista. Conhecido
desde a década de 40 quando foi descrita por Leo Kanner que publicou em 1943
nos Estados Unidos em sua obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, que
identificou entre os autistas uma grande diferença entre os demais pelo
comportamento peculiar com dificuldade extrema de manter relações
interpessoais consistindo esse conjunto de sinais a relação direta com o quadro
de esquizofrenia. (GAUDERER, 1997, p.6).
Autores, como Barack, reforçam a ideia do déficit cognitivo, frisando que
o autismo tem sido, nos últimos anos, enfocado sob a ótica desenvolvimentista,
sendo relacionado à deficiência mental uma vez que cerca de 70 a 80% das
pessoas com autismo o são. No entanto, pela penetração e abrangência dos
conceitos, somos obrigados a nos reter ao autismo a partir de sua constelação
comportamental, para que possa ser explorado minuciosamente e para que
possam ser estabelecidas conexões causais dentro das possibilidades atuais
(BARACK, 1992, p 324).

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4. REFERÊNCIAS:

BELUJON, P.; E GRACE, A.A. (2017). Dopamine system dysregulation in


major depressive disorders. Internacional Jornal of Neuropsychopharmacology.
2012.
GAUDERER, E. C. (1997 - 2ª edição). Autismo. São Paulo: Revinter Ltda.
LOMBARDO, M. A. A. Eficácia e efetividade da ativação comportamental
para transtorno Depressivo maior: a resposta está dentro e no passado. Cap 2.
OLIVER, S. (1995). Um Antropólogo em Marte: Sete histórias paradoxais.
São Paulo: Companhia das letras.
PEETERS, T. (Janeiro- abril - 2007). Autism: From Theoretical
understanding to educational intervention. Whurr Publishers. Revista Científica
Brasileira de Informática na Educação V. 15, nº 01.
Publicação em Transtornos Psicológicos: Terapias Baseadas em
Evidências/ editores Paulo R. Abreu, Juliana H.S.S. Abreu- 1 ed – Santana de
Parnaíba [SP]: Manole, 2021.
SILVA, R.C.B. Esquizofrenia: Uma Revisão. Psicologia USP. 2006.
SOUZA, F. G. Tratamento da depressão. Braz. J. Psychiatry 21 (suppl 1).
Maio 1999.
GAUDERER, E. C. (1997 - 2ª edição). Autismo. São Paulo: Revinter Ltda.

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