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As cinco lições de psicanálise resumos

teoria e tecnica psicanalitica (Centro Universitário Jorge Amado)

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Baixado por Vitória Seci (vitoriaseciparizgabriel@gmail.com)
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AS CINCO LIÇÕES DE PSICANÁLISE – RESUMOS

1° LIÇÃO

As Cinco Lições da Psicanálise são um conjunto de textos que expõem o


conteúdo de cinco palestras que Freud apresentou para introduzir pela primeira vez sua
teoria nos Estados Unidos, em 1910. Este dado é importante, pois significa que a
Psicanálise é apresentada nessa série de textos de maneira introdutória e sintética,
contemplando desde a história da sua origem até os avanços e mudanças teóricas
desenvolvidas até aquele momento.
A Primeira Lição remonta os primórdios da Psicanálise, contando da experiência
de Freud com Dr. Breuer (um médico psiquiatra mais experiente, que trabalhava com
mulheres histéricas e que acolheu Freud no início de sua carreira) no trabalho conjunto
que tiveram com o caso considerado inaugural da Psicanálise, Anna O. e alguns outros
casos inaugurais da carreira de Freud.
Nesses textos, Freud julga que é importante ao sujeito que pretende entender a
Psicanálise, compreender toda sua trajetória teórica (erros, acertos e influências) para
que o raciocínio sobre o qual se amparou seja plenamente reconhecido, e não tomado
como uma crença. É por isso que relata tantas de suas experiências clínicas, pois são
elas o material que o leva a postular todas as suas teorias. Essa característica de Freud
enquanto autor aparecerá em muitos outros textos.
O caso Anna O.: É o caso de uma jovem moça, que mora com a mãe e as criadas
e que havia cuidado do pai doente. A paciente contava com uma série de sintomas
histéricos, como a hidrofobia relatada na Primeira Lição. Foi o primeiro caso a
apresentar uma melhora significativa por meio da técnica da “cura pela conversação” ou
“talking cure” desenvolvida por Dr. Breuer.
Histeria: Quadro mórbido encontrado, na época de Freud majoritariamente em
mulheres, em que sintomas corporais acontecem sem uma base orgânica,
anatomicamente correspondente. Isto é, em uma paciente que não consegue enxergar,
nada é encontrado de errado no exame clínico de seus olhos.
A técnica da “cura pela conversação”: Foi desenvolvida inicialmente por Dr.
Breuer por meio do método da hipnose no tratamento da histeria. A hipnose era usada
em uma tentativa de remontar a cena do surgimento do sintoma. Foi no caso de Anna O.
que tanto Freud, quanto Breuer, se dão conta da potência da fala na alteração de
sintomas histéricos e passam então, revolucionariamente, a ouvir suas pacientes e o que
elas tinham a dizer sobre sua doença. A partir deste caso, o sintoma passa a ser encarado
com um fator relacionado a história do sujeito, que tem um conhecimento fidedigno de
si mesmo.
O método da Hipnose: A técnica da hipnose fez com que fossem observados
diferentes estados de consciência, já que era capaz de provocar um estado de absence
(ausência) no sujeito. Durante este estado, a pessoa era capaz de revelar conteúdos que
não se recordava quando estava consciente, e que se mostravam intimamente

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relacionados a produção do sintoma, uma vez que quando estes conteúdos eram
verbalizados durante a hipnose, promoviam o desaparecimento ou alteração do sintoma.
Esta observação de diferentes níveis de consciência é o que levará Freud a,
posteriormente, conceber a ideia do Inconsciente, como afirma ao fim da Primeira
Lição.
A “Teoria dos Traumas” é desenvolvida a partir das experiências clínicas de Breuer, que
passa a trabalhar com a ideia de que um acontecimento muito intenso, em que o sujeito
não pode reagir de sua forma natural, produz um sintoma patológico. Este
acontecimento não externalizado da maneira apropriada é esquecido e passa a ser
chamado de “Trauma”, configurando a causa do sintoma.

2° LIÇÃO

Na Segunda Lição, Freud conta sobre as influências que teve de Charcot e Janet,
ambos médicos franceses que trabalhavam com histeria no Hospital Psiquiátrico de
Salpêtrière. Charcot foi o primeiro médico a usar a técnica da hipnose para provar que a
histeria não era uma farsa do doente e nem causada por problemas orgânicos nos órgãos
atingidos. Nos experimentos de Charcot se mostrava que, durante a hipnose, o órgão
atingido voltava a funcionar normalmente pela sugestão, porém, quando encerrada a
hipnose, o sintoma persistia de outras formas.
Janet foi um discípulo de Charcot, responsável por elaborar uma tese de que a
histeria teria causas no sistema nervoso, o que explicaria a não correspondência entre o
sintoma e a anatomia dos órgãos. É nesse ponto que, Freud, em sua observação clínica,
irá discordar de todos os outros médicos de seu tempo, pois conceberá que os processos
observados na histeria não eram próprios de degeneração do sistema nervoso, já que
suas pacientes dispunham de capacidades elevadas em diversas áreas não afetadas pelos
sintomas. Para Freud, a gênese da doença não é estritamente biológica.
Freud abandona o uso da hipnose por diversos motivos, dentre eles a
incapacidade de sugestionar todos os pacientes. Passa então a usar o método catártico
sem o uso da hipnose, sugestionando os pacientes em seu estado normal a falar tudo que
sabiam sobre as cenas patogênicas e os sintomas.
A partir do método catártico, Freud percebe que com certo grau de investimento,
memórias antes esquecidas podem ser retomadas à consciência do paciente, porém, não
sem uma força que resista a esse movimento. Essas observações permitem esclarecer: 1)
a existência de uma estrutura psíquica em que os acontecimentos esquecidos estão
armazenados – o inconsciente; e 2) um mecanismo psíquico que estabelece uma força
de repulsão de certos conteúdos do consciente, fazendo-os permanecer no inconsciente.
Essa força é chamada por Freud de resistência.
A repressão seria o mecanismo que anteriormente teria expelido o conteúdo
indesejado do consciente para o inconsciente.
A repressão permite que as ideias perturbadoras para o sujeito sejam retiradas da
consciência e esquecidas, mas os impulsos desejosos em torno desta ideia permanecem
atuando sobre o aparelho psíquico do sujeito. No lugar da ideia reprimida entra um

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substituto sobre o qual os impulsos desejosos podem se dissipar. Esse substituto é o


sintoma.

3ª LIÇÃO

Freud acreditava que os doentes sabiam o que supunham ter esquecido, posto
que na hipnose estes contavam estórias e traziam conteúdos. A partir disso, coloca de
lado a técnica da hipnose e “força” os pacientes a falar, apostando que o que fosse
associado livremente encaminharia para a chave do sintoma.
Quando Freud diz que não acreditava que uma ideia concebida pelo doente com
atenção concentrada (ou seja, a hipnose) fosse inteiramente espontânea, sem nenhuma
relação com a representação mental por ele procurada. Para ele este seria um conteúdo
que deveria ter alguma relação com a causa (etologia) do sintoma. A origem do sintoma
estaria nesta representação mental que se procura.
Duas forças contrárias atuantes: O sintoma não poderia ser idêntico à
representação mental do trauma pois existem forças contrárias na psique; uma que busca
trazer à consciência aquilo que já havia sido deslembrado pelo inconsciente e a outra era
a resistência, impedindo a passagem para consciente do elemento reprimido ou dos
derivados deste. Desta forma, o sintoma faz alusão àquilo que se procura, mas nunca é
idêntico.
Resistência: quanto mais forte for a resistência, maior é a deformação relativa
àquilo que se procura e se não fosse por ela o esquecimento se tornaria consciente sem
deformação. Portanto, quanto menor a deformação do conteúdo torna-se mais fácil,
desvendar o que está oculto ‘’graças’’ às forças que atuam como resistência.
Sintoma e pensamento aparecem no lugar do desejo reprimido, e Freud descobre
que eles têm a mesma origem, pois ambos são frutos da repressão. Lembremos: Freud
nos disse há pouco que existem duas forças contrárias na psique, uma que busca trazer
uma ideia à consciência e outra resiste, sendo assim, aquilo que surge como pensamento
seria na verdade um disfarce, uma alusão, tal como sintoma, ao desejo que o sujeito
reprime.
As ideias livres (aquelas que surgem pela via da associação livre) NUNCA
deixam de aparecer, a não ser que enfrentem resistência, daí a afirmação do doente
narrada por Freud de que já não resta mais nada a dizer. A associação livre é importante
porque conduz à origem do sintoma, devido a existência das duas forças contrárias da
psique.
Além do estudo relativo às divagações, a interpretação dos sonhos e o estudo dos
lapsos e atos casuais servem, também, para se alcançar o inconsciente.
A interpretação dos sonhos é o meio mais eficiente para se alcançar o
inconsciente, é a base mais segura da psicanálise. É campo onde pode por si mesmo
chegar a adquirir convicção própria, como maiores aperfeiçoamentos.
O sonho:
Na criança seria sempre a realização de desejos que o dia anterior lhe trouxe e
que ela não satisfez.

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No adulto tem um conteúdo ininteligível, aparentemente sem nenhuma


semelhança com satisfação de desejos, no entanto estes sonhos estão distorcidos, e o
processo psíquico correspondente teria originariamente uma expressão verbal muito
diversa.
Conteúdo manifesto do sonho é o que se lembra do sonho pela manhã, ou seja, é
a descrição do sonho.
O sonho manifesto (recordado e descrito): é uma realização velada de desejos
recalcados, logo, seriam conflitos.
Pensamentos latentes: existem no inconsciente e são eles que dão forma ao
conteúdo manifesto do sonho, pois Freud diz que o conteúdo manifesto é o substituto
deformado dos pensamentos latentes.
A elaboração onírica: meio para se estudar melhor os processos psíquicos que se
passam no inconsciente, mais exatamente entre dois sistemas psíquicos distintos,
consciente e inconsciente. Entre esses processos psíquicos destacam-se condensação e o
deslocamento.
A ansiedade é uma das reações do ego contra desejos reprimidos violentos,
sendo perfeitamente explicável a presença dela nos sonhos
Atos falhos são pequenas falhas (na fala, na escrita, etc.) comuns aos indivíduos
normais e neuróticos. É o esquecimento de coisas que os indivíduos deviam saber e que
às vezes sabem, de fato.
Para o psicanalista não existe nada insignificante, arbitrário ou casual nas
manifestações psíquicas. Temos fé no determinismo da vida mental (acreditamos na
vida mental e sua força sobre nossa casa, a psique)
A condensação é o resumo das ideias que têm pontos em comum e uma
analogia entre si.
O deslocamento consiste em transferir a energia de uma representação muito
carregada, a outra. É um fenômeno fundamental da substituição e também faz parte da
estrutura de qualquer sintoma. Uma caraterística importante é que o deslocamento não
anula o substituto, e sim o integra numa cadeia associativa (KUSNETZOFF, 1982,
p.168).
Freud se refere ao deslocamento como alusão e, portanto, este é o principal efeito pelo
qual um determinado conteúdo parece descentrado e estranho.
Segundo Cabral e Nick (2007), o deslocamento é um mecanismo de defesa,
caraterizado por: a) transferências de emoções ou fantasias do objeto a quem estavam
originalmente associadas para o substituto, b) transferência da libido de uma forma de
expressão para outra. Já a condensação consiste no processo de transferir um
sentimento, emoção ou desejo de um grupo de ideias para uma só ideia.
O segundo mecanismo é a condensação. Uma representação única que está
ligada a várias cadeias associativas produzidas pelo deslocamento. A condensação é o
resultado, enquanto o deslocamento é causa.

4ª LIÇÃO:SEXUALIDADE

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Freud mostra a importância da sexualidade nas patologias, enfatizando que a


vida sexual é a principal causa das neuroses. Discorre também sobre a
incompatibilidade da vida sexual com a sociedade, fato que está diretamente ligado as
origens das patologias, justamente a sexualidade.
A sexualidade infantil existe e é a partir da repressão de desejos nesta fase que
irão surgir os sintomas posteriormente. Essa, porém, não tem valor erótico, nem função
procriadora e a diferença de sexo ainda não tem papel decisivo.
Autoerotismo: busca de sensações agradáveis no próprio corpo por meio do
toque em zonas erógenas (lugares do corpo que proporcionam o prazer sexual).
A vida sexual infantil é desordenada, sempre em busca da satisfação de um
desejo. Esta passa por uma condensação e organização em duas principais direções, até
que no final da puberdade o caráter sexual definitivo está completamente formado. A
primeira está relacionada com o domínio da região genital e a subordinação dos
instintos, e desse momento surge a importância da função procriadora. A segunda
direção está atrelada a escolha de objeto, ocorre a “superação” do autoerotismo e os
instintos passam a satisfazer-se apenas na pessoa amada. Porém, nem todos os impulsos
parciais se sujeitam à soberania da zona genital, como no caso da perversão,
caracterizada pela substituição da finalidade sexual normal pela sua própria.
O desenvolvimento sexual é um processo no qual há repressão, advinda da
submissão e proibição imposta às crianças. A propensão à neurose deve provir de uma
perturbação neste desenvolvimento.
A escolha objetal: “A criança toma ambos os genitores, e particularmente um
deles, como objeto de seus desejos eróticos” (FREUD, 1910) – figura criadora como
objeto de desejo erótico:
filha toma como objeto o pai, desejando o lugar da mãe;
filho toma como objeto a mãe, desejando o lugar do pai.
A partir da escolha do objeto, o autoerotismo dá lugar a sexualidade genital.
O triângulo edípico (pai-mãe-filho/a), repleta de ternura e hostilidade, forma um
complexo nuclear de cada neurose. Este complexo está destinado à repressão, mas
continua a agir no inconsciente com intensidade e persistência. “Porém, a libido não
permanece fixa neste primeiro objeto: posteriormente o tomará apenas como modelo”.
(FREUD, 1910) Ocorre o deslocamento do objeto de desejo para alguém além do
triângulo, com esta pessoa que ocorre o verdadeiro prazer sexual.

5ª LIÇÃO

Cria-se o sintoma a partir da falta de satisfação. Através dele se encontra uma


satisfação substituta.
Resistência à cura: ego se recusa a desfazer o recalque. A dificuldade de se
desligar do sintoma está no fato de que ele atende parte do consciente (repressão) e

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parte do inconsciente (desejo), ambas “temem” abrir mão do sintoma e perder a


satisfação parcial que este lhes proporciona.
Regressão no sintoma: proporciona ao sujeito um prazer imediato por meio do
retorno à época em que ainda havia a possibilidade da realização do desejo – a infância.
A neurose é um dos caminhos para se fugir de uma realidade insuportável para o
sujeito, posto que este não obteve a realização dos desejos.
Transferência: É o mecanismo fundamental de cura. Doente consagra ao médico
uma série de sentimentos afetuosos ou hostis, que provêm de antigas fantasias tornadas
inconscientes.
Paciente revive conteúdos inconscientes na relação com o médico e é na
transferência que toma consciência do mesmo, elaborando-os. Ocorre não só na relação
com o médico, mas em todas as relações humanas.
Crítica à Psicanálise: esta poderia trazer os desejos sexuais reprimidos à tona (no
consciente). Porém, um desejo inconsciente tem muito mais força do que quando é
consciente. “O tratamento psicanalítico coloca-se assim como o melhor substituto da
repressão fracassada, justamente em prol das aspirações mais altas e valiosas da
civilização”. (FREUD, 1910)
Há 3 destinos para o desejo:
Satisfação – vivência do desejo
Repressão – mecanismo que impede conteúdos insuportáveis adentrarem a
consciência.
Sublimação – uso da energia do desejo em outras atividades (socialmente
aceitas).

Central de Vendas

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