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UNINOVE NOVE DE JULHO

DEPARTAMENTO DE SAÚDE III


CURSO DE PSICOLOGIA

ANA JULIA PORTO LANDIM RA: 923103355


GABRIELA DE LIMA MEJIA RA: 921113052
GABRIELA NOJOSA BARBOSA RA: 921116078
JULIANA VIVIAN DOS SANTOS RA: 921112950
LARISSA BARBOSA REIS RA: 921111021
LUANA DA SILVA BARROS RA: 921114009
MARIA ISABELA ALVES DOS SANTOS RA: 921112144
MARGARETH BARROS TAVARES RA: 921107045
MARTA DE SOUZA OLIVEIRA RA: 921108502
RAUL RAMOS RA: 921112895
SABRINA DE SEVERGNINI VIEIRA RA: 921111429
STEFANY DE OLIVEIRA CALISTO RA: 921115314

5.º Semestre – Noturno Memorial

Relatório Parcial – Associação Livre

São Paulo

2023
1.INTRODUÇÃO

A associação livre é uma técnica desenvolvida por Freud, mas, de acordo


com Laplanche e Pontalis (2004, p. 38), não foi possível definir uma data exata para
a descoberta desta técnica. Ela foi obtendo sua evolução entre 1892 e 1898 e
permitiu, a partir de sua aplicação, o desenvolvimento da própria psicanálise. Ao
estudar de forma mais profunda sobre a histeria no período de 1893-1895, Freud
vivenciou alguns casos de suma importância para compreensão dos métodos da
psicanálise utilizados para tratamento de psicopatologias. Antes da associação livre,
Freud utilizava a hipnose, técnica que aprendeu com o neurologista Jean-Martin
Charcot, como técnica para tratar as histéricas e seus sintomas, a maioria
conversivos.

No início, Freud concordara com o médico francês, levando a sério seus


métodos e os utilizando em sua clínica, porém começou a especular de que a causa
da histeria teria origem em outro âmbito, desconsiderando uma compreensão
anatômica anatômico da patologia histérica e passando a investigar sua etiologia na
psique das pacientes.

Procurarei mostrar que pode haver modificação funcional sem lesão


orgânica concomitante, ao menos, sem lesão nitidamente perceptível até a
mais minuciosa análise. Em outros termos, darei um exemplo apropriado de
alteração funcional primitiva; e, para isso, não peço mais que permissão
para passar à área da psicologia, inevitável quando se trata de histeria.
(Freud, 1893, p. 207)

Freud juntamente com Breuer entre 1892 e 1898, em Estudos sobre a


Histeria, experienciou o caso mais emblemático, o de Anna O. Freud a considerou a
primeira paciente tratada já com a técnica oriunda da psicanálise, pois de acordo
pela própria paciente havia sido curada pela talking cure (cura pela fala). Freud e
Breuer divergiam sobre a etiologia da histeria, enquanto o segundo acreditava se
tratar uma patologia biológica, Freud a definia sua origem psíquica. Breuer primava
pelas técnicas hipnóticas e catárticas, e Freud somatizados no corpo pela histeria,
porém, durante o processo terapêutico de Bertha Pappenheim (chamada Anna Ó), a
paciente conquistou um espaço de fala maior a cada sessão, sendo que a própria se
considerou curada pelo que nomeou da técnica talking cure.
Freud estava ciente da importância de reconstruir os vínculos entre as
associações representacionais. Da mesma forma, a descoberta de uma relação
causal entre essas associações possibilitou-lhe um olhar dinâmico sobre a psique e,
assim, uma intervenção terapêutica. Freud descobriu que, se fizesse com que seus
pacientes trouxessem os conteúdos à análise por conta própria, ele se aproximaria
mais daquilo que estava oculto.

Segundo Laplanche e Pontalis: “Essa ‘liberdade’ acentua-se no caso de não


ser fornecido qualquer ponto de partida. É nesse sentido que se fala de regra de
associação livre como sinônimo de regra fundamental” (2004, p. 39).

Sendo assim, a associação livre visa acessar o inconsciente do paciente,


permitindo que pensamentos, memórias, sentimentos e imagens ocultos ou
reprimidos surjam à consciência. Essa abordagem se baseia na premissa de que
nossos pensamentos conscientes são apenas a ponta do iceberg, enquanto a maior
parte da nossa psique permanece oculta em nosso inconsciente.

Diga, pois, tudo que lhe passa pela mente. Comporte-se como faria, por
exemplo, um passageiro sentado no trem ao lado da janela que descreve
para seu vizinho de passeio como cambia a paisagem em sua vista. Por
último, nunca se esqueça que prometeu sinceridade absoluta, e nunca
omita algo alegando que, por algum motivo, você ache desagradável
comunicá-lo. (Freud, 1913, p. 136).

Durante uma sessão de associação livre, o terapeuta convida o paciente a


falar livremente sobre qualquer pensamento, imagem ou sentimento que venha à
mente, sem censura ou filtragem. O paciente é encorajado a expressar-se
espontaneamente, sem se preocupar com a lógica, a coerência ou o julgamento
social. O objetivo é permitir que conteúdos inconscientes se manifestem, revelando
aspectos ocultos da psique e trazendo à tona possíveis conflitos, traumas ou
desejos reprimidos.

A associação livre pode ocorrer de duas maneiras principais: livremente


verbalizada ou por meio da livre associação de palavras. Na primeira abordagem, o
paciente fala livremente, seguindo seus próprios pensamentos e associações
internas. Na segunda abordagem, o terapeuta apresenta uma palavra ou frase e o
paciente deve responder com a primeira palavra ou pensamento que vier à mente,
sem censura ou análise racional.
A associação livre pode revelar padrões recorrentes de pensamento, reações
emocionais ou até mesmo revelações surpreendentes sobre o inconsciente do
paciente, promovendo a compreensão e a cura emocional.

2.DISCUSSÃO

Como já dito, associação livre é uma técnica fundamental na prática clínica da


psicanálise e surgiu após uma das pacientes de Freud, Emmy Von N., pedir para
que ele parasse de interferir em seu discurso com perguntas e apenas a deixasse
falar e contar o que quisesse. É isso que confirmamos pelo vídeo da psicanalista
Paula Mancebo, a qual traça a invenção ou constatação da associação livre como
um substitutivo às técnicas tidas como pré-psicanalíticas.

A referida psicanalista também confirma que a associação livre é a única


regra que Freud diz ser fundamental na análise, que consiste no processo do
paciente expressar livremente os pensamentos e sentimentos que aparecem em sua
mente, durante a análise. Essa técnica tem como objetivo acessar e compreender os
conteúdos do inconsciente presentes na mente do indivíduo, permitindo uma
exploração mais profunda de seus conflitos, desejos ou memórias reprimidas.

A associação livre funciona como uma forma de superar as barreiras


defensivas do Eu, contornando suas defesas, suas resistências, e acessando o
conteúdo inconsciente. Durante o processo da associação livre na clínica, o papel do
analista é ser um ouvinte ativo sem dar relevância de maneira a priori para qualquer
conteúdo compartilhado, permitindo que a fala seja expressa de forma livre e sem
julgamentos. O analista analisa e interpreta as conexões entre os conteúdos
expressos pelo paciente, revelando padrões inconscientes. Além disso, o analista
também busca deixar claro os significados ocultos por trás da associação livre,
promovendo a compreensão das origens dos conflitos e traumas.

Assim, no vídeo da Paula Mancebo visto em aula, entende-se a extrema


importância da transferência entre o analista e analisando e que isso terá
implicações na associação livre do paciente, pois é a partir do estabelecimento
dessa relação transferencial que o analisando irá poderá entrar no processo de se
desprender do consciente e da sua resistência, o que facilitará a associação livre.
Essa técnica é o principal caminho para investigar os sintomas e identificar suas
raízes psicológicas.

Além disso, a associação livre ajuda o paciente a não se manter numa zona
de conforta, para onde é natural voltarmos; nossa forma de se expressar
habitualmente, de pensar e de ficar tentando achar respostas conscientes para
todas as questões atrapalhando uma narrativa livre que pudesse permitir a
aparecimento de conteúdos inconsciente e, portanto, permitir ao analista acessar os
conteúdos recalcados. Considerando isso, a associação livre atua em alguns
momentos e outros não, isto é, impossível associar totalmente de forma livre, porém,
por ser um horizonte da maneira como se deve falar, ela se faz presente em
determinados momentos.

É importante saber interpretar o conteúdo manifesto, ou seja, o que o


paciente expressou, e o conteúdo latente, que são as manifestações não
explicitadas, muitas vezes originadas no inconsciente.

A psicanalista Paula Mancebo também menciona o divã como uma outra


técnica que pode contribuir para que o paciente se sinta mais à vontade e deixe o
seu Eu protagonista um pouco de lado na hora da análise. Isso porque estar deitado,
ficando possivelmente mais relaxado, não ter que acompanhar os olhares do
terapeuta ou ficar investigando as expressões que este faz a procura de aprovação
ou julgamentos, poder olhar para um horizonte, tudo isso permite um afrouxamento
das resistências e do controle ativo do que é narrado.

A associação livre é uma ferramenta terapêutica que promove a reflexão


sobre os padrões de pensamento e comportamento, a tomada de consciência e a
resolução de conflitos internos. Ela permite que o paciente revele aspectos
profundos de sua psique, auxiliando na transformação pessoal. Além disso, a
associação livre possibilita que impulsos venham à tona, facilitando sua
compreensão. Também pode desencadear a recuperação de memórias, muitas
vezes relacionadas a eventos traumáticos, permitindo seu processamento e
resolução.

3.CONCLUSÃO
Por tudo exposto acima, fica evidente a centralidade da técnica de associação
livre para a prática clínica da psicanálise, não sendo exagero dizer que o
estabelecimento da associação livre junto com a regra fundamental de o paciente
nada omitir, excluir ou escolher durante o transcurso de sua fala, são pilares sobre
os quais a psicanálise se desenvolveu.

É na fala dos pacientes com momentos de rupturas, interrupções, trocas de


palavras, aparentes mudanças de assuntos; é nas tramas do discurso associativo
que vai surgindo o conhecimento sobre o inconsciente do sujeito, que um desenho
da dinâmica do desejo e do próprio psiquismo aparece e se permite ser interpretado.
Uma metáfora interessante de se pensar seria quando colocamos uma moeda sob
uma folha de papel e com um grafite fazemos surgir (decalcamos) no papel a
imagem que está na moeda. A fala em associação livre é o grafite, o qual vai se
defrontando com resistências, reentrâncias, obstáculos e, assim, a partir dessa
fricção, é possível ver surgir uma imagem do que está sob a folha, é possível
alcançar, mesmo que não de maneira totalmente fidedigna, uma representação do
que é inconsciente e estará sempre por de baixo da “folha”, sob os efeitos do
recalcamento.

FONTES:

Associação Livre. Psicanálise clínica, 2018. Disponível em:


https://www.psicanaliseclinica.com/metodo-da-associacao-livre-em-psicanalise/.
Acesso em: 28/06/2023

CARVALHO, V. O.; HONDA, H. Fundamentos da associação livre: uma valorização


da técnica da psicanálise. Analytica, São João del Rei, v. 6, n. 10, p. 46-56, jun.
2017.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J-B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins


Fontes, 2004.

MANCEBO, Paula. Associação Livre: a única regra fundamental da psicanálise.


Youtube, 21/06/2021.

WITTGENSTEIN, L. Conversas sobre Freud. In: WOLLHEIM, R. (Org.). Freud. Rio


de Janeiro: Artenova, 1976. (Uma Coletânea de Ensaios Críticos).

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