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FACULDADE UNINASSAU - PITUBA

PSICOLOGIA – 3º PERÍODO – MANHÃ


DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE

AGNES MICHELE BERNARDO RAMOS

UM BREVE RESUMO SOBRE


AS CINCO LIÇÕES DE FREUD

SALVADOR
2022
SUMÁRIO

1. O LIVRO CINCO LIÇÕES DE PSICANÁLISE ............................................ 3


2. LIÇÃO 1 – A HISTERIA .............................................................................. 3
3. LIÇÃO 2 – A REPRESSÃO ........................................................................ 5
4. LIÇÃO 3 – OS CHISTES E OS ATOS FALHOS ......................................... 6
5. LIÇÃO 4 – SINTOMAS E SEXUALIDADE .................................................. 7
6. LIÇÃO 5 – A RECAPITULAÇÃO E A TRANSFERÊNCIA ........................... 7
1. O LIVRO CINCO LIÇÕES DE PSICANÁLISE

O livro publicado em 1910 com o nome “cinco lições de psicanálise” é fruto


de uma série de palestras que Sigmund Freud forneceu nos Estados Unidos, em
1909.

O objetivo destas palestras era discutir os casos clínicos para a classe


não médica, demonstrando a eficácia das suas técnicas de tratamento mental
com as teorias da psicanálise.

Assim, esta obra foi dividida em cinco partes, pois foi organizada para
apresentar o que o tema do livro propõe que é as cinco lições da psicanálise,
sendo elas:

Lição 1: A histeria

Lição 2: A repressão

Lição 3: Os chistes e os atos falhos

Lição 4: Sintomas e sexualidade

Lição 5: A recapitulação e a transferência

2. LIÇÃO 1 – A HISTERIA

A primeira lição que Freud aborda em sua conferência remete sobre o


caso de uma jovem de 21 anos chamada Anna O. que apresentava um quadro
de histeria, identificado em um estudo clínico do Dr. Joseph Breuer.
Anna O. apresentou alterações de comportamento, enquanto cuidava do
seu pai que estava doente, tendo de início uma tosse intensa e, em seguida,
apresentou outros sintomas físicos como paralisia dos membros, alterações da
visão, audição e na fala, dificuldades de ingerir alimentos, beber água, além de
ter lapsos de memória e alucinações.

O método de trabalho do Dr. Breuer ficou conhecido como “método


catártico”, que se resume em escutar o paciente enquanto sofre para investigar
melhor as suas dores e buscar as emoções reprimidas, trazendo memória
recente até as mais antigas, podendo chegar até a infância.

Para esta escuta, enquanto Anna O., estava em estado de ausência, o Dr.
Breuer a colocava sob hipnose, incentivando as ideias das palavras, ao ponto
que e Anna O. contava seus desvaneios e fantasias que acabavam atingindo
suas emoções mais profundas que descarregava, tendo um alívio imediato.

Essa busca pelas razões das atitudes de Anna O., trouxe à tona, enquanto
ela estava sob hipnose, a descoberta, por exemplo, porque ela sofria de
hidrofobia, que a fazia não desejar beber água, onde foi descoberto na
investigação do Dr. Breuer que a paciente recordou que ela viu o seu cachorro
bebendo água no seu copo, e como tinha repugnância ao cachorro, neste
momento que viu ele bebendo água a deixou muito nervosa, e como ela reprimiu
o sentimento, na época, acabou se manifestando através de fontes de excitação
psíquica, como chamado por Freud, na sua fase adulta.

Na visão do Dr. Breuer, como a Anna O. estava muito exausta


mentalmente por estar cuidando do seu pai, algumas situações na infância
retornaram para a sua memória a ponto de ela agir, por exemplo, sem querer
beber água, fruto de ocorrências da sua infância.

Com base neste estudo, Freud e Breuer confirmam que na origem da


histeria, existe uma ou mais experiências traumáticas, que estavam represadas
e geram sintomas mesmo que em momentos futuros, por isso a técnica a ser
aplicada é percorrer os eventos mais recentes aos antigos para achar a causa,
enquanto o paciente estiver em hipnose.
3. LIÇÃO 2 – A REPRESSÃO

Na lição 2, Freud discute três aspectos principais, sendo: o abandono da


hipnose; a observação da força de resistência como uma espécie de
contrapartida contra o recalque e; a relação do sintoma do recalque.

Para entender esses três aspectos, a iniciar do abandono da hipnose,


Freud passou a descordar da hipnose como única técnica, porque muitos
pacientes não conseguiam ser hipnotizados e outros quando conseguiam, ao
estarem no momento de relembrarem o que originava a neurose, acabavam
despertando e não conseguiam descobrir a causa.

Neste momento, Freud passa a usar o método chamado de “técnica de


pressão”, onde o paciente, em consciência, é estimulado a relembrar a causa,
através da insistência, até mesmo afirmando ao paciente que ele recorda sim e,
caso necessário, se colocava a mão na testa do paciente, para gerar a
autoridade do psicanalista como um estímulo encorajador para relembrar a
causa.

Essa pressão, é feita sem a hipnose, buscando que a lembrança seja


alcançada e por isso tinha que ser sob pressão para superar a força da
resistência, já que algumas causas não seriam relembradas, naturalmente,
precisando assim de uma força contrária, chamada essa força de recalque, por
se opor a lembrança dos episódios traumáticos.

Na visão de Freud, o paciente era induzido a falar o que não sabe e


quando ele tocasse na testa do paciente, este teria a lembrança correta do que
foi esquecido.

Essa necessidade de pressão se dá porque deduz-se que algo nos


impede de recordar porque a recordação pode trazer algum tipo de sofrimento,
de conflito na consciência, e para que não sinta dor, ocorre essa resistência.
Mas, ao aplicar a pressão contra essa resistência, existe uma força maior que é
a força de recalque, ou seja, sob pressão, o paciente é conduzido a relembrar o
conflito psíquico.
4. LIÇÃO 3 – OS CHISTES E OS ATOS FALHOS

Na lição 3, Freud aborda as limitações da técnica da hipnose e da


pressão, onde passa a considerar, como premissa, o determinismo psíquico,
acreditando que tudo tem sua causa e por isso deve investigar essa causa,
postulando que não existe nada que ocorra de modo espontâneo, tendo alguma
razão anterior que determinou.

Assim, Freud apoia a ideia de uma associação livre, onde se permite o


paciente falar tudo o que vem a sua mente, insistindo nessa cadeia investigativa
de pensamentos, mas pontua que existe uma resistência que impede que as
lembranças venham à tona.

Freud aborda que, na análise, tudo o que o paciente falar é importante,


pois os pensamentos variados, que são essas associações livres, contribuem
para compreender a causa da neurose. Por isso, até mesmo os chistes, que são
comentários que parecem piadas, trazem uma ajuda para essa análise.

Um exemplo prático do chiste, abordado por Freud, é a história de dois


comerciantes que enriqueceram rápido, de modo ilícito, onde estes
comerciantes, buscando reconhecimento da sociedade, pintaram dois quadros
e convidaram as pessoas para admirarem as pinturas, além de chamarem um
crítico de arte para comentar o que achou dos quadros. Quando o crítico abordou
sua visão, de modo sarcástico, perguntou onde estava o redentor, tentando, por
uma piada (chiste), falar onde está o cristo, já que no meio dele existem dois
impostores, ou seja, no meio da piada existia uma verdade que o crítico queria
dizer, o que na psicanálise é conhecido como um pensamento substitutivo, pois
invés de chamar os comerciantes de ladrões, usou dessa expressão para
externar seu sentimento, sendo uma alusão que funciona como um desabafo ao
querer dizer que eles eram ladrões.

Apesar de defender a técnica de associações livres, Freud considera que


não é o único meio de se atingir o inconsciente, mas pode ser usado também a
técnica de interpretação de sonhos, além dos lapsos e atos falhos, onde revelam
uma espécie de brecha que o inconsciente consegue revelar.
A exemplos do estudo dos sonhos, Freud aborda que os sonhos são uma
realização disfarçadas dos desejos, por existir um conteúdo latente, pois estes
sonhos trazem desejos ocultos e reprimidos e, quando o ego está dormindo, há
uma maior tolerância aos desejos do que quando o paciente está na vigília.

5. LIÇÃO 4 – SINTOMAS E SEXUALIDADE

A quarta lição de Freud trata a influência da sexualidade na causa das


neuroses e a consequência que a sexualidade infantil tem na formação das
neuroses adultas.

Na conferência, Freud aborda que essa teoria da sexualidade como causa


da neurose não foi invenção da sua cabeça, mas sim mediante observação e
estudos clínicos, tanto dele, como de demais pesquisadores da época.

Freud pontuou a dificuldade de conseguir coletar informações dos pacientes


sobre o tema sexualidade, principalmente dos homens e, pontuou que para
conseguir achar a origem da neurose, somente com a descoberta das
lembranças, muitas vezes, da infância, para adquirir o poder de afastar os
sintomas da neurose.

Assim, nesta lição Freud aponta que a sexualidade é o fator causador das
neuroses e a sexualidade infantil é a causa raiz da neurose adulta, onde deve-
se entender que a sexualidade infantil é aquilo que traz prazer ao corpo da
criança, não o sentimento genital, mas uma sensação agradável, como chupar
dedo, chamando esse sentimento de autoerotismo.

Por isso, Freud aponta que o objetivo do tratamento psicanalítico pode ser
visto como um momento de tirar todos os traumas que o paciente pode ter tido
na infância pela má formação da sua sexualidade infantil, muitas vezes sendo
reprimido a sentir os prazeres sexuais e mesmo genitais.

6. LIÇÃO 5 – A RECAPITULAÇÃO E A TRANSFERÊNCIA

A quinta lição de Freud comenta que a neurose está ligada ao paciente


desejar se afastar da realidade externa pelo motivo de sentir frustrado com essa
realidade externa, por não ter encontrado algum tipo de satisfação das suas
necessidades sexuais, nesse ambiente; entendendo necessidade sexual como
o prazer e não a relação sexual.

Por isso, considera-se que o neurótico é um indivíduo frustrado, por


desejar se afastar da realidade exterior, buscando mergulhar, através de
fantasias, como espécie de mecanismo compensatório que pudesse realizar os
seus desejos, ou seja, buscando uma satisfação substituta.

Freud também aponta a dificuldade do paciente de se libertar, atribuindo


essa dificuldade a dois aspectos, sendo: dificuldade do ego de se desfazer do
recalque; e dificuldade de abandonar o sintoma, por acabar sentindo prazer pela
fantasia criada.

Neste processo, o paciente pode se envolver com um sintoma chamado


de transferência, que é uma série de sentimentos que o paciente deposita em
seu médico, mediante resistência apresentada pelo indivíduo durante
a análise psicanalítica, tendo diversos sentimentos que misturam fantasias,
hostilidade e também afeto.

Por fim, para Freud, a solução para sair da neurose seria o mecanismo de
sublimação, que é outros meios para que os desejos sejam satisfeitos sem ser
contrário as regras sociais, ou seja, o uso da energia do desejo em outras
atividades (socialmente aceitas), evitando a perversão.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Cesar. Resenha de “Cinco Lições de Psicanálise (1910[1909])” de Freud. Disponível


em:https://cesarassis.medium.com/resenha-de-cinco-li%C3%A7%C3%B5es-de-
psican%C3%A1lise-1910-1909-de-freud-91ea48d5c634. Acesso em: 10 abri. 2022.

EYGO, Hudson. 5 Lições de Psicanálise: um retorno à gênese freudiana. Disponível em:


https://encenasaudemental.com/cinema-tv-e-literatura/5-licoes-de-psicanalise-um-
retorno-a-genese-freudiana/. Acesso em: 10 abri. 2022.

PSICANALISE CRITICA. Cinco lições de Psicanálise: resumo de Freud. Disponível em:


https://www.psicanaliseclinica.com/cinco-licoes-de-psicanalise. Acesso em: 11 abri.
2022.

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