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DISCIPLINA: TEORIA PSICANALÍTICA.

PROFESSOR: FLÁVIO R. PROVAZI

3ª Aula:

Tema de discussão:

A descoberta do inconsciente:

• Repressão; resistência e formação de sintomas.

REFERÊNCIA:

FREUD, S. Cinco Lições de Psicanálise: Segunda Lição (1912). In: Obras Completas
de S. Freud (volume XI), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.

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Nesta sessão do seminário, segunda lição, Freud expõe que ao mesmo tempo
em que Breuer praticava a cura de conversão com sua paciente, o “grande
Charcot”, em Paris, iniciava suas investigações com as histéricas de Salpêtrière,
onde havia de surgir uma nova concepção de enfermidade.

Freud menciona que Charcot não era propenso a concepções psicológicas, mas
seu discípulo Pierre Janet, debruçou-se nos processos psíquicos particulares da
histeria, tomando a divisão da mente e a dissociação da personalidade como
ponto central da teoria.

Janet leva em conta as ideias predominantes da França sobre o papel da


hereditariedade e da degeneração, sendo a histeria então, uma forma de
alteração degenerativa do sistema nervoso que se manifesta pela fraqueza
congênita do poder de síntese psíquica.

Os pacientes histéricos seriam, então, incapazes de manter um todo a


multiplicidade dos processos mentais, e daí a dissociação psíquica.

Contudo, essa fraqueza emocional dos pacientes histéricos, pode-se observar,


fenômenos de capacidade diminuída e outros de certa forma compensatórios,
como exemplo paciente de Janet que esquecera a língua materna e só recordava
do inglês a ponto de com facilidade traduzir um livro em alemão.

Quando Freud prosseguia sozinho as pesquisas iniciadas por Breuer, foi levado
a outro ponto de vista a respeito da dissociação histérica, a divisão da
consciência. Nesse sentido diverge com Janet, ao passo que não atribuiu a
divisão psíquica à incapacidade inata para síntese da parte do aparelho psíquico,
mas sim pela dinâmica constante de conflito de forças mentais contrarias que
resulta em uma luta ativa de dois agrupamentos. Observa-se assim uma
regularidade do eu se defender de recordações penosas, sem que isso produza
a divisão psíquica.

Freud admitiu que o método hipnótico se tornou enfadonho, como recurso incerto
e místico. Percebeu também, que mesmo com muitos esforços conseguia
hipnotizar apenas uma pequena parte dos pacientes, e, que as experiências dos
hipnotizadores de Nancy, indicavam que os participantes se recordavam de atos
realizados sob sonambulismo hipnótico.

Com isso, ele abandona o uso da hipnose, tornando o procedimento catártico


independente a ele, que consistia em uma técnica da pressão para impulsionar
seus pacientes a relatarem conteúdos desagradáveis que julgavam não lembrar.
Com a fala aberta e não concentrada como na hipnose, as pacientes de Freud
começam a falar sobre o que as afetam.

Logo, através do procedimento catártico (de limpeza, purificação) Freud,


percebe a resistência do paciente trazer a consciência o olvidado na memória,
“jaziam do poder do doente e prontas e ressurgir associação com os fatos ainda
sabidos, mas alguma força as detinha, obrigando-as a permanecer inconsciente.

Neste momento Freud se depara cada vez mais, com um fenômeno muito
contundente, a resistência1.

Em conferência Freud apresenta o afeto patogênico e os mecanismos de defesa


da personalidade, a repressão e a resistência e suas ligações intrínsecas. Freud
descreve o afeto patogênico, em analogia a um suposto perturbador da
conferência que impedia, através de deboches e risos, a continuidade do
seminário. Diante o inconveniente do perturbador (o afeto patogênico2), três viris
homens, o retiram do recinto (repressão3), o perturbador ofendido tenta retornar
(o reprimido, o recalcado), com isso os viris homens colocam cadeira impedindo
a entrada dele (resistência). Assim, Freud destaca também a topografia do
psiquismo, o recinto da conferência é a parte consciente, e a parte de fora, onde
o perturbador fora atirado, o inconsciente. O sintoma acontece quando o
perturbador do lado de fora, ofendido, passa a perturbar a ponto de colapsar as
atividades da conferência (consciente). Com essa perturbação permanente
(pressão de retorno de afeto patogênico), o reitor da universidade(psicanalista)

1RESISTÊNCIA: Chama-se resistência a tudo o que nos atos e palavras do analisando, durante o tratamento
psicanalítico, se opõe ao acesso deste ao seu inconsciente. Por extensão, Freud falou de resistência à
psicanálise para designar uma atitude de oposição às suas descobertas na medida em que elas revelavam
os desejos inconscientes ao homem um “vexame psicológico”
2 AFETO: termo que a psicanálise exprime para qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável.
3 REPRESSÃO OU RECALCAMENTO: Em sentido amplo: operação psíquica que tende a fazer desaparecer

da consciência um conteúdo desagradável ou inoportuno.


fora chamado, e, prestou papel de conciliador da relação do indivíduo
perturbador com a conferência (consciência).

Nesse sentido, Freud destaca o sintoma como resultado da luta de duas forças,
o impulso de satisfação inconsciente da libido contra a proteção do recalque,
como forças exercem seu imperativo no mesmo momento, até que o sofrimento
que as forças provocam, levam o indivíduo a buscar de uma solução. A
repressão ou recalcamento é o principal mecanismo de defesa utilizado pelo
neurótico. Ele procura repelir ou manter inconsciente as representações ligadas
à pulsão. Desejos ou necessidades provocadoras “de prazer em si mesmas “,
mas que provocariam desprazer no consciente. O recalque é também o principal
mecanismo de defesa da histeria. Quando o desejo que permanece no
inconsciente não foi recalcado de forma efetiva, ele continua fazendo pressão,
exigindo satisfação. Foi denominado de retorno do recalcado, esse material
reprimido, o qual continua a pressionando por satisfação, gerará conflito no
consciente, conflito este que, afastado da consciência, se torna gerador de
ansiedade. O sintoma é a formação de compromisso que tende conciliar o desejo
reprimido com a instância repressora.

A partir do conceito de resistência, ele abandona o método da pressão, da


catarse, e, baseado no conceito de determinismo psíquico estabelece a livre
associação, como regra principal da psicanálise.

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RESISTÊNCIA: Chama-se resistência a tudo o que nos atos e palavras do
analisando, durante o tratamento psicanalítico, se opõe ao acesso deste ao seu
inconsciente. Por extensão, Freud falou de resistência à psicanálise para
designar uma atitude de oposição às suas descobertas na medida em que elas
revelavam os desejos inconscientes ao homem um “vexame psicológico”
REPRESSÃO OU RECALCAMENTO: Em sentido amplo: operação psíquica que tende a fazer desaparecer da
consciência um conteúdo desagradável ou inoportuno.

RECALQUE OU RECALCAMENTO: No sentido próprio. Operação pela qual o


sujeito procura repelir ou manter no inconsciente representações (pensamentos,
imagens, recordações) ligadas a uma pulsão. O recalque produz-se nos casos
em que a satisfação de uma pulsão — suscetível de proporcionar prazer por si
mesma — ameaçaria provocar desprazer relativamente a outras exigências. O
recalque é especialmente patente na histeria, mas desempenha também um
papel primordial nas outras afecções mentais, assim como em psicologia normal.
Pode ser considerado um processo psíquico universal, na medida em que estaria
na origem da constituição do inconsciente como campo separado do resto do
psiquismo.

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