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2024
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Palavras-chaves: Psicanálise; A cura; Atualidade; Efetividade; Metodologias.
INTRODUÇÃO
Portanto é a partir da neurologia, das ciências médicas, que Freud começa sua
formação acadêmica. A neurologia (de neûron, “nervo”, e logia, “estudo”) é uma
especialidade da medicina que lida com o diagnóstico e tratamento de condições e
doenças relacionadas ao Sistema Nervoso Central (encéfalo e medula espinal), ao
Sistema Nervoso Periférico (nervos e músculos), e aos seus envoltórios (meninges). No
século XIX, a neurologia era marcada pela primazia dos processos orgânicos, pelo
localismo das funções cerebrais, e pelo maior interesse no diagnóstico post mortem, por
meio de autópsia.
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demonstrado, por meio da hipnose, que os sintomas histéricos não tinham causa
orgânica. Também reforçou o entendimento que a histeria não era de exclusividade das
mulheres – já que não tinha causa orgânica vinculada a órgãos femininos. Pierre Janet,
também atuando com a hipnose, mas com métodos diferentes, investigou o fenômeno da
sugestão, e transformou a hipnose em um tratamento de sintomas.
O médico Joseph Breuer passou a utilizar o que ficou conhecido como método
catártico. Por meio da hipnose, Breuer procurava identificar uma cena original do sintoma
que acometia suas pacientes histéricas. Ao identificar tais cenas, as pacientes
reproduziam os afetos que estavam vinculados a tais cenas, e, assim, ab-reagiam a essas
representações. Na base teórica dessa proposta terapêutica estão as premissas de que o
sintoma manifesto tinha origem psíquica, e que a incapacidade de descarregar um afeto
teria potencial patológico. O emblemático caso de Anna O. (Bertha Pappenheim) ilustra o
método utilizado por Breuer (FREUD, 1895).
No entanto, a partir das observações clínicas, Freud identifica que na origem dos
sintomas histéricos está um conflito psíquico. O método catártico, a partir da hipnose, não
lidava com o conflito em si, mas sim buscava uma rememoração. Sobre o abandono da
hipnose e a adoção da livre associação, Freud aponta que “o ganho inestimável era
obtermos compreensão de um jogo de forças que no estado hipnótico se ocultava ao
observador” (FREUD, 1924). Para onde se desloca o foco do tratamento, neste cenário?
Na análise das forças em oposição que constituem o conflito psíquico, fator etiológico das
neuroses. Essa atualização sobre o objeto do tratamento leva Freud a conceituar, na fase
mais madura de sua teoria, o que seria a cura na psicanálise:
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buscada como objetivo especial, mas resulta quase como um ganho secundário no
correto exercício da análise.” (FREUD, 1926)
Por meio da leitura de diferentes autores que buscam elucidar o assunto. Observa-
se que variações do conceito de cura derivam da própria noção dos diferentes matizes de
sofrimentos apresentadas à condição humana em épocas diversas. Ou seja, se nos
primórdios da psicanálise Freud dá os passos iniciais pesquisado os casos de histeria, e
fundamentando a etiologia das neuroses nos distúrbios sexuais vividos na infância, com o
passar do tempo há o surgimento de outros transtornos como:
Jacques Lacan, em relação dialética com a teoria freudiana, indica que “o que está
em questão na análise nada mais é que a emergência da manifestação do desejo do
sujeito” (LACAN, 2010, p.247). Bruce Fink, ao comentar essa passagem, adiciona que o
término exitoso da análise qualifica tal desejo, como “um desejo que não se deixa
desanimar pelos obstáculos nem dominar pelo Outro, um desejo antes inconsciente que
já não se submete à inibição” (FINK, 2018, p.228).
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argumenta que na clínica psicanalítica, muitos autores também observam um aumento
nos casos que envolvem a perda de criatividade e o uso de defesas primitivas
(Roudinesco, 1999; Garcia, 2005; Maciel, 2003).
A suposição aqui é que há uma conexão entre essas duas observações, pois o
sujeito na psicanálise se forma em relação ao contexto em que está inserido. Em outras
palavras, suspeitamos que as mudanças na sociedade tenham impacto nas configurações
psíquicas atuais. A ideia é que as transformações sociais têm consequências no sujeito,
e, ao mesmo tempo, o sujeito como influência, criando um intercâmbio constante.
Portanto, é importante questionar como a cultura contemporânea afeta os sintomas
individuais e sociais, assim como as subjetividades atuais.
A forma que a dor é recebida pelo médico é compreensível pois a medicina trata no
campo científico da objetividade, da generalização em que o que realmente importa é o
mensurável, o registrável e o observável porque tem a disposição uma enorme gama de
procedimentos e medicamentos que podem aliviar os sintomas da dor com o objetivo de
eliminá-la. Ao examinar as obras de Freud vemos muitas referências sobre a dor:
Representações aflitivas junto com vergonha e autocensura (1893); Diferentes formas de
expressar a dor em crianças e adultos (1905); A natureza imperativa da dor (1905/1915);
A dor que o paciente resiste em se livrar (1916/1917).
Podemos dizer que a dor é uma forma de sofrimento e não se quer abatê-la, pois é
do ser humano e só pode se manifestar a partir do momento que ele fala, a dor é como
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outros signos representados pelo corpo, uma expressão que não conta com outra forma
de representação que indica uma área de desconhecimento, e pode ser descoberta por
meio da fala e da ampliação dos sentidos que ela proporciona, a psicanálise traz através
de perguntas e questões meios em que o sujeito se coloca como agente, subtraindo da
função de portador do acometimento, tratando da cura com mais eficácia.
“Primeiro exemplo: mulher, casada, gerente de banco, trinta e nove anos, com
sobrepeso excessivo, dorme três ou quatro horas por noite para dar conta do trabalho,
dos três filhos, do marido “doente”, da casa, da pós-graduação. A simples pergunta do
porquê é que se ocupa de tudo, faz apoiar-se na firme convicção de que era o marido
quem não ajudava e não o fato dela não pedir ajuda, pois não acreditava na sua
“competência” para fazer as coisas do modo que ela determinava.”
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A desconfiança nas demonstrações afetivas alheias é ligada à reprodução de relações
maternas deficientes, enquanto a busca incessante por reconhecimento reflete uma
necessidade constante de validação. No setting analítico há uma missão incessante do
analista ao deparar-se com os sintomas produzidos por essas mudanças sociais e os
malefícios que trazem para o Eu.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi analisado neste artigo toda a evolução histórica, origem da Psicanálise e a cura
na atualidade, em seu processo, métodos, procedimentos, com nexo das constantes
mutações que sofreram ao longo dos anos eliminando diferenças existentes no contexto
do tema, onde a Psicanálise é a principal parte destacada neste trabalho.
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forma geral a cura, com especificações concretas e demonstrado de uma forma objetiva e
simples para a compreensão de todos.
A psicanálise não é uma abordagem estática; ela evolui e se adaptou ao longo dos
anos, não se limitou à estagnação nos estudos de Freud, pelo contrário, autores
contemporâneos desempenham um papel crucial no desenvolvimento de novas teorias
que expandem e aprimoram o conceito de cura.
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manifesta na psicanálise contemporânea e seus efeitos sobre ela. Freud reafirma que não
é possível uma definição fechada de cura:
Já segundo Herrmann “a cura não é um ponto, mas uma direção; não é o final,
mas o próprio caminho”. Sendo assim, a busca pela cura não deve ser encarada como
um objetivo definido, um resultado a ser realizado. Em vez disso, é mais seguro
considerá-la como um desdobramento natural de um processo que implica na ampliação
do conhecimento, vivências mais profundas e a atribuição de significado psíquico.
REFERÊNCIAS
FINK, B. – (2018) “Introdução clínica à psicanálise lacaniana”. São Paulo, Zahar: 2018.
FREUD, S. (1895) “Estudos sobre a histeria”. Em: Sigmund Freud Obras Completas,
volume 2. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
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FREUD, S. (1926) “Psicanálise”. Em: Sigmund Freud Obras Completas, volume 17. São
Paulo: Companhia das Letras, 2023.