Você está na página 1de 2

WBA0961_V1.

0
Podcast
Disciplina: Teoria psicanalítica e problemáticas da atualidade
Título do tema: O pensamento psicanalítico contemporâneo
Autoria: Allan Waki de Oliveira
Leitura crítica: Carla Priscila da Silva Pereira

Olá ouvinte! No podcast de hoje iremos falar do papel da psicanálise para a


constituição de outras teorias e abordagens que buscam entender o ser
humano e sua inserção na cultura.

A descoberta do inconsciente por Freud, enquanto instância psíquica,


oportunizou o tratamento da origem dos sintomas do paciente. Antes de Freud,
a psicologia e a medicina baseavam-se eminentemente no tratamento de
sintomas dos pacientes e, consequentemente, na busca de sua cura.

No estudo do caso da paciente Emmy von N. (pseudônimo de Fanny Moser),


Freud estruturou a regra fundamental da psicanálise, ou seja, a “associação
livre”. Consiste a associação livre na livre expressão, pelo paciente, de tudo
que lhe ocorra através de palavras, imagens, sonhos. Esta fala indiscriminada
do paciente é que daria vazão aos conteúdos recalcados do inconsciente.

Diferentemente da lógica médica de identificar o sintoma e promover sua cura,


a psicanálise passou a se interessar pela etiologia do sofrimento psíquico, sob
o pressuposto de que, recordando as reminiscências do trauma, haveria
possibilidade de elaboração do ocorrido, a diminuição das resistências e o
apaziguamento dos sintomas do paciente.

A partir de então, várias abordagens psicológicas passaram a direcionar o


tratamento com base na escuta do paciente e não mais pela busca dos
sintomas que este apresentava.

Várias abordagens se utilizam do fundamento teórico psicanalítico em questão


como base, por exemplo: a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, a Teoria
Racional Emotiva Comportamental de Albert Ellis, a Teoria Cognitiva de Aaron
Beck, o Psicodrama de Jacob Levy Moreno, a Gestalt-Terapia de Frederick
Perls, dentre muitos outros. Importante salientar que todos os nomes citados,
em determinado momento de sua vida tiveram formação como psicanalistas.

Embora com algumas divergências entre si, todas as abordagens e teorias


citadas manifestaram o interesse na escuta do paciente, bem como no
tratamento psicoterapêutico como uma dinâmica entre analisando e analista.
Também houve o interesse no estudo teórico para explicar o sofrimento do
indivíduo como algo além do biológico, ou seja, algo que a medicina não
poderia explicar apenas com base na fisiologia.

Tais abordagem também se interessaram pela psicanálise não somente no


contexto clínico. Autores como Elias Canetti, ganhador do prêmio Nobel de
Literatura de 1981, interessou-se pelas mesmas análises realizadas por Freud
em relação à cultura, escrevendo, por exemplo, o livro “Massa e Poder”,
observando o texto as aplicações feitas por Freud em “Psicologia das Massas e
Análise do Eu”.

Canetti também se dispôs a analisar a influência da cultura no sofrimento


psíquico do Juiz Paul Schreber (autor de “Memória de um doente dos nervos”),
caso analisado por Freud em 1911.

A psicanálise também está difundida no meio artístico. Salvador Dalí, em sua


obra “Diário de um Gênio”, cita e descreve a influência de Freud para a
formulação de seus pensamentos artísticos, chegando inclusive a denominar-
se o inventor do “método crítico-paranóico” (cujas bases são psicanalíticas)
como técnica surrealista para a produção de pinturas. Outro pintor
contemporâneo influenciado pela psicanálise foi René Magritte.

Vimos, portanto que a psicanálise promoveu vasta influência em diversos tipos


de teorias e abordagens que não se atinham unicamente ao tratamento
psicoterapêutico, mas estendeu-se para outros campos que diziam respeito à
vida do indivíduo no laço social. Torna-se, portanto, inegável o aspecto
contemporâneo da psicanálise para diversos campos do saber que se ocupam
do ser enquanto imerso socialmente.

Este foi nosso podcast de hoje! Até a próxima!

Você também pode gostar