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SCHULTZ, D.P.; SCHULTZ, S.E. História da psicologia moderna.

São Paulo:
Pioneira Thomson, 2005.
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A psicanálise: primórdios
Em seu livro, História da psicologia moderna, publicado pela editora paulista
Pioneira Thompson em 2005, mais especificamente no capítulo 13 desta obra “A
psicanálise: primórdios”, páginas 323 à 355, Duane P. Schultz e Sydney Ellen
Schultz expõem de maneira clara e muito bem articulada o desenvolvimento da
psicanálise.
Para introduzir este capítulo, os autores começam retratando a popularidade
das ideias de Freud e sua importância até hoje, abordam que o marco de início do
movimento, foi quando Freud publicou seu primeiro livro em 1895 e que na época de
sua morte, o funcionalismo, o estruturalismo e a psicologia wunditiana eram história.
O estudo de Freud se afastava das outras escolas pois todas as outras tinham
relação com as descobertas de Wundt quer sendo a favor ou contra, já com a
psicanálise não tinha comparação pois não era uma ciência. Segundo os autores, a
preocupação da psicanálise era propor terapia para indivíduos com distúrbios
emocionais, seu objeto de pesquisa era o comportamento anormal e seu método era
a observação clínica. A psicanálise também visava o inconsciente algo ignorado
pelas outras escolas. Há ainda, conforme os autores, uma relação entre a
psicanálise e os outros pensamentos como o relacionamento temporal e como foram
influenciados pelo mecanicismo, pela obra de Gustav Fechener e pelas ideias
revolucionárias de Darwin.
Em a psicopatologia os autores relatam a história dos tratamentos mentais,
afirmam que antigamente não havia tratamento e sim tortura e punição. Por volta do
séc. XIX, Benjamin Rush desenvolveu técnicas cruéis para tratar os distúrbios
mentais, porém foi o pioneiro em fundar um hospital específico para estes
tratamentos, além de tentar ajudar estes pacientes que até então, ninguém havia
tentado. No fim do séc. XVIII, surge a hipnose e a partir do séc. XIX, surge a escola
somática afirmando que o comportamento anormal tem causas físicas e a escola
psíquica que baseava-se em explicações mentais. A psicanálise emerge como forma
de revolta a escola somática. Logo é aceito que os distúrbios mentais são derivados
da mente e finalmente passa a se considerar a cura através do tratamento da
mental.
A influência de Darwin foi muito importante para a elaboração das teorias de
Freud. De acordo com os autores, Frank Sulloway em 1979 publicou o livro “Freud:
Biólogo da Mente” no qual afirmava que várias ideias de Darwin foram
transformadas em questões cruciais na teoria da psicanálise, como o significado dos
sonhos, excitação sexual, conflitos e processos mentais inconscientes e o
simbolismo oculto em sintomas estranhos de comportamento.
Seguindo o capítulo em, Sigmund Freud (1856-1939) e o desenvolvimento da
psicanálise, os autores vão abordar a história de vida de Freud que apresenta íntima
relação com suas teorias, como por exemplo a tese do complexo de Édipo. Também
expõem que a psicanálise foi se desenhando a partir das menções e métodos do
médico Breuer, amigo de Freud, utilizados no caso da paciente Anna O, pois
possibilitou Freud a desenvolver a técnica da livre associação e logo mais a análise
de sonhos. As publicações teóricas e a carreira profissional do criador da psicanálise
cresceu, mas com o câncer de boca e a chegada do nazismo, Freud foi pra
Inglaterra onde ficou até a sua morte trabalhando até perto de seu fim.
Em, a psicanálise como método de tratamento, Schultz e Schultz relatam que
Freud descobriu que resistências indicavam que o paciente trouxe para o consciente
lembranças ou ideias horríveis para serem enfrentadas, supondo que esta indicava
uma forma de proteção emocional. Esta noção de resistência levou Freud a elaborar
o princípio psicanalítico da repressão, que consiste na exclusão de impulsos ou
ideias desagradáveis da consciência mas que permanecem no inconsciente,
processo no qual o terapeuta deve ajudar trazendo o que está reprimido do paciente
novamente a consciência para o enfrentamento.
Os autores expõem ainda que, Freud percebeu que a essência do sonho é a
realização de desejo então definiu o conteúdo manifesto e o conteúdo latente o
primeiro é a história contada quando lembra-se dos acontecimentos no sonho e o
segundo é o significado oculto ou simbólico, para interpretar o significado oculto
deve-se interpretar o significado simbólico. Freud também relatou que alguns sonhos
surgem de estímulos corriqueiros e que nem todos possuem material oculto ou
simbólico.
Em relação a metodologia os autores abordam que o método de pesquisa de
Freud era muito diferente do método da psicologia pois tinha como base múltiplas
observações e experiências. Suas teorias provinham da auto-observação e da
observação de seus pacientes, utilizava técnicas de análise de sonhos e livre
associação. Afirmam também que o que guiou sua teoria foi sua capacidade crítica.
Segundo os autores, Freud definiu os aspectos conscientes e inconscientes
da personalidade, o inconsciente como uma coleção de material pessoal reprimido,
o consciente que consiste na percepção, raciocínio, pensamentos, memória e o pré-
consciente como elementos sensíveis ou não. Freud acreditava que as pessoas
nascem com impulsos biológicos e divide a personalidade em estruturas, Id
(princípio do prazer), Ego (razão, maneira realista de gratificar o Id), Superego
(deveres e proibições, recompensas ou punições). O Id, Ego e Superego se
relacionam na tentativa de equilíbrio, e esta tentativa pode gerar a ansiedade, relata-
se que há três tipos de ansiedade: ansiedade objetiva ou real, ansiedade neurótica e
a ansiedade moral. Freud afirmou que os mecanismos de defesa é o modo em que o
ego utiliza para se proteger, através destes mecanismos é possível que alguns
conteúdos inconscientes cheguem no nível consciente de forma disfarçada como
identificação, repressão, sublimação, projeção, forma reativa, fixação, regressão e
anulação.
Para Freud, conforme os autores, a personalidade é formada através dos
conflitos inconscientes da infância então divide as três primeiras fases nos primeiros
5 anos de idade que servirão para o desenvolvimento da personalidade: estágio oral,
anal, fálico, latência e complexo de Édipo.
Schultz e Schultz ainda no decorrer do capítulo expõem uma reprodução de
texto original sobre a psicanálise: trecho de an outline of psychoanalysis, de
Sigmund Freud, no qual discute o surgimento da pulsão sexual no começo da vida,
seu ressurgimento no período da puberdade, os estágios oral, fálico e anal do
desenvolvimento psicossexual e a homossexualidade considerada uma inibição do
desenvolvimento.
Continuando em, as relações entre psicanálise e a psicologia, os autores
abordam que a psicanálise desenvolveu-se fora da corrente principal da psicologia
acadêmica onde permaneceu por muitos anos. Vários fatores contribuíram para
manter a psicanálise e a psicologia acadêmica distanciadas, o primeiro envolve a
ausência de um sentido de continuidade na obra de Freud com relação aos
progressos da psicologia e uma segunda razão foi o fato de a psicologia, em suas
primeiras tentativas, de ser uma ciência pura, estar centrada no método, enquanto a
psicanálise estava centrada no problema.
No fim do capítulo, Schultz e Schultz, discutem as críticas e contribuições da
psicanálise. As principais críticas são sobre a coleta de dados, as anotações e
possíveis reinterpretações de Freud sobre a fala de seus pacientes já as suas
contribuições diz respeito ao impacto e o interesse que muitos têm pela sua teoria
além da aceitação da psicologia contemporânea de alguns de seus conceitos.

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