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Hipnoterapia: um guia para entender

Posted on 20/03/2020 Redação Psicanálise ClínicaPosted in Psicanálise, tratamento

Neste trabalho, é desenvolvido o conceito das influências da hipnose e


da hipnoterapia sobre a formação e as técnicas da psicanálise. Assim,
você terá acesso a uma abordagem bastante completa sobre as duas
práticas terapêuticas. Confira!

O artigo que você lerá hoje é uma adaptação de um trabalho de


conclusão de curso. A autoria é de Gabriel Merlin, que concluiu a
nossa  formação completa em Psicanálise Clínica 100% online. Neste
trabalho, como já mencionamos, você lerá acerca da hipnoterapia. 

O artigo divide-se nas seguintes partes constitutivas:

1. Introdução;
2. Introdução á Psicanálise;
3. Uma introdução à hipnoterapia;
4. Influências da hipnose sobre a Psicanálise;
5. Conclusão.

Índice de Conteúdos
 Introdução à hipnoterapia
o Temas abordados neste trabalho sobre hipnoterapia
 Introdução à Psicanálise
o O que é Psicanálise?
o A criação da Psicanálise
o Freud e Charcot
o Freud e a histeria
o Freud e a hipnose
o As teorias da Psicanálise
 Uma introdução à hipnoterapia
o O Magnetismo Animal de Franz Friedrich Anton Mesmer
o Hipnoterapia em James Braid
o A neurohypnologia
o Jean-Martin Charcot
o A hipnoanálise
 Influências da hipnose sobre a Psicanálise
o Hipnose em Freud
o Hipnose em Jung
o Hipnose regressiva
o Auto hipnose na Psicanálise
o Considerações pessoais do autor sobre a hipnoterapia
 Conclusão
o Finalizando…
o Últimas palavras sobre hipnoterapia

Introdução à hipnoterapia
A abordagem conjunta de Psicanálise e Hipnoterapia é relevante
porque a psicanálise nasce através da observação da prática e aplicação
de algumas técnicas da hipnose. Assim, portanto, o autor acredita ser
válido para a formação de um psicanalista pleno o entendimento destas
técnicas e suas aplicações, além de como entender a hipnoterapia em si e
como sua utilização parcial e plena por Freud moldou a psicanálise.

O objetivo deste texto é, portanto, demonstrar as ideias básicas da


psicanálise Freudiana e suas técnicas, e fazer o mesmo com a
hipnoterapia, chegando eventualmente na história e ideias de Jean-Martin
Charcot, que foi o principal influenciador de Freud no campo da hipnose.

Por fim, sugere-se um paralelo entre a Psicanálise e Hipnoterapia,


demonstrando uma possível natureza complementar entre as duas, e a
vantagem do aprendizado de ambas para a formação de um
psicoterapeuta pleno em uma das duas áreas

Temas abordados neste trabalho sobre hipnoterapia

A primeira parte do trabalho aborda a história e técnicas da


Psicanálise Freudiana. Na segunda, por sua vez, abordam-se a história e
técnicas da hipnoterapia, chegando eventualmente as teorias de Mesmer,
Braid e finalmente as aplicações de Charcot. Em seguida, é reforçado o
paralelo entre as duas disciplinas, citando diretamente as influências da
hipnose sobre a psicanálise e o uso indireto da hipnose na psicanálise.

Finalmente, na conclusão, é feita a apresentação do argumento com o


intuito de sugerir a hipótese da fraternidade entre as duas
psicoterapias. Para isso, foram pesquisados diversos livros, fontes e
estudos por vários pesquisadores das áreas relevantes, com o objetivo de
criar um fichamento de dados objetivos e concisos que apresentam de
modo pleno as informações dispostas nesta monografia.

Introdução à Psicanálise
O que é Psicanálise?

A psicanálise é um conjunto de teorias e técnicas terapêuticas


relacionadas ao estudo da mente inconsciente, que em conjunto formam
um método de tratamento para desordens mentais. Essa disciplina foi
estabelecida no começo dos anos 1890 pelo neurologista austríaco
Sigmund Freud, influenciado em parte pelo trabalho clínico de Josef Breuer
e outros.

Freud usou o termo psicanálise (em francês) pela primeira vez em


1896. Seu livro  Die Traumdeutung  (A interpretação dos sonhos), que Freud
considerava seu trabalho mais importante, apareceu em novembro de
1899. A Psicanálise foi mais tarde desenvolvida por estudantes de Freud
como Alfred Adler e Carl Gustav Jung e ainda é desenvolvida por neo-
freudianos como Erich Fromm, Karen Horney e Harry Stack Sullivan.

Dogmas

Os dogmas básicos da psicanálise incluem:

1. O desenvolvimento de uma pessoa é determinado por eventos


muitas vezes esquecidos na infância, ao invés de ser determinada apenas
por características hereditárias.
2. Comportamento humano e cognição são em grande parte
determinados por impulsos irracionais que tem como raiz o inconsciente.
3. Tentativas de trazer esses impulsos a consciência causa
resistência na forma de mecanismos de defesa, particularmente a
repressão.
4. Conflitos entre o material consciente e inconsciente podem
causar distúrbios mentais como neurose, características neuróticas,
ansiedade e depressão.
5. O material inconsciente pode ser encontrado em sonhos e atos
não intencionais, incluindo maneirismos e erros de fala.
6. Uma liberação dos efeitos do inconsciente é alcançada com a
conscientização do material através da intervenção terapêutica.
7. A “peça chave do processo psicanalítico” (CHESSICK, 2007) é a
transferência, onde pacientes revivem seus conflitos infantis através da
projeção de sentimentos de amor, dependência e raiva no analista.

As sessões de Psicanálise

Durante sessões de psicanálise o analisado vai se deitar em um divã,


com o analista sentado atrás dele e fora de visão. O paciente expressa
seus pensamentos, incluindo associações livres (e através destas suas
fantasias e sonhos), dos quais o analista infere os conflitos inconscientes
causando os sintomas e problemas de caráter do analisado.

Através da análise desses conflitos, o que inclui interpretar a


transferência e contratransferência (os sentimentos do analista em relação
ao analisado), o analista confronta as defesas patológicas do analisado
para ajudá-lo a conseguir a conscientização através do entendimento dos
sistemas de causa e efeito por trás dos conflitos reprimidos do analisado,
permitindo assim que ele consiga lidar e ter a resolução desses conflitos.

A criação da Psicanálise

A ideia da psicanálise começou a ganhar força sob Sigmund Freud,


que formulou sua própria teoria de psicanálise em Viena nos anos 1890.
Freud era um neurologista tentando encontrar um tratamento eficiente para
pacientes com transtornos neuróticos ou histéricos.

Ele percebeu que existiam processos mentais inconscientes enquanto


ele trabalhava como um consultor neurológico em um hospital de crianças.
Lá, Freud notou que muitas das crianças afásicas não possuíam causa
orgânica aparente para seus sintomas. Só então o estudioso escreveu uma
monografia sobre o assunto.

Em 1885, Freud estudou com Jean-Martin Charcot, um neurologista


famoso particularmente nas áreas de heresia, paralisia e
anestesia. Charcot havia introduzido hipnose como uma ferramenta
experimental de pesquisa e desenvolveu a representação fotográfica de
sintomas clínicos. Mais abaixo, você aprenderá sobre a relação entre esses
dois grandes nomes da Psicanálise.

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Freud e Charcot

Freud viaja para Paris para estudar com Jean Martin Charcot, um dos
maiores neurologistas da época. Charcot, era ainda conhecido como
“Napoleão das Neuroses”. Foi através dele que Freud adquiriu a habilidade
de observar a capacidade da mente sobre o corpo, vendo as
demonstrações de hipnose feitas pelo francês. 

Charcot se especializava no tratamento de pacientes que sofriam de


uma variedade de sintomas fisiológicos inexplicáveis, como paralisia,
contrações e espasmos. Ele eventualmente concluiu que esses pacientes
sofriam de uma forma de histeria que havia sido induzida através da sua
resposta emocional a um conflito mal resolvido. Charcot definiu então, que
eles não sofriam pelo acidente, mas pela memória formada do mesmo.

Freud se impressiona imensamente com o trabalho de Charcot com a


histeria traumática e tomou dela a noção que uma das formas principais de
neuroses aconteciam quando uma experiência traumática levava ao
processo de formação inconsciente de sintomas.

O trabalho freudiano com base em Charcot

Quando retornou para Viena, Freud manteve o interesse por explorar a


teoria da formação psicológica de sintomas fisiológicos. Nesse contexto, o
tratamento era feito através da hipnose e sugestão direta. Assim sendo, o
pai da psicanálise se interessou especialmente pelo paciente mais anormal
de um colega, Josef Breuer, denominada Anna O.

Freud e a histeria

A primeira teoria de Freud para explicar sintomas histéricos se


apresentou em “Estudos sobre Histeria” (1895), co-autorado com seu
mentor Josef Breuer. Esse livro é visto como o nascimento da psicanálise,
vale lembrar. O trabalho se baseou no tratamento da paciente de Josef
Breuer, Bertha Pappenheim, a quem o estudo se referenciou como Anna O,
como já mencionamos. Ademais, o livro comenta seu tratamento, intitulado
de “A cura falada”.

Breuer escreveu que vários fatores poderiam resultar nos sintomas de


histeria, como trauma emocional, enquanto Freud assumiu que a raiz de
todos os sintomas histéricos eram memórias reprimidas de situações
estressantes. Contudo, quase sempre tendo associações sexuais diretas
ou indiretas.

Nesse mesmo tempo Freud tentou apresentar uma teoria


neurofisiológica dos mecanismos mentais inconscientes, da qual ele
desistiu. Essa teoria nunca foi publicada.

Mais informações sobre a atuação de Freud na


Psicanálise

A primeira ocorrência do termo psicanálise veio na dissertação de


Freud escrita e publicada em francês em 1896, “L’hérédité et l’étiologie des
névroses” (A hereditariedade e etiologia das neuroses). Nesse mesmo ano
Freud publicou sua teoria da sedução, que propunha que as precondições
para sintomas histéricos são excitações sexuais na infância, e ele afirmou
que havia descoberto memórias reprimidas de abuso sexual em todos os
seus pacientes.

Ele afirmou em particular para um colega, Wilhelm Fliess, que ele não
acreditava mais nessa teoria em 1898. No entanto, só falou sobre isso
publicamente em 1906. Essa ideia, mais tarde, evoluiria para o Complexo
de Édipo. 

No que tange aos outros conceitos da Psicanálise, Freud já havia


teorizado a significância simbólica dos sonhos em 1900. Ademais, nesse
período ele também formulou também sua segunda teoria psicológica: a
hipótese de que o inconsciente possui um processo primário. Ou seja, que
o inconsciente consiste de pensamentos simbólicos e condensados, mas
também de um processo secundário, que consiste de pensamentos lógicos
e conscientes. 

Freud e a hipnose

A experiência pré-psicanalítica de Freud se dá, em grande parte, na


hipnose. O psicanalista estudou e praticou extensivamente as técnicas de
hipnose e sugestão direta.Porém ao longo da sua carreira como
hipnoterapeuta, começou a observar um fenômeno, que ele mais tarde
chamaria de associação livre, onde o paciente poderia fazer relações e
passar informações para o terapeuta enquanto em um estado consciente.

Assim, Freud viu nessa ideia de associação livre um passo para a


utilização do tratamento psicoterapêutico para a resolução dos conflitos
internos do paciente de modo mais satisfatório. Dessa forma,
abandonando progressivamente e totalmente a ideia de hipnose de
sugestão direta. 

Abordagem inovadora

Nesse contexto, Freud abandona, contudo, a hipnose de


sua época. Trata-se da hipnoterapia de sugestão
simples ou sugestão direta, onde o hipnotizador
colocava o paciente em transe e apenas inseria em seu
inconsciente as sugestões para a resolução do conflito
recalcado.

Ao longo de seus escritos, Freud demonstrou um reconhecimento


franco do débito da psicanálise a hipnoterapia e, apesar de abandonar a
sugestão direta como ferramenta clínica, a teoria de associação livre que
Freud desenvolveria se assemelharia a técnica hipnoterapeuta que mais
tarde seria chamada de terapia de regressão.

Leia Também:  Círculo Dourado ou Golden Circle: why, how, what

As teorias da Psicanálise

Em 1905, Freud publicou a sua teoria das fases psicossexuais:

 oral (0 – 2 anos de idade),


 anal (2 – 4 anos de idade),
 primeira genital (Freud chamou originalmente de “fálica edipal”,
3 – 6 anos de idade),
 latência (6 – puberdade),
 e madura genital (puberdade adiante).

Suas formulações afirmavam que por causa de restrições sociais,


desejos sexuais eram reprimidos para um estado inconsciente, e que a
energia desses desejos inconscientes poderia se tornar ansiedade ou
sintomas físicos. Portanto, suas técnicas de tratamento iniciais, incluindo
hipnose e ab-reação, foram criadas para trazer o inconsciente a
consciência para aliviar a pressão e os sintomas físicos.

Esse método depois foi abandonado por Freud, em troca de um foco


maior nas associações livres.

Livros de Freud e conceitos importantes

No seu livro “Sobre Narcisismo” (1915), Freud debateu o narcisismo.


Ainda usando um sistema de energias, Freud caracterizou a diferença entre
a energia direcionada ao eu contra energia direcionada aos outros,
chamada da catexia. Em 1917, em “Luto e melancolia”, ele sugeriu que
algumas depressões eram causadas pelo direcionamento da raiva causada
por culpa a si mesmo.

Em 1919 no livro “Uma criança é espancada”, ele começa a endereçar


os problemas de pacientes autodestrutivos (masoquismo moral) e o
masoquismo sexual franco. Baseado na sua experiência com pacientes
deprimidos e autodestrutivos, e refletindo sobre a carnificina da primeira
guerra mundial, Freud se encontrou não satisfeito em considerar apenas
motivações orais e sexuais para comportamento.

Assim, em 1920, Freud dialogou sobre o poder da identificação em


grupos como uma motivação para comportamento (Psicologia de grupo e
a análise do ego). Nesse mesmo ano, ele sugeriu sua teoria de impulsos
(impulso de vida e impulso de morte) em  Além do Princípio do Prazer, para
tentar começar a explicar a destrutividade humana. Essa também foi a
primeira aparição do seu modelo estrutural (id, ego e superego).

Desenvolvimentos finais de Freud

Três anos depois, ele sumariza as ideias do id, ego e superego no seu
livro O Ego e o Id. Nesse livro, ele revisou toda sua teoria de funcionamento
mental, agora considerando que a repressão era apenas um de vários
mecanismos de defesa, e que ela ocorria para reduzir a ansiedade. Assim,
Freud caracterizou a repressão como ao mesmo tempo uma causa e um
resultado da ansiedade.

Em 1926, em Inibições, Sintomas e Ansiedade, Freud caracterizou


como conflito intrapsíquico entre impulsos e o superego (desejos e culpa)
causa ansiedade, e como ansiedade pode levar a uma inibição de funções
mentais, como intelecto e fala. O livro foi escrito como resposta a Otto
Rank, que em 1924 publicou o livro O trauma do nascimento, analisando
como arte, mito, religião, filosofia e terapia foram iluminadas pela
ansiedade de separação na “fase antes do desenvolvimento do complexo
de Édipo”.

As teorias de Freud, porém, não contemplavam tal fase. De acordo


com Freud, o complexo de Édipo estava no centro da neurose, e era a fonte
de toda arte, mito, religião, filosofia, terapia – e de fato toda cultura humana
e civilização. Freud faleceu em 23 de setembro de 1939, após uma longa
luta de 16 anos contra um câncer na sua mandíbula, deixando por trás um
legado de mais de quarenta anos de estudos e avanços nas áreas da
psicanálise, psicologia e psicoterapia.

Uma introdução à hipnoterapia


A história da hipnoterapia pré-data a história recordada. Ela foi
praticada em todo mundo por curandeiros, xamãs, doutores tribais, fakirs
hindu, yogis indianos e magis persianos, e foi conhecida através de vários
nomes. Foi reconhecida inclusive através do tempo. Isso porque existe
uma forte conexão entre a hipnoterapia e:

 a mente e o corpo;
 saúde e cura;
 remoção de sentimentos negativos e fobias;
 melhora na sensação de plenitude geral e performance ao longo
das eras. 

Contexto histórico

Os egípcios utilizavam o método curativo de “sono no templo”, por


exemplo, desde três mil anos antes de Cristo. Os sacerdotes consideravam
que esse “sono” tinha poderes curativos, e que a pessoa ao dormir estava
em um estado iluminado. Os templos de Imhotep eram populares por
essas técnicas, que ainda podem ser encontradas em alguns lugares do
oriente e da África. Esses templos funcionavam como hospitais, onde os
sacerdotes colocavam o paciente em um estado de transe e analisavam
seus sonhos para prover tratamento.

Ademais, similarmente, os hebreus usavam exercícios de respiração,


cantos e meditação para produzir um “estado de êxtase”. Este estado, por
sua vez, era chamado de Kavanah. Essa prática era similar ao que hoje
chamamos de auto hipnose. 

Por sua vez, o termo “hipnose” vem do grego hypnos, ou seja, para


dormir. Gregos e romanos tem uma história forte com hipnoterapia. Na
época, era comum que eles usassem templos para isso, chamados de
Asclépio (em homenagem ao deus grego da medicina, Asclepius). Lá,
pessoas utilizavam uma técnica chamada de “incubação”, que focava no
canto de mantras para Asclepius, pedindo a cura. 

O Magnetismo Animal de Franz Friedrich Anton


Mesmer

Ao longo da história, os métodos descritos acima foram utilizados


como terapias, curas e tratamentos. No entanto, isso funcionou sem uma
nomenclatura até 1770, quando Franz Friedrich Anton Mesmer
(considerado o pai da hipnoterapia) começou a fazer exibições da sua
teoria que existia uma troca de energia entre objetos inanimados e
animais, chamado de magnetismo animal, mais tarde chamado de
mesmerismo.

Em 1774, Mesmer produziu uma “correnteza artificial” em uma


paciente chamada Francisca Osterlin, que sofria de histeria, fazendo-a
engolir uma preparação contendo ferro e colocando imãs em várias partes
do seu corpo. Osterlin disse sentir correntes de um líquido misterioso
fluindo sobre seu corpo, e foi aliviada dos seus sintomas por várias horas.

Nesse contexto, Mesmer não acreditava que os imãs tinham


conseguido a cura por si mesmos. Ele sentiu que ele havia contribuído com
o magnetismo animal, que havia acumulado através no seu tratamento, na
sua paciente. Ele logo parou de usar ímãs como método de tratamento.

A recepção da teoria de Mesmer

Em 1775, Mesmer deu sua opinião perante a academia de ciências de


Munique sobre os exorcismos feitos por Johann Joseph Gassner. Este era
um sacerdote e curandeiro que cresceu em Vorarlberg, Áustria. Mesmer
disse que apesar da sua sinceridade em sua crença, as curas de Gassner
resultaram por ele possuir um alto nível de magnetismo animal. Esse
confronto entre as ideias de Mesmer e Gassner marcou o final da carreira
do sacerdote, e, de acordo com Henri Ellenberger, o final da emergência da
psiquiatria dinâmica.
Após um escândalo após a tentativa sem sucesso de Mesmer de curar
a cegueira de uma garota de 18 anos, Maria Theresa Paradis, ele sai de
Viena em 1777, se mudando para Paris. A cidade logo se dividiu entre
aqueles que achavam que ele era um charlatão e aqueles que achavam
que ele havia feito uma grande descoberta.

Hipnoterapia em James Braid

Em um sábado, dia 13 de novembro de 1841, James Braid atendeu a


uma apresentação do magnetista francês Charles Lafontaine. Ele
examinou a condição física dos atendentes “magnetizados” por Lafontaine
e notou que, de fato, o estado físico deles estava diferente do
normal. Assim, ele se intrigou pela alteração no estado dos pacientes de
Lafontaine, porém não se convenceu da veracidade do magnetismo
animal.

Ele atendeu mais duas demonstrações do magnestista, e na terceira


demonstração (20 de novembro de 1841) Braid estava convencido da
validez de alguns dos efeitos e fenômenos de Lafontaine. Ele estava
convencido que existia uma transformação de uma “condição um” para
uma “condição dois”, e então um retorno à “condição um”.

Embora acreditasse que essa transformação realmente havia


ocorrido, ele não acreditava que isso ocorria devido a quaisquer tipos de
“agência magnética” (como Lafontaine afirmava). Ele também rejeitava a
asserção que essa transformação “procedia de, ou foi excitada a agir, por
outra pessoa” (Neurohypnologia, pg. 32). 

Sugestões de Braid

Braid então começou a experimentar a ideia das sugestões, partindo


de um princípio oposto ao do magnetismo animal. Enquanto o magnetismo
acreditava que o impulso era centrado no operador e vinha de fora, Braid
acreditava que o impulso se centrava no operado, e vinha de dentro.

O seu sucesso excepcional em sua auto hipnose inteiramente por si


mesmo, em si mesmo, em sua casa, claramente demonstrou que não havia
nada relacionado com o “olhar”, “carisma” ou “magnetismo” do operador.
Tudo que era necessário era a “fixação da visão” do operado em um “objeto
de concentração”.

Assim, ao mesmo tempo, ao se usar como cobaia, Braid provou de


como conclusivo que nenhum dos fenômenos de Lafontaine ocorriam
devido a agência magnética.

A neurohypnologia

Ainda com relação a Braid, ele realizou vários experimentos em si


mesmo. Contudo, agora crente que havia descoberto o mecanismo
psicofisiológico natural desses efeitos genuínos, ele realizou seu primeiro
ato de heterohipnose. O procedimento foi na frente de várias testemunhas,
em uma segunda feira, dia 22 de novembro de 1841. Seu primeiro paciente
hipnotizado foi o Sr. J. A. Walker.

No sábado seguinte, 27 de novembro de 1841, Braid deu sua primeira


palestra no Athenaeum de Manchester. Ali, entre outras coisas, ele pode
mostrar como conseguia replicar os efeitos de Lafontaine. Contudo, sem a
necessidade de qualquer contato físico entre o operador e o sujeito.

Apesar de brevemente brincar com o nome “mesmerismo racional”,


Braid acabou escolhendo enfatizar os aspectos únicos da sua
aproximação, carregando experimentos informais ao longo da sua carreira.
Isso de modo a refutar práticas que afirmavam invocar forças
sobrenaturais e demonstrando o papel de processos psicológicos e
fisiológicos ordinários como a sugestão e atenção focada na produção dos
efeitos observados.

Mais descobertas de Braid

Braid trabalhou com proximidade ao fisiologista professor William


Benjamin Carpenter. Este era um neuropsicólogo que introduziu a teoria de
sugestão do “reflexo ideo-motor”. Carpenter havia observado instâncias de
expectativa e imaginação aparentemente influenciando o movimento
muscular involuntário.

Um exemplo clássico do princípio ideo-motor em ação é o “pêndulo de


Chevreul”. Michel Eugène Chevreul afirmou que um pêndulo de divinação se
movia devido a movimentos causados inconscientemente pela
concentração focada em si.

Braid rapidamente assimilou as observações de Carpenter a sua


teoria, realizando que o efeito de focar a atenção aumentava a resposta
ideo-motora. Assim, ele estendeu a teoria de Carpenter para incluir a
influência da mente no corpo de modo mais generalizado, além do sistema
muscular, assim passando a se referir a teoria como a “resposta ideo-
dinâmica”. Dessa forma, cunhou o termo “psicofisiologia” para se referir ao
estudo da interação entre corpo e mente.

Hipnotismo

Mais tarde, Braid reservou o termo “hipnotismo” para casos onde


indivíduos entraram um estado de amnésia similar ao sono. Para outros
casos, ele falou de um princípio “mono-ideodinâmico”.

Ele fez isso para enfatizar que a técnica de indução através da fixação
dos olhos funcionava através do estreitamento do foco do sujeito para uma
ideia ou linha de raciocínio singular (“monoideísmo”). Isso amplifica o
efeito da consequente “ideia dominante” funcionando sobre o corpo do
sujeito através do princípio ideo-dinâmico.

Jean-Martin Charcot

Jean-Martin Charcot foi um neurologista francês e um professor de


patologia anatômica. Hoje ele é conhecido pelo seu trabalho com hipnose e
histeria, em particular por seu trabalho com a paciente Louise Augustine
Gleizes. Ele também é conhecido como o “pai da neurologia moderna”, e
seu nome foi conectado com pelo menos 15 epônimos médicos, incluindo
a doença de Charcot e a doença Charcot-Marie-Tooth.

Ademais, Charcot é considerado um dos pais da psiquiatria moderna e


foi chamado de “Napoleão das Neuroses”, como já mencionei. O foco
primário de Charcot foi a Neurologia. Ele nomeou e foi o primeiro a
descrever a esclerose múltipla, sumarizando relatórios anteriores e
adicionando suas próprias observações clínicas e patológicas.
Na época, Charcot chamou a doença de “sclérose en plaques”. Os três
sinais de esclerose múltipla são hoje conhecidos como a “tríade de
Charcot”, que são nistagmo, tremor intencional e fala telegráfica. Além
disso, o neurologista também observou mudanças de cognição,
descrevendo pacientes como tendo um “notável enfraquecimento da
memória” e “concepções que se formavam devagar”. 

Mais informações sobre a atuação de Charcot no


campo da histeria

Charcot hoje é mais conhecido pelo seu trabalho com hipnose e


histeria. Em particular, ele é conhecido pelo seu trabalho com a paciente
Louise Augustine Gleizes, que aumentou sua fama durante sua vida.
Porém, Marie “Blanche” Wittman, conhecida como a Rainha dos
Histéricos, foi seu paciente de histeria mais famoso na época.

Ele inicialmente acreditava que histeria era uma desordem neurológica


com uma predisposição hereditária no sistema nervoso, mas próximo ao
final da sua vida ele concluiu que histeria era uma doença psicológica. 

As mulheres estudadas por Charcot

Charcot começou a estudar histeria após criar uma ala especial para
mulheres sãs com “histero-epilepsia”. Ele descobriu duas formas distintas
de histeria entre essas mulheres: Histeria menor e histeria maior. Seu
interesse em histeria e hipnotismo se desenvolveram em um tempo onde o
público estava fascinado com “magnetismo animal” e “mesmerização”, o
que depois (graças a James Braid) se descobriu ser um método de indução
a hipnose.

Ademais, o neurologista ainda argumentou veementemente contra a


noção médica e popular que histeria era uma doença quase
exclusivamente feminina. Ele o fez apresentando vários casos de histeria
masculina traumática. Além do mais, ele ensinava que devido a esse
preconceito esses casos iam muitas vezes desconhecidos, mesmo por
médicos de renome e podia acontecer em modelos de masculinidade
como soldados.
A análise de Charcot e sua visão sobre histeria como uma condição
orgânica que podia ser causada por trauma, abriu o caminho para a
compreensão de sistemas neurológicos nascentes de traumas.

A hipnoanálise

A teoria por trás da hipnoanálise é que para alguns problemas e


complicações, existe uma repressão. O objetivo da terapia é descobrir
essa repressão e a resolver. Esse processo é mais demorado que a
hipnoterapia de sugestão e pode levar várias sessões. Isso permite que o
analista e o analisado construam um relacionamento com bom rapport e
confiança.

Por experiência própria, posso dizer que o relacionamento e a


transferência/contratransferência entre o analista e o analisado é tão
importante quanto, se não mais, que na psicanálise. Isso se dá pelo fato
que, caso não exista um laço de confiança entre o paciente e o terapeuta, a
entrada do paciente no transe se torna significativamente mais difícil.

Influências da hipnose sobre a


Psicanálise
Hipnose em Freud

Em outubro de 1885, Sigmund Freud vai para Paris para estudar com
Jean-Martin Charcot. Freud iria depois lembrar dessa experiência como um
catalisador para o levar à direção de uma carreira na área de
psicopatologia médica ao invés de uma carreira em pesquisa neurológica. 

De início, Freud era um proponente entusiasta da hipnoterapia. Ele


hipnotizava pacientes e pressionava suas testas para os ajudar a
concentrar enquanto tentava recuperar suas supostamente reprimidas
memórias. E ele logo começou a enfatizar a regressão hipnótica e ab
reação (catarse) como métodos terapêuticos.
Ele escreveu um artigo sobre hipnotismo, traduziu um dos trabalhos
de Bernheim para o alemão, e publicou uma série influencial de casos de
estudo com Joseph Breuer chamado “Estudos sobre Histeria” (1895). Esse
texto, além de considerado um dos documentos iniciais da concepção da
psicanálise, também é o texto fundador da tradição subsequente
conhecida como “Hipnoanálise” ou “terapia de regressão”.

O abandono  e adoção tardia da hipnose em Freud

Freud eventualmente abandonou a hipnose, enfatizando a associação


livre e interpretação do inconsciente. Posteriormente, Freud sugeriu que a
psicanálise e a hipnose poderiam ser unidas para acelerar o resultado do
tratamento. De acordo com ele, “É bem provável, também, que a aplicação
da nossa terapia à números vai nos compelir a juntar o ouro da análise com
o bronze da sugestão hipnótica direta”.

Apenas um punhado dos seguidores de Freud, contudo, eram


suficientemente qualificados em hipnose para tentar a síntese. Esse
trabalho influenciou, de modo limitado, as terapias conhecidas hoje como
“regressão hipnótica”, “progressão hipnótica” e “hipnoanálise”.

Hipnose em Jung

Breve descrição de Carl Jung

Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicanalista suíço que fundou a


psicologia analítica. Seu trabalho foi influencial não só na psiquiatria, mas
também na antropologia, arqueologia, literatura, filosofia e até em estudos
religiosos. Um cientista notável baseado no famoso hospital Burghözil, sob
Eugen Bleuler, chamou a atenção do fundador da psicanálise, Sigmund
Freud.

Os dois homens conduziram uma correspondência longa, e


colaboraram inicialmente em uma visão conjunta da psicologia
humana. Freud via em Jung o herdeiro que ele estava procurando para a
sua “nova ciência” da psicanálise. As pesquisas e visões pessoais de Jung,
contudo, fizeram impossível para ele se dobrar à doutrina do seu colega
mais velho e uma separação se tornou inevitável. Essa divisão foi
pessoalmente dolorosa, e causou repercussões históricas que duram até
os tempos modernos.

Jung também era um artista, artesão e construtor, além de um escritor


prolífico. Muitos dos seus trabalhos não foram publicados até após sua
morte e muitos ainda estão aguardando publicação.

A psicologia analítica de Jung

Entre os conceitos centrais da psicologia analítica está a individuação


– O processo vitalício de diferenciação do eu de cada elemento
consciente e inconsciente individual. Jung considerava isso a principal
função do desenvolvimento humano. Ele criou alguns dos mais conhecidos
conceitos psicológicos, incluindo sincronicidade, fenômenos de arquétipo,
o inconsciente coletivo, o complexo psicológico, a extroversão e a
introversão.

No início de sua carreira, Jung utilizou muitas vezes a hipnose,


hipnotizando principalmente sua prima Helene Preiswerk. Por meio das
comunicações com ela, enquanto a mesma estava sob transe, ele
determinou que partes diferentes da sua psique se apresentavam como
personalidades diferentes, mas todas com a mesma intenção de se
unirem.

Ele concluiu que essas partes estavam tentando se unificar e se


tornarem uma pessoa completa. A partir disso, Jung teorizou que existiam
forças inconscientes dentro de nós que tentavam se unir, e que o trabalho
das nossas vidas era se comunicar com essas partes profundas de nós
mesmos e nos tornarmos inteiros. Esse processo foi chamado de
“individuação”, se referindo ao se tornar uma unidade indivisível.

Hipnose regressiva

A hipnose regressiva, também chamada de hipnoanálise ou hipnose


de regressão, é uma técnica utilizada por hipnoterapeutas para ajudar
pacientes a se recordar de percepções e sentimentos. Todos ocorridos
durante a sua formação na vida infantil que podem afetar sua vida adulta. 
A regressão acontece com o paciente sendo posto em estado de
transe e sendo instruída pelo terapeuta a se lembrar de um evento
específico no seu passado ou regredir emocionalmente a uma idade
específica. O paciente pode então se lembrar ou até reviver eventos na sua
vida. Essa regressão permite ao paciente reinterpretar o evento traumático
com novas informações e observações.

Auto hipnose na Psicanálise

Na psicanálise ocorrem três eventos importantes onde podemos


demonstrar uma utilização simbiótica da hipnose (no caso específico da
psicanálise uma auto hipnose natural do paciente, semelhante a um
estado meditativo) em três eventos: O diálogo, a associação livre e a
transferência.

Para a explicação da relação entre esses eventos e essa auto hipnose


meditativa, usamos a definição de James Braid – A hipnose se dá como
um “estado alterado de consciência” e ocorre sendo necessários dois
fatores principais: Um “objeto de concentração” e o “foco da visão”, além
de um fator de apoio no relaxamento. 

Conceitos importantes para quem estuda


hipnoterapia

O diálogo

O diálogo entre o analisado e o analista se dá através da eliminação


do analista de vista, com o mesmo se posicionando atrás do divã.
Ademais, há também o posicionamento do paciente, geralmente deitado,
em cima do mesmo. É importante notar que esse posicionamento
naturalmente encaminha o paciente para um processo hipnótico. Ao se
deitar, o paciente relaxa, o que ajuda o paciente a entrar em um estado
semiconsciente, facilitando a conexão com o inconsciente e a entrada no
estado meditativo.

Junto com esse relaxamento, nós temos o foco da visão. Devido a


posição do paciente, ele vai normalmente estar com os olhos naturalmente
direcionados ao teto, uma parede ou uma janela – Como não existe visão
direta do analista, o inconsciente do paciente não tem como se ocupar com
o processamento de estímulos visuais como a leitura da linguagem
corporal do paciente, então o foco da visão acaba ocorrendo de modo
natural.

Associação livre

Na associação livre ocorre a segunda parte do processo hipnótico, a


criação do estado de concentração. Ao focar em expor suas visões,
opiniões, ideias e sentimentos de modo imediato e sem filtro, o paciente
se coloca sozinho em um estado meditativo de consciência alterada.

Com o foco do paciente saindo da análise do exterior (devido à falta


de estímulos no exterior) e se focando no interior, ocorre uma transição
natural a um estado hipnótico causado pelo próprio paciente como
hipnotizador de si mesmo. Ou seja, uma auto hipnose ou meditação. E é
com o uso desse foco que o paciente consegue estabelecer uma
comunicação com seu inconsciente e manifestar, através da associação
livre, suas ideias e sentimentos reprimidos.

Transferência

Por fim, a transferência ocorre como uma autossugestão nesse


processo hipnótico. Devido a entrada do paciente nesse estado meditativo,
a transferência ocorre de modo natural uma vez que o psicanalista age não
como “guia” do estado meditativo (ao contrário do hipnoterapeuta, que faz
justamente isso) e sim como o contrapeso e alvo do mesmo.

Ao contrário da hipnoterapia, onde as projeções do inconsciente são


direcionadas aos catalisadores dos eventos traumáticos em si (O
hipnoterapeuta pode, por exemplo, fazer o hipnotizado confrontar com seu
pai durante a hipnose para resolver um desentendimento reprimido com o
mesmo) o psicanalista se coloca como o alvo direto dessas
projeções (algo que também ocorre de forma natural, uma vez que o
paciente dialoga com o analista).

Enquanto o hipnoterapeuta faz o paciente confrontar a projeção, o


analista “incorpora” esse projeção. No exemplo acima, o analista toma o
lugar do pai no inconsciente do paciente, e através dessa projeção que ele
trata esse desentendimento reprimido.

Elementos da hipnoterapia tradicional

Nesse modo podemos ver os três elementos da hipnoterapia


tradicional – transe, regressão e sugestão. Na psicanálise, elas se
apresentam na forma do divã, da associação livre e da transferência. 

Vale lembrar que a psicanálise não utiliza a sugestão hipnótica como


método de tratamento. Nas explicações acima e, de fato, na psicanálise
como todo, as ferramentas hipnóticas são utilizadas (na maioria dos casos
até sem o conhecimento do próprio psicanalista) como um suporte ou
apoio do processo psicanalítico, que funciona independente a hipnoterapia
em si. Nesses exemplos, o estado hipnótico ocorre inconscientemente e,
de fato, a mesma ideia pode ser aplicada a quase qualquer outro processo
psicoterapêutico.

Considerações pessoais do autor sobre a


hipnoterapia

O autor dessa monografia também teve contato pessoal com a


hipnoanálise, tendo sido tratado primariamente através desta durante um
período de seis meses, e tendo como o resultado a superação de traumas
da infância que causavam transtornos e depressão por torno de dez anos.

Nesta sessão, as opiniões pessoais do autor com relação as suas


experiências com a hipnoanálise são descritas e não representam fatos.
São apenas as visões e observações pessoais sobre a hipnoterapia.

Detalhes da experiência

De início aparentou existir uma dissonância entre o transe hipnótico e


a análise propriamente dita. A análise e o transe ocorriam separadamente,
em faixas de tempo separadas e bem delimitadas, com o transe ocorrendo
geralmente no final das sessões e não servindo muito propósito
inicialmente além de como uma ferramenta de relaxamento e uma coleta
de informações superficiais.
Porém, isso se provou um comprometimento necessário da
hipnoanálise. Conforme o rapport e a confiança entre o paciente e o
terapeuta se desenvolveram, a hipnose começou a se tornar uma parte
mais natural da terapia, ocorrendo de modo natural ao longo das
sessões. Isso sem a mesma necessidade de delimitação e de aclimação
com os processos.

De fato, na reta final da terapia, a associação livre e regressão


hipnótica começaram a ser utilizadas simultaneamente. Uma foi usada
para facilitar na outra,de modo que um resultado mais rápido foi alcançado
sem a psicanálise tradicional e sem comprometer a eficácia total do
programa.

Conclusão
Ao longo da história, a hipnose se mostrou uma ferramenta de suporte
intimamente conectada com a medicina, psicologia e psicoterapia. Desde
as aplicações históricas em templos com técnicas de incubação e
meditação através de mantras religiosos, até o uso da hipnose em Charcot
e Freud para a conclusão da existência de sintomas fisiológicos gerados
por processos psicológicos.

A hipnose afetou a formação de várias das técnicas


psicoterapêuticas modernas, sendo essas a própria hipnoterapia, a
psicanálise, a psicologia analítica e até a terapia cognitivo-
comportamental. Outras também foram consideradas, apesar destas não
serem mencionadas neste trabalho.

De fato, a hipnose apresenta uma influência tão grande sobre Freud e


Jung que, apesar de ambos se distanciarem da sugestão direta, eles não se
distanciaram do transe em si. Freud, ao fazer o paciente se deitar em um
divã, se mantendo focado apenas em um ponto de visão e na voz do
analista, cria no paciente um estado de transe. Assim, abre através da
associação livre um canal de comunicação com o inconsciente, deixando o
paciente se expor.

Finalizando…
Em Jung, a hipnose afeta de modo bem mais direto na formação da
sua teoria. Através da hipnose da sua prima que ele nota os diferentes
fragmentos da psique que formam a base da sua ideia da individuação, e
consequentemente a base do seu processo analítico.

A hipnose se mostra um amigo implícito em grande parte dos estudos


psicológicos, lembrando sua definição por Braid. O transe pode se dar em
qualquer situação desde que se cumpram duas condições. A fixação da
visão e o foco da concentração do hipnotizado.  Sendo assim, o autor vê a
hipnose como um estudo de importância capital para a formação de um
psicoterapeuta completo.

Apesar de resultados discutíveis na parte da sugestão direta, a


hipnose como componente ativo da terapia facilita a busca por
informações do paciente, como um complemento a associação
livre. Dessa forma, guiando o paciente a um local ou trauma específico da
memória e o ajudando a focar em artefatos importantes da sua psique. 

Últimas palavras sobre hipnoterapia

A hipnose, por fim, não precisa nem ser utilizada. Seu estudo e
conhecimento sem aplicação prática pelo analista, revela através das
epifanias de seus praticantes conceitos importantes sobre o inconsciente e
seus funcionamentos que o analista não teria de modo contrário. 

Mesmo em tempos modernos, é importante voltarmos a visão ao


passado. Um psicoterapeuta pleno com certeza só pode se afirmar o
mesmo após o estudo extenso daqueles que o pré-datam, e a história da
hipnose é, em si, a história da psicologia.

Esperamos que tenha gostado desse artigo sobre  hipnoterapia  de


acordo com uma abordagem psicanalítica. Para aprender a abordar temas
espinhosos da teoria psicanalítica assim como nosso aluno Gabriel,
matricule-se em nosso curso. A  formação em Psicanálise Clínica EAD  fará a
diferença não só em termos de aprendizado, mas também de evolução
profissional.
O trabalho original foi escrito pelo concluinte  Gabriel Merlin, e os
direitos da mesma ficam reservados ao autor.

Técnicas de Hipnose na Psicanalise Clinica


Posted on 19/11/2021 Equipe Psicanálise ClínicaPosted in Teoria Psicanalítica

Inicio o tema com definições e conhecimento da técnica sobre a


hipnose na psicanálise. Continue a leitura e entenda mais sobre o
assunto.

Índice de Conteúdos
 A hipnose na psicanálise
o O desenvolvimento da hipnose na psicanálise
 O inconsciente e a hipnose na psicanálise
 O “Caso Ana”
 Relatos sobre a hipnose na psicanálise
 Bibliografia e fontes

A hipnose na psicanálise
A hipnose se refere a alguns procedimentos e técnicas para que o
paciente consiga um profundo relaxamento muscular através da
respiração profunda e simultaneamente seja capaz de acessar os
próprios conteúdos internos escondidos ampliando a atenção e
concentração e diminuindo a consciência de tal modo que o individuo
possa ser sugestionado ou induzido pelo terapeuta. Antes de chegar a
este estágio da hipnose ocorrem outros procedimentos preliminares
necessários.

O cérebro durante a hipnose reduz a conexão entre as partes


responsáveis por julgar certo e errado, verdadeiro ou falso. A hipnose
pode modificar padrões conscientes do individuo e induzir sua
atenção e concentração para seus pensamentos e assim, intensificar
a atividade do cérebro para cura ou tratamento auxiliar de doenças
físicas e mentais como insônia, fobias, ansiedade, estresse, perdas
por morte, obesidade, comportamento e seus desvios, etc.

O tempo necessário para uma hipnose é indefinido, pois, não existe


um tempo fixo ou pré-determinado para o inicio e fim da terapia.
Verifica-se na pratica que a hipnose pode durar uma hora ou até cinco
horas e deve ser realizada por um profissional capacitado: um
especialista, psicólogo, hipnoterapeuta, psicanalista, psiquiatra.
(Observação: para exercer a hipnose, o terapeuta deve realizar uma
capacitação em média de cem horas aula, segundo pesquisas).

O desenvolvimento da hipnose na psicanálise

Há relatos que a hipnose cientifica surgiu entre 1795 a 1860, segundo


James Braid,. James Braid que escolheu o termo hipnotismo (do
grego hipnos = sono), para descrever o procedimento de indução ao
estado hipnótico, James Braid foi um médico escocês que ao induzir o
paciente a um estado de sono e transe optou por um nome ao
procedimento e assim surgiu o termo hipnose para descrever o
fenômeno.

Porém, a hipnose foi desenvolvida e resultou em aperfeiçoamento da


técnica de modo que é aceita pelo Conselho Federal de Psicologia e
vem sendo desmistificada cada vez mais, Atualmente, o profissional
com a formação do hipnoterapeuta é exercida por aquele que se
capacita, por psicólogos e psiquiatras, estes entenderam que há
necessidade de se estabelecer uma comunicação com o interior do
paciente usando assim a hipnose para este acesso.
Atualmente, há muita oferta de cursos para formação do hipnólogo e
uma grande demanda para atuação na área do conhecimento. O
hipnólogo, por meio de técnicas específicas, gravam comandos no
subconsciente do paciente e esse método é diferente de outros tipos
de hipnose existente.

O inconsciente e a hipnose na
psicanálise
Sendo assim, temos que esclarecer ao leitor que hipnose não se trata
de ficar fica inconsciente durante o processo e sim como qualquer
outra terapia é um trabalho do paciente junto com o terapeuta. Como o
tema é abrangente e poderá ser investigado e aprofundado pelo
leitor. Na psicanalise, o método utilizado pela hipnose clinica segue o
respeito pela individualidade, isto é, há respeito pelas características
individuais dos pacientes.

O psicanalista que pratica a hipnose instrui e conduz o paciente a se


concentrar profundamente até que o mesmo se coloque em contato
consigo mesmo; o que se espera então como resultado é usar os
recursos do subconsciente para tratar a causa da aflição. A
experiência que Freud teve com a hipnose é muito interessante; o
cientista usava a hipnose para o alivio dos sintomas buscando
investigar as vivencias do analisado, convidava o paciente a falar.

Consta nas pesquisas que Freud sabia que tinha limitações na técnica
e ajudou a popularizar a Hipnose por todo o mundo antes de criar a
psicanálise. De fato Freud relatou que da hipnose, não era ela
totalmente eficaz.
O “Caso Ana”
Essa conclusão surgiu; especialmente no “Caso Ana”, quando Freud
pode perceber claramente que a sugestão oferecida pela hipnose não
se mantinha por muito tempo. Os sintomas e angustias voltavam. E
mediante a sua grande insatisfação com a hipnose era que ele via que
através da hipnose ele não entendia qual era a raiz do problema de
seus pacientes. Foi assim que decidiu se aprofundar em outras
técnicas como a associação livre.

Em resumo na psicanalise, a hipnose segue os seguintes preceitos: o


psicanalista conduz o analisado até um estágio de consciência que
aceite sugestões sem resistência, com calmaria e quietude
tranquilidade; ao mesmo tempo o terapeuta se usa a associação
livre. Na psicanalise não se pretende alterar o estágio da consciência
e sim dar incentivos ao paciente a falar o que quiser. em posição de
conforto , relaxamento muscular , ambiente calmo e silencioso.

Leia Também:  Conceitos da Psicanálise: Conheça os 8 principais

Geralmente se pede ao paciente que feche os olhos, Os psicanalistas


podem ou não adotar a hipnose como um método; há profissionais
que o fazem por dominar a técnica e outros que seguem por outros
métodos oferecidos.

Relatos sobre a hipnose na


psicanálise
Através de pesquisas sobre o tema, especialmente em áreas de
conhecimento da hipnose podemos relatar:

 a hipnose não é meditação por terem objetivos diferentes


 transe e sono profundo são condições diferentes pois em transe
a pessoa não dorme
 A hipnose não é um estado de inconsciência e sim uma
consciência alterada com foco na atenção
 o hipnoterapeuta é um facilitador e não interfere na vontade do
paciente e nas mudanças que deseja fazer em sua existência
 A hipnose não controla a mente do paciente e sim ajuda a
pessoa a dar um novo significado a uma experiência vivid
 Na hipnose não se apaga a memoria do paciente e sim auxilia a
pessoa a recordar de momentos esquecidos que causam
sofrimento .

Outras curiosidades sobre hipnose: A hipnose nos EUA é


regulamentada há mais de 30 anos desde o feito pelo psiquiatra
Milton Erickson que criou um método personalizado para aplicar a
técnica; historiadores relatam que a hipnose é utilizada na África,
Austrália há centenas de anos; há registros de que o cirurgião James
Esdaile, que viveu entre os anos 1808 e 1868, substituiu o uso da
anestesia pela hipnose em mais de três mil cirurgias.

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