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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

CURSO DE PSICOLOGIA

ESTÁGIO BÁSICO EM PSICANÁLISE:

QUATRO REGRAS BÁSICAS QUE REGEM A TÉCNICA DO PROCESSO


PSICANALÍTICO

Freud deixou um importante e fundamental legado a todos os


psicanalistas das gerações futuras, quando por meio de trabalhos sobre técnica
psicanalítica, mais consistentemente estudados e publicados no período de 1912
a 1915, estabeleceu as regras mínimas que devem reger a técnica de qualquer
processo psicanalítico e que se referem mais diretamente ao binômio analisando/
analista.

Neste relatório vamos discutir sobre as clássicas regras: a regra


“fundamental” da Associação Livre, a da “abstinência”, a da “neutralidade” e a da
“atenção flutuante”. Todas muito bem explanadas em sala de aula, e discutidas
exaustivamente entre professor e alunos, entre alunos e alunos, para a máxima
compreensão destes assuntos.

A regra da Associação Livre consiste fundamentalmente no compromisso


assumido pelo analisando de associar livremente as ideias que lhe surgissem
espontaneamente na mente e de verbalizá-las ao analista, independentemente
de suas inibições ou do fato de julgá-las importantes ou não e também não há
uma ordem pré-estabelecida. Freud dizia que está técnica seria fundamental
para a eficácia da análise uma vez que seria quase impossível concebê-la sem
que o paciente trouxesse um conjunto de material verbalizados que permitissem
ao psicanalista fazer um minucioso levantamento das influências do inconsciente
do analisado. É uma regra técnica que tem como método tentar entender a
estranheza do funcionamento psíquico do ser humano, o inconsciente, um
fenômeno mental em que não há lógica, ordem, noção de tempo.

Sobre a regra da Abstinência, do que exatamente se abster durante as


sessões de análise? Na psicanálise, a abstinência refere-se ao cuidado do
analista em se abster de sua própria subjetividade, na relação de “escuta”, e de
revelar detalhes pessoais durante as sessões terapêuticas, para que o que fique
em foco seja a subjetividade do paciente. Desta maneira permite que o paciente
explore livremente suas emoções e pensamentos sem a influência de ideias
externas e maneje o que está no ambiente a partir de parâmetros subjetivos
próprios. Para que isto aconteça é importante que o analista proporcione um
ambiente acolhedor, onde o paciente se sinta acolhido e contido, confiante de
que durante as sessões, ele seja o protagonista e autêntico.

Já na regra da Neutralidade, ao analista cabe a capacidade de


permanecer imparcial e não julgar o que escuta durante as sessões. O analista
percebe o “indivíduo paciente” sem os seus próprios parâmetros de “indivíduo
sujeito”, comprometendo nas sessões apenas a sua construção de “terapeuta”.

É uma construção saudável do analista que visa cuidar dos seus


pacientes sem que a sua história pessoal interfira na atuação das sessões, seja
com acusações, julgamentos etc.

Ao adotar uma postura neutra, e não “isenta”, o terapeuta cria também um


ambiente seguro para o paciente. O paciente se sente à vontade para explorar
pensamentos, desejos e experiências sem medo de críticas ou rejeição. Essa
neutralidade ajuda a estabelecer uma relação terapêutica de confiança e
compreensão.

A regra da Atenção Flutuante refere-se à habilidade do analista de manter


sua atenção aberta e receptiva a todas as informações apresentadas pelo
paciente, sem se concentrar em nenhum detalhe específico. O terapeuta
permanece sensível a nuances verbais e não verbais, capturando pistas
importantes sobre os pensamentos e emoções do paciente. Ao permanecer
atento de forma flutuante, o analista pode identificar padrões sutis, contradições
e significados subjacentes, contribuindo para uma compreensão mais profunda
do mundo interno do paciente. Somente nessa condição, Freud completava, é
que o analista pode atingir a uma verdadeira comunicação de “inconsciente para
inconsciente”. Um aspecto importante para o analista conseguir esse estado de
“atenção flutuante” é que ele não tenha a sua mente impregnada por memórias,
desejos e uma ânsia de compreensão imediata e tampouco que ele fique
concentrado unicamente no que seus órgãos dos sentidos (o que vê̂, escuta,
etc.) e o seu pensamento logico lhe sugerem.

Para concluirmos este relatório podemos observar que a negligência desses


princípios fundamentais das técnicas em psicanálise não só podem
comprometer a eficácia do processo terapêutico, mas também pode ter um
impacto adverso na disposição do paciente para se envolver plenamente no
tratamento.

Referências Bibliográficas:

1)ZIMERMAN, David E. Vocabulário contemporâneo de psicanálise. São Paulo:


Grupo A, 2001. E-book. ISBN 9788536314143. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536314143/ Acesso em:
22 de out. 2023, p.279.

2)ZIMERMAN, David E. Psicanálise em perguntas e respostas: verdades, mitos


e tabus. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2009. E-book. ISBN
9788536312293. Disponível
em:https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536312293/. Acesso
em: 22 out. 2023.

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