Você está na página 1de 22

'.

t, .,

·.. ,
24

E p if a n ia s do modernismo

24.1

T odos esses desenvolvimentos ajudar


arte,.. ep~ânica que, em alguns aspect
am a criar no século -XX uma _ .
os,
romantico. As formas que dominam nos difere muito do protótipo .
· reunidas frouxamente sob a rubrica "m
cantes com relação aos grandes românt
so século são com freqüência
odernistas". Há duas diferenças mar- ·
ico
mente, caminham juntas embora pareça s, características que, paradoxal: :
m opostas entre si. A arte do século ·
XX tomou-se mais interior, tendendo
a explorar, e até a celebrar, a subjeti-
vidade; explorou novos recessos do
sentim
ciência; disseminou escolas de arte cha ento, penetrou no fluxo da cons-
madas apropriadamente ."expressio-. _·
nistas". Porém, ao mesmo tempo, em
seu ápice, envolveú muitas vezes uma
desceútração do sujeito: uma arte enf
aticamente não concebi~ como auto~
-e:xpre·ssão, uma arte que desloca ocen
· para a própria transmutação poética
~o de interess~ para _a linguagem,_ °-u ·
, ou que chega a clissol!er o_self~ como
: • usualmente concebido em favor de alg .. ,: -,
uma nova constelaçao. . .

e: _.;~- : · ,_
0

:,••· ':. · .. · Parece haver ao mesmo tem . .: . ·/ "·, .


. ~::;__ ·impulso·anti- b.' ti· . ta E tes po , um a tend ênc ia ao subjetivismo e
dev eri am opo r-se mu tua
;·,( :;. ·:.~e acham em su ~e vis . s .. . t"' a mesmme nte, ~por,c ·-/~.-·,: .
. / i , . - -
tensão. Porém, em sua gen a nature za, o que -., .. ·~ .::1-•
c;:J ese , em . · ·. •: ·. ~-'::"'.: _.}.\,:;_<
".·,,.:··- não · · _dev· e· -. ser
· tão difícil de exp licar. ·.· .. · · -. .. d .· ,:. -~~ ~s-· m,e··~an:f'~:·;'Ã';°.X;c
-•:.·•,. ·. ': Os moder··nistas viràm ,-- · · .,. u mu
·" •'
!~' !inhani··...-'.. ..tin ~da
' " -sé
.em
. . opo çao a se ·, · n d""
51 o por
,
'1":7 . ÃCM NV

CÓm . v·- )·•· ., .


':_-~.;.[
.d dos ,,. tico s· o ·s
·to ···\a:p'• e
··u as' ·. o' J l:1>,.,'-..J}:
tr ',;;f:lrtfl~iífl!i
'<'· >·. · con m e com as,
_'! . .
rom
• ,
an mu n
. . . ... ,.. _._.,-~ o V1 ~ . ' '' ~ \::·,
- , ... , , -,"('·/., --+ "·_,., ":-!-.. <._1\,·R~-;·,~-, .

' fai :> ·•


=· . • _'..,, •
~.-7'_1
\ : ] ,.. ·-::;.. :.
}\>:~s-~-};~·.r f,.

. . · . s / ::·/~ :·,
.,-:"1,~·-,.p
:: 1 ti-;

584 LINGUAGENS MAIS StmS Dludanças promove


as duas epção da natureza C0DlC>
iss
ríº 11a. percturada -
por noçoes ro
mecanismo, como campo da ru.ão instrumental, parecia a estes últimos super- ~ter't 811os caL_ vez IJ1aiS a uma visão com
ficial e degradado. Chegando ao século XX. as invasões da r~o instrumentai ~. ~ 811do ca.de reservatório de força amor
eram incomparavelmente maiores, e vemos autores e artistas modernistas 1
~IJJ .. t11 gra.n e nas imagens que arti
protestar contra um mundo dominado pela tecnologia. pela padroni7.a.ção, pela tilº~ tífica.
decadência da comunidade, pela sociedade de massa e pela vulgarização. ~ris. cie~ a velha perspectiva _rom,ãnti. ca
Havia de fato uma minoria, como os futuristas, que assumia uma atitude t torll . stentável em dois mveis: ~=· ~~
positiva diante da tecnologia e desejava celebrar suas potencialidades criativas; fªc1~ era. ingunsudo era também repudiada. M: •
mas também estes ficavam abismados diante da passividade e da feiúra que
P"'" se '
!.PI· 111as, ~ ticos. A perspectiva romãntica ..
viam como as conseqüências reais da sociedade industrial de massa. ai!ll'~0'anti•roIIl~lo mundo "burguês" - assim com
tada. P · tas" d
Para os românticos, o contrapeso do mundo deformado pelo mecanicismo
e ~tulossos dias
rP
gdo coOgunP "pós-Dlodennúls . ,,,,.;:
e pela atitude utilitária era o mundo real da nature?.él. e do sentimento humano 5
f ai , Descrevi no timo cap1 o a re-wcw de
não distorcido. Wordsworth procurou encontrar isso no campo e entre as quefoiassilll· ês e a vanguarda. A imaginação criativa
pessoas simples. Para os românticos alemães, seguidos por Coleridge, o mundo
entre O_burfocional que ela abre tornam-se parte in ·
era uma emanação do espírito. A poesia pode nos devolver a este mundo ao
mostrar o que há de fato por trás dele, fazendo-o luzir por entre a nature1.a. ~çao ~ mesmo P8:ª a~ueles que s~ ocupam do
Na visão de Blake, hbertamo-nos do "olho vegetativo" e vemos a verdadeira ~~ Vemos isso nao so na P?Pulari~ no Dl111ldó
realidade espiritual. Shelley diz da poesia que "ela cria novamente o universo, eoIJ1etc1°· . "e Bohéme", mas tambem, num mvel mais sério
··"lre "la v1e u, a elaborada por J. S. Mill Mi1l
depois de ele ter sido aniquilado em nossa mente pela recorrência de impressões )Ul . sofreu
esvaziadas pela reiteração"1•
A epifania que vai nos libertar do mundo degradado e mecanicista traz
~te~ee?: O
0
conflito entre as exigências da mais austera
propna vi i"dade de um sentido mais rico de significado,
eanecess .. ti
cos. Ele teve, de
à luz a realidade espiritual por trás da nature?.él. e do sentimento humano não
análi encontrou nos poetas roman
corrompido. A arte epifânica pode assumir a forma de descrições destes que
faz.em essa realidade brilhar, como faz.em Wordsworth e Hõlderlin, Constable
•te:~ Bentham e Coleridge, e formulou uma síntese que
~ mo Utilitarismo e Ensaio sobre a liberdade, que combinam
e Friedrich. cada um à sua própria maneira. Mas esse recurso já não está
disponível no início do século XX, ao menos não desse modo direto, por uma ~rendido e científico com uma concepção expressivista do
gama de razões sobrepostas. ereafuação humanos, e que deve muito ao romantismo al
A mudança deveu-se em parte ao prodigioso desenvolvimento da sociedade C.Oleridge e de Humboldt. Se essa síntese é ou não consistente é
industrial. Numa sociedade urbanizada, tecnológica. a nature?.él. é marginali?.él.da. oimportante aqui é ela representar uma das formas de mna
Já não há camponeses vivendo em simbiose com ela. As paisagens pintadas minada de integrar noções românticas de reafuação pessoal i
por Constahle estão sendo obliteradas. As máquinas e um ambiente humano ~cidadãos de uma civilização dirigida cada vez mais pelos "
projetado para lidar com massas anônimas dominam nosso mundo. O que
permanece fora de tudo isso são os ermos; mas isso passamos a compreender
lllStrumental.
em termos bem distintos daqueles dos românticos. Nossa compreensão é .Na medida em que essa síntese se toma crível, m~
~oldada por outra mudança, especialmente importante na segunda metade do ~ção podem contribuir para a autojustificação dessa . •
seculo m. n-ata-se do progresso de uma visão de mundo científica e meca- verisso hoje numa disseminada noção justificativa do
nicista que já não se baseava simplesmente na mecânica. mas afirmava englobar engre~gens da indústria giram a fim de dar aos indmd~ .
também as ciências da vida.
: ~ca e ~tisfatória vida privada. A a~tocongr ~
1. Cita.do em M. H. Abrams, The Mirrar and the Lamp, Oxford, Oxford University Press, 10~:e mai_s para uma idéia das realliaç~s da V l ~
1953, p. 282. sentune~ a.JUdaram a dar mais corpo ao ideal ~ .
10 0
~'ClUOporV/iterno num mundo que ' fora disso, e frlo,
r:ri,J
• ,.
ordsworth, por exemplo, como um ser de
,· · '-llfoot\Ósas ·
P6de aei-tn-_ - . . . 11.\Js sona
deii:ava. -~~ Por Dicke
Í41nbém .. ~Ças tL-_ -na COJJ1 'UJJ1
~• ele~ &enu, ci;. ~lll-se Pt"esas~ cnlJco estrl
•taJilente afastada.si
- -1 •.
Clonasse ~
J~s J>ennii-:-~ Para a
-WCUll QUe
da ezi>IoraçãoCOntra a 80ciert...
&uto-estuna, e da de ~ 4Ue
Blltidº absoluta. e nao '~
A Piedacfe se~s e 'UJJ1 DÚJJlero \Una ~z
l'OJJlâ.ntico. ~ e o sentune~:aitá~is. <:ada 'Vez lllaior4::::: ~
:/ºllla.ntistn:::;111 Via todo es':eº Vitoria.nos J>areciani
~-
=:
Proi>or.
~ereflça.Jllais elevad.:1 e~ssao
cOJll
oa
sua II1aior mtensidade.
;da eJll •vitars. Assumir essa
.
v se .antido ser. Isso pode produzir
s~sti~...~s1:runien1-.. 1?1ºstrar.se tão ~~do como espin..,,~r captado o esnr..:... ~ptaJ!lª~ Eliot é um exemplo
LU.tiV'Q -.us1110 EI -~e daquilo ·"CUJD.ente \'a.zi .,..,co . e de T. E. Hulme.
..:111et!º
eOpi,,..- .
quem an.sia s oU ina.utênti~s e apenas ofereciaqu~ e~e~ rejeita."am.º e Plano,
Jlalldelal!es porém, um desenvolvim
~sa que o : P<>r algt1ma, fonfª compensar uzn m~~cados trivi;i~~ o Ve!llº ' s Mann, desta vez sob ·
SUnpl lUldo da razã morai mais o sem signifi ~os 'f]J.Otlla
cari es etnOÇão pessn" i o desprendida pura, mais Profunda cada. Par~ colll castorp na passagem da 81
catura_ A ·
se contra
ua..a ou a celeb - na.o P0dia ofe ou Illais vi .....
SSIJn, os llloderm •"- raÇao de reaJ.izaçõ rec~r, a eXJlres~"t:,v-
de aans belezas harmoniosas do ~
Dlai o que viam s~, como h d . es rotiniz.a.das da colll0 as partir dos horrores da ,,
_s cotnpleta_ El c~mo romantismo A e~ ell'Os dos roznânti erani 1lina. troeJll•se ; em Morte em Veneza o que
s
ubJetivo nem na
Eis por
~~::t:n.
Podiam buscar' co:~~a com seu mun~i~t;ram-
ça de que o m o nem no sentimento e ser
ht!lllanob. eh esse artesão altamente
A5chen a ' b •
comum que muitos dos auto undo emana do espúita2 Puramente ~ ederico, 0 Grande, para a e1eza
., com a .P<>stur d res modernistas . . de ~rtat11bém atraindo-o inelutavelmente
Ja não busca a e . ~ os grandes romântic pioneiros tinham menos està as epifanias do ser têm esse •
fora dela_ E é Pifania. numa nature7.a. de , os que com a de Baudelaire em Mann, ara Proust, a reve1açao - do tempo
P
de uma impiedosa es çao das ilusões
como d tnú -
0 apelo nietzs:~:s_e m?tivo que eles s e =fr~:,e d~ algum modo, alé~' :

t.arismo confortáv I ~ Virtudes heróicas, contra o quen_~mente de acordo com Tudo isso pode ajudar a explicar a foma:
as fontes tac e e esfibrado de sua épocaJ HulmJ ga\ram ser oh11Dlani. para a interioridade. Os pensadores do
' a ou o romantismo . e, que bebeu de ambas
corret.amente a ori d ~r sua negação do pecado ori . . . voltas com um problema que ainda é fo
como fonte, e quis ';.:1;uC:~~e::o em Rousseau e~ dou~~~': ou do Verdadeiro, ou do Belo, num mundo
?
transbordada "4; seu erro foi ter lidi~ outr?.. romantismo era apenas "religião mecanicista? Hulme, por exemplo, encarou o;,
e o religiao e natureza quando as devia ter desafio, identificando-o por meio da seguint&
2 · Ricardo Quüiones em seu M rpp · L · "A ciência é para mim não uma massa de·
Press, 1985 cap. 4, faÍa do .. ~ Rmg iter_ary A:,odemism, ~ceton, Princeton University de que não há alteração no universo, não
3 "Antes' d C , · conua- omantismo do modenusmo·
- sensação de uma consciência que não vá e
I . O e operruco, o homem nao era o centro do universo; depois de Copérnico,
O
e e e~a. , ~serva-se uma mudança de certa profundidade e intensidade para aquele otimismo as leis naturais; a certeza de que nada pode
raso e ms1p1do que, passando por seu primeiro estágio de decadência em Rousseau culminou de causas e efeitos; a necessidade move a,
por fim no estado de dissolução no qual temos a infelicidade de viver"; T. E. Hulme em
Speculations, ed. Herbert Read, Londres, K. Paul, 1924, p. 80. Ford Madox Ford expressou Para contrapor-se às reivindicações ·
algo dos mesmos sentimentos com menos prudência em janeiro de 1914: "O que mais ·abrangente, fortalecido pela marcha de uma
queremos na literatura de hoje é religião, é intolerância, é perseguição, e não as bobagens
sentimenWóides da cultura, do fabianismo, da paz e da boa vontade. Uma religião boa de
5. Ibid., p. 8; grifos do original.
fato uma coisa violenta cheia de ódios e exclusões"; citado em Michael Lev~nson, A 6- Yeats, claro, não se enquadra por inteiro ne .
G~n;a/ogy of Modemism, Cambridge, Cambridge University Press, 1984, p. 59. Osecu!oXX · velho do que a grande geraçao
era. m_ais - m
prestou-se generosamente a atender o pedido, esquecendo-se apenas de confinar as Prunetras décadas deste século, poderia ser
ronseq·ü ências à literatura. . 7. Citado em "Notes on Bergson", de Hulme,
4. Hulme, speculations, p. 118. Mllleápolis, University of Minnesota Press, 19
LnfcUAGlls 11.\Js SUTJs
Dioerapo .
J>oia bào ~Vel l'ecorrer SÜn
e a \ri.,::_ Bõ esse IIleSino P~e~mente a uma J -
ura envolver e fazer.
·&QClg de Sch mecaw.asmo tinha uescrtçao en;r:i_, roc . dir
ser a rotula: Ol)enhauer a sola toIDado essa r-uuca. d a ~ P
etllPre . física, para impe ~
ao IIlllndo : como errada.
oferecia. biunentai que ha .
Ela::,
como também o~~ Pl'Oblelllá.
Pl'Oportionava uma das e~tica.
~a. c015:ética liberta-se de uma •
iJllªgetll P intuitiva fresca que re
exceção.~ UZir mesmo n~~~:do ~ perspectiva
red
!te~~va
o fato de qu~:U~vi~ <:<>ntra esse niv=:~ sen~ento~~~efUe Se
Ul~tado na sensibiJida:vido, o mundo tal como viexau~tivo era a interion~~Ill
geu~ !i11guageIIlIIlºs ver imediatamente o e
pode comuns concentram-se noa
illteresses). esquecemo-nos por inteiro
q~ que supostamente e na consciência, não ~Cía.do, Conhecido e ;ue: (uorha nd~n ~a.Dlente ali como "pronto&
. ~ a tudo abrangia. Be

h=~
tibilidade da e A ser assintilado ~- está~ P~consistente de "esquecimento
esn::i,.; .. 1: __ xpenencia a uma expli - rgson, com suadoutnna pe!a Illá· tendeociaanalítica existencial, um estudo
..,._.~do da explicação fisi . caçao externa, da d _ da lrl'ed\J..
Esse tipo de movun t ca, fo1 a grande fonte de por ~a e nos abra para o significado do
J>ara o te111po J.5 coisas .- d do
de resgatar o ue i . en ~• ~ue une filósofos a artistas e , ~o J>ara Hui.me. U" berto em nossa visao e mun
repetiu-se muit!s ~ o1 suplln:1do e esquecido nas condi ~nticos na tentativa e en~~avessando todas as diferen~ ·
t.al ezes no seculo XX. M . tar Çoes da experiên . fuJba. de afiliação liga todas essas r?wa:
como o fizera com Ber élls de, Hulm.e inca eia,
"fenomenolooi"" , . gson. E a bandeira sob a qual Hu rpolrou Husser1 . s dos românticos. Todas elas visam
e.- , 101 apropriada pelo sser navegava, 5
de Heidegger e de Merleau p ty, s empreendimentos distintos mas parai 1a ~~ ta -utilitaristas sobre a nossa vida; tm
01c1s•ta]ismo
S · •
e do express1vismo: "UJ;++nn.. ..t-..;....,
...'-"&.............. ·
revoluções semelhantes e - on , ao passo que, em termos bastante düeren~os doVl tã ,. de
últim m pensamento e sensibilidad i . s, they'z. E todas es o proxunas
os escritos de Wittgenstein ou foram te tadas e o~ mspiradas pelos rom Dil . da -
Cada d . n por Michael Polanyi em sua rejeição da hegemoma~ . ra7.élO. . .
um esses moV1DI:,ntos foi acompanhado, para aqueles ue t . Assim, enquanto os romanticas ~
parte, pela mesma sensaçao de júbilo sentida por Hulm s Iq ornaram
recuperar!i. da •A • • e • sso vem da para O sentimento puro, enco~~os. Dll1itos
• A ~o expenencia vivida ou da atividade criativa que subjaz à nossa resgate da experiência ou da mt~non~.
consc1~~cia do _mundo e que havia sido bloqueada ou desvirtuada pelo aparato descrevi. Mas que dizer do anti-subjeüvismO
mecaru~~s~ remante. A recuperação é sentida como uma hbertação, porque freqüência em Pound e Eliot, em ~e, bem
a expenencia pode tomar-se mais vívida e a atividade mais desimpedida ao ser característica tão freqüentemente articulada
reconhecidas, e abrem-se alternativas em nossa postura diante do mundo que (como é o caso de Hulme), ou como•~·
antes se encontravam sobremodo escondidas. anti-humanismo (Wyndham Lewis e, 1l05UD~
Na teoria inicial de Hulme, a poesia restaura um contato vivo com a Isso, paradoxalmente, tem algumas raízes
realidade. Num mundo mecanicista e utilitarista, passamos a lidar com as original na natureza também se aplicava à
coisas de modo mecânico e convencionalizado. Nossa atenção é desviada espiritual que emanava no mundo que nos
das coisas em si para aquilo que elas realizam para nós. A pro~a comum interior. OEspírito na natureza vem à
reflete isso. Ela opera com significant es imovei · , ·s, que nos permitem. .fazer
1 N
d Schelling e Hegel. Coleridge v~ a ~~do
alusão a coisas sem de fato ve- as. a prosa,A "temos palavras divorcia
b tr - "Ela as
se molda a partir de dentro. AunaginaÇ&O
de qualquer visao r . - eal "9 A poesia pretende transpor essa a s açao.
. · Princípio. Oartista não imita a mera
, l"·, "Fui libertado
• - fim a um estado intolerave . d
8 Para Hulme, a leitura de Bergson poe te"· f . "um sentido quase físico e 10. lbid., p. 10. .
. , ·to erturbava a men ' o1 29 30 Ver 11. Ver M. Heidegger, Sein und Zeit, 'l\lbi1!gl,
de um pesadelo que ha mw_ me p , . d explosão mental"; ibid., PP· . .
'b'ta. expansao uma espec1e e
u!oria., uma su I • • 40
56
' (Ser e tempo, Petrópolis, Vozes, 1995 !;_
the -Este último vínculo foi be~ ~~
~bém Levenson. Genealogy of Modermsm, p. . 12
9. Hulme, Further Specu/ations, p. 78. Problem of Knowledge, Jndianápolis.
a DabJrez.a . '. . . .·.. ·..
l
•v&4114
entre o eRní~- como naturr, ..
O -r~~ d a ~ e "ªlurans. Mas . ,
~ eaJisIIlº• não podia ser ..
naturi l'Olnantismo ini . a ahna ~ lSSO OCorre .
.j dO st111'. ~ 0 criativa. Com efeito,
Rousseeza. como fonte •Cialcu·uadesenvolveu-se O eSJ>írito h~~~ do 'Ili'"--• · l iJllªgillªçatre natureza interior e
au. Pod. · a J>artir ~ 0pe ·-.ll!O
desvendar-Ih eIIJ.os descobJIUneira declaração da nação que ra eni nós.
dentro segu: os se~edos. vo~rn; estar em sinto:adigJn.ática
a6nn o caminh.o h .
o~ que ..a nature
o-nos Pélra com a na+-•-- va
e e10 de Dtisté . " nosso Próprio . ·~za. co1110
::ei
de
e111
; e .. ~s en
a.s ~~do para uma um~
a,pr P
por c~o
h 'dade
nseguinte, uma virada
significava uma virada
\lidade, nadido como um alinhamento
hlllnanidad za humana sabe no • colllo di intenor. "P
13
Goe:: co!llPre;~riativo. Pelo contrário, esse
respon sivo~: : ~rteza de que O m:~:stá e~ sint:~~:::us • e pode lf da forma como este é
o mundo. A.
Baladas Uricas

mem é, natura1m
çoes do mundo interi "extenor constitui
homem e a na~::z: ra co_mo fé essen::i. d~ Wordsworth,
ssencialm.ente ada: poeta que "ele
~:P<>nto
. o das
aléill do sxpe eriência que põe em
-dae
çao
dMsil,
.d de como no caso e u pot
. ente, o espelh das ptados UIIl ao outr considera o identi .ª de unidade, uma nova man ·
da oVO tipO t
natureza"1 •. Por conse . o melhores e mais in o, e a mente do ho- n mplo, em Prous.
por exe , sível
com o espírito que há ~te, a auto-articulaça~O odteressantes 4ualidades De fato, podemos ver _q~~ e pos
nas coisas e P e estar em hann
Isto é o que na v dad • . promover sua revelaçao- onia idéia tradicional do s~lf ~tmda.ºoer::.&·
' er e dá onge · - da experiência vivi . s . •~
como estando preocupad o tâo- m ao quadro denegridor do ro . peraçao
com demasiad a facilidade somente com a auto-expres são o q~antismo romântica apóiam-se, de maneiras
de um Eliot Isso é uma cale~ _suas conde~ações na boca d; um HU:erge primeira requer um forte centro de_
· l uma. como assmale · • e ou capaz de construir as ordens da ~ par;
S~Ja ançada com propriedad e a part d , i_ aCin1~; embora a acusação ensamento e a vida. A segunda ve ~
vu-ada do século ela não é adeq da e o pos-simbolismo subpateriano da ~dade no alinhamento entre sens:ilJil1daclei
na própria harm' . ua_ para os grandes românticosis. Contudo
d , orna preestabel ecida entre articulação do se[f e articula ã~ esses dois ideais passam a ser e n ~
o mundo está o pretexto para as falsas acusações. ç uma perspectiva a cujas reivin~~~ de
~ntre~to , essa harmonia já não é compatível com um.retrato da natu- medi.da em que adotamos uma visa.o pos-
reza mtenor e exterior que absorveu o impacto da biologia cientifica e de a hbertação da experiência pode parecer
Schopenha uer. E deve ser ainda menos aceitável para aqueles da linhagem identidade única unitária. e que nos
baudelairi ana que, como Hulme, opuseram-se à crença "romântica" na bondade alcance do controle ou da integração.
inerente do homem e da nature?.a. Essa harmonia foi a fundação das epifanias Nietzsche já explorara esse ~samd
romântica s do ser que, para os modernistas, tomaram-se tão inaceitáveis não gozar de uma unidade garantida. a
quando repousava m na suposta bondade do impulso interior como quando fazem dele um dos principais P ~
baseavam -se na alegada expressão do espírito na natureza. s~culoXX. D. H. Lawrenc e_es~~~
vida quando disse: "Nossa mdividuali
O que permanece u foi a noção pós-nietzschiana da natureza como uma
não é mais que uma coesão acidental no
imensa força amoral com a qual temos de retomar o contato, com~ fic_ou 'l djaDle
da~uilo que pensamos ser o ~ ~ 0 ~
evidente em diferentes formas no fauvismo, por exemplo, ou no pnmell'O qmco do modernismo na reJelÇI ,.,-;
Stravinsky ou em D. H. Lawrence. Mas isso, exceto talvez no caso extremo substancial da alma" como .sendo
. art Kl tt Corta. 1960-1975,
13. Novalis, Schriften, eds. P. Kluckhom e R. Samuel, Stuttg , e · 16. Ver a interessante discussão sob!9
II, 419. 129 Life as Literature, Cambridge, }dass.,
14. Citado em Quiiiones, Mapping Literary Modemism, p. · l91
173· · 17. Citado em Quiiiones, MaPPing
15. Ver H. Kennei; The Pound Era, Londres, Faber, 1972, PP·
,.- t 1

eJ:r6neo11. E i<féiaa
COJno a.cabei de se111elhantes
~•19 lllencionar: Pro~ eni oUtros
no qu .. , · E ]<>yce elh\1 Ust fanibéDl .-1:_ 411tores . sua época; ela GeSIINni
l4QA as fronte· ~ y ora. eDl ,:,, ~ 4Ue lllod-:_.
A 1l"as da. pers . ~lTlnegan~ ~ SOnios ':t>lr=~:)I,,_,. JllºJ!l~::~~placiana- Heidegger volta
tolllar n~ssida.de de fu.,;,. dasºDalidade tornain. áke, 1:1111 ní'le~~~ ~el'l d que é um erro fundamental
uni llllportan c,c,& restn - se flutda,g e ~-~ celltral ; dos "eventos" (Er-efgnfs)
vezes chainacio d •te_ tema recolTente ÇOes do self uni • : ' eote~ ~ 0 de roundo ordenada a
de Fou1ca.u1t ao .._~// ~s-moderms1J10• neste séeu10 e f-~toº 'Veio de
->e«, diSci 1;___ , como ·
,~L
' 14.ll Illais <Cl{() a llll1ª ~:eia e negar parte da ·
Há uni ;1t,...... p ~ ou confes Vllnos de UJna .no 4Ue é se iJlCO~béIIl enc?ntramos essa crítica
de ~ . --tu.e modernista sante e, de ou+- lllaneu-a no Por
A , . ativa ass<>cia.da.s , ~elo à consei~ . ...ct, na obra d 1,~~ os assunnda em favor do ·
cntica à Prime. a razao instnun
razio desprendiC:ª tem mais evidência. ~n~ _desprendida e
como um.a s , . Produz envolve uma
ene de
e:tn~
encia do tempo , e ~ul<ll'à20

VJ.sao objetifir,,~- d rolliantis1110


JIIoderndrada pelo cap1"talismo, o tempo
en~cuJo. Ele "tira-lhe a natureza ·
d~ contínuo exatamente delimitado e
espacia!iza - - o mund ·
entre os quais pod momentos distintos, estad çao d~ tempo. Esteº, ~e a ~cáveis ... : em suma, o tempo toma-se
Vazio homogêneo" de;iBese~ es~lecidas certasº~;º. lliliverso nUID. in:t~to Autores modernistas adotaram essa
-espaç tal nJanun A c eias causai ""ue, M sua contestação foi mais profunda:
d . o, como concebida pej -om~reensão ideal desse s - o "te111po ;ativa da razão desprendida e do •
esvmculada de qual o cientificismo do final d ~undo de te111po.
compreensão pe-" _taquder perspectiva temporal Pod . o secuJo XIX21 A"4-: •são da lústória como progresso, em que 0:
',e1 e um . ena ser. po ' ""'14 ~ência leva a um controle instrumental llelllJl..êl
começar, do mesmo od preVJ.sor onisciente lapJa,.;,._ • r exemplo, a
m o como pod · --.....o antes de tud :star sempre maior. O segundo muitas vezes
uma mente científica examinando e~ ser a compreensão retrospecti o mas também tem uma variante otimista: a clã
Em tal visão abrangente e ordena° registro completo depois do fato aca:_d~ espiral, que caminha no fim para uma reccmciliái
eles coexistem. Daí a imagem ue~ os mo~en~os são apreendidos juntos: Aconsciência modernista tendeu a estar·
provação: de que o tempo é "e;pac~dfr:quencia se repete em tom de n:_ "otimistas". Alguns dos principais autores que.
E , o. nos bem além das modalidades de narração que
sse e o ponto de ataque para muitas das m";s in.t1 te - tinuidade ou crescimento em uma vida in · •
mecani · El .... uen s reaçoes ao
c_1smo. as protestam em nome do tempo vivido. Bergson é oprimeiro. Hans Castorp, em A montanha mágica, 'Vê o
Mas Heidegger faz do tempo a questão crucial de suas primeiras obras. Ele nizada, do controle cumulativo, e até o tempo
s~ rebela contra uma visão do tempo na qual o presente é a dimensão do- pando dele. No sanatório, mergulha-se numa
nunante, em outras palavras, a visão espacialirada, em favor de uma concepção que todas as medidas desaparecem e o tempo
fundada nas "três ekstases" que dá primazia, se é que o faz, ao futuro. Otempo ocorreu com o self unitário, esse tipo de
de Heidegger é tempo vivido, organizado por uma percepção do passado como normal de tempo medido é a condição
fonte de dada situação e do futuro como aquilo que minha ação deve co- profunda que abre outra dimensão da vida.
-determinar. Essa organização é inseparável do fato de o agente habitar seu A epifania de Proust no último volumt
também envolve um curto-circuito de nosso
18_ Cita.do em ihid., p. 146. !46
19. De Contre Sainte-Beuve, citado em Quiiiones, Mapping Liter~ry Modemls;'e'l°sabtr: 22. Ver Heidegger, Ser e tempo, div. II, capa.~
20. Ver Michel Foucault, Vigiar e punir, Petrópolis, Vo~e:, l ?95; idem, ~n~: Gradiva. apresentada de outras maneiras em grande nilmelO
Rio de Janeiro, Graal, 1993; Jean-François Juotard, A condrçao pos-modema, Lis a, 23. Gyõrgy Lukács, History and Class •
Mass., MIT Press, 1971, p. 90 (História t con.,dlldr.
1989. . . • •ca uântica. AJguns au·
21. A situação se altera, claro, com a rela~vidade e a mecaru ·t q da física do século lit ~4: Quiiiones, em Mapping LittraTY :i.açaa
e~ano baseado em larga medida nas m
tores modernistas julgaram ter encontrado apoio no~ no_vos c;nc~1 oste lllu1to com sua di scussao.
-
XX para sua critica da consciência de tempo tardo-vitonana omman .
de■lll enw..,.:_ ~ 11.\Js SUna· IU{ISMO
DO tAODE
COoilQn ~ - e llltes dela, . EPIFIJ{IAS deslocat do
le1ot1Ja ~.~ SIJ4Vidallio _;fanico coIIle
a se a ·•--1•dlll
ça.,.Ara. Jllll,-1110
Perdi 1lDl eSCritor" Há que a J>esaoa . Pode ser COont..__. .
~:
vidade eyd unidade, .l:'"";niesmo CO
sua j0tJladae~Dlpo l>erdido~e~ 8Ucesaio~~ ta.do o cenb:º de gr~O\'as fofJDBS ~ alturª atete" que atinge
reúna o encontrar COe .. bUscâ da 1lnião lllais no dui>Io ~ CoIIlº resulda e~riência. para:eiras - _e~:;e "descen~an ~centemente
lllomentos eni~-, S4o de Uina n,.,_ . COlll o na11... ~tidode ...ara.oflUJtO ·edade de Jil subjetiVl doutril18.5 uína5 que
J>ossíve1 "'-- r-uucos .11 ... 1.,_ -aueua qu ~ --a.ao ~ sei/1í>~da numa van UIIlª era de ()(}ia, eJil certas oerta.s gen elida. o
UQC•lhe Ulll · -up<CUUente e atra.ve cone~ i n,rtura". eoroeça talvez sua par odaS as desc~ iarga IIle . à
l'econb.ecido. A recu senti~o, que P0de entãsei>arailos lllecfianS: o te111,Po uina es culIIliD8D:te, oU . .Apesar de t trar nela e, e~ , alternattva
Podemos . l>eração do l>assado . o ser a base de a ntein~~ . seu panto vindaS de pans. o únpeto para en scentração na.o e
Sua J>O~ção ~:nsiderar os usos da~~:~pe a perda ~brado~ U: elll voga, modalidade,
fiZelllOS nessaos fez voltar para
dentro. .A de · como
. a eIIl da poesia, " ais
de anseio por t.Un vezes ~r confundida co na na PGesia. de Eliotlllpo, lllesmo _que~, seu complemento. udanças, ~ ling_tl. g al, tornou-~e 1Il e
11ID Presente ~ • J>assado Dlais rico • ll1 ª P0stura. nm,;...., _ · ePoUnd. interiondade, e d dessas duas Jil alteraçao adi~io~ s Antenonnent
declíni azi.~ ou superficial. A ' lllais ple_no de sentid~--uca. COnheri11. Como resul~ ~sual, sofreu UIIlª uele dos roIIlantico . ressão "Ungua.·
. o, e o anseio Po
0 lllÍcio·
·,º
llarração llnplí ·ta .' da persn......,.=_-.
r recapturar a reaJida
que PélSsou só Pode ser .
CI a.qll.l é da históv~ll\'l de
de anterior está co de na COtno
também a da ~do mais fo?:e que :~ de Wassennan ~ ;?
sutil" nUIIl sen comentar a myoca9 mato que separa o odia recorrer
de Wordsworthà
Porem, quando faz
0 emos um exam. .
mvOCado em nostaIDi,. n nado deSde
a-- (seção ~1.2)~~ de Shelley, a~s~ale~ natureza. Ond? Pope ~ proporcionava,
que aparece nos "po . e, isso não p:i .....Ae gelll ma1s su uas descnçoes ande cadeia do se diante as
,
comparavel de Eliot A ,
emas mcluind . -= ser nem .. ...
o a história" de Pound ..... l>Ollco emplo em s - cias que a gr alavras me
por ex tabeiecida de referen - descobrindo novas p . da natureza. E
nosso tempo precisam ePoca atuai é de fato espirituahnent ou na obra gama es .. d lin estão , or meio afia
M . ' os resgatar o passad fim e pobre EID. wordsworth e Hol er JI1anifesto para n~s p cante à iconogr
as isso não ocorre tanto por a história t o ª. . de alcançar a plenitude quais algo possa s~;=!r dito sobre Fri~dridc~: ~escrição, ou de uma
que a plenitude do sentido não , - er significado declínio, mas por: algo semelhant~ po as é ainda por meio ~
E . e acess1vel tradicional na pmtura. M . ue a epifama ocorre. . - há
era. ' mais do que isso Pound e Eli t com os recurs os de uma única representação de uma_ pa1s~geJI1, ~ não é descritiva nesse sentido. ~ao As
recapturar o passado, ou' melhor. tom: parecemd sustentar que Podemos Boa parte da poesia mo ema Jª t inequivocamente descn o.
õ d - . ' os gran es momentos e realiza. referência ou representa9ão d~ ~ em~e como símile ou metáfora para
ç e_s e outras e~ocas vivos outra vez na nossa, devolver a fala aos há
mwto mortos. Mais uma vez, a meta aqui parece ser uma espécie de uni- imagens não são introdUZ1das simhipt~~men um obieto centrais. A partir dos
caractenzar · um referente • uma s ona ou J • • -
ecer pela Justapos1çao
dade entre pessoas ou entre tempos, tal como realizada na figura de 'lirésias
de The Waste Land ou nas justaposições dos Cantos de Pound, que percorra simbolistas, têm-se fei~o ~oemas ~u~~~~;xpº
de imagens ou, o que e ainda mais c
i~ pela justaposição de
, . .
de lado a lado nosso tempo comum de sucessões narradas 25• palavras. A epifania vem do entrecho entre palavras ou ima~ens, por assim
O resgate modernista da experiência envolve portanto uma profunda dizer, do campo de força que estas estabelecem. entre s1, e nao de um
ruptura na percepção recebida de identidade e de tempo, e uma série de referente central que elas descrevem enquanto o transmutam..
reordenações de um tipo estranho e desconhecido. Essas imagens de vida Às vezes ainda podemos descobrir uma realidade central "sobre" a qual
remoldaram, neste século, nossas idéias do que é ser uma pessoa humana. um poema fala. "The Love Song of J. Alfred Prufrock" é, presumivelmente,
"sobre" a vida anêmica e pusilânime do homem contemporâneo, ou coisa que
25. Ver a nota de Eliot a The Waste Land: "Tirésias, se bem que mero espectador~
ovalha. Porém, boa parte do poema nem descreve nem expressa com clareza
efetivamente uma 'personagem', é no entanto a mais importante figura do po:~se no tal homem. Quem fala e a quem se dirige nos versos iniciais?
' 1 coesão a tudo mais. Assim como um mercador caolho,_ve~dedor de ~sas, rínci e de "Let us go then, you and I,
Marinheiro Fenício, e este último não se distingue por mte1ro de F~ rdinand~~ ~ncoJtram
Nápoles assim também todas as mulheres são uma mulher, e os dms sexo; k Harcourt
"'.7'en the evening is spread out against the sky
Like a Patient etherized upon a table. •
em Tiré~"; The Complete Poems and P/ay~ of T. S. Elíot 1909-195~ ~;;er:~r'Poetics o/
Brace, 1962, p. 52. Ver também a discussao e~ James ~ngenb:~ItlversityPress, 1987, ("Partamos então, eu e você,
Kistory: Pound, Eliot, and the Sense of the Past, Princeton, Princeto
Quando a noite tiver se espalhado no céu
cap. 10 e passim.
Como um paciente anestesiado sobre uma mesa.")
596
LmGUAGiRS
MAIS SUTIS

'lnangulamos
para o
't evidente que um sentido por meio das imagens. . "Apresen
feita. acerca da a afirmação anál
oga e até mais s\18- 111:eta: os <\ue tar uma·
acre~tan1 om gen s poetas devem.
arte visual nã
o-representativa vigorosa poderi o
falou de como a s ,,,,,
a crítica em to do s ~ o XX.
"justaposição• "p das as artes co
nven
Roger Shattu
: nã0 l i ~ e indeftnieralid30ades vagas.
moderna são reunara e x p re ~ a idéia de ~omo as aonou empregar O tenn unPr is
ec a e da." •
idas... O século ·partes de ~ a "nfase era na ap .,..,,.;,.
oposição a arte
s anteriores de XX dedi26cou-se a artes de Ju
obra de art: A. e de ter perm rese..~
transição" • staposição em Elll ,;ez d: as co issão para se
isas retratadas
s i~ c ª•.,<:, co
an \.(U>" mo elementos distin
24.2 111 ifesal ,,31 E, sobretud tol. •
O que isso sig
nifica para a a natur . - u o, temos de .mtar
casos, com sua de percepçao ~ e tornam as fronteiiaS
rejeição das ep rte epifânica dos modernista
à corrente co
ntra-epifânica
ifanias do ser, el
es parecem es
s? Em alguns as para den tro das outras. Para Pmul
uIIl . dade
Eliot acima cita do n
dos, em que a aturalismo. Considerem-se
tar se alinhando na socie era de contribuir. essa
e o artifício es súbita passagem os versos de ' . com .. .
terilizado da m ao símile que do o próp rio meio,,ª própria essêma:a
edicina frustra evoca doença va
r, isto e, tomartoe zia e
uma epifania
na natureza qu b ~ ': s a apodrece
H. Lawrence e a imagem so rutalmente a expectativa de a .,; ~ otdem
voltou-se contr bre a noite par maq...,,a.. n·o
' ~o pensamen
a a "profundid ecia o A ênfaseu
com significad
os e, numa pas ade", a satura prometer. D. na clareza e na nitide'L .
do peso dessa sagem de Aaron ção das coisas da
horrível castel
experiência da
significação ob
s R od, com para a libertaçã contra-epif_ânica. Era parte da recusa
o edade insmimenta
·
o en rigat
cadeias, de sen cantado, com paredes úmid ória com a fuga de "um
das acreçoes da
S : a removê-los e
le
tim as nue ela gerava
tação é evocad entos e atmosfera sombrias" 27 de emoções e pesadas . ~
plena força, para resga:..uu a ~
'1.
o em Kangaroo: • Outro m
omento de liber
ft . .

- superfície <18;~ . eomo oeor ~


C-Sem lar, sem ch
á. cois_as~do anteci te _ ,
a grande pausa Descuido despreocupado. Indi nismo, este lª h l)&do por
a falta de signifi
entre preocupa
ções
ferença eterna.
Talve de q_ue os gregavia profundoS o
cado dos signifi . Mas é somente nessa pausa z seja apenas os eralll
Somente nessa cados - como que se encontra das co•isas33·
pausa se encont velh
dimensão . A re ra a falta de sign as cascas que lembram poeira Essa faceta c~ tra-epilânic&
c)e
al ificado dos sign .
significado quan idade da intemporalidade e
1
'1
to os significado 8
s")2 •
nenhum lugar.
ificados, e a ou
.. nada é tão
tra
sem o próprio nat .
n E de fato.
ligá-los ao na:turalismo. '
tendia a aes1d·~
as
Algo semelha uralism~er da 11
li da compreensão nte à mesma recusa de profun como talvez se 1el\10C
que Pound tinh didade parece
es no impressiomyossaO desllzAillento-
te de nós. Duas a do imagismo. O objetivo er tar na base
particular dian smo. tido
mento direto da das três "regra a tomar vivo o fatO para:d0xal disCU aciJn_,&.e.tê t..ll!CIIDa..:~
'coisa'" e "não s" de Pound pr ' .gnificado, ~ Jll-
não contribua u escrev em sua falta de _ ., .
para a apresent sar29de forma alguma qualqu iam: "trata- si inflexí-qe\
~

~-
ação" • O Man er palavra que arte · Um realismo . ..'lid
ifesto imagista
pr econiza como de transmutaça- se3a... 1.1- o à, l1JJ.
26. Ver Roger o
Shattuck, Th
em Further Sp
eculations, p. 73 e Banquet Years, Nova York,
30. Citado elll ~
-
~~ tlt
em diferentes , fala do "empi Vmtage, 1968 .
versos". lhamento e ju , p. 332. Hulm
27. Citado em staposição de e, 31 . Citado elll Bal
Quüiones, Map imagens distin llbd1': 711~
28. Citado em
29. Citado em
ibid., pp. 143-
Kenner, The Po
ping Literary M
144.
und Era, p. 17
odernism, p. 14

8.
1.
tas 32. Citado e~
33 _A gaia
assinala U1ll pa
o
ae~~:- ic,xl _.
1
. preficiO.lJl1II,
.-a
.ral sentilllento. ....,,_...~ - -
e
-engan do falso
facilidade.
suns EPIFANIAS DO MODEIOOSMO
598 LIIGUAGENS MAlS

• captura e converte em objetos visíveis aquilo que, sem


ele,
a realidade pode ser captada numa representação que, entã0 vib r~
mesma que vejamos essa realidade em sua verdade. Isso nos • ve nlllna
Pel'Jnite el( Ele ~: emparedado na vida separada 35de cada consc iência : a
virada refleriva, numa exploração da maneira como as co. envol
isas Vêlll a s necernciaS que é Oberço das coisas" .
para nós em aparência. apar Ounpulso realista, portanto, leva por uma rota compreens
ível a um res-
. er
A pintura realista consegue fazer o que faz devido ao fat te da experiência vivida, uma das metas recorrentes da arte
modernista e
a pintura pode nos fazer ver as coisas de modo diferente ~c~CJa t
l de qu te contra-
de força, aspec tos inte. P10tura ~ filosofia do século XX. E, através disso, esse impulso originalmen
truer ao primeiro plano padrões, linhas poderia ser de
campo visual ~ das COiii.,,_ . ifânico abre novos campos para a arte epifânica. E como
que por certo estio presentes em nosso . ' porem enCober~. ~tra forma? O que o impressionismo tomou temático foi o poder
da arte em
. por nossa maneua normal de atentar
tmnados recessivos, t dentes
sem prece
do latent e para nossa pe par~ as Coi_sas º8• ~a.nsfigurar a realidade cotidiana. Envolveu uma explo ração
apreendê-las. Há um vasto conteú é apena s um dos
e uma multiplicidade indefinida de padrões só tacitament e prese rcePÇão das cn; e desse poder. Mas o retrato naturalista do profano e do banal
usos da transfiguração. Ela também pode servir para manifes!M
.a n~ "mundo pré-objetivo•, como diz Me nte s, reiaçÕ "'Séls a emoç ão que
.oio-temat:i1 em es
_ _ ou para ex-
então cooexoes das quais desviamos nossa atenç ão fim rleau- Ponty ; reveste as coisas ou o significado mais profundo por trás delas,
é focal para nós, como descreve Polanu~~iJ4· ª de atentar ao 'que oU plorar a natureza misteriosa da própria experiência.
. o terreno
•Explorar a maneua como a pintura pode moldar Logo, não é surpreendente que os impressionistas preparem
e Van Gogh e para os
para "pós-impressionistas" como Cézanne, Gauguin
paravel _de ~ exploração do mundo pré-objetivo. Is::~
rcep ção é inse. ias de trans-
os padroes e vmcul os meram ente tácito s nos quai l ca trazer à l pintores expressionistas, que nos oferecem mais uma vez epifan
conhe -
ticos, às
sem que nos demos conta ao conceber nosso mund s costum am.os nos apo: lucidez. Mas algo importante mudoa Não voltamos aos român entre
há um biato
-nos para o modo como as coisas """-c em• a , o nonn- :J. O
i
proce sso ab
re- cidas epifanias do ser. Nas obras de alguns desses pintores,
nos o que signif qualitativamente
faceta é nosso
~<-
ponto de referê ncia, m ca ver ai~ o objeto retratado e o que é mostrado por meio dele que é
de f.ato que n~~ ente são de que as
se nao parassemos de passar às as que nunca vería.rn novo. Com os expressionistas, por exemplo, não há a preten
mais que a per-
as ~ ~m sua presença cotidiana nozm aires ~/or e½t a fim
de o r ~ figuras no quadro venham a parecer-se com as da vida, por
iente de que o
tomou VISIVel parte dessa ~aparência• tácif ::u _s. ~ pmtu ra impre ssionista cepção tenha sido moldada pela arte. Há uma percepção consc
através da su-
que está mostrado no quadro não vai ser encontrado refletido
:;:a exploração do poder da pintura que foi ela Pruruda das
sse poder. mesm a um
coisa
exerc
s
ício
e iniciou
notável perfície das coisas comuns. A epifama é de algo apenas in<liretamen
te acessível,
nos indica. Com
algo que o objeto visível não pode dizer por si, mas apenas
Mas o que acontece nessa 1oraça-o e• precisamente a passagem para a arte não-representativa, essa característi
ca da pintura do
,: da eiperiência, e:xp
coisas face que nos abre para as aparê . uma recuperação século XX toma-se central e evidente.
re~ s ~ pelas quais passamos com d~:. : _g:,alm
J ras grande
e~te ocultas das A epifania é in<lireta. Esta frase poderia captar em poucas palav
ez em nossas podem os ver que o impulso
da poesia; faz. comuns com elas. Ela faz a uilo ia rap1~ parte da arte modernista. Voltando à literatura,
modo rotineironos v:r as coisas com um fre;cor t1e H~ e ~ que nosso
intenç ão de acaba r a epifania.
:er esperado contra-epifânico dos autores que citei não tinha a acont ece
dever as novo. Isso
As . • de lidar com o mund o nã _uma Imed iaçao Pelo contrário, cria uma possibilidade de um tipo melho r,
o peI'llllte. ade. Para ver isso
. stm, Cézanne u
consi derar . mediante a projeção de uma estrutura sobre a realid época .
istas ' q, e se pode base intele ctual da
·lDipression 1 o maior dos primeiros pós- no entanto, temos de introduzir uma outra faceta da
estão na bas ' evou a expressão as fo das forma s
Mencionei a ampla aspiração de resgatar a experiência
tomam form: de no~sa percepção comumrm;s e relações significativas que
embotadoras, rotinizadas e convencionais de civilização instru
mental. Mas
forjar uma nov: ~ da materialidade is o ~odo como elas
emergem e
0 que exatamente
estava envolvido na obtenção de acesso a uma experiência
~gem , abandonando coisa s. Para fazê-l o, teve de e alcançar uma
fazendo com qu mais rica? Significava apenas jogar fora as velhas formas
_ e as disposições espaciai ~ perspectiv a linea r e aérea e
espécie de contato não mediado com a plenitude da vida?
s viesse m da dul -
34. Ver Mauri
- s mo açoes de cor.
1994; e Mi hae ce MerJeau-PontY, A No112nse, trad. Hilbert e
e l Polanyi, l'ht Ta '. Je_nomeno!ogia da Pero - - 35. Maurice Merleau-Ponty, "Cézanne's Doubt", em Stnse and
at Dimension, Garde _'e/Jçao, Sao Paulo, Martins Fontes,
• Ci1Y, Doubleday, 1966. __J Patrlcia Dreyfus, Chicago, Northwestem University Press,
1964, pp. 17-18.
600 LIIGUAGBRS MAIS StmS

Para alguns, sim. A asp donar todo o controle sobre


n6a DleSIIIOe·-w u 1~
opostas, porém relacionadas. iração assumiu duas formas aparenteme !!los de ~ tã o quanto aos
dogmas da mora1h1ade t do
Uma consistia em acolher
industrial, tomando:ª
instrume~to ~ vontade ~a
a nova civilizan_te :en11utnª:easpiração ro ~t
ic a de _sobrepujar
Foi essa a rota seguida por ns f?~a
Mannetti e os futuristas ita dora de si m pe J: ~ ve ssivas entre mconsciente e a: . .
a unidade ~ submeter lianos. Recuper~ ... u.-1eira5 repre .. ,,;o retom ~ im c ia iia l
o. d . t. a. Porém, à diferença doa gra
tecnologia e o que possi'bi m ~ o por m ~iro ao no~so pode~ criativo "-lll0S !)O,''- ·o e rcu- ' nde&
lita isso. Ofuturismo comp .A il!lª~ça a tan to uma síntese na dif. erença fusão&;
oe hinos a tecnologia; !Ileta nao er qua nto
fluxo mais profundo. Eles concla a • um ego
ªCantarem os as grandes multidões exc mavam mdactldt;f
itadas pelo trabalho, pelo separado com,, º("a vertigino
tumultos... c:antaremos o v_m prazer e pel sa descida dentro_de DÓS m
esmosi4°,~
minados [eencamente por vio
que devoram serpentes em
rante fervor ~o ~o de _arsenais e_
lentas luas eletricas; famint estaleiros
as estaçoes ferroviárias
u:~ neilse en nous r do sonho interi
taç⺠do pade t n era obter or, um a nega.çao de todo contro
de si mesmo •un monologut dt le • 0
por linhas tortuosas de sua
plumadas de fumaça; fábric
fum
as penduradas a nuvens
ginastas gigantes... vapores aça; pontes que se estendem sobre os rios como
aventureiros que farejam o
horizonte"36.
objetivo ~e Brer
~equel l'esPrit critique du sujet ne fas
que possible, s: par conséquen
ne s•embarass ~sée parlée" ("um
st ~
t, d'aucune réticence, et qui ~• to
auam=:
dibit aussi

d a arapideZ
monólogo ~ _ser ~erido ~
Marinetti e seus seguidores
criativo do homem. Glorific
ara
e até cultivaram a intoxicação
do
lançaram-se a uma febril cel
m a velocidade, a audácia,
a
ebração do poder
violência. Gozaram
o lirismo é a faculdade apura poder. Otermo se repete: "Declaro agora que
possible la pe nenhuma intervenç
passível, sem
,do po
obstrln • ,r conse
ão do ~
gum·te por nenhuma inibiçã
, lad 1u
do
o, e que
~co :a
tio
que não seja.
eutamente
da de
com a inebriação de si mesm 37 intoxicar-se com a vida, de encher a vida uanto poss1ve1 0 pensamento fa O •
. ara • até fim :
o" • Ou: "Nossa arte provave
lmente será acusada
cr Outros autores aproxnn m-se disso, sem segmr O
de cerebralismo atormentad ·1 dt jiltration. qui naus sommes
oe
somos, pelo contrário, os pri decadente. Mas responderemos apenas que •Mais nous, qut•ne nousI sommes livrés à aucun t,ml(IId'idros, les mo
mitivos de uma nova sensib unis dtstlS app i1s
por cem, e que nossa arte ilid Jaits dans nos oe~vress':yp::us réceJJtacle.s de tant ctnl. naus savonsare
está intoxicada de espontan ade, multiplicada . tre ent pas sur le dessdn qu'ils 1111 peut·
A ou1ra. forma, aparentement eid ade e força"38• enregis urs qut ne noble cau .
Aspirava a nos abrir por int e oposta, conclamava ao abandono do controle. -être encore une plus se".
d filtragelll, que em nossas obras nos
eiro às profundas forças inc dt registro
Essa foi a rota do surrea on
lismo, que se desenvolveu scientes interiores. l"Nós, que não fizemos nen hum esforço e
, ul s de tantos ecos, mociestos instrumentos
depois da Primeira Guerra Mu a partir do dadaísmo t ruamos simples rec~ptác traçaD1, talveZ siIVaJUOS a
hipnotiZadOS F (iesenhos que eles
nd o ~10 5
ainda se identificava com o ial. André Breton declarou suas metas quando fi
ciue não e~ da mais nobre")
movimento anterior: "O dad u.
apenas o instinto, condena aísmo, ao reconhecer uma causa am --~T"P<'.er estranho em
apriori todo significado. De - rofundei.as JD.S. ..:..+:•vas ..nne i-- --_
acordo com o dadaísmo, IJll"' ~ ser influenci. ados po',."
-
O total abandono as p-"~· enana.
que ~ ~ ti ca o ~ da nat
36. "Noi cantartmo lt grandi autores da era Pós-s. choPE:conllLl"'u .. a noçao roman ureza
lt mam multicolori e po/ifon fo/le agitate dai /avoro, dei piacere o da/la sommosa: sec i.ue A

s nua is, em nca.


. '.vel Ma s sua co nfiança nessas


fervon nottumo deg/i arsena
iche de/le rivoluzioni nelli cap
itali modeme; cantaremo il
cantaremo Freudeparao -i , _ tava disp<>DI
, 1 ·an
/i e dei cantieri incendiati vibrante - 0 doesp1I1 01 aoes
ingorde, divoratrid de st,pi da
che fumano; /e o.ffidne appese violente /une elettriche; /e stazioni como emanaça
i ponti sim11i a ginnasti gig ali nuvole pei conorti fili dei ·tado em ibid
a.pareceu uma versão han
anti que scalvano ifiumi.. .";
do "Manifesto dei Futuris
/oro fumi; -- -- .-- m an if es te • de Breton. Cl 'alisme• ., p. 126. Manifestes du
mo", do qual s D~ ~e ste du S~ 5umafismo (1930), em asiliense
cesa em Le Figaro de 20 39. De DeUX , São paulo, Br
em R Futurismo italiano, de fevereiro de 1909, par •second 2 (Ala '
Charles Russell, P0tts, Pro
ed. lsabella Gherarducci,
Roma
. 11; reeditado 4o An dré Bret~~;,,,ard 1973, P· 9 nifrstoS o
.
phets and Revoludonaires, Ox , Riuniti, 1976, p. 28; citado em ·
Surréalisme, paris'Ru Ga u- ' ts p 133• N •secon d }hn

ífeste ~
p. 91. ford, Oxford University Pre ssell, P~ '. · e• (1924), ~ Manifestes, P· 34· O
ss, 1985, 85)
19 ; eitad•M o em
anifeste du sur.réadtllSlll ·tt ussi
psgchique. a distroit s que P~ºble.ele la. 11olonlc
1•acti11• . d ,rsponsabilite• . urs pretes a agir commt
37. Marinetti., tal como cita
do em Russell, Poets, pp. 41. Do
Futurismo• diz em parte:
"Noi a.ffmniamo che la magni
91-92. O ponto 4 do "Mani
fest •ces produ1ts ible dtS iditS t. n'est pas la vie !ouJ o . de l'inte\lígenceª:
btl/eza nuova: la bel/ao. dtl/ ficenza dei mondosi earrichi o dei Breton fala sob~ allégés qut
poss•ibk dt rout e, qu1 passive
a velodtà ... un automobile ta di_ un~ de signifier.. ~u:~ndants que
ruggen •
mo italiano, ed. Gherarducci, te, ... epiú bel/o dei/a Vittona di
Samotraciaª; em R Futuris possi • Breton, Manifestes, p. 40; em B,uase\1,
38. De um manifesto futuri p. 27. freins, ausst m 21. citado
sta de 1910, citado em n ~ o ' de
p. 93. Futurismo italiano, ed. Ghera . Manifestes, ~iianifeste du
rducci, S
42. Do 42.143,
Poets, PP· l
~
llbaran, ""' "irlain,- ra PanJe non ~ "1>ourra,,, liui/a61, ,,, na:~
era tio tola! a cio IDais incenuo """lntico. l!lea ·
C!Uallto

~ toutr
. do à von:
· te
~ '•~• !"lançar não tevelada ~ ,.;..i: d...,
rdiJl3;
é st1b0 fulldezas m
loutr 6-n,t,t; lout oan, °"""""-on,
qu, nou., n, ltre
d /lti,, 11,J, OI!
pr0
~
luz sobre a JlOrte de~ 0 coDl
a outra.
toda
noaao se,; na qual toda a beleza, lodo o ain01; Ioda a virtude que IDal do sa . ··o e
{1l religta ligião
reconJiecer brilha com &rande inlensidade'1". llloo tod8: to A re animal
~":"!Dos en_tenc1er essa po~ de ºº";fiança se a virn, na~ iflStíJl · - 0 do '
celebraçatureza, por
do DllDlinis1Do radical, que descrev, nun, caPltulo anter1or, 'lh.ta-se de 11nia
coll1 ana receber uma e
08
~'!"ias
declaração da in~ê-~c:ia da natureza contra as falsas
sobre ela pela religiao e peJa IDoraJidade, com SUas ~ acun,Uiadas
e'Pititua;. teJll de
,.s cara
cteristicas
'+:ca
supostan,ente "superiores•. Ao lançar P<>r terra "os dogmas da moraudade ~ a poeu:
e do gosto•, abraçamos a natureza bruta e não espiritual e, assim "1:indo, i.Ilcorporai: maneira de .
como um ressivas. O
alinnan,os sua bondade. Isso, claro, Pode por si mesmo levar a algo como dições rep . . lenta
11111a atitude e un,a experiência religiosas_ Os extremos tendem a se locar. tra mais vio
linguagem pela brutal de
Ao asstunir essa l'OSição, oS SUrrealistas viram-se Daluraimente DaOJlrenia "começar
esquerda_ Consideravam-se aliados do Partido Comunista, a d ~ da
· mpreensao-, IDeio-côD!ica, IDeio-brutaJ, que sofrer.un
mco barre·desse tre corpo~ iamo glorifica~~
- . distruttore dei
P lrolad por inflexíveis filisteus. Superar a ira en a tazio e as i1 gesto . d" truggere i
Noi vogl1amo IS fi . .
rofundezas
con o ms. tintivas também era derrubar a divisão entre arteodalidad e vida. Isso
de 10.
contro I
·1 moralismo, a
guerra -
pro1Detia . uma nova e:ns . t~eueia. restaurada
. hilleriana
e não apenas novas m é recuperaoJa
es rificaremos a
- , ti A arte redime a vida A esperança se ("9. Glo destrutivo dos
o gesto elas mulheres.
expressao art:ís ca. . . talvez tenha suas raízes em Rimbaud e despre~ p os os museus,
numa forma be1D IDaJs radical, que é caem maio de 1968. 10. Des~em o feminismo,
seus frutos IDa.is recentes e1D n~ssa po • ~••'1la num sentido mais que moralismo, .
di - artística que e vant,........ ., . d. Gherarduc
nFuturismo italiano, ~tadas são que.
"'-ata-se
u,
de uma. tra çao . a si 1Desmos nessa ótica o termo aqw d de atenuantes a ser c1uando am . da podia
I nam Os surrealistas viam
estético. u stamente o destacamento avança o e
Primeira Guerra, ~ b, m não esta:
ente apropriado: eles eram s po dtlZlr. as pessoas numa luta para
pe •aa, · dando a con viam e a 45 A violência tamdM:mreste• de
Breton· em seu "Secon
~
al
uma nova forma de vi aJu sentiam pelo bolchevismo. ~let~ ~e em' que d..,, dans la rue et
, , a.finidade que 1 - bis oncas, .
aux pomgs, a, descen
. e '"
fois, envie. d'en
cança-la. Dai a . imilar" de luta e revo uça0 , nte do
peq pas eu, a~ moms i;:eur a sa plact to
seu mundo,d como tacam umatonarrativas
d bravos combatentes se precipitam dam oa rumo
ue dos crétinisatwn en v
uenos. es en
. al e sofrem pesa s e das perdas, enq uanto mu Manifestes, p. 78. tra afinidade, Ri
corpo pnnc,p
ac ·t,ria. . ue tenninaram Para falar_de ou ríodo pré-gu .
da arte primitiva no ~tiva por ~
ontecimentos
Poli paraIa VIP o antípodas dos futuri~tas,Gqerr:a44 Mas há
arecem lini" depois da Primeira ucaso ·o mundo
!
•A adoção d~ .arte uma di
outros coincidiu co . O futunsm
.
. do-seticamente,
aos fasc1s . etaess de Mussounidade não-mediada: num , à ciência. e ª, t eenologia. esmos ·
umn
afini ocuram uma • Os m
uma doutrina. conteúdo , ·
dades. Ambos pc . Russell, Pods, desconhecidas e ª? ao cine
3 An 121n· citado em automóveis; .el~~ ~o e fu ·
" nd Manifeste", Manifestes, p. , sde o começo. Contudo, pnnutiGviaroe• New Yo .
4 • dré Breton, do Seco b
• tas foram as t.ante repelentes de
with the Av~t- . "Destruição da
p. 133. . t futuris
-&1·to as visões políticas fundador:
Eis 44. Com e1e , ns do Manifes o
algumas passage 46. Mannetti, Poets, p. 92.
citado em Russell,
. libertadora é comum a.os dois
rupt ura basta para .. • o meSillo OCo
próprio poder in e~ tir que a unidade nrnr .~~~
de nos apro . com a. idéia de . a do pensamento-
onúi
. ara. os SUlTeaJis~- -v:u,a.ua acon
min ar mais dos profund
co, que saltam entre l , a.Justapo
teça
sição
os Pl'Ocessos Subco senre lo
4'1ê M.. ,
Por111efode""'I
io c:ia r, por. ~ietzsche.
p3111 .~ncia ongmal._
1ra nsi ~s da lógica•1. Mase
-refletida, na llTUpção do
:11:to~
aparentemente nã DSCientes, o ~
~ bruta,
eil'eneões"sº. para viver ne

"Até agora, a literatura


o sono. Pretend
=er
s - turistas, com sua ê o conectados-~
nao-pensado, não estaV:Se ~ ~~ ,aa
e.xa
s e.xaltar ltado uma imobili'da m111to ,t;~- -·. llio.
sensa.Ç a compreensão geral
Ess daS mais . !-"u
uw entes
!lll b3.5e a especial para aqueléafi
largos do corredorema
· • .

o salto
Pna 11Dldade é compreendidmortal, 0
-
-
de pe :-'I.Cllltes deles:
a açao Agressiva, a ;,.,so" .n5:tiva,
ma 1ebri} o êtth . .
probl~lilo era de modo geral
pais 15~ lenitude da realidade
a ~~ e
~oco e a bofetada "48 P ' os Pélssos dia.to, ª!ien te conceitiialivido.
d~ ~d e excitação. Em par :~o coisa mom
entânea, vi;e n::b os, a Pró- a.o ~e:ssa a,Illbição sobremodo
xicaçao" e "insonnia febbrile" tee o com as pala
VlJLS'IVE , mos o slonan d vras
ou ne sera Pas"' ("A B
de Mann· tti. num estado
e sobre ~.... -
sena •
A,nece:S·1.dade era de uma
.
·
bel :,~ e reton: "La beau t,' experiencia enfraquecida e
· e7.a. sera CON VULsrvp llli;o.
_ e sera CON-
n. ou nao será!j49_ ulilª Hulnle ofereceu uma em
e plena. ·
24.3 vunos acuna. Toda linguagem. -- r.mn_.~
~
alll-se rotinizadas e termmam
Esse ti?° _de busca da unid tom ·t m lidar com as coisas sem da
do nosso propno poder, seja por ade fu
imediata, se. a
_
.
pernusare im.agens visuais não gastas,
1 por me10 de uma celebração
subjetivista. Contra isso as p: - ~~nas aou . as fí'sicas
ceram cônscias da dualida'd . cipai~ guraprofunderas, pode ser chamado de uuno s de fato as cois
" , em ve11t
s do alto modernismo permane- processo abstrato :
e mescapavel e
agente e m~ d~, pensador e profunde?.as insti da distância intrans ,
ntivas. Com efeito em: :v:; ntre "Um poeta diz que um barco 'singroll os
~s a ter sido mterpretado co~o con c~a ndo vez de usar a palavra d~sgastada •
a uma unidade' não-media:~!
stas qu~ fizeram o modermsmo sabiam que transferidos pela nova tigela da m
havia algo contraditório numa
~~~ des cnta ~omo tal. Implícita na exploraç vazar. A prosa é, na verdade, o musa
ão do impressionismo estava a
ideia de ...que s? vemos o _mundo por meio do verso" 51 •
das formas que construímos para
apreende-lo. Eis por que e preciso uma pint Pound desenvolveu uma visão mais
ura para transformar nosso modo
de ver. A experiência não-mediada era uma a experiência ctue levava explicitamente
impossibilidade.
Isso, na realidade, ligava-se a uma compree concretos ctue encontramos ~ os ~o s
nsão que mais uma vez lugar para ver isso é na teona do 11 .. ,
gan hav a terreno na filosofia do periodo. Uma
era de empirismo cedia lugar tado a Fenellosa. O ideograma \,llW-"L.:flest
novamente a uma retomada do pensamento
de Kant na Alemanha e na inclui em si a passagem do pa rti~ ~
França. Mas esse neokantianismo tinh a cons
ciência, como o mestre não do vermelho, os chineses re s~
tivera. da variação histórica e cultural
das formas mediante as quais ferrugem, da cereja e do flamiilg0,
estr utur amo s a experiência. E essa percepçã
o era ainda mais aguda devido

47. Ver Sh.attuck, The Banquet Years, p. 341.


48. "IA letteratura esaltõ fino ad oggi /'imm .
50. F. Nietzsche, The Will to P;IIJff:;:
York, Random House, 1968, P· 3o lVi lO.
obi/ità pensosa, l'estasi e il sonno. No, vogll?. mo
esaltare a movimento aggressivo, /'insonnia febri/ 51. Hulme, Further Speculatio~, P· ·
e, il passo di corsa, il salto morta/e, lo schiaff~
a
ed pugno." Ponto 3 do "Manifesto del
n ismo italiano, ed. Gherarducci,
Futurismo", Futur Schwartz, The Matrix of Modtr?:m~ do 11
p. 27: citado em Russell, Poets, p. 88. discussão dos fundamentos filoso ico da
49. André Breton, Nadja, p. 215; citado em para teorias análogas acerca do _!~ ~
Russell, Poets, p. 147. Bradley, que também foram tnlll
6

LINGUAOElfs 11 ª _
~suns .
~ tenno tera!
f01 abstraidosa OUina contínua menção
quece e ni"ela. Pl'Ocessa de esrn1....:-aos J>articuiares a . ,, encantadora como
controlad nossa Jin .... A_ ~-"üllento das hn:.i°"" ~ dos 41lais
o P<>und :-46uagem, transform d ~..ns Ollguiai
ser tilºá,ria.S tenta:tivas :-'-..a
wu 11w1
ele ede \T a}avra, mesmo as do
P<>deria d . achava que o 'd an o-a em signifi s, que enfra
evolver a lliledia - , .1 eogl'ama, ao to . • cantes ad hoc • cada. p eOl a ocasião dessa n '
Pélssado no prese te çao a ~ m . Al. i:nar VJ.sivel a etbn '. é descrev pode resgatar ":.im,a
t ,.1 A - n • algo que tinha . . em disso, P<>de . ologia, , tiIJlº verso , ""'1-
~ que co
chineses, isso é~ mo uma visão da qualidad
cruCial lDlportân • na Preservar
eia. para, ele53. o úl t ooÇão de metáfora de ~
clistaJi2.a. Surdo. Mas uma e da consciên · táfora é "interpretativa", e não
ce . ·se em torno dessa id •. ~cterística crucial da ~- dos leitores Ille da tentativa "de ·
teJa e o flamingo a eia erronea. Assim Poética de Paund que vem . , .
os diversos fragmenintam, além de si mesmos ~omo a rosa, a ferrugelll, eza". Mas isso e, em Sl, um~
nos Cantos pod . os culturais e "detalhes 11:...,;- a a qualidade do vennelh a cJ.ar aparência costumeira. A •
de enam em s · ~osos" da hi t. . o, sua
. gem ou padr-ao. O mesmo se ·
ssa vez, o que os fragme: Juttaposição, compor uma intrs ~~ reunidos ::tI-a outro; pode-se também dizer aJtp
palavras, algo que não •os ornam presente é al OVJ.sao. Porém,
do vorticismo, que estru~am ~ossa
os fragmentos vão se ~~os simplesmente apre!di:;r~i~e não temos
Eis uma m . o. mpo em que eomo 00 poema do metro, a VlSão .
gerais · anerra de dar J.Orma
~ ,a expe ·~ • da maneira como uma se movunenta ~
' CUJO uso continuo rele
de que eles d .
. nencia que não envolve te conjunto de ambas55 • ·
ga ao esquecunento as expe -~ . . nnos
envam. Enquanto teoria de . nenCJ.as particulares Mas seria próprio falar de epifania
~ m em geral, trata-se de algo evidente:m~s;: o funcionamento da lin• objetivo dessas justaposições fosse ·
' enquanto visão de como a . en. o, como acabei de indicar. "[Arte] significa constatação de fato. Ela
indizível, ela tem sido imensamen::~po~dizer o qu~ de outro modo se~ artes, a literatura, a poesia sã.o uma ...
fragmentos, imagens, chegamos de ~ uen!e. Ao Justa.por pensamentos, ciência... A má arte é a arte imprecisa. Éa
assim, além deles. ce maneira ao espaço entre eles e, Em outras ocasiões, ele fala como se tudo
Poun~ j~tap?si~o também governa o uso da imagem e da metáfora por emoção, como no poema do metrô, ou
. propno Pound descreveu o esforço para escrever seu poema: sobretudo, a "expressão de valores em ·
"IN A STATION OF THE METRO
descrições parecerem incompatíveis, n
The apparition of these faces in the crowd· isto é, a revelação de algo mais elevado, -
Petals on a wd, black bough". ' resposta. subjetiva por meio da obra ou
central. Alguns dos Novos Críticos, cujas
("NUMA ESTAÇÃO DO METRÔ
prática poética de Pound e Eliot, por
O aparecimento daqueles rostos na multidão:
Pétalas num galho úmido e enegrecido").
como se o fulcro da poesia fosse a em
redutiva não está correta para Pound nem.
A experiência original ocorreu quando ele saía do metrô em La Concorde No caso de Pound, isso fica claro '11S
e "vi de repente um rosto bonito, e depois outro e mais outro, e em seguida contradição de suas explicações acima. '-
um belo rosto de criança, depois o de outra bela mulher, e tentei o dia inteiro !atemos com precisão não é a cena em ·
encontrar palavras para aquilo que eles tinham significado para núm, e não ~moção. E a emoção, por sua vez, nã.o _é
consegui encontrar nenhuma palavra que me parecesse ter o mesmo valor ou e uma resposta a um padrão nas

52. Ver a discussão em Schwartz, Matrix, pp. 87-88. 54. Recorri à discussão contida em Kenner.
53. Ver ibid., p. 91. 55. Citações tiradas da discussão em
56 - Citado em ibid., p. 66.
. LnrouAGEBs MAIS StJTls
.
senthnento t . J>adrão
, .•
.
e que a • • esseint e qu e con stitui a •eoi <rógr'ICE, do qual,
Dle táf ora de v f1uindo"61. ..
P<>r : q~ foi vista co111 clareia .
Dla.n::acurada." não l]>re~tiva Precisa" ca p: ente
smente UW:éti PC>esia que se
eafi • tel11 p. obra de arte como
- CO nv enc ioD ais e~ 1~ ,. sim ple
os nos h'berta,? í.Jilagens que estabelece
~ o r Dle io do s q~ ~~ as de ver, de modo 4. :p !la ssa mos apre er
Po~~ - o mundo é trans~u r. .... _
. A im end otl 'amos, diz er que ele
• • vo rtice"
Le s, se u •01 ~tod 9ue ele mais tar de . rad os1 .
n0del'l poillve1s
\Vi lad o de w;:_111 de r· dis num nru rrn ~-
amático" n ico rp or ou ao
qu e faz alg e o ideou uma ~ .as omplexo intelectual e
~c io na co ~o ªPc lrecer , qu e tra z es :: al nto~' tudo isso exibe
üanias do ser ~asa no~sa pre
Pr un e UJna real:ª velhas. epprofunda. El ' - 4llais o objeto retratad llio
sença, M:e~ uIIl eeza da epifania de ~
11ª1: o que esta estabelece;
ou Palavras
co mo se as ª:s
dade mais
en ta do s; seria melho: C:º nos vem no objeto im o ex. esP entre eles. D
, .
Em vez de uma:
Jllas. terstic1os. ai' o recurso
força. ca pa z tie ca ;:r °:ui im age ns_
ia
estabelec!~s~~e :;~ te~ e enh
ma is intensa.
'e el :t
s1 um campo de
de I.Il.cidade e da radio,a,nvl
ee1 tn " .,....
..<la(~
__ _
Essa. é a. una .o: a en erg art ista s como as w.11.eJJéUi- da
m usada por Hugh Kenner para descreve •. do5
Poundsa El e encoc:.e
· ntr a · pró pri o Po r a poe tica de algo como essa compreensao dó
. ag en s des se tipo no ca:
cit aç ão de 19 13 : im und , com o nesta und, nos Cantos. A con
Po " energi.a" que
ara nós, uma
•p0 d .
ena.mos vir a acre<litar que o que importa na arte é •.
~go do "poder da tradição, de
~
algo IIlais o menos tri 'dad . ~a espec1e deforenen,;~
..,_, dJ,
; ... r.._
sol
u
da e uni
como a
fica. U
ele
c1 _e ou a radioatividade uma
nd~ . ça_ que mais sublimes de intensidade e
u.uu.ude, água qua
areia muito brilhante ·ma
força parecida com a ent
vim •s9 Jorra atraves da nados contemporâneos por uma
e a coloca em rápido mo o .
nas grandes criações do passado,.
,
O que a art e captura pode s o que é essa e transpô-las para nossa lin
e co mo é cap tur ad a? E~ e~;;; ia ra d~ a energia. Ma_llllagem de pa- I conectam-nos outra vez com
o
en erg ia , oun apresentou a
lav ras como grandes cones ocos "carregados com uma força semelhante à 0disseu e seus companhei ros
eletricidade": à terra dos mortos:
s de irradiar
, tr~s ou qua tro pal avr as em exata justaposição são capazeque enche os "And then went down to the
"Assim tante alto ... Essa energia particu
lar
Set keel to breakers, forth on
essa e~ergia num poten~~ bas séculos de consciência de raça, de associação; e
cones e o poder ~ tra?i~º• de do Conteúdo' que só os gênios com
preendem•60. ("E então dirigiram-se para o
o con tro le del a e a 'Te cru ca Romperam a arrebentação e
...
stituída pela do vórtice: "A imagem
A imagem do con e foi ma is tarde sub
amente chamar onde Odisseu, assim como Pound,
nó ou ag reg ad o rad ian te; é aquilo que posso e devo forços Essa modalidade "interes •
é um
paralela em suas romântica. Ela já não pode ser
em ibid ., pp. 105 -108. Eliot propõe uma posição "expressivismo", tal como o ·
57. Ver a dis cus são seu curso no
severamente o realismo que "encerras corriqueir~"· a:
cepção da natureza humana. Est
s posteriore s. Ele crit ica
obras critica ida pela mente mai
deserto da exata semelhanç
a com a realidade que é percebsua s emoções". Mas essa emo_çao
vez disso, "in ten sificar o mundo par a nova de que a passagem da
e, em ua extinção da personalidade", oartis
dev ta
o artista
e, por me io de sua "contín como uma espécie de auto-
;:d:
- ' pessoal. Na ver dad
uma obra que exprime uma "nova
J.fatrix, pp. 174, 171).
emoção artística" (citações extraídas
de Schwartz,

61. lbid., p. 185.


SB . Kenner, The Pound Era. 62. lbid.
55
59. Ibid., PP· l54 -l ·
63. lbid., p. 156.
60 . Ibid., p. 160.
n: Os ~ Dio "" lilllitam """ deseavoivbueato,,
~
~ P i r a .... IDetAfotu. Há famlJéin 1llll PlraleJo
&ado ~entre
às oPosiÇOes - .eJas
o 4Ual
06•
é COl!siderado inetente Dio !anti,

Mas 1Já Plllllelas IDais PlÕiilnos na Piática. JlOética e • i de'do


llltores do século XX. Theoc1or Adorno é 1llll caso~
Adorno, P<>r IDeio de SUa f<>nnação ein Marx, 1Iege1 e ~te_.,.
~-
111es as
de ~ IDaneira, O ideal lllDJântico Dnginai da P1eJJa !ecollfnd«
110 w.s
~ desse tipo
~
razão e sensibilidade, 1llll plemn,,, de felicidade e1n que de 'ia.~bave
busca de significado se tea1izarian, e1n J)el(eito alinhan,ento.
O ideda
~;n
assim ,
)lertencia à era pós-sc1,0pen1,auetiana e pan;n,,,va da 8ensibiiida.t ele 0.- "dade
que via na ruJ>trua das Velhas funnas estética., UIDa libertaç.;. fliilaeIQ e11ja a.finirea}i1.a
5
concreta. Ele vê 1llll vinculo entre o JllllCesso de reifitação da ali~ 1s º~nçaem
de !~!!em religi
~
na SOCiedade capitalista, denunciada por Lukács, a ~ o e . lin&-o -
f'orçad.. do selfsob o ego instrum.entaJ, e os "significados• can~ A constela
.al ou estrutUt
rolllântica lanlia atribui às coisas. A arte IDodenusta letn um 'lllet~ c1 turam um esp
e1nancipador porque envolve uma "negação do significado o b j ~
"'stritivo•. A n,beJião contra as nações canônicas da unidade de llDJa "1ra""" tamente remoto.
trU

arte liga-se à n,belião contra a idéia dolDinante da unidade do ego. l!ia ~ Isso lança luz
espaço para todas as Coisas na experiência do individuo que ess.s ~ ímbolo, bem como
sda ordenação cen.
n,pn,ssivas do significado não PDde1n J)ernutiJ: A arte moc1etna é um "Pn.a,
superior à ~egona
gegen das Kunstweri,_ ais Sinnzusammenhang• ("processo da obra de arte ..., :tra maneira; e
totalidade de significado"), operando portanto como 1llll PDderoso Ptincípioc1e ou
·separave , 1 daquilo
lll
individuação e pro1novendo o desenvolvimento da part;cularidadeor_ ' bol
dizer que o Slill
O IDode!o da r ~ total de Adorno vem da velha fonte ~ e aO mesmo tem,
via Ma,x e Lukács. Mas ele era suficientemente pós-scbopenhaueriano, e Unidade, de que e ? .
entre símbolo e
passou d por um período tão traumático de desilusão com a esper.m~ lllaaisfa como modelo. Porq~e,
pod . de conceber a plena reconciliação como possibilidade
- · dí · evtva. Oque
emos esperar: e o que a melhor arte pode nos dar, sao m ~ . das defi
que eixou vislumix,, da lacuna entre a
caráter da lin~~m

=
da plena "redençao ", ao lado e uma perce
'_ d pça-0 agudamente cntica · entre signo e ~gnifi
ciências da realidade presente. . contra-expresS1va do
Logo, a realização ou n,conciliação é compreen~da e:a.~: l Mas esse exe~
Vl
·stas· ela significaria o pleno floresc!Illento da particulari m";o da arli· ,
1 o romantism~. S1Dl ?
cimento. integral. 'frata-se de algo que so' o d e ~nos
pconciliação -~foge-JlOI1l11' ,. outra idéia baS1~ d
culação em conceitos, em uruversais. A re se aplica tanto a. co
, ep. da
geral, como as
o modernismo am
r dinand de Saussure Cours de lmguis
• · tique generale
, , ' Pans,
· payot' 1978, PP· 155• reversão simples do
66. ' " ., . / s-
· 156 (Curso de lingwstica gera ' ao a p nn;
ulo Cultrix, 1993). .. "'• em seu~
"Wahrheit, Schein, Versohnuni;
67. Ver
Dialektik vona Modeme
discussãound
emPostmodeme,
Albrecht We Fr~urt, Suhrkamp, 1985, p. 27.
GUAGERS MAIS Slrl'ls

unido. A ° '! e ~ ainda com o o locus Ülsubstituivei ela •


que esta. na.o seja mais con
cebida. como expressiva. ua iq ue rd e~
· Há alguma COisa análoga a essa ~ º""" 'omn..
que, ~ ~ . seria melho estruturação também em Prw......... itn q eIIl outro, ~
ca. .
:- , ~ b,_
r falar de uma e p if a n ia ~ setnbO ·"ncia de viv
~~a cons:~uveis, ~
Pr ou s~ Vincula-se a uma exp et
mas nao surge simplesmente po eriência com o a madalena ou a cal •~~ w- te co
r oca tlletl • discus sao- antertor
uma ~ e i a , ou algo sulidente sião dessa experiência.. Ela.çada lrre&ular,
O ~ Proust diz que, qu
ando a experiência origiruu oco ia ~ ~
mente próximo, de&encade \ ui a , e dev
att elida e .. eiicser um
a aponta
epifania; domina nossa atençã ne ela"'!'- 1'laç,, ! 9re11 siva rotnâl . ...,,,..,,. .
~m en te quando a evocamos
o e obstrui a visão por trás del
a, ~r as ~~ a. l eiPresu.alidade, ol unl ',_,_,
na memória pod emos ver atrás del e sens do pós•s~h~:nlUmm:ll
fo1 revelado por seu intermédi
o. Aqui, mais uma vez, a epifan a SUn di7.er. 0 tnUll xperlencia a que
vista num objeto mas tem de ser ia nã:4Uilo 4Ue
recorrência, por ,me io da memória.
estruturada entre um acontec
unen~ ser
~.,;ca da e mnobrecimento. A
W" we ou e -r- . , . .a-
e SUa desas1.1- ente mc ombináveis ~.
Poderíamos prosseguir mais radicalIIl alidade e outra con
ain da 69
• Mas não quero afir
dernistas tenham buscado epifanmar que todo
autores que consideramos mo
illtelllP~r ões e fracassos no
São múltiplos os caminhos do ias estruturan~ {
l
modernismo. Oque de fato parece de reanz:-fa primeira na m . ..
minado é o afastamento das epi ser mais disse: l tnente P • segunda pelas eXl
claramente por meio de três elefanias do ser, que posso agora caracterizar mais il de volta a lode em 1914. Não se
mentos: elas (1) mostram que
é (2) uma expressão de algo alguma realidade a guerra ec :b, m não podem ser
que é (3) uma fonte moral ine
As epifanias estruturantes qui vocamente boa.
negam (2}; não são expressões tna.5 ela S_ ~; nt e multinível O
há outras maneiras de se afa de coisa alguma_ Mas , irredutive
sta
pós-schopenhaueriano explor r de epüanias do ser; por exemplo, o caminho e odem ser plenameute .
ado por Thomas Mann, em que nunca P ,
nega.da é (3). A doença que
é epidêmica em Veneza e acaba
a característica . de um mv el' ou então --=- sofrer o:
.a-
mais lev
von Aschenbach é de fato ex ven
pressiva de algo mais profundo. cendo Gustav Isso nos a de volta à vii..-:
todos os símbolos verdadeir Como ocorre com nhecimem+..o de '1nue,,viv emos em
0 os, ela desafia caracterização; ___ :t::cado CO illw
fascínio sensual da beleza en mas tem a ver com - do sei uu
u
carnada sem esforço _que ~olapa presunçoes . algo w q_u e ' .
intensifi.ca.
impor uma forma Isso, no entan a vontade de virada reflexiva, .
dad na da há to, está longe de ser meqmvoc
am formado ao
no universo de Mann que com ~n!e bom; na fundidade, q_ue wnos s:d o l)OT
ver e, porte ess il\le 11111&1
a des cnç ao. pode ser mal com
No caso dos pintores expre
ssionistas que menc1.one1. aci. - , (3) , pre.sam en '
ent e a rei..~
mas também (1) parecem ne ma, ~ao so . modernistas e pree1: trutur as •
gados; a reivindicação de rep
também es tá sendo elimina resentaçao precisa h" etivo em favor de es - .
da su ~ ' . ,m·m·mam
da vontade mtemporalenao-m .
cie.. nci. a nu, tic
· · nP.SSOal malS
a Ul lr truturam
69. A poética da justaposi.çao
- , . ara estabelecer uma nova palavras ou objetos q_ue es
tambem pode servrr pã o desconexa de instantes posi e se
diante do tempo. Contra um
sentido?º temp? co11:10 suce~s em ção
que
n
ossas experiências anteriores
e até nos
carregadas sem deixar vestígios,
sa identidade sao , . tante As Em particular aq_. uelum es 4ll
a vez.
. saindo do sujeito maislin"''llg
gens reu,ne P_assteadoifie futuro
a justaposição de una num so ms dimensões do pre·
. , . em.
sente são ampliadas. O mo
mento ~ ns ica-se meta
numa esp écie de presente contínu~, uma
. 1mpesso al, o no der da b - .
·dade efêmera. Isso parece ter do "simultaneísmo" de ApollmaJre. r . a1mente retlexiV&
;:,7hattuck, The Banquei Years, PP· 345!,~~~R;';:!1;.1';:.~~~ ess
sido, em parte, a s 65-86. A ruptura de ~a
a natureza radie
mento reflexivo vem P ela
nmeirO no
narrat iva sig nif ica ~a da ~~ qu
ess a nova atitude am m ~: :en te. Esse é um exemp
e tipo de d e= guagem ao nos voltar para ar de
a
tom a. lo do tipo de espac
do tempo d. e que fala Fra
nk (ver nota 64). nas coisas. Temo s de par me
instrumento inerte por io do
-
• ·=::.. Cloiaaa, Iaso envo~ tonia, t:omciênc:1a daquiJo qae r.z.
·Alaa. 111én, disso, "-Panunoa com o fato •slrutura! que já

~~11101
alCUnJaa ......,s: no 111uuc1o JlÔS-illllDinista, o ))Oder OJ>ilinico das IJOla.,,,_
.;_ ...

·
t
i
l
-.,nsfiguraçio
1.1-xx· tem a si•
11e e, aulo
dO éc·tenuemente -
q 5

P0de.ser !ratado COlno um fato acen:a da on1en, de coisas qae se lllantén, :t"
.,egona -o tem de ser
ii>1sona. e

~
s ·stenoso,
'lllediad,, IJeÜls o!,nis da mJaginação criativa. 0 fato de o Canto I capi., o. ente IIllumano. Podem
enetg;a Q11e con,, en, Homen, não é (ao contrário do que

~
11aftl é ser h ubjetivismo é
acreditar)
de 1UJJa >enlade como a de que Satumo
QUe ÍCOlno acn.lit.a.mos
••tá
ligado à 111e1anCOlia a
o DNA controla a h ~ llescob.rt.,
qu:uperar o ~ por meio de
de 1 abor Ri1ké
COJno a de Pound chegan, até nós indexadas a tuna Visão peSSoal. Con, "!eito,
011 ue e e er recorre, ,
q Jieidegg . dulgente
IDUitas das referências contidas nas ÍDlagens de ~d. llliot e outros JlOeta, que os auto-m "das nas.
Vêm de sua prõpr;,. oXperiência pesSOaJ. Os fragmentos que llliot 'escor. con- e Illen te reconheci
tra sua ruína• en, The llwte land são uma coleção idioSSincrática. Ser 1110\0ido plenain:refa
, urna de que o mundo
pejo P0e111a é lanibé111 ser •traído para a sensibilidade peSSoal que lllantõlD e . von Hingang
juntos
nteio disso
esses70• Íiag,nentos. A verdade mais Profunda, mais gerai, só emerge por "[Jnd dzese,_ verstehn dass du
d Dznge
/eben en . Rettendes 'uns, den
sie ezn ·
Por essa razão, a interioridade é t.ão parte da sensibilidade I D ~ traun ·r sollen sie ganz im
datíromântica. Wollen, wz dl'ch in uns! Wer w(r
equanto
o arque pico reve E o que está dentro éJ Profundo: o mtemJlO!aL o DUli~ o unen z du
in - . nicht dies, was .
· lados por Mann ou Jotrce - ou por Jung, CUja obra e Erde, zst esh ;, - 1st es dem
+. ,_ 1 rod tO da sensibilidade modernista - Podem ser tt.nspes. erste n. . ,.
to"'-Wlen e um P u , od dar dentro do pessoaJ. Nesse in uns unszc
einmal . htbar zu sem.
soais. Mas nosso acesso a eles so p e s! tão inleriores quanto o for.,n,
sentido, as profundezas pe~anecem para ~:m nos levar além do sul!ietivo, ("E e~sas c:~s;;ecer, sabem que
para onossos
mas caminhoprecursores
para elasromanti~os.
passa mevi~t.alaslm
ve p ente por uma consciência inten- que vivem lham em busca de nJJçi,""'r'
-~ . pessoal11 elas nos o transformemos,
n que as
sificada da expenencia . -. . ta , uitas vezes •descentrada : Elas querem . rminavelmente-
dentro -:: oh, mte . . el
Loo-o a consciência multinível moderruals e me' mutuamente irredutível . to que deseJas.
nao e is nho ,
., • . "tm
consciente de viver num n o transpesso que . . .
d ludo ela permanece mlenor, _e e, a Te~~• [? Não é o teu so .3:A?")ª
invzswe · . · 'vel um wa..
em relação ao pessoal. Mas, •:_~ d:_., ca'racleristicas são inseparaveis. ser totalmente mvis1
rim eira apenas ao ser a segun .s ristica. Os românticos fizeram

do 1:-.,:;'\sso. Não se pode ne~


acen . . Mas a neg,içao
=
p Isso está vinculado a uma terceira ":tico. Os modernistas apenas
artista o ser humano para

. ,
trai na vida humana ao
;up~:,i~:ndo ser tornou o pró~rio
nova virada refle.xiva,
criador de ep~~':,s. roblemático e mislenoso. Ha ~ l a , no escritor rnI no
processo. deouena. ph·•a tendem a concentrar-se no p
Rilke nos levou alémt dontação dê
al'm de toda e
erianos e e . do-nos ao tema
epifânico, cond~mas como uma
como nossa açao, -

a !itera-. .
e a poesia . ,. articular 4"' d'" on,,,m Ainda vivemos as. con
17,eO Pound Era,
PP-
171-172, relata a
,
lú~1?~ p
.,., a memona . wn pow,o mais
.
.. ADCJa5
de
íO. Kenner, em p und· "eucalipto que e pto ar de tempos em tempos ubs1rato de vivemos as conseque antism
s de • • deoos m t nnam os . do rom
• um dos
71. "."rs~ot
. Assm,,
consaen tes dos sen
diz que

J>OC:'"
a
timentos mais pro':':..dos
·s raramen te penetramos ,
e não nomeados que
•. citado em Schwartz, 1amx, p. 155.
do Ilumimsmo,
nosso se~ nos quai
72. The Selected Poetry of Rain
LIRou40BllS MAJs StlTJs

~ O DlOdennsni ·
Vive111os COnsiste o IDolda, nosso Inundo . ensual man-in•th
J>rolonPDlento e1n reações a ele e . CUlturaI. Boa Parte do
~ dos fios que ele uniu. ' lllais do que isso, na dis ~ ~e O! theh: lie of Authorlt,
,4nd t buildings grope the
P<>r dive e111os &guns deles. Eni Huhn ~e Vlh 05e15. no such thing a,
l"PJ:a .. :::_ rsas fases, co1no e, por exemplo que . There one ex{sts alone;
- --,au contra o Subjefivis IDostra Levenson73, Várias ~o· J>as~u ele llles111
mo, ~a P0esia de mera auto-e=s~ Jllilt.aJn: uin:
contra o hllIDanismo ,4nd no allows no choice
das fonnas Orgâni I'OUsseauniano, a negação do l)eCad . • sao; 1Una ~
JlilTIUer 'tizen or the police;
th
do ser. Tudo isso cas e1n _favor do geométrico; um afas~tlgina}; 1Una rej~ To e ~ love one anothtr or
We mus
gate da ·~ ~ co1nbmou com sua vi.sã ento das epif.,,..:_ - ue tenho é uma voz
. expenencia, que alé di . o pessoa} do epifâni.co -tlclS (•TUdo q .:-
mllltas dessas posi - m . s~o tinha alguma fonte reli . como ores. para de
svendar a menwA
repúdio do hUJnanis:es e~ mdissoeiáveis: o repúdio do ~os~ ~~a Hubne, A • ,...,J
tira romantica que ...,..
do orgânico o, e isso estava indissoluvelmente li=~ubjetivismo era o A IIlennsual homem da rua
• • • o<O.UO ao afastaIIJ.ento
pose to'dade
Mas e passivei ver como uma entira da Au n ,
ib" . Eaill
e. uni-los a outros fios be . . sens1, ilidad~ diferente poderia, disso ., Cujos prédios rasgam oEstadoceu; .
discutido entre o mode _m distintos. Ha um VInculo bem conhecido eClã.-~os ~ xi· ste esse tal de
Nao e . zinh .
tnunentaI e . nusmo, compreendido como a reação à civiliza -m~to . guém existe so o,
E Dll1 . lha
e não deixa esco
estruturanteªsº rodemanumtislamdo cooptado, :onsciência de múltiplos níveis e eÇap;~~s- A fOill ' 1í .
' o· e a rea líti "'UlJélS Ao cidadão ou a po eta;
Pound e Eliot, com a a·u~ . çao po ca, de outro. A ascendência de
evidente. É esse 0 amál ~ parcial de Yeats e Stevens, tomou isso bastante
Temo S de nos amar uns aos outro&
,. 0 mod . _ gama que encontramos em Hulme. Algumas das rPJI,.;;.,
... ermsmo sao matizadas 1 M • _ ~s Brecht, de outra m81!eira. foi
ró . l. . . por e e. as essa smtese nao está inscrita na
~e pna og,.ca das coisas. Os fios também foram dissociados. Seria possív,J essiva da "poesia pura . Oque
que quase todos os que escrevem poesia em inglês e talvez na m · · ~gr faceta de seu movimento ne
dasgar outras lín ,• • aiona e uma _ , ,1..,.,
romântica e a apresentaçao a nos '""'
" . guas eur~peias, foram influenciados pela poética dessa grande
dupla. Mwtos compartilham a oposição à civifuação industrial; mas nem dernistas, eles resga~ ~ libertam:
todos, de forma alguma, são unânimes quanto à política. Adorno e Horkheimer dimensão interior do significado que
mostram desde o início que algumas das características essenciais desse mo- dades e esperanças, as dores e
dernismo podem ser integradas a uma posição de esquerda Nessa mesma linha, Pablo_N~
As reações e prolongamentos diferem muito, dependendo daquilo que impura", uma poesia que devena ser
associam e dissociam. Há uma espécie de resposta que associou as epifanias como por um ácido, saturada de suore
da poesia autotélica "pura" a reação e anti-humanismo, e tenta resgatar uma e lírios brancos, uma poesia em que
poesia pública, que pudesse ser parte de uma conversa entre o poeta e o proibida, deixou sua marca~. Mais
público mais amplo de uma nação ou classe. Essa poesia afasta-se da ~pif~ munista, ele complementou ~s_o com
ela quer revelar, ou celebrar, ou tornar mais intensa e vívida alguma dimensao gideanos, obscurecedores rilkianOS
da experiência pública Algo desse ímpeto fez Auden escrever: especiosos, colori.díssimas flore~
•All I have is a voice carcaças modernosas europe
To undo the folded fie, capitalismo" 75 •
The Romantic fie in the brain
74. Da primeira versão de "Sep~
ed. Robin Skelton, Londres, Pen~if1
73. Lcvenson., Gtntalogy of Modemism, caps. 3, 6. 75. Citado em Hamburger, 7l'u 0
; ; :,'~
·.;,. ·, na..._ -•-de
&eleira.__ na estrofe 4Ue
-~~~ParaleJasà~_Begueà.
de •
0111 pensam•~
. • .,._. . ~•d
., . 40n Ha/bl,olz · . . . . . e Herbert, ~ :·
, . , , ln de,, Gipfelhã,,Tlle/rr, hf~ , ·· :• _ .. . '-:· a1cança ~
kdn rnit- . ia,, . . bA can~
dAh
8/J~hender - . .
Thrmtan. . outro ca •
Groizsc1m ~nc;iadapoe
dit Pfãhl ~ und sdn v...- ntrário da elPIIIIIII
iv, t und dere,, }.OCO •
tglDdser-ScJ,atten na existência - -
aushorchtnder, tot- ~\11:Ia. à maneim
sagender S1. IDesma. como
• ,
Duft•. a exam1nas
: vida humana da
("Não mais arbustos a . . ternas que •os elemmlmf.i
1Il
nas encostas do to 4111, certas propn
nenhum tomilho Po, }inha de estudo
colo- acerca da distinção
quial. ao domínio descrito;
Chegam a neve e próprias palavras tom1811
seu odor que Esses estud
ausculta. os pastes e preensão global
as sombras de seus sinais de trân51·to padece de graves
declarando-os ' Parece mais plausível
mortos") •
80 não-representativa. \NU_,._,
a maneira como a
Mas essa austeridade intransigente parece destinar-se aa1canc;ar as..-. · coisas, e como a ne
apenas um passo
de uma epifania. mais dist.ante, além de todas as negações, vjshnnhrada. •
certos poemas como "Hütenfenster" ("Janela do Tabernáculo"), ou neste,•· O foco no texto •
Atemwende: As correntes con
-se recentemente n
"Fadensonnen na filosofia e na
über der grauschwarzen Õdnis. literatura83 • A m
Ein baum- construção•, en
hoher Gedanke tanto por uma
greift sich den Lichtton: es sind do modernismo. ·
noch Lieder zu singen jenseits
der Menschen". 81. Paul
82. Roman J
("Enfileirar sóis 83. A menos que se
acima do deserto cinza escuro. toanancistas contem
0uammeltr at,I,, D. 116. e Thomas Pynchon. .
. u-'bhOlz" da coletânea Uchtzwang, em .
80. Paul Celan. "Kem wu ' . • • .
' .
626 LIIGUAGENS .IIAlS S1fflS

· . Na medida em que esse tipo de h"berdade é suste , d espiritualmente intetes


ntado como a essên . ba e ,. 90
. da •pós-modernidade•, como o é por Jean-François contemPoranea . •
~ta rdª9, ela mos:S- Mas estamos ~ntran~ aqm numa.
ser isso um prolongamento do lado menos desta
cado do modernismo. Pare ª cultura de hoJe, e é isso que eu
haver três tipos de perfil espiritual em~rgindo de
todo este movimento. (~; da .dade na conclusão. Porém, antes de
Um resultado pode ser que o mode~sm~ leva
a uma valorização ainda breVl as ~oisas sobre o papel que a arte m
maior dos poderes irrestritos da imagmaçao do
que os românticos havi
feito e, por conseguinte, a uma celebração dess alguill possibilidades.
es poderes. Os futuris::- dessas
percorreram claramente esse ~ o e, como '
vimos, isso tinha estrei~
relação com a tentativa de fundir o ego com
a corrente da vida, como 24.6
vemos entre os surrealistas. (2) Um segundo_ res~
tado pode ser a passagem . .,.,...,;nando o modernismo, suas epifamàs e
por meio da crítica, a uma nova forma de epifama, Estive e.A,Cl,U~
como ?Zeram os grande~
ifânicos de determinado ,an gu1o. Vi~o~ com~
do início do modernismo - Proust, Pound,_ J~yc_ ,.
e, Eliot, Mann. (3) Um -ep _
terceiro caminho dirige-se a uma austera disci se origina na epoca roman ca,
plina da imaginação, que piraçao, que • •4-.,.,, 5 mediante o exercício da ·
renuncia às imagens consoladoras e embelezadora orais e espm uuu
s na tentativa de encontrar fontes m
uma linguagem para aquilo que é horrível, degr d m ser divinas, ou podem estar no mlIDCTô:
adado ou devastado em Essas fontes po :r consideradas novas, até então
nossa época, para •apreender este mundo na lingu .
agem e fazer-lhe justiça", do self. Pod e: esEliot, o objetivo pode ser res ta~
como diz Herbert. o~
caso de PounE sp•"a ça- como quer que se1a
O segundo e o terceiro caminhos podem inspirar . dido ssa a .,_ 0 con ce~
adesão com o tempo. Ainda lemos e admiramos
respeito e obter nossa foi per .. ente pela •percepção de que nossa. s~
os grandes pioneiros mo- tornada mais ~g trumentalista, estreitou e emp
dernos. Mas a celebração subjetivista do se[f que . fragmentada e ms obr ece u~
marca o primeiro é super- .i.~•v el continuid ade com o romanmmo-,.
ficial, e este perfil invariavelmente determin , mantém uma nol.(1.
a seu próprio destino. Onda tambem . _ duzi das pelo
.
modermsmo.
após onda passa sem manter mais que um interesse todas as mversoes pro
histórico. Mais do que
isso, podemos dizer que o subjetivismo da autoceleb
ração é uma permanente . diferente a filosofia de Derrlda ilustr&O Wlfllll~
tentação numa cultura que exalta a hberdade e 90. À sua própria manerr~ bem
atribui tanto valor à ima- . ~ e surrealismo- Umafilosofia4P
ginação criativa. Mesmo os perfis 2 e 3 estão, estava tentando fazer ao relacionar ~~S :sen ça
o risco de cair nisso, e por vezes o fazem em
por conseguinte, correndo
suas formas degeneradas.
plena
nega a subjetividade, ! autoposse o de substituiçõ e vê o ~en to nerilldla ::dai1il ','.~~
es infinitas também eDltasubi~
Podemos ter uma arte supostamente epifânica dis erso e "delongado num camp .
. /efinida do jogo e se apresenta como ~ou h'bertadora. Engolfam~ e - ~
que seja meramente por-
tentosa ou bombástica, exaltando seu autor. E temo
do terceiro perfil, na arte pop, por exemplo, que
s variantes trivializadas
se justificou como uma
:xtremo reúnem-se aqui numa noção de ~vre lº~
da noção de Schiller. ?ferece um modo e.ro:
do homem e do humarusmo, sendo o nome
~
e-:~~.
em seu anti-hun':msmo. '-~ ":_
~:~ •afirma O 1i'l1'8 jogo
em" o nome do ser que,.ao ~ tdii a,~·
tentativa séria de estender a linguagem da arte, vras ao longo da )list6rla. de ~
mas muitas vezes não da metafísica ou da ontoteologia - em outras
pal~ ~en to uanqiii}iDdor, ~ \ iil
passou de um artifício para prender a atenção. histó ria-, sonhou com a presença plena, co~
e O fim do jogo"; "Structure, Sign, ~d Play m
~ Discourse of the llUJDIJl . d~
O "pós-modernismo" de 4rotard revela-se uma prom k~ e Eugenio Donato. Ba}t im~ ~
oção superelaborada The Structuralist Controversy, eds. Richard Mac
do primeiro perfil espiritual do modernismo em nom Y . •
e da liberdade irrestrita. Hopkins University Press, 1972, pp. 264·2 65 ·
, . moderna a fantasi& de 'IJlli& ria.118.
A obra de Derrida e de Foucault, se bem que dota 91. Como diz Stephen Spender, "Percorre a cntíca
da de mais peso - no da introdução de valores e ~
~o ~este último, de forma incomparável -, tamb Queda do Homem ... A Segunda Queda parece resul
tar al entre Obe1J1 e o má1. 0 ~
ém se enquadra nesse pensar utilitários científicos no mundo da escol
pnmerro_ perfil. Eles ?fe~ecem ingressos para ha p~sso se identificaDl com a r.fóJ
o subjetivismo e para por resultado que os valores deixam de ser ~sso
celebraçao de nosso propno poder criativo à cust ais ~riais"• em seu n,. ~
a da oclusão daquilo que
;r fak
destrutividade dos sistemas sociais e das coisa
Modem , Londres, Hamish Hamilton, 1963, p. 26. sSpen m\ aqui de 1IJII& pe n~
se estende "de Carlyle, Ruskin, Morris e Arnold Hulmt Ezr&Po,m4. 'Yi •
Lawrence e Leavis". Mas ele poderia também a T. · tado ~ roniâJrtk:OI
89. Jean-François 4'otard, A condição Pós-modern
a, Lisboa, Gradiva, 1989. ter remon ·
628 LllfGUAGEBS MAIS suns

.
t por isso qu:a::dande
e mosdoobsurasbjedotivmodernismo opõem resistência, /\ anatorJ.a. clarohi , nio .
rença na erarqu
que as co m p~ ista. como meras expres
sentimento ou 1ormas de 0'•1 .....,.ni7.Ar as emoçõe
s. A recuperação de fo l
sões d o\1 a. eecer no nível da ia.
:> - teº total
morais abre-nos a algo que nos dá forças. É um processo qu pett118°Essas crenças são 1
. o conteúdo da psique. Ri hard e faz maisn s terra. uIIl dever. Porém, em
~ sentou uma visao basic
J· A. . c s, um_ do~ fun . que '
Nova Cn'tiCoca. apreresume Ste amente psicologicadadadores da co1Il0 do plano. Em nossa
mo.derna phen Spender, a poesia poe . etll se ~disciplina relif)
de . fazmo
mao re er a ordem de nossa Vl'da m · ten·
pa ra Ri ch
· terme'di
ards "é 1~~ aevoçao,eiXo de nossa açã
.osa,
de um padrão harmonioso . or por m o,
xt
de atitudes e emamentr o da cria,-w.&1.
;. 1 eotnO O da mesma mane•
e c?~p -r<O ira com
em externa da metafisicalexas, antes cr~nça, ação focal de desce o
•.s --.: ift .. refere
ntes a um
. tas mo uma ordenação a ord
CO US lU l:1 =
, mas agor r
m sim 'li
leituracoautocontida manifest bó ca- e nosso se m
d lf . t . "92
enor . Mas essaa ~ 0 da literatura e da pinl)aturia a
mas também não para Th
amente nao serve: na-o
omas M ~, D. H.1::8-w
para Eliot ou Pound, ca;
no cimentos da histór
acon e tenho de contar, ia sag
a,
tad a;
Rilke _ se me for perm ren
itida uma mterpretaçao be ce, Joyce, Proust ou cotn ciun:entro em meu esq
realidades
Richards estava consciente m ampla de "poesia". meco uema de .
de alg uma co isa,
as crenças ou dogmas têm
entre os modernos um pa
no en tanto, ao assinalar que Praticamente nada~º- do , . ""
pel bastante diferente. É muno 1111,
isso que venho tentando mo mostra-se hoie nessa fei
strar a o ~ da "~guag çao d e~
se possa simplesmente
decompor a Illltologia ou em m~s sutil". Não é que - q_u
isso nao er dizerfim q_ue nada haja
me
Yeats, Mann, Lawrence ou
Eli.ot e considerá-las apenas tafísica ou teologia de q_uerer alcançar a de expressar o ~
de instrumentos de reorde
nação da psique. Mas algo um conjunto elaborado <lue eles percebam e _q~ei. abrir
a era da grande cadeia sem
do ser e a ordem publica dúvida mudou desde abertura desses domun~s,ram falta &
referências. Tentei exprimi mente estabelecida de na_ •_
r iss bouço firme, é uma ~cula
indexadas a uma visão pesso o ao dizer que a metafísica ou a teologia vêm nual poderíamos ta m
çao de
al, ou refratadas por uma b
Oque é ter uma ordem
publicamente estabelecida
sensibilidade particular. '1
voltar a ser uma mv • ocaçaém o de ~ ..
só partilhar aenças com tod de referências? Não é inimaginável retomo - diriam
as as outras pessoas, po
rém algo bem mais fun- alguns .
damental É isso que Wittg A necessidade de um
erro de se falar de uma "cr
há mais de cinco minutos
pés. 'Ira.ta-se de questões
enstein explora em Da cer 93
ença" ou "pressuposto" de
an
teza , em que trata do
qu
ou de que o chão vai perm e o mundo começou
ec
XX, e em ~ande parte
exigiu precisamente utn
a "poeSJA_
co;o
as ciaS
:.:o
acerca das quais, de mo er sólido sob nossos · ·
ianas e. da.s e~
•A

coisas cotid nen


form~o uma crença; nã do geral, não teremos Au den 011
o porque duvidemos de guerra como no pruneiro ....:....,
las,
demasiado ~ o s ap
o~do-nos nelas, encostado mas porque estamos
'
Talvez o contras1+..e possa. ser llilW
:quanto se ~~ s acredi~
do
s nelas, por assim dizer, também podemosAre~orrer mições
~u~ tácito de ob1etos e duvidando de outras coisas. Elas são parte público de referencias_.~
a~
a mao, na linguagem de He de confiança, de coisas que são "pronta dade-
idegger94. s para lingüísticas ~e gramati to
virada reflexiva. Pergun atnUll m
92. Spender, Strugglt, p.
17. centavo"?, e respon~o neg amene
nv
93. Ludwig Wittgenstein a;e e ~
Blackwell, 1977 pars g4s 0n Ctrt • ty G
s' (D
94. Para um' di · • ª arteza, L1S
computadores nãoapockm
am • . · E. M. Anscombe
scussao dessa noção d boa, Edições 70 1990)
e G. H. von Wright, Ox
ford,
uma "visão pessoal · O
arcabouço publicamen:
f~
four Ri d .

e arcabo " • · com q_ue contalllOS ~o 05 co ll l~
Searle, lnttndona/idade,
São, Pa~oe ~e ~o , Casa uço , ver Hubert Dreyfus, O que os ou Proust me convidaIIl tel11 \1]11,&
7àc:it Dimmsion Garden
c·ny, D b'l da:artins Fontedo Livro Eldorado , 1975, par
te III '. Joh
' • ou e Y, 1966. s, 1995, cap. 5; Michael Polanyi, n
The
-
95. Ver a discussao elll ~
630 1.mGUAGEIS KAlS StmS

Richards está errado ao dizer que ~s cre~ça~ ~o irrelevantes. Mas • e o transcen


0 subjetivo
uma diferença· em re1.,,.;,. aos velhos dias. Nao e so que as crenças s . há :::s de Wallace Stevens:
os antigos credos pu'blicos; é ta.mb,em que aquij eJarn
mais hesitantes que """"" •0 mundo ao nosso redor seriá
chamo de seu índice pessoal torna-as algo de um tipo diferente. Sab::ue A principal idéia poética do
que O poeta, se for sério' está apontando para algo - Deus, a tradição _ 08 Depois de se abandonar uma
, p , tamb' que
ele acredita estar presente para todos nos. orem, , . em sa?e.~os que ele lugar coroo redenção da vida•.
s6 pode nos apresentar isso refratado ~r sua propna sensibilidade. Não
podemos simplesmente destacar a pepita da ve~dade tr~s~endente; ela
está inseparavelmente embutida na obra - esta e a relevanc1a continuada
da doutrina romântica do símbolo.
Como posso formular a ~?ifania que _s~ abre ~or ~eio de !_he Waste
Lanã! F.xaminar O aparato cntico pode facilitar a epifama, mas nao produz
uma formulação dela. Bem, posso escre~~r ou~o poem~ e~ mesmo, indexá.
-lo à minha visão pessoal. Caso con~a.i:1º• so posso mdicar o que ela é
encaminhando O interessado para o propno poema. As crenças permanecem
embutidas e entrelaçadas na visão e na sensibilidade da pessoa e até em
sua memória e biografia, se refletimos sobre como as obras de Pound e
Eliot muitas vezes obtêm clareza e vigor quando compreendemos algumas
das alusões pessoais nos fragmentos que as compõem.
Eis por que, em grande parte da poesia moderna, o centro de gravidade
é deslocado para as palavras. As raízes da poesia mergulham profundamente
nos usos invocativos da linguagem; os usos pelos quais ocasionamos alguma
coisa ou tornamos algo presente por meio daquilo que dizemos. Estes têm
desempenhado um importante papel na vida religiosa desde os tempos
remotos até a recitação do Alcorão ou das palavras da missa. Mas também
existem na vida secular, nas formas mais banais, como as que usamos para
iniciar uma conversa.
Nos usos invocativos normais, apenas nos apoiamos nas palavras, des-
viamos a atenção delas para o que está sendo invocado. Mas, na poesia de,
digamos, Pound, ocorre uma estranha mudança. Alguma "energia" está
sendo capturada nessas palavras, mas a única maneira de defini-la é precisa-
mente atentar para as palavras. É algo análogo a uma religião em que as
definições cruciais vinculem-se antes ao ritual que à teologia. Alguns escri-
tores ~egam ser esse o caso de muitas religiões "primitivas", o que abre
uma linha de comparação que contou com muitos simpatizantes entre os
modernistas.
, ~do isso ~ certo crédito à desvalorização da crença por Richards ou
a teona da poesia de Roman Jakobson como sendo aquilo que se manifes~ l
quando as P~vras tornam-se salientes; mas nenhum destes faz justiça ª h mus citado pct
natureza epifanica de grande oarte rl;i ;nfp mnrlorn~ " ont.-Plllr.:lmento 96. De seu apus Post u '

Você também pode gostar