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Comunicação

e linguagem
Prof. Me. Leandro Moura

Tópico 2
Tópico
Comunicação e linguagem
2
Objetivo(s) de aprendizagem
• Conhecer a variação linguística;
• Comparar as variações sincrônicas;
• Elaborar hipóteses a partir de exemplos
práticos;
• Refletir sobre o preconceito linguístico;
• Relembrar a noção de texto.

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Neste Tópico:
Introdução���������������������������������������������������� 4
Variação linguística����������������������������������� 5
Variação regional��������������������������������������10
Variação social�������������������������������������������13
Variação ligada ao meio
(oral e escrito)������������������������������������������� 14
Variação de registro
(formal e informal)������������������������������������17
O preconceito linguístico���������������������� 23
Noções de texto����������������������������������������28
Coesão���������������������������������������������������������34
Como melhorar a coesão textual�����������������������36

Coerência����������������������������������������������������38
Considerações finais����������������������������� 44
Síntese���������������������������������������������������������45

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Tópico
Comunicação e linguagem
2
INTRODUÇÃO
A utilização adequada de uma língua é tema de dis-
cussão permanente nos mais variados países. De
uma região a outra, ou de uma pessoa a outra, cada
um tem uma forma de se expressar, dependente de
alguns fatores. Além disso, questões vinculadas a
melhor maneira de se comunicar também podem
ser levantadas: Como me comunicar melhor? Como
aproveitar o melhor uso de um idioma?

A forma como nos comunicamos, as palavras que


utilizamos para nos fazer entender, depende muito
de onde vivemos, com quem convivemos e como
nos apropriamos do mundo que nos cerca.

Vamos aprofundar os conhecimentos sobre as rique-


zas da língua portuguesa a nosso favor?

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Oxe Rango
Pila
Cambito


Xibé
Mina

Lindeiro
Figura 1: Expressões de diversas regiões do Brasil.

Vamos fazer uma viagem no tempo? Imagine que


estamos em outra época da história. As pessoas
se comportam de uma maneira diferente da qual
você está acostumado. Você tenta se comunicar
com algum conhecido pelo telefone. Desista, nin-
guém está usando celular. Por aqui, ainda se lê com
frequência o jornal impresso. Então, você decide
comprar um jornal para conhecer o dia a dia daque-
las pessoas, quando, de repente, se depara com o
seguinte anúncio:

5
Sabão hygienico Capadocia

Quereis manter-se aseiado e prottegido de mo-


lestias da pelle?

Compre o sabão hygienico Capadocia: o ideal


para elle e para ella.

À venda nas pharmacias!

Se você tivesse recebido essa mensagem pelo celular


hoje, provavelmente acharia que é um engano. Talvez
você entendesse algumas palavras, mas saberia que
esse tipo de escrita não é a mesma que usamos
atualmente.

Bem, a sociedade mudou bastante com o passar dos


anos. No século XIX, de onde veio esse anúncio, as
pessoas tinham costumes completamente diferentes
dos nossos. Um exemplo disso é que era possível
vender de tudo nessa época – desde sabonetes, ca-
sas, roupas até escravos! Hoje, essa ideia parece
absurda, já que os escravos foram libertados, mas
quando fazemos referência a costumes do século
XIX, estamos falando de um período histórico de nos-
so país em que o modo de produção era escravista e
que era comum e aceitável o comércio de escravos
para realizar todo tipo de trabalho forçado.

Assim como nossas crenças e costumes mudaram,


nossa forma de expressão – a língua – também mu-
dou. Observe no anúncio que, antigamente, as con-

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soantes eram duplicadas, como o L de “elle” e “ella”;
o som da letra f era representado pelas letras ph;
palavras que muitos desconhecem ou não se usam
mais com tanta frequência, eram comuns, como
“aseiado” (que quer dizer asseado ou limpo) e “mo-
lestia” (enfermidade ou doença). Naquela época, a
língua portuguesa utilizada pelos europeus coloniza-
dores que vieram para o Brasil tinha características
diferentes da que usamos hoje. Aos poucos, ela foi
sendo modificada pela cultura, história e crenças de
um povo, diferente daquele que nos colonizou, com
sua própria identidade – o povo brasileiro.

É por isso que dizemos que a nossa língua é viva:


nela, acontecem transformações motivadas por as-
pectos históricos, sociais, políticos e econômicos que
determinam a identidade de um povo. É como se a
língua fosse o código de barras de uma sociedade.

Podcast 1

As variações linguísticas são um fenômeno comum


às línguas, pois seus falantes estabelecem relações
sociais no tempo e no espaço com diferentes pesso-
as, culturas e histórias. O modo de se comunicar se
transforma pela influência desses aspectos.

Verifique o que diz a autora Thelma Guimarães:

“As línguas mudam junto com a sociedade que as uti-


lizam, tanto do ponto de vista diacrônico (ao longo do
tempo), como sob o ponto de vista sincrônico (em um

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mesmo momento do tempo). Essas mudanças rece-
bem o nome de variações linguísticas.” (GUIMARÃES,
T., 2012, p. 24, grifo do autor).

À mudança que ocorreu entre as palavras usadas


no anúncio antigo e as palavras que usamos hoje,
chamamos de variação diacrônica ou histórica, pois
nossa língua evoluiu ao longo da história, do tempo.
É esse aspecto temporal que explica a mudança do
pronome você, que antes era utilizado “vossa mercê”,
passou a ser “vosmecê”, depois “você” e, nos tempos
de hoje, usamos “vc” para digitar mensagens. Já as
expressões que mudam em um mesmo momento do
tempo ou da história, como as gírias, os sotaques,
os jargões, por exemplo, caracterizam a variação
sincrônica.

Para Guimarães (2013), a variação sincrônica se di-


vide em algumas categorias. São as variações:
• Regional;
• Social;
• Do meio (oral e escrito);
• De registro (formal e informal).

Verifique na figura a seguir, como essas variações


são divididas:

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regional
diacrônica
ou histórica
Variação social
Linguística
sincrônica
do meio

do registro

Figura 2: Distribuição das classificações da linguística considerando


o critério temporal.

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VARIAÇÃO REGIONAL
Tente se lembrar do modo como você fala. Você pro-
nuncia o “r” mais forte? Coloca a língua entre os den-
tes quando fala “tia”? Observe que como você fala é
característico do lugar em que você nasceu ou mora.
O Brasil é um país de vasta extensão continental e
em cada região (ou mesmo dentro da própria região),
as pessoas falam de modo diferente.

Verifique esse exemplo:

Ingridienti:

5 den di ái

3 cuié di ói

1 cabêss di repôi

1 cuié di mastumati

sali a gosto

Mé qui fais?!

Casca u ái, pica u ái e soca o ái cum sali.

Quenta o ói; foga o ái no ói quentinho.

10
Pica o repôi bem finin, foga o repôi.

Poim a mastumati, mexi ca cuié pra fazê o moi.

Prontim!

Entendeu alguma coisa? Você consegue descobrir


de onde é o autor dessa receita? Se você respon-
deu Minas Gerais, acertou! Os mineiros costumam
“encurtar” as palavras, reduzindo suas terminações,
além de juntarem várias palavras numa só, como
“mastumati”, que é a junção de “massa de tomate”.

Saiba mais
O modo de falar de algumas regiões (dialetos)
pode possuir tantas características próprias
que é possível encontrar dicionários locais,
como: dicionário de “mineirês”, de “gauchês”, de
“nordestinês”.
Acesse a reportagem do Jornal Hoje Falares do
Brasil e veja como pessoas de diferentes regiões
do país se comunicam:

Por isso, dizemos que a variação regional é o uso


que se faz da língua em uma determinada região.
Podemos encontrar essa variação:

• Na pronúncia das palavras (sotaque): o “r” puxado


do interior de São Paulo é diferente do “r” carioca;
• No vocabulário: para os gaúchos, a palavra “piá”
significa “criança”, no Pará, “égua” não é apenas a

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fêmea do cavalo, mas uma expressão usada em
várias situações, como “poxa vida”;
• Na conjugação de verbos e construção de frases:
no Nordeste, é comum falawwr “tu visse” (em vez de
“tu vistes”), assim como a expressão “sei, não” (em
vez de “não sei”). (GUIMARÃES, 2012, p.26)

Podcast 2

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VARIAÇÃO SOCIAL
A linguagem dos médicos, dos surfistas, dos tatua-
dores, da internet, dos roqueiros, do futebol. O que
elas têm em comum? Todas elas têm em comum o
contato social que seus grupos estabelecem durante
a comunicação. Algumas formas de variação social
estão relacionadas a:

Grupos profissionais: o modo de se expressar de um


grupo profissional é chamado de jargão. Geralmente,
é usado para facilitar a comunicação entre os pro-
fissionais de um mesmo setor, mas para quem é de
fora do grupo, o chamado leigo, a comunicação pode
se tornar um grande empecilho.

Grupos sociais: os grupos profissionais também


se formam social, mas existem outros tipos de gru-
pos, como os surfistas, os jovens, os idosos, os fãs
de uma série, os amigos do futebol. Estes grupos
compartilham escolhas linguísticas em comum, as-
sim como outras características, tais como gostos
musicais, esportivos.

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VARIAÇÃO LIGADA
AO MEIO (ORAL E
ESCRITO)
Após uma conversa ou apresentação de um trabalho,
você já teve a impressão de que não falou tudo o que
precisava ter dito? Que se tivesse feito uma “colinha”
no papel teria se saído melhor? Esta é uma situação
pela qual todos podem passar, mas você sabe por
que isso acontece?

Falar e escrever são ações comunicativas, mas exis-


tem algumas características que as diferenciam.
Repare que o momento de produção e de recepção
de um texto é bem diferente nessas situações: nos
textos orais, esses momentos ocorrem simultanea-
mente – os interlocutores falam e ouvem ao mes-
mo tempo. Contudo, nos textos escritos, há uma
defasagem temporal entre o momento em que se
produz e se recebe uma mensagem. (GUIMARÃES,
2013, p. 28).

Falar ou escrever: existe uma forma melhor ou pior


de se expressar? Na verdade, existem vantagens e
desvantagens ao usarmos um ou outro meio. Na
comunicação oral, podemos:

• negociar o sentido das palavras:

- O que isso significa?

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- Significa que...

• corrigir nossa fala:

- Não importa o que aconteça, eu não vou sair


daqui – quer dizer, nós não vamos sair!

A comunicação pela oralidade não acontece apenas


pela linguagem verbal. Nossos gestos, expressões
faciais, entonação, olhares nos auxiliam durante a
fala, ou seja, a linguagem não-verbal complementa
os sentidos durante a comunicação oral. Quando um
professor pergunta aos alunos se todos entenderam
sua explicação e alguns deles expressam uma “cara
de dúvida”, isso indica que o professor precisará es-
clarecer algum ponto da matéria.

Se a linguagem não-verbal ajuda a comunicação oral


a ser mais clara – já ouviu falar que nada é melhor
que uma boa conversa “cara a cara”? – a comunica-
ção escrita, por sua vez, não apresenta a vantagem
de colocar em contato os polos mais importantes
da mensagem: seus interlocutores.

Ao escrever um texto, o emissor não sabe exata-


mente como ele será recebido, qual o conhecimento
do receptor sobre o que está escrito e nem a sua
condição, disposição e ânimo naquele momento. Do
outro lado, ao receber a mensagem, o receptor possui
apenas o recurso da escrita para tentar compreender
o que o emissor quis dizer – ele não pode contar

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com gestos, olhares ou correções para esclarecer
alguma dúvida.

Entretanto, é justamente por isso – pela falta de sin-


cronia – que a escrita permite que seus interlocutores
tenham mais tempo para editar seus textos. Isso
significa que eles podem pensar antes de escrever,
planejar sua comunicação, escolher as palavras mais
adequadas e corrigir seus textos antes de enviá-los.
Além disso, o tempo da escrita permite que o autor
pesquise e adicione informações ao seu texto.

Fique atento
Afinal, por que conhecer a linguagem e seus ele-
mentos é tão importante para nós? Para nos co-
municarmos com os outros, seja na faculdade,
no trabalho, em casa ou na rua, utilizamos textos
orais ou escritos. Quando produzimos um traba-
lho escrito para a faculdade, podemos pesquisar
informações, planejar a sequência lógica do tex-
to, ler e reler várias vezes, reescrever pontos que
não ficaram muito claros. Por outro lado, numa
reunião de trabalho, temos apenas nossa memó-
ria, inteligência e menos tempo para recuperar os
principais assuntos: para ajudar, anote os pontos
mais importantes que gostaria de discutir na reu-
nião, bem como sugestões e propostas de me-
lhoria para a equipe.

A oralidade e a escrita são produzidas pelos interlo-


cutores em dois tipos de situações: formais e infor-
mais. E é sobre isso que falaremos no próximo item.

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VARIAÇÃO DE
REGISTRO (FORMAL
E INFORMAL)
Leia o exemplo:

Aline foi pedida em namoro por um garoto da escola.


Ela sempre foi apaixonada por ele. Por isso, o chama
carinhosamente de crush. Só tem um problema: Aline
ainda não pediu autorização dos pais para namorar.

Chegando da escola, ao entrar em casa, a garota


encontra mãe. Com medo, Aline anuncia:

— Ô manhê, quero te contar uma coisa.

A mãe, sentindo cheiro de encrenca no ar, responde:

— Filha, o que você aprontou?

— Nada, mãe. É coisa boba. Eu só queria te contar


que estou namorando... – a garota complementa
apreensiva.

— O quê!? Como assim? Isso é sério? Com quem? – a


mãe entra em pânico.

— Se acalma, mãe. Ele é o meu crush.

— Aline, já disse que não quero que fale pala-


vrão em casa!

Rindo bastante, Aline esclarece:

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— Mãe, crush não é palavrão. É a pessoa de quem a
gente gosta, se apaixona.

— Agora ficou claro! É que na minha época, a gente


chamava os garotos bonitos de pão.

— Pão? Fala sério, mãe!

— Falo sim: quero conhecer o tal do crush. Vamos


organizar um jantar!

— Oba! Valeu, mãe!

Figura 3: https://www.dicionariopopular.com/crush/ . Acesso em:


01 dez. 2018.

Fique atento
Usamos a palavra Crush quando queremos nos
referir a alguém que gostamos ou sentimos atra-

18
ção. Do inglês to crush ou, literalmente, “colidir”
“esmagar”, a gíria é muito usadas nas redes so-
ciais e representa a paixão “esmagadora” que
sentimos pela outra pessoa.

A situação acima nos mostra que Aline e sua mãe


fizeram escolhas linguísticas diferentes: embora en-
tenda quase todas as palavras sem dificuldade, a
mãe de Aline não compreendeu o termo crush, geran-
do um ruído na comunicação. Isso nos revela alguns
aspectos: a diferença de idade entre Aline e sua mãe,
a escolha de palavras característica de um grupo, e
o uso de um tom mais informal durante a conversa.
Em uma situação formal, por exemplo, Aline precisa
se expressar de outra forma.

Você diria que ela está errada por se expressar assim?

Veja o que acontece em outra situação, uma entre-


vista de emprego:

Com tantos candidatos


competentes para a
vaga, por que eu deveria
Vixe... pera aí
contratá-lo?
um minutinho...

Figura 4: Situação de entrevista de emprego, em que o entrevistador


faz perguntas ao candidato.

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Será que esse candidato respondeu o que se es-
perava? Qual impressão ele pode ter passado ao
entrevistador?

Você já deve ter participado de uma entrevista ou


conhece alguém que passou por isso. Sabemos que
se trata de uma situação formal de comunicação,
mas o que isso quer dizer? O que se espera de quem
está se candidatando a uma vaga de emprego é que
se expresse com clareza e que evite gírias ou expres-
sões informais, como “vixe” e “pera aí”.

Então, é errado se expressar assim? Não, mas a


variação informal (ou norma coloquial) da língua é
considerada menos privilegiada que a variação ou
norma culta. Por isso, se pensarmos que a entrevis-
ta era uma situação mais formal de comunicação,
a escolha de palavras do candidato foi inadequada
para aquele momento.

No exemplo de Aline, ela e a mãe participam de um


contexto mais informal de comunicação – foi esse
contexto que permitiu o tom casual adequado para
a conversa. Claro que, quando estiver entre amigos
ou com a família, o candidato também poderá usar
expressões coloquiais, que estarão adequadas a um
contexto informal.

Você sabe por que isso acontece? De acordo com


Guimarães:

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Nenhum de nós usa o idioma da mesma maneira o
tempo todo. Independentemente de sermos mais ou
menos escolarizados, de morarmos nessa ou naquela
região, de sermos jovens ou velhos, homens ou mulhe-
res, surfistas ou roqueiros, todos nós mudamos nossa
maneira de falar e escrever conforme o grau de formali-
dade da situação comunicativa. (GUIMARÃES, T., 2013,
p.30, grifo do autor).

Dessa forma, a variação formal é o conjunto de re-


gras e combinações que obedece ou se aproxima
da gramática normativa – são as chamadas regras
gramaticais. São aquelas regras que você aprendeu
na escola. Por ser mais valorizada socialmente, esta
variação é usada em contextos de maior prestígio,
como discursos políticos, acadêmicos, profissionais,
jornalísticos, jurídicos etc.

Já a variação informal é o conjunto de usos linguís-


ticos organizados e combinados de uma maneira
conhecida pelos integrantes de um grupo e que faz
sentido para eles. Nesta variação, pronomes, verbos,
acentuação, ortografia, concordância de palavras
podem ser muito diferentes da variação formal. Em
uma situação informal, quando você escolher dizer
“E aí, tudo bem?”, ao invés de “Olá, como vai?”, é
provável que o interlocutor entenda sem dificuldade
que você quer saber como ele está.

Você deve estar se perguntando: com tantos modos


de falar, existe um melhor ou pior que o outro?

21
Fique atento
Não existem formas melhores ou piores de se fa-
lar, mas modos diferentes que usamos para co-
municar algo. Esses modos podem ser adequa-
dos ou inadequados, mas isso vai depender da
situação em que a comunicação acontece.

Olhando à primeira vista, parece uma questão sim-


ples, não é? Então, olhe mais de perto: mesmo em
situações informais, você já ouviu frases como “ela
não sabe falar direito” ou “ele maltrata a língua por-
tuguesa”? Vamos pensar um pouco sobre isso: se a
língua de um povo é a sua identidade – como estuda-
mos antes – como pode ser considerada um “erro”?

22
O PRECONCEITO
LINGUÍSTICO
Além de conhecer nossa própria cultura, ao entrar-
mos em contato com diferentes variedades linguís-
ticas, conhecê-las também pode ser uma forma de
combater o preconceito. É isso mesmo! Você deve
estar pensando: “já ouvi falar de outros tipos de
preconceito, como o preconceito contra mulheres,
nordestinos, negros, homossexuais, mas contra a
língua? Ainda não!”

O preconceito linguístico é a discriminação de uma


pessoa pelo seu modo de se expressar, socialmente
considerado incorreto ou inferior, se comparado à
língua que segue as regras gramaticais. Como diz
o linguista Marcos Bagno, “Nós somos a língua que
falamos”. (BAGNO, 2003, p. 17). Em outras palavras,
como todo preconceito, quando discriminamos al-
guém pelo seu modo de se expressar, não julgamos
a língua em si, mas os aspectos socioculturais e eco-
nômicos de quem a fala – qual a sua origem, como
se veste, onde estudou, qual seu nível de renda etc.

Você já deve ter ouvido comentários pejorativos so-


bre a fala de quem mora no interior, por exemplo.
Fatos como esse acontecem com mais frequência
do que imaginamos porque, na maioria das vezes,
são vistos como piadas ou brincadeiras, mas não
como manifestações de preconceito.

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A língua não é homogênea, pois, como verificamos
antes, ela é formada pela diversidade de falares
que carregam histórias de vida, cultura e valores
de um povo. Sendo assim, quando as pessoas se
manifestam por meio da língua, elas mostram seus
valores culturais, a forma como vivem e a sua pró-
pria história.

Por mais que você corra, irmão

Pra sua guerra vão nem se lixar

Esse é o xis da questão

Já viu eles chorar pela cor do orixá?

E os camburão o que são?

Negreiros a retraficar

Favela ainda é senzala, Jão!

Bomba relógio prestes a estourar

EMICIDA. Boa esperança. Disponível em https://www.letras.mus.


br/emicida/boa-esperanca/ Acesso em 9 dez. 2018.

A música do rapper Emicida apresenta expressões


linguísticas coloquiais como “pra”, “se lixar”, “eles
chorar”, “os camburão”, “Jão”, mesmo assim, entende-
mos seu objetivo: falar sobre as marcas do racismo
deixadas pela escravidão e sentidas até hoje, como
encontramos no trecho “Favela ainda é senzala, Jão!”.

A linguagem informal e as gírias são algumas das


marcas linguísticas que compõem o universo das

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letras de rap e que caracterizam, entre outros as-
pectos, o discurso das comunidades. Essas marcas
representam a realidade de grupos (em sua maioria,
menos favorecidos socialmente), suas experiências
e a forma como se comunicam. O rap, assim como
o funk, são estilos musicais com vasta presença da
oralidade e apelo popular, mas que sofrem precon-
ceito linguístico e, em função disso, artístico.

Saiba mais
Quer conhecer um pouco mais sobre a história
do rap?

Se a música fosse escrita de outra forma, além de


comprometer a sonoridade das palavras, talvez não
causasse a mesma intensidade em seus ouvintes,
por não retratar a realidade de um problema social
considerando o discurso de quem o enfrenta.

Quer dizer que podemos usar expressões informais


em qualquer situação? Não, pois assim como usa-
mos roupas diferentes para cada ocasião, devemos
usar nossa linguagem adaptando-a às diferentes
situações comunicativas. A norma culta é a varia-
ção exigida em situações formais de comunicação:
para que você consiga se comunicar com clareza
em todos os contextos, é essencial que você saiba
adequar seu discurso a eles.

Já pensou se você escrevesse um e-mail ao seu


chefe da mesma forma como fala? A nossa fala

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tem pausas, entonações, hesitações, repetições e
autocorreções que só fazem sentido na dinâmica
da própria fala, no acordo que estabelecemos com
o outro. A escrita é uma espécie de “versão editada”
da comunicação, pois, quando escrevemos, podemos
escolher palavras, ler o texto, corrigi-lo antes de en-
viar, enfim, usar os mais variados recursos que vão
tornar nosso discurso mais claro para o outro.

Saiba mais
A língua falada é uma rica fonte de cultura de um
povo. Acesse o vídeo do professor Ataliba de Cas-
tilho para conhecer suas múltiplas possibilidades.

Precisamos adaptar nossa comunicação ao contexto


e a quem recebe nossa mensagem, não como forma
de superioridade, mas de estabelecer contato com
pessoas, histórias e culturas distintas.

Como um fator que colabora para a exclusão social,


o preconceito linguístico deve ser combatido – co-
meçando pelo respeito ao modo de falar do outro
e, por consequência, à sua cultura e modo de vida.

Fique atento
Ser um bom comunicador envolve não só o co-
nhecimento das regras gramaticais, mas da for-
ma como nos relacionamos com os outros.

26
Bom, como observamos, a linguagem é muito di-
nâmica, mas você sabe como ela se manifesta?
Convido você a desvendar esse mistério em nosso
próximo tópico.

27
NOÇÕES DE TEXTO
Diariamente, todos nós precisamos lidar com textos.
Assistir a um filme, escrever um e-mail, enviar uma
mensagem, dar um recado, fazer uma lista: o tempo
todo estamos produzindo ou recebendo diferentes
tipos de texto.

Mas o que é um texto? Você já parou para pensar,


de fato, nisso? Costumamos definir o texto como
um conjunto de frases feito para ser lido. Será que
é isso mesmo? Vamos fazer um exercício: leia as
frases abaixo separadamente:

A casa é de madeira.

Eu moro com minha família numa casa.

No final deste ano, viajarei com minha família


para Minas Gerais.

Minha avó mora em Minas Gerais.

Ao ler as frases separadamente, você deve ter com-


preendido o que elas querem dizer, mas observe que,
quando lidas juntas, elas não fazem sentido, ou seja,
elas não se complementam, não constituem uma
unidade. Podemos dizer que continuam sendo ape-
nas frases soltas e não um texto.

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Então, já sabemos que um texto não é só um conjun-
to de frases, mas o que, afinal, é o texto? Imagine que
você está vendo sua série de TV favorita quando, de
repente, a palavra MADEIRA aparece na tela, sozinha,
à frente de um fundo preto. Pode ser que você fique
intrigado ou, simplesmente, não dê importância.

Agora, imagine que você está no meio de um tempo-


ral, procurando um lugar para se abrigar, quando ouve
um grito: “MADEEEEEIRAAAAA!”. Se você pretende se
salvar, com certeza vai sair correndo. Isso acontece
porque, nessa situação, você interpreta que o grito
é um sinal de alerta.

Esse exemplo nos leva a algumas conclusões sobre


os textos:
• que eles não são apenas palavras escritas, também
podem ser orais – como um grito ou uma conversa;
• que eles precisam fazer sentido, serem entendidos
por quem os recebe.

Bom, considerando o que sabemos até aqui,

[...] o texto pode ser concebido como resultado par-


cial de nossa atividade comunicativa, que compreende
processos, operações e estratégias que têm lugar na
mente humana, e que são postos em ação em situações
concretas de interação social. (KOCH, 2011, p. 26)

Como verificamos anteriormente, a comunicação


é um processo de interação entre seus participan-
tes. Dessa forma, o texto é a materialização deste

29
contato, ou seja, a expressão linguística produzida
por indivíduos em uma situação comunicativa. O
bom funcionamento das condições dessa situação –
emissor, receptor, mensagem, código, canal e contex-
to – é fundamental, tanto para a produção do texto,
quanto para a sua compreensão.

Observe a obra a seguir:

Figura 5: Obra Cinco Moças de Guaratinguetá. | Fonte: In:


ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São

30
Paulo: Itaú Cultural, 2018.Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/obra2592/cinco-mocas-de-guaratingue-
ta>. Acesso em: 09 de Dez. 2018. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

A obra “Cinco moças de Guaratinguetá” é de Di


Cavalcanti, um renomado artista brasileiro, que viveu
entre 1897 e 1976. Junto com outros reconhecidos
artistas, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e
Graça Aranha, contribuiu para o movimento modernis-
ta e para a Semana de Arte Moderna de 1922. Você
diria que esta pintura pode ser considerada um texto?

Sabemos que o código pode ser verbal e não-verbal.


Quer dizer que, assim como as palavras, as imagens,
os sons, os gestos também podem ser textos, como
a fotografia, a pintura, os desenhos, um vídeo em
LIBRAS, uma mensagem em braile. Existem textos
que mesclam os dois recursos, verbal e não-ver-
bal: filmes, histórias em quadrinhos, propagandas,
diálogos.

Fique atento
O mais importante na comunicação é que o tex-
to poder ser interpretado e compreendido por um
determinado grupo.

Vamos voltar à pintura de Di Cavalcanti: e agora, você


a considera um texto? Ainda que não conheçamos o
contexto histórico da época, as influências e o estilo
do autor, percebemos que a obra retrata uma situa-

31
ção cotidiana de um grupo de mulheres. Chegamos
a essa conclusão porque a pintura pode ser interpre-
tada e entendida a partir do seu sentido.

O que leva um texto a fazer sentido? Observe


o exemplo:

Figura 6: http://www.putsgrilo.com.br/humor/fotos-de-placas-engra-
cadas-e-erradas-do-brasil. Acesso em: 21 de jan. 2019.

Quando não entendemos o que um texto quer dizer,


dizemos que ele “não faz sentido”, não é mesmo? É o
caso dessa placa: a ordem é para jogar lixo no “lixei-
ro”, ou seja, no profissional que trabalha recolhendo
o lixo. Isso seria um ato de agressividade!

A falta de relação entre as palavras gerou um texto


desconexo, sem coesão. A frase correta seria “Jogue

32
lixo na lixeira”, ou seja, no local adequado para des-
carte do lixo.

Mesmo quando postamos algo nas redes sociais ou


enviamos uma mensagem pelo celular, para que um
texto faça sentido, alguns fatores são importantes,
como a coesão e a coerência.

33
COESÃO
Júlio não tem carro. Ele é azul.

A frase parece estranha para você? Se Júlio não pos-


sui carro, como ele seria azul? Observe que a segun-
da oração não retoma o item “carro” da primeira, ou
seja, não estabelece relação com ela. Nesse caso,
faltou coesão, prejudicando o entendimento da frase.

Para Fávero (2009), a coesão refere-se “às relações


de sentido que se estabelecem entre os enuncia-
dos que compõem o texto; assim, a interpretação
de um elemento depende da interpretação do outro.”
(FÁVERO, 2009, p.9). A coesão é o elo que permite
conectarmos as ideias dentro de um texto.

Um texto coeso é aquele que possui um encadeamen-


to adequado de ideias. De acordo com Fávero, isso
acontece no nível microtextual, ou seja, no nível das
palavras (FÁVERO, 2009, p. 10). Por meio da coesão
ligamos palavras, orações, frases, parágrafos numa
sequência lógica que atua na construção do texto.

As palavras que unem as partes de um texto são


chamadas elementos coesivos. Se imaginarmos que
o texto é um muro, os elementos coesivos são o
cimento que liga um bloco a outro.

Os elementos coesivos servem para retomar, refe-


renciar, substituir ou confirmar informações de um
texto. São eles:

34
• pronomes; • preposições;
• terminações verbais; • conjunções
• advérbios; • sinônimos.
• locuções adverbiais;

Exemplo:

As reportagens jornalísticas prezam pelo bom voca-


bulário e pelo uso correto das normas gramaticais.
Por outro lado, os sites com notícias falsas ou men-
sagens divulgadas pelo WhatsApp tendem a apresentar
uma escrita fora do padrão, com erros de português
ou quantidade exagerada de adjetivos. “Os manuais
sérios dos grandes jornais orientam o jornalista a não
adjetivar quando fizer uma reportagem”, explica Tai. “Se
você está diante de um site de notícias falsas, já tem
adjetivo no título. Existe uma linguagem que é muito
particular do jornalista que não é utilizada em um site
de notícia falsa.”

Senso crítico é arma para combater ‘fake news’. Por


Marina Dayrell, Matheus Riga e Pedro Ramos. Jornal
Estadão. Disponível em: http://infograficos.estadao.
com.br/focas/politico-em-construcao/materia/senso-
-critico-e-arma-para-combater-fake-news 9 dez. 2018.
Acesso em: 10 dez. 2018. (grifos nossos).

A falta dos elementos coesivos em destaque poderia


prejudicar o entendimento do texto. Por isso, quan-
do produzimos um texto com elementos coesivos

35
adequados, facilitamos sua compreensão. E como
se faz isso? Fique de olho nessas dicas!

Como melhorar a coesão textual

1. Use conjunções coordenativas: com elas você


poderá explicar, confirmar, contrapor ou concluir uma
ideia. Estas estratégias tornam o texto mais articu-
lado e interessante.

Exemplos de cada tipo de conjunção:

Aditivas: e, nem, também, bem como, não só...


mas também;

Alternativas: ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer,


seja...seja;

Adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entre-


tanto, no entanto;

Explicativas: que, porque, pois, isto é, pois (antes


do verbo);

Conclusivas: logo, pois, portanto, assim, por isso,


por conseguinte, por consequência, pois (depois
do verbo).

2. Use palavras sinônimas: ao utilizar termos di-


ferentes que possuem o mesmo significado, você
evita que o texto fique repetitivo e se torne cansativo.

36
Para aumentar seu repertório de palavras, você pode
utilizar o dicionário de sinônimos.

Exemplos:

Prédio = edifício

Casa = residência/lar

Conhecimento = saber

Finalidade = objetivo

3. Escolha palavras simples: o uso de termos com-


plicados pode dificultar a compreensão do seu texto.
Isso não significa que seu texto deva ser superficial.
O rebuscamento linguístico não é sinônimo de co-
municação eficiente. Para adotar termos especifi-
camente técnicos ou acadêmicos, observe se este
uso cabe no contexto. Do contrário, simplifique –
menos pode ser mais.

É importante que conheçamos outro mecanismo


importante para a elaboração e compreensão de
textos: a coerência. Você já deve ter presenciado seu
professor do ensino fundamental ou médio dizendo:
Falta coerência! Vamos relembrar?

37
COERÊNCIA
Quando um texto não faz sentido para nós, costuma-
mos dizer que ele é incoerente. Isso acontece porque
a coerência faz com que um texto tenha sentido para
quem o recebe.

Se a coesão ocorre no nível microtextual da articula-


ção de elementos gramaticais, a coerência se mani-
festa de maneira mais global, no nível macrotextual,
da relação lógica entre as ideias de um texto.

Fique atento
A coerência não se relaciona apenas com o que
está dentro do texto, mas também com o que é
externo a ele. Ela está ligada aos interlocutores
e às condições em que a situação comunicativa
acontece, ou seja, ao contexto.

Observe a tirinha:

Figura 7: https://tirasarmandinho.tumblr.com. Acesso em: 9


dez. 2018.

38
Você notou alguma incoerência? As palavras podem
ter diferentes significados para as pessoas, principal-
mente para as crianças que, em fase de aprendizado,
compreendem os significados de modo bastante
literal (ao pé da letra). É o que acontece na tirinha de
Armandinho: a expressão “educação vem de casa”
é popularmente usada em seu sentido figurado, ou
seja, que a educação também se constrói no am-
biente familiar. Como o garoto relacionou “casa”
a um objeto da realidade, para ele, quem mora em
apartamento deve enfrentar sérios problemas com
a Educação.

Para que um texto seja coerente, existem fatores


que devem ser levados em conta. Koch e Travaglia
(2010) apontam os conhecimentos necessários para
a construção da coerência textual, dos quais desta-
camos alguns:

• Linguístico: conhecer as palavras e a estrutura


sintática empregadas num texto;
• De mundo: conhecimento que adquirimos durante
a vida, com as experiências que vivenciamos;
• Compartilhado: para que um texto seja compreen-
dido, os interlocutores precisam ter algum conheci-
mento em comum. Quanto maior for este percentual,
menor a necessidade de esclarecimentos;
• Inferências: são os acréscimos de informações
que o receptor faz no texto. De acordo com o co-
nhecimento que adquiriu das experiências de vida, o
receptor deduz elementos que não estão explícitos

39
no texto, isto é, preenche suas lacunas textuais. É o
mesmo que “ler nas entrelinhas”.
• Fatores de contextualização: elementos que dão
pistas sobre uma determinada situação comuni-
cativa. O nome do autor, a data, o local de publica-
ção, uma assinatura, um carimbo ou qualquer outro
elemento gráfico ajudam a identificar o contexto
de produção da mensagem. Expressões como “era
uma vez”, “há muito tempo” também facilitam a in-
terpretação do texto.
• Situacionalidade: a situação em que um texto cir-
cula interfere em seu sentido. Em outras palavras, a
relação entre um texto e seu contexto de produção é
chamada de situacionalidade. Se alguém lhe disser
que a bola acertou onde a coruja dorme, quer dizer
que alguém chutou a bola no ângulo entre a trave
e o travessão do gol, sem chance de defesa para o
goleiro. Perceba que o sentido desta expressão está
diretamente ligado ao contexto do futebol. Sem esta
relação, a expressão seria incoerente.

Observe os exemplos a seguir e tente identificar a


incoerência existente:

1. “Anote aí: banana, maçã, morango, uva. Acho


que já temos tudo para o churrasco!”

Como assim? Nosso conhecimento de mundo nos


permite supor que, com esses ingredientes, seria
feita uma bela salada de frutas, mas um churrasco?

40
2. Quando os convidar para o jantar, não se es-
queça de que eles são vegetarianos. Nosso último
jantar foi um fiasco!

O que será que aconteceu? A frase não deixa claro,


mas, em princípio, os convidados não apreciam um
cardápio carnívoro. Além disso, parece que, no jantar
anterior, um dos anfitriões serviu carne e acabou
cometendo um deslize. Para chegar a essas conclu-
sões, precisamos fazer inferências, ou seja, deduzir
fatos que não aparecem no texto. Só assim é possível
entender completamente o seu sentido.

Figura 8: https://catracalivre.com.br/entretenimento/as-31-noticias-
-mais-engracadas-e-confusas-do-jornalismo-brasileiro/ Acesso 9
dez. 2018.

Bom, se não for um ataque de zumbis, diríamos que a


frase em destaque não faz sentido. Embora a tecno-

41
logia tenha avançado bastante, ainda não é possível
encontrar mortos andando por aí.

Depois de tudo o que aprendemos sobre a importân-


cia da coerência na produção textual, como fazer para
que nossos textos sejam claros e tenham sentido?

Dicas para produzir textos mais coerentes:

Desenhe seu texto antes de produzi-lo. Isso mes-


mo! – antes de começar a escrever, faça um mapa
mental onde possa identificar o que você pretende
falar no texto, qual o seu público-alvo e o objetivo
da sua história.

Podcast 3

Organize suas ideias. Para que um texto tenha coe-


rência, ele precisa ter começo, meio e fim. Você pode
pensar na ideia geral do texto e, depois, ir definindo
melhor a cada parágrafo.

Não caia em contradição. Para construir um texto


coerente, você precisa mostrar que suas ideias se
complementam. Quando isso não acontece, temos
uma incoerência. É como afirmar a importância da
igualdade entre homens e mulheres no mercado de
trabalho, mas defender o pagamento desigual de
salário entre eles.

Tenha empatia. Se coloque no lugar de quem vai


receber seu texto e se pergunte: estas informações
estão suficientemente claras? Tudo o que precisarei

42
deduzir faz parte das minhas experiências de vida?
Existem pistas necessárias que me permitem chegar
até a conclusão esperada?

Releia seu texto e/ou peça para outra pessoa ler.


Quando escrevemos um texto, podemos ter algumas
dificuldades iniciais para organizar nossas ideias. A
releitura nos permite substituir informações, acres-
centar novas ideias, excluir os excessos, dar mais
equilíbrio à produção textual. Aproveite o exercí-
cio para rever com atenção aspectos gramaticais,
ortográficos.

Lembre-se: antes de entregar seu texto a alguém,


verifique se tudo o que você pretendia dizer está nele!
Ao ter esses cuidados e criando o hábito de leitura
e escrita, seus textos ganharão um novo formato.

Saiba mais
Veja como fazer um mapa mental. Ele é impor-
tante e ajudará no planejamento que antecede a
escrita.

43
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os desafios de se utilizar a língua portuguesa de for-
ma assertiva perpassam os conhecimentos sobre a
própria língua como instrumento vivo, que se molda
no decorrer dos anos, na composição da sociedade,
que é construída no social.

Espera-se que ao conhecer as variações da língua


portuguesa, as noções de textos e seus espaços de
interação, os preconceitos são extintos, dando lugar a
espaços que permitem a construção de novas ideias,
ampliando repertórios éticos e estéticos.

44
Síntese

Regional
Social

Oral e Escrita
Variação Registro
Linguística

Discriminação pelo
modo de expressão

Diversidade
Preconceito
da Língua Linguístico

Definição
de texto
Noções Código verbal
Textuais e não-verbal

Elo entre
ideias
Elementos
coesivos
Uso de
coesão textual
Coesão

Articulação de
elementos
gramaticais

Coerência Conhecimentos
para construção
textual
Referências
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e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:
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segredos do texto. 7. ed. – São Paulo: Cortez, 2011.

KOCH, Ingedore. Grunfeld Villaça. O texto e a


construção dos sentidos. 10. ed. – São Paulo:
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escrever textos: gêneros e sequências textuais. São
Paulo: Atlas, 2017. [Minha Biblioteca]. Acesso em: 8
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