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1º SIMULADO ENEM DE LINGUAGENS

(COMPETÊNCIAS DE ÁREA 5, 6 E 8)

1º DIA
CADERNO
2020 1
AZUL

LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 4. O tempo disponível para estas provas é de uma hora
e quarenta e cinco minutos.
1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 40 questões
numeradas de 01 a 40. 5. Reserve os 30 minutos finais para marcar seu
2. Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações
a quantidade de questões e se essas questões assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não
estão na ordem mencionada na instrução anterior. serão considerados na avaliação.
Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito 6. Quando terminar as provas, acene para chamar o
ou apresente qualquer divergência, comunique ao aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES
aplicador da sala para que ele tome as providências e o CARTÃO-RESPOSTA.
cabíveis.
3. Para cada uma das questões objetivas, são 7. Você poderá deixar o local de prova somente após
apresentadas 5 opções. Apenas uma responde decorridas duas horas do início da aplicação e
corretamente à questão. poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao
deixar em definitivo a sala de prova nos 30 minutos
que antecedem o término das provas.
2020
Questão 01 Questão 02
EPÍGRAFE O PORTUGUÊS NÃO VEM DO LATIM
Sou bem-nascido. Menino, Nunca é demais lembrar que a questão dos nomes
Fui, como os demais, feliz. que se dá às línguas escapa da órbita dos especialistas
Depois, veio o mau destino (filólogos, gramáticos, linguistas) e se vincula muito mais
E fez de mim o que quis. a problemáticas de natureza política, cultural, econômica
e ideológica.
Quando o conde Afonso Henriques se tornou o pri-
Veio o mau gênio da vida,
meiro rei de Portugal (por volta dos meados do século
Rompeu em meu coração,
XII), a língua que se falava em seu Condado Portucalense
Levou tudo de vencida, com certeza não era diferente da que os habitantes da
Rugiu como um furacão, Galiza (hoje território espanhol) falavam. Essa certeza se
firma no fato do galego moderno (uma das línguas faladas
Turbou, partiu, abateu, hoje na Espanha) ainda ser muito semelhante ao portu-
Queimou sem razão nem dó - guês europeu e, mais ainda, ao português brasileiro, e ao
Ah, que dor! fato dos dialetos do norte de Portugal apresentarem mui-
tas semelhanças com os dialetos do sul da Galiza. Outra
                      Magoado e só,
comprovação é a documentação escrita que sobrevive
- Só! - meu coração ardeu:
desde aquelas épocas remotas: produzidos na Galiza ou
no território que viria a ser Portugal, esses textos são re-
Ardeu em gritos dementes gistrados numa língua que podemos dizer que é uma só.
Na sua paixão sombria...
Bagno, M. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro.
E dessas horas ardentes São Paulo: Parábola Editorial, 2012 (adaptado).
Ficou esta cinza fria.
Em relação à formação da língua portuguesa e espe-
- Esta pouca cinza fria. cialmente à sua nomeação, constata-se que
Bandeira, M. Cinza das horas, 1917 A as razões pelas quais se nomeia um idioma são exter-
A poesia de Manuel Bandeira explora, muitas vezes, nas à língua.
a subjetividade como um recurso estético. Levando essa B a identidade de um povo está acima do nome de uma
característica em conta e observando especialmente as língua.
duas primeiras estrofes, percebe-se a predominância da C o galego é um idioma mais complexo e por isso é a
função da linguagem que origem do português.
A põe em evidência a forma da mensagem, com desta- D o contato entre os diferentes povos enriquece a no-
que principal à rima. menclatura linguística.
B reflete sobre o código linguístico, com foco nos deslo- E as razões ideológicas não estão vinculadas à nomea-
camentos vocabulares. ção de um idioma.
C vale-se do sentimento do emissor, abordando as sen-
sações do eu-lírico. Questão 03
D provoca a reação do receptor, exigindo uma postura
Finalmente, uma vez que o livro (que é de semiótica
ativa do leitor.
e não de linguística) aborda vários casos de significantes
E expressa informações de forma referencial, destacan- não verbais, mas se vê forçado a dominá-los verbalmen-
do a clareza da descrição. te, sempre que um objeto não linguístico for nomeado
como objeto (e não como palavra que nomeie aquele ob-
jeto), ele aparecerá entre barras duplas em itálico (||xxx||).
Dessa forma, |automóvel| está para a palavra que nomeia
o objeto correspondente, assim como ||automóvel|| indica
que se está falando do objeto-automóvel enquanto porta-
dor de significado.
ECO, U. Tratado Geral de Semiótica. Perspectiva, São Paulo: 2002.
Textos científicos precisam de muita clareza na sua
composição. Sobre os elementos coesivos em destaque
no trecho, pode-se afirmar que:
A o pronome “que” faz referência a “semiótica” e
“linguística”.
B o pronome “se” faz referência a “livro”.
C “-los” em “dominá-los” faz referência a “livro”
D “ele” faz referência a “livro”.
E “Dessa forma” relaciona-se apenas a ideias anteriores.

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2020
Questão 04 Questão 06
As 40 maiores curiosidades do mundo que pouca você me diz para ficar quieta porque
gente conhece minhas opiniões me deixam menos bonita
Fizemos uma lista com 40 fatos curiosos que qua- mas não fui feita com um incêndio na barriga
se ninguém sabe: há curiosidades sobre ciência, história, para que pudessem me apagar
animais e até sobre o Brasil. Basta examinar com atenção não fui feita com leveza na língua
a realidade à nossa volta para identificarmos inúmeros
para que fosse fácil de engolir
eventos interessantes. Ora, o mundo é curioso, e adora-
fui feita pesada
mos conhecê-lo cada vez mais! Bora lá?
metade lâmina metade seda
Disponível em https://www.hipercultura.com/maiores-curiosidades-do-mundo/. Aces-
difícil de esquecer e não tão fácil
so em 20/05/2020
de entender
Como estratégia de progressão textual, o autor cons-
trói um encadeamento que kaur, r. outros jeitos de usar a boca. Tradução: Ana Guadalupe São Paulo: Planeta
2017.
A enumera muitas informações relevantes para o
público. Um procedimento estético bastante comum na poe-
B apresenta poucas conjunções entre as frases e dá ca- sia é a construção de um suposto interlocutor. Por meio
dência ao texto. dessa estratégia, a autora
C descreve uma série de suposições que culminam em A inventa uma figura masculina completamente
uma pergunta retórica. inverossímil.
D utiliza múltiplos tempos verbais e enumera os fatos B apresenta um discurso masculino não tradicional.
narrados. C adota um discurso abusivo e pejorativo.
E emprega em ambiente virtual gírias típicas da D compõe uma alegoria a partir de partes do corpo
oralidade. humano.
E constrói uma voz masculina cerceadora
Questão 05
Meu trabalho de conclusão de curso da faculdade Questão 07
tratou das representações da violência nas páginas po- Entre os séculos XV e XVI, Portugal ocupa lugar de
liciais dos jornais. No mestrado, trabalhei com narrativas relevo no ciclo das grandes navegações, e a língua, “com-
dos presidiários da Cada de Detenção de São Paulo, o panheira do império”, se espraia pelas regiões incógnitas,
Carandiru. Pesquisei toda a produção dos presidiários indo até o fim do mundo, e, na voz do Poeta, “se mais
posterior ao massacre, para comprar o discurso dos pre- mundo houvera lá chegara” (Os Lusíadas, VII, 14).
sos, o discurso dos autos do processo e o discurso dos Depois da expansão interna que, literária e cultural-
jornais. Queria reconhecer qual era o “jogo da verdade” mente, exerce ação unificadora na diversidade dos falares
estabelecido entre os três discursos, a fim de entender regionais, mas que não elimina de todo essas diferenças
que “verdade” se impunha em relação ao massacre do refletidas nos dialetos, o português se arroja, na palavra
Carandiru. A ideia era continuar estudando o tema no de indômitos marinheiros, pelos mares nunca d´antes na-
doutorado, mas o Big Brother Brasil começou a fazer um vegados, a fim de ser o porta-voz da fé e do império.
enorme sucesso e chamou a minha atenção.
Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa
Wyllys, J. Tempo Bom, Tempo Ruim. São Paulo: Paralela, 2014. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006
Para organizar a sequência narrativa do texto, o autor Ao longo da história dos estudos linguísticos, o fato
A se vale de adjuntos marcados pelas palavras “faculda- de a língua variar foi percebido de diferentes formas. A
de”, “mestrado” e “doutorado” partir do trecho “... ação unificadora na diversidade dos
B lança mão de diferentes tempos e modos verbais. falares regionais, mas que não elimina de todo essas di-
C estrutura suas frases com sinais de pontuação de for- ferenças refletidas nos dialetos”, percebe-se uma concep-
ma inovadora. ção que
D constrói frases com orações subordinadas deslocadas. A observa as “diferenças refletidas” como objeto de
estudo.
E utiliza diferentes conjunções adversativas.
B associa os “falares regionais” à expressão cultural de
cada povo.
C deixa subentendida uma ideia negativa em relação à
“ação unificadora”
D categoriza as variedades linguísticas como “dialetos”.
E entende a riqueza da língua portuguesa a partir das
suas variedades.

Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 3


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Questão 08 Questão 10
O COOPER DE CIDA Ai se sesse...
O sol vinha nascendo minguado na praia de Copa-
cabana. A indecisão do tempo, a manhã vagabunda nos Se um dia nois se gostasse
olhos sonolentos dos moradores de rua, o trabalho incon- Se um dia nois se queresse
sequente das ondas em seu fazer e desfazer, tudo isto Se nois dois se empareasse
comprometia o cooper de Cida. A moça foi diminuindo o
passo. Ela era uma desportista natural. Corria o tempo Se juntim nois dois vivesse
todo querendo talvez vazar o minguado tempo do viver. Se juntim nois dois morasse
Era preciso buscar sempre. O que tinha ficado para trás, Se juntim nois dois drumisse
o agora e o que estava para vir. Se juntim nois dois morresse
Evaristo. C. Olhos d´água Se pro céu nois assubisse
Rio de Janeiro: Pallas, Biblioteca Nacional, 2016.
O foco narrativo na corrida da personagem dá ao tre- Mas porém se acontecesse de São Pedro não abrisse a
cho uma expressividade condensada na porta do céu e fosse te dizer quarqué tolice
A calmaria do dia a dia. E se eu me arriminasse
B angústia contemporânea. E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
C sensação crônica de falta
E o bucho do céu furasse
D raiva de sua vida presente.
E tristeza de um trauma.
Tarvéis que nois dois ficasse
Tarvéis que nois dois caisse
Questão 09 E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe ex- LUZ, Zé. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/.
ponho e realço a minha mediocridade; advirta que a fran- A variação linguística é um processo natural, contí-
queza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar nuo e passível de descrição. Isto é, há padrões a partir
da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças dos quais as palavras varia. Marque a alternativa que ex-
obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os plica corretamente o processo de variação pelo qual as
rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as re- expressões passaram:
velações que faz à consciência; e o melhor da obrigação A “drumisse” é resultado da supressão de um som
é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um consonantal.
homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexa- B “assubisse” e “arresolvesse” são verbos que recebem
me, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um uma nova vogal.
vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desaba- C “quarqué” é resultado da supressão de som consonan-
fo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, tal em fim de palavra.
deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, D “tarvéis” é uma palavra que passa somente pelo pro-
desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou cesso de ditongação.
de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem ami- E “pro” é uma única palavra que perdeu sua sílaba em /a/.
gos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não
há plateia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, Questão 11
perde a virtude, logo que pisamos o território da morte.
Nos anos 70, o Papa Francisco (então cardeal argen-
Assis, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Globo, 2008. tino Jorge Mario Bergoglio) foi acusado por grupos de direi-
Brás Cubas, o “defunto autor”, compara a experiên- tos humanos de ter colaborado com militares durante a di-
cia de estar vivo e a de estar morto. A partir disso, constrói tadura da Argentina (1976-1983). As alegações se referem
uma visão pessimista de sociedade, pois: especialmente ao caso de dois padres jesuítas que foram
capturados sob suspeita de colaborar com dissidentes; o
A percebe a busca por bens materiais como a principal
gabinete do cardeal sempre negou as acusações, e Bergo-
preocupação das pessoas. glio disse ter ajudado pessoas a escapar do país na época.
B evidencia a necessidade da omissão para a convivên- Disponível em: https://ultimosegundo.ig.com.br/papa-francisco. Acesso em 8/10/2019
cia entre as pessoas.
Os textos se valem de diferentes elementos coesivos
C defende a importância da sinceridade para a prosperi- para se estruturar e estabelecer, entre as frases, as rela-
dade das pessoas. ções desejadas, dando à textualidade uma qualificada pro-
D postula a falsidade como a causa de todos os proble- gressão. Nesse trecho de biografia, o uso do ponto e vírgula
mas das pessoas. A é uma opção estética e poderia ser trocado por qual-
E considera a mediocridade como a maior virtude das quer outro sinal.
pessoas. B introduz um trecho explicativo que justifica a frase
anterior.
C apresenta uma conclusão a partir de uma premissa.
D enumera ideias de sentido aditivo.
E está entre duas orações de relação adversativa.

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2020
Questão 12 Questão 14
De um modo geral, nas sociedades desenvolvidas, o PAPOS
estabelecimento e a difusão da norma linguística podem - Me disseram...
ser levados a cabo de duas formas: explicitamente, por - Disseram-me
imposição do Estado, que, por meio de cânones, gramá- - Hein?
ticas, dicionários e outros instrumentos, determina, com - O correto é ‘disseram-me’. Não ‘me disseram’.
força de lei, a norma e, neste caso, falaremos em norma- - Eu falo como quero. E te digo mais... Ou ‘digo-te’?
tivização; ou tacitamente, através do uso (oral), e, neste - O quê?
caso, falaremos, no contexto português, em normaliza- - Digo-te que você...
ção. Seja de que modo for, o estabelecimento e a difusão - O ‘te’ e o ‘você’ não combinam.
da norma faz-se através de instrumentos, de diferentes
- Lhe digo?
naturezas.
- Também não. O que você ia me dizer?
Correia, M. e Ferreira J. P. Dicionários e vocabulários ortográficos na construção da - Que você tá sendo grosseiro, pedante e chato. E
norma (adaptado). In: Moita Lopes, L. P. (org.), O Português no Século XXI. que vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua
cara. Como é que se diz? Aaahh!
São Paulo: Parábola Editoral: 2013.
- Partir-te a cara.
Os autores diferenciam a “normativização” e a “nor-
- Pois é. Partir-la-ei se você não parar de me corrigir.
malização” como distintas formas de estabelecer uma Ou corrigir-me.
norma na língua portuguesa. A partir disso, constata-se
- É para o seu bem.
que
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me.
A a normalização corresponde à norma culta, difundida Falo como bem entender. Mais uma correção e eu...
no cotidiano em determinados ambientes sociais. - O quê?
B a normalização representa as regras gramaticais, es- - O mato.
tritamente respeitadas a cada ato de fala. - Que mato?
C a normativização se refere à norma padrão, próxima - Mato-o. Mato-lhe. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem?
às regras da gramática tradicional. - Eu só estava querendo...
D a normativização simboliza o português arcaico, ex- - Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo
pressão mais autêntica do idioma nacional. é elitismo.
E a normativização torna autênticas as manifestações - Se você prefere falar errado...
literárias, representativas da cultura nacional. - Falo como todo mundo fala. O importante é me en-
tenderem. Ou entenderem-me?
Questão 13 - No caso... Não sei.
DIÁRIO DE UM DETENTO - Ah, não sabes? Não o sabes? Sabes-lo não?
São Paulo, dia 1º de Outubro de 1992, oito horas da - Esquece.
manhã - Não. Como ‘esquece’ ou ‘esqueça’? Ilumine- me.
Me diga. Ensines-lo-me. Vamos!
Aqui estou, mais um dia
- Depende.
Sob o olhar sanguinário do vigia
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias
Você não sabe como é caminhar com a cabeça na se o soubesse, mas não sabes-o.
mira de uma HK - Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
Metralhadora alemã ou de Israel - Agradeço-lhe a permissão para falar errado que me
Estraçalha ladrão que nem papel dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
Brown, M. e Prado, J. Sobrevivendo no Inferno, 1997 (fragmento). - Por quê?
- Porque, como todo esse papo, esqueci-lo.
Ao observamos a estrutura frasal do verso “Você não
sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK”, Veríssimo, L. F. Novas comédias da vida pública – a versão dos afoga-
dos. Porto Alegre: L&PM, 1997.
percebe-se a predominância da função da linguagem
Na crônica, há uma referência ao uso dos pronomes
A poética, demonstrando foco exclusivo na combinação
oblíquos. A partir das formas linguísticas empregadas no
sonora. diálogo,
B metalinguística, trazendo à tona uma forte reflexão A nota-se a relevância do conhecimento gramatical na
linguística. oralidade cotidiana.
C apelativa, convidando o leitor a se colocar no lugar do B depreende-se a intenção de clareza e objetividade dos
eu-lírico. interlocutores.
D emotiva, revelando as memórias do autor. C destaca-se a irritação de um dos interlocutores por con-
E referencial, descrevendo fatos de forma objetiva. ta do excesso de informações ao longo do diálogo.
D evidencia-se a intenção estética de formar frases
perfeitas.
E percebe-se a inadequação entre a pretensa formalida-
de linguística e a situação comunicativa.

Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 5


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Questão 15 Questão 17
Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de As escolhas enunciadas desde o princípio do livro
homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quin- distanciam-no da pretensa neutralidade acadêmica nas
tal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso determinações que engendram e alimentam as relações
faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram de poder. Suas coordenadoras e colaboradores(as) dia-
me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, er- logam a todo instante com tradições ancestrais e com
roso, os olhos de nem ser se viu; e com máscara de ca- meios de expressão sociocultural de diversa procedên-
chorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por cia, em alguns casos anteriores à própria existência da
defeito como nasceu, arrebitado de beiços, essa figurava tradição acadêmica. Por “tradições” não estão implicados
rindo feito pessoa. Cara de gente, carão de cão: determi- fenômenos petrificados do passado, mas forças vivas do-
naram era o demo. Povo prascóvio. Mataram. tadas de grande capacidade de ressemantização, sem
Rosa, G. Grande Sertão Veredas. 1956
perder o vínculo com as identidades ancestrais. Variadas
em suas formas de expressão no continente africano e na
O projeto literário de Guimarães Rosa passa por re-
américa, as tradições negras (africanas, afro-brasileiras)
presentar, em suas obras, os brasileiros do interior. Nesse
e indígenas são reconfiguradas, transformando-se em
trecho, o uso da variedade regional da língua portuguesa
modos potentes de ser e de interagir com o mundo, ali-
A enfraquece a verossimilhança da cena. mentando cosmovisões plurais que, pelo simples fato de
B atribui à personagem traços pejorativos. continuarem a existir, mostram-se resistentes.
C representa a identidade nacional.
Macedo, J. R. Lugares de Fala, Lugares de escuta: nas literaturas africanas, ame-
D está a serviço da autenticidade da personagem. ríndias e brasileira. Porto Alegre, ZOUK: 2018. Org: Ana Lúcia Tettamanzy e Cristina
E busca a descrição dos fatos de forma objetiva. dos Santos
Ao se distanciar “da pretensa neutralidade acadêmi-
Questão 16 ca”, o texto propõe uma concepção de identidade nacio-
Os anos são danados, parecem também guiados por nal pautada no pressuposto de que:
diabinhos. Enquanto o jovem Joaquim Maria Machado de A a neutralidade acadêmica é fundamental para o patri-
Assis brincava e crescia, passavam correndo. E até pare- mônio linguístico brasileiro.
cia que vinham uns grandes diabos com eles. Não falo de B a diversidade de discursos constitui o patrimônio cul-
1841, que lhe trouxe uma irmãzinha – que, com certeza, tural brasileiro.
não era um diabo. C a literatura africana faz parte do patrimônio literário
Já 1845 trouxe-lhe um diabo enorme. Tão enorme brasileiro.
que levou de volta sua irmã. Maria foi levada pelo saram- D as tradições precisam ser preservadas pelo patrimônio
po, e ninguém dirá que um sarampo que come crianci- cultural brasileiro.
nhas não é um diabo. E as relações de poder não se revelam no patrimônio
Vieram outros diabos, de 1851 e 1853, o diabo febre cultural brasileiro.
amarela, a cólera... Joaquim Maria, franzino, frágil, resis-
tia a todos os diabos grandes.
Questão 18
Franco, A. e Lacombe, A. A vida dos grandes brasileiros: Machado de Assis. São
O signo linguístico une não uma coisa e uma pala-
Paulo: Grupo de Comunicação Três.
vra, mas um conceito e uma imagem acústica. Esta não
A função emotiva da linguagem, que revela a opinião é o som material, mas a impressão psíquica desse som,
autor de um texto, pode manifestar-se de diversas formas. a representação que dele nos dá o testemunho de nos-
No trecho de biografia, a função emotiva se expressa por sos sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a
meio de: chamá-la de “material”, é somente nesse sentido, e por
A frases longas, que buscam construir uma descrição oposição ao outro termo da associação, o conceito, ge-
detalhada. ralmente mais abstrato.
B uso da primeira pessoa, que deixa claras as crenças Saussure, F. Curso de Linguística Geral, São Paulo, Cultrix: 2006.
do autor.
Textos técnicos necessitam de recursos coesivos
C seleção de um autor de referência, que evidencia a
que organizem as referências textuais. A cerca desse as-
literatura canônica.
pecto, é correto afirmar que
D construções imprecisas, que dificultam a clareza da
A “Esta” anuncia um significado ainda não presente no
narrativa.
texto.
E escolha lexical, que permite identificar a subjetividade
B “desse som” retoma “impressão psíquica”.
do autor.
C “dele” faz referência a “desse som”.
D “nesse sentido” refere-se ao sentido da audição.
E “ao outro” traz ao texto um significado até então
ausente.

Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 6


2020
Questão 19 Questão 21
A Minha Dor Carta Capital: Em maio, a mídia condenou o livro Por
Uma Vida Melhor, seus autores e o próprio ministério por
A minha Dor é um convento ideal admitirem o “português errado”, sob o pretexto de alertar
Cheio de claustros, sombras, arcarias, para o “preconceito linguístico”. No seu entendimento, tal
conclusão é correta?
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Sírio Possenti: O preconceito linguístico consisti-
Tem linhas dum requinte escultural.
ria em discriminar alguém pelo fato de falar de maneira
diferente. Pode acontecer em situações diversas. Por
Os sinos têm dobres de agonias exemplo, não contratar um trabalhador pelo fato de ele
Ao gemer, comovidos, o seu mal ... ter um sotaque marcado – do interior paulista ou baiano,
E todos têm sons de funeral por exemplo – ou porque não usa variantes sintáticas cul-
Ao bater horas, no correr dos dias ... tas, mas apenas as populares (empregar concordâncias
verbais ou nominais como “eles foi” ou “10 real”). Sendo
A minha Dor é um convento. Há lírios bem conservador, diria que, em certos casos, uma de-
cisão como essa seria mais compreensível do que em
Dum roxo macerado de martírios,
outros. Acho o fim do mundo que um contador ou um
Tão belos como nunca os viu alguém!
trabalhador braçal seja dispensado por tais critérios, mas
compreenderia que uma empresa regional preferisse “re-
Nesse triste convento aonde eu moro, lações-públicas” que se caracterizassem como “do lugar”.
Noites e dias rezo e grito e choro, A questão pode ser diferente também na escola. Não se
E ninguém ouve ... ninguém vê ... ninguém ... pode exigir nos primeiros anos de falantes oriundos de
Espanca, F. Livro de Mágoas. Globus, São Paulo: 2016.
grupos populares que dominem formas de falar com as
quais têm pouquíssimo contato e, principalmente, que do-
Publicado em 1919, a obra “Livro de Mágoas”, de minem a escrita-padrão. Mas, se a escola for competen-
Florbela Espanca, revela tendências estéticas presentes te, deve-se exigir progressivamente o domínio do padrão.
no Parnasianismo e no Simbolismo, sem poder ser redu- Uma pessoa pode ser vítima de preconceito também por
zida a uma dessas duas escolas literárias. Com relação à razões “teóricas”. Por exemplo, ser considerada incapaz
estruturação e a abordagem temática, presentes no poe- de pensar “direito” pelo fato de seguir outra gramática. Se
ma, percebem-se marcas dessa diversidade estética em isso fosse verdade, as pessoas só poderiam pensar em
elementos como: uma língua... Em resumo, o preconceito pode, sim, vitimar
A a constatação da solidão, que se constrói a partir de falantes “diferentes”. E os vitima todos os dias...
comparações e afirmações.
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/. Acesso em 20/05/2020 (adaptado)
B o medo da solidão, expresso por meio de metáforas de
significação imprecisa. Sírio Possenti, importante linguista brasileiro e pro-
C a esperança da felicidade, que se revela na imagem fessor da Unicamp, se posiciona em relação a um livro
de um convento. didático proposto pelo MEC que levaria em conta expres-
sões linguísticas como “os livro”. Esse livro foi criticado
D a consciência da dor, que é gerada pelo sofrimento de
pela mídia por “ensinar o português errado”. Para o autor,
estar sozinha.
o ensino de gramática normativa na escola:
E a fé religiosa, que se mostra na imagem dos sinos de
A é absolutamente desnecessário, tanto para a vida pes-
um convento.
soal quanto para a vida profissional.
B deve ser incentivado, em detrimento do estudo das va-
Questão 20 riações linguísticas, principalmente as regionais.
Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. C é importante, desde que seja feito gradualmente, sem
Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o ou- que as variantes linguísticas sejam desprestigiadas.
tro… Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três D é completamente necessário, sendo um fator decisivo
páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não fala- no sucesso profissional de todos os estudantes.
mos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as
E deve ser respeitado, a partir do momento em que o
mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro,
aluno demonstrar interesse pela norma padrão.
pegando-se, apertando-se, fundindo-se.
Assis, M. Dom Casmurro. Globo, Rio de Janeiro: 2008
O trecho em que o narrador refere-se a um suposto
interlocutor, fazendo uso da função conativa (ou apelati-
va) da linguagem, é:
A “Voltei-me para ela”
B “Confissão de crianças”.
C “não falamos nada”
D “o muro falou por nós”.
E “Não nos movemos”.

Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 7


2020
Questão 22 Questão 24
Recapitulemos os caracteres da língua: - Deus fez os pretos porque tinha de os haver. Ti-
Ela é um objeto bem definido no conjunto heteróclito nha de os haver, meu filho, Ele pensou que realmente
dos fatos da linguagem. Pode-se localizá-la na porção tinha de os haver…. Depois arrependeu-se de os ter feito
determinada do circuito em que uma imagem auditiva porque os outros homens se riam deles e levavam-nos
para casa deles para os pôr a servir de escravos ou pouco
(significante) vem associar-se a um conceito (significa-
mais. Mas como Ele já não os pudesse fazer ficar todos
do). Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indi-
brancos, porque os que já se tinham habituados a vê-los
víduo, que, por si só, não pode nem criá-la, nem modifi- pretos reclamariam, fez com que as palmas das mãos de-
cá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de les ficassem exatamente como as palmas das mãos dos
contrato estabelecido entre os membros da comunidade. outros homens. E sabes porque é que foi? Claro que não
Por outro lado, o indivíduo tem necessidade de uma sabes e não admira porque muitos e muitos não sabem.
aprendizagem para conhecer-lhe o funcionamento; so- Pois olha: foi para mostrar que o que os homens fazem é
mente pouco a pouco a criança assimila. A língua é uma apenas obra dos homens… que o que os homens fazem é
coisa de tal modo distinta que um homem, mesmo privado efeito por mãos iguais, mãos de pessoas que se tivessem
do uso da fala, conserva a língua. juízo saberiam que antes de serem qualquer outra coisa
são homens. Deve ter sido a pensar assim que Ele fez
Saussure, F. Curso de Linguística Geral. Cultrix, São Paulo: 2006 (adaptado)
com que as mãos dos pretos fossem iguais às mãos dos
Na composição de textos técnicos, é muito impor- homens que dão graças a Deus por não serem pretos.
tante o uso de elementos coesivos que retomem e que Depois de dizer isso tudo, a minha mãe beijou-me
anunciem estruturas frasais. Dos termos abaixo, aquele as mãos.
que anuncia uma informação é: Honwana, L. B. Nós Matamos o Cão Tinhoso. Kapulana, São Paulo: 2015
A “localizá-la” Luis Bernardo Honwana, autor moçambicano, produ-
B “em que” ziu muitos contos que abordam a temática do racismo.
C “associar-se” Sob essa perspectiva, percebe-se, na fala de uma mãe a
D “Por outro lado” seu filho, uma visão:
E “conhecer-lhe” A metafórica, que descreve o racismo de forma indireta.
B realista, que critica o racismo de forma argumentativa.
C idealista, que considera o racismo um aspecto social
Questão 23 positivo.
Muitas vezes, as críticas ao internetês são apressa- D pessimista, que percebe o racismo como um problema
das e não têm embasamento científico algum, visto que sem solução.
são operadas mais pelo estranhamento das formas do E poética, que entende o racismo apenas como objeto
que pela tentativa de depreender sua “lógica” ou funcio- literário.
nalidade. Como pode alguém falar de um novo uso (que
choca/causa estranhamento) da língua sem levar em Questão 25
conta o que seja língua, palavra, léxico, norma, variante,
Infelizmente, existe uma tendência (mais um precon-
dialeto ou escrita? Equacionar essas noções, tão básicas,
ceito!) muito forte no ensino da língua de querer obrigar
é essencial para entender estrutura do funcionamento do o aluno a pronunciar “do jeito que se escreve”, como se
uso da língua na Internet, uma faceta da língua adaptada essa fosse a única maneira “certa” de falar português.
às circunstâncias exigidas para a comunicação utilizando (Imagine se alguém fosse falar inglês ou francês do jei-
o computador. to que se escreve!) Muitas gramáticas e livros didáticos
Bisognin, T. Reflexões Linguísticas e Redação no Vestibular. (org. Sabrina de Abreu) chegam ao cúmulo de aconselhar o professor a “corrigir”
UFRGS, Porto Alegre: 2010 quem fala muleque, bêju, minino, bisoro, como se isso
pudesse anular o fenômeno da variação, tão natural e tão
O uso da novas tecnologias da comunicação deu ori- antigo na história das línguas.
gem à variante linguística chamada “internetês”. Para o
autor, essa variedade: Bagno, M. Preconceito Linguístico, o que é e como se faz. Loyola, São Paulo: 2006

A é informal e inadequada em qualquer situação Ao abordar a prática de “corrigir” o uso de certas


comunicativa. variedades linguísticas, o autor Marcos Bagno emprega,
majoritariamente, em seu texto:
B expressa falta de interesse em aprender a
A a norma padrão, característica de textos
norma-padrão.
técnico-científicos.
C deve tornar-se a variedade a ser seguida como padrão.
B a variedade oral, muito usada em diálogos informais.
D corresponde às necessidades comunicativas na C linguagem literária, utilizada com finalidade estética.
Internet.
D estruturas comparativas, com o intuito de relacionar o
E representa a dificuldade de comunicação dos jovens. português a outros idiomas.
E linguagem acadêmica, com o objetivo de atingir públi-
co especializado.

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Questão 26 Questão 28
Dicionário (subst. masc) 1 – compilação completa ou Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro em-
parcial das unidades léxicas de uma língua (palavras, lo- préstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto disse-
cuções, afixos, etc.) ou de certas categorias específicas ra-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o
suas, organizadas numa ordem convencionada, geral- empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou
mente alfabética. 2 – compilação de alguns dos vocábulos o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.
empregados por um indivíduo, um grupo de indivíduos, ou Andrade, O. Manifesto Antropofágico
usuários numa época, num movimento, etc. 3 – livro, ou
O Manifesto Antropofágico, publicado em 1928, é um
qualquer outro suporte de mensagem auditiva, visual etc.
texto muito significativo para o Modernismo brasileiro, es-
Houaiss, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Objetiva: 2009. pecialmente em sua primeira fase. Nesse trecho, ao se
No trecho de um dicionário, percebe-se a significa- referir à literatura colonial, o
ção atribuída ao verbete “dicionário”. Por meio desse mo- A defende uma concepção estética inovadora, composta
vimento metalinguístico, é elaborada uma definição: por uma sequência de imagens dispersas.
A que leva em conta a diversas variedades linguísticas B faz uma comparação histórica detalhada, levando em
para a construção dos possíveis sentidos do vocábulo. conta os aspectos econômicos do Brasil Colônia.
B que busca delimitar um campo semântico sem deixar C constrói uma visão crítica, apresentando novas possí-
de reconhecer a amplitude que extrapola a própria de- veis funções para os textos literários.
finição do vocábulo. D analisa o importante papel de Padre Antônio Vieira na
C que se utilizada da linguagem metafórica para ampliar economia durante todo o período colonial.
ao máximo o campo de significação do vocábulo. E critica a estética barroca, desqualificando os textos co-
D que tem como objetivo o registro etimológico da raiz loniais por conta de seu aspecto formal.
do vocábulo.
E que analisa apenas o aspecto formal do vocábulo. Questão 29
TEXTO I
Questão 27 Saudade
Trezentas Onças É uma palavra
- Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viaja- Saudade
va de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças Só existe na língua portuguesa
de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar
Saudade de Val vendendo pó na esquina
mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.
Saudade do que nunca vai voltar
Parece que foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha
Cazuza, Saudade
abombado da troteada.
- Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma re-
boleira de mato, que está nos vendo, na beira do passo, TEXTO II
desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lom- A língua portuguesa é a continuação ininterrupta, no
bilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada tempo e no espaço, do latim levado à Península Ibérica
morruda. pela expansão do império romano, no início do Séc. III
Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão a.C., particularmente no processo de romanização dos
limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas povos do oeste e noroeste (lusitanos e galaicos).
de me banhar; até para quebrar a lombeira… e fui-me à Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa Rio de Janeiro: Lucerna, 2006
água que nem capincho! Os dois textos, apesar de terem funções sociais di-
Lopes Neto, S. Contos Gauchescos. ferentes, apresentam a mesma função da linguagem, ca-
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20/05/2020 racterizada por
O uso de expressões como “guaiaca empanzinada” A convencer o receptor acerca dos argumentos
e “fui-me à água que nem capincho” são recursos linguís- apresentados
ticos que: B expressar o sentimento do autor em relação à língua.
A singularizam características de falantes de uma região. C construir uma pesquisa científica com foco no
B marcam aspectos de informalidade e coloquialidade. referente.
C universalizam a obra literária. D buscar a construção estética da mensagem.
D prejudicam a compreensão de qualquer leitor. E ter o próprio código da língua como temática.
E são específicos de determinadas classes sociais.

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Questão 30 Questão 32
Nota Preliminar “Perspectivismo” foi um rótulo que tomei empresta-
(...) do ao vocabulário filosófico moderno para qualificar um
O jagunço destemeroso, o tabaréu ingênuo e o caipi- aspecto muito característico de várias, senão todas, as
ra simplório serão em breve tipos relegados às tradições cosmologias ameríndias (dos índios da América). Trata-
evanescentes, ou extintas. se da noção de que, em primeiro lugar, o mundo é po-
(...) voado de muitas espécies de seres (além dos humanos
A civilização avançará nos sertões impelida por essa propriamente ditos) dotados de consciência e de cultura
implacável “força Motriz da História” que Gumplowicz, e, em segundo lugar, de que cada uma dessas espécies
maior do que Hobbes, lobrigou, num lance genial, no es- vê a si mesma e às demais espécies de modo bastante
magamento inevitável das raças fracas pelas raças fortes. singular: cada uma se vê como humana, vendo todas as
A campanha de Canudos tem por isto a significação demais como não-humanas, isto é, como espécies de ani-
inegável de um primeiro assalto, em luta talvez longa. mais ou de espíritos.
Nem enfraquece o asserto a termos realizado nós, filhos Assim, por exemplo, as onças se veem como gente,
do mesmo solo, porque, etnologicamente indefinidos, sem
vendo ainda vários elementos de seu universo como se
tradições nacionais uniformes, vivendo parasitariamente à
consistissem de objetos culturais: o sangue dos animais
beira do Atlântico, dos princípios civilizadores elaborados
na Europa, e armados pela indústria alemã — tivemos na que matam é visto pelas onças como cerveja de mandio-
ação um papel singular de mercenários inconscientes. ca etc. Em contrapartida, as onças não nos veem, a nós
(...) humanos (que naturalmente nos vemos como humanos),
Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. como humanos, mas sim como animais de presa: porcos
selvagens, por exemplo. É por isso que as onças nos
E foi, na significação integral da palavra, um crime.
atacam e devoram. Quanto aos porcos selvagens (isto é,
Denunciemo-lo.
aqueles seres que vemos como porcos selvagens), estes
DA CUNHA, E. Os Sertões, 1902
se também se veem como humanos, vendo, por exemplo,
O narrador elabora uma descrição dos povos que vi- as frutas silvestres que comem como se fossem plantas
vem no interior do Brasil, distantes da capital nacional (na cultivadas – mas veem a nós humanos como se fôssemos
época, o Rio de Janeiro). Nessa descrição, expressam-se espíritos canibais (pois os caçamos e comemos).
influências do Naturalismo, pois:
A há uma visão progressista, em “a força Motriz da CASTRO, Eduardo Viveiros de. O Perspectivismo Ameríndio.
História”. Disponível em: http://lucio-uberdan.blogspot.com.br/ Acesso em: 04/10/2016.
B é feita uma denúncia social, em “caipira simplório” O “perspectivismo ameríndio” é um estudo filosófico que
C o sentido se dá de forma intertextual, na referência a busca descrever “as cosmologias ameríndias”. A partir dessa
“Hobbes”. cosmovisão, expressa mais intensamente a partir do segun-
D a argumentação revela-se determinista, em “esmaga- do parágrafo, nós, seres humanos, somos vistos como:
mento inevitável”. A seres de grandes poderes, cujas potencialidades cau-
E o texto enaltece a batalha contra Canudos, em “Aque- sariam medo.
la campanha”. B seres vivos, cuja importância pode se resumir à ali-
mentação da onça.
Questão 31 C seres de luz, cuja relevância espiritual sobressai.
Como uma estância é lugar onde nada acontece, D seres de escuridão, dos quais é melhor manter
constituíra uma fábula a chegada do Maestro, com seu distância.
empoeirado baú de partituras, seu bandolim de fitas, o pe- E seres disformes, cujas particularidades seriam incom-
nico atado à mala e aquela pele escura, crivada de pontos preensíveis à onça.
malévolos. (...)
Não era do Rio Grande do Sul; em suas poucas pa-
lavras revelara-se aquele acento corrompido e cantante
dos baianos, essa gente sem eira nem beira que veio lutar
na Revolução, e cujos remanescentes ainda se embebe-
davam pelos bolichos”.
Assis Brasil, L. A. Concerto Campestre. L&PM, Porto Alegre: 1997.
Ao referir-se ao modo de falar da personagem, o
narrador o descreve como “corrompido e cantante”. Isso
constitui um/uma:
A conclusão, defendida com argumentos empíricos.
B juízo de valor, elaborado por uma visão mítica.
C avaliação crítica, construída a partir da análise
histórica.
D ponto de vista, estruturado a partir de experiências
individuais.
E Informação, formulada para explicar um fato.

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Questão 33 Questão 34
Quase todas as tradições e canções eram estrangei- “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
ras; o próprio “Tangolomango” o era também. Tornava-se, Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
portanto, preciso arranjar alguma cousa própria, original, Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
uma criação da nossa terra e dos nossos ares. E abro as janelas, pálido de espanto...
Essa ideia levou-o a estudar os costumes tupinam-
bás; e, como uma ideia traz outra, logo ampliou o seu E conversamos toda a noite, enquanto
propósito e eis a razão por que estava organizando um a Via-Láctea, como um pálio aberto,
código de relações, de cumprimentos, de cerimônias do- Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
mésticas e festas, calcado nos preceitos tupis. Inda as procuro pelo céu deserto.
Desde dez dias que se entregava a essa árdua tare-
fa, quando (era domingo) lhe bateram à porta, em meio de Direis agora: “Tresloucado amigo!
seu trabalho. Abriu, mas não apertou a mão. Desandou a Que conversas com elas? Que sentido
chorar, a berrar, a arrancar os cabelos, como se tivesse Tem o que dizem, quando estão contigo? “
perdido a mulher ou um filho. A irmã correu lá de dentro,
o Anastácio também, e o compadre e a filha, pois eram
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
eles, ficaram estupefatos no limiar da porta.
Pois só quem ama pode ter ouvido
– Mas que é isso, compadre?
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
– Que é isso, Policarpo?
Bilac, O. Poesias, 1888
– Mas, meu padrinho...
Os poetas parnasianos apresentam uma poética
Ele ainda chorou um pouco. Enxugou as lágrimas e, bastante característica. No poema de Olavo Bilac, perce-
depois, explicou com a maior naturalidade: be-se uma construção diferenciada pois:
– Eis aí! Vocês não têm a mínima noção das cousas A é composto na forma de um diálogo entre dois
da nossa terra. Queriam que eu apertasse a mão. Isto não interlocutores.
é nosso! Nosso cumprimento é chorar quando encontra- B utiliza palavras de significação imprecisa.
mos os amigos, era assim que faziam os tupinambás. C se remete à temática amorosa como elemento
BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma significativo.
O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de D apresenta o questionamento de um sujeito conversan-
do com si próprio.
Lima Barreto, discute, entre outros aspectos, o naciona-
E utiliza o soneto, forma utilizada apenas pelos
lismo brasileiro. Major Policarpo é um nacionalista ufanis-
parnasianos.
ta, que aprecia, exacerbadamente, diversos aspectos da
cultura brasileira. No trecho, Policarpo faz a recuperação
de costumes indígenas que: Questão 35
A não são aceitos pelos seus conhecidos devido ao pre- CAPÍTULO VIII
conceito contra indígenas. É TEMPO
B causam espanto por serem muito deslocados do con- Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro,
texto histórico em que se passa o romance. uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e
o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi
C afetam espiritualmente os companheiros de Policarpo,
o princípio da minha vida; tudo o que sucedera antes foi
que se emocionam.
como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar
D demonstram a imersão total de Policarpo na cultura em cena, o acender das luzes, o preparo das rabecas, a
indígena, única verdadeiramente brasileira. sinfonia... Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A
E são descontextualizados em uma realidade urbana e vida é uma ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que
burguesa. aqui viveu e morreu... E explicou-me um dia a definição,
em tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena
dá-la; é só um Capítulo.
Assis, M. Dom Casmurro.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf.
Acesso em 20/05/2020
Dom Casmurro é uma obra de memórias, na qual
Bentinho, personagem-narrador, vai nos relatando mo-
mentos marcantes de sua vida. Para expressar a impor-
tância da cena que será contada, ele se utiliza de um pro-
cedimento narrativo fundamentado no(a)
A analogia
B poeticidade
C imprecisão
D musicalidade
E lembrança

Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 11


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Questão 36 Questão 37
O Almocreve Introdução
Vai então, empacou o jumento em que eu vinha mon- A Língua Geral na Amazônia assumiu diferentes
tado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, papéis ao longo da história da ocupação da região (séc.
enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, e com tal de- XVII – XX). Vamos tratar aqui de três momentos históricos
sastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; tento em que a Língua Geral foi considerada sucessivamente
agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, como “língua de branco”, na Colônia; “língua brasileira”,
disparou pela estrada afora. Digo mal: tentou disparar, e no Império; e “língua de índio”, nas últimas décadas no
efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali Rio Negro.
estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, Barros, M. Borges, L. Meira, Márcio. A Língua Geral como Identidade construída.
não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desven- USP, 1995. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/111629/109666.
cilhei-me do estribo e pus-me de pé. Acesso em 20/05/2019
— Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.
Compreendendo a Língua Geral como parte do pa-
E era verdade; se o jumento corre por ali fora, con- trimônio linguístico nacional, a sua transição de “língua
tundia-me deveras, e não sei se a morte não estaria no de branco” no séc. XVII para “língua de índio” no séc. XX
fim do desastre; cabeça partida, uma congestão (...). representa:
O almocreve salvara-me talvez a vida; era positivo; A a expansão do domínio político indígena no território
eu sentia-o no sangue que me agitava o coração. Bom brasileiro.
almocreve! Enquanto eu tornava à consciência de mim
B um processo de transformação estrutural de um
mesmo, ele cuidava de consertar os arreios do jumento,
idioma.
com muito zelo e arte. Resolvi dar-lhe três moedas de
C uma mudança na forma como um povo percebe um
ouro das cinco que trazia comigo. (...)
idioma.
Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso
D a modernização política desenvolvida após a
trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo co-
Independência.
gitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam
duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma moeda era E o surgimento de novos idiomas ao longo do tempo.
bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-
lhe a roupa; era um pobre-diabo, que nunca jamais vira Questão 38
uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, via-a Em alemão antigo, Walachai significa ‘terra distante’.
reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha É também o nome de uma pequena comunidade de imi-
lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a gração alemã na serra gaúcha, onde nasceu a diretora
falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe con- Rejane Zilles, que volta à sua terra neste filme terno e, ao
selhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o “senhor doutor” mesmo tempo, informativo sobre uma das vertentes da
podia castigá-lo. formação cultural brasileira.
Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em pra- Walachai e outras pequenas comunidades serranas
ta, cavalguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco ficam a cerca de 100 quilômetros de Porto Alegre. Tão
vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da prati- próximas da metrópole, parecem, no entanto, saídas de
nha. Mas a algumas braças de distância, olhei para trás, outro tempo e de outro lugar. Essa atemporalidade é bem
o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes flagrada no documentário. Por exemplo, quando se nota
mostras de contentamento. Adverti que devia ser assim que os habitantes, embora muitos deles já nascidos no
mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. Brasil, falam com certa dificuldade o português. A língua é
*Almocreve: condutor de animais de carga o alemão. Ou um tipo particular de alemão. Uma espécie
Assis, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881. de dialeto, trazido de outras regiões e cozinhado aqui no
hemisfério sul.
Os romances das últimas décadas do séc. XIX po-
dem ser analisados como registros da dinâmica social Zanin, L. O Estado de São Paulo. Walachai, lá onde o tempo escorre como um rio
brasileira da época. Sob esse aspecto, o olhar do narra- lento. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br. Acesso em 8/10/2019
dor sobre o almocreve vai se modificando por conta de: O texto revela uma condição linguística em que pes-
A uma busca por respeito a todo indivíduo, independen- soas nascidas no Brasil não dominam a língua portugue-
temente da profissão que exerça. sa. Isso revela que, para a comunidade de Walachai, a
B um desprestígio a todo indivíduo que seja condutor de sua identidade linguística:
cargas. A transcende limites territoriais.
C um pré-julgamento, que avalia os indivíduos de forma B está condicionada a aspectos políticos.
utilitarista. C é fruto de uma mistura e desordem expressiva.
D um abuso de autoridade, submetendo um indivíduo a D segue padrões culturais.
uma situação vexatória. E é consequência de imposições.
E uma postura financeira, que tenta gastar sempre
menos.

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Questão 39 Questão 40
Violões que Choram PROJETO NURC-RJ
RECONTATO:
Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Inquérito 373 (feminino / 76 anos)
Soluços ao luar, choros ao vento... Tema: Dinheiro, banco, finanças
Tristes perfis, os mais vagos contornos, LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, 1996
Bocas murmurejantes de lamento. TIPO DE INQUÉRITO: Diálogo entre informante e
documentador
(...)
DOCUMENTADOR: F L

Sutis palpitações à luz da lua.


DOCUMENTADOR. - terá como tema... dinheiro...
Anseio dos momentos mais saudosos,
bancos... finanças... a bolsa... por favor... o que a senhora
Quando lá choram na deserta rua
poderia dizer... sobre esse tema... o que faz... o que fa-
As cordas vivas dos violões chorosos. zer num... num tempo de tantas crises... em que bancos
estão sendo... estão quebrando... em que há... uma dife-
Quando os sons dos violões vão soluçando, rença enorme... entre o nível da população... o nível eco-
Quando os sons dos violões nas cordas gemem, nômico da população... dez brasileiros têm um potencial
E vão dilacerando e deliciando, altíssimo econômico enquanto a maioria... vive na mais
Rasgando as almas que nas sombras tremem. profunda miséria... o que fazer com os bancos... com o
governo... a senhora aplica em bolsa... o que que a gente
Harmonias que pungem, que laceram, deve fazer... com essa parte econômica do país?
Dedos nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram, ENTREVISTADA. - bom... eu não sou ... financista...
Gemidos, prantos, que no espaço morrem... não sou... ecome/...eh... econoMISta... e... não... não te-
nho assim... grandes interesses por esse... esses temas
E sons soturnos, suspiradas mágoas, de... compra... e vende... economiza... e ganha e... perde
Mágoas amargas e melancolias, e... eu não tenho esse... não tenho esse hábito e não...
No sussurro monótono das águas, não tenho mesmo interesse nenhum nesse... nesse pon-
Noturnamente, entre remagens frias. to... e... acho que até é um tema pro momento... já que...
eu sou... uma... repetente né?
Vozes veladas, veludosas vozes, Disponível em http://www.nurcrj.letras.ufrj.br/. Acesso em: 20/05/2019
Volúpias dos violões, vozes veladas, A oralidade é um sistema de expressão diferente da
Vagam nos velhos vórtices velozes escrita. Uma marca muito característica da oralidade é a
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. concomitância entre planejamento e execução dos atos
Tudo nas cordas dos violões ecoa de fala. Marque a alternativa que apresenta o trecho que
E vibra e se contorce no ar, convulso... melhor evidencia essa característica:
Tudo na noite, tudo clama e voa A “terá como tema... dinheiro... bancos... finanças...”
Sob a febirl agitação de um pulso. B “por favor... o que a senhora poderia dizer... sobre
esse tema...”
Que esses violões nevoentos e tristonhos C “o que que a gente deve fazer... com essa parte eco-
São ilhas de degredo atroz, funéreo, nômica do país?”
Para onde vão, fatigadas no sonho, D “bom... eu não sou ... financista... não sou... ecome/...
Almas que se abismaram no mistério eh... economista”
Cruz e Sousa, 1897. E “acho que até é um tema pro momento... já que... eu
Representante icônico do Simbolismo, Cruz e Sousa sou... uma... repetente né?
encarna em sua poesia o uso predominante da função
poética da linguagem. Marque a alternativa que apresen-
ta um trecho do poema que melhor expressa o uso dessa
função:
A “Sutis palpitações à luz da lua”
B “Quando os sons dos violões nas cordas gemem / E
vão dilacerando e deliciando”
C “Vozes veladas, veludosas vozes / Volúpias dos vio-
lões, vozes veladas”
D “Tudo nas cordas dos violões ecoa”
E “Almas que se abismaram no mistério”

Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 13


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