REFERÊNCIA: Vol. XII – (5) RECOMENDAÇÕES AOS MÉDICOS QUE
EXERCEM A PSICANÁLISE (1912)
RESUMO
Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise é um texto que
possui grande utilidade quanto as questões éticas, de bom senso a se seguir perante a análise clínica psicanalítica enquanto voltadas ao paciente e a conduta do analista. Possui uma escrita cômica e didática e uma estrutura familiar de tópicos por ordem alfabética.
Começando pela recomendação mais importante de todas, o momento
em que o analista recebe analise/tratamento para assim poder ficar livre de todos seus complexos e traumas, livrar seu inconsciente de todas as amarras para receber de seu paciente todas as informações possíveis e necessárias. Afinal o analista está incumbido de usar seu inconsciente como um receptor que recebe tudo o que o inconsciente de seu paciente transmite.
Nessa mesma lógica, seguindo uma ordem de importância entre as
recomendações a próxima seria as anotações durante as sessões de analise, uma conduta que poderia causar certa desavença para com o paciente, possivelmente essa atitude não seria recebida de forma boa e a atenção do paciente que deveria estar sendo direcionada a se expressar, acaba se voltando as anotações de seu analista. Levando em consideração também a questão de que as anotações não possuem a mesma vivacidade de detalhes quanto as memórias do analista naquele instante.
Para aqueles que em breve estarão ou que estão aplicando a técnica,
somente imaginam, possuem vaga ideia da capacidade que a curiosidade causa no analista que atende e se compromete com muitos casos ao mesmo tempo e a preocupação para recordar de detalhes de todos relatos que ouve, é inevitável. Porém é de conhecimento que se deve somente colocar a escuta para jogo e não se preocupar em lembrar ou ligar pontos de cada história, essa atitude será tomada da maneira mais natural do que se imagina.
Quanto a conduta sentimental, é necessário saber separar/distinguir a
hora de colocar sentimentos e solidariedade humana perante analise, e a hora de assumir uma conduta mais fria emocionalmente o que pode trazer certo conforto e proteção ao analista e para o paciente total empenho ao que diz respeito técnica. O que nos leva a pauta das relações psicanalíticas, a adição da individualidade do analista junto a do paciente, essa troca que traz intimidade e um pé de igualdade que não pode acontecer. Esse tipo de relacionamento entre analista e paciente pode induzir o paciente por diversas maneiras, torna-lo incapaz de se aprofundar em suas resistências e impossibilitar o trabalho da transferência. Fica claro que esse tipo de influência por parte do analista não pode ser chamado de psicanálise.
Em síntese, a recomendação divina apresentada no texto se dá pela
forma com que será continuado o tratamento após o paciente em questão se livrar de certas neuroses. Dentro das limitações dos pacientes, sem levar em consideração os desejos do analista frente ao trabalho árduo que fez, deve-se atribuir novos objetivos da forma mais natural possível.