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INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA

CURSO DE PSICOLOGIA

SETOR DE PSICOLOGIA APLICADA – SPA

CLÍNICA DE PSICOLOGIA ANITA BALESTIERI

NOME DO ALUNO: Maria Auxiliadora Tavares Petrucci

LEITURA ASSOCIATIVA DE ESTÁGIO ESPECÍFICO SUPERVISIONADO EM NOME


DA DISCIPLINA

Leitura Associativa apresentada


ao SPA dos ISECENSA, como
pré-requisito parcial de Formação
de Psicólogo, sob a supervisão
do Professor Roberto Carvalho
Filho

Campos dos Goytacazes/ RJ

Dezembro/2020
Relatório de Leitura – VF- Capítulo 14- Manual da
Técnica Psicanalítica- As atuações (Actings)

O Acting dentro da Psicanálise não é mais considerado um nome feio e não é


mais visto com um conteúdo moralístico, depreciativo, negativo e sim como
uma importante forma primitiva de comunicação não-verbal, indicando muitos
caminhos que podem contribuir para a análise como um todo. Diante de todos
os contextos, o acting na Psicanálise Contemporânea, obteve um viés mais
reflexivo e construtivo do que um viés extremamente destrutivo.
Ele pode ocorrer de diversas formas: acting in (dentro da clínica) e acting out
(fora da clínica). O acting também pode apresentar-se de forma benéfica ou
maléfica, manifesta ou oculta e discreta ou acintosa. Nas primeiras formulações
de Freud, o acting não era visto como positivo na análise, pois ocupava o lugar
das lembranças, das angústias, das questões mal resolvidas que deveriam ser
colocadas, apresentadas em análise pelo paciente.
Logo, podemos dizer que neste caso, o paciente não recordava-se de nenhum
trauma que foi acometido, mas atuava, repetindo o conteúdo do seu trauma.
Logo, a atuação é uma forma do inconsciente se manifestar. “Apesar das
dificuldades semânticas do termo acting, ele pode ser definido, a partir da
situação psicanalítica, como toda forma de conduta, algo exagerada, que se
manifesta como uma maneira única de substituir algum conflito ou angústia,
que não consegue ser lembrada, pensada, conhecida, simbolizada, verbalizada
ou contida”.
Freud contribuiu significativamente sobre o acting dentro da Psicanálise,
através de suas obras, como: “Caso Dora”, “Novas Recomendações...”,
“Recordar, Repetir e Elaborar”, “Além do Princípio do Prazer”, “Esboço de
Psicanálise”, além de muitas outras. Outros autores contemporâneos também
contribuíram para um melhor entendimento do acting. São eles: Melanie Klein e
Bion. Lacan também obteve sua contribuição.
Segundo Melanie Klein, as pessoas podem passar a vida inteira “atuando”,
como uma forma compulsiva de alcançar a algo, ou alguém que é inalcançável.
Já segundo Bion, o acting pode ser visto como uma forma de evacuação de
elementos beta, ou seja, esta evacuação de elementos de origem de
somatizações, estão à espera de um continente da mãe, ou do analista na
situação analítica, que ao invés de serem pensados, são atuados.
Bion também afirma que o acting pode ser uma forma de manifestação
psicótica da personalidade, além de ser visto por meio de uma não
comunicação- verbal. Segundo este autor e muitos outros da Psicanálise
Contemporânea, o acting pode representar uma primitiva forma de
comunicação não-verbal.
O Acting na Prática Analítica
Como destacado anteriormente, o acting é visto de diversas formas por
diversos autores e segundo Freud, ocupa o lugar das lembranças. Além destas
particularidades, o acting processa-se como uma forma de substituição de uma
ou de mais de uma incapacidade que apresentam um significativo prejuízo das
funções egóicas: não poder recordar, pensar, simbolizar, conhecer, verbalizar,
autoconter e fantasiar.
Esta comunicação não-verbal, pode-se manifestar e ter muitas causas.
Exemplos: 1) Uma forma de reexperimentar no curso da análise, velhas
experiências emocionais mal-resolvidas. 2) Uma fuga de um estado mental
para outro. 3) A possibilidade de que atuação possa estar representando
alguma forma de crescimento. 4) Uma forma de dramatização do mundo
interno. 5) Uma escolha de pessoas que atuam pelo paciente. 6) Acting devido
às inadequações do analista. 7) Acting em crianças. 8) Acting e Mitologia
Pessoal. 9) Contra-acting.
É muito importante destacar que o acting ocorre em toda e qualquer análise,
tanto por parte do paciente, quanto por parte do analista. Na hipótese que
nunca ocorra alguma forma de atuação, isto pode indicar um sinal ruim, pois o
paciente pode estar expressando um comportamento muito obsessivo ou o
analista, deixou de perceber algo neste sentido. Podemos dizer que o acting é
ao mesmo tempo, uma modalidade de resistência contra a dor psíquica e uma
forma de transferência.
É necessário que o analista atente-se quando a atuação representar uma
tentativa de mudança, por parte do paciente, pois é uma atitude construtiva por
parte do analisando. Também devemos ressaltar que “A identificação projetiva
é considerada como o mecanismo essencial do acting, de modo que a
importância disso é complementada pelo fato de que ela pode provocar
equivalentes contra-identificações no analista, e por conseguinte, induz a
respostas contratransferenciais, contraresistenciais e a contraactings”.
Vale destacar a distinção entre o que é um contra-acting do analista provocado
pelo paciente e aquilo que está sendo um acting do analista, provindo do seu
próprio inconsciente e que pode levar o analisando a contra-atuar. Além destas
particularidades, pode acontecer de a análise possuir um conluio de atuações,
ambos do par analítico.
Para finalizar sobre os actings, devemos deixar claro a diferença de uma ação
para uma atuação. Enquanto a ação, ocorre através do desejo cuja
impulsividade para ser satisfeito sofre reflexões sobre as consequências de
seus atos, as atuações, ocorrem através do desejo cuja impulsividade para ser
satisfeito não sofre reflexões, sobre suas consequências, afinal é o
inconsciente manifestando-se.
A Atividade Interpretativa- Capítulo 15- Manual da
Técnica Psicanalítica
Segundo Bion, o analista precisa ter uma condição mínima necessária para
interpretar adequadamente. A esta função, ele denomina de “função alfa”.

Na prática analítica- Os aspectos básicos


 A atividade interpretativa não visa somente tornar o conflito inconsciente
em consciente, com as pulsões, ansiedades e defesas, mas também
assinalar os significados das crenças, transformações, emoções, ideias
que estão se processando na mente do analisando.
 De modo geral, a atividade interpretativa visa atingir essas três metas na
mente do paciente: curiosidade, reflexão e transformação.
 A interpretação deve-se sempre manter uma visão multifocal por parte
do analista. Ou seja, ele deve estar atento a parte doente x sadia do
paciente, adulta x infantil que convivem em um mesmo paciente, muitas
vezes de forma antagônica
 “Dar interpretações ao paciente é totalmente diferente do analista
manter uma permanente atividade interpretativa (neste caso, analista e
analisando trabalham juntos)”
 “Como em tudo, a atividade interpretativa do analista pode normal ou
patogênica”

 Alguns questionamentos relativos a interpretação

 Interpretação superficial e profunda- Não existe regra


clara, mas é válido interpretar de forma profunda e se possível, desde a
primeira entrevista inicial, desde que a interpretação não seja
“supérflua”, fazendo o terapeuta repetir a mesma coisa que o paciente
disse, porém em outras palavras.
 Interpretar o conteúdo ou as defesas- No decorrer da
análise interpretar os conteúdos e as defesas ao mesmo tempo pode ser
construtivo. Devemos lembrar que uma interpretação será sempre mais
eficaz quanto mais espontânea ela for, sendo que o nível, o grau e a
oportunidade que ela for formulada serão de responsabilidade da
sensibilidade do analista em questão, para cada situação analítica em
particular.
 Vale a inclusão de parâmetros? Com relação os parâmetros,
pode-se exemplificar: o analista fornecer dados ao paciente, como
indicações de médicos, advogados, modificações no enquadre, trabalhar
com a extratransferência, entre muitos outros.
Pode não ter nenhum problema, mas o analista deve atentar-se para a
segurança do seu papel e lugar de psicanalista e consiga discriminar a
possibilidade de que os parâmetros, possam de forma patogênica ficar a
serviço de atuações e contra-atuações.
 Interpretar sistematicamente no aqui e agora comigo? Não
é indicado, afinal a Psicanálise tem como principal objeto de trabalho o
inconsciente.
 Existe análise sem interpretações? Uma análise sem
interpretações não é uma análise e uma análise feita só de
interpretações também não é indicada. Logo, cabe dizer que o meio-
termo é um bom caminho.
 Interpretação ou atividade interpretativa? A interpretação é
tornar o conflito inconsciente em consciente com suas ansiedades,
pulsões e defesas. Enquanto a atividade interpretativa significa indagar,
questionar o paciente sobre várias questões, trabalhar com a linguagem
não-verbal, trabalhar com assinalamento de contrastes e paradoxos,
fazendo principalmente o paciente refletir sobre suas demandas e é um
trabalho permanente entre ele e seu analista.
 Tem relevância a pessoa real do psicanalista? Sim. Diante
desta pergunta é importante a reflexão: “Quais são os critérios de
normalidade e patologia adotados pelo analista com relação aos seus
pacientes?” Ou “Qual o critério de cura que ele tem em mente? Este
coincide com o do seu analisando?”
 O analista deve assumir certas funções que faltam ao
paciente? O analista neste caso, deve realizar a função Alfa, segundo
Bion que é de realizar a função materna, emprestando as suas funções
egóicas: perceber, conhecer, pensar, discriminar, significar, nomear,
entre outras, porém até dado momento, ou seja, o psicanalista deve
realizar esta função até que a criança ou o paciente tenha condições
psíquicas de utilizá-las de forma autônoma. É interessante ressaltar que
no processo analítico, o desenvolvimento destas capacidades egóicas
não depende exclusivamente das interpretações, pois de alguma forma
a aquisição destas capacidades também pode ter relação com uma
identificação com as capacidades do analista, tendo também relação
com a forma autêntica que o psicanalista os utiliza nas suas múltiplas
formas de experiências emocionais da análise.
 Quais são os elementos essenciais de uma interpretação?
Como eles agem? De forma geral, pode-se dizer que são seis os
elementos essenciais, como: 1- Conteúdo 2- Forma 3- Oportunidade 4-
Finalidade 5- Significação 6- Destino das interpretações na mente do
analisando
Capítulo 24- Manual da Técnica Psicanalítica-
Homossexualidades

É importante destacar que o termo “homossexualidade” permite uma escuta


polifônica, ou seja, cada analista ou psicoterapeuta, irá compreender e escutar
de uma forma particular, assim como também de interpretar. Em relação a
polideterminação da homossexualidade, podemos dizer que está relacionada a
fatores de natureza biológica, psicológica, social e cultural.
Com relação a natureza psicológica devemos mencionar os fatores edípicos e
pré-edípicos envolvidos. Ao falar de homossexualidade, estamos falando de
muitas condutas, desde uma conduta considerada “normal” (variação da
sexualidade humana) até uma conduta psicopatológica (pode ser de diversas
ordens, exemplos: perversão, pedofilia, exibicionismo, entre muitos outros).
O que é uma conduta homossexual? “Alude aos apegos emocionais que
implicam em atração sexual ou às relações sexuais declaradas entre indivíduos
de um mesmo sexo”. A homossexualidade latente refere-se aos desejos
homossexuais ocultos, mascarados, não concretizados.

A aceitação, o repúdio de uma modalidade sexual varia muito de uma cultura


para outra e dentro de uma mesma cultura, também irá depender de questões
políticas e econômicas, entre outras. É de extrema importância compreender
que o ato ou conduta homossexual em si, não é desviante, é apenas uma
variação da sexualidade humana. É considerada desviante, quando deixa de
ser esta variação e passa a ter um conteúdo de sintoma.

A conduta homossexual a partir de um viés Biológico-


Constitucional

A Ciência atual ainda tem um conhecimento muito pequeno com relação os


aspectos genéticos, mas até o presente momento predomina a ideia de que
eles tem uma participação mínima na determinação da homossexualidade.

Socioculturais e Familiares
Os conflitos edípicos e pré-edipícos não resolvidos nos pais podem influenciar
diretamente na fase psicossexual dos filhos.

Sexo e Gênero Sexual

A forma que os pais conduzem certos comportamentos dos filhos, podem


influenciar diretamente no “genêro sexual dos mesmos”.

Tais comportamentos podem ser: nomes próprios ambíguos para os filhos,


certas brincadeiras para meninos e meninas, certas roupas para os filhos em
determinado contexto social, a forma que designa os órgãos genitais, entre
muitos outros.

A conduta homossexual a partir de fatores psicológicos

Os aspectos sociais, culturais e familiares estão diretamente relacionados com


os desejos, necessidades e fantasias das crianças, logo, irão contribuir para
pontos de fixação conflitivos que terão dois caminhos: ou a criança irá
estacionar no seu desenvolvimento psicossexual ou ela quando adulta não irá
suportar o desenvolvimento de ansiedades terríveis, contribuindo assim para o
surgimento da homossexualidade.

Como classificar estes pontos de fixação? Referem-se à etapa oral


(sexualidade possessiva e aditiva, etc.), anal (no imaginário das crianças de
ambos os sexos, a incorporação anal do pênis do pai representa a aquisição de
uma ilusória completude e potência fálica) e a etapa fálica (complexo de édipo).

A Face Edípica

A crise edípica seja de resolução hetero ou homo sexual implica para a criança
a condição de renunciar à fantasia de que ela tenha posse de uma
bissexualidade e compreender como criança que possui somente um genitor.
Esta renúncia está ligada ao reconhecimento da existência de um terceiro (o
pai). O complexo de castração é levado em conta durante todo este
desenvolvimento psicossexual. O complexo de édipo possui uma configuração
positiva (desejo pelo genitor do sexo oposto e uma rivalidade com o genitor do
mesmo sexo) e uma configuração negativa- a inversão (a criança possui o
desejo pelo genitor do mesmo sexo).

A elaboração final da crise edípica acarreta duas consequências fundamentais


para a criança que estão entrelaçadas: os modelos de identificação e a
formação do superego. Com relação os modelos de identificação, devemos
considerar com quem a criança se identifica (com o pai ou com a mãe), como
estes pais designam seus papéis. E a formação do superego: Para Freud, o
superego é o herdeiro direto do complexo de édipo.

A Face Narcisista

Na Psicanálise Contemporânea, é consensual que desde o nascimento, o bebê


já está interagindo com o meio exterior e estabelecendo relações objetais,
muito particularmente com a sua mãe. Devemos lembrar que a interação mãe e
bebê são fundamentais e indispensáveis, porém o desligamento precoce ou a
excessiva interação desta mãe com seu filho pode contribuir para a extinção da
figura paterna que é também fundamental para o desenvolvimento
psicossexual do bebê e da criança.

Caso este pai não exerça seu papel, devido a excessiva relação simbiótica da
mãe com a criança, faltará a esta criança o modelo de identificação masculino
que possa ser introjetado com admiração. É importante ressaltar que o
narcisismo não é apenas uma etapa do desenvolvimento humano, mas
também um modelo de estruturação psíquica.
É válido também mencionar que geralmente o sujeito homossexual, apresenta
transtorno do narcisismo, ou seja, eles necessitam do outro.

Prática Psicanalítica

Primeiramente é necessário que o analista ao atender um paciente


homossexual entenda que não deve ter preconceitos com relação a
homossexualidade, como também não tenha o desejo de fazer com que o
paciente se converta e se torne heterossexual. É importante ressaltar que há
uma distinção entre a homossexualidade e o transtorno de identidade de
gênero sexual.

Na maioria dos estudos de casos de mães de filhos homossexuais, entende-se


que esta mãe foi muito superprotetora, apresentando uma excessiva
estimulação narcisística / erótica, enquanto a figura do pai ficou sendo de
pessoa ausente, tanto psicologicamente quanto fisicamente, além do discurso
desta mãe ter sido negativo ao se referir ao pai, denegrindo assim a imagem do
marido.

Em relação ao setting analítico, é necessário destacar a importância do analista


estabelecer seu papel enquanto analista e o papel do paciente enquanto
paciente. Além disso, é necessário que o analista tenha em mente que o
paciente precisa elaborar suas frustrações e compreender seus limites e suas
limitações. Enquanto profissional, ele também deva auxiliar o processo de
autonomia, de independência do seu paciente. Com relação as resistências,
uma das formas que geralmente o paciente homossexual utiliza é a de atacar
os vínculos perceptivos (tanto os dele quanto os do analista).

Com relação a atividade interpretativa, é necessário que o analista constitua-se


como um novo objeto para o paciente homossexual, um objeto que
diferentemente dos seus pais originais, tenha e realize as seguintes condições:
“não seja demasiado frágil ou “bonzinho” e tampouco por demais rígido e
diretivo; que sobreviva (não ficar deprimido ou arrasado) aos ocasionais
ataques de ódio, controle onipotente, triunfo e desprezo; que não se deixe
enredar nas malhas de um envolvimento sedutório e, portanto, que não entre
no jogo dos actings e contra actings; não proceda a retaliações, que muitas
vezes estão disfarçadas por interpretações superegóicas ou ameaças veladas;
propicie a formação de neo-identificações e neo significações; facilite o
processo de dessimbiotização, com vistas a desenvolver no paciente as
capacidades de discriminação, diferenciação, separação e a aquisição de um
sentimento de identidade”.
Capítulo 8 - Resistências. A Reação Terapêutica
Negativa/ Manual da Técnica Psicanalítica
Na Psicanálise Tradicional, a resistência era vista como algo péssimo e que
prejudicava significativamente a análise. Na Psicanálise Contemporânea,
vemos que o fenômeno da resistência é negativo por um lado, mas construtivo
por outro, pois ela representa com fidelidade a forma como o indivíduo se
defende e resiste no cotidiano de sua vida. Segundo Freud, “uma das regras da
psicanálise é que tudo o que interrompe o progresso do trabalho psicanalítico é
uma resistência” (p. 551). Ou seja, para Freud, quanto mais resistências no
tratamento analítico, menos progressos para o paciente e analista.

Logo, diante desta fala, podemos compreender que se a análise apresentar


muitas resistências, o tratamento analítico será mais demorado. “Freud
aprofundou bastante o estudo sobre as resistências em Inibição, sintoma e
angústia (1926), quando utilizando a hipótese estrutural, descreveu cinco tipos
e três fontes das mesmas”. Os tipos derivados da fonte do ego eram:
 Resistência de repressão
 Resistência de transferência
 Resistência de ganho secundário
 Resistências provindas do Id
 Resistência oriunda do superego

Podemos compreender que a resistência no analisando é resultante de


forças inconscientes dentro dele que impedem o progresso das funções
de recordar, associar, elaborar, bem como ao desejo de mudar.

Resistências na prática analítica


As resistências possuem muitas diferenças entre os autores (pontos de vista)
devido várias questões, como as abordagens psicanalíticas. A seguir, faz-se as
principais características de como as resistências aparecem no cotidiano da
prática analítica.

 A resistência apresenta uma extrema complexidade, pois pode se


expressar por meio de emoções, atitudes, ideias, impulsos, fantasias,
linguagem, somatizações ou ações. Pode ter origem inconsciente ou
consciente, mas sempre provém do ego. As resistências podem se
manifestar de forma clara, oculta ou sutil.

 As resistências podem ser sistematizadas a partir da teoria estrutural,


além das intra e inter- relações entre id, ego e superego, é fundamental
incluir o ego ideal, o ideal do ego, o ego, o alter- ego, o contra-ego e o
ego real, nas suas múltiplas formas de combinação entre si e com a
realidade exterior.
 As resistências podem ter base em manifestações clínicas como:
atrasos, faltas, intelectualizações, exagero de silêncios, segredos,
sonolência, extratransferência, entre outros aspectos. Neste caso, um
dos passos cruciais da análise é transformar as resistências de
egossintônicas, para egodistônicas, para assim o paciente aliar-se ao
terapeuta, no objetivo comum de analisar as resistências e superá-las.

 A resistência pode variar entre o tipo, o grau e função. Assim, as


organizações defensivas podem se constituir em: inibições, sintomas,
angústia, estereotipias, falsa identidade, formas obstrutivas de
comunicação e linguagem, actings excessivos, e etc.

 As resistências podem ter natureza narcisista, esquizoparanóide,


maníaca, fóbica, obsessiva, histérica, etc.

 É importante mencionar as resistências em relação às etapas evolutivas


do desenvolvimento emocional primitivo. Dessas, a narcisista é de
extrema importância, por se constituir na formação da personalidade e
identidade. Assim, a maioria das pessoas que procuram análise
atualmente, apresentam importante problemas relacionados a baixa
auto-estima, muitas vezes resultante das primitivas feridas narcisistas.

 Mais especificamente em relação à “resistência narcisista”, na prática


clínica analítica, ela pode ser muito bem trabalhada, elaborada e
removida ou uma alta probabilidade de as defesas narcisistas terem se
constituído em uma poderosa armadura contra toda e qualquer
possibilidade de dependência da análise, como contra qualquer
mudança psíquica verdadeira.

 Essa rígida armadura é forjada com defesas narcisistas de natureza


psicótica, como são a prepotência, a confusão entre o que é verdade e
ilusão, a onipotência, entre outros fatores.

 Pacientes que resistem à demonstração de emoções, muitas vezes, isso


deve-se ao fato de que quando eram crianças, as mães podem ter sido
muito dedicadas aos cuidados, como alimentação e higiene, mas muito
distanciadas afetivamente do filho.

 É útil que o analista consiga discriminar dois estados mentais do


paciente que são muito parecidos, porém que essencialmente são
diferentes de formas bem opostas: 1- A condição de resistência para o
fim de não mudar. 2- O outro é um estado de “resiliência”, quando,
então, o paciente parece que está resistindo, porém faz-se isso com o
propósito de se fazer escutar, de avançar na vida.

 A resistência ao conhecimento da verdade, possui amplas


particularidades e manifestações, desde a mentira com intencionalidade
consciente até as falsificações de natureza totalmente inconsciente.
 Segundo Freud, “Toda resistência é uma forma de transferência”. É
imprescindível que o analista elabore com o paciente, o que está sendo
resistido.

Recordar, Repetir e Elaborar (1914) / Novas


Recomendações sobre a Técnica da
Psicanálise II
Na Psicanálise Tradicional, o método a ser utilizado na análise por Freud
e seus colaboradores era a hipnose. Após determinado tempo, a
associação livre tornou-se a regra fundamental da Psicanálise e
substituiu a hipnose. Compreende-se que devido à resistência e outras
questões envolvidas, o paciente em análise pode muitas vezes,
esquecer-se de seus traumas passados e logo, não consegue verbalizar
no tratamento analítico.

Porém o indivíduo que não se recorda dos seus traumas, na maioria dos
casos, tende a atuar, repetindo o conteúdo de suas questões
conflitantes. Por exemplo: “o analisando não diz que se lembra de haver
sido teimoso e rebelde com os pais, mas se comporta de tal maneira
diante do médico”. Este foi apenas um exemplo, entre muitos outros
existentes.

Sendo assim, esta repetição do paciente, contribui para que a análise


prolongue-se, afinal a repetição (mecanismo de defesa) ocupa o lugar
da recordação. Uma dos meios que o analista pode e deve utilizar para
que a recordação ocupe o lugar da repetição no paciente, é o manejo da
transferência.

“Quando o paciente se mostra solícito a ponto de respeitar as condições


básicas do tratamento, conseguimos normalmente dar um novo
significado de transferência a todos os sintomas da doença, substituindo
sua neurose ordinária por uma neurose de transferência, da qual ele
pode ser curado pelo trabalho terapêutico”.

Logo, no decorrer deste processo, as recordações aos poucos surgem,


sem mais tanta dificuldade, resistência. O paciente, passa a mergulhar
em um outro nível, o da recordação. Recorda assim seus traumas
passados, suas angústias, seu sofrimento.

Com o analista durante o processo analítico, o indivíduo consegue


elaborar pouco a pouco, suas questões passadas. É preciso tempo e
paciência para que o paciente consiga realizar esta elaboração,
compreendendo que cada sujeito é singular e que cada análise também

é única.

Este Relatório de Leitura corresponde a 20 horas de Atividade


Acadêmica.

Maria Auxiliadora Tavares Petrucci


NOME DO ALUNO
Estagiário/Matrícula: 1820014182

Roberto Carvalho Filho


NOME DO PROFESSOR
Supervisor/CRP: 05/ 29476

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