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SLIDE: PSICOTERAPIA BREVE DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA: INTRODUÇÃO

Todas as abordagens possuem resultados muito parecidos; o que imagina-se que exista um conteúdo
comum a todas as abordagens e, de que existam outros elementos responsáveis pelo andamento do tratamento na
psicanálise, dentre eles, a relação terapêutica parece ser o principal fator do tratamento, independente de
abordagem, formação, afins.
Os resultados alcançados nas distintas abordagens possuem uma eficácia muito parecida, ao mesmo tempo
em que existe uma causa da problemática, cada abordagem “mira” em pontos diferentes e, mesmo assim, todas
essas abordagens possuem uma efetividade próxima, ou seja, há algo em comum entre todas as abordagens, o
vínculo dentro da relação terapêutica.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA
• Nesta disciplina temos alguns objetivos:
• Diferenciar e delimitar os campos da psicanálise e das psicoterapias (entre elas a psicanalítica).
• Mostrar os diversos elementos e pontos de atenção que compõem um tratamento
psicanalítico/psicodinâmico.
• Aprofundar o estudo de cada um destes componentes num estudo da teoria da técnica
psicanalítica.
• Mostrar alguns diagnósticos em psicanálise, o modo de relação do sujeito com sua fala, consigo
próprio, com o analista (transferência) e a resposta deste (contratransferência) na formulação de um
diagnóstico que determina a postura clínica adequada.

O que se entende como técnica psicanalítica não seria o tipo de técnica da TCC, por exemplo, mas sim com
postura, um modo de pensar e agir do analista. “Como que o analista deve agir? O que deve perguntar? Quando
falar e quando ficar em silêncio? Como lidar com um paciente X – agressivo, silencioso, fóbico, afins?”
Para tal, existe um campo chamado de teoria da técnica, que explica os motivos de fazer A e não B, o motivo
de não fazer B, os prejuízos de se escolher B, afins, o motivo de B ser contraindicado, afins (além das evidências, mas
também com fundamentação teórica). Existe essa teoria que explica e fundamenta o como o terapeuta precisa ser
no primeiro contato, nas entrevistas, afins.
Diante da situação do paciente, de o que ele está passando, a psicanálise usa além do comportamento, do
observável, prestando atenção em diversos outros elementos para chegar a fundamentar um psicodiagnóstico,
como a forma que o sujeito se relaciona com sua fala, consigo próprio, com o analista – Ex: Endeusa o analista? Acha
que ele faz parte da conspiração? Que o analista só liga para seu dinheiro? –, analisar o tipo de transferência que se
estabelece entre o paciente-terapeuta, assim como a resposta do terapeuta a essa – a contratransferência.
Ao longo da história, os psicanalistas compilaram informações referentes à análise, que o sono do cliente em
relação ao terapeuta significa X, que sentir raiva significa Y, que dó é Z, afins. Sendo assim, os elementos de
transferência e contratransferência são conteúdos muito ricos para a análise.

A PSICANÁLISE
• Sendo a psicanálise uma teoria, um método de investigação, e um tratamento (conforme descrito por
Freud), é necessário compreender cada um destes enfoques para oferecer ajuda respeitando os pilares da
psicanálise.
• A psicanálise nasce de uma recusa do médico em permanecer numa posição de todo-saber e de atribuir
valor à palavra do paciente como sendo aquele que mais sabe sobre si próprio.
• Dada esta escolha ética e filosófica, os tratamentos em psicanálise são absolutamente
individualizados, necessitando de uma grande capacidade de adaptação do analista.

Trata-se de uma teoria – do desenvolvimento, da saúde, da doença, do processo terapêutico, do homem –,


um método de investigação – muito particular, usando da associação livre, do inconsciente, investigando as
manifestações deste, como os sintomas, sonhos, piadas, ato falho, afins –, assim como de um tratamento – não é um
exercício teórico e filosófico, mas sim de tratamento terapêutico, isso na história desde a histeria com as demais
questões, sempre objetivando o tratamento.
A psicanálise surge da recusa da postura médica, daquele que é o dotador do saber, onde o paciente vai no
médico, fala sobre si e, no final, o médico da a resposta que o paciente não a tem. “você tem X”. Diferentemente de
outras abordagens, como a TCC, que o terapeuta sabe das crenças que o cliente tem e o cliente não.
O paciente sabe de si, o terapeuta não – não se ilude de achar que sabe –, então faz boas perguntas e usa de
boas possibilidades de investigação para que o paciente possa saber a verdade de si próprio. Sendo assim, o
tratamento de psicanálise é algo individualizado. Não se generaliza, busca entender no caso. Por que esse sujeito foi
buscar a droga? O que ela significa? Afins.
Existem técnicas de investigação – do método –, não existem técnicas de tratamento, no tratamento, só
existe o analista e sua mente – afiada, analisada e abastecida de conteúdos para tentar absorver e guiar o
tratamento adequadamente, com sua capacidade de pensamento, simbolização, acolhimento, afins.

A TEORIA DA TÉCNICA
• A psicanálise permanece como o tratamento psicológico mais fiel à “cura pela palavra” e, portanto, dá
centralidade ao analista enquanto fator terapêutico.
• Para que este analista saiba o que falar, quando falar, quando calar, o que ele está respondendo, que papel
está ocupando nas fantasias do paciente etc., é necessário dominar tanto a teoria psicanalítica (mecanismos
de defesa, teoria da angústia, tópicas, teoria do desenvolvimento etc.), quanto a teoria da técnica.
• Entendemos por isto o estudo teórico sobre a postura técnica, sobre o como fazer psicanálise.

Antigamente, na história, existiam chás, banhos termais, inúmeras opções de tratamentos para a psique,
mas que não se atrela a psicoterapia. A psicanálise surgiu da “cura pela palavra”, mas existem diversos outros
métodos de trabalho atualmente, como pela respiração e mindfulness , por exemplo; mas na psicanálise,
basicamente se trata, ainda, de uma cura pela palavra e, por isso, conforme já mencionado, só se tem o
terapeuta/analista.
Para que esse terapeuta saiba o que fazer, precisa falar, no que se atentar na fala do paciente, afins, é
necessário que este domine a teoria psicanalítica – desenvolvimento, tópicas, mecanismos de defesa, afins – como a
teoria da técnica – referente à postura do terapeuta, o como se fazer psicanálise, o quando falar, deixar de falar, o
motivo de ter deixado de falar, afins.

• No âmbito da teoria da técnica temos a maneira de conduzir uma entrevista, o modo de estabelecer um
contrato, manejo do setting, acting out, interpretações, leituras acerca da regressão entre outros elementos.
• Um paciente está chorando por algum motivo, e, na sessão, te pergunta se você poderia ficar mais tempo
hoje com ele, pois se sente muito sozinho em casa, sem ninguém que se preocupe com ele... O que você
faria?

Qual a forma de se conduzir uma entrevista? Usa prancheta? Faz perguntas? Deixa que a pessoa fale
livremente? E o que fazer se o paciente ficar quieto? Se responde a uma pergunta como “e agora, o que faço?”,
afins. Como se faz o contrato? Semanalmente? Duas vezes? Que horário? Duração? Manejo do setting, como no
caso de um cliente que continua falando no final da sessão, o terapeuta corta/deixa? Quando se pagará, a forma, se
pode remarcar as sessões, se as sessões que faltou serão cobradas, afins.
Acting Out: Atuar no lugar daquilo que não se consegue falar. A transferência erótica por exemplo, atuar o
amor tansferencial, que seria das figuras originais, no caso na figura nova, no terapeuta. O cutting é um acting out
para uma pessoa que não consegue expressar sua dor, seu sofrimento. Entrar com um sapato sujo de barro e
sujar o tapete, seria uma ataque a algo que o terapeuta fez, como uma interpretação que o cliente não gostou.
Pagar a menos quando não estiver gostando do processo terapêutico, afins.
Diante do nascimento de um irmão mais novo, o irmão mais velho pode regredir, voltando para um
momento do desenvolvimento ao que já estava, essa leitura acerca da regressão é importante também, o como a
entende, se ela se trata de uma fuga, de uma tentativa de voltar para viver algumas situações e poder realmente
desenvolver-se – regressão real –, afins.

• Para além das particularidades de cada um, a teoria da técnica busca entender como saber o que fazer:
• Qual a personalidade deste paciente?
• Que tipo de relações ele normalmente estabelece?
• Qual ação vai favorecer o desenvolvimento e qual favorecerá a dependência? Ficar mais tempo é um
suporte necessário ou uma sedução disfarçada?

Diante de uma situação, o terapeuta antes de agir, precisa ter consciência do tipo de personalidade deste
paciente – histérica, histriônica, borderline, traumatizada –, entender também os tipos de relações que o paciente
estabelece – relação adesiva/dependente, por exemplo –, pensar sobre a melhor conduta, que promoverá o melhor
desenvolvimento do paciente, de acordo com seu caso. Uma pessoa traumatizada e com dificuldades em
estabelecer relações e vínculos, nesse caso da pergunta realizada, o adequado seria permanecer mais tempo,
permitindo que sinta que sinta que possui um apoio sim, que alguém se preocupa com ela sim. Já nos casos de
borderline, por exemplo, não seria adequado ficar mais um tempo, pois o paciente só estará buscando outra pessoa
para se apoiar/escorar.
Ficar mais tempo com um paciente se trataria de um suporte ou uma sedução? Reduzir o valor da sessão
diante de uma queixa de dificuldades financeiras, o que significa? O paciente pode na sessão seguinte trazer uma
flor ou um agrado para o terapeuta, questiona-se a respeito de o que está se tornando essa relação, ainda é uma
relação terapêutica?
Antigamente o processo de análise poderia ser de anos, com a abordagem breve, o cliente vai apresentando
melhoras e, próximo do fim do processo, ele mostra-se com alguma problemática/queda, “pioram”. O motivo
relaciona-se com o fato do cliente gostar dessa relação, desse apoio, se sentem muito confortáveis com relações de
dependência.
A alta dentro do processo terapêutico, de maneira ideal, seria quando o terapeuta se torna desnecessário,
quando o cliente já consegue viver por si só, que não precisa desse apoio do terapeuta. Com as abordagens breves, o
tempo é delimitado, o cliente precisa desenvolver-se nesse tempo, só tem esse tempo, uma forma onde o cliente
não favoreça dependência do terapeuta, que possa fazer o cliente se expor às situações novas, a responsabilizar-se e
assumir a responsabilidade por sua vida, diante disso, abandona o processo. Outro ponto a se comentar seria o
financeiro, a pessoa quer acabar o processo, tanto pela sua própria melhora como a nível financeiro.
A psicanálise oferece um grau enorme de enriquecimento pessoal, mas é demorada; a psicoterapia é
razoável em ambos; a psicoterapia breve oferece um enriquecimento pessoal baixo, pois é focal a uma problemática
pontual.

A PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA
• Num outro âmbito da disciplina, procuraremos acompanhar um breve histórico do desenvolvimento da
psicoterapia psicanalítica até chegar nos modelos de Psicoterapia Breve de Orientação Analítica.
• Acompanhar a história e entender quais foram as modificações na teoria e técnica clássicas que, sem
romperem com o núcleo psicanalítico, ofereceram novas modalidades de atendimento que sustentam as
descobertas freudianas.
• Modelos normatizados, com durações fixas de 16 ou 20 sessões, estão disponíveis para estudo em diversos
livros.

Sabemos do núcleo duro da psicanálise, que seria o mínimo para se aceitar e poder se considerar
psicanalista, como a noção de inconsciente, os sonhos, atos falhos, afins.
Reconhecer a impossibilidade de se usar da psicoterapia breve em alguns quadros clínicos, como problemas
mais graves (recomendar psicanálise, por exemplo). Casos como autismo a abordagem breve não consegue lidar, já a
psicanálise seria o mais adequado.

O PSICODIAGNÓSTICO EM PSICANÁLISE
• Abordaremos a relação do diagnóstico psiquiátrico com o diagnóstico psicanalítico, apontando as diferenças
e críticas um ao outro, e forneceremos elementos para compreender o modo de diagnóstico em psicanálise,
feito fundamentalmente a partir da relação estabelecida entre paciente e analista.

Como que se faz os dois diagnósticos? Diferenças e críticas do diag. psiquiátrico e o psicanalítico.
Analisar a transferência do paciente, pois é através dela que o cliente irá atualizar e “mostrar” a
problemática que o cliente possui com o mundo, repetindo-a com o próprio analista e, para tal, não é necessário
incluir terceiras pessoas, recordar do passado, afins. Observar desde o modo que o cliente buscou a terapia, o como
ele chega nas sessões, se chegou no horário ou não, se elogia a sala ou critica a localização - dificuldade de
estacionar, afins.
SLIDE: DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE E DA PSICOTERAPIA DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA

FREUD E O INÍCIO DA PSICANÁLISE


• Falaremos aqui dos desenvolvimentos da psicanálise que são relevantes para a psicoterapia breve
• Os primeiros atendimentos de Freud tiveram curtíssima duração
• Emmy V. N. – 7 semanas
• Lucy R. – 9 semanas
• Elisabeth V. R – alguns meses
• Dora – aprox. 3 meses
• Pequeno Hans – 2 meses
• Homem dos Ratos – 11 meses
• Gustav Mahler – passeio de 4 horas
• Entretanto o tratamento do Homem dos Lobos durou 5 anos
• Por que este prolongamento??
• A média da duração (após os Estudos sobre Histeria) foi de 1 ano e meio

A psicanálise era reduzida a ideia de ser muito longa, demorada e lenta, mas observava-se nos atendimentos
iniciais de Freud que tinham uma duração bem curta; indo desde 4 horas há algumas semanas e meses, por
exemplo, o Homem dos Ratos foi de 11 meses; mas que, ao mesmo tempo, possuía outros casos mais longos, como
do Homem dos Lobos, de 5 anos.
Além do trabalho que Freud estava fazendo, as outras alternativas de tratamento eram os banhos termais,
eletrochoque, massagens, compressas, afins.

OS MOTIVOS PARA O PROLONGAMENTO DO TRATAMENTO


• No paciente:
• Resistência
• Sobredeterminação da doença
• Necessidade de perlaboração
• Raízes da neurose na infância
• Transferência
• Dependência

Qual o motivo de alguns tratamentos durarem tantos anos? Por que este prolongamento? Poderia se falar
de inúmeras questões, tanto questões relacionadas ao paciente, como o próprio terapeuta.
O cliente pode apresentar inúmeras resistências, coisas que vão freando o seu tratamento, como dificuldade
de rememorar, o desconforto em relembrar e falar de coisas traumáticas, falta de vontade, afins.
As doenças possuem inúmeras origens, não ficam estagnadas. Uma questão pode ir desencadeando e
acavalando diversas outras questões. Como infância complicada – dificuldade de vinculação – solidão – dificuldade
no trabalho – não consegue estabelecer relações – depressão. Para tal, não se pode falar que exista apenas uma
causa para a doença, que existem muitas sobredeterminações, história por trás da doença, junto com uma
combinação de exposições da vida. A cura, idealmente, trabalharia o caminho inverso dessa história, começa pelo
mais próximo e ir aprofundando-se; para tal, exige tempo.
O cliente precisa perlaborar, digerir o conteúdo, esmiuçar, observar por vários ângulos, até em certo
momento conseguir o introjetar, para tal, também exige tempo, o tempo do paciente. Mudanças racionais não
geram realmente mudanças. O cliente irá aos poucos digerir o conteúdo e conseguir agir de maneira diferente,
realmente mudar – exige tempo.
Durante a vida as pessoas são expostas a inúmeros estímulos, mas comportam-se de maneiras diferentes,
alguns adoecem e outros não, diante da mesma situação, isso se da por conta da infância da pessoa. O sujeito que
adoece está ecoando questões que não foram bem elaboradas na infância, como autoestima, desamparo,
abandono, insuficiência, afins, que são tocadas na vida adulta e, se não elaboradas na infância, gerarão problemas.
Como o término de um relacionamento, uma criança que não elaborou adequadamente o desamparo, abandono,
afins, questões dolorosas, não conseguem desenvolver um bom alicerce, uma boa base para lidar com esse
abandono na vida adulta, por exemplo. Por decorrência disso, o tratamento de sujeitos com alicerce problemático
demoram, naturalmente, pois é mais complicado modificar a estrutura que o telhado de uma casa, por exemplo.
A transferência é um tipo específico de resistência, pois quando o paciente começa a transferir para o
terapeuta questões de seu passado. A análise dessa transferência é colocada em questão e, o trabalho real do
tratamento é suspenso temporariamente. O terapeuta para de falar sobre o problema e começa a falar sobre a
transferência, os filtros dessa transferência na visão do cliente – transferência erótica – fazer o cliente perceber que
não está realmente apaixonado pelo terapeuta, que se trata da transferência, afins...
Já a dependência do cliente em relação à terapia, ocorre mais por pessoas inseguras, sozinhas, onde
começam a ter a crença de que não conseguem viver sem terapia, pois julga como muito importante e que gera
alivio, que viver sem seria difícil, afins. Questões do paciente que o fizeram duvidar de si próprio, que não se arrisque
a serem independentes, afins – precisando trabalhar sobre.

• No terapeuta:
• Tendência à passividade
• Impressão de eternidade dada ao paciente
• Perfeccionismo terapêutico
• Interesse crescente em experiências cada vez mais profundas e precoces

Um terapeuta (terapia, não psicanálise) que não pergunta muito, que não faz sugestões, cutucões,
chacoalhões, afins, faz do tratamento sem direcionamento, como se não tivesse urgência. Terapeutas passivos fazem
o tratamento não andar, o cliente entende que pode ficar para sempre no processo terapêutico, que pode andar
sempre no próprio ritmo, que não tem problema, que tem tempo infinito [a ideia da terapia é promover a
reabilitação da pessoa para que possa viver sua vida, não um tratamento infinito, nem uma cobrança exagerada de
melhoras, que é o que as pessoas de fora do processo já fazem com o paciente]
O terapeuta pode ter um perfeccionismo, tentar adiar a alta, pois o paciente não está completamente
“redondo”, perfeito, buscar um padrão absolutista de normalidade, que também é irreal, o terapeuta não da alta
pois o cliente ainda tem ansiedade em algumas situações, afins [a ideia é a pessoa sair com confiança de que
consegue digerir e lidar com os novos problemas, usar de seus mecanismos]
Assim como, o paciente que fica se interessando na ideia de teorizar, de tentar entender um paciente com X
quadro, voltando na sua vida passada, tentando entender os mecanismos e origens de seu problema; fazendo com
que o tratamento fique muito prolongado, pois busca tratar enquanto teoriza sobre.

FREUD E A RESISTÊNCIA
• Ao longo de seu trabalho Freud foi encontrando dificuldades no trabalho de rememoração e chamou-as de
“resistências”.
• Inicialmente elaborou algumas técnicas para vencê-las:
• Insistência do terapeuta quando o fio das associações é rompido
• Incitação para que o paciente se concentre (leve pressão em sua testa)
• “Advinhar” o segredo do paciente e comunicar-lhe bruscamente
• Ter paciência
• Explicar o processo terapêutico (para fazer do paciente seu aliado)
• Em certo momento Freud para de modificar a técnica e começa a dar explicações metapsicológicas para a
resistência (pulsão de morte, compulsão a repetição)

Freud com o tratamento das histéricas buscava tentar a rememoração, ir relembrando e buscar entender o
que liga ISSO com AQUILO, o que chamou de resistências, no caso resistência ao lembrar. Resistência na ideia
a pessoa não apagou aquela informação questionada, mas de que está resistindo a se lembrar, a trazer para a
consciência.
Freud era insistente, ficava na ideia de “esforce-se, tente mais, está ai, você só precisa se lembrar”, o
conteúdo estava lá, não fora perdido, só estava resistente a se lembrar.
Freud usava da incitação, dizendo para o paciente se concentrar e usando da pressão na cabeça, “quando eu
tirar a minha mão, você irá receber uma imagem na cabeça, irá se lembrar DISSO e DAQUILO e então irá me contar o
que é”.
Diante da fala do paciente, Freud o interrompia e tentava adivinhar o seu segredo, de forma brusca, “na
verdade você está desejando sair com seu patrão”. Pois ouvir a informação de alguém de fora, contribuiria para a
informação surgir na consciência da pessoa.
Um ponto seria a paciência, de dar tempo ao paciente, de que ele se lembraria quando tiver que lembrar.
Outro ponto seria explicar ao paciente sobreo processo terapêutico, para que o cliente consiga colaborar
melhor para o próprio tratamento (ajudar a quebrar resistências), explicar os conflitos, a origem, que estão em um
processo investigativo, que busca aliviar o sofrimento do cliente, afins; tornar o paciente aliado.
Freud estava a todo momento trocando de técnica para tentar vencer a resistência, quer pela associação
livre, pressão na cabeça, insistência, adivinhação, afins. Freud para de modificar a técnica e começa a explicar as
resistências a nível metapsicológico, que existem pessoas que possuem, dentro de si, pontos difíceis de serem
vencidos – falar sobre pulsão de morte e compulsão a repetição.
Como se essa pessoa procurasse alguma coisa para fazer com que sofra, o desejo vai rumo a algo negativo,
“procurar pelo em ovo” – pulsão de morte.
Quando se livrava de uma situação ruim, acabava se colocando em outra situação tão ruim quanto, como
terminar um relacionamento abusivo e se colocar em outro – compulsão a repetição.
A brincadeira é uma forma de se elaborar questões traumáticas. Citar FOR DA.
Muitas pessoas tentam isso, reviver o trauma para tentar o elaborar; ao mesmo tempo em que procura estar
na mesma situação do trauma, “fui traída”, procura uma pessoa parecida com aquela que traiu, e vai à tentativa de
não ser traída (compulsão de repetição). Dessa segunda vez, a pessoa teria mais domínio, de que não seria traída
dessa vez (ao mesmo tempo em que busca o mesmo padrão de companheiro).
A primeira tentativa de elaboração de trauma seria falar sobre o trauma; a segunda tentativa seria passar
por uma situação parecida, sem “se ferrar” novamente. “pessoa assaltada no parque”, primeiro fala sobre isso para
inúmeras pessoas, depois pode ir ao parque e verificar se não será assaltada novamente; mas na tentativa de
elaboração do trama da compulsão de repetição, a pessoa comumente sofre novamente, pois busca o mesmo tipo
de pessoa daquela que a traiu, ao mesmo tempo que se busca ter o domínio dessa segunda vez, de não ser traída,
tem essa questão de que comumente é traída novamente sim.

UM NOVO PROBLEMA
• O trabalho da resistência fez com que seus pacientes não abandonassem prematuramente o tratamento,
entretanto eles não conseguiam mais terminá-lo.
• “Nos primeiros anos de minha clínica psicanalítica, costumava ter a maior dificuldade em persuadir
meus pacientes a continuarem sua análise. Esta dificuldade há muito tempo foi substituída e hoje
tenho de me dar aos maiores trabalhos para induzí-los a abandoná-la” (Sobre o início do tratamento,
in: Obras Completas, vol XII)
• Em 1920 Freud começa a observar a “reação terapêutica negativa” nos tratamentos prolongados.

O que antes era difícil manter os pacientes em tratamento, pois com a hipnose, ao eliminar os sintomas, as
pessoas tendiam a abandonar o tratamento. Agora com a resistência, isso se invertia, fazendo com que os pacientes
não abandonassem mais o tratamento, mas também de não conseguir os terminar.
Percebe-se a configuração de dependência que vai estabelecendo-se pelos pacientes com o terapeuta.
Assim como, da observação da reação terapêutica negativa que se tinha nos tratamentos prolongados.

REAÇÃO TERAPÊUTICA NEGATIVA


• “Há pessoas que se comportam muito peculiarmente no trabalho analítico. Quando lhes é dada esperança e
mostrada satisfação com a marcha do tratamento, parecem insatisfeitas e geralmente pioram seu estado.
No começo enxerga-se nisso rebeldia e esforço de demonstrar superioridade ao médico. Depois chega-se a
uma visão mais profunda e justa. Não só nos convencemos de que tais pessoas não toleram elogio e
reconhecimento, mas de que reagem aos progressos da terapia de maneira inversa. Toda solução parcial,
que deveria trazer – e traz em outros – uma melhora ou suspensão temporária dos sintomas, nelas provoca
um momentâneo exacerbar do sofrimento, elas ficam piores durante o tratamento, em vez de melhorar.
Mostram a chamada reação terapêutica negativa.” (FREUD, 1923/2016, p. 61)

Acontece muito na clínica, principalmente com pacientes melancólicos. O trabalho vai desenvolvendo-se e
conforme o terapeuta elogia as melhoras, na sessão seguinte o cliente se mostra pior, podendo demonstrar uma
dependência do paciente em relação a ideia de acabar o processo terapêutico, “estou melhorando, logo vou parar
de vir aqui”; assim como, a possibilidade de estar com uma culpa inconsciente, onde o cliente não aceita a
possibilidade de que pode melhorar e ficar bom, presencia um remoer dessa culpa.

• Freud, depois de ter analisado a rebeldia na transferência, o narcisismo e o benefício secundário, atribuirá
esse fenômeno ao sentimento inconsciente de culpa que é sustentado pelo superego.
• Para ser mais preciso, Freud separa dois fenômenos (embora eles apareçam simultaneamente com
frequência): o masoquismo do ego e o sadismo do superego.
• A leitura aprofundada se coloca em O problema econômico do masoquismo (1924), O mal estar na
civilização (1930) e em Análise terminável e interminável (1937).

Freud irá analisar a rebeldia na transferência, o narcisismo, assim como o benefício secundário da doença.
Rebeldia na transferência seria o cliente atacar o terapeuta, dizendo coisas como “você não é tão bom”,
“esse Freud não sabe de nada”, afins, questões do cliente relacionadas a mostrar ao terapeuta que ele tem um valor
menor que o esperado, “você não é tudo isso”.
O narcisismo envolve o isolamento, o eu comigo mesmo, onde o paciente prefere a si mesmo, ficar em um
local fechado e sozinho.
Benefício secundário da doença seria tudo aquilo que se ganha de bom através da doença; o conforto obtido
com a doença, como as pessoas da guerra e paralisia, ter alguma paralisia impediria de ir para a guerra, até as
pessoas que ainda não foram para a guerra, desenvolviam a sintomática para que não precisassem ir.
Depois dessa análise a respeito dos três pontos comentados acima, Freud acabará atribuindo esses
fenômenos ao sentimento de culpa inconsciente que o superego sustenta; em fantasia o sujeito acha que fez algo
completamente horrível e inaceitável e, por isso, precisa ser punida, procurando ao longo de sua vida por situações
onde será punida, humilhada, rebaixada; concordando com esse outro “realmente sou um saco, sou horrível, etc..” –
que seria um ego masoquista, que sente prazer em sofrer, junto do superego sádico que massacra o ego.
Essa junção do ego masoquista e superego sádico acabam por resultar em melancolia.
Há situações onde se fala do masoquismo do ego sem o sadismo do superego, principalmente um
masoquismo moral do ego, se trata de pessoas que são ofendidas, passadas para trás, excluídas do grupo, afins, ao
mesmo tempo em que é ofendida, sentem um prazer por superioridade moral, “fui roubado, pegaram minha
carteira... mas fazer o que né? Bandido é assim, essa gente, não adianta mesmo”, “eles me ofendem, pois são
baixos, mesquinhos, coitados... não vou me rebaixar para responder essa gente”. Sentem o prazer nessas situações,
pois se colocam como superiores moralmente, então o dano em teoria sofrido não é reconhecido dessa forma, é
reconhecido com prazer moral.
Ao ser traído a pessoa pode ter um ganho narcísico,”eu nunca conseguiria fazer algo do tipo com essa
pessoa, eu sou tão bom, caridoso, afins...”, embora a pessoa tenha vivenciado um dano/prejuízo moral, não
respondem como tal, pois sentem esse prazer de moralmente superior; uma superioridade fantasiada que
compensa o prejuízo recebido.

A “TÉCNICA ATIVA”
• Para tentar encurtar os tratamentos, Freud incorpora os princípios da técnica ativa desenvolvida por S.
Ferenczi (falaremos dela em outra aula)
• Estabelece um prazo para o término do tratamento, independentemente dos resultados alcançados
até o momento. (Homem dos Lobos)
• O trabalho, perto do fim, rende muito. Entretanto Freud abandona o método pouco depois,
recomendando que o analista permaneça atemporal
• Alguns (Gilliéron e Sifneos) afirmam que Freud abandonou a técnica por estar mais
interessado em fazer ciência do que curar pessoas
• Entretanto sabemos (pelo texto de Brunswick) que o Homem do Lobos desenvolve uma
paranóia grave alguns anos depois de seu atendimento com Freud. Daí a importância da
seleção de pacientes.

Freud começou a adotar o princípio técnico de Ferenczi, com uma técnica ativa. O tratamento teria tempo
delimitado. Cita-se o caso do Homem dos Lobos, onde Freud disse que atenderia o caso por mais 6 meses e o
tratamento terminaria como tivesse que acabar, quem estivesse bem, quer não. Com o decorrer das sessões,
próximo do final do processo, o Homem dos Lobos percebeu que realmente teria um fim ao seu tratamento, que
não teria todo o tempo do mundo, então ele começou a fazer muitas associações, melhorando muito.
Mais adiante Freud abandona essa técnica ativa, dizendo que o analista precisa manter-se atemporal,
dizendo para manter-se atendendo no tempo do paciente.
Há críticos que dizem que Freud era mais teórico que clínico, que precisaria manter o Homem dos Lobos
para desenvolver melhor questões teóricas, não se preocupando com o tratamento em si.
Atentar-se que essa questão de prazo do tratamento é sim válida, mas não para todos os tipos de caso,
conforme já comentado, casos mais graves se recomenda a psicanálise tradicional – paciente no seu tempo, não o
tempo do terapeuta.

A DIVISÃO DA PULSÃO DE MORTE


• As explicações de Freud para a reação terapêutica negativa são de ordem metapsicológica
• Pulsão de morte
• Compulsão à repetição
• Estas explicações são pouco aceitas pelos psicanalistas, que dividem o campo de estudo da relação
terapêutica
• Causas metapsicológicas (Abraham, Jones, Klein)
• Causas relacionais (Ferenczi, Rank)
• Incluirão cada vez mais dados externos para compreender o que se passa (“two body
psychology”, Rickman)

A pulsão de morte explica a reação terapêutica negativa, quando essa reação acontece, Freud atribui
questões teóricas e especulativas para tal, modelos para tentar compreender o funcionamento da mente – como
superego, ego, id; ego masoquista e superego sádico, por exemplo.
Outros estudiosos irão estudar as causas relacionais, sendo assim, a relação, incluindo dados externos ao
sujeito para se compreender o que se passa com ele. Os problemas são de relação, determinado terapeuta que não
está conseguindo entender/se irrita/não tem paciência/está cansado/etc... Trata-se de uma psicologia que não olha
somente para o paciente, mas para ele em uma relação, no caso, com o terapeuta. O terapeuta não estaria
utilizando uma técnica adequada e específica para o quadro em questão, mas estaria usando técnicas genéricas.
A criança faz bullying, pois sofreu bullying. As primeiras crianças que começaram a fazer bullying com outras
crianças, sofreram de adultos, dos próprios pais que diziam coisas horríveis para ela, a forma que os pais se
tratavam, brigavam, afins. Trauma no sentido de a criança não conseguir digerir e entender aquele conteúdo
naquele momento, se o conteúdo ultrapassa a capacidade de processamento da mente, trata-se de um conteúdo
traumático; do contrário, se conseguir digerir ao conteúdo, não é traumático.
Ser tela em branco com todos os pacientes não funciona, há quadros que não se beneficiam desse tipo de
tratamento e, por isso, Ferenczi utiliza de outros modos, atendendo o paciente com base na sua personalidade
(aquela pergunta em vermelho da primeira aula).

A PULSÃO DE MORTE
• A pulsão de morte surge na segunda teoria das pulsões de Freud.
• Anteriormente Freud dividia as pulsões em pulsões sexuais e pulsões do ego. Tal divisão vinha acompanhar
os imperativos biológicos:
• O indivíduo possui, ao mesmo tempo, duas “obrigações” biológicas, a primeira é permanecer vivo
(autoconservação, pulsões do ego) e a segunda é passar adiante sua carga genética (sobrevivência da
espécie, pulsões sexuais).
• Observando na clínica a reação terapêutica negativa, a compulsão à repetição, e no mundo externo a
Primeira Guerra Mundial e a ascensão do Nazismo, Freud reformula sua teoria sobre o que move o sujeito
(teoria das pulsões), agora dividindo-as em pulsões de vida e pulsões de morte.

Pulsão se trata do equivalente humano do conceito de instinto, que impulsiona o sujeito. No animal se tem
instinto de fome, sede, afim. No homem, não se tem o instinto estereotipado, trata-se de pulsões. Existem dois tipos
de pulsões, as pulsões de autoconservação – do ego – e de sobrevivência da espécie – pulsões sexuais. Basicamente,
ficar vivo e passar sua carga genética adiante.
Agora, após observar a reação terapêutica negativa, a compulsão a repetição, todos os acontecimentos tidos
como problemáticos no mundo, Primeira Guerra Mundial, Nazismo, afins. A teoria das pulsões é reformulada e
dividindo-as em pulsões de vida e pulsões de morte.

• Muito resumidamente diremos que a pulsão de vida se manifesta em tudo que procura reunir, agregar,
crescer, desenvolver e que a pulsão de morte está naquilo que busca destruir, eliminar, despedaçar, levar ao
nível zero (morte).
• A importância desta reformulação não se localiza, obviamente, no fato de incorporar a agressividade na
conduta humana (posto que o sujeito poderia ser agressivo para se proteger – pulsões egóicas – ou para
proteger sua prole – pulsões sexuais), mas sim em colocar a agressividade como um fim em si mesma
(pulsão de morte).
• Freud, entretanto, dirá que sempre as pulsões aparecem juntas, mas em proporções distintas (para
criar algo temos sempre que “destruir” algo).

Por que o tratamento fica muito prolongado e não se desenvolve? Pois existem pulsões dentro dessa pessoa,
não mais visto como pulsões do ego ou sexuais (pois não consegue mais explicar adequadamente o mundo, toda a
agressividade ocorrendo no mundo, por exemplo, a agressividade pode ocorrer para preservação –ego – ou para
proteger sua prole – sexual –, no caso, a agressividade com fim em si mesmo não é de autopreservação e nem
sexual), mas que possuímos pulsões de vida e pulsões de morte, no caso, o tratamento não se desenvolve, pois o
sujeito está inundado de pulsões de morte.
Existem coisas que visam à morte e a destruição, o que move aquele sujeito não é a autoconservação – do
ego – e nem mesmo de sobrevivência da espécie – sexual. A pulsão de morte se trata de um instinto destrutivo, a
destruição que move o sujeito, a elevação a nível zero (morte, excitação a nível zero). Já, do outro lado, existe as
pulsões de vida, que é basicamente resumida em questões de crescimento, desenvolvimento, afins.
Em nível de senso comum, namorar, reunir-se em grupos, estudar, questões que se dirigem a pluralidade,
pulsão de vida, já outras coisas ocorrem com impulso em direção à morte, como ofender, agredir, machucar-se – o
sujeito tenta eliminar o outro ou a si próprio.
A pulsão de morte se trata de uma busca pelo nada, pelo retorno ao zero (nada). A pulsão de morte se trata
do rebaixamento total de tensão, onde o desprazer é zero, um estado distante da angustia. Exemplo um autista,
sofre de coisas muito diferentes das que as pessoas sofrem, não sofre de amor, de expectativas não alcançadas;
narcísico no sentido de não se relacionar com ninguém (vivo), o livro não irá o abandonar, não irá o criticar, afins...
Pulsão de morte no sentido de não querer desenvolver-se, quer permanecer em uma situação em que pode
controlar, sem tensões. Diferentemente da pulsão de vida, como em um relacionamento, tem muita tensão, o
sujeito vive a mercê de outro, se preocupa com as vontades e tudo desse outro. A pulsão de morte está misturada
com a de vida, pois para só sobrar pulsão de morte, o indivíduo teria que estar morto, o suicídio ocorre quando a
pulsão de morte toma conta do indivíduo.

OS “FATORES EXTERNOS”
• Com a 2ª Guerra Mundial cada vez mais os acontecimentos reais ganham importância:
• Neuroses de guerra, crises conjugais, crises profissionais etc.
• Os mitos da “tela em branco” e da autonomia da realidade psíquica cada vez mais perdem sua força,
especialmente através dos estudos da Escola Inglesa (Ferenczi, Winnicott, Balint, Kohut) e da
neurociência afetiva (Panksepp, Damásio, Gabbard)
• Entretanto ainda hoje muitos analistas desconsideram os fatores externos no tratamento de seus pacientes
• Todos os fenômenos são interpretações mais ou menos distorcidas pelo paciente
• O analista é uma “tela em branco” no qual o paciente projeta suas fantasias e desejos

Antes, os acontecimentos importantes ocorriam em nível de fantasia, ocorreu em pensamentos,


internamente. O adoecimento ocorria por decorrência de fantasias. Agora, os acontecimentos reais que vão
ganhando importância, como as guerras, bombas atômicas, muitas questões difíceis de serem digeridas, logo,
traumáticas. Muitas coisas de fora, externas, excitavam o cérebro a um nível difícil demais de conciliar, de lidar.
Sendo assim, com todas essas questões externas tornando-se importantes, se torna muito difícil manter o
terapeuta como uma tela em branca, como uma função de espelhamento e eco. O terapeuta se veste de uma forma,
decora a sala, fala coisas, possui redes sociais, compartilha notícias, possui um gênero, afins, inúmeras questões que
mostram a dificuldade e o distanciamento em ser uma tela em branco.
O importante para se atentar, não é no que de fato ocorreu, mas sim na forma que o cliente interpretou essa
situação. A realidade psíquica possui autonomia em relação à realidade concreta. Diante de o professor dar um soco
na mesa – r. concreta –, cada um pode compreender a situação de uma forma diferente – r. psíquica. Quer uma
interpretação positiva ou negativa, contudo, do outro lado, existem situações que não se tem como interpretar
positivamente, perder a perna em uma guerra não tem como ser interpretado positivamente; sendo assim, vai-se
dando importância para os acontecimentos na realidade concreta.
Enquanto Klein falava da realidade psíquica, as fantasias da criança em relação à mãe, Winnicott se interessa
em saber sobre a realidade concreta, “Quem foi essa mãe de verdade? Ela deu carinho de verdade ou ela só
espancou e ofendeu?”. Sendo assim, a realidade concreta influi na interpretação que a realidade psíquica terá, pois
como pensar bem de uma mãe que tudo que fez foi bater?
Estudos decorrentes da neurociência afetiva, dizem que existem modificações ocorridas no cérebro através
do afeto, do cuidado, do desprezo, afins. A realidade psíquica não é tão pertinente, se debruça sobre o concreto;
embora sim, algumas pessoas se mostram muito prejudicadas na fase adulta por decorrência de toda a distorção da
realidade realizada – interpretações distorcidas na realidade psíquica, fantasiadas – na infância. Em sua grande
maioria, o sujeito interpreta uma situação por decorrência de sua realidade concreta, sem distorções fantasiadas.

DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA PSICOTERAPIA DINÂMICA


• 1940-1950: poucas publicações, exclusivamente de psicanalistas
• 1950-1960: número de publicações aumenta, mais da metade falando de situações de crise
• 1960-...:
• publicações se multiplicam, ¾ se preocupam com as necessidades externas da população
• Referências psicanalíticas são raras
• Técnicas descritas como alheias à psicanálise (TCC, grupos de dramatização, tratamento de famílias)

1940-50: Praticamente só se tinha publicações de psicanálise clássica


1950-60: Publicações referentes a crise, como pobreza, guerra, afins, assaltos, homicídios...
1660-??: Difícil algo psicanalítico que fale exclusivamente sobre o mundo fantasioso do paciente, já que
nesse período se tem um enfoque no concreto, não na realidade psíquica. As técnicas tidas como da TCC, grupos de
dramatização, tratamento de familiare, limites de sessão, estipular hipótese de base, afins, inúmeras questões que
vão surgindo como novas, na verdade já haviam sido estruturadas pela psicanálise enquanto setting. Na psicologia
sistêmica, Kurt Lewin já se falava sobre, na psicologia transgeracional também se tinha falado inicialmente através
da psicanálise. As técnicas após a psicanálise surgem como eco da psicanálise, por questões históricas mesmo, surgiu
antes e teve tempo para se criar e inventar antes.

RAZÕES PARA ESTA EVOLUÇÃO


• Dificuldades econômicas da maioria dos pacientes
• Falta de tempo dos pacientes
• Dificuldade de locomoção nas grandes cidades
• Dificuldade de verbalização/simbolização das classes econômicas menos favorecidas
• Situações de crise e catástrofes
• “Pressa” dos pacientes para obter o resultado
• Cultura da performance
• Cultura do bem estar permanente

Era difícil que os pacientes mantivessem o atendimento 5 vezes por semana, a nível econômico se mostrava
insustentavel. Freud e os analistas precisavam de muitos atendimentos para descobrirem o que estavam fazendo,
estavam criando a psicoterapia e não sabiam para onde ir, por isso o enorme número de atendimentos na
psicanálise clássica.
Os pacientes tinham que viver próximo do terapeuta, o que dificultava sua locomoção, tinham que se
locomover nas grandes cidades, todos os dias gastando tempo de percurso na ida, a terapia e a volta, o que não se
sustentava, se mostrava muita demanda de tempo diariamente (3-4 horas diárias); com isso que surge a psicoterapia
de abordagem análitica breve. Nessa perspectiva, o uso de tecnologias é uma forma de se lidar com esse transporte,
podendo ser atendido de qualquer lugar, a qualquer distância.
Era necessário o paciente nomear o que estava sentindo, descrever isso, o que estava se passando dentro de
si. Dependendo da classe social, o sujeito não tem um nível de vocabulário correspondente – Freud tinha um
vocabulário rico e vasto. Atualmente, muitos sujeitos não possuem capacidade de verbalizar essas questões que
sente, com isso se usa do comportamento, respiração, sugere-se exercícios, afins; deixando a reflexão, o falar e
processar a informação, simbolizar, questões como essas da psicanálise vão sendo deixadas de lado; por questões
sociais, de tempo, as pessoas precisam trabalhar e não conseguem tempo para ler um livro, por exemplo, ou não
possuem o hábito, afins, questões que interferiam no processo psicanalítico clássico.
Em situações de crise e catástrofe, se percebe que são mais pontuais, o paciente procurava ajuda para que
pudesse encontrar uma forma de suportar o período de crise que estava passando naquele momento – por isso
pontual, o foco era para se livrar da crise. O paciente tinha como inaceitável tudo que vivenciava tido como negativo,
que incentivado a superar logo, a passar logo por esse momento, focalizando apenas no positivo – o que na visão
psicanalítica é algo muito limitante, pois limita a experiência humana, o homem possui partes melancólicas também,
partes tristes e reflexivas, onde se tem aprendizagem durante este período, conteúdo que se perde se tentar passar
rapidamente por aquela situação.

O QUE MUDA?
• A psicanálise caracteriza-se pelo uso do divã, 4 a 5 sessões semanais, analista neutro (“tela em branco”) e
uso intenso da interpretação da transferência.
• A psicoterapia psicanalítica utiliza-se de poltrona (o paciente vê o terapeuta), 1 a 3 sessões semanais,
terapeuta natural e espontâneo (“pessoal real”), interpretação moderada das defesas e da transferência, uso
maior de esclarecimento, sugestão e até mesmo técnicas comportamentais.

A psicanálise clássica permanece a mesma já conhecida, divã, interpreta transferência, serve como tela em
branco/espelho, várias sessões semanais. “olha só como existem coisas mal resolvidas que está jogando nas pessoas
de hoje, que dizem respeito a pessoas do passado”.
Na psicoterapia psicanalítica se tem o paciente e terapeuta se vendo um de frente para o outro, de 1 a 3
sessões semanais, mais apenas diante de crises e necessidade, o terapeuta é mais natural e espontâneo –
permanecendo terapeuta, não artificialmente neutro e tela em branco –, algumas coisas da transferência e da
defesa se percebe mas não analísa, apenas deixa aquilo ali e tenta ver se lida com isso enquanto “come pelas
beiradas – não focar na análise da transferência ou defesa, por exemplo. O uso de técnicas comportamentais são
usadas como recurso para se atingir a cura, acalmar o cliente com técnica de respiração, de modo que ele se acalme
e respire para conseguir falar e elaborar conteúdos, por exemplo.
SLIDE: A PSICANÁLISE E AS PSICOTERAPIAS

O objetivo, neste momento, é diferenciar psicoterapia de psicanálise, para que depois se diferencie a
psicoterapia da psicoterapia breve.

QUAL A ORIGEM DA PSICOTERAPIA?


• Dizem que a psicoterapia é uma arte antiga mas uma ciência nova
• Podemos encontrar a prática da psicoterapia como arte desde Hipócrates
• Existem técnicas que trabalham com o psíquico mas que não são propriamente psicoterapias
• O tratamento moral de Pinel e Esquirol: é impessoal
• A hipnose: é pessoal mas o paciente é passivo
• Foi Sigmund Freud quem inaugurou a psicoterapia tal a conhecemos agora: científica e interpessoal

Desde Hipócrates, enquanto arte, um fazer intuitivo por tentativa e erro, de tentar acolher e ouvir, é algo
velho; mas como ciência, é algo bem recente e novo.
Tratamentos morais não são considerados psicoterapia, pois não impessoais, diziamque X doença é por falta
de Deus, é pela imoralidade do sujeito, afins. Não envolve a história do sujeito, questões pessoais. No tratamento
moral o sujeito funcionava como um presidiário, acordava determinado horário, comiam, trabalhavam, eram
formatados a voltar para a realidade. Um “tratamento” ressocializante, usando do ofício, da religião, afins, regras,
rotina. A imoralidade, antigamente, era associada a doença mental.
Já hipnose é algo pessoal, onde se faz um a um, onde o paciente é passivo. Diferente do modelo médico, o
paciente não pode ser passivo para o tratamento psicoterapeutico, ele não pode dormir ou tomar anestesia, fazer
cirurgia e acordar curado. Na hipnose é assim como o modelo médico, o paciente não fazia nada, ele só era
hipnotizado e o hipnólogo que fazia o trabalho ativo. Também não é considerada psicoterapia,é considerado outra
coisa.
A psicoterapia estudada inicia-se com Freud.

O QUE É PSICOTERAPIA?
• “Será psicoterapia um tratamento dirigido à psique, em um marco de relação interpessoal e com respaldo de
uma teoria científica da personalidade” (Etchegoyen, 2008)
• Portanto os traços que marcam a psicoterapia são:
• Método/instrumento: uso da palavra, melhor dizendo, linguagem verbal e não-verbal
• Marco: relação interpessoal
• Finalidade: curar
• Qualquer outra atividade que não tenha estes traços não é psicoterapia (ensino, doutrinação, catequese etc)

Dirigido a psíque, então banhos e massagens não são inclusos aqui. “o que é essa pessoa? O que está
aparecendo? O que que falta?”, usar de uma teoria – da personalidade.
Usa da linguagem verbal e não verbal – assim como paraverbal, como intonação, pausas no diálogo, afins,
coisas que dão a cadência e o sentido da fala –, esse é o instrumento do psicoterapeuta, nenhum instrumento além
da palavra. Embora use intervenções como técnicas de respiração, relaxamento, afins, se usa sempre o falar do
terapeuta e do cliente.
É uma relação interpessoal, distinguindo-se de uma hipnóse, uma palestra, afins, onde se usa da linguagem
mas não é uma relação de troca.
Se tem como a finalidade a cura, o alívio de sofrimento, produzir saúde e bem-estar.

FATORES UNIVERSAIS NA PSICOTERAPIA


• Apoio emocional: a neurose pressupõe a regressão em algum nível, na psicoterapia o paciente procura
encontrar pelo menos alguma satisfação da sua necessidade de dependência.
• Apoio intelectual: por conta da ansiedade e preocupação com seus sintomas, o paciente frequentemente
tem dificuldades em lidar com seus problemas; o terapeuta pode ajudar o paciente a ver as coisas mais
objetivamente (fronteiras do subjetivo)
• Descarga emocional: toda forma de terapia fornece uma oportunidade do paciente expressar suas emoções

Existem mais de 400 tipos de psicoterapias, muitas delas – não todas – produzindo algum tipo de alívio.
Então estudiosos começaram a estudar os tipos de terapia, procurando o que possuem em comum entre elas e
tentar achar o que seria o fator que cura, conforme já comentado anteriormente a respeito da eficácia próxima e
similar entre outras abordagens. O terapeuta precisa ser competente e engajar-se com o paciente, não exatamente
a teoria, as apostas – através de teorias – sobre o sofrimento e o que proporcionaria esse alívio, o fator universal das
psicoterapias seria o apoio emocional, o cuidado – o terapeuta que se coloca disponível ao paciente desenvolve o
vínculo mais facilmente com o paciente.
O paciente que sofre uma problemática chega na terapia perdido, sem conseguir decidir ou pensar com
clareza, dificuldade na fronteira do subjetivo, do que está interpretando e o que está ocorrendo na realidade (o
paciente não consegue ver essa fronteira subjetivo-concreto); o terapeuta irá auxiliar o paciente a ver o mundo de
forma mais objetiva – de inúmeras formas, depende da abordagem, TCC como crença, psicanálise com as defesas,
afins.
Por fim, toda terapia envolve um momento em que o paciente consiga chorar, a catarse, descarga
emocional, é um fator emocional de alívio. Poder chorar, sentir raiva, medo, felicidade, afins, compartilhar com um
outro o que “precisa”, arriscar suas emoções para poder se apropriar delas, “buscar-se” sem ser julgado, podendo
arriscar do humor sem ser ridicularizado, afins. Ela pode se “desmontar” e sabe que terá tempo para se
“reestruturar” de volta – terapia tem tempo determinado, comumente 1 hora.

O INÍCIO DA SEPARAÇÃO
• Freud foi quem primeiramente diferenciou a psicanálise da psicoterapia, afirmava que a primeira trabalhava
per via di levare (tirar ou retirar, em italiano) e a segunda per via di porre (colocar, em italiano). Esta
separação segue aquela de Leonardo Da Vinci quando fala das artes (pintura e escultura).
• “há entre a técnica sugestiva e a analítica a maior antítese possível, aquela que o grande Leonardo
da Vinci resumiu em relação às artes nas fórmulas per via di porre, per via di levare. A pintura, diz
Leonardo, trabalha per via di porre, pois deposita sobre a tela incolor partículas coloridas que antes
não estavam ali; já a escultura, ao contrário, funciona per via di levare, pois retira da pedra tudo o
que encobre a superfície da estátua nela contida.” (Freud, 1904/1989b, p. 244)

A psicanálise foi criada diante da demanda que Freud encontrava, sentar com alguém e fazer o que se faz,
conversar, investigar o que se acontece, destrinchar o conteúdo e fazer o sujeito se apropriar de sua história e tomar
decisões com base em uma visão mais realista de si e dos outros.
Freud quem diferencia psicanálise de psicoterapia, inicialmente. Na psicanálise o psicanalista não “adiciona”
nada, ele não da dica, não expressa sua opinião, ele “retira” as coisas, as defesas, fobias, as memórias reprimidas (de
dentro de si), retirar tudo que não é “de verdade” desse sujeito. Já psicoterapia vai “colocar”, sugestões – tente
arrismar fazer X” –, técnicas, informações através da psicoeducação, colocando coisas para se atingir o resultado
final.
O pintor poderia fazer qualquer pintura – um rosto, uma árvore, afins, o escultor só pega o que já se tem e
retira pedaços, o escultor olha para a pedra e vê algo, retirando tudo que não é isso. “essa pedra é um homem
deitado, então retiro tudo que não é esse homem”. O homem é como a escultura do homem deitado, para a
psicanálise clássica, o homem é esse homem deitado e, precisa retirar dele tudo que não for esse homem deitado.
No caso de psicoterapia, temos a Super Nanny, que usa de adição de coisas, colocar um quadro onde marca
sobre o comportamento da criança, colocar de castigo, afins, é como um pintor que produz o quadro “mãe
adequada”, colocando coisas, ensinando, dando sugestões – através de uma abordagem bastante comportamental;
Pegando a iamgem de mãe que a S.Nanny tem e pintando nesse quadro – mãe.
Na psicanálise, irá conversar com a mãe e ir tirando dela as coisas, o medo de punir o filho e ser odiada,
afins. “se eu brigar com ele ele irá virar a cara”, investigar junto da mãe ela mesma, de modo que ela possa se tornar
uma mãe da forma que ela é, sem as inibições que tem, os medos, afins; Pegando e deixando apenas a imagem de
mãe que já existe nessa mãe, não um conceito do que se é mãe e o pintar-acrescentar nessa mãe.
Intuitivamente a mãe sabe como se cuidar de um filho, isso ocorre há milhares de anos, pela psicanálise, ela
só tem muito medo de algumas coisas, por conta do que vão dizendo dela, para tal, se busca retirar esses medos,
para que ela seja a mãe da forma dela, ser mãe seguindo os próprios valores dela.

PSICOTERAPIAS DE APOIO E DE EXPLORAÇÃO


• Robert P. Knight, dentre outros, diferenciam as técnicas psicoterapêuticas entre as de apoio/ansiolíticas e as
de exploração/dinâmicas.
• As primeiras visam sustentar o paciente num momento de crise, seu objetivo é diminuir a ansiedade
(medidas repressivas)
• As segundas visam o autoconhecimento como método de resolução de problemas atuais ou futuros
(medidas expressivas)
Saindo da psicanálise clássica e entrando em psicoterapia, se tem a divisão dessas em dois tipos, ansiolíticas
ou de apoio.
As psicoterapias de apoio/ansiolíticas trabalham no sentido de acalmar uma pessoa em crise, fazer com que
respire e se acalme, na tentativa de superar uma crise, demissão, luto, separação, afins. Sustentar essa pessoa
usando de medidas repressivas, “não foque nisso”, “tente não pensar muito nisso”, técnicas repressivas que não
permitem a vasão dos sentimentos e ideias.
Já técnicas de exploração/dinâmicas visam no sujeito explorar-se e investigar seu funcionamento, reunindo
informações do paciente para que ele possa superar a situação que encontrar de sua própria maneira, diante das
coisas que consegue ou não fazer, conhecer-se para poder superar problemas atuais e prevenir problemas futuros.
“determinado tipo de trabalho/pessoa me faz sofrer muito, logo, não farei novamente”.

OS EIXOS DO TRABALHO PSICOTERAPÊUTICO


• Bibring afirma existirem cinco eixos terapêuticos nas técnicas psicoterapêuticas:
• Sugestiva: incentivos ou reasseguramentos
• Ab-reativa: descarga de afetos
• Manipulativa: o médico se oferece como modelo de identificação
• Esclarecedora: fornecimento de uma explicação possível para os dados fornecidos (um nível mais
raso do que a interpretação)
• Interpretativa: retira seu caráter terapêutico do insight
• Segundo o mesmo autor, o que diferencia a psicanálise das demais é que os três primeiros componentes são
de caráter técnico e apenas os dois últimos são de caráter terapêutico.

Cinco áreas principais de trabalho, que as psicoterapias irão todas fazer esses eixos, mas possuem perfis
(podem focar um eixo, mas terá presente todos, são universais).
O eixo sugestivo, “você consegue sim”, “você está preocupado atoa, vai lá que irá dar certo”
Eixo ab-reativo irá se referir ao espaço do sujeito viver as reações, dar vasão aos sentimentos, chorar, gritar,
sentir raiva, fazer coisas para destravar os afetos travados (muito usado em psicossomática, do conteúdo não falado
e vivido se transformando/somatizadas em questões corporais)
Manipulativo, o médico se coloca como um modelo para o cliente, “olha eu também já tive ataque de
pânico, eu sei como que é, eu fazia X, Y, Z, talvés você possa tentar, eu sei que funciona”, é um “aja como eu”. Na
psicanálise isso ocorre mesmo que sem intenção, o paciente começa a fazer as perguntas que o terapeuta fazem,
internalizam a figura do terapeuta e fizessem perguntas mentais para o terapeuta figura.
No eixo esclarecedor se tem a psicoeducação, informar a respeito das coisas, “o cérebro funciona assim...”,
“quando se tem muito estresse o corpo funciona assim...” O caráter explicativo das coisas, o simbolismo dessa
explicação em sí trás um alívio, pois permite que compreenda a situação. Independentemente do valor concreto da
informação, apenas a explicação do fenômeno, trazer uma ordem para algo incompreensível, trazendo para a
racionalidade, promove um efeito terapêutico, contanto que essa racionalidade tenha valor para o sujeito. Exemplo
família espírita, ao receber um passe e alguém me explicar algo que está sentindo diante da situação, surge um
efeito terapêutico, pois explica e organiza algo que estava incompreensível para o sujeito. “Por que que estou
sofrendo?” “Por X, Y e Z”.
Já no caráter interpretativo se tem um caráter mais pessoal, daquele sujeito, não se explica sobre o como o
mundo funciona, mas sim ao paciente, o como ele funciona. “sua vida foi de X jeito, por isso que você está agindo
ASSIM ou ASSADO atualmente”.
Para a psicanálise – a cura é pela interpretação das resistências, por exemplo , de sua transferência –,
enquanto o eixo sugestivo, ab-reativo e manipulativo promovem condições para o tratamento, para o processo, a
cura propriamente dita viria através do eixo esclarecedor e do interpretativo (que se é possível através dos outros
eixos, sugerindo que venha duas vezes por semana, que continue a falar, dizendo que ele consegue sim lidar com
determinada situação dolorosa, condições para que o cliente continue no processo e atinja os eixos terapeuticos
propriamente, interpretando e esclarecendo-se. Sobre a ab-reação, ele pode chorar, sentir as situações e emoções,
mas o objetivo seria ele perceber-se, promover insight, esclarecer sobre si. Os três primeiros eixos são “meios” para
se atingir o “fim”, os dois ultimos eixos.

MATERIAIS E INSTRUMENTOS
• O trabalho psicoterapêutico pode ser visto numa divisão entre material e instrumentos: o paciente fornece o
material (consciente ou inconscientemente) acerca de sua condição e o analista/terapeuta utiliza de seus
instrumentos para proporcionar a cura/alívio.
• O psicoterapeuta possui vários instrumentos à seu dispor, divididos em três categorias:
• Instrumentos para influir sobre o paciente
• Instrumentos para obter informações
• Instrumentos para oferecer informação

O trabalho da psicoterapia pode se dividir em material e instrumento. Como material cita-se o conteúdo que
o paciente for trazendo – consciente ou inconsciente – sobre sua condição, pelo discurso, atos falhos, afins, mostra o
como ele está; O material é verbal, paraverbal e não-verbal – por exemplo, o ritmo de sua fala, o como ele paga as
sessões, o material que o paciente trás na terapia, como vídeos, músicas, pinturas, afins. A arte é um suporte
socialmente compartilhado da angústia, como músicas sobre ex namorados, por exemplo, faz sucesso pois consegue
colocar em palavras o que muitos estão sentindo, suas angustias.
Existem milhares de histórias – materiais que o pacientinho pode trazer em terapia – que atravessaram a
humanidade, questiona-se o motivo de ainda se falar dos três porquinhos, o lobo mal, afins. São histórias que
refletem as angustias grandes – como medo de ser devorado, de ser esquecido – de crianças pequenas. São
tentativas de elaboração dessas angustias que a criança sente, pedir repetidamente para que leiam para elas, é mais
uma tentativa dessa criança elaborar suas angustias.
Mesmo conhecendo a série, o filme, afins que o paciente está trazendo na sessão, pede-se para que ele
conte sobre do que se trata, pois permite adentrar o universo simbólico do paciente, permiote que ele demonstre se
possui distorções e o que ele da destaque – por que isso marcou o cliente?; na medida que esses materiais são os
referenciais pelo qual o cliente se mostrará para o terapeuta – eu sou como o personagem X.
Já o analista usa de seus instrumentos para provocar o alívio no paciente. Ele usa instrumentos que podem
influenciar sobre o paciente, instrumentos que permite obter/’colher’ informações, assim como, instrumentos que
permitem oferecer informações – seria o eixo esclarecedor?

INSTRUMENTOS PARA INFLUIR SOBRE O PACIENTE


• São instrumentos de influência direta sobre o paciente, com o propósito de mudança, de melhora. Entende-
se por melhora o alívio ou desaparecimento de sintomas.
• Os procedimentos de apoio, de sugestão, de persuasão, entre outros, atuam mais na conduta do que na
personalidade.
• O perigo mais óbvio de utilizar estes instrumentos com finalidades terapêuticas é o desenvolvimento de uma
dependência do paciente.
• Além disso, caso a oferta de apoio não seja totalmente verdadeira, normalmente ocorrerá um
aumento da insegurança.
• O uso técnico do apoio é inevitável em qualquer psicoterapia.

“Você tem que parar de ligar para X pessoa”, “não pode falar assim com os outros”, “você precisa parar de
ser tão crítico”, afins. Procedimentos que atuam sobre a conduta do paciente, não de sua personalidade. São
conteúdos que não advem de dentro – não são interpretativos, por exemplo.
Esses instrumentos que influem sobre o paciente são pertinentes a nível de finalidade técnica, como falar
que o paciente precisa chegar no horário; mas não é util a nível terapêutico, pois tem o risco de se gerar
dependencia do paciente sobre o terapeuta; pois o paciente acha que precisa da ‘cabeça’ do terapeuta para se
pensar por ela, “o que você acha que eu devo fazer?”, “se acha que tenho que falar com Fulano?”
Usar desses recursos de influência sobre a conduta do paciente, pode gerar e aumentar a insegurança do
paciente e a dependência dele pelo terapeuta. Ex. diante de uma recomendação de “quando for o caso de X
acontecimento, não converse com a sua mãe”, alguns pacientes podem ficar muito angustiados por ter brigado com
a mãe, por exemplo, e não ter ligado/conversado com ela depois. O que propicia que ele busque ligar de madrugada
e receber o apoio do terapeuta, por exemplo, como conduta, o terapeuta não atende durante a madrugada –
inúmeras situações, até pela conduta –, depois o cliente se sente mais inseguro ainda, pois seguiu a recomendação
do terapeuta, ficou angustiado por não ter ligado e conversado com a mãe, tentou o apoio do terapeuta e esse o
‘abandonou’, deixou que cuidasse sozinho de suas angustias.
Para tal, conclui-se que a nível terapêutico, o uso desses procedimentos de apoio, sugestão e persuasão não
são benéficos para a cura. Há situações sim que pode ser util, que precisa dar um apoio para o paciente.

• A sugestão é outro instrumento à disposição dos terapeutas.


• A palavra sugestão vem da raiz latina suggestio, significa sub-gestar, ou seja, algo que se faz, que se
gesta desde baixo, desde dentro.
• Na prática configura a inserção na mente do paciente de um juízo ou afirmação que com o tempo
tomará proporções maiores e pode até ser entendida como própria.
• Novamente o uso terapêutico da sugestão apresenta diversos perigos, como orientar uma ação sem
estar totalmente ciente do contexto em que a pessoa vive, ou qual sua força de ego. Já o uso técnico
está presente mesmo na psicanálise clássica.

A sugestão é um instrumento de influênciar, onde o terapeuta influencia algo no paciente. “o que você acha
de fazer X coisa?”, “e se você tentasse Y coisa?”, “acho que seria pertinente e benéfico se você fizesse Z coisa”. O
terapeuta não conhece totalmente a realidade concreta daquele paciente, o seu contexto, a força de seu ego, por
isso, existem perigos em o terapeuta orientar que o paciente faça algo, o oriente.
Sugerir algo para o paciente é complicado, pois não se conhece toda a realidade concreta do paciente, “acho
que quando seu marido falar ASSIM e ASSADO com você, você precisaria se impor e falar que ele não pode falar
assim com você”, e na próxima sessão a paciente aparece com um olho roxo, por exemplo. Fez-se uma
recomendação sem conhecer o contexto/realidade/força do ego – o quanto o paciente aguenta – do paciente.
Para tal, o uso terapêutico de sugestões é demasiadamente grande, pois você influirá sobre a vida do outro
mas não se responsabiliza pelo que vier a acontecer com este.
A nível técnico, possui sim sua importância, “continue vindo sim, continue falando, é importante”. Recursos
técnicos usados para sustentar a terapia.

INSTRUMENTOS PARA OBTER INFORMAÇÃO


• Pergunta: pode ser tanto para esclarecer um ponto confuso como para apoiar uma pessoa num estado
muito confuso
• Assinalamento/observação: embora contenha um destaque do analista/terapeuta, é utilizado determinar
uma área de maior investigação e para saber quanto do material do paciente é consciente ou inconsciente.
• Confrontação: mostra duas situações contraditórias para que o paciente perceba e informe por que se
comporta desta forma (diz que tudo está ótimo mas tem surtos de pânico) ou enfoca algo que o paciente
quer evitar (falar do tempo ao invés da tristeza de ser a última sessão).

Perguntar “o que você quer dizer com isso?”, “eu não entendi X parte, pode me explicar novamente?”.
Quanto mais experiente o terapeuta for, menos precisará perguntar, pois percebe e consegue extrair mais
informações do discurso do paciente, mas não existe nada de errado em questionar. O processo terapêutico possui
um objetivo, as primeiras sessões são chamadas de entrevistas e possui objetivos, para tal, o uso do perguntar é
pertinente, “o que você espera da terapia?”, “qual seu objetivo com a terapia?”, “como imagina que posso te
ajudar?”. É preciso se ter uma noção de quem é aquela pessoa, se ela trabalha, se tem filho, sexualidade, afins, é
importante ter uma noção de quem ela é, para entender o que ela está passando, suas dificuldades e
potencialidades.
“Achei muito interessante X coisa que você falou, o que quer dizer com isso?”, usar de formas para verificar
e investigar se X material que o paciente vem trazendo está consciente ou inconsciente. Em um interrogatório
policial, espera-se que o sujeito revele tudo que ele sabe; já em uma entrevista psicanalítica o paciente acabará
vazando/transparecendo coisas que nem ele próprio sabe – acessa o inconsciente através da associação livre de
ideias, nisso o terapeuta vai apontando “você fala do amor como se fosse algo pesado, como se fosse ter que
suportar alguém”, o cliente pode perceber conscientemente daquilo que o terapeuta expôs, ou pode se ter um
silencio do paciente, pois o conteúdo está a nível inconsciente, por exemplo. Isso é o que se chama de
assinalamento/observação, os ‘links’ entre as falas do paciente. Exemplo, fazer uma pergunta para o paciente e
observar e se atentar ao que e como o paciente vai conduzir a resposta, observar e apontar os ‘links’/ou a falta
deles, nas ideias dessa associação do paciente. “Eu perguntei sobre o seu trabalho, você terminou falando de sua
namorada, você percebe X, Y e Z?”.
A confrontação seria o mostrar por situações que se contradizem no que o paciente está trazendo. De certa
forma é um encurralamento do paciente, fazendo ser difícil com que ele evite a confrontação. “parece que é muito
mais fácil você falar sobre o jogo do Corinthians do que falar que a sua mulher o deixou”. Discurso de uma médica
que diz que tem medo de errar e fazer alguma besteira, mas que ao mesmo tempo se sobrecarrega com todos os
plantões que puder pegar. Fazer os apontamentos para o paciente, “como você pode ter medo de errar no trabalho,
se você mesma está pegando todos os plantões possíveis? Parece que uma parte de você quer X, outra parte de você
faz Y”, na tentativa de mostrar a pessoa fragmentada para que ela possa unir-se, que seu self possa ser unificado.

• Linguagem não-verbal: desconfortos na cadeira quando algum tema surge, maneirismos na fala etc.
• Modos de realizar o pagamento: esquecer ou adiantar-se no pagamento, trazer o pagamento correto ou
precisar de troco etc.
Toda vez que se fala sobre X temática, o paciente se mostra inquieto, se arruma na cadeira, olha para o
relógio. Mostra através da linguagem não-verbal que se tem algo por trás. Se diante de Y tema o paciente fica super
contente, afins; maneirismos na fala, ao falar sobre Z, o paciente fala baixinho, quase sussurando; ao falar sobre K,
fica bravo e agressivo. Lembrar que as informações obtidas pela linguagem não-verbal não é a de agir como detetive,
“olha só, você está desconfortável ao falar de J, você não quer entrar em contato com isso!”, não é para esse o
caminho. Se o paciente não consegue falar sobre J, é porque ele não possui condições para falar sobre isso no
momento, então faz-se uma aliança de trabalho, o terapeuta pode falar sobre de maneira bem mais pertinente
“parece que está difícil falar sobre J, quando chegamos perto do assunto, na sessão seguinte você falta”, não usar de
um tom acusatório ao perceber essas informações. Não fazer necessariamente um confrontamento, agir como se o
paciente estivesse querendo escapar da terapia, não é o caso, pois ele poderia simplesmente parar de ir, ele só
faltou da terapia na sessão pois era o mecanismo que tinha para lidar com o assunto J.
O terapeuta precisa se atentar também aos modos de realizar o pagamento, se trás o dinheiro contado ou se
deixa troco, verifica se o paciente pede para o terapeuta verificar se tem troco ou não, se ele esquece ou adianta o
pagamento, afins. O pagamento é importante de ser observado, pois reflete sobre o valor – simbólico – do paciente
sobre a terapia – se o cliente esquecer de pagar, ele pode estar mostrando que está desvalorizando a terapia; assim
como, simbólico dependendo da classe social, para algumas pessoas, 50 reais é muito, para outras, 500 reais é
pouco.

INSTRUMENTOS PARA INFORMAR


• Distinguimos fundamentalmente duas ferramentas utilizadas para informar na psicoterapia/análise:
• Esclarecimento: algum dado objetivo que o paciente desconhece e que julgamos pertinente
informar
• Interpretação: uma das marcas principais da psicanálise, pode ser definida como “uma declaração
explicativa que vincula um sentimento, um pensamento, um comportamento ou um sintoma a seu
significado ou sua origem inconsciente” (Gabbard, 2016)

O esclarecimento poderia ser um dado objetivo, “o cérebro funciona ASSIM e ASSADO”, “o seu remédio
demora em torno de X TEMPO para começar a agir”. Uma psicoeducação, basicamente. “até os 3 anos de idade uma
criança não consegue fazer Y e Z”.
A interpretação seria mostrar “você está fazendo/pensando/sentindo ISSO porque inconscientemente você
acha/interpreta/vive/aprendeu ASSIM. A interpretação tem relação com o insconsciente – tanto freudiano, com
fantasias sexuais e agressivas, como o inconsciente de algo automático, que não se prestou atenção.
Informar sobre o funcionamento do mundo, das coisas – esclarecimento –, assim como, o como a pessoa
está funcionando – interpretação.

• Também temos instrumentos menos típicos da psicanálise:


• Intervenções psicoeducacionais: compartilhamento com o paciente de conhecimentos teóricos
(diferenciar luto de depressão, por exemplo). Devemos ficar atentos para que a terapia não vire uma
“aula de psicologia”.
• Aconselhamento e elogio: estão no oposto do que é recomendado na psicanálise clássica. Exemplos:
“Acho que você não deve mais ir neste lugar”; “Fico muito feliz em saber que você finalmente
conseguiu dizer à ele o que sente”

Compartilhar conhecimento teórico seria uma forma de intervenção psicoeducacional, exemplo, diferenciar
luto de depressão. Tomar cuidado pois alguns sujeitos preferem ficar na teoria, não olhando para si próprio. Não se
da para ter aulas de Psicologia na terapia, aula sobre psicodiagnóstico, transtornos, afins. Se tem a sim a
psicoeducação, mas não se pode prender-se a tal; usar da psicoeducação quando remete-se ao paciente, de forma
breve também.
As formas de aconselhamento e elogios são opostos ao que se recomenda na psicanálise clássica. “que bom
que você conseguiu largar aquele seu emprego”, “acho que você não deveria mais ir em X lugar”. A terapia fica
muito próxima de o paciente tentar ficar agradando o analista. O analista que elogia e aconselha o paciente a ser
uma segunda versão do terapeuta, esse está tendo um complexo de Deus, tentando fazer o outro ver o mundo sob
minha ótica, viver a vida como acho que deve ser vivida.

A CLASSIFICAÇÃO DE KERNBERG
• De modo sistemático, Kernberg (1981) diferenciou três formas de trabalho terapêutico baseados na teoria
psicanalítica (apoio, psicoterapia expressiva e psicanálise) seguindo três eixos:
• Principais instrumentos técnicos utilizados
• Psicanálise: interpretação
• Psicoterapia expressiva: no início predominância da clarificação sobre interpretação; maior
ênfase no aqui-e-agora do que nas raízes genéticas (infância)
• Psicoterapia de apoio: ênfase na sugestão e intervenção ambiental; clarificação e abreação
são empregadas ocasionalmente, a interpretação é muito rara.

Qual o critério para falar ou não falar alguma coisa para o terapeuta? O paciente esconde muitas coisas pois
quer a aprovação do terapeuta, não quer que ele saiba que é mesquinho, que não estuda tanto, que já traiu, afins.
Se comporta na tentativa de o analista o ver com bons olhos – consciente ou inconscientemente busca essa
aprovação.
Com a psicanálise, o terapeuta fica em silêncio, captando as informações e só fala algo quando for uma
interpretação pertinante para o paciente.
Na psicoterapia expressiva, começa na tentativa de clarificar “você percebe que está fazendo ISSO e
AQUILO?”, de separar uma coisa da outra, usa questões do aqui-agora predominantemente, não das raízes genéticas
– infância. Ou seja, foca-se no que está ‘vivo’ no presente, não recorrendo muito a infância para se explicar algo.
Já a psicoterapia de apoio se é algo mais breve e pontual, como em plantão psicológico, por exemplo; usa de
sugestões e intervenções ambientais, questões mais próprias da realidade concreta, permite um ambiente para o
sujeito abreagir e chorar, afins.

• Extensão em que a transferência é interpretada


• Psicanálise: sistematicamente
• Psicoterapia expressiva: parcialmente
• Psicoterapia de apoio: não é interpretada, mas monitorada

Na psicanálise, todo o momento – sistematicamente – se tem uma interpretação em relação a transferência,


o terapeuta vai fazendo ganchos correlacionando o que está sendo dito/falado com a figura do analista. Algumas
coisas você conta para X pessoa e não conta para Y.
Na psicoterapai expressiva, a transferência é parcialmente interpretada, quando percebe-se que ela está
atrapalhando o processo terapêutico, faz-se sua interpretação. “você está me vendo como um rival/como um aliado
da sua mãe”, “você está esperando que eu seja um salvador e te dê as respostas que vão deixar tudo claro”.
Por fim, já na psicoterapia de apoio, não se interpreta a transferência, apenas a acompanha, a monitora.
“Fulano está me vendo dessa forma”, você reage a transferência, se porta diferentemente, mas não faz da
transferência um tema presente na terapia, não se discute sobre ela.

• Grau em que a neutralidade é mantida


• Psicanálise: neutralidade máxima
• Psicoterapia expressiva: frequentemente alterada, mas deve ser reinstalada por meio da
interpretação
• Psicoterapia de apoio: o emprego da sugestão e intervenção ambiental desfaz a
neutralidade

Na psicanálise, busca-se ao máximo manter a neutralidade, a imagem de quadro em branco, espelho. O


terapeuta não fala nada sobre si, não tem achismos, não inclui seus pensamentos, afins. O analista não é visto como
uma pessoa, ele é uma função, o eco, espelho, o quadro em branco.
Já na psicoterapai expressiva, o terapeuta não é neutro, é uma pessoa real que se mostra, faz expressões
faciais de acordo com a narrativa do paciente – expressão triste diante da história triste, expressão alterada diante
de ataques ao terapeuta. “olha está acontecendo isso, isso e aquilo, eu não sou um carrasco...”, através da
interpretação, o terapeuta busca voltar a neutralidade, se o paciente o vê como um mártir, ele pode usar da
interpretação e falar que essa imagem não é dele, que se trata de uma transferência, afins – lembrar que o
terapeuta não é neutro, então ele pode sim transpassar imagens que são coerentes a visão que o paciente tem de si.
Por fim, na psicoterapia de apoio, por fazer intervenções no ambiente “vou chamar sua mãe...”, faz-se
sugestões sobre “faça/não faça X”, todos os posicionamentos do terapeuta influem sobre o quem ele é, sobre o que
acha da vida, o que acha certo, as recomendações e sugestões que influi sobre o paciente.
SLIDE: OS PRIMÓRDIOS DA PSICOTERAPIA BREVE

Já se falou sobre psicanálise, já se falou das psicoterapias, agora iremos ver a respeito das psicoterapias
breve, sobre os primórdios da psicoterapia breve.

FREUD
• No V Congresso Psicanalítico, Freud já reconhecia que mudanças técnicas seriam necessárias para alguns
casos:
• “A atitude expectante passiva parece ainda menos indicada nos casos graves de atos obsessivos, os
quais tendem, em geral, a um processo curativo ‘assintótico’, a uma duração indefinida do
tratamento, surgindo para a análise o perigo de trazer à tona uma infinidade de coisas sem provocar
modificação alguma do estado patológico” (Freud, 1919)
• Entretanto ele próprio não chegou a propor qualquer mudança técnica, limitando-se a encorajar as
tentativas de Ferenczi.

Freud reconhece que em alguns casos, era necessário fazer algumas adaptações diante de o que estava
fazendo – psicanálise clássica. Reconhece que para obsessivos graves, a atitude passiva de esperar as associações
não produz muito efeito, as melhoras são muito poucas e demoradas; ou, se tem um abuso da associação livre – que
fala muito mas desse muito, pouco se tem de importante para seu tratamento.
Em seus escritos, por mais que no caso do Homem dos Lobos tentou aplicar o tempo limite para o
tratamento, depois volta atrás; então sempre ficou dentro da psicanálise clássica mesmo.

SÁNDOR FERENCZI E OTTO RANK


• Dois nomes se destacam nos primórdios da psicoterapia breve psicanalítica: Sándor Ferenczi e Otto Rank
• Ferenczi foi um psicanalista húngaro muito próximo de Freud, foi presidente da IPA e trabalhou
essencialmente com casos muito difíceis em sua clínica. Considerado o Enfant terrible pelos
psicanalistas de sua época, era chamado de “filho querido” por Freud.
• Rank foi um psicanalista austríaco também muito próximo de Freud, foi o braço direito de Freud por
mais de 20 anos mas se separou dele por conta de sua “teoria do trauma do nascimento”.
• Juntos desenvolveram a ideia de “terapia do aqui-e-agora”, base para a “terapia centrada no cliente”
de Carl Rogers

Ferenczi e Otto Rank que deram um ‘pontapé’ inicial para a psicoterapia breve.
Ferenczi foi um psicanalista muito próximo de Freud, questinou bastante a respeito do tratamento de Freud,
que este estava errando de muitas formas, afins. Os casos mais complicados da época, que os psicanalistas clássicos
não conseguiam tratar e atender, eram encaminhados para Ferenczi – chamado por Freud como ‘filho querido’.
Trabalhava demais, realizou inúmeras modificações técnicas sobre a psicanálise; respirava clínica, atendendo até de
madrugada na sua casa, teorizava bastante, tinha um cuidado exacerbado com seus pacientes.
Já Rank também era muito próximo de Freud, seu braço direito, acabou separando-se do Freud pois teorizou
que os traumas do sujeito se davam através do trauma do nascimento – pois não existe momento mais agradável
que estar na barriga da mãe, onde não existe o conceito de fome, de frio, de calor, de nada, tudo permanece
perfeitamente dentro da barriga da mãe, o nascer seria um trauma –, precisando superar esse trauma para curar-se.

FERENCZI
• Balint (aluno de Ferenczi) destaca 3 fases de evolução nas modificações técnicas de Ferenczi:
• Radicalização das ideias contidas em Psicopatologia da vida cotidiana (Freud, 1905) para a clínica:
mudanças no tom de voz, na postura, vontade urgente de urinar ou defecar etc. deveriam ser
interpretadas da mesma forma que as associações verbais dos pacientes.
• Técnica ativa: por meio de ordens visava reconduzir a libido para o tratamento, esta libido estaria
sendo desperdiçada em outros comportamentos. Também incentivava os pacientes a superar
situações ansiógenas (fobias, por exemplo)
• Princípio de relaxamento e neocatarse: não incorporado na terapia breve

Michael Balint escreve um livro chamado “A falha básica”, onde apresenta pessoas que sofreram privações e
violências na infância, ficar sozinho, com frio, chorando, com fome, durante horas, filhos de mães psicóticas, de
mães depressivas, dependentes químicas, de mães com raiva do filho, de filho provindo de uma pessoa (homem)
que não gosta, afins.
Questiona-se a respeito de o que fazer para tratar pacientes que sofreram esse tipo de trauma na base, na
vida precoce. O quanto a pessoa terá que regredir a níveis muito primitivos para conseguir estabelecer uma relação
de confiança básica – já que não conseguiram estabelecer essa relação com a mãe.
Balint destaca que existem três fases referentes à evolução das modificações técnicas de Ferenczi.
No primeiro momento, diante de um livro de Freud (1905), Psicopatologia da vida cotidiana, Freud encontra
elementos que passam despercebidos, breves anamneses, pensamentos que passam na cabeça e não somem de lá,
de quando se acorda e se tem uma breve dissociação/crise de ausência, afins. Freud escreveu esse livro dizendo que
não existem diferenças qualitativas do normal e do patologico, que o que se muda é a intensidade das coisas.
Esquecer algo, uma palavra é normal, mas esquecer grandes pedaços seria de intensidade diferente, patológica.
Ferenczi usou desse livro do Freud, de pegar questões da vida cotidiana e teorizar, para fazer na clínica, “e se
eu levar muito a sério essa psicopatologia da vida cotidiana, na clínica?”, atentando-se a mudança de voz, postura,
ao que o paciente estava falando antes de dar uma repentina vontade de ir ao banheiro – descontrole
urinário/intestinal. Ferenczi prestava atenção nas mensagens que a pessoa estava dando sem perceber, mas levando
muito a sério, interpretar esses conteúdos da mesma forma que se interpretava as associações verbais. O conteúdo
trazido pelo paciente não era somente verbal, era paraverbal e não-verbal também. Exemplo, usar o benheiro seria
uma necessidade de se esquivar e fugir de algo que está sendo falado/abordado alí.
A técnica ativa – diferentemente da passividade de Freud – ocorre ao perceber que o paciente está
desviando a libido para outras coisas, usar o celular, batucar o pé, afins, desviado para inúmeras coisas que não o
próprio tratamento. Ferenczi então freava o paciente de desviar sua libido, “a partir de agora você não vai usar o
celular na sessão”, “não bata mais o pé”, afins. Ele incentivava também eu as pessoas superassem situações
ansiógenas e fóbicas. Os recursos da psicanálise tradicional não estavam dando certo, então buscava por outros,
como instruir que um paciente com medo de altura visitasse um lugar um pouco alto – próximo da dessensibilização
mas não é sistemática, é individual com cada paciente.
Como última modificação técnica – princípio de relaxamento e neocatarse –, cria um ambiente com extremo
acolhimento, com empatia ativa, colocando-se no lugar do paciente ao extremo, para tentar se aproximar de o que
ele está vivendo, ganhando a confiança do paciente para que ele associe.
Ferenczi também tentou uma análise mutua/trocada, tentando coisas bastante diferentes e sendo pouco
ortodóxo, como Ferenczi atendia vários futuros analistas, reconhecia que sua contratransferência estava
atrapalhando o tratamento e instruia que o paciente, na sessão seguinte, analisava o terapeuta, “toda vez que falo X
coisa você não me escuta”, “você insiste nessa interpretação”, “você não me da ouvidos”. Ouvindo o que os futuros
analistas reconheciam sobre ele. Reconhece que possui pouca análise e precisa que o outro fale para ele o que ele
passava despercebido.

FERENCZI, CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOT. BREVE DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA


• Dificuldades técnicas de uma análise de histeria (1919a)
• Uma análise estagnada faz com que Ferenczi determinasse um término para o tratamento.
• A paciente usava todo o tempo para fazer declarações de amor para o analista, e este se esforçava
para mostrar o caráter transferencial desses afetos.
• O tratamento terminou sem que a paciente estivesse curada, mas em todo caso ela parecia satisfeita
com os resultados.
• Meses depois a paciente retorna pois seus sintomas haviam piorado.
• Assim que seus sintomas melhoram, ela novamente retoma as declarações de amor para o analista.
• Por motivos externos (viagem) a paciente interrompe o tratamento.
• Volta uma terceira vez para análise pois seus sintomas pioraram e, desta vez, diz que tinha
“sensações embaixo” pelo analista.

Ferenczi percebia que a transferência erótica estava atrapalhando o tratamento, focava muito tempo ao
exibir a análise da tranferência para o paciente. Não é difícil se apaixonar por alguém que te escuta – mas a pessoa é
um profissiona que o faz isso, não se conhece quase nada sobre o terapeuta, por isso se percebe que é uma
transferência, não um verdadeiro apaixonamento.
Para tal, Ferenczi determina tempo específico para o tratamento, exemplo três meses, atende por mais três
meses e depois se interrompe o tratamento, independente se não estiver curado, apenas com as melhoras já
presentes.

• Ferenczi percebe que a paciente ficava o tempo todo com as pernas cruzadas e identifica uma espécie de
masturbação discreta (“larval”).
• Ele entram a proíbe de manter as pernas deste modo e o resultado foi imediato: logo associações de
sua infância surgiram.
• Ao longo do tratamento Ferenczi estende essa proibição para toda a vida da paciente (não só
durante a sessão).
• Mais adiante a paciente sente necessidades urgentes de urinar, Ferenczi a proíbe de ceder dizendo
que isso remetia à um período de masturbação infantil, e a convence pelas interpretações de seus
sonhos e associações.
• Com o prosseguimento do tratamento finalmente fica curada e pode ter relações sexuais satisfatórias.

Diante de um caso da época, com uma mulher que tinha essa transferência erótica por Ferenczi, diante de
um tratamento estagnado, estipulou-se um tempo limite para o tratamento, mais três meses, o tratamento foi
encerrado com as melhoras da paciente, mesmo sem a cura. Um tempo depois, ela retornou com os sintomas,
atendeu-a novamente e por motivos pessoais (viagem), encerrou o tratamento. Mais adiante, na terceira vez, a
paciente volta descrevendo que estava com ‘tesão’ pelo analista.
Percebe que a mulher ficava o tempo todo com as pernas cruzadas, esfregando-as, desviando a libido para
essa transferência erótica e esfregnado as coxas, então usa da técnica ativa onde proibe que ela cruze as pernas,
onde deitava no divã com as pernas afastadas, a partir de agora.
Pouco tempo depois, com mais alguns atendimentos, surge associações referentes à sua infância; Ou seja,
sem os movimentos de pernas, o trabalho analítico passou a progredir – e proibiu a paciente de masturbar-se no
período em que estivessem realizando o tratamento.
A paciente passou a sentir necessidades urgentes de urinar, onde Ferenczi também proíbe de ela o fazer
durante a sessão, pois dizia que se remetia a uma masturbação infantil, afins – explicava sobre a libido da mulher
que estava indo embora, direcionada para muitas coisas e não para o tratamento.
O tratamento progride e, a histeria da mulher, uma frigidez sexual, finalmente foi curada e ela pôde ter
relações sexuais satisfatórias.

• Ferenczi atribui à Freud o princípio que embasava estas modificações técnicas (Freud encorajava que
pacientes fóbicos enfrentassem suas fobias).
• É muito importante atentar para alguns pontos:
• A ideia aqui não é uma educação moral (impedimento da masturbação) nem uma dessensibilização
(enfrentamento do objeto/situação fóbico).
• Estas prescrições visam apenas gerar novas associações, ou seja, a cura permanece sendo
via interpretação!
• Também não é um retorno à ab-reação/catarse, pois a liberação ou inibição de um comportamento
não é o fim/objetivo do tratamento, mas apenas condição para que o trabalho de fato prossiga

Enquanto Frud encorajava os pacientes a enfrentar suas fobias, Ferenczi também o fazia.
A educação moral, como impedir a masturbação, não se trata de uma dessensibilização, de o paciente
acostumar-se com determinada situação – não masturbar-se –, mas sim de que essas questões permitem novas
associações, permite o processo de análise de ‘caminhar/andar’, a cura se daria através da interpretação.
O parar de masturbar-se não atribuia isso a cura, mas sim de que a cura poderia ser conquistada pela
interpretação que o parar de masturbar-se – de transferir a libido para outras coisas, mas de focar-se no trabalho
análito – permitiria. Parar de focar-se na transferência erótica e focar no próprio tratamento, por isso parava de
masturbar-se, por exemplo, pois permitia novas associações – que a transferência erótica não estava permitindo que
surgissem, pois o paciente só dava vasão para isso, a transferência.
Lidar com o material fóbico do paciente, permitiria que ele trouxesse mais material para ser analisado, o que
sentiu, lembrou, o que vivenciou, afins, para poder ter novas associações – que não ocorriam em situações de
evitamento, como evitar todas as situações de medo de altura/de cachorro, evitaria também que surgissem novas
associações, lembranças, afins. Impedia que fosse exposta a qualquer situação que fosse fóbica, ela não tinha a
sensação de o que de fato vivencia diante do ponto fóbico, apenas ficava presa a lembrar-se sobre o que vivenciava
antes. Impedindo o andar do tratamento.
Sendo assim, essas ordens (expor-se a fobia/parar de masturbar-se) são apenas condições para o ‘andar’ do
tratamento, não são em si o tratamento, não são o fim/objetivo.

• Contra-indicações da técnica ativa (1925)


• Ferenczi ressalta que as ordens perturbam a relação analista-paciente e que só devem ser utilizadas
quando todos os meios passivos foram esgotados.
• Diz também que manteve as restrições/encorajamentos apenas quando existe concordância
explícita sobre o que se deve proibir/estimular, para que não se estabeleça uma relação de caráter
autoritário.

Percebe que a técnica-ativa podia irritar o paciente, afetar a relação deles, pois teria o autoritarismo do
terapeuta ao proibir algo – como masturbar-se – ou a encorajar – a entrar em contato com suas fobias. Para isso, o
terapeuta e cliente faziam um tipo de acordo, um concenso sobre o que seria proibido/estimulado.
Lembrando que Ferenczi reconhecia que essas ordens afetavam a relação analista-paciente e, para tal, só se
utilizava dessas ordens da técnica ativa quando todos os recursos passivos fossem esgotados.
“Você desconta tudo no cigarro, então pare de fumar, fique mais ansiosa, vai ficar mais irritada e surgirão
mais associações”. Entrar em um concenso com o paciente sobre essa proibição de fumar, que seria uma condição
para novas associações e o ‘andar’ do tratamento.
Reconhece que na psicanálise clássica, a análise pode não estar progredindo, andando, observar as ‘vasões’
do paciente, “ai, quando estou nervosa eu como/fumo/jogo/etc...”. No caso, a moça apresentada no caso, quando
estava nervosa ela se masturbava, com a proibição disso, ela poderia entrar em contato com a irritação, com
situações desagradáveis que geram associações.

OTTO RANK
• Juntamente com Ferenczi escreveu Perspectivas da psicanálise (1924) onde ambos já enfatizavam
modificações técnicas que enfatizavam o aqui-e-agora em detrimento da lembrança de eventos do passado.
• Ambos acreditavam que o mais importante era avaliar as relações dos pacientes no aqui-e-agora do
campo transferencial, o que não era comum na época.
• Enfatizou a questão da separação-individuação
• Este ponto se tornaria central para todas as psicoterapias breves, em especial para aquela de J.
Mann
• Foi o primeiro a sugerir que o terapeuta deveria mobilizar a vontade do paciente para mudar (will therapy)

Rank e Ferenczi começam a focar o aqui e agora, diferentemente de o que Freud fazia – onde usava muito de
lembranças de eventos do passado, o enfoque na infância.
Rank e Ferenczi focam e dão importâcia para o aqui e agora, o como o paciente trata o terapeuta no aqui e
agora, nesse campo transferencial presente. “Se fulano me trata com receio/submissão/etc.., percebe-se ai o núcleo
da problemática dessa pessoa nas relações interpessoais”. Na presentificação do aqui-agora, se reapresenta o que se
tem de relevante do passado – se é relevante, permanece no presente, o que não foi resolvido no passado e
permanece manifestando-se no presente, não precisando cavar e revirar o passado.
Ambos (ou só o Rank?) dão atenção para a separação-individuação, se trata de um momento do
desenvolvimento afetivo; Margareth Maller, em sua obra “O problema da separação-individuação”, analisa crianças
com mães com depressão pós-parto, mães evasivas e sempre encima da criança, afins, se estuda o como que
acontece a dependência nessas crianças – que ao serem deixadas na escola, por exemplo, e entram em desespero
pois não conseguem fazer a separação. Separação no quesito proximidade física, se não distanciar-se da mãe, não
conseguem brincar com outras crianças, ficam sempre na ‘barra da saia’ dessa mãe (pode ser o pai também, falar
sobre Teoria do Apego, de não conseguir existir afastada da mãe, que geraria uma ansiedade muito grande).
Em algum momento a mãe vivencia uma situação, uma vontade de matar essa criança, de a jogar pela
janela, afins, a família intervem e essa situação passa, mas a mãe fica com uma culpa, culpa que irão gerar muitos
efeitos, que cuidam demais dessa criança, que não a frustram de forma alguma, que transmite insegurança em
relação ao mundo, afins. No oposto, as mães que já perderam vários filhos, abortos, por exemplo, ao terem um filho,
o tem como muito precioso, tansmitindo a imagem de que o mundo sem ela é muito perigoso, poderia ser
sequestrada, escorregar, cair e se machucar, afins. Em ambos os casos, a criança não irá conseguir realizar a
separação dessa mãe, essa criança precisa de um olhar da mãe para a ver e se sentir acolhida, precisa chegar
próxima dessa mãe e ‘recarregar sua energia’ através do toque, depois voltando a sua atividade de brincar – crianças
dependentes...
Já individuação seria uma separação psíquica, ter as próprias ideias, os próprios gostos, as próprias músicas,
preferências, afins.
Indivíduos com dificuldade em realizar a individuação-separação, podem apegar-se a terapia, diante de uma
quantidade específica de sessões, chegando próximo do seu término, regride – inconscientemente –, mostrando sua
dependência.
Rank sugere que o terapeuta precisa mobilizar no paciente a vontade de melhorar, de mudar (will
therapy/terapia da vontade). O analista discretamente motiva o paciente “você já veio até aqui”, “é importante o
processo de mudar”, afins. Dar um suporte para o processo terapêutico ocorrer sem o abandono.
A responsabilidade por atingir resultado e cumprir o prazo de sessões delimitadas, é de ambos, o paciente e
o terapeuta se comprometeram a nesse tempo específico, tentar lidar com as questões – sintomas e buscar a cura.

FRANZ ALEXANDER E THOMAS FRENCH


• Franz Alexander teve sólida formação no Instituto de Psicanálise de Berlim.
• Posteriormente cria o Instituto de Psicanálise de Chicago
• Alexander e o Instituto de Chicago são importantes referências para a psicossomática
• Foram eles quem retomaram o trabalho de psicoterapia breve após a 2ª GM
• Estas ideias haviam sido rejeitadas por Freud e outros psicanalistas importantes

Franz Alexander incorpora a relação médico-paciente no diagnóstico e tratamento. Passar mais 6 minutos no
atendimento, ouvindo, estabelecendo a relação paciente-medico apresentava grande efetividade no processo de
tratamento do paciente.
A psicossomática teve origens com a psicanálise, com Alexander e a psicossomática provinda do estresse, a
pressão alta, úlcera, afins. Criando o Instituto de Psicanálise de Chicago
A outra origem da psicossomática, além de Fran Alexander, foi Pierri Marti, que cria a Escola Psicossomática
de Paris, lidando com a psicossomática do corpo simbólico, como cegueira, paralisias, afins.. não conseguir mais
falar, tomar água, etc. Questões que envolvem o simbólico e experiencias traumáticas, não a fisiologia.

• Os estudos desenvolvidos no Instituto de Chicago visavam:


• “definir a um tempo os princípios básicos que tornam possível um meio mais breve e mais eficaz de
psicoterapia e, quando resulte exequível, desenvolver técnicas específicas de tratamento”
(Alexander e French, 1946 apud Yoshida, 1990, p. 15-16)
• Estes estudos resultaram no livro Terapêutica Psicanalítica (1946), um marco na história das psicoterapias
breves.
• Este livro é o resultado de 7 anos de pesquisas, contendo 292 pacientes tratados no instituto e um
número similar atendido em clínica particular.

Estudos referentes ao Instituto de Psicanálise de Chicago começaram estudos, buscando a modificação das
variáveis da psicanalise, 4-5 vezes semanais, alterações no divã, afins; se fizer 2 no lugar de 4 sessões semanais, será
½ da eficácia? E se for 1 sessão semanal, seria ¼ da eficácia? E se usar uma poltrona e não o divã? O analista mais
ativo no lugar do mais neutro, o que acontece?
Fez estudos e percebeu-se que dá sim para fazer alterações, que dá sim para fazer 1 sessão semanalmente,
que tem resultados sim, mas que também se tem que ter menos ambição – não pode ter a mesma ambição de uma
psicanálise clássica, pois tem uma frequencia menor de atendimentos.

• Alexander e French consideravam a doença mental um fracasso do ego em manter as gratificações


necessárias do indivíduo.
• A finalidade da terapia era a readaptação emocional
• O enfoque do tratamento torna-se declaradamente a experiência emocional, e não mais as lembranças
infantis, isto pois eles sugerem que todos os conflitos antigos não resolvidos surgirão no tratamento com o
analista, e que a chave para resolver estes problemas está na atitude do analista (que é diferente daquela
dos pais, por exemplo)
• O passado do paciente só importa, então, na medida em que é fonte do comportamento
estereotipado presente agora, mas o importante é trabalha-lo em sua realidade atual.

A doença corresponderia, a grosso modo, um fracasso de adaptação, o mundo mudou, a pessoa vivencia
novas coisas – perdeu um membro da família, trocou de cidade, ganhou um fiho – e não consegue manter as
gratificações que tinha antes, gratificações necessárias para essa pessoa. Com isso, o foco da terapia seria essa
readaptação emocional, tornar essa pessoa apta novamente para viver no mundo.
Doença mental na psicanálise não seria uma desregulação neuroquímica – de onde vem o desequilíbrio
neuroquímico? De um vírus, raio, espírito? De onde? A pessoa estava com uma química cerebral normal e
derrepende está anormal. A psicanálise tem explicações da neuroquímica cerebral a nível metafísico, vem do nada e
vai do nada, não explicando esses desequilíbrios.
O tratamento foca as experiências emocionais do sujeito, não mais as lembranças infantis. A questão aqui
não é a rememoração, acessar o insconsciente, lembranças reprimidas, afins, pouco se faz isso, mas acontece de se
lidar com essas questões quando os conflitos antigos aparecem presentificados no analista, na transferência com
esse analista.
Exemplo: a paciente sempre vê o terapeuta como opressivo, que a vê como inadequada, ridícula, afins.
Sendo que o terapeuta não transmite essa imagem. Então a paciente vai lembrando que na infância o pai a chamava
de coisas depreciativas, afins. Sendo conflitos antigos que vão se reatualizando na imagem do terapeuta e, nessa
situação, retoma as questões infantis que são presentificadas no hoje, na figura nova.
A infância é sim muito pertinente, ter uma boa infância permite criar estruturas mais rígidas, para aguentar e
estruturar a casa. Mas a infância não é o enfoque no momento, só quando reaparecer de forma estereotipada no
comportamento do paciente, transferência. O passado, então, é importante quando surge influindo no presente.
O tratamento atualmente teria dois aliados, primeiro, de que o paciente não é mais uma criança e possui
recursos maiores para lidar com as situações de seu passado – que surgem presentificadas e afetando no presente –,
“você não é mais uma criança, você possui vários recursos para lidar com essa situação, não precisa travar de medo,
você tem voz, tem a polícia, vários recursos”; o segundo aliado dessa superação seria a reação do analista, o analista
reage de maneira diferente de o como reagiram quando essa pessoa era criança, “sim, é real, você foi a vítima”,
diferente do que diziam de “não, você imaginou, isso não aconteceu”.

• Com a ideia de readaptação emocional, enfatizaram mais a experiência interpessoal paciente-terapeuta que
a rememoração
• Alexander cria o conceito de “experiência emocional corretiva”:
• “reexpor o paciente, em circunstâncias mais favoráveis, a situações emocionais que não pôde
resolver no passado”
• O conceito foi vivamente atacado por Lacan
• Hoje em dia é aceito por diversas escolas psicanalíticas e incorporado em algumas terapias
da TCC
• Alexander e French consideravam que o terapeuta deveria encontrar o procedimento terapêutico mais
adequado a cada paciente (princípio de flexibilidade), noção inspirada em Ferenczi mas revolucionária na
época.

O foco não é trazer a lembrança reprimida a tona, mas sim para os tipos de relações que se estabelecem.
Oferece uma experiência emocional corretiva, onde o paciente é exposto a situações emocionais não resolvidas no
passado, mas agora em um contexto mais favorável, em uma relação de confiança, sem preconceitos, sem juízo de
valor.
Essa reexposição dentro da relação de cuidado é um bom recurso de cura.
Critica-se a psicanálise tradicional, com a ideia de que é possível manter uma generalização e constância nos
atendimentos – como histeria, faz-se sempre a mesma coisa? –, é necessário ter uma flexibilidade do terapeuta, ir
em direção ao paciente e encontrar a forma que o paciente consegue falar e ser ouvido, se não verbalmente, pelo
desenho, música, afins. A terapia que se adapta ao paciente, não o cliente que se adapte a terapia.
Os pais que se adaptam aos filhos e não o contrário, do filho se moldar aos pais. Acolher a pessoa e ter um
cuidado tal como ela o é.

• Alexander e French diziam que os pacientes se beneficiavam de um intervalo maior entre as sessões, pois
teriam a possibilidade de elaborar melhor o que percebiam no tratamento.

No lugar de sessões diarias, como na psicanálise clássica, o espaçamento permitia que pensasse sobre, que
olhasse no cotidiano o como se porta, o conteúdo que conversaram durante a sessão, afins.

• Em seu livro também fornecem alguns elementos que devem ser observados para sabermos se a
psicoterapia psicodinâmica breve é indicada ou não para certo paciente
• Elementos externos: inteligência constitucionalmente reduzida e idade avançada
• Elementos internos: força egóica do paciente (em termos de adaptação aos desafios apresentados
até então em sua vida) e o modo como ele lida com a crise atual.
• As interpretações iniciais fornecem uma boa avaliação sobre a viabilidade ou não da terapia breve.

A psicoterapia breve não é indicada para todos os pacientes, para que seja possível o desenvolvimento do
processo terapêutico com a psicoterapia breve com um resultado dito como bom, destaca que não é indicado usar
da psicoterapia breve com indivíduos com inteligencia reduzida e idade avançada – elementos externos –, pois são
pouco flexíveis, não reconhecem que o que estão fazendo não está dando certo, exigindo tempo, são menos
dinâmicos e engessados; assim como, dependendo da força egóica do paciente e o como ele lida e reage com os
desafios apresentados ao longo de sua vida – elementos internos.
Os elementos externos como a idade e inteligencia reduzida, fariam o tratamento demorar mais, já que são
mais inflexíveis, para tal, a abordagem breve não daria conta desse paciente, justamente por ser breve. Já os
elementos internos, contando com a força do ego do paciente e o como lida com os desafios, também é importante,
já que a abordagem breve causa mais pressão no paciente, e nem todos os pacientes conseguirão lidar com isso.
A crise é um elemento que força a reorganização, como crises naturais – falecimento de algum membro
familiar, ter um filho, afins – e crises acidentais – ser demitido, ser assaltado, ter um acidente de carro, término no
relacionamento. A pessoa vem na sessão em crise, enfrentando uma situação e, avalia-se a respeito de a
psicoterapia breve ser ou não eficiente para o paciente, já que ele pode não ter condições de interpretar os
conteúdos nesse tempo curto.
Se usa das primeiras interpretações, o como o paciente recebe elas, para saber se a terapia breve é ou não
viável para ele. Se recebe com desprezo, negatividade, culpabilização do outro, afins, são questões pertinentes para
se observar/atentar nas interpretações iniciais, para ver se o sujeito é receptivo, percebe seu comporamento e sua
autocrítica, quanto menos tiver desses elementos – pouco receptivo, pouca autocrítica, afins, mais tempo demorará
o tratamento, sendo pouco eficiente para a terapia breve.

• Alexander, em seu livro, procura rebater a ideia frequente de que uma neurose não pode ser resolvida
rapidamente pois se formou ao longo de vários anos:
• “Como sempre temos acreditado no efeito súbito mas permanente dos ‘traumas malignos’ em
certos casos, não temos motivos para duvidar do efeito subido mas permanente destes ‘traumas
benignos’ que se produzem ocasionalmente em forma de experiências emocionais intensas durante
o tratamento, ou ao acaso, na vida cotidiana. Portanto, nossa tarefa, nossa meta, é descobrir em que
casos é possível essa terapia intensiva e estabelecer as técnicas necessárias para produzir resultados
benéficos” (Alexander e French, 1946, p. 164 apud Lowenkron, 2006, p. 62)

Na psicanálise clássica se dizia que coisas que se formou ao longo dos anos, como neuroses, não poderiam
ser tratadas em curto período. Acredita-se na psicanálise clássica que facilmente se possa destruir as coisas
rapidamente, traumas malignos, mas que não se consiga curar também rapidamente, traumas benignos. Como que
palavras duras podem causar tanto estrago e palavras boas não poderiam fazer o inverso e trazer benefício? O
obetivo para Alexander seria fazer experiências emocionais intensas e benignas, intensa aceitação, intenso perdão, o
paciente percebe que o terapeuta o entende, que tem alguém finalmente entendendo sua dor.

• E concluem:
• “... o principal resultado terapêutico do nosso trabalho é a conclusão de que, a fim de encontrar
alívio para suas formas neuróticas de sentir e atuar, o paciente deve passar por novas experiências
emocionais capazes de desfazer os efeitos mórbidos das experiências emocionais vividas em sua vida
precoce. Os demais fatores terapêuticos – a compreensão intelectual, a ab-reação, a lembrança do
passado, etc. – estão todos subordinados a esse princípio terapêutico central (Alexander e French,
1946, p. 138 apud Lowenkron, 2006, p. 63)
• Continua, entretanto, a certeza de alguns psicanalistas de que os resultados das psicoterapias breves
são apenas uma fuga para a “pseudo-saúde”, para evitar o aprofundamento do conhecimento das
verdades (nem sempre agradáveis) sobre si mesmo.

Procura-se a produção de experiencias emocionais, voltar a alguns momentos, os atravessar, os entender de


formas novas e diferentes. Experiência emocional como abreação, gritar, chorar, uma experiência terapêutica, com
empatia permitir uma nova compreensão de determinada situação.
Muitos psicanalistas acreditam que a pessoa consegue retornar a um nível de funcionamento, dizem que
estão bem, que já ta bom na terapia, afins, pois estão fugindo de aprofundar-se no conhecimento de verdades sobre
si mesmo, que podem ser bem desagradáveis.
A pessoa procura algo na terapia e é isso que ela valoriza dentro da terapia. Não seria papel do terapeuta de
achar que o cliente está buscando a coisa errada e deveria buscar X coisa na terapia.
SLIDE: A QUESTÃO DOS LIMITES

OS SENTIDOS DOS LIMITES


• A limitação é introduzida em todas as variações de psicoterapias breves
• Pode ser limitação da
• Regressão
• Fantasias
• Associações
• Ambições terapêuticas
• Etc
• As limitações mais comuns são de tempo e focalização
• Estas limitações organizam também as outras

Se vai encurtar a psicoterapia, terá que limitar também, limitar essa versão reduzida da psicanálise (original).
Por exemplo, não permite que o paciente regrida muito, que fique muito introspectivo, que as fantasias não fiquem
em livre-curso (falar sobre as fantasias daquele dia e sobre oq aconteceu essa semana de maneira desenfreada), não
se tem ambições terapêuticas muito grandes, afins. Limitar o tempo e o foco da psicoterapia acaba, naturalmente,
limitando os demais pontos, “como o tempo e foco é limitado, não se dá para concertar tudo, não da pra entrar
profundamente nas fantasias, afins, pois tenho X coisa focalizada”.

LIMITAÇÃO DE TEMPO
• Alguns (James Mann, p. ex.) estabelecem um tempo fixo para todos
• Esta é a realidade de muitos terapeutas que atendem pacientes conveniados
• Diversos problemas podem surgir nestes casos, a limitação do foco deve ser rigorosa
• Peter Sifneos estabelece um intervalo de duração (12-18 semanas)
• Gilliéron estabelece o final ao longo do tratamento
• Beck estabelece o final já no início do tratamento, mas a depender da problemática de cada um

Existe alguns terapeutas (James Mann) que colocam um tempo fixo para todos os pacientes, houve um
tempo que os convênios pagavam X números de sessões, independente do quadro, o tempo era o mesmo, então o
foco também era muito rigorosamente limitado.
Se forem surgindo questões novas ao longo do tratamento, fica complicado o foco, pois não da tempo de
trabalhar tudo, não permitindo novos focos terapêuticos que o já delimitado.
Há terapeutas (Peter Sifneos) que colocam um intervalo, “os atendimentos giram em torno de 12 a 18
semanas”.
Outros (como Freud fazia, no caso cita-se Gilliéron) terapeutas realizam o processo terapêutico e, ao longo
dele estabelecem o final, “olha, a partir de agora teremos mais uns 3 atendimentos”.
Já Beck (não o da TCC), logo no início do tratamento, dependendo da problemática de cada um, estabelece
um tempo, “no seu caso, X sessões”.

LIMITAÇÃO DE FOCO
• A PB se caracteriza por propor um objetivo limitado e tentar resolver apenas distúrbios circunscritos (os
terapeutas devem reduzir suas ambições terapêuticas)
• O tratamento tem como objetivo resolver o conflito inconsciente de base (ligado aos sintomas e queixas do
paciente)

Irá resolver uma questão pontual, não é algo como “ai não sei, parece que não sei oq quero, a vida não tem
sentido, não sei...”, não é por questões genéricas, são questões pontuais, “quero sair do meu relacionamento”, “não
consigo falar em público”, etc.
Por se tratar de psicanálise, tem sempre relação com um conflito insconsciente, o modo de ver as coisas, o
modo como esse sujeito se estrutura, afins, o jeito que vê o outro, alguma questão a nível inconsciente que tem
ligação com as queixas do paciente. Então a ideia é entender e fazer uma avaliação do problema do sujeito e
ligar/conectar com o conflito inconsciente e, resolvendo esse conflito, resolve o problema dessa pessoa – as queixas.

• A focalização pode ser:


• Num problema atual do paciente
• Num conjunto de sintomas
• Na hipótese basal
• Em algum traço de caráter (principalmente em pacientes psicossomáticos)
• Dois pontos são importantes:
• Determinar um foco condizente com o tempo disponível
• Saber quais tipos de problemáticas são tratáveis por psicoterapia breve (aula de Indicações e contra-
indicações)
• Em alguns casos apenas uma terapia de apoio (com ou sem medicação) pode ser o mais
indicado

O foco pode ser algum problema mais pontual, “minha filha está indo para a balada e isso está me deixando
louca”. O foco pode ser um conjunto de sintomas “quando vou ir para o trabalho começo a suar excessivamente”.
Pode ser foco numa hipótese basal, entender o conflito insconsciente de base e focar-se nisso, gastar o tempo nisso.
Pode ser um foco no traço de caráter – personalidade (não se trata na abordagem breve, mas sim, na psicanálise) –,
no jeito que enxerga a realidade, a vida, a você mesmo.
Ao delimitar o foco, é necessário estar atento ao tempo disponível, pois o foco é combinado em conjunto,
feito isso, determinar o que se é possível dentro do tempo que possuem (dentro do tempo que leva para algumas
coisas), observando o como o paciente funciona também – dependendo exige mais tempo, se culpabiliza o
ambiente, por exemplo. Se observa também, quais problemáticas podem ser tratadas com a abordagem breve, pois
alguns casos levam muito tempo, como borderline, por exemplo.
Há pacientes que buscam através de uma sessão buscar uma terapia de apoio, apenas preparar-se e saber o
como falar, o como agir, diante de o que já tinha determinado, por exemplo, apenas um apoio, um plantão
psicológico, basicamente – plantão psicológico não tem tempo limite de mínimo e máximo, não sendo exatamente o
caso, pois tinha o tempo limitado em 1 hora.

DIRECIONAMENTO DO TRATAMENTO
• O terapeuta deve elaborar uma fórmula psicodinâmica de base:
• Esta será a chave de compreensão dos sintomas e dificuldades do paciente
• A maior dificuldade do terapeuta é elaborar esta fórmula com os dados limitados das entrevistas
(apenas dados iniciais)
• O estudo da teoria psicanalítica, leitura de casos, supervisões conjuntas, análise pessoal etc.
fornecerão os subsídios para a elaboração desta fórmula
• A fórmula deve explicar o significado inconsciente do sintoma
• É de grande valia demorar-se nas circunstâncias do primeiro aparecimento do sintoma.
• Principalmente para pacientes psicossomáticos (alexitímicos) esta pode ser a única maneira
de conhecerem a si próprios

A dificuldade do analista iniciante é assimilar através das entrevistas iniciais, um quadro, tentar entender a
respeito daquele caso do paciente; usa-se bastante do estudo da teoria, de casos, supervisão, análise pessoal, afins.
A fórmula é uma explicação do sintoma, do raciocínio/organização inconsciente do sintoma. Uma pessoa
com vergonha de falar em público, diante dos relatos e dados das entrevistas iniciais, o terapeuta pode teorizar a
fórmula psicodinâmica de base, relacionando teoria com o relato e dizer que o paciente se sente exibicionista, que
quando vai falar em público lembra-se das situações antigas que foi julgado, chamado de exibicionista, ridículo,
afins. A fórmula seria uma explicação do sintoma, no caso, a pessoa tem vergonha de falar em público pois coloca o
falar em público com o significado de se oferecer como um objeto de desejo, por exemplo.
Diante da queixa “tenho medo de falar em público”, o terapeuta tem aquela sessão para colher os dados e
formular a fórmula psicodinámica de base, tentando esclarecer o significado inconsciente daquela pessoa sobre falar
em público.
“Quando foi a primeira vez que sentiu que tinha medo de falar em público?”, explorar e demandar um bom
tempo nessa exploração.
Nos casos de pacientes psicososmáticos (alexitímicos), eles possuem pouco contato com algumas emoções,
muito reprimidas (como mágoa, raiva), lidam mal com algumas situações e, para tal, é importante retomar a
primeira vez que relembram que sentiram isso/queixa.

• Ao longo do tratamento (ou no tratamento por diferentes analistas), várias fórmulas podem ser elaboradas.
• A escolha dentre as fórmulas possíveis se faz pela:
• Reação dos pacientes às interpretações
• Contratransferência do analista
• É interessante investigar a formulação do próprio paciente acerca de seu problema, isto nos fornece:
• Uma ideia da força de suas defesas
• Uma medida da sua capacidade de introspecção
• Caso o paciente tenha uma boa capacidade, o psicanalista deve incorporar a formulação do
paciente na sua própria (boa relação analista-paciente)

A primeira fórmula elaborada nem sempre será a correta, para tanto, ao longo do tratamento, várias outras
fórmulas podem ser elaboradas, reformulando ou realizando ajustes da primeira hipótese.
As hipóteses diante de uma interpretação, podem ser escolhidas como hipóteses dependendo da reação do
paciente diante da interpretação deste.
Freud ao hipotetizar e fazer uma interpretação, não leva em consideração nem o SIM e nem o NÃO do
paciente, pois o não poderia ser uma negação. Foca-se em o como o paciente se comporta depois da interpretação,
se ele começa a associar as coisas depois da interpretação, provavelmente a interpretaçaõ está no caminho certo.
Ou seja, gerar interpretações pode significar que está no caminho correto; Se o paciente apenas responde com um
“pode ser” e não gera nada, a interpretação foi errônea, por ser um conteúdo que entrou facilmente na consciência,
então não estava reprimido.
O conteúdo inconsciente entraria como negação, uma oposição, com resistências, ou gerando novas
associações “mas se bem que quando eu...”
Outro ponto importante ao se fazer a hipótese, a fórmula psicodinâmica de base, seria a contratransferência
do terapeuta. Exemplo: uma paciente que está a todo momento arrumando a saia, o terapeuta está se comportando
como algum pervertido? Por qual motivo ela poderia estar desconfortável e arrumando a saia? O terapeuta está
desejando a paciente? A paciente vem totalmente coberta, blusa de frio, calça, afins, fazendo-se não-sexualizável, a
análise da contratransferência indica sobre o que a paciente está se defendendo, sobre sua feminilidade ou sobre a
negação do desejo de ser olhada, por exemplo?
Faz-se a interpretação e averigua o como o paciente reage, lembrar que o “pode ser” já é um não.
Perguntar para o paciente “por que acha que isso acontece?”, “eu não sinto que sou alguém que tem algo a
falar, sou desinteressante, não terei oq falar lá na frente”. Perguntar para o paciente sobre a formulação exibe a
respeito da força das defesas do paciente, assim como, da sua capacidade de introspecção – mente que se observa,
se olha, se pensa, “Pq falei isso? Pq fiz isso?”, independente da resposta do paciente, se da para averiguar a
capacidade dele de intropecção, verificando se é um paciente adequado para psicoterapia breve ou não.
No caso de um paciente com boa capacidade de introspecçãoo, usa-se da formulação do paciente e a
incorpora com a formulação do terapeuta (reflete a boa relação analista-paciente). O terapeuta usa das palavras do
paciente para a formulação da hipótese, mostrando que o paciente faz parte, que foi útil e usado; uma aliança de
trabalho.

MANUTENÇÃO DO FOCO
• O foco é mantido mediante atenção e negligência seletivas
• Normalmente os pontos mais ignorados são a transferência e os traços de caráter mais profundos
• A seleção criteriosa dos pacientes tranquiliza o terapeuta sobre as consequências da manutenção do foco
• Ele sabe que os pontos ignorados são de menor importância
• Ele sabe que o paciente possui estrutura suficiente para suportar esta situação

Há terapeutas mais duros e insensíveis “não é disso que combinamos de falar”, “não é esse o problema que
acertamos de resolver”, “viemos aqui para falar do seu problema de falar em público, não do seu cachorro doente”.
Mas o terapeuta precisa ter uma atenção e negligência seletiva, se o paciente falar do cachorro doente, negligencia
isso/não se dá muita atenção e direciona para o medo de falar em público, “ah entendi, mas então, e o seu medo de
falar em público?”
Para manter o foco na questão específica, no caso o medo de falar em público, se negligencia e ignora
muitas outras situações, questões transferenciais do paciente se atualizando no terapeuta, assim como traços de
caráter/personalidade, pois não são o enfoque no momento.
Selecinar os pacientes que aceitará atender exige uma boa seleção, bem criteriosa, aceitar clientes não hiper
senssíveis e carente permite essa negligência de algumas temáticas – as não combinadas, por exemplo. O cliente
precisa ter uam estrutura de ego para lidar com a negligencia de outras temáticas se não a combinada, há pessoas
que ficariam muito ofendidas com essa forma de agir; para tanto, é importante selecionar criteriosamente os
pacientes, pois não da para atender em psicoterapia breve indivíduos hiperssensíveis, por exemplo.
O TÉRMINO DO TRATAMENTO
• Deve ficar claro para o paciente que ele é tão responsável pelo fim do tratamento quanto o terapeuta
• O problema deve ser resolvido em alguns meses, e não em alguns anos.
• No trabalho de Sifneos, metade dos pacientes traziam o tema do fim do tratamento por si sós, a outra
metade (mais passiva), esperava que o terapeuta trouxesse o tema à tona.
• O término normalmente traz duas questões
• Negação do fim
• Ambivalência

O paciente precisa saber que ele e o terapeuta precisam se empenhar para atingirem o objetivo no tempo
determinado; ambos são responsáveis para isso. “eu sei que a situação do seu cachorrinho está te afetando, mas
lembra que combinamos de falar do seu medo de falar em público?”.
O paciente também é responsabilizado pela manutenção do foco, há pacientes que não recordam-se de oq
se falou na sessão anterior, deixando o terapeuta responsável pelo foco. Um paciente passivo.
Há pacientes que recordam e comentam sobre o fim do tratamento chegando “temos mais três semanas”,
outros simplesmente não o fazem e esperam que o terapeuta aborde a temática.
Com isso, tem pacientes que não comparecem na sessão final, o falar “xau”, o fim do processo; sendo uma
negação do fim. Outros pacientes ficam na ambivalência, “que bom que estou bem, fico feliz com o tudo que a gente
alcançou, mas que pena que acabou”.

• É recomendado que se faça um “balanço” da terapia ao final da mesma


• Explicitar o que pode e o que não pode ser alcançado (dentre os objetivos propostos)
• O terapeuta deve esclarecer que possivelmente recaídas ocorrerão
• Em todas evoluções existem fases regressivas
• Se o paciente tiver aproveitado a psicoterapia, ele próprio poderá avaliar os motivos de sua recaída.

Comentar ao final, o objetivo do paciente, comenta sobre as coisas que conseguiram, as coisas que não
foram atingidas do objetivo estipulado. De maneira geral, fazer um balanço.
O terapeuta precisa lembrar o paciente de que recaídas podem sim ocorrer, provavelmente ocorrerão, pois
ao evoluir, tudo bem que as vezes regrida e faça as coisas como fazia antigamente, faz parte do processo. “Você está
passando por uma situação nova, tudo bem no processo de mudanças, acabar fazendo algo como fazia
antigamente...”
O paciente que tirou proveito do processo psicoterapêutico, poderá internalizar um terapeuta dentro e si e
ser capaz de avaliar os seus próprios motivos pela recaída, “que que o meu terapeuta falaria nessa situação?”, “ah,
foi por isso então, fiquei irritado porque Fulano falou sobre X temática”.
SLIDE: OS DIFERENTES TIPOS DE PSICOTERAPIA BREVE DE ORIENTAÇÃO ANALÍTICA

OS MODELOS PRINCIPAIS
• Os modelos de Psicoterapia Breve de Orientação Analítica (PBOA) podem ser divididos em 3 modelos
• Estrutural ou do impulso
• Prioridade ao conflito intrapsíquico
• Herança freudiana é clara
• Conflito edipiano é central
• Relacional
• Compreende a realidade como partilhada por todos, existe pluralidade e pontos de vista
• O indivíduo luta para fazer contato e para se articular nesta realidade (e sofre por falhas
nestes objetivos)
• Integrativo ou eclético
• Modelo pragmático, tenta incorporar diversas teorias e técnicas
• “Adaptar a psicoterapia ao paciente, e não o contrário”.

O modelo estrutural ou do impulso é bem focado e preocupado com a noção de fantasia, defesas, desejos,
questões ‘dentro’ – intrapsíquico – do indivíduo. Tudo que o sujeito enxerga é um produto de si próprio, a realidade
em fantasia com maior importância da concreta e compartilhada. Diferentemente de Freud, agora com muita
confrontação e focalização, não abandona o modelo de análise, exclusivamente análise.
O modelo relacional já não fala mais sobre a realidade interna do sujeito, fala sobre a realidade
compartilhada, sobre a ideia de cada pessoa ter um ponto de vista diferente – o sofrimento ocorre quando o
indivíduo não consegue estabelecer contato com essa realidade; o sujeito, no caso, não consegue se articular dentro
da realidade, encontrar um trabalho, um lugar para si, estabelecer relações, entender o como e o que as pessoas
pensam de si, etc. O sujeito se perde e falha ao estabelecer o contato com a realidade, sofrendo. Surge como uma
crítica ao modelo estrutural.
Já o modelo integrativo ou eclético é repleto de pragmatismo e busca incorporar inúmeras teorias e técnicas,
inconsistente no sentido de misturar psicodrama, psicanálise, TCC, behaviorismo, afins. A psicoterapia é adaptada ao
paciente, busca o que funciona para o paciente, incorporando o conteúdo que funcionar – independentemente de
qual teoria se trata. O paciente não é compreendido em uma abordagem, ele é encaixado em uma teoria só dele, as
justificativas do comportamento e o próprio processo terapêutico são bem incoerentes – em uma sessão tem tarefa,
outra não tem, afins.

MODELO ESTRUTURAL/DO IMPULSO/INSTINTIVO


BALINT E MALAN
• Malan trabalhou com Balint na Clínica Tavistock (Londres)
• Em 1954 Balint organizou um grupo de trabalho para estudar a possibilidade da psicoterapia breve
• Os resultados foram compilados no livro “Fronteiras da Psicoterapia Breve”
• As modificações introduzidas foram:
• Atendimento face a face
• Determinar, logo de início, um término para o tratamento
• Se o resultado esperado não fosse alcançado, sugerir outra forma de terapia
• Estabelecimento de hipóteses psicodinâmicas de base
• Utilizar técnica de interpretação mais ativa
• Atenção e negligência seletivas
• Por isso “psicoterapia focal”

Não se tinha mais o uso do divã, pois continua uma passividade do paciente, tudo que tinha era falar e usar
da associação livre; tem o prolongamento da terapia. No caso, usa o face a face, por permitir uma troca mais
dinâmica e rápida.
Logo no começo do tratamento, estabelecia-se o prazo para o término e, se não alcancar o resultado, se
sugere outro tipo de terapia (psicoterapia normal e não a breve, ou até a psicanálise), não se prolonga o tratamento.
Busca formular uma hipótese psicodinâmica de base, é necessário formula-la nas primeiras entrevistas para
poder desenvolver o tratamento mais rápido.
Usa-se de técnicas de interpretação mais ativas, conforme já comentado anteriormente; preenchendo os
buracos da fala do paciente com o conhecimento teórico que já possui; saber lidar com o conteúdo que está snedo
trazido em sessão, com as coisas relevantes e irrelevantes ao tratamento; ter firmeza ao cobrar uma resposta do
paciente – não exagerado, tem um limite.

• Os resultados dos estudos catamnésicos mostraram ser possível causar mudanças duráveis mesmo em
personalidades gravemente perturbadas
• Os fatores de bom prognóstico são:
• Forte desejo de mudar via melhor conhecimento
• Possibilidade de focalizar o tratamento
• Interpretações que possam ligar os movimentos transferenciais às imagos paternas
• Ao longo dos anos Malan modificou sua técnica para algo bastante similar ao trabalho realizado por Sifneos

Estudos acompanhando a vida do sujeito, estudos catamnésicos – faz o processo terapêutico e vai
acompanhando a pessoa através de entrevistas 1/5/10 anos, afins, verificando o quão durável foram as mudanças
provindas do processo terapêutico. Existe uma aposta de as abordagens psicanalíticas possuírem resultados mais
demorados mas também mais duráveis, o inverso com a TCC, resultados rápidos e pouco duráveis, menos
profundas e mais pontuais.
As pessoas, através desses estudos catamnésicos com a psicanálise, não voltam a cair nos mesmos
problemas já lidados em terapia, ou até mesmo não apresentammais problemas algum.
Como fatores de um bom prognóstico, o desejo de mudança do paciente a nível de obter conhecimento de si
é destacado, como sendo um motor de mudanças, entender a si e os outros; pessoas que conseguem focalizar-se em
questões específicas, que não venham semanalmente trazendo novas questões, sendo assim, capazes de estabelecer
e de realizar a manutenção do foco; por fim, interpretações que interliguem algum movimento transferencial feito
pelo paciente com o terapeuta, ao imago paterna (função imago paterna) – ou seja, realizar interpretações a
respeito da transferência do paciente sobre a imagem do terapeuta. “Seu pai te cobrava bastante, buscava sempre a
perfeição e que seja impecável, por isso que aqui na sessão você quer ser o paciente perfeito, querendo dicas de
como ser um paciente melhor”.
Malan foi modificando sua técnica, tornando-a algo muito próxima da técnica usada por Sifneos em seu
trabalho (Sifneos apresentado mais adiante)

DANVALOO
• Começou seus trabalhos em psicoterapia breve em 1962 no Hospital Geral de Montreal (Canadá)
• Desevolveu a (Intensive) Short-Term Dynamic Psychotherapy (IS-TDP)
• Realiza uma entrevista inicial detalhada
• Testa interpretações para observar a reação do paciente
• Para ser aceito neste tipo de terapia o paciente deve
• Capacidade de introspecção e força do ego
• Inteligência acima da média
• Boa qualidade de relações
• Bom manejo dos próprios afetos (pois serão despertados na terapia)
• Organização defensiva evoluída (pouco uso da negação, projeção e acting-out)

A entrevista inicial de Danvaloo é muito detalhada – a nível de psicodiagnóstico – e vai testando


interpretações, testando as reações do paciente. Vai averiguando, também, em nível mais amplo, se o paciente tem
condições de fazer a terapia de forma proveitosa.
Para o paciente ser aceito nesse tipo de terapia, ele precisa ter uma boa capacidade de introspecção e força
do ego – mente que se observa e ser resistente à frustração, capacidade de se adaptar às mudanças, uma coesão
mental e corporal; precisa ter a inteligência ao menos na média, o ideal seria acima da média; que tenham uma boa
qualidade de relações – ter tido uma pessoa na vida pela qual conseguiu estabelecer uma relação de dependência,
que será usada como modelo para o sujeito ver que pode depender dos outros, mais que isso, precisa ter uam boa
qualidade de relações de forma geral, como amigos, ter namorado, contato com uma parte da família, afins, pois a
pessoa será cobrada em terapia, não pode o terapeuta ser a primeira relação de confiança e vínculo com o sujeito,
se for o caso, essa abordagem não é recomendada para esse paciente, pois atropela o nível de desenvolvimento que
o paciente se encontra; é preciso, também, que a pessoa tenha um bom manejo dos seus próprios afetos, pois o
tratamento da terapia breve tem um tempo e foco determinado, assim como, pela sua intensidade, com
confrontações, a pessoa acaba ‘encurralada’ para lidar com a hipótese psicodinâmica de base que surgir, terá que
lidar com isso, suas emoções e afetos – raiva, tristeza, abandono, afins –, para isso é importante ter um bom manejo
dos afetos, para que o paciente não explane (fugir, se ferir, suicidar-se, afins) por não conseguir realizar esse manejo,
para tal, o paciente precisa ter uma boa estabilidade de ego, também; por fim, é necessário que o paciente tenha
uma organização defensiva evoluída, que não use de desefas mais primitivas, como a negação – a pessoa precisa
considerar a ideia e pensar sobre, não a negar diretamente –, projeção – “você que não está empenhado na mina
terapia e só me quer ver sofrendo” – e o acting-out (agir no lugar da fala que não consegue ser dita) – diante da
pressão da terapia breve, pode atuar contra a si ou contra o terapeuta.

• Técnica próxima à clássica mas com papel bem mais ativo


• O ego do paciente é pressionado para que suas defesas surjam e sejam analisadas

• Exige grande habilidade e neutralidade do terapeuta, o processo se desenvolve rapidamente e


interpretações devem ser formuladas sem maiores complicações

A técnica que o Danvaloo utilizava tem uma função mais ativa no sentido de interpretações, não se espera
para uma interpretação bem enaranhada e polida, fazia interpretações com poucos elementos e pautado em teoria
e já as direcionavam para o paciente, que tinha uma pressão para lidar com aquela interpretação, tendo então essa
interpretação gerado defesas, defesas essas que serão analisadas.
O paciente diante dessas interpretassões quando apressadas, mostra-se confuso, perdido, desestruturado,
então não são todos os pacientes recomendados para esse tipo de abordagem, é preciso ter uma melhor
organização.
Encurrala o paciente diante da hipótese psicodinâmica de base, “mas por que você pensa isso?”, vai
encurralando ele e percebendo as defesas que forem surgindo “olha o como você fica mudo quando as pessoas te
contrariam”, “e é exatamente isso que você reclama, que quando é contrariado por sua esposa, não conseguem se
acertar pois você se fecha e se refugia em uma casca...”, “eu falei algo que você não gostou semana passada e hoje
você chegou atrasado, olha como você não permite expressar o seu desagrado, será que é por isso que as coisas
estão como estão?”
Pacientes motivados e com conflitos afetivos, de forma geral, dentro do namoro, casamento, filhos, patrão,
professor, afins, coisas que envolvem uma relação afetiva e implicam em triangulação (a pessoa que precisa se
acertar e patrão, tem relação com a imago paterna de seu próprio pai); por isso dentro do conflito edípico, buscando
a aprovação do pai dentro do ambiente de trabalho. Ou então “gosto de Fulano mas não posso, ele não está
disponível, ele namora com Ciclana...”; nesses casos gasta-se de 5-10 sessões.
Pacientes que são motivados mas não possuem questão definida, no sentido de não ser um problema
edípico ou afetivo, mas sim algo focal que não foi categorizado dentro das questões da psicanálise; nesses casos
gasta-se de 5-15 sessões.
Pacientes com problemas fóbicos ou obsessivos gráves, como pacientes bem inibidos, que se refugiam em
casa, crises de pânico, afins; Danvaloo gasta aproximadamente de 15-40 sessoes.
O terapeuta precisa ser neutro e ter grande habilidade e bagadem teórica, o terapeuta precisa permanecer
neutro, não pede desculpas por o paciente se sentir ofendido, não explicará nada melhor que o cliente entende
errado, afins. Pressiona o ego para que o paciente possa se defender, usando de interpretações dessa defesa e
devolvendo ao paciente, para que se sinta pressionado e incomodado, surgindo tudo que o paciente possui
rapidamente, permitindo que seja analisado essas situações que forem surgindo rapidamente.

• Fase de abertura (5 primeiras sessões): foco nos sentimentos do paciente para com o analista
(transferenciais)
• Questionamento constante sobre os sentimentos do paciente no momento
• Qualquer sinal de resistência (desvio do olhar, mudança de postura, desconversar etc) é trazido para
a atenção do paciente imediatamente
• As defesas começam a surgir como resposta estas confrontações e são analisadas da mesma forma
até que a raiva possa ser expressa sem reservas
• O ciclo se repete até que as resistências diminuam e o material comece a aparecer
• Fase intermediária
• Foco mais no conteúdo que na transferência
• Interpretações são repetidas até que o paciente as compreenda (perlaboração)
• Fase final
• Ocorre quando os sintomas originais cessam
• É realizada breve recapitulação do processo

Nas primeiras sessões, pergunta-se muito sobre o como o paciente se sente, se está desconfortável, como é
estar ali, como observa e enxerga o terapeuta, o objetivo e expectativa do terapeuta, afins. Basicamente ter noção
da transferência do paciente sobre o terapeuta.
Diante de qualquer sinal de resistência do paciente, como usar celular, desviar olhar, mudar a postura, afins,
são devolvidos para o paciente, para que ele preste atenção em si mesmo.
As defesas que o paciente for trazendo a tona como recurso são analisadas, “olha, você desviou o olhar”;
Donvaloo repete o ciclo até que as resistências venham a diminuir e o material em si começe a transparecer melhor.
Se o paciente já ofendeu o terapeuta, já chorou, mas mostrou tudo que tinha de si, então ele poderá não se segurar
e não ter mais pudor, já fez e falou tudo que tinha para o terapeuta, então pode trabalhar o material do paciente.
Na fase intermediária, deixa de focar na transferência e passa a focar no problema em si, buscando
perlaboração do paciente, repetindo as interpretações que o terapeuta possui, repetidamente, até que o paciente a
compreenda e digira.
Na fase final os sintomas já estão eliminados, busca uma recapitulação do processo, “você chegou aqui
ASSIM e ASSADO, fizemos ISSO, teve bastante confrontação, agora estamos aqui, você está AZIM e AZADO...”. Se
não solucionar os sintomas, encaminha-se para outro tipo de psicoterapia, já que essa já foi demasiadamente
estressante para o paciente.

SIFNEOS
• Trabalhava no Hospital Geral de Massachusetts (EUA), lá criou o primeiro serviço psicoterapêutico de
urgência.
• Seu trabalho mais conhecido é “Psicoterapia breve provocadora de ansiedade”
• Neste livro desenvolve a noção de crise emocional
• A crise emocional mostraria diversos comportamentos e concepções que, se não fossem
adequadamente manejados, se cristalizariam formando a neurose
• Sifneos caracteriza dois tipos de psicoterapia:
• Ansiolítica ou de apoio: visa sustentar o paciente no momento de crise, o objetivo é diminuir a
ansiedade
• Provocadora de ansiedade ou dinâmica: visa orientar o paciente para a resolução de um problema,
via autoconscientização

As pessoas passam, em algum momentos da vida e por motivos variados, uma crise emocional – como
término de um relacionamento, a morte de alguém, abuso, afins –, nesse momento de crise a pessoa apresenta
diversos comportamentos difíceis e ilógicos, é uma tentativa de sobrevivência, de dar conta com o que ocorreu. Se o
terapeuta não conseguir manejar adequadamente essa situação, essa crise emocional e seus comportamentos, esses
comportamentos se cristalizam e são incorporados no modo de viver dessa pessoa. Exemplo: Assalto, a pessoa após
o assalto fica em alerta, observando tudo ao seu redor, buscando pelo menor sinal de perigo, se for sair de casa
costuma chamar alguém para ir junto, afins... O sujeito que não conseguir lidar bem com essa crise, torna-se de
maneira geral, uma pessoa medrosa, que é incorporado no jeito de ser dessa pessoa.
Surge a Psicoterapia de urgência para, como um formato de plantão, desmontar e repensar junto do sujeito
sobre o comportamento dele, averiguando os comportamentos razoáveis e os não-razoáveis. Fazendo um
tratamento preventivo com esse paciente, lidando com a crise emocional sem que desencadeie em uma
cristalização, uma neurose.
A psicoterapia pode ser de dois tipos. A primeira é chamada de psicoterapia ansiolítica ou de apoio, com
técnicas para diminuir a ansiedade, como palavras de apoio e encorajamento, tudo que faça a pessoa não olhar tão
de frente o problema, lidando com ele com calma, dando suporte para a pessoa durante seu luto, acompanhando-a,
auxiliando a tirar o foco da problemática – pessoa falecida – e direcionando atenção para outros lugares. Nessas
situações, o terapeuta pouco tem a fazer, o luto faz parte da vida.
Já a segunda seria uma psicoterapia provocadora de ansiedade ou dinâmica, fazendo com que o paciente se
lembre de que há um problema que precisa fazer algo a respeito, lembrando o paciente disso, existe um relógio
correndo contra o tempo, então o paciente precisa estar ansioso, trazer a problemática a tona, a ansiedade do
paciente em lidar com a questão focal, “e ai, você veio aqui pois queria se separar, você vai se separar da sua esposa
ou não?”. É focada no problema, não se distraindo com outras coisas que forem surgindo e não tiver relação com a
problemática. “olha isso aqui, olha pra sua vida, olha seus problemas, você precisa dar um jeito, uma solução, você
traiu sua esposa, vai ficar com ela ou não?”, “você quer ficar com ela, mas o que que mudou em você? O que
garante que não irá trair novamente?”. Entra em contato com o sofrimento, o problema, a ansiedade por trás do
problema.

• Limita a terapia dinâmica aos pacientes com:


• Queixa circunscrita
• Neurose genital (problemática edipiana em primeiro plano)
• Queixas são dificuldades interpessoais bem delimitadas ou sintomas bem específicos
• Motivação para mudança real (para além da eliminação de sintomas)
• Inteligência acima da média
• Presença, em sua história, de uma relação significativa durante os primeiros anos de vida
• Sua técnica consiste em:
• 12 a 18 sessões, sem data fixa
• Face a face
• Problema a ser tratado já estabelecido no contrato
• Critérios de sucesso são estabelecidos e escritos ao final da 1ª entrevista

O segundo tipo de psicoterapia, provocadora de ansiedade ou dinâmica é limitada para pacientes


específicos: com queixas circunscritas “meu problema é tal”, “preciso resolver ISSO”; uma neurose
genital/problemática edipiana, sendo queixas bem delimitadas ou sintomas bem específicos, “não consigo ter
relação com meu marido”, “não consigo me impor no meu trabalho”; os pacientes precisam ter motivação para
mudança, não de apenas elimianar os sintomas, mas sim de se entender e de serem melhor, de conhecerem-se e
viver a vida melhormente; é preciso ter uma inteligência acima da média; assim como, de ter estabelecido em sua
história de vida, ao menos uam relação significativa nos primeiros anos de vida – relação de dependência da mãe,
por exemplo.
A técnia de Sifneos faz com que as sessões ocorram de 12 a 18 sessões, que ocorrem face a face. Os
problemas do paciente são estabelecidos e escritos em um contrato, o que precisa acontecer com o paciente para
que considere que a terapia foi um sucesso é escrito pelo paciente no final da primeira entrevista. Ter a clareza da
queixa do paciente é útil pois ele é clarificado de o que precisa trabalhar.

• Evita ativamente traços de caráter como a dependência, passividade e impulsividade


• Acredita serem defesas usadas pelo paciente contra a angústia
• Não permite o estabelecimento da transferência
• Devido ao curto período não acredita que possa ser resolvida
• Seu estilo é bastante confrontativo e ativo
• “não foi isso que combinamos discutir aqui”, “Parabéns, você descobriu!”
• O impacto da interpretação é valorizado, neste sentido o timing é inverso ao normal
• As atitudes confrontativas devem ser dolorosas até certo ponto, mantendo o paciente num estado
de excitação/motivação elevado

Sifneos evita ao máximo os pacientes de estabelecerem traços de caráter passivos, de dependencia e


impulsividade. “você precisa fazer isso por mim...”, “ai pelo amor de Deus, me ajude, faça isso por mim...”, “você
precisa me salvar”. Pessoas que de uma sessão para outra são impulsivas e tomam grandes decisões também são
evitadas. Na entrevista inicial que o Sifneos identifica esses traços de caráter, a passividade, dependencia e
impulsividade, traços esses que são usado como defesas do paciente contra a angústia; quando ele está se
angustiando se refugia nesses traços, como a impusividade de agir. A terapia ocorre através da angústia, é o que dá
combustível para o processo.
Sifneos não permite o estabelecimento da transferência, ele sabe que não tem tempo para analisar e
resolver uma transferência, pois não teria tempo para resolver a problemática que se colocou a resolver.
Seu estilo enquanto terapeuta, é de confrontativo e bastante ativo, “já chega desse assunto, combinamos de
conversar sobre X”, “isso mesmo, você chegou/descobriu”. A interpretação com timing adequado é quando está
quase a consciência, com um clima receptivo e propício para recebê-la, quando já entendeu o como ele funciona, o
pai funciona, mas ainda falta entender o motivo de não sairem disso, então nesse clíma, no tempo ideal, o terapeuta
fala “olha, é isso isso e isso”, liga alguns pontos e fica tudo claro para o paciente. No caso de Sifneos, a interpretação
é usada para gerar estranhamento e confusão do paciente, o timing da interpretação é inversamente ao tido como o
normal (não se usa da interpretação quando o paciente está prestes a descobrir sozinho, mas usa-a para gerar um
estranhamento no paciente), o paciente é convidado a pensar sobre coisas que nunca tinha pensado antes – através
dessas interpretações bem precipitadas, onde irá as digerir e pensar em casa ou na sessão seguinte.
O objetivo não é desmotivar o paciente, se usa dessa confrontação, de seu estilo ativo, para manter o
paciente sempre excitado e motivado, um “bate bola” falar e ouvir rápido, procurando compartilhadamente a
solução para a problemática do paciente.

• O confronto permanece até que o terapeuta esteja certo do caráter de convencimento dos insights pelo
paciente
• Caso a resistência se torne grande demais, o terapeuta retoma o caminho que levou à ela
• A seleção prévia dos pacientes tranquiliza o terapeuta
• Os traços ignorados (negligência seletiva) não são importantes
• Neste ponto principalmente traços pré-genitais são evitados
• O paciente tem estrutura suficiente para aguentar as confrontações

O confronto continua presente até que atinja realmente na clarificação do paciente ver e perceber que
determinado conteúdo ecoa e faz sentido real para ele.
Se o paciente tiver dificuldade/for reativo à interpretação, ele vai retomando o caminho que o levou a
determinada interpretação “olha, você falou isso, eu falei aquilo, você fez isso e aquilo, então, por que ficou mudo
diante da minha interpretação?”.
Por Sifneos fazer uma seleção prévia de seus pacientes, isso o tranquiliza e permite que possa ter uma
negligência seletiva, ignorar vários conteúdos que o paciente for trazendo, sabendo que ele pode lidar com essa
negligência, ignora-se principalmente os traços genitais – voracidade, controle anal, afins. O paciente tem uma
estrutura que aguente as inúmeras confrontações que ocorrem ao longo da terapia – não podem ser ansiosas, por
exemplo, pois não conseguiriam lidar com as confrontações e contrariedades por trás do tratamento.

CRÍTICAS
• As críticas aos representantes do modelo instintivo ou estrutural são:
• Postura ativa muitas vezes se torna autoritária
• As bases epistemológicas tornam a visão do psicanalista superior às outras:
“É a interpretação da realidade do terapeuta que conta, ao invés de uma visão de realidade compartilhada,
que emerge da interação entre terapeuta e paciente. Para o terapeuta estrutural tradicional, quando o paciente
resolve a transferência, ele enxergará o mundo como o terapeuta, sem distorção.” (Messer & Warren, 1995, p. 113)

Os teóricos vistos acima, todos fazem parte do modelo instintivo, estrutural, também chamado do impulso.
Que seria o primeiro dos três modelos de Psicoterapia Breve de Orientação Analítica.
Como crítica, a postura ativa e a confrontação muitas vezes se mostra como sendo autoritária, pois o paciete
não tem condições de confrontar o terapeuta, pois o analista possui a teoria na cabeça, não está se colocando como
vulnerável, não é o analista que está procurando por tratamento. O analista não pode usar dessa postura como uma
forma narcisista de massagear seu ego, mas sim de que essa postura confrontativa e de não vulnerável é usada
como recurso para o tratamento.
Como base epistemológica, o psicanalista ao analisar a realidade que se é levado em conta, não se tem uma
realidade compartilhada como importante, mas sim a realidade que o terapeuta acredita estar interpretando e
analisando. No final, o paciente, em teoria, estaria observando o mundo de forma correta quando passar a ver o
mundo como o terapeuta o faz, se ver o mundo através dos olhos do terapeuta, ele estará vendo um mundo sem
distorções. A ideia é o psicanalista sabe de tudo, que só resta o paciente a aceitar e concordar com o terapeuta.

MODELO RELACIONAL
• Relacional
• Compreende a realidade como partilhada por todos, existe pluralidade e pontos de vista
• O indivíduo luta para fazer contato e para se articular nesta realidade (e sofre por falhas
nestes objetivos)

Amplia a problemática, não foca mais tanto no conflito edípico; sai da ideia de o terapeuta ser visto como o
objetivo, como os olhos que o paciente precisa ter ao olhar e enxergar o mundo – vem de um modelo bem médico, o
analista como modelo, tudo que for diferente do mundo do analista seria distorção, defesa, fantasia, afins.

LUBORSKY
• Desenvolveu sua teoria na Universidade de Pensilvânia (EUA)
• Trabalha tanto com aspectos expressivos quanto de apoio
• Em sua técnica o terapeuta elabora o que seria o Core Conflictual Relationship Theme (CCRT)
• Conceito que incorpora aspectos do conceito de transferência e dos estilos de apego
• Seriam modos estereotipados de se relacionar com os outros.
• Avaliado de acordo com 3 aspectos presentes nas histórias contadas pelo paciente
• O que o paciente deseja das outras pessoas
• O que os outros de fato fazem
• Qual é a reação do paciente nestas situações

Trabalha tanto com o aspecto expressívo e produtor de ansiedade, fazendo a pessoa pensar sobre sua
problemática, entrando em contato; assim como, com o caráter de apoio, de auxiliar essa pessoa a lidar com uma
situação de crise, sem que se desorganize completamente. Contudo, o caráter aqui não é de investigação, de
conhecer-se.
Em sua técnica, Luborsky elabora a Core Conflictual Relationship Theme, que incorpora questões como
transferência e os estilos de apego, a ideia é investigar o como o sujeito desenvolve seus laços, o como se relaciona
com as outras pessoas – laços sociais de exploração, dependência, exigência, submissão; assim como, do conflito
central presente nessa relação com o outro.
Usa da Teoria de Apego do Bowlby na medida de buscar estereótipos para ver o como o sujeito se relaciona
com os outros, com outras pessoas – relação com as formas de se estabelecer os laços sociais descritos acima.
Usa de três aspectos na história e narrativa do paciente para verificar o como ele faz e desenvolve seus laços
sociais, para isso, diante das histórias do paciente, verifica o que esse paciente deseja que as outras pessoas façam
por si, o que os outros realmente fazem para ele e, o como o paciente reage nessas situações; expectativa, realidade,
resposta/reação – diante de uma frustração o que ele faz?
Através desses elementos, se torna possível ao terapeuta elaborar o como ele desenvolve os laços sociais, as
relações com as pessoas.

• Sua técnica é muito mais empática que as outras


• Permite que os pacientes “testem” a relação com o terapeuta pela transferência
• Fará interpretações de acordo com as capacidades atuais do paciente (sem pressionar o ego)
• Compreende os sintomas como tentativas de resolução de problemas ou técnicas de coping
• Comunica esta visão ao paciente, que assim diminui sua auto-crítica e/ou medo
• Seu objetivo é a conscientização do CCRT
• É o único teórico de PB que fala da importância do estudo da contratransferência

Usa da empatia e permite que através dessa relação terapeuta-paciente, o paciente possa testar o
terapeuta, comentando algo e averiguando o como o terapeuta reage, buscando e podendo ver no caso, o terapeuta
como uma pessoa real, não uma tela em branco/uma função, mas como uma pessoa.
Nas interpretações que o terapeuta faz, se leva emconta a capacidade que esse paciente tem de lidar com
elas, de as digerir, no caso não se tem uma pressão – sendo completamente diferente do modelo anterior, que tinha
pressão a todo momento e o paciente era pré-selecionado, selecionando os que conseguiriam lidar com essa
pressão e confrontação a todo momento, que encurralava o ego e o fazia mostrar suas defesas rapidamente.
O sintoma é uma tentativa de resolver os problemas. O paciente não está distorcendo e não está
confundindo e nem se defendendo das coisas, fugindo, aqui nesse modelo, se tem maior empatia e o sintoma é visto
como a melhor forma que o paciente tem de lidar com uma situação – técnica de coping. “Parece que se fechar e
ficar no seu quarto é o seu jeito de lidar com a dor de não ser entendido, de não se expor e se machucar
novamente”. O sintoma é uma tentativa de lidar com a situação, não se sustenta por muito tempo essa tentativa,
mas é isso, é a forma que o paciente teve de lidar com determinada situação, falar isso, reconhecer o sintoma como
uma forma encontrada para se defender, permite que o cliente tenha seu medo e sua autocrítica reduzidos. Oferece
ao paciente uma explicação empática e razoável para o que ele está fazendo – seu sintoma, “você está tentando
fazer isso para se proteger, pois sente que tem muitas coisas na suas costas...". O paciente chega cheio de
autocrítica, como se ninguém a entendesse, tendo medo de que o incompreensível seja associado a loucura. Para
tanto, oferecer uma explicação possível para seu comportamento é importante.
“olha, isso de comer muito foi a sua melhor maneira encontrada para lidar com essa problemática no
momento, como você já viu esse recurso está escasso, não está mais suportando, está gerando vários efeitos
colaterais...”, vamos tentar mostrar que precisa mudar, que esse sintoma está gerando complicações na sua vida,
mas sem cobrança ou pressão, “não está bom mas foi o melhor que conseguiu fazer sozinho”, “vamos achar um jeito
melhor de lidar com isso”.
O objetivo aqui seria de o paciente se conscientizar do tema central do seu relacionamento conflituoso
(CCRT). O paciente pode ter conflitos relacionados a uma dependência, por exemplo, onde mostra
“telepaticamente” que gosta de uma pessoa mas essa pessoa não reage, etc... Ter relacionamentos acreditando que
as pessoas precisam estar presentes, disponíveis para si. Ou seja, a pessoa estabelece tipos específicos de formas de
relacionamento com os outros – laços sociais de exploração, dependência, exigência, submissão.
Luborsky foi o único psicoterapeuta breve que falou sobre a importância e o estudo da contratransferência –
uso clínico –, “é importante ver se o paciente te deixa irritado, entediado, com sono, com fome, afins, pois são
elementos do relacionamento que esse paciente estabelece em você”.
O conflito central seria o problema que está manejanto e organizando o paciente. “O que o paciente deseja
das outras pessoas?” Que estejam sempre disponíveis para ele? Que consigam ler sua mente? Que as outras pessoas
o aplaudam e o encham de elogios. Já do outro lado, “O que de fato os outros fazem?”, tanto fazer o que o paciente
deseja como não o fazer é problemático. Uma mãe simbiótica que faz tudo pelo filho, faz o prato para ela, faz tudo
no lugar dessa pessoa, afin. No caso, o paciente fica presa na expectativa de que a tratarão como sua mãe, que a
trate como um bebê, surgindo um conflito pela expectativa do paciente ser diferente do que de fato está
acontecendo. E entra a última pergunta, “Qual é a reação do paciente nestas situações?”, ele pode chorar, ficar
revoltado consigo – “como não consigo fazer comida? Tem gente na minha idade que cozinha, como não consigo?” –
ou com o outro – “mas custa ele fazer para mim? Eu demoro muito, ele consegue fazer em dois minutos... ele não
entende que é difícil para mim?”
A pessoa, dependendo do tipo de apego, de relação que estabelece, reage de maneiras diferentes com o
distanciamento do outro, o como o sujeito reage quando a mãe não está mais presente/disponível? O como reage
quando a companheira não supre e coincide com sua expectativa? Conflito entre a expectativa de o que a pessoa
imagina que deveriam fazer por si e o que realmente o fazem. Olhar para o tipo de relação que se estabelece com as
pessoas, com o namorado, mãe, afins; o como fica quando a pessoa se distancia e depois volta.

HANS STRUPP E MARDI HOROWITZ


• Strupp
• Desenvolveu seu trabalho no Centro de Pesquisa de Psicoterapia da Universidade Vanderbilt
• Suas pesquisas enfocam a motivação do paciente
• Horowitz
• Desenvolveu seu trabalho no Centro para o Estudo das Neuroses do Langley Porter Psychiatric
Institute da Universidade da Califórnia
• Enfoca o transtorno de estresse pós-traumático, o luto patológico dentre outros transtornos de
ansiedade
• Valoriza o registro das entrevistas através de gravações de vídeo e diversas escalas sobre o estado
mental dos pacientes
• Seu processo tem duração média de 12 entrevistas com follow-ups após 5 e 12 meses

Em ambos os casos se tem uma pegada mais americana da psicoterapia breve, com entrevistas, gravação de
vídeo, duração de 12 encontros e depois follow-ups após 5 e 12 meses, para averiguar o como se da as melhoras
provindas do processo de 12 sessões, se o paciente as levou para a vida, afins.

CRÍTICAS
• Menor preocupação com a técnica
• Dificuldade de estudos sistematizados
• Muito embora Strupp tenha sido o primeiro a incluir gravações de sessões em vídeo
• Afastamento do “núcleo” da psicanálise

Se tinha uma técnica mais aberta, mais maleável e elástica, diferente do modelo anterior que tinha mais
estruturado – o que se fazer nas primeiras sessões, o como interpretar a transferência, afins –, no caso se tinha algo
mais aberto e relacional, tendo liberdade para acolher pacientes que não estão focados nos conflitos edipianos,
embora trate de relações relacionais, de forma diferente do modelo anterior, ocorrendo de maneira bem mais
empática.
Saindo da rigidez da psicanálise clássica, que era algo mais padronizado – “para histéricas faz-se X” –, se
distancia e se mostra mais difícil fazer estudos, já que não se tinha mais uma padronização de o que deveria ser
feito, e sim, levando muito em conta a relação, dependendo do caso, do terapeuta, do problema, sendo um
processo terapêutico mais direcionado para aquele paciente em questão.
Embora Strupp tenha sido o primeiro a usar de gravações para seus estudos, ainda sim, se tinha uma
dificuldade em realizar estudos sistematizados.
Como crítica, fala-se pouco de sexualidade, inconsciente, recalque, conteúdos tidos como do núcleo da
psicanálise, conteúdos que se diluem para facilitar e permitir a compreensão dentro de um linguajar comum, mais
leigo. Não se fala mais de metapsicologia, de libido, mas sim um linguajar dentro da psicologia e não da psicanálise.

MODELO INTEGRATIVO/ECLÉTIVO
• Integrativo ou eclético
• Modelo pragmático, tenta incorporar diversas teorias e técnicas
• “Adaptar a psicoterapia ao paciente, e não o contrário”

MANN
• Desenvolve sua teoria na faculdade de medicina de Boston (EUA)
• É o teórico de PB mais próximo da escola de relação de objetos (MK) e da psicologia do self (Heinz Kohut)
• Acredita que os problemas são menos de ordem intrapsíquica e mais uma questão de passividade,
dependência e autoestima (problemas de individuação-separação; tais como estudados por René
Spitz, Margaret Mahler entre outros)
• Abrange um conjunto mais amplo de pacientes, excluindo apenas
• Obsessivos-compulsivos que usam exclusivamente a intelectualização
• Esquizofrênicos
• Bipolares
• Pessonalidades esquizoides
• Borderlines

As questões das relações de objetos e psicologia do self, o “como vejo o outro?” e o “como me vejo?”. Se a
pessoa se ver como alguém passivo, que não sabe dizer não, não consegue colocar limites, se sente dependente,
com autoestima baixa, não sabe afirmar seus desejos, afins. Referidos como problemas de individuação-separação,
onde com estudos como de Margaret Mahler, durante a infância, nas relações precoces da vida, o sujeito constrói
uma noção de autoeficácia, no sentido de “o quanto eu acho que consigo fazer uma coisa?”, “o quanto me acho
competente para tal?”. A autoestima pode ter relação com questões herdadas – como beleza e dinheiro; já a
autoeficácia teria noção com o como esse sujeito o constrói durante as relações precoces, se ele constroi a noção de
autoeficácia como “ainda não consegui, mas sei que consigo se continuar tentando” ou “não sou capaz de conquistar
sozinho.
“Cada um tem o amor que acha que merece ter”, a pessoa aceita aquilo que acha que não pode pedir mais,
que acha que não merece mais, sujeitando-se a situações humilhantes, frustrações, falta de elogios, violência, afins.
O valor interno que a pessoa se atribui afeta nas suas relações.
Mann atende um conjunto muito grande de pacientes, excluido alguns tipos, como pacientes obsessivos-
compulsivos que usam exclusivamente da intelectualização – Será que é isso? Será que é aquilo? Preso por trás de
um aparato filosófico, teorizando e não sentindo nada, sem angústia, sofrimento, afins, encaixa tudo a nível teórico e
intelectual e pouco se vê/se acessa; Não se faz psicoterapia breve com psicóticos, como esquizofrênicos e bipolares;
Mann não atendia pessoas esquivas, que possuem muito cuidado e evitam o contato, que seriam os Esquizóides,
que buscam pouco contato com pessoas e se refugiam em outras atividades muito não-relacionais, a nível de
escolha, introvertidos, demoram a produzir vínculos; Por fim, também não atendia borderline, por serem impulsivos,
demandarem tempo, o tempo limite da abordagem breve faria o borderline desesperar-se, pois sabe que logo o
processo terapêutico irá acabar e não consegue desenvolver vínculos.

• Sua técnica:
• Foco no problema principal que englobe a auto-estima do paciente e o conflito subjacente
• Destaque para a empatia do terapeuta
• Maior importância para problemas cotidianos que conflitos intrapsíquicos
• Usa técnicas de espelhamento (repetir as palavras do paciente)
• Seu início sistemático se deu com Rogers
• Trata as defesas com muito cuidado por saber a função que possuem

Vai dar bastante enfoque em perguntas como “mas por que acha que não pode exigir seu direito nas
coisas?”, “por que está nessa posição de que não pode pedir nada do mundo?”
Da destaque na empatia do terapeuta, bastante calmo, sensível, empático, ouvindo as queixas do paciente, o
que possuem de frágil e doloroso, traumático.
Começa a se dar importância para os conflitos do dia a dia, interrelacionais e que ocorrem na vida cotidiana,
não mais dando grande importância para os conflitos intrapsíquicos.
Mann usa da técnica do espelhamento, repetindo as falas do paciente para que ele ouça a própria fala,
“entendi o que você falou, eu entendo a sua dor, você me disse XXXX...”. O terapeuta tem uma aceitação
incondicional, nada que o paciente falar será assustador, etc, sempre aceitando-o plenamente (Rogers). O paciente
percebendo que tem algúem que o aceita, que não o atropela, que não o força a mudar, que se sente acolhido e
amado tal como o é, poderá através dessa relação ter forças para mudar, ter o apoio necessário para a mudança.
Conseguir mudar para que os outros o aceitem.
Outra coisa, Mann trata as defesas com muito cuidado pois sabem de suas funções, que estão alí como
recurso de defesa, de proteção do sujeito, ele as usa pois não consegue não as usar, a realidade crua se mostra como
intolerável para o sujeito; nos outros modelos, a defesa é algo a ser eliminado, pois impede o sujeito de ver o mundo
verdadeiramente/de forma mais realista/menos deformada; Freud fazia interpretações sistemáticas das defesas.
São através dessas defesas que o paciente sustenta seu mundo, pois não possui nada para as substituir no
momento. Olha-se as defesas, verifica seus usos, leva o sujeito a desenvolver alternativas antes de analisar essas
defesas e buscar as eliminar. Ir retirando as defesas quando já houver algo melhor para se colocar no lugar;
preservando-as até o momento ideal de serem retiradas. Defesa como meios não ideais de lidar com as coisas
insuportáveis do mundo.

• Limita o tratamento a exatos 12 encontros


• No quinto encontro começa a se separar do paciente enquanto mostra suas tendências a depender
do terapeuta
• Começa a apontar os esforços do paciente para agradar o terapeuta e o incentiva a ser verdadeiro
consigo próprio e com suas necessidades
• Ao final trabalha com a ambivalência do término
• Por compreender as neuroses em termos de individuação-separação, o término é parte
crucial do tratamento: os temas de tristeza, luto e raiva devem ser ativamente explorados

Ao longo das sessões e do tratamento, o paciente vai dependendo cada vez mais do terapeuta, vai se
mostrando, chorando, afins, pois Mann utiliza de uma técnica empática. Mann vai apontando os usos da
dependência do paciente sobre ele, assim como, os esforços que o paciente tem em tentar agradar o terapeuta,
instruindo para que o paciente seja mais honesto e verdadeiro, sendo o mais verdadeiro possível nesses 12
encontros, “olha, terminamos o processo em 7 encontros, que maneiras você encontra para lidar com essa
situação?”, “coloque-se em primeiro lugar, o que está buscando aqui? O que é importante para você?”.
Mann compreende as neuroses em termo de individuação-separação (já foi falado sobre a Margareth
Mahler). Separação como físicamente distantes, individuação como ter a própria mente – fazer e sustentar sua
individualidade, mesmo diante de outras pessoas “eu sou de um jeito, você de outro e tudo bem!”, os pais querem
que o filho seja muito próximo de si, possuem expectativas, a criança precisa ter confiança, ter individuação de
mostrar quem são, mesmo que diferentes do que o esperado “olha, eu sou assim, não gosto disso que tu gosta”.
Com isso, o término seria o já ter condições de se separar do analista, com isso, também pode conseguir se
separar em outros relacionamentos, não precisa sempre agradar a mãe, o chefe, ficar sempre grudado do
namorado, afins. “Se consigo me separar do analista, consigo me separar dos outros, me individuar”. Na
aproximação do término, o terapeuta questiona sobre o como o paciente enxerga o término, “em três encontros
terminaremos o processo, como que você está? O como se sente? Está com raiva? Está triste?”, dependendo da
reação da pessoa, como raiva, “olha como você está se impedindo de individuar-se, está querendo novamente uma
pessoa para poder depender...”. É necessário olhar a ambivalência do término, de o que trabalharam juntos e de que
foi muito bom, mas de que irá acabar, chegar ao término. Mann ativamente trabalha e se questiona sobre o término
do processo terapêutico. Busca produzir recursos internos para o paciente lidar com as instabilidades do mundo.

PROCHASKA
• Desenvolve a Psicoterapia Transteórica
• Seu objetivo é encontrar os fatores que determinam o bom aproveitamento da terapia pelo indivíduo
independentemente da teoria utilizada
• Na época de seu estudo mais consagrado (1982), contavam-se 200 tipos diferentes de terapia
• Prochaska estudou as 18 principais linhas teóricas tentando encontrar pontos em comum que
justificassem sua eficácia
• Focou seus estudos em quatro aspectos separadamente
• Pré-condições da terapia
• Processos de mudança
• Conteúdo da mudança
• Relação terapêutica

É um teórico de psicoterapais mais pragmáticas e práticas, não se tem mais uma unidade teórica que amarra
todo o conteúdo, se trata de um conjunto de teorias em busca da melhor eficácia, embora não se tenha o conteúdo
alinhado, não esteja falando sempre da mesma coisa, busca usar o melhor de cada teoria, usar tudo que está
funcionando atualmente (psicoterapia comparada).
“Como pode 18 linhas teóricas explicando doença, cura e método de formas diferentes, mas que todas
funcionam e possuem resultados?”. Para tal, estipulou quatro aspectos em seus estudos, o primeiro seriam as pré-
condições da terapia, sendo o como aquele paciente precisa estar, que requisitos precisa ter, nível de inteligência,
fatores de idade, o como entende sua doença, afins...
O segundo foco dos estudos de Prochaska foi em relação aos processos de mudança, o como elas ocorrem?
O que precisa ter para mudar? Como encara seus problemas? Esses problemas realmente afeta seu ambiente? O
que a força a mudar? O terceiro foco seria o conteúdo da mudança, o que está precisando ser mudado nesse
paciente?
Por fim, o quarto aspecto estudado foi a relação terapêutica, “que tipo de acordo de trabalho é feito entre
paciente-terapeuta para que a mudança aconteça?” o terapeuta faz oq? Coloca pressão? Se preocupa pela terapia
mais que o paciente o faz? Qual é o tipo de relação?

• Pré-condições da terapia
• Paciente com expectativas positivas a respeito do tratamento
• Encontrou que muitos pacientes desistem do tratamento muito cedo
• Entre 35%-60% terminavam após o terceiro encontro (terapeutas rígidos > + desistências)
• Alguns críticos das terapias apontam que a expectativa é o verdadeiro motor da terapia (gerando
expectativas positivas, conseguiríamos melhoras)
• Os estudos não comprovam isto. Ela é uma pré-condição, mas não é responsável pela
mudança ou pelo andamento da terapia.

Prochaska percebe que o processo terapêutico dará mais certo se o paciente tem boas expectativas da
terapia, se ele deseja ser atendido, sendo a expectativa uma pre-condição para o processo.

• Processos de mudança
• Certamente não existem 200 tipos distintos e particulares de mudança
• O enfoque dado por cada linha teórica varia, mas todas compartilham estes 5 pontos:
• Aumento da conscientização
• Catarse
• Escolhas
• Estímulo condicional
• Controle de contingências
Existem inúmeras abordagens terapêuticas, mas não existem o mesmo número de formas de se fazer
mudanças, para tal, questiona-se o como ocorrem as mudanças.
As mudanças ocorrem no processo terapêutico através de cinco pontos, pontos presentes em todas as linhas
teóricas, sendo os pontos: o aumento da conscientização – dar noção ao paciente de que as pessoas possuem
intensões nas falas, por exemplo, “seu chefe quer que você ache que não foi boa o suficiente pois assim você sempre
corre atrás do prejuízo e trabalhando cada vez mais”, o aumento da conscientização seria saber que nem sempre
você foi ruim, estando o patrão jogando com o paciente pois queria que ele trabalhasse mais.
Outro enfoque de mudança seria através da catarse, conseguir chorar, expor suas emoções e ir
desbloqueando e revivendo alguns traumas, agora de uma maneira mais adequada, com os recursos atuais.
Escolher é outro elemento, a pessoa decidir e direcionar-se requere escolhas, “eu quero fazer X”, “eu quero
conseguir fazer diferente”, “não quero mais fazer Y”.
O estímulo condicional – “você consegue Z se fizer X”, ou seja, modificar as respostas diante de
condicionamentos – e o controle de contigências – mudanças no ambiente para possibilitar a mudança do sujeito.

• Aumento da conscientização: o fornecimento de mais dados permite que o indivíduo escolha


melhores formas de reação
• Catarse: método bastante antigo (desde os gregos) que se baseia numa compreensão hidráulica da
mente (mente como caixa d’água que enche gradualmente e uma hora esvaziar)
• Escolhas: tradicionalmente é um tema evitado; acredita-se que as mudanças decorrem da terapia e
não que elas façam parte dela (querer mudar também promove mudança, não só o fazer terapia)
• Estímulo condicional: modificar respostas condicionadas ou minimizar a exposição aos estímulos
associados (dependente químido tenta reconhecer seus gatilhos e os evitar)
• Controle de contingências: mudanças no meio-ambiente de forma a modificar padrões de resposta

• A incorporação de técnicas de tradição psicanalítica e behaviorista (dentre outras) visa, segundo


Prochaska, “fornecer uma visão mais completa dos indivíduos, aceitando tanto suas capacidades
para mudanças internas enquanto reconhecemos os limites externos à estas mudanças” (Prochaska,
1982, p. 281)

Conciliar as mudanças internas da psicanálise, seus recursos, assim como, as mudanças externas da
psicanálise. Há mudanças externas que influem em mudanças sobre o interno – relacionamento abusivo que diminui
a pessoa e ela só vê ‘murcha’; em um relacionamento com alguém que a elogie bastante, a pessoa se vê como
valorizada e importante.
Para mudar, a pessoa passa por estágios, o primeiro deles é o da contemplação, onde a pessoa fala sobre o
que melhoraria se parasse de fazer algo, contempla a ideia, trabalha nela; o próximo estágio é de determinação, a
pessoa está focada e quer mudança; o próximo estágio é de ação, a pessoa faz o possível para promover a mudança.
Nesses três momentos se usa das ténicas de conscientização – realmente, fumar pode provocar câncer –, de catarse
– deixar a pessoa reclamar e vivenciar – e de escolhas – a pessoa escolhe a mudança, escolhe parar de fazer X,
evitando Y, afins.
O próximo estágio de mudança é a manutenção, o sujeito percebe a dificuldade de mudança; no relapso a
pessoa realmente recaí e acaba fazendo o que estava tentando não fazer. Nesse momento se tem o estímulo
condicional e o controle de contingências, evitando ambientes que estimulam o que está tentando evitar, o que está
tentando mudar, controlando as contingências – ambiente – e a sua resposta diante da situação.

• Relação terapêutica
• Em seu estudo sobre fumantes que deixaram o vício, encontrou que:
• Indivíduos que param de fumar sozinhos podem ser tão efetivos nesta decisão do que
aqueles que se submetem a tratamentos complexos
• Os indivíduos que se submetem a tratamentos complexos escolhem quais técnicas vão
seguir e quais vão ignorar (não seguem todas)
• Acredita que o paciente pode ser uma forte força de mudança ou de resistência
• A maior fonte de resistência está no desencontro entre os estágios de mudança propostos
pelo paciente e terapeuta
• Aqueles mais orientados à mudança acham que seus pacientes que estão no estágio
contemplativo são “resistentes”, e vice-versa.
• Do ponto de vista do paciente o terapeuta pode estar querendo “ir rápido demais”
ou “não estar fazendo nada de efetivo”

A mudança pode ocorrer através da pessoa sozinha, que decide pela mudança e sozinha a consegue, efetiva
essa mudança estipulada; Há quem se submete a tratamentos, como para parar de fumar, muito complexos e, por
serem complexos, são seletivos e escolhem quais técnicas vão aderir e quais vão ignorar – não seguindo todas.
Sendo assim, o sujeito não aceita cegamente tudo que lhe é proposto, ele segue o que acha adequado,
personalizando seu próprio tratamento, ignorando técnicas que julgue como muito difíceis, afins.
O processo de mudança é atrapalhado quando o terapeuta e o paciente encontram-se em estados de
mudança diferente (contemplação, determinação, ação, manutenção e relapso). Exemplo do paciente que está
contemplando a ideia e o terapeuta cobrando ações; ou o inverso, o paciente está buscando ações e o terapeuta fica
tentando a contemplação, por exemplo, “você tem certeza? Você precisa pensar direito sobre...”
O terapeuta precisa identificar o estágio do paciente e o acompanhar. Se estiverem em descompasso, o
paciente pode não aderir ao tratamento, a mudança; o terapeuta precisa esclarecer a origem da vontade de fumar,
de sua problemática, afins, antes de iniciar o processo de mudança, já se o paciente está querendo a ação, é
complicado.
Exemplo paciente que quer se separar e o terapeuta fica “será mesmo, vocês possuem uma história...”, ou o
inverso, terapeuta que fica cobrando “e ai, está com os papeis na mão, vai assinar?” e o paciente ainda não está
nessa fase “calma, temos uma história, você está correndo muito com isso”.

• O autor pretende que os estágios de mudança ocorrem (com ou sem consciência do terapeuta e paciente)
em todas as terapias de qualquer abordagem
• Ocorrem, também, nas “curas espontâneas e misteriosas” (sem terapia): neste caso todas as etapas
acontecem da mesma forma; nada, portanto, de espontâneo ou misterioso.

Existe um esquema geral a respeito da mudança, o terapeuta e o cliente podem ou não perceber ou não
perceber, mas se passará pelas etapas descritas. Até mesmo nas curas sem terapias, espontâneas, que faz sozinho,
lendo, afins.

CRÍTICA
• Ecletismo nem sempre é articulado coerentemente
• Mann:
• Generalização de uma única origem para todas as neuroses
• Não houve uma flexibilização da técnica (12 sessões), tampouco uma sistematização dos
procedimentos

Como fazer algo coerente se irá misturar inúmeras teorias, afins? Há momentos que precisa-se escolher uma
teoria. Como crianças agressivas, irá apostar em quê? Na criança? No ambiente que não respeita os movimentos
espontâneos dessa criança? São compreensões opostas e, com isso, em algum momento é necessário fazer escolhas
teóricas para se seguir.
Mann descreve que todas as neuroses possuem uma mesma origem, que são problemas de relacionamentos
que passam pela passividade, dependência e autoestima. Nem tudo se restringe a isso, mas sim, muito seria por
decorrência de problemas de relacionamento.
Há uma crítica também sobre a técnica de Mann, que eram sempre 12 sessões independente do quadro do
paciente, assim como, de que não tem uma sistematização dos procedimentos, só se fala sobre o que se trabalhar na
quinta sessão em diante, o restante fica bastante aberto.

RESUMO
• “O objetivo final de todas psicoterapias dinâmicas é que o paciente possa experimentar plenamente os
verdadeiros sentimentos contra os quais ele estava se defendendo por estarem carregados de ansiedade ou
dor” (Malan, 1986)
• Malan, Danvaloo e Sifneos estão bastante próximos ao modelo psicanalítico clássico
• Tomar consciência do conflito central e sentimentos subjacentes
• Danvaloo mantém a sessão num estado de grande intensidade emocional embora o analista permaneça
neutro. Esta técnica rapidamente traz à tona a transferência negativa.

Experimentar na relação analítica o sentimento que estava paralisado, que não estava conseguindo ter.
Vivendo, de verdade, essas situações em uma relação verdadeira, o sujeito está sim se entregando, se expondo,
lidando com as consequências disso.
Malan, Danvaloo e Sifneos estão bem próximos do modelo clássico, com o conflito como centro do
tratamento, assim como dos sentimentos subjacentes, se tendo uma análise constante das defesas, com bastante
pressão. Donvaloo usa de grande instabilidade emocional, muita pressão sobre o paciente, o paciente pode atacar o
terapeuta mas esse não irá responder ou fazer nada, permanece como função de espelho, como neutro; o paciente
consegue vivenciar situações com alguém que não reage, que apenas reflete e mostra o como o paciente é.

• Sifneos trabalha de forma similar e clássica, mas esforça-se por manter a transferência positiva. Suas
interpretações miram o conflito subjacente sem atravessar a resistência (perlaboração), o que gera bastante
ansiedade
• Malan segue os passos de interpretação de cunho intelectual e uma abordagem educativa (como Danvaloo e
Sifneos), seu estilo não é confrontativo
• Mann, Luborsky, Strupp e Kierman tem abordagem mais exploratória que educativa
• Incorporam ideias da escola de relação de objetos

Sifneos tem muitas interpretações diretamente a nível teórico, sem que a pessoa possa gradualmente se
aproximar e ir entrando em contato com aquele conteúdo. Sendo interpretações que pegam o paciente de surpresa,
ele fica pensando e pode perceber ao longo da semana que aquilo faz sentido; interpretações que geram bastante
ansiedade e mudanças rápidas.
Malan usa da empatia, não se tem um estilo confrontativo.
Mann, Luborsky, Strupp e Kierman não são muito educativos, eles buscam mais explorar as relações, ver
como o sujeito se articula com as pessoas e ver o que que está sobrando e o que está faltando nessas relações.

• Luborsky mescla aspectos clássicos e aspectos da psicologia interpessoal. Suas interpretações são curtas e
simples. É o único a trazer a importância da contratransferência.
• Mann tem como base a psicologia do self e das relações de objeto (em oposição à pulsão). Enfoca questões
de dependência e separação-individuação. Limita a 12 sessões todos os casos. Técnica muito menos invasiva
e muito mais empático
• Prochaska incorpora diversas teorias (inclusive de escolas distintas) para dar conta dos processos de
mudança dentro e fora da terapia.

Luborsky analisa a contratransferência como um elemento importante no processo, para o terapeuta


controlar e mostrar a influência dela no processo, “olha só, você quer que as pessoas sintam pena de você...”,
também destaca-se que suas interpretações são mais curtas e simples, mesclando psicanálise clássica e aspectos da
psicologia interpessoal.
Mann usa de MKlein e Kuhot como base, enfoca no conceito de separação-individuação para entender como
a pessoa estabelece suas relações de dependência. Limita-se a 12 sessões para todos os casos. É bastante calmo,
sensível, empático, ouvindo as queixas do paciente, o que possuem de frágil e doloroso, traumático; sendo assim,
técnica menos invasiva.
Prochaska usa de diversas teorias – até mesmo de diversas escolas –, para buscar dentro de todas as opções,
um tratamento adequado para o paciente, promovendo mudanças tanto dentro como fora da terapia.

Em sala de aula diferenciamos a psicanálise das psicoterapias. Explique no que consiste essa diferenciação
e qual o sentido da comparação freudiana com a atividade da escultura e da pintura (per via di levare, per via di
porre).
Freud quem diferenciou a psicanálise de psicoterapia, usando de uma comparação com o produzir uma
pintura e a produção de uma escultura. De maneira geral, ao se pintar um quadro, a pessoa coloca nele tudo o que
nele gostaria que tivesse de elementos, seria a comparação com a via di porre – psicoterapia. Com a psicoterapia irá
se “colocar” coisas nesse paciente, como sugestões, usar de técnicas, informações através do uso da psicoeducação,
afins. O pintor – no caso o terapeuta – pode fazer qualquer pintura, ele quem escolhe, diferentemente do processo
de produção de uma escultura.
O escultor irá olhar para seu material bruto, para a pedra, e nela enxergará o que ela é, como o exemplo que
o professor deu de “olho e vejo um homem deitado”, tudo o que não for esse homem deitado, seria retirado.
Produzir uma escultura se compara com a via di levare – processo de análise da psicanálise. Ao produzir uma
escutura o escultor irá retirar tudos os elementos que não são próprios daquele homem, suas fobias, memórias
reprimidas, defesas, afins, “retirando” conteúdos desse paciente (de dentro de si). O escultor – o analista – não
produz qualquer escultura, apenas olha para aquele indivíduo e retira dele tudo que não o é este homem.
Com a psicanálise clássica, se tem todo um setting estruturado, o uso do divã, o analista serve como uma
função, uma tela em branco, um espelho, permitindo o ecoamento do paciente; a frequencia dos atendimento são
de em torno de 4 a 5 sessões semanais; como recurso para o processo, a interpretação da transferêcia se mostra
bastante importante.
A psicoterapia, por outro lado, possui outros moldes, se usa de uma poltrona, o paciente e terapeuta ficam
um de frente para o outro – diferentemente de como ficavam posicionados com o uso do divã –, comumente se é
uma sessão semanal (sendo mais sessões, dependendo do quadro e se o paciente se encontra em crise), o terapeuta
é mais espontâneo, natural, não uma função e uma artificialidade de manter-se neutro; as transferência são
percebidas, mas não necessariamente analisadas, mesmo com as defesas. Com a psicoterapia pode-se usar de
técnicas comportamentais como recurso – acalmar o cliente para que ele consiga falar e elaborar os conteúdos, por
exemplo.

Aponte e explique os três diferentes modelos de psicoterapia breve de orientação analítica.


De maneira bastante generalizada, pode-se dizer que o modelo estrutural ou do impulso é bem focado e
preocupado com a noção de fantasia, defesas, desejos, questões de ‘dentro’ – intrapsíquico – do indivíduo. Tudo
que o sujeito enxerga é um produto de si próprio, a realidade em fantasia com maior importância da concreta e
compartilhada. Diferentemente de o como Freud fazia, nesse modelo se conta com muita confrontação e
focalização, não abandonando o modelo de análise – exclusivamente análise. Como crítica se tem o autoritarismo
que pode existir nessa relação, pois o que significa atingir a cura, seria o paciente conseguir ver o mundo através de
o que o terapeuta o vê, um mundo não distorcido (ou com poucas distorções) seria o mundo visto através dos olhos
do psicoterapeuta.
O modelo relacional, do outro lado, já não fala mais sobre a realidade interna do sujeito, fala mais sobre a
realidade compartilhada, sobre a ideia de cada pessoa ter um ponto de vista diferente – o sofrimento ocorre quando
o indivíduo não consegue estabelecer contato com essa realidade; o sujeito, no caso, não consegue se articular
dentro da realidad – como encontrar um trabalho/um lugar para si, estabelecer relações, entender o como e o que
as pessoas pensam de si, etc. No caso, o sofrimento do sujeito provêm da falha de estabelecer o contato com a
realidade. Esse segundo modelo surge através da crítica do primeiro – o estrutural –, mas também é criticado por
conta da sua maleabilidade e pouca estruturação – como de o que se fazer nas sessões, o como interpretar a
transferência, afins –, se trata de um processo mais direcional para o paciente em questão, por isso mesmo, que era
difícil usar desse modelo para produzir estudos. Comenta-se, também, que esse modelo relacional foge um pouco do
conteúdo do núcleo duro da psicanálise, como a sexualidade, inconsciente, recalcamento, afins, pois esses
conteúdos são diluidos em um jargão a nível de senso comum, com uma linguagem para leigos.
Por fim, o terceiro modelo, chamado de modelo integrativo ou eclético é repleto de pragmatismo, buscou-se
incorporar inúmeras teorias e técnicas – até mesmo usando escolas diferentes, por exemplo diferentes escolas da
psicanálise –, inconsistente no sentido de misturar psicodrama, psicanálise, TCC, behaviorismo, afins. A psicoterapia
é adaptada ao paciente, busca o que funciona melhor para o paciente, incorporando o conteúdo que funcionar –
independentemente de qual teoria se trata. O paciente não é compreendido em uma abordagem, ele é encaixado
em uma teoria só dele, as justificativas do comportamento e o próprio processo terapêutico são bem incoerentes –
justamente pelo uso de inúmeras teorias, fica difícil explicar um comportamento em questão; como crítica se tem
exatamente isso, por usar de inúmeras teorias o que hora ou outra será preciso escolher uma abordagem para se
explicar aquilo – já que as diferentes abordagens podem mostrar contradições ao explicar o mesmo fenômeno.

Inicialmente os pacientes de Freud curavam-se muito rapidamente. Aponte os principais fatores, no


paciente e no analista, responsáveis pelo prolongamento do tratamento psicanalítico.
Existem inúmeros motivos pelos quais pode-se explicar o prolongamento do tratamento psicanalítico, dentre
esses fatores, pode-se citar tanto fatores relacionados ao paciente como relacionados ao terapeuta.
Sobre o paciente, ele pode apresentar inúmeras resistências, coisas que vão freando o seu tratamento, como
dificuldade de rememoração, o desconforto em relembrar e falar de coisas traumáticas, falta de vontade, afins;
É importante levar em conta que as doenças possuem inúmeras origens, uma questão vai desencadeando e
acavalando diversas outras questões, como infância complicada – dificuldade de vinculação – solidão – dificuldade
no trabalho – não consegue estabelecer relações – depressão. Sendo assim de forma geral, existem inumeras
sobredeterminações por trás daquela doença; A cura, idealmente, trabalharia o caminho inverso dessa história,
começa pelo mais próximo e ir aprofundando-se; para tal, exige tempo;
O paciente precisa perlaborar, digerir o conteúdo, o esmiuçar, observando-o por vários ângulos, até em
certo momento conseguir o introjetarem si, para tal, também exige tempo, o tempo do paciente;
O professor já falou bastante sobre a importância da infância, pois será usada como estrutura e alicerce para
a vida adulta, coisa do tipo. Sendo assim, durante a vida as pessoas são expostas a inúmeros estímulos, mesmo que
possam ser estímulos semelhantes elas comportam-se de maneiras diferentes, alguns adoecem e outros não, diante
da mesma situação, isso se da por conta da infância da pessoa. O sujeito que adoece está ecoando questões que não
foram bem elaboradas na infância – como autoestima, desamparo, abandono, insuficiência, afins, que são tocadas
na vida adulta e, se não elaboradas na infância – gerarão problemas no presente. Por decorrência disso, o
tratamento de sujeitos com alicerce “problemático” demoram mais no tratamento, naturalmente, pois é mais
complicado modificar a estrutura que o telhado de uma casa, por exemplo (exemplo do professor ^^).
A transferência também é algo que irá exigir mais tempo dentro do processo de psicoterapia, pois essa
transferência pode demandar coisas, que o terapeuta faça o paciente perceber que não está realmente apaixonado
pelo terapeuta, que se trata da transferência, no caso erótica, afins... E seria por meio da análise da transferência
que o tratamento poderia voltar a prosseguir, já que o paciente poderia voltar a olhar para o mundo sem as
distorções por trás da transferência. Vale comentar também da dependencia do cliente sobre a terapia, onde
acabam influindo negativamente no processo para que ele não chegue ao fim, por exemplo.
Do outro lado, depois de se falar sobre o paciente, existem questoes do terapeuta que influem sobre o fim
do processo, se tendo um prolongamento do tratamento, exemplo disso seria a passividade do terapeuta – um
terapeuta que não pergunta muito, que não faz sugestões, cutucões, chacoalhões, afins, faz do tratamento sem
direcionamento, como se não tivesse urgência.
O terapeuta pode ter um perfeccionismo, tentar adiar a alta, pois o paciente não está completamente
perfeito, buscar um padrão absolutista de normalidade, que também é irreal, o terapeuta não da alta pois o paciente
ainda tem ansiedade em algumas situações, afins; a ideia do processo é a pessoa sair com confiança de que
consegue digerir e lidar com os novos problemas, usar de seus mecanismos, não de que ela sairá plena e totalmente
livre, no caso, de ansiedade.
Por fim, pode-se falar do terapeuta que busca entender todo o quadro do paciente, retornando ao passado
do paciente, tentando entender os mecanismos e origens de seu problema, afins; fazendo com que o tratamento
fique muito prolongado, pois busca tratar enquanto anseia teorizar.

No decorrer do estudo sobre as resistências, a psicanálise se dividiu entre os que atribuíam causas
metapsicológicas e outros que atribuíam causas relacionais. Explique a ideia de cada um dos grupos.
Freud com o tratamento das histéricas usou de inúmeras técnicas para que elas pudessem rememorar,
percebia que o conteúdo não tinha sigo apagado da consciência delas, só se tinha algo que mantinha o conteúdo
reprimido, foi esse “algo” que freud chamou de resistência. Freud usou de diversas técnicas nesse processo –
insistência, pressão na testa, trazer o paciente para ser seu aliado no processo, adivinhações, afins –, mas para de
realizar modificações técnicas e passa a explicar a resistência a nível metapsicológico, falando no caso, que as
pessoas possuem pontos muito complicaos e difíceis de serem vencidos, dentro delas mesmas – no caso a pulsão de
morte e a compulsão a repetição. Nesse momento, as resistências eram faladas muito a nível de realidade psíquica –
lembrar de MK e estranhismo e bizarrismo por trás de fantasias, afins, nesse momento não se dava muita
importância ao que de fato ocorreu com o sujeito na realidade concreta, mas sim sobre as percepções do sujeito em
sua realidade psíquica.
Do outro lado – lembrar de Ferenczi –, se tinha os estudos da resistência vistos através de uma realidade
concreta, sobre o como foi de fato a relação daquela criança com a mãe? o como essa mãe realmente era e o como
ela tratava o filho? Sendo assim, estudos através da relação, se surge uma problemática, ela refere-se a relação. Por
exemplo, determinado terapeuta que não está conseguindo entender/se irrita/não tem paciência/está
cansado/etc... O terapeuta não estaria utilizando uma técnica adequada e específica para o quadro em questão,
estaria então, usando técnicas genéricas, por exemplo. Trata-se de uma Psicologia que não olha somente para o
paciente, mas para ele em uma relação, no caso, dentro da terapia, paciente-terapeuta.
MATÉRIA DO SEGUNDO BIMESTRE
Slide: As entrevistas

ENTREVISTAS
• O período inicial de encontro (antes do contrato) é chamado de entrevistas
• Normalmente acontecem em número de 1 a 4 (encontros)
• Variação principalmente de acordo com a experiência do terapeuta e do tipo de paciente
• É um dos pontos mais importantes em PBOA por ser o momento privilegiado do diagnóstico
• Lembrar que algumas patologias não são tratáveis pela PB
• Com o diagnóstico podemos estipular um tempo médio de tratamento
• Será através das entrevistas que elaboraremos a hipótese de base

O primeiro momento é o momento de conhecer o paciente, sua história, levantar a sua demanda. Ter uma
noção geral.
No segundo momento, o contrato terapêutico é quando se combina o que cada um irá fazer, frequência,
pagamento, como funcionará essas questões.
Já o enquadre corresponde às constâncias que permitem o andamento da análise, que permitem que o
fenômeno se mostre na frente do analista. Ex: Não da para observar se X paciente está melhorando, se um paciente
for atendido semanalmente, outro quinzenamente e outro mensalmente.
Após se falar do enquadro, se fala sobre os elementos da relação terapêutica, os elementos que favorecem e
os que prejudicam essa aliança. Corresponde ao jeito de o paciente e terapeuta olhar a terapia, para que esta seja
uma aliança de trabalho.
Por fim, se fala sobre o diagnóstico em psicanálise, que não corresponde ao diagnóstico psiquiátrico (DSM,
CID, afins), pois a psicanálise possui estruturas clínicas próprias, conceitos próprios, afins. Como o transtorno
borderline, narcisista, histeria, etc. A psicanálise e o DSM 1 e 2 usavam de uma línguagem psicanalítica, do DSM 3
adiante, tenta-se uma linguagem ateórica e a psicanálise e o diagnóstico psiquiátrico se distanciam.
Entrevista > contrato terapêutico > setting/enquadre (permite a manutenção do ambiente para que se possa
analisar devidamente os fenômenos) > relação terapêutica (elementos que favorecem e prejudicam uma aliança
terapêutica, assim como, a definição do conceito) > diagnóstico em psicanálise > levantamento das estruturas
clínicas narcicismo e borderline (surgiram do estudo psicanalítico) OS. Não se enquadram na psicoterapia breve.
Os primeiros encontros em psicanálise não são tidos como tratamento (modelo médico, esse entrevista e
gasta um tempo para entender o que se passa com o paciente), se é um período inicial, de entrevistas e anamnese
(entre 1-4 dias, dependendo da experiencia do terapeuta e do tipo de paciente). O objetivo da entrevista é “sacar” o
diagnístico. Não se tem que ter o diagnóstico fechado, apenas ter uma boa noção de qual será o diagnóstico, pois
dependendo do caráter do paciente, narcicista, borderline, narcisista, estriônico, histérico, afins, terá um
funcionamento diferente. Esse primeiro momento é um momento puramente diagnóstico, busca-se ter a noção de
diagnóstico do sujeito para estipular qual será o tipo de tratamento.
Após isso, estipular o tipo de tratamento, psicanálise, psicoterapia psicanalítica ou, psicoterapia breve
psicanalítica (dependendo do quadro do paciente, obedecendo as restrições das patologias, demandas, afins).
Dependendo do caso e demanda, realizar o encaminhamento.

• O texto mais importante sobre o tema é o de Bleger “A entrevista psicológica (1964) [14 09 Entrevista
Psicológica]”, presente no livro Temas de psicologia – Entrevista e grupos.
• Bleger é um teórico dos campos, isto quer dizer que “entre os participantes estrutura-se uma relação da
qual depende tudo o que nela acontece”, e aqui temos um ponto importante:
• O entrevistador condiciona aquilo que ele próprio registra. Não estamos em uma situação de
observação “natural”, nossa postura, nossas perguntas, nossas respostas, tudo isto afeta
diretamente aquilo que o entrevistado mostra e que nós iremos, então, registrar.

Bleger rompe a visão de sujeito-objeto de forma ingênua. Descartes quem descreveu o discurso do método,
estabelecendo o como se fazer e com o que se tem que ter de cuidado para que algo possa ser tido como científico.
Basicamente disse para separar tudo o que for subjetivo, que desfazendo-se de suas próprias expectativas, da
própria percepção, afins, colocando de lado tudo que for próprio e subjetivo do homem, de modo que só reste algo
que não é a si próprio, o objeto.
Bleger fala sobre o campo, que ao olhar para aquela pessoa você não conhecerá aquela pessoa, mas sim
aquela pessoa COMIGO (com o terapeuta), em uma relação. Você só consegue conhecer a pessoa na relação que ela
estabelece contigo. É difícil um homem observar outro homem, pois são da mesma natureza, o observador olha para
alguém da mesma natureza que a sí próprio, sendo difícil dividir sujeito-objeto.
No caso, com o campo de Bleger, se reconhece que não da para conhecer o outro de fato, apenas que pode-
se observar deste outro em relação comigo, conhecer o como este outro é comigo. Uma lupa pode olhar outra coisa,
mas como uma lupa poderia ser usada para olhar para ela mesma? Como usar uma mente para entender a mente?
Diante do observado em uma entrevista, o psicólogo irá anotar através de conceitos de sua teoria, com
pontos de atenção distintos de um entrevistador para outro. Irão usar conceitos diferentes, focar em questões
diferentes, anotar coisas diferentes. O observador condiciona o que será registrado sobre o entrevistado, existe uma
interferência na forma que cada um observará, posturas, perguntas, respostas, formas de se anotar, teorias por trás
da entrevista
Ao olhar para um copo, não importa se você é homem, bonito, jovem, afins; contudo, ao olhar para uma
pessoa, isso faz sim diferença. Como o desconforto e o constrangimento de uma mulher falar sobre sexualidade com
um psicólogo homem e de maior idade, por exemplo. Sendo assim, as características do observador condicionam o
que o próprio observador registrará.
Cada observador dará pontos de atenção diferente, dará importância para diferentes coisas, descreverá os
fenômenos através de diferentes conceitos de diferentes teorias.
Sabe-se que nem todos os elementos no campo serão do paciente, já que o psicólogo irá interferir, de
maneira ou outra, o foco é de que o psicólogo participe o mínimo possível e deixe o paciente configurar o campo (o
paciente chega e o psicólogo fica mudo, esperando o paciente configurar o campo. Se o terapeuta não fez nada e o
paciente mostra-se ansioso, isso parece ser do paciente, já que o psicólogo não o deixou ansiodo (o que poderia ser,
ansioso diante do terapeuta, não ansioso em si).

• Seguindo esta constatação, Bleger recomenda que o entrevistador participe o menos possível, de modo
que o entrevistado configure o campo com o máximo de elementos dele próprio.
• A postura é de um observador participante, ou seja, ele está no campo mas não propõe temas, não faz
sugestões, mas limita-se a estimular o entrevistado a continuar.
• Com um pensamento típico da psicanálise, Bleger prossegue dizendo que “a máxima objetividade só pode
ser alcançada quando incorporamos o observador como uma das variáveis do campo”.
• A própria presença já condiciona: o entrevistador é homem? mulher? jovem?
• Isto deve ser levado em conta na avaliação final.

Se reconhece que nem todos os elementos serão do paciente, isso é claro, reconhece-se sim que o terapeuta
acabará influindo sobre o campo, mas para tanto, o terapeuta precisa influenciar o mínimo possível, de modo que o
paciente possa configurar o campo com o máximo possível de elementos de si próprio.
Exemplo a chegada do paciente na sessão, falar “e ai, tudo bem?”, “como foi sua semana?”, o psicólogo já
configurou o campo, já configurou o que será dito pelo paciente. Sendo assim, o terapeuta que só aguarda e se
senta, poderá ver o paciente e os elementos que ele estará trazendo para o campo.
Na adordagem psicanalítica atualmente, psicoterapia, o terapeuta abre a porta, fala bom dia, convida a
entrar, fala para se sentar e espera, senta e espera para ver o campo que o paciente irá configurar.
A ideia é de que o psicólogo seja um observador participante, de que está no campo mas não propõe temas,
não faz sugestões para moldar o campo, mas sim de que ele estimula o entrevistado/paciente para que este molde o
campo, de que este continue a falar. O terapeuta entrevistador tenta ao mínimo influir sobre o campo (balança a
cabeça, estimula a continuar) e, estimula que o outro que delimite o campo em questão.
Reconhece que o observador está atrapalhando e influindo sim sobre o campo.

• O perigo de sair desta postura é desvirtuar o objetivo do encontro, transformando-o, através de simpatia
manifesta, opiniões, compartilhamento de fatos pessoais etc., numa simples conversa ou, quando ocorre o
contrário, numa confusão e situação ansiógena por conta de um profissionalismo exagerado.
• Uma postura também tipicamente psicanalítica que ajuda a eliminar a dicotomia entrevista x
interrogatório é avaliar o campo conforme ele se configura: talvez uma pergunta ajude o entrevistado a falar
sobre coisas importantes, mas o psicanalista dará igual importância ao fato de que a pergunta foi
necessária.

Atentar-se ao objetivo desse momento inicial, o momento de entrevistas, que objetiva ter uma noção sobre
o diagnóstico do paciente em questão que está sendo entrevistado (observado na relação).
Embora diante de um silêncio exagerado do paciente, ao fazer uma pergunta estaria saindo da postura
neutra, o terapeuta está tendo um objetivo a cumprir, colher informações dessa pessoa (momento de entrevista
para o diagnóstico), então tudo bem fazer uma pergunta, quando está for necessária “mas e ai, o que te fez buscar
terapia?”; mas depois também se anota que a perfunta foi necessária, pois isso diz muito sobre a pessoa, já que ela
procurou o serviço, sabendo que iria ter de falar sobre si, mas mesmo assim não conseguiu falar – isso diz muito
sobre a si e sobre o campo. Diante do silêncio do paciente, quando não souber por onde começar, caso nunca tenha
feito terapia, uma boa respsota seria “Me conte tudo que você acha importante para eu entender o que que está
acontecendo com você”.

• O equilíbrio que devemos alcançar numa entrevista é delicado: por um lado queremos que o sujeito
exponha ao máximo seus processos mentais, sua maneira de funcionar, algo que dificilmente é alcançado
com uma sequência de perguntas e respostas rígidas; por outro necessitamos recolher um certo número de
informações que nos são essenciais.
• Daí a importante diferença que Bleger faz entre uma anamnese, um interrogatório e uma entrevista: da
anamnese todos já sabem; um interrogatório visa, se formos ser precisos, averiguar o que o paciente sabe;
uma entrevista busca levantar elementos que mesmo o paciente não sabe acerca de si próprio.

Equílibrio em fazer perguntas fechadas, próximo de uma anamnese médica; pois embora se consiga
informações através dessas perguntas mais direcionadas, você não colhe as informações que dizem respeito ao
modo/jeito de funcionamento desse sujeito. Com essas perguntas diretas e fechadas, a pessoa não configura o
campo, fica apenas agindo de forma responsiva, respondendo as perguntas que lhe são feitas. Essa postura de
paciente passivo, respondendo as perguntas que lhe são feitas, é bastante confortável, pois não torna a situação
ansiogênica, ansiosa.
Com a experiência do terapeuta, ele vai recolhendo informações bastante pertinentes que o paciente fala
durante associação livre; o que torna o uso de perguntas fechadas muito menos frequente, perguntando apenas
quando for realmente necessário para a colheta de uma informação que não foi expressa ou não entendeu ao certo
pela associação livre.
Não é possível, também, deixar o paciente falando livremente, pois isso exige muito tempo e o período de
entrevistas precisa ser algo um pouco mais focalizado, para colher informações e se entender sobre o quadro; mas
também não é interessante que se faça o uso expresso e exacerbado de perguntas fechadas. Manter o equilíbrio.
Enquanto no interrogatório o paciente fala sobre coisas que a sí próprio já é consciente, do outro lado,
entrevista enolve questões inconscientes, que o paciente não reconhece/percebe de si mesmo – mostra o
comportamento natural do paciente, o que torna possível analisar esse momento.

• Para um terapeuta iniciante talvez o mais recomendado (e o que ele se sente mais confortável também) é
ter um conjunto de perguntas em mente para as quais ele necessariamente precisa ter resposta ao final do
processo de entrevistas. Um terapeuta mais experiente consegue desenvolver este processo de um modo
muito mais natural e quase sem perguntas.

É importante definir informações básicas para se colher ao longo do processo de entrevistas do diagnóstico;
informações que serão necessárias de se colher ao longo do processo, quer pela associação livre, quer por perguntas
mais direcionadas; basicamente as informações básicas, que são realmente pertinentes para o processo,
informações que proporcionem dados relevantes.

ENQUADRE DAS ENTREVISTAS


• Algumas regras são imprescindíveis de serem cumpridas:
• Papel de cada um: o entrevistado já sabe que o encontro visa saber sobre sua saúde mental e a
recomendação de tratamento, então já está pressuposto que ele falará abertamente com o
entrevistador e que o papel deste é avalialo e ajuda-lo na exposição de seus problemas. A
dissimetria é evidente e não precisa ser reafirmada, salvo raríssimas exceções. O analista manterá
uma atitude reservada mas cordial, receptivo sem ser distante.
• Local e horário: deve ser sempre respeitado e atrasos não geram prolongamento do encontro.
• Disposição de lugares: as entrevistas são sempre feitas face a face e o divã está proibido.

Elementos objetivos que não são mutáveis, ou se são, apenas em casos muito raros; elementos que
formulam o setting, o enquadre. Enquadre são as condições para que o resultado “obtido” seja confiável.
Um dos elementos do setting seria o papel de cada pessoa no processo, que o entrevistado precisaria falar
abertamente sobre tudo que lhe vier a cabeça, já o entrevistador irá o auxiliar este a expôr seus problemas, etc...
Dissimetria teria envolvimento com o papel de cada um no processo, que o paciente quem busca ajuda e o
terapeuta que auxilia – narcisistas não percebem explicitamente isso, ele não aceita e não admite que precisam de
ajuda, chega no processo como se estivessem incríveis, sorridentes, afins.
O narcisista não reconhece a dissimetria, a diferença nas posições de cada uma dessas pessoas do processo.
O narcisista não entra em contato com a informação de que não está bem, não se percebe como paciente, não
“entra” devidamente no processo, não reconhece o terapeuta como um profissional, afins – pode achar que o
terapeuta está no seu nível, que é apenas um amigo.
Nas entrevistas não se usa do divã, ocorrem frente a frente, diferente do momento de tratamento, que
pode-se usar do divã.

• De início perguntamos o nome e convidamos ele a sentar. Dizemos qual será a duração da entrevista e que
esta talvez não seja a única.
• Não recomendo a total frieza e rigidez de ficar apenas olhando para o paciente sem dizer nada e com
aspecto sério, via de regra podemos acompanhar alguns usos culturais com o objetivo de facilitar a
expressão do entrevistado.
• Pode parecer estranho para alguém que esteja nervoso, mas o direcionamento quase não é necessário, e o
paciente falará por muito tempo se apenas o olharmos com atenção, respondendo vez ou outra com um
“sim”, “e depois?” ou apenas um concordar com a cabeça ou comentário neutro.
• As interpretações não tem muito espaço nas entrevistas, pois o objetivo desta não é produzir insight,
entretanto podem ser feitas interpretações muito simples apenas para testar o nível de funcionamento do
entrevistado “Não te parece que isso tem relação com aquilo que você falava antes?”

Comenta-se do tempo da duração da entrevista, para o paciente poder se autoregular, acompanhar também
o tempo no decorrer da sessão, assim como, de que essa entrevista poderá não ser única, se tendo outras sessões
de entrevistas também, para entender melhor a respeito do caso e o terapeuta averiguar se irá aceitar atender o
caso ou não.
Recomenda-se dar um certo sorriso, dar a mão e receber a pessoa ao entrar, “Olá Fulano, pode se sentar
aqui”, afins, criar um clima/ambiente amistoso para a pessoa poder falar e revelar seu campo, usando de artifícios
como “sim, e depois?”, o paciente consegue falar bastante, revelar bastante sobre si e seu campo, sem a
necessidade de o terapeuta ter que ficar instruindo e direcionando o paciente, o terapeuta basicamente pede para o
paciente falar mais sobre o assunto, “me conte mais sobre isso”.
Nesse momento, não se tem muito tempo para interpretações, quando estas ocorrem, são bastante simples,
apenas para ir testando o nível de funcionamento do entrevistado, se este reconhece a relação de X e Y coisas
presentes na sua fala, afins. “Você não acha que isso aqui tem haver com aquilo alí?”, algo bem banal para averiguar
se a pessoa consegue entender sobre o que se está falando, se ela consegue conectar as informações – pois isso
permite a regulação do vocabulário do analista, usar algo mais simples para o paciente conseguir entender, caso seja
mais simplório, por exemplo.
ASPECTOS GERAIS DAS ENTREVISTAS
• A ansiedade sempre estará presente para ambos os participantes:
• Para o analista a ansiedade sempre existe, tanto pelo simples fato de esta pessoa ser
absolutamente desconhecida, quanto por seu futuro profissional (a pessoa pode ter sido
encaminhada por um colega, que depois guardará o resultado desta entrevista no momento de
pensar novos encaminhamentos)
• Para o paciente, posto que é uma situação de exposição, muitas vezes nunca antes vivida.
• A ansiedade não pode ser nem muito grande (que gere paralização no paciente), nem
ausente (posto que a ansiedade é o principal motor para a expressão dos conteúdos
realmente importantes).
• A ansiedade será tão maior quanto mais confusa for a condução do analista: se sua postura
for explícita e precisa, a entrevista ocorrerá num nível ótimo de ansiedade.
• Lembrando que não é ideal reduzir essa ansiedade com interpretações ou com técnicas de
apoio, já que queremos a expressão mais fiel da pessoa e não iniciamos o tratamento.

O analista terá sim a ansiedade presente, já que está diante de uma pessoa desconhecida – perigosa, por
exemplo; ou uma ansiedade e preocupação a respeito do seu futuro profissional – exemplo, “Fulano foi
encaminhado pela minha colega, preciso ter um bom resultado, pois isso definirá se receberei mais
encaminhamentos da minha colega ou não, já que ela irá acompanhar meu desempenho com Fulano”.
O paciente também poderá estar bastante ansioso, pois estará prestes a se expôr para alguém, ou por
exemplo, nunca havia feito terapia anteriormente e, não sabe com o que irá ter que lidar – como questões de sigilo,
por exemplo, fica receosa se o terapeuta realmente irá guardar as informações que ali forem faladas.
A ansiedade não pode ser algo muito grande e nem muito pequeno, a pessoa precisa estar angustiada pra
procurar ajuda e permanecer no processo. Não se busca usar de técnicas de apoio para reduzir a ansiedade – a não
ser no caso de o paciente realmente paralizar-se diante da própria ansiedade –, pois busca-se que esse paciente se
mostre e se expresse da forma mais fiel possível, pois essa expressão mais verdadeira de si, permite melhor
entendimento do caso e formulação do diagnóstico, por exemplo. Sendo assim, a ansiedade é normal, se faz um
manejo apenas para o caso de essa ansiedade ser paralizante – ataque de ansiedade, por exemplo.
Se o analista for confuso e ficar oscilando ao realizar a entrevista, se for uma entrevista muito confusa,
perguntando várias coisas desconexas, o paciente ficará ansioso por conta dessa condução incoerente e confusa do
analista. Sendo assim, se o analista tiver uma hipótese diagnóstica, ele pode ser mais preciso ao investigar e colher
dados na entrevista.

• Transferência e contratransferência: presente em toda relação, tem espaço privilegiado na psicanálise.


• O paciente transferirá, inconscientemente, elementos de seu passado que possuem relevância
atual
• O analista responderá a alguns desses elementos também de maneira inconsciente, e neste
intervalo perdeu sua objetividade. Se, entretanto, ele registrar essas suas respostas, poderá, num
segundo momento, recuperar sua objetividade ao dar sentido ao jogo transferencial.
• A contratransferência possui valor excepcional na entrevista e no diagnóstico, como veremos em
outro momento.
• Novamente não podemos nos valer da interpretação para aliviar a intensa carga que está posta,
caso façamos isso o paciente frequentemente entende as entrevistas como uma terapia brevíssima.

A transferência é um componente presente no cotidiano e na psicanálise, o tempo todo as pessoas estão


transferindo questões passadas e reatualizando em situações novas, quer com o patrão, amigo, policia, afins; mas a
psicanálise tem um ponto fundamental e privilegiado, realizando o manejo da transferência, em que o paciente irá
usar da imagem do analista e acabar transferindo situações referentes ao passado, para com o analista no presente.
Sendo assim, não se tem uma “cavocação” do passado, o passado importante na psicanálise seria o passado
presentificado, as questões indigestas que permanecem se fazendo presente.
O analista também acaba respondendo à transferência do paciente, pode inconscientemente entrar na
transferência e ser afetado, fazendo uma contratransferência. É importante que o analista consiga perceber esse
jogo transferencial e perceber-se diante da contratransferência.
A transferência pode ser reatualizada ou vivida. O analista que entra na transferência do paciente, que “cai”,
acaba permitindo a vivência dessa, perdendo a subjetividade que tinha diante do enquadre, já que o analista entrou
no jogo do paciente. Do outro lado, pode ser analisada, o analista se mantém distante e analisa a transferência que o
paciente está demonstrando, reatualizando.
A contratransferência é um elemento rico a nível de diagnóstico, pois a forma que o terapeuta se sente
diante do paciente, diz muita coisa sobre o que essa pessoa provoca nos outros, como a raiva, sono, dó, os diversos
efeitos que o paciente provoca no paciente possui muita utilidade a nível de diagnóstico.
- O que o paciente está falando/conteúdo?
- Quais os elementos desse paciente além da própria fala, como chegar atrasado, que os pais que pagam as
sessões do paciente e não ele mesmo, afins, a esposa quem fez o paciente ir buscar ajuda, etc.
- Em que lugar o paciente coloca o terapeuta, como um salvador da pátria? Como um mártir? Como um
colega/amigo com quem conversam? Como o paciente coloca e estrutura a posição do terapeuta? Mesmo diante
disso, o analsita precisa observar de longe esse jogo transferêncial, sem entrar na transferência [TRANSFERÊNCIA]
- Como o terapeuta reage ao lugar que o paciente o coloca? Ele se irrita, se abala, como reage ao paciente?
[CONTRATRANSFERÊNCIA]

ENTREVISTAS
• Caso não sejam bem conduzidas, teremos um alto número de desistências
• A postura flexível, convidativa e capaz reduz as desistências: cerca de 46% com os terapeutas
rígidos, e 16% com os empáticos.

Por mais que o terapeuta tenha uma postura adequada, uma boa conduta, tenha essa postura mais flexível,
empática e receptível, 16% dos pacientes não voltarão para a segunda sessão; enquanto terapêutas mais rígidos,
possuem uma porcentagem de cerca de 46% de desistências.
As razões de desistência, mesmo para com os terapeutas mais empáticos são inúmeras, como paciente não
“foi com a cara” do analista, não achou que a terapia seria aquilo e imaginava outra coisa, não estão empenhados
realmente no processo de mudança e autoconhecimento; do outro lado, a desistência com terapeutas ansiosos,
perdidos e até mesmo rígidos ocorrem justamente por isso, os pacientes não se sentem confortáveis e seguros para
continuarem com o terapeuta.
QUADRO GERAL
• Fiorini (1978) estabelece as várias tarefas que devem ser cumpridas sucessivamente pelas entrevistas:
• Diagnóstico aproximativo inicial
• Esclarecimento inicial do terapeuta no tocante à problemática colocada
• Elaboração conjunto do panorama mediante progressivos reajustamentos
• Obtenção de acordos gerais sobre o sentido e os objetivos da relação terapêutica
• Acordos específicos sobre as condições de funcionamento (contrato)
• Antecipações mínimas sobre o modo de conduzir a interação
• Não importa quanto tempo estas tarefas demandem, o tratamento só pode se iniciar depois que elas
tenham sido cumpridas.

O que o analista precisa conseguir fazer e cumprir através das entrevistas?


Ter uma noção de o que se passa com o paciente, qual sua estrutura de personalidade, a patologia que o
paciente está trazendo. Não precisa ser algo definitivo, ao menos ter uma noção geral do quadro do paciente e, na
medida que for colhendo mais dados e informações, ir mudando e reformulando a hipótese inicial.
O terapeuta ir expôndo para o paciente sobre o que está percebendo, devolver ao paciente o que percebe
do próprio paciente e, este paciente possa sentir-se confiante com o terapeuta e o processo. Não basta
simplesmente ficar em silêncio nos períodos de entrevista e acreditar que o paciente voltará cegamente na sessão
anterior, é necessário ter uma devolutiva ao paciente, um retorno sobre o que está percebendo no momento.
A visão que o terapeuta elabora sobre o que está se passando com o paciente precisa ser compartilhada com
este e, juntos irem reajustando. Como o terapeuta expôr o que acredita que esteja acontecendo e o paciente
direciona para outro lado, discordando do que o terapeuta destacou, por exemplo, “ai eu não acho que seja muito
para esse lado, acredito que seja mais sobre ISSO, ISSO e AQUILO”.
É importante deixar claro o que o terapeuta espera que o paciente fará no processo, o paciente precisa
comentar sobre o que espera que o terapeuta o faça, deixar claro o papel de cada um, o que será feito. Exemplo o
terapeuta falar “eu não vou dar respostas sobre o como deve seguir a sua vida”, “não sou responsável por fazer seu
filho estudar”. Do outro lado, o terapeuta também fala sobre o que espera do paciente “espero que você venha
aqui, se expresse livremente, que se empenhe, que se observe, que tente fazer as coisas que conversarmos aqui”.
Realizar acordos específicos com o paciente, referentes ao setting, se o terapeuta aceita cartão, como será o
pagamento, a frequência e horário do paciente, esse tipo de coisas mais específicas, questões de faltas e
pagamentos de falta, sobre o que se passará caso o terapeuta fique doente, o que acontece se o paciente falar algo
que coloque a vida dele ou de alguém em risco, etc.
A pessoa precisa sair do processo de entrevista com uma certa ideia de o que será o processo de terapia.
Onde através do período de entrevistas, o paciente entende como será conduzida a terapia, a relação dos dois, afins.
A nível teórico, só se começa o processo de análise/terapia, após ter esse quadro geral esclarecido, essas
tarefas destacadas acima cumpridas. Já a nível prático, isso não ocorre, normalmente o processo de entrevistas é de
1 ou 2 encontros, depois já inicia-se o tratamento devidamente (ou o terapeuta recusa atender o caso e encaminha
o mesmo. A recusa é uma questão ética, o psicólogo só pode aceitar um caso que se sente capaz e competente a
atender).
AS TAREFAS E ETAPAS
• O diagnóstico aproximativo inicial deve ocorrer em três planos:
a) Clínico e psicodinâmico
• Sintomas principais que motivam a consulta, tempo de evolução, circunstâncias de variação da
intensidade etc
• Grupo familiar do paciente, estrutura, doenças genéticas, clima emocional etc
• Relação êxito-fracasso no comportamento do paciente em diversas áreas adaptativas (maturação,
jogos, estudos ou trabalho, sexualidade, sociabilidade, auto-estima etc)
• Aspectos interacionais do comportamento do paciente na entrevista (tipos de comunicação, dados
transferenciais e contratransferenciais etc)

Uma das etapas para a produção do quadro geral seria o de produzir um diagnóstico aproximativo inicial,
este ocorre em três planos, o primeiro seria o plâno clínico e psicodinâmico.
No plâno clínico e psicodinâmico precisa-se atentar-se aos sintomas, motivo de o paciente ter buscado a
ajuda, há quanto tempo o paciente tem sentido isso, se já sentiu isso anteriormente, quais as circunstâncias que o
paciente sente o sintoma, etc. Entender sobre a variação e as situações da sintomática trazida.
Outro ponto importante é a respeito da família, como se existe histórico na família de dependência química,
de esquizofrenia, bipolaridade, depressão, afins... Pois existem questões de predisposições genéticas. Outras
informações como a estrutura familiar – pais vivos, separados? Possui irmãos? Afins –, se possui rede de apoio
através de amigos e família, afins. Como é o clima emocional dessa casa? (as pessoas conversam? Se olham? É cada
um por sí ou se ajudam? Etc).
Questões de êxito-fracasso, como foi esse paciente na escola/tinha amigos? E no trabalho, saí com os
colegas/é incluído/excluído? Questões de maturação (idade que parou de mamar, quando começou a engatinhar,
andar, falar, afins). A sexualidade é importante no momento, se a pessoa possui ou não relações sexuais, se são
satisfatórias, se teve parceiros sexuais, afins, entrar nas fantasias sexuais do sujeito, o tipo de pornografia que a
pessoa consome, etc. A pessoa se acha bonita e gosta de sí? Existem diversos pontos para se explorar, tudo depende
do quadro do paciente, observar através da associação livre essas informações.
Como o paciente interage e se comunica com o analista/entrevistador? Observar a línguagem verbal e não-
verbal, observar se ele é passivo-agressivo, etc, o tipo de comunicação do paciente. Assim como, observar questões
referentes a transferência e contratransferência.

b) Motivacional e de aptidão
• Expectativas de cura
• Disposição para aceitar a psicoterapia
• Aptidões para participar de modo ativo
• Reconhecimento do caráter psicológico de seus distúrbios
• Capacidade de introspecção e disposição para transmitir com honestidade o que se passa
• Desejo de se compreender
• Disposição para experimentar, para tentar mudanças
• Esperança de que o tratamento alcance resultados positivos
• Disposição para realizar certos sacrifícios para alcançar tais resultados

Questões referentes a motivação são importantes de serem abordadas e colhidas.


Qual a expectativa que o paciente possui a respeito da cura? A pessoa acredita que a terapia será algo bom e
útil para si ou não? O paciente foi por si próprio ou encaminhamento de outros? “Eu vim aqui pq. o cardiologista me
encaminhou, mas não tenho nada com a cabeça, isso é meu coração mesmo”.
O quão o paciente entende que precisa de terapia, pois não está legal, de que está sofrendo, etc? Aceitar a
psicoterapia, que precisa conversar com um profissional adequado, não com um amigo, no bar. Reparar no caminho
que levou o paciente a buscar a terapia (alguém que procurou pelo paciente? A pessoa buscou se informar sobre?
Etc).
Verificar o quanto o paciente consegue falar sobre si, se comunicar, se reflete e pensa ao longo da semana
do conteúdo que foi trabalhado na sessão, se o paciente possui capacidade de fazer a “sua parte” da terapia, ser
ativo no próprio processo.
O paciente precisa reconhecer que quem precisa de ajuda é ele, que ele que está sofrendo e passando por
um momento complicado, afins, de que o sofrimento psíquico é dele, reconhecer seus próprios distúrbios. O
paciente atribui seus problemas a algo externo ou a algo biológico? “não é meu cérebro que está funcionando mal,
são as coisas que vivi que estão me deixando para baixo”. O objetivo é de que o paciente consiga reconhecer a
origem psicológica de seu sofrimento, não atribuindo a algo biológico ou questões de meio, “não é o meu ambiente
o problema, é o como eu lido e interpreto esse ambiente”.
O paciente possui capacidade de instrospecção? Reparar em si próprio sobre os motivos de ficar ansioso, por
exemplo. Embora seja uma capacidade que pode ser desenvolvida, reparar no quanto o paciente já possui
desenvolvido quando buscou a ajuda. O quanto o paciente consegue olhar para dentro de si? Para seus estados
afetivos? E então encontrar relações causais “fiquei triste depois que briguei com minha mãe...”, “fico bravo de noite
antes de dormir...”. Um ponto a se comentar é também averiguar se a pessoa possui uma motivação genuína de
melhora – e não é o caso de pessoas perversas, por exemplo, que tentam maninupar as informações e transmitir
apenas uma parcela de si mesmo.
A pessoa precisa ter o desejo de se conhecer, de se compreender, o processo de psicanálise possui o intuíto
de fazer a pessoa conhecer-se.
Assim como, estar disposto a tentar e experimentar mudar, realizar novas coisas, tentar fazer as coisas de
formas/maneiras diferentes.
É importante que a pessoa tenha uma esperança de que o tratamento venha a produzir efeitos positivos. De
que o tratamento venha a ser bom e a dar certo. Isso é um efeito placebo, a pessoa precisa estar predisposta a
acreditar que a terapia irá acarretar em resultados benéficos para si própria. Embora essa esperança produza um
efeito positivo sobre a terapia, a terapia não se reduz a esse efeito placebo, ela é muito mais que isso, ela por si só
possui resultados, independente da espectativa e esperança do paciente.
Por fim, a pessoa precisa estar disposta a passar por sacrifícios e de se comprometer para conseguir alcançar
os resultados esperados. Precisam se empenhar, “cutucar a própria ferida”, por mais que seja doloroso e custoso –
financeira e emocionamente.

c) Condições de vida do paciente


• Proximidade geográfica
• Horários
• Situação econômica
• Obrigações familiares

Como condições de vida do paciente, destaca-se a proximidade geográfica, onde o paciente precisa estar
próximo do local da terapia, para que consigam se locomover até o local da terapia, sem que isso acabe
demandando exageradamente parte do tempo de seu dia – exemplo, fazer terapia em outra cidade, tem que contar
o percurso de ida, mais a uma hora de sessão, mais o percurso de volta, etc...
Sobre os horários, é importante entender o horário que o paciente possui disponível para encaixar
adequadamente na agenda. Trabalha até que horas? É autônomo e faz o próprio horário? Existe essa possibilidade
de flexibilidade?
A situação econômica é importante de se destacar, pois o pagamento na psicanálise é simbólico, o valor
cobrado da sessão precia ser um valor que simbolize a importância do paciente sobre o processo. Pacientes com
mais condições financeiras pagariam mais, pacientes com menores condições financeiras pagariam menos; o valor é
correspondende a um número que possa expressar a importância da terapia para cada sujeito. “200 reais pode ser
muito para eu, mas pode ser pouco para um médico renomado”. Se o paciente está pagando direitinho o valor, ele
está valorizando o processo, está mostrando que este o é importante/necessário.
Por fim, outro ponto a se comentar são as obrigações familiares, observar o como funciona as exigências da
família sobre o paciente. Exemplo uma mãe solteira que não tem com quem deixar o filho, é importante observar
essa situação, para não propor em terapia, acordos que se tornem inviáveis para essa pessoa cumprir e manter.

• Esclarecimento inicial do terapeuta no tocante à problemática colocada


• Assim como é importante para o terapeuta saber o que se passa com o paciente, é importante
para este saber o que aquele pensa sobre o que se passa.
• Cabe ao terapeuta fornecer, de modo breve e mesmo superficial, uma visão global sobre a
problemática do paciente (diagnóstico e prognóstico)
• Aqui, de modo mais acentuado, é recomendado elaborar uma compreensão dos sintomas
como tentativas de resolução de problemas ou técnicas de coping (tal como o faz Luborsky)
• O diagnóstico aqui é dinâmico, ou seja, trata-se de elaborar uma formulação interpretativa que
englobe a parte central dos conflitos e os problemas relatados pelo paciente, e não uma classificação
no DSM.

O paciente vai pensar um monte de coisa e vai fazer hipóteses mentais, “piorou muito depois que perdi o
emprego...”, o terapeuta também precisa participar dessas hipóteses, oferecendo uma visão global a respeito do que
o paciente está trazendo de conteúdo.
Quando o terapeuta está terminando o processo de entrevistas, é importante realizar a devolutiva para o
paciente a respeito de o que veio observando e formulando, o como compreende este paciente, “olha o que acho
que está acontecendo é de que depois que sua mãe faleceu, você tem sentido que tudo tem caido sobre suas costas,
que isso está gerando uma angustia muito grande, etc... e acho que precisariamos trabalhar sobre isso, etc...”. Neste
momento, o paciente pode sentir-se confiante e confortável de entrar no processo psicoterapêutico, pois sabe o que
o terapeuta enxerga de si e sabe previamente mais ou menos o caminho que será traçado ao longo do processo”.
Sempre tentar apresentar os sintomas para o paciente, mesmo que estejam desajustados ainda e, deixar
claro que por hora, é o melhor jeito/a melhor saída que o paciente encontrou por hora. “esse é o melhor jeito que
você conseguiu de afastar a angustia, esses pensamentos, e sabemos que não é um método muito eficaz, mas é a
forma que você conseguiu encontrar para lidar no momento”.
O diagnóstico é dinâmico, não se tem a preocupação de fazer um diagnóstico psiquiátrico e descrever “você
tem TOC, você tem distimia, você tem XYZ”. A preocupação é na verdade, de fazer um diagóstico dinâmico, mostrar
como o sujeito está se articulando com as coisas que estão acontecendo na sua vida – o quanto sente que possui
apoio, o quanto se sente sozinho, o quão atormentado está pelos próprios pensamentos.
Se reconhecer que se trata de um transtorno muito evidente, como um TOC clássico, por exemplo, pode sim
comunicar isso ao paciente, se ele já não souber. Explica o que seria o transtorno, o como funciona, fala sobre a
medicação, etc.

DIAGNÓSTICO PSICODINÂMICO
• Aproveitaremos para falar brevemente do diagnóstico dinâmico
• Nos aprofundaremos na aula apropriada.
• O que avaliar?
• Identificação
• Fatores desencadeantes: crises vitais ou acidentais
• Conflito atual
• Adaptação prévia, força do ego, vínculos e relações objetais
• Exame mental e presença de sintomas
• Capacidade para estabelecer uma aliança terapêutica

Enquanto o DSM se preocupa com comportamentos observáveis, no diagnóstico psicodinâmico se tem


outros fatores a serem observados, como a força do ego, seus vínculos e suas relações objetais, os conflitos que está
vivenciando atualmente, etc.

• Identificação: idade, sexo, endereço, estado civil, origem da procura etc.


• Não propriamente pelo valor destes dados em si, mas para nortearmos possíveis áreas de
investigação.
• Por exemplo: um senhor de 65 anos, solteiro, sem filhos que nos busca para atendimento
• Podemos hipotetizar que ele está lidando, em algum nível, com a velhice solitária, sem
filhos que possam ampará-lo neste momento; talvez um fundo depressivo; também
podemos nos questionar sobre o que lhe fez nunca ter casado, talvez dificuldades de
relacionamento? Talvez esteja lidando com diversas perdas, como falecimentos de amigos,
ou dificuldade de mobilidade etc.
• Enfim, os dados objetivos valem mais para nos localizarmos em qual estágio vital o paciente se
encontra, quais seus prováveis dilemas etc.

Que tipo de dados serão recolhidos e levantados para este momento de diagnóstico na psicanálise?
Dados como idade, sexo, endereço, estado civil, etc... não possuem um valor em si a nível estatístico, de usar
dessas informações e verificar os transtornos a nível estatístico – exemplo, “X transtorno possui incidência mais
elevada em pessoas acima de 18 anos, com prevalência feminina...”
Na psicanálise, não se tem essa preocupação estatística, esses dados são colhidos para que se possa nortear
as áreas de investigação, ter uma ideia e configurar mentalmente “que que está acontecendo com essa pessoa?
Quais áreas são revelantes para esse sujeito?”.
Um senhor de idade, solteiro, sem filhos. Diante desses dados, pode se hipotetizar uma velhice solitária, sem
pessoas para o amparar diante de algum momento, pode-se pensar sobre um fundo depressivo. Questionar se teria
alguma dificuldade de relacionamento, já que nunca se casou. Esse tipo de informações, que podem ser relacionadas
diante de informações básicas, como idade, estado civil, afins. São dados que auxiliam a se relacionar no estado vital
do paciente, quais os dilemas e pontos de sua vida, etc.
A origm da procura é importante para entender a imagem que o paciente irá construir do terapeuta.
Exemplo: “procurei na internet e você foi o primeiro que apareceu”, “o médico psiquiátra me recomendou dizendo
que você era o melhor do ramo”, são distintas formas de se achar o terapeuta, que acabam modulando diferentes
imagens que o paciente terá do terapeuta. Se tem níveis de expectativa, confiança e exigência diferentes, baseando-
se na imagem do paciente sobre o terapeuta. “Eu vi você na internet, vi seu lattes, vi que era muito bem qualificado,
bem formado, etc...”
O psicoterapeuta tenta colocar para o paciente, uma visão mais realista a respeito de sí próprio, tentando
quebrar uma possível idealização do pacinte a respeito do terapeuta. “A terapia é um processo, algumas pessoas
possui mais facilidade e outras não, o processo implica em duas pessoas que precisam se relacionar... cada pessoa
possui uma história, uma problemática... Posso ter sido muito bom com X pessoa que te recomendou, mas isso não
significa que serei um terapeuta bom para todas as problemáticas e para todas as pessoas, com você pode ser bem
diferente”. Usar termos normais para trazer o paciente a ver o terapeuta sem um endeusamento.

• Fatores desencadeantes: crises vitais ou acidentais


• Devemos buscar a relação temporal entre o surgimento do sintoma e algum evento/circunstância
na vida do paciente
• Crises vitais: nascimento de filhos, adolescência, aposentadoria, promoção no emprego etc.
• Crises acidentais: morte ou separação, doença física, perda de emprego etc.
• Também serve para nos localizarmos a respeito da problemática e possíveis dificuldades do
paciente
• A ausência de fatores desencadeantes indica patologias de caráter
• Mesmo com sua presença, a problemática de fundo pode ser caracteriológica

Não são fatores causais, a causa em si é impossível de ser descoberta, percebe-se sim que uma coisa foi se
enrolando na outra e se atrelando. Um emaranhado de coisas. A causa em sí está dissovida na vida do sujeito, vários
e vários acontecimentos; mas em si, existem fatores desencadeantes que servem como gatilhos, mas não são a
causa em si. Exemplo: nascimento de filhos, aposentadoria, morte de um familiar, separação, perda do emprego,
afins (divide-se em crises vitais e acidentais, olhar o slide). Crise no sentido de ser um momento que exige
reorganização do sujeito e/ou do seu entorno/redor. Ex: antes era só um casal, agora tem mais gastos, precisa
acordar de madrugada e cuidar do bebê, se preocupa com esse filho, etc... Crises vitais são esperadas na vida, já as
acidentais o contrário, não são esperadas, são surpreendentes.
A psicanálise acredita que nada vem do nada, acreditando em um determinismo psíquico, de que o
ambiente em si reflete muito no sujeito, lembrar de Winnicot, o como aquela mãe foi suficientemente boa? Olhar
para o ambiente e relacionar com o sintoma.
Exemplo: “ai comecei a me sentir assim há um ano”, “tá, que que aconteceu há um ano, o como estava a sua
vida há um ano? Como era? Etc...”.
A adolescencia é um momento de grande reorganização, do adolescente e dos pais, pois estes ainda não
sabem se tratam o filho como criança ou como adulto. Nem mesmo o próprio adolescente consegue conciliar com
isso.
A aposentadoria também é um fator a comentar, pois o serviço, o ofício representa comumente muito da
identidade do sujeito, ao se aposentar terá que desenvolver novos hábitos e hobbies para lidar com o tempo que
antes dedicava ao mundo do trabalho, afins.
Se ao tentar relacionar a sintomática a algo, não conseguir relacionar a fatores desencadantes como as
crises vitais e acidentais, isso pode indicar uma patologia de caráter – pois não possuem fatores desencadeantes,
estão ausentes, se trata de algum transtorno de personalidade/patologia do caráter.
Diante de questões como “mas e ai, desde quando você se sente assim?” A pessoa que não consegue
relacionar a algum fenômeno, alguma crise e responder “ai, eu não sei viu... eu sempre fui meio assim, muito
desconfiado, etc”; no caso não se está tratando de uma crise, de um fato que aconteceu, mas sim de um transtorno
de personalidade, uma lente que o paciente usa para enxergar o mundo, que não teve nada exatamente que
desencadeou aquela visão de mundo. Embora o paciente possa apresentar algum fenômeno, como perder o
emprego, ao investigar e desmiuçar afundo a história do paciente, percebe-se que ele já foi demitido inúmeras
vezes, que isso pode significar que possuio problemas de relacionamento, etc, não aceita as cobranças e dicas do
patrão, não sabe trabalhar com os colegas, etc.

• Conflito atual
• Como já abordamos exaustivamente, faremos uma rápida retomada
• A doença mental deriva de conflitos intrapsíquicos ou relacionais
• Tais conflitos são predominantemente inconscientes
• São partes do conflito: um impulso instintivo que gera ansiedade e, em consequência uma
defesa; ou são padrões de relacionamentos disfuncionais estabelecidos na infância
• Antes do início das manifestações clínicas os conflitos são manejados por padrões
peculiares de defesa, os “traços de caráter”
• Por algum fator desencadeante os métodos anteriormente utilizados fracassam e os
sintomas aparecem
• Tais sintomas revelam importantes elementos dos conflitos, que serão então trabalhados
na terapia ou análise.
• Cabe, portanto, retomar este conflito atual elaborando uma hipótese
dinâmica de base.

A pessoa está passando por um conflito, para a psicanálise as doenças mentais são frutos de conflitos
intrapsíquicos ou relacionais, sendo assim, internos ou de relacionamentos. Conflitos que são predominantemente
inconscientes.
RELACIONAL: a pessoa não tem consciencia de porque briga tanto com o marido, o porque possui ranço do
chefe, porque sempre é traída...
INTRAPSÍQUICO: não sabe porque é tão catastrófica, porque não vê a vida com beleza, afins.
Como partes do conflito, se tem um impulso instintivo que gera ansiedade, o que acarreta em uma defesa
(desejo inconsciente que gera ansiedade por não poder ser satisfeito, então surge uma forma de defesa/sintoma,
que é algo que o paciente não consegue controlar e o pega de assalto, como ataques de pânico, comportamentos
compulssivos/obsessivos, somatização, etc... O impulso surge e não pode ser safisfeito, surge uma defesa, que é o
sintoma, o algo que incomoda o paciente.
Se não esse sintoma gerado pela ansiedade, pelo conflito resultante de um desejo inaceito, a origem pode
ser explicada por padrões de relacionamentos disfuncionais que foram estabelecidos logo na infância, como modos
de se interpretar a realidade, valores, medos, coisas que se estabeleceram na infância e foram sendo mantidas de
forma rígida, dura, enroscadas ainda na vida adulta. “minha mãe sempre me ensinou que preciso me dar bem com
todos, ser super educado, para não ser abandonado, etc... e eu tento tento tento ser bom, mas me esgoto, fico
cansado, exausto...”.
Antes de se tornar algo patológico, que ressalte o traço patológico, o conflito consegua ser manejado de
alguma forma, escondido por trás de traços de caráter, “filho que se sente cobrado para tirar sempre 10, apresenta-
se muito disciplinado, rígido, passa madrugadas estudando para tentar conseguir manter-se com notas boas... é uma
pessoa muito séria, comprometida, etc...”. O jeito de a pessoa funcionar acabava “escondendo”/”justificando” os
seus sintomas, certo momento a pessoa não consegue usar desses métodos, de seus traços de caráter para lidar com
algo que surge, certo momento ele não consegue lidar com o grande desafio que pegou, não consegue mais aguntar
essa rotina exaustiva de ficar de madrugada estudando para conseguir conciliar as demandas, etc... e então nesse
momento surgem os sintomas mais escancaradamente, “estou deprimido, a vida não faz sentido... perco muito
tempo tentando ser o melhor e eu não consigo aproveitar a vida, quando vejo, já preciso ser o melhor denovo, me
cobrar novamente, estudar mais novamente... e não consigo mais lidar com isso”.
Os sintomas que surgem nesse momento, o sofrimento do sujeito, será o indicativo de o que se trabalhará
em terapia, em análise. Se usa desses sintomas, de o como o paciente está funcionando no momento, para elaborar
uma hipótese psicodinâmica de base e, elaborar, de certa forma, um plano interventivo, com base no que se
perceberá desse paciente, seu quadro, seu funcionamento. “o que está acontecendo com fulano é isso.. o fundo de
seu conflito parece ser isso... precisamos trabalhar isso isso e aquilo”.

• Adaptação prévia, força do ego, vínculos e relações objetais


• A história de trabalho/estudo de um paciente e seus padrões de relacionamento são indicadores
da força global do ego.
• Ter um ego forte significa:
• Certo nível de inteligência
• Capacidade de tolerar emoções dolorosas
• Capacidade para sublimação
• Teste de realidade bem estabelecido
• Capacidade criativa (Winnicott)
• A investigação da relação do paciente com seus pais, irmãos, colegas, amigos etc. fornecerá
indicativos de como vai se desenvolver a relação terapêutica
• Além disso devemos atentar para a existência de traumas e/ou negligências na infância, pois
acarretam sérios problemas na capacidade de mentalização e são indicadores de patologias graves
na vida adulta.

Quando se fala de força do ego, se trata da capacidade que o ego possui em lidar com o mundo, o quanto ele
desaba, o quanto não consegue alcançar seus objetivos, etc... são questões que possuem relação com a força do
ego. Para investigar sobre essa força do ego, questões como história de trabalho, de estudo, de relacionamentos
indicam bastante a respeito.
“ai eu larguei da escola... não aguentava mais”, “no trabalho eu tentei uma vez, mas me tratavam mal e eu
parei”, “as mulheres não me tratavam muito bem, então eu desisti de tentar, já tive algumas mas não consigo lidar”.
Esse tipo de resposta indica que o paciente não possui um ego forte e, é com base nessa força do ego, que o analista
saberá se poderá cobrar desse paciente, que ritmo estabelecer, se usará de muitas confrontações ou não, etc, essa
força de ego, o quanto a pessoa consegue lidar com a vida e o mundo indica também o ‘nível’ da terapia.
Ser inteligente tem relação com força de ego, pessoas intelectualmente deficientes possuem menor força de
ego.
Situações dolorosas, que geram emoções dolorosas, o quão a pessoa consegue lidar com essas situações?
Reconhece que fazem parte da vida? Ficam irritadas? Tristes? O quanto consegue lidar com/tolerar essas situações
sem procurar por soluções “problemáticas”, como cutting, usar drogas, tirar satisfações e arrumar uma briga, etc.
Qual a capacidade dessa pessoa para sublimação? Para tornar algo socialmente inapto em algo aceitável?
Usar de um término e envez de beber e dar trabalho para as pessoas, pode ouvir música, cantar e conseguir
simbolizar seu término em palavras. Egos fortes conseguem sublimar, egos mais frágeis recorrem a outras saídas
mais destrutivas.
O teste de realidade seria saber diferenciar se algo é real ou não, se é fantasioso ou não. A realidade é
diferente da interpretação da realidade, é importante observar esse ponto, psicóticos podem achar que a
interpretação é de fato a realidade, por exemplo. Testar a realidade é algo importante também, não só pensar e
imaginar sobre a realidade, é importante ir e testar aquilo que foi pensado, experienciar realmente, concretamente,
vivendo. Egos fortes testam a realidade.
É importante ter uma capacidade criativa, inventando novas soluções, “resolvi tentar ir tomar café todo
sábado e descobri que me faz bem”, “baixei um joguinho na internet e acabei me divertindo no tempo livre..”. Um
ego forte vai tentando, vai usar da sua criatividade para flexibilidar e tentar coisas novas, enquanto o ego fraco
ficaria tentando e repetindo as mesmas coisas.
Partindo da conceituação de transferência, atentando-se na relação do paciente com o terapeuta, percebe-
se refletido nesta relação paciente-analista, também, questões relacionadas a outras pessoas, como os pais, irmãos,
colegas, amigos, afins. O paciente reflete no paciente o como ele enxerga as outras pessoas.
Importante ressaltar que questões da infância, como traumas e negligências, acabam refletindo-se na fase
adulta, como transtorno bipolar, sindromes do pânico, narcicismo, dependência química, afins, pois afetam e
acarretam em problemas na capacidade de mentalização, de observar a própria mente. Idealmente, uma pessoa
com capacidade de mentalização, consegue perceber-se “nossa, hoje eu estou muito estressado/insuportável”.
Capacidade de sair da mente e olhar para ela mesma. As pessoas fazem isso umas com as outras “nossa, hoje o João
está chato”, a pessoa observa e percebe o como estão sentindo-se, perceber isso influi na forma que irão se
comportar em relação ao mundo “gente, hoje sem brincadeiras viu, estou intragável”, “hoje o Fulano/eu está/estou
muito triste, vou pegar leve com ele/comigo”.
Além de perceber o como está se sentindo, é importante entender o motivo “estou irritado por qual motivo?
Aah estou com fome”. Então reconhecendo isso, você pode agir de forma diferente no mundo, não descontando
essa irritação nos outros, pois reconheceu que ela é de si próprio e por causa da fome, por exemplo.

• Exame mental e presença de sintomas


• Orientação no tempo e espaço
• As histórias são contadas com certo ordenamento? Existem graves distorções
dasensopercepção (alucinações)?
• Linguagem e comunicação
• Atenção demasiada em pequenos detalhes da história indica traços obsessivos
• Histórias coloridas, vagas e frustrantes indicam trações histéricos
• O paranóide pode constantemente distorcer a intenção das questões e adotar uma postura
defensiva com o entrevistador
• Etc.

Embora não seja o objetivo de fazer um diagnóstico psiquiátrico, diante de uma desordem ao contar alguma
história, com distorções sensoperceptivas (alucinações), afins, é necessário que se faça um exame mental e observar
a presença de sintomas, diante de uma situação de crise, por exemplo, observar se o paciente está medicado ou
não, etc (se for o caso, de não estar usando os medicamentos necessários para o seu tratamento, é importante que
o terapeuta auxilie no momento e ressalte a importância dos medicamentos, etc, pois permitem condições de o
paciente entrar no processo de análise, por exemplo).
Outro ponto a se observar seria a linguagem e a comunicação do sujeito, observar os detalhes da história, se
a pessoa se prende a pequenos detalhes que são irrelevantes para a história (aconteceu em uma terça ou uma
quarta-feita? A pessoa fica perdendo tempo tentando demarcar algo assim, por exemplo), isso indica traços
obsessivos.
Do outro lado, histórias muito coloridas, fantasiosas, muito bem elaboradas, acabam indicando traços
histéricos.
Por fim, uma pessoa que adota uma postura sempre defensiva com o entrevistador nos momentos da
entrevista, por exemplo, ao longo do tratamento também, que quer sempre saber o motivo de a pessoa estar
perguntando aquilo, de querer saber aquilo, isso pode indicar traços de uma pessoa paranóide.

• Emoções
• Pacientes que descrevem eventos dolorosos em suas vidas sem tonalidade afetiva estão fazendo
uso do isolamento e da intelectualização
• Os hipomaníacos, geralmente divertidos ou de bom humor, podem estar recorrendo à negação
para defender-se contra sentimentos de desgosto e raiva
• Os borderline podem expressar desprezo e hostilidade em relação às figuras significativas de suas
vidas para evitar a integração entre sentimentos bons e maus para com os outros
• Prestar atenção em ideação suicida acompanhando humor depressivo
• Etc.
• Que assuntos provocam ansiedade, silêncios, desvios do olhar, rearranjos na cadeira etc.?
• Há predomínio da ação sobre a reflexão? Consegue adiar a descarga ou tende ceder rapidamente?
Prevê corretamente as consequências de suas ações?
• São, dentre outros, indicativos de personalidades borderline. Para maiores informações,
estudar a obra de Otto F. Kernberg.

Emoções, a pessoa que conta uma história mas que não tem tonalidade afetiva, que não se afeta mesmo
diante de histórias ‘intensas’, percebe-se que a pessoa usa de mecanismos como isolamento e intelectualização,
para tentar se defender temporariamente, mas conta com a terapia para uma nova forma de evasão.
A pessoa pode sim ser bem deprimida e mesmo assim usar de humor, onde usam deste para se defender das
questões ruins que vivencia, como o desgosto e a raiva.
O borderline uma hora idealiza e na outra está repleto de raiva/desprezo. Pessoas cindidas. É comum que
revelem detalhes vergonhosos e complicados de sua própria vida, até para pessoas que não possui tanta intimidade
– como primeiro atendimento em terapia, por exemplo.
Perguntar sobre se machucar (ofender-se, bater-se, cortar-se, ideação suicida/se a pessoa pensa em suicídio,
por exemplo)
Observar a postura e o como a pessoa vai se comportando ao longo de alguns assuntos que forem surgindo.
Alguns assuntos deixam a pessoa inquieta, por exemplo.
A pessoa consegue adiar a ação e pensar antes? Ela consegue adiar a descarga? Perceber que a sua ação tem
consequências (brigou com Fulano de tal, que era a pessoa que estava de carona, agora não teria como voltar para
casa...)

• Capacidade para estabelecer uma aliança terapêutica


• Principal variável no sucesso das psicoterapias.
• Indica a capacidade do paciente em estabelecer uma relação de trabalho com o terapeuta (em
oposição às reações transferenciais regressivas e à resistência)
• O melhor indicativo é a existência de ao menos uma boa relação emocionalmente significativa em
sua vida

O sujeito consegue estabelecer uma aliança com o terapeuta? Pois isso é fundamental para o sucesso do
processo terapêutico. Terapeuta não evasivo, não perdido, não ansioso, não indiferente, afins, influem sobre o
estabelecimento de uma aliança terapêutica. Mas não só posturas do terapeuta, o paciente também possui
características que afetam na vinculação, exemplo adolescentes, personalidades esquizóides
Pessoas traumatizadas comumente regridem positivamente, para momentos de dependência do analista,
que deitam em posição fetal e choram bastante, é uma regressão positiva, pois permitem lidarem com coisas
pesadas. Envolve uma aliança de trabalho, o paciente e o terapeuta estão objetivando a melhora do paciente, em
um ambiente adequado para que esse paciente possa lidar com os conteúdos que não conseguia lidar no passado e,
agora, regredindo, em outra situação, poderá elaborar essa situação.
Já uma regressão negativa seria a de uma infantilização com responsabilização dos outros, como o paciente
que faz-se de criança e espera que os outros resolvam as coisas por si, no trabalho, com a namorada, com os pais,
afins.
A pessoa precisa, ao longo da sua existência, ter tido pelo menos uma relação emocionalmente significativa.
Sem essa relação, é muito difícil o estabelecimento de vínculo, já que seria muito custoso e demorado estabelecer os
vínculos com uma pessoa.

AS TAREFAS E ETAPAS
• Confrontações entre as expectativas do paciente e a perspectiva do terapeuta
• O terapeuta deve estabelecer um diálogo aberto acerca das expectativas de ambos no tratamento
• Ambos devem chegar, por aproximações sucessivas, à uma zona de trabalho comum (e não
por acordos rápidos)
• Seu papel é incentivar indiretamente o paciente a questionar tudo que lhe é proposto,
eliminando assim o máximo de ambiguidades.
• O problema não é apenas perceber o que o paciente precisa fazer, mas também o que ele
está disposto a fazer
• Esclarecer quaisquer dúvidas de modo sincero e receptivo: “Doutor, ouvi dizer que as
pessoas nunca mais conseguem abandonar esses tratamentos...”

O paciente e o terapeuta falam sobre as expectativas que possuem para o tratamento. “de que maneira você
imagina que eu posso ser útil/te ajudar?”, diante da abertura desse diálogo, o terapeuta buscará junto do paciente,
estabelecerem um diálogo comum, entrarem no acordo de o que se é possível fazer dentro do processo terapêutico.
Nesse momento se percebe o que que o paciente precisa fazer, assim como, o que ele está de fato disposto a fazer.
Diante de questionamentos do paciente, o terapeuta tenta o esclarecer de maneira bastante sincera e
receptiva. Responder tudo de forma bem sincera (não sinceridade crua, mas sendo sincero).

• Proposição de um contrato terapêutico


• Alguma ideia sobre o trabalho a ser desenvolvido já deve ter sido formada nos passos anteriores
• Entretanto devemos ser explícitos (porém breves) sobre o contrato terapêutico: horários
(frequência e duração), pagamentos (valor e modo), férias, duração do tratamento, reajustes do
valor da sessão etc.
• Disto falaremos mais adiante.

Depois das etapas que já passaram, o paciente terá uma noção de onde ele está entrando, mas ainda sim,
existem questões que precisam ser conversadas e esclarecidas. Como os horários, frequencia e duração; o como
ocorrem os pagamentos, o valor e o modo, afins, questões como férias, reajustes dos valores da sessão, etc.
EFEITO TERAPÊUTICO
• Intervenções apropriadas
• Confiança e direcionamento do tratamento
• O paciente sente que o psicólogo “sabe o que está fazendo”
• O paciente sente que será coordenado e direcionado pelo psicólogo (poderelaxar)
• Destaque principal para o momento de diagnóstico (ter um norte para as perguntas, não ficar se
interessando por tudo “sem direção”)

O simples falar para um profissional que está ali, esforçando-se e disponível para ouvir e entender sua
história, em si, já possui um efeito terapêutico, um alívio. Além disso, nesses momentos iniciais, pequenas
intervenções, quando necessárias, possuem efeitos terapêuticos. O terapeuta dotado do saber, entre aspas, ajuda
no processo, pois o paciente sente que o terapêuta pode o ajudar, permitindo o paciente a relaxar um pouco e ser
coordenado pelo terapeuta.
O terapeuta precisa perguntar, quando sentir necessidade, de modo que siga os seus objetivos, ele não
pergunta qualquer coisa e sem motivo, ele precisa de um norte, as perguntas seguem esse norte e objetivo, não são
sobre qualquer assunto, são destrinchadoras, por exemplo.
ESTRUTURAÇÃO DO AMBIENTE DE ANÁLISE:
ESTABELECENDO E ULTRAPASSANDO FRONTEIRAS

Ao longo das nossas aulas, fomos vendo a respeito das entrevistas – que correspondem às primeiras
sessões – e do contrato terapêutico – que basicamente permite definir as responsabilidades de cada um, que
o paciente precisa usar da associação livre, não faltar às sessões, chegar no horário, que o horário é dele e,
portanto, será pago mesmo que venha a faltar, afins.
O áudio disponibilizado pelo professor, na plataforma SoundCloud, explora justamente sobre
questões envolvendo o contrato terapêutico. No primeiro momento se fala sobre os limites, sobre o espaço
da pessoa diante da realidade e dos outros, sobre uma fronteira. Então, o setting se trata de uma estrutura,
esta composta por inúmeras fronteiras que vão definindo os papeis do terapeuta e paciente naquele contexto,
fronteiras que delimitam o que pode e não se pode se fazer naquele espaço, é o setting que acaba por definir
o como irá funcionar e se estruturar as condições para a análise de fato.
Quando o paciente busca pelo processo de análise, ele se encontra internamente desorganizado e,
para tanto, o setting precisa estar organizado e estruturado, para que permita as condições necessárias para
este paciente conseguir estruturar-se. Definindo as fronteiras e as estabelecendo, permite um ambiente que,
idealmente, permite a separação do indivíduo com esse contexto, permitindo olhar para o paciente com o
mínimo possível de alterações e influências de outro, do meio.
“Não posso aconselhar, insistentemente demais, meus colegas para espelharem-se, durante o
tratamento psicanalítico, no cirurgião, que põe de lado todos os seus sentimentos, mesmo a simpatia humana
e concentra suas forças mentais em um único objetivo, de realizar a operação o mais habilmente possível”
(Citação de Freud realizada na aula em questão). Com essa fala, busca-se dizer que o analista preocupa-se
sim com os sentimentos do paciente em processo de análise, mas ele utiliza de limites para tal, usa de
fronteiras dentro dessa análise, o analista lida com diversas questões: como honorários, horários, presentes
recebidos, faltas do paciente, afins; questões que são sim abordadas, respeitando limites, de modo que não
influam negativamente no processo de análise.
Ao decorrer do áudio, cita-se o exemplo de uma mulher que, entre o período de uma sessão e outra,
precisou lidar com o falecimento do filho e pede para abraçar o analista na sessão seguinte, idealmente o
analista não iria abraçar essa paciente, mas no caso em questão, não abraça-la e reconforta-la, neste
momento, seria algo praticamente desumano. Sendo assim, na medida em que o analista busca respeitar
limites dentro do processo de análise, ele também pode, por inúmeras questões, cruzar e ultrapassar os
limites das fronteiras – isso não é uma violação dessa fronteira e que afete negativamente no processo, mas
sim um cruzamento da fronteira em uma situação que venha a ser benigno ao paciente.
O tempo é um limite estabelecido e de grande importância, a sessão tem um horário de começo e um
horário de término e, o analista possui o papel de fazer a manutenção deste tempo, que por mais que o
paciente chegue atrasado, o horário de término da sessão precisa ser respeitado; cabe ao terapeuta a manter-
se dentro dos limites de horário, por mais que o paciente influa sobre, chegando atrasado ou não dando
pausas e falando freneticamente nos minutos finais da sessão. Há sim questões em que se pode permitir um
pouco a extensão do horário, do tempo, que seriam as questões de cruzamento de fronteira, quando questões
humanas destacam-se e, cortar a fala do paciente naquele momento já não seria o ideal a se fazer.
O local é outra questão a se observar, mudar o local é uma mudança de setting, quebrar a
continuidade do setting pode desestruturar e causar efeitos negativos sobre o paciente, questões como
insegurança e incômodo podem surgir.
O pagamento e a forma de se realizar este, precisa ser algo bem definido no contrato terapêutico. O
valor da sessão e o momento do pagamento simbolizam o valor que o paciente tem sobre a sessão e o
processo de análise; possuindo significados para serem analisados e, para tanto, precisa-se controlar essa
questão do pagamento. No caso de um paciente que não pode pagar pelo processo de análise e então o
processo seria gratuitamente, seria algo problemático, já que o paciente ao não pagar nada financeiramente,
buscará pagar de outra forma, “dando” ao analista o que imagina que este espera de si, por exemplo.
Existem questões importantes a se analisar diante do momento de pagamento, pois o momento e a forma do
pagamento representa o reconhecimento simbólico do paciente sobre o trabalho de análise.
Outro ponto sobre a questão de pagamento seria o valor da sessão, o terapeuta não pode rebaixar
muito o seu valor padrão, pois rebaixar demasiadamente representa uma desvalorização do próprio serviço,
afetando no processo de análise – no próprio desempenho, por exemplo. Mas ainda há casos em que se pode
sim atravessar os limites fronteiriços sobre as questões de pagamento, como o caso de um paciente que
perdeu o emprego e sente um pesar em ter que parar o processo de análise, este é um caso em que se pode
sim ceder e abaixar o valor cobrado, por exemplo, pois entra no caso questões de humanidade – já existe um
vínculo e uma história para com este paciente.
Cabe também, ao analista, avisar e atentar o paciente sobre o pagamento das sessões do mês anterior,
logo no começo de cada mês. Há pacientes que buscam realizar o pagamento das sessões semanalmente,
pois isso permite uma segurança de que podem parar a cada sessão, de que não está devendo nada para o
analista, coisa do tipo.
A falta do paciente é um ponto a se comentar também no contrato terapêutico. O paciente possui um
horário, se ele faltar deste horário, o terapeuta não consegue substituir e agendar alguém no horário que o
paciente de fato faltou – e essa situação nem é o adequada; para tanto, como se reserva um horário semanal
para o paciente, o horário dele será cobrado, quer ele indo, quer não. O analista precisa delimitar esse tipo de
questão durante o contrato terapêutico, por exemplo, colocar no contrato que se o paciente avisar com
antecedência a falta e, essa falta ocorrer uma vez a cada dois meses, nesse caso, a falta não seria cobrada,
por exemplo. De maneira geral, a falta é cobrada, para que não a seja, o analista precisa delimitar o contexto
e a situação que a falta não será cobrada. O remarcar uma sessão precisa ser algo a ser observado também,
pois pode ser uma forma de o paciente controlar o setting, por exemplo, mas também envolve a questão de
faltas, compromisso, organização, afins.
A presente aula, disponibilizada pelo professor na plataforma SoundCloud, permite-nos entender a
importância de se estruturar o ambiente da análise, o setting terapêutico. Destaca a importância de cada
ponto a se atentar ao produzir um contrato terapêutico, assim como, de como esses pontos em questão
podem influir negativamente no processo de análise, para tanto, existem fronteiras e limites a serem
respeitados, limites que dão condições para o processo de análise ocorrer de fato; mas lembrando, sem
deixar de lado a possibilidade de atravessar essas fronteiras delimitadas, quando se fala de questões
humanas, em que atravessar esses limites fronteiriços pode, sim, ser benéfico ao paciente.

Slide: O contrato terapêutico

A PALAVRA “CONTRATO”
• O “contrato terapêutico” ficou como uma expressão de uso corrente entre os psicanalistas, entretanto
falamos aqui de um contrato metafórico.
• Já chegou a meu conhecimento que, nesta cidade, alguns psicólogos realmente redigem um
contrato de feições jurídicas, algo muito estranho à ideia inicial.
• Poderíamos falar de acordo inicial, Freud usava o termo “pacto”, mas a literatura sustenta a palavra
contrato.
• Trata-se, entretanto, de algo sem caráter jurídico. Costumo falar ao paciente sobre as “regras do jogo”,
“modo de funcionamento das sessões”, “acordos de funcionamento” ou algo do gênero.
• A palavra fica restrita aos psicólogos/psicanalistas! Não se deve passar a ideia de contrato jurídico
ao paciente.

O contrato não se trata de um contrato semelhante ao jurídico, mas sim mais próximo de acordos, as regras
para que o “jogo”, no caso o processo de psicoterapia, possa funcionar. Enquanto o contrato jurídico permite cobrar
a nível jurídico, “BANCO: se você não me pagar eu posso te jogar na justiça”, os acordos de funcionamento, que
seriam as regras do jogo, se direcionam mais ao vínculo, a essa relação terapeuta-paciente.
O CONTRATO
• A rigor o contrato não pertence nem ao bloco das entrevistas nem ao tratamento propriamente dito.. Ele
ocupa exatamente o espaço no qual ainda estamos num “ambiente de entrevista” (sem interpretações, com grande
liberdade de expressão do paciente etc.) mas já decidimos que o paciente deve ser atendido e que temos algo a
fazer para sua melhora.

O momento de contrato não é um tratamento de fato, é um momento em que se estabelece o contrato,


após conhecer o paciente e saber se tem algo a fazer por ele e, antes do próprio período do processo de tratamento.
Basicamente, o contrato ocorre após as entrevistas, quando já se conhece do paciente e decide que irá o atender,
então se estabelecerá as regras para esses atendimentos.

• É muito difícil escolher qual a ordem dos temas a serem abordados num curso sobre este: contrato e
enquadre (setting) são temas interdeterminados posto que o enquadre só pode ser julgado a partir do
contrato e o contrato só serve para delimitar o enquadre.
• Optei por abordar inicialmente o contrato e depois explicar os elementos do setting, mas a ordem inversa
seria igualmente justificável.

O contrato terapêutico servirá como possibilidade de se cobrar e delimitar o enquadre. O contrato fixa as
regras do setting.
O contrato vai definir as obrigações de cada um e o que um esperará do outro.

• O objetivo do contrato é firmar as bases do trabalho que realizaremos com o mínimo de ambiguidades
possível. Ele deve deixar claro:
• Quais os objetivos do trabalho
• Quais as expectativas de ambas as partes
• Quais as dificuldades do caminho
• Qual o investimento, de tempo e de dinheiro
• Quais as regras
• Quais as exceções

Sendo assim, o contrato precisa deixar claro a respeito do que se trabalhará, o objetivo, expectativas,
dificuldades, etc...
Parte do contrato é feito com a criança, se for a paciente, mas também precisa conversar e explicitar
objetivamente com os pais. Explicar os meios que os pais podem entrar em contato com o profissional, etc. Primeiro
conversa com a criança, tem uma visão dela e, depois chama e conversa com os pais e assina o contrato.
Todos os pontosque devem ser abordados no contrato estão citados em itens logo acima.

• Assim que o tema das regras surgir, ele deve ser imediatamente solucionado, ou seja, não se deve deixar a
ansiedade para a sessão seguinte.
• Normalmente reservar os 10-15 minutos finais da última entrevista é suficiente para explicar quais são as
regras impostas pelo analista e para solucionar eventuais questionamentos sobre as mesmas.
• Os textos fundadores da ideia de contrato terapêutico são “Recomendações aos médicos que exercem a
psicanálise” (1912) e “Sobre o início do tratamento” (1913).

Assim que terminar as entrevistas, ou marcar uma sessão a mais, para conhecer mais do paciente e depois
apresentar as regras do jogo, para o processo de análise; ou separar uns 10-15 minutos da última sessão de
entrevista, para poder dar uma devolutiva para o paciente sobre o que se foi percebido até agora e, explicitar as
regras, o contrato verbal para o processo.
As regras são de funcionamento, então todos os paciente estão sob as mesmas regras. Regras que não são
personalisaveis e que mudam de paciente para paciente.

• É importante que já seja enunciada a regra fundamental, ou seja, a regra da associação livre... Ela não
precisa de nenhuma cerimônia: pede-se apenas que o paciente fale o mais livremente possível, sem
selecionar suas palavras por importância, vergonha, medo etc.
• Também o uso do divã já é comunicado desde o primeiro momento, para aqueles que o utilizam. Nos dias
de hoje alguns analistas deixam seu uso livre, enquanto outros estabelecem sua obrigatoriedade. Falaremos
mais sobre o divã quando entrarmos na questão do setting.

Psicanálise influi em associação livre, que a pessoa consiga falar tudo que vier na sua cabeça, por mais que
ache que seja besteira e não tenha sentido, por mais que seja algo muito vergonhoso para o paciente. O paciente
sabe que para o trabalho, ele terá que falar o que lhe vier na mente, terá que se esforçar.
O uso do divã pode ser estabelecido pelo analista, sobre ser de escolha livre do paciente ou se será
obrigatório.
Se foi estabelecido sobre a obrigatoriedade de se deitar no divã, se foi falado da regra fundamental da
associação livre, o analista poderá interpretar caso o paciente se recuse a deitar no divã e a falar, pois foi algo que já
fora estabelecido anteriormente. Poderá questionar sobre transferências, afins. Determina as regras para poder
analisar quando essas não as são cumpridas.

• É comum que o paciente queira saber como o tratamento funciona, qual sua duração e etc. O melhor é ser
o mais claro e franco possível.
• A psicanálise funciona através da interpretação que gera autoconhecimento e controle sobre a própria
vida. O tratamento é de tempo muito variável, a depender de cada pessoa e não apenas de cada patologia.
• Algumas patologias são sabidamente complicadas e demandam muito tempo (borderline,
depressão maior, anorexia etc.) e isso deve ser informado.
• No caso de psicoterapias breves o tempo tem maior precisão.
• Lembremos que o CRP proíbe a promessa de cura em tempo fixo, já que isto é impossível e configura
desonestidade. Um tempo aproximado pode ser informado.

Não se sabe quanto tempo o paciente demorará para estabelecer o vínculo com o terapeuta, quando tempo
o paciente precisará para conseguire contar as coisas, não se sabe o quão fundo é a depressão/patologia do
paciente, não se sabe se o medicamento surtirá efeito sobre o paciente... Inúmeras variáveis que influem sobre a
duração do processo de análise. Há muita coisa que o terapeuta não sabe.
A psicanálise funciona com base nas interpretações, modelos explicativos para a forma que a pessoa age e,
enquanto a pessoa vai se entendendo, ela assume o controle sobre a própria vida, sobre si própria.
Se usa da ideia de aproximações sucessivas, o paciente fala, depois o terapeuta questiona sobre o como ele
enxerga o tratamento, o quanto demorará, afins... E juntos, terapeuta e paciente, vão aproximando-se de terem a
mesma visão sobre o tratamento e sobre a duração. “Você acha que vamos ficar mais ou menos quanto tempo aqui?
Quantos meses?”, depois o terapeuta vai apresentando a própria percepção a respeito do tempo, com base no que
encontra do paciente, o caso e a hipótese formulada ao longo das entrevistas. Psicoterapia breve é de em torno de
12-20 sessões, a breve; mas do outro lado a psicoterapia comum, possui como média 1 a 2 anos, de 48-96 sessões.
Buscar comunicar ao paciente o tempo aproximado, de maneira bastante realista. Lembrando que algumas
psicoterapias breve possuem tempo específico e já delimitado, o término ocorrerá naquele tempo, independente de
o nível de melhora do paciente.

O CONTRATO – PREÇO E PAGAMENTO


• Três pontos fundamentais que não podem ser esquecidos são o pagamento ou não quando o paciente
falta, o aumento periódico dos honorários e também as férias do analista, e isto porque caso deixem para
ser comunicados posteriormente, o paciente pode compreendê-los como reações à seu comportamento (às
vezes até mesmo punições), e não regras normais.
• Sobre as faltas, muitos terapeutas iniciantes temem estabelecer seu pagamento, isto sempre tem relação
ou com sua própria desvalorização profissional ou com uma sedução ao paciente. Deve ser objeto de
supervisão.

Existem três pontos a se comentar e que são importantes destacar no momento do contrato, quando o
assunto é preço e pagamento.
A falta do paciente é cobrada? Esse é um ponto a se deixar bastante claro e explícito no contrato. Se avisado
com antecedência, afins, mesmo assim será paga ou não? Quantas faltas podem ocorrer antes de começar a cobrar a
falta? No contrato é muito importante explicitar tudo isso do pagamento, já que só poderá ser cobrado do paciente,
o que foi acordado entre paciente-terapeuta.
Na medida em que o tratamento avança, maior o nível de resistência que surge, por o tratamento se tornar
bastante desagradável. Então a falta pode ser uma forma de evasão, de se defender. Então delimitar no contrato a
respeito da falta é importante, pois o paciente dificilmente irá faltar se ter que continuar pagando, então ele “meio
que” terá que lidar com o desconforto e dar andamento ao tratamento, forma ou outra.
É importante falar que em um momento ou outro irá se ter um aumento dos honorários, de acordo com a
inflação, então anualmente ou a cada dois anos, o valor da sessão de terapia irá subir, logo no começo do ano, etc...
Deixa bem claro a respeito disso.
Por fim, destacar a respeito das férias do analista, de que ao longo do ano, em X períodos o terapeuta irá
pegar férias e, neste caso, as sessões não serão cobradas. Exemplo: “costumo tirar 15 dias no começo do ano, mais
15 no período de férias de meio de ano, mais 15 abrangendo o Natal e o ano novo”.
Delimitar e explicitar sobre as férias, explicitar sobre o aumento de honorários, explicitar sobre a cobrança
mesmo com a falta do paciente, se explicitar tudo isso no contrato, não terá margem para o paciente ficar
imaginando, que as férias é pois o paciente é muito exaustivo para o terapeuta, de que é muito chato atendê-lo e
então aumenta o valor da sessão pra ver se o paciente desiste, etc... Se não explicitar essas regras do contrato, o
paciente terá margem para ficcionar e imaginar muitas coisas a respeito de seu tratamento.
O terapeuta que não cobra as faltas do paciente, pode estar desvalorizando o próprio trabalho, assim como,
seduzir o paciente – de que é um terapeuta bonzinho, de que pode faltar e tudo bem, não será cobrado e a pessoa
poderá faltar quando precisar, o que compromete a efetividade do tratamento, o “andar” da terapia.

• As faltas, esquecimentos etc. podem estar ligadas à dificuldade de serem gratos ou aceitarem a
dependência
• Os pacientes que pagam toda a sessão normalmente apresentam uma dificuldade de “ficar em
dívida” com o analista.. é típico de pacientes obsessivos e narcisistas
• É importante mostrar que “cobramos por horário e não por frequência”
• A ideia é que o pacientes está pagando para que seu horário esteja sempre reservado, e não que
ele está pagando por um serviço esporádico.
• Não há nada de estranho nisso... Pagamos um valor fixo pelas aulas de inglês, por exemplo,
independentemente da nossa frequência o profissional estava lá

O paciente que falta, que esquece o dia da terapia ou acaba chegando atrasado, pode estar demonstrando
ou muita resistência, de estar desconfortável continuar o tratamento, está tocando em pontos muito angustiantes e
“pesados”; ou então, de que representam que o paciente está com dificuldade de aceitar uma certa dependência do
terapeuta “tô achando que eu to ficando muito dependente desse terapeuta, então vou faltar e dar uma segurada”.
Os paciente narcisistas e obsessivos preferem pagar as sessões semanalmente, para que em fantasia,
acreditem que não estão devendo nada para o terapeuta, de que pode parar a qualquer momento, de que não terá
que conversar com o terapeuta e resolverem sobre o término, afins. Em contrapartida a isso, o pagamento ocorre
uma vez por mês, “atendo o mês de janeiro, depois na primeira semana de fevereiro, cobro o mês de janeiro”; assim
cria de certa forma a imagem de dependência, onde terá que ir na sessão e pagar o terapeuta, se quiser parar o
processo terá que discutir com o terapeuta a respeito, tendo oportunidade de repensar e averiguar o que é melhor
para o paciente.
Deixar claro ao paciente que ele está sendo cobrado pelo seu horário semanal, não pela sessão em sí.
Semanalmente o terapeuta tem aquele horário reservado para o paciente, quer o paciente indo ou não, o horário é
dele e o pagamento é correspondente ao horário reservado, o terapeuta irá estar lá independente da presença do
paciente. Da mesma forma que um curso de idiomas, por exemplo, você paga a mensalidade, mas continua pagando
mesmo na sua ausência.

• Também devemos comunicar que uma vez por ano ou a cada dois anos, os honorários aumentam. Isto
simplesmente para acompanharmos a inflação.
• As férias também já devem ser comunicadas o quanto antes, em meu caso “Duas vezes por ano costumo
tirar 15 dias de férias, em julho e na última semana de dezembro e primeira de janeiro do ano seguinte”.
• As férias do analista obviamente não são cobradas.
• As férias do paciente também não costumam ser cobradas (alguns preferem cobrar e repor estas
sessões)

Conforme já comentado anteriormente, é importante falar que em um momento ou outro irá se ter um
aumento dos honorários, de acordo com a inflação, então anualmente ou a cada dois anos, o valor da sessão de
terapia irá subir, logo no começo do ano, etc... Deixa bem claro a respeito disso.
“A partir de janeiro o valor da sessão irá subir em 5%, por decorrência da inflação... então o valor da sua
sessão de 100 reais irá subir para 105 reais”.

O CONTRATO
• Estes pontos são cruciais pois sua inserção posterior será vista como reação ao paciente:
• “Você está me punindo porque deixei você esperando... por isso resolveu me cobrar essa sessão
que eu nem vim!”
• “Você não me aguenta mais né? Vai aumentar o valor para que eu não possa vir!!”
• “Eu entendo que estou sendo um fardo para você.. é justo que tire férias...”

Estabelecer o contrato com delimitações bem específicas é muito importante, conforma já citado, é de suma
importância delimitar e explicitar sobre as férias, explicitar sobre o aumento de honorários, explicitar sobre a
cobrança mesmo com a falta do paciente, se explicitar tudo isso no contrato, não terá margem para o paciente ficar
imaginando, que as férias é pois o paciente é muito exaustivo para o terapeuta, de que é muito chato atendê-lo e
então aumenta o valor da sessão pra ver se o paciente desiste, etc... Se não explicitar essas regras do contrato, o
paciente terá margem para ficcionar e imaginar muitas coisas a respeito de seu tratamento.

• O contrato deve ser justo e racional, de maneira alguma autoritário (conveniência do analista) nem
tampouco demagógico (quer agradar ou tranquilizar o paciente):
• Podem ser vistas como autoritárias algumas partes do contrato, como o estabelecimento unilateral
das férias ou o pagamento das sessões não realizadas, entretanto não é possível fazer de outra
maneira. Caso as férias fossem deixadas ao paciente, dado que são vários, provavelmente nunca
haveria acordo comum. Sobre o pagamento, o tempo dispendido pelo analista deve ter alguma
contrapartida do analisando, a regularidade das sessões é parte necessária do trabalho, além das
justificativas metapsicológicas (resistência e sadismo).

O contrato não pode ser de forma alguma autoritário, com questões estabelecidas unilateralmente – como
as férias do paciente serem cobradas e a do terapeuta também, por exemplo. O contrato precisa abranger os dois
lados, ao mesmo tempo em que delmita algumas questões, como a frequência/regularidade das sessões, que são
muito importantes para o andamento do processo e, delimitar muito bem sobre essa frequência, permite lidar com
questões como resistência e sadismo do paciente (o sadismo no sentido de que há pacientes que querem castigar o
terapeuta, o terapeuta disse algo que o paciente não gostou e então, consciente ou inconscientemente, acaba não
indo na sessão, falta, castiga o terapeuta e, ao mesmo tempo não precisa pagar a sessão, se for o caso de não ter
estabelecido dentro do contrato, então na semana seguinte liga e desmarca com antecedência, faltando mais um dia
sem ter que pagar, pois o contrato dava margem para esse tipo de situação).
O contrato deve estabelecer as regras para que um trabalho possa ser realizado; frequência, pagamento,
qual o papel de cada um nesse processo, afins. É um contrato que não é demagógico (não é a favor do paciente no
sentido de flexibilizar mesmo que isso afete o tratamento).
Aceitar fazer um atendimento mensal afeta muito no tratamento, pois em 1 ano, terá atendido a mesma
quantia que teria se atendido semanalmente em 3 meses, mas ainda será pior ainda, pois em uma hora não se da
para discutir a respeito do conteúdo de um mês inteiro, se perde muito nesse enorme espaçamento. A regularidade,
a frequência semanal é algo importante e faz parte do trabalho (do setting).

• Não deve ser demagógico na medida em que o analista deve zelar pela tarefa como qualquer trabalhador
zela pelo seu ofício, neste sentido um analista que concorda com uma única sessão semanal (ou até uma
única sessão quinzenal) para um paciente muito grave, está sendo demagógico, já que não é possível realizar
o trabalho necessário nestas condições.
• Nesta mesma lógica está a exigência de ida ao psiquiatra, nutricionista ou qualquer outro membro da
equipe multidisciplinar que for sabidamente necessário (casos de depressão maior ou anorexia, por
exemplo)
• Mas pode ser algo tão simples quanto “Você pode dizer tudo o que vier à sua cabeça” “Você pode me
contar tudo o que quiser, ou pode ficar quieto”, isso não é a verdade e impossibilita a tarefa. É só quando
impomos as regras que podemos analisar como o paciente se comporta frente a elas (o que se passa quando
fica em silêncio? o que se passa quando não paga no dia combinado? Esse e outros comportamentos só
podem ser analisados em função do que foi definido, caso contrário ele está apenas se valendo das
liberdades existentes.

O trabalhador zela pelo seu próprio trabalho, por isso ele não atua de vorma demagógica, de ceder a
condiçoes que são vontade do paciente, mas que afetam negativamente no tratamento. Exemplo: paciente em crise
e está o atendendo quinzenalmente. Isso não faz sentido algum, pois a frequência é muito importante para obter um
resultado no processo, ainda mais com o paciente em crise – passando por um momento difícil.
O terapeuta avaliou através das entrevistas que o paciente precisaria ir a um psiquiatra, nutricionista, algum
membro da equipemultidisciplinar, essa obrigatoriedade deve ser explicitada no contrato, pois não adianta nada
fazer terapia com uma pessoa anoréxica que não buscou outros tipos de auxílio devidamente importantes para a
saúde do paciente e, para propiciar condições ao tratamento da terapia. Terapia sozinha não sustenta um anoréxico,
por exemplo.
O contrato deve estabelecer muito bem, não é “você pode dizer tudo que vier à sua cabeça”, a regra deve
ser um “você deve...”. Pois apenas através da imposição de uma regra, que se pode analisar a desobediência da
regra. Sem regra, não há nada para se analisar, só se analisa o que foi definido, do contrário, a pessoa estará em seu
direito.

• Na ideia de contrato está inserido o acordo de que a análise só termina por concordância de ambas as
partes. É óbvio que o paciente pode deixar de frequentar as sessões e, em situações muito especiais,
também o analista pode encerrar o atendimento, mas nestes casos falamos de abandono/interrupção da
análise e não de término dela.
• Quando um paciente diz que deixará de frequentar o tratamento, caso discordemos disto, é nosso dever
assinalar nossa avaliação profissional: deixamos claro que, a nosso ver, o trabalho não chegou a seu fim e
que o resultado alcançado ainda não está bem assentado

O contrato precisa explicitar que a análise irá ter o término quando ambos concordarem e entrarem em um
acordo.
Do outro lado, existe a opção de abandono da análise, quando o cliente simplesmente decide não ir mais,
independente de o terapeuta.
O terapeuta pode concordar ou discordar de o que o paciente diz como “acho que estou bem, gostaria de
parar o tratamento...”, o terapeuta precia explicitar se acredita que o paciente esteja bem ou ainda não, explicitar se
concorda com o paciente, com o fato de ele realmente estiver bem, etc... “Concordo com você, já encontrou muitos
recursos, está conseguindo lidar com as situações que estão surgindo na sua vida... nessas últimas 3 sessões que
você veio eu senti que você estava melhorando, etc etc etc, depois se sentir necessidade, podemos marcar
novamente, etc...”; ou o contrário, não concordar “olha, acho eu você ainda não está pronto, o resultado alcançado
ainda não está muito satisfatório, há muito a se trabalhar ainda, etc...”
• Contrato terapêutico do professor:
• “Então eu vou te explicar mais ou menos as regras para o atendimento... Eu vou sempre estar aqui
no horário que combinamos, e por isso, toda sessão sua será cobrada.. esse horário é só seu! Caso
você falte eu tentarei ao máximo repor nossa sessão em outro horário que nós dois possamos. Tudo
o que você disser aqui será mantido em sigilo, exceto se eu julgar que você ou alguém possa estar
em perigo... Neste caso eu revelarei o necessário para quem possa me ajudar a cuidar de você. Sobre
o pagamento, eu costumo acertar sempre na primeira sessão do mês seguinte as que aconteceram
no mês passado, então no dia X de Y, você vai acertar todas as sessões que aconteceram em Y-1,
entendeu? E também a cada dois anos mais ou menos eu faço um ajuste no valor das sessões.. Ah,
além disso eu costumo tirar 15 dias de férias duas vezes por ano, em julho e na última semana de
dezembro e primeira de janeiro do ano seguinte. Em nosso trabalho você deve dizer tudo o que lhe
ocorre, sem pensar se isso é importante ou não, se é vergonhoso ou não, mas ser o mais honesto
possível. Você tem alguma pergunta?”

Acima se tem um exemplo do contrato terapêutico que o professor faz com seus pacientes, após o período
de entrevistas (reservar uns minutos da última entrevista para o contrato).
Explicitar bem questões como sigilo no contrato, acaba a questão do dilema de quebrar ou não o sigilo.
Diante do modelo de contrato acima, a pessoa sabe que se falar algo “perigoso”, o terapeuta irá quebrar o sigilo e
contatar alguém, então, se o paciente falar algo que seja tido como “perigoso”, isso poderá ser entendido como um
pedido de ajuda do paciente.
Slide: O enquadre

O ENQUADRE
• Podemos definir o enquadre (setting) como um conjunto de regras, atitudes, limites e posturas que
permite ao processo analítico se desenvolver.
• São as “regras do jogo” que deixam o jogo acontecer..

Enquadre seriam todas as coisas, como espaço físico, postura do terapeuta, regularidade das sessões, são as
regras do jogo que permitem o processo acontecer e de que esse processo possa ser usado como referência e
comparações. Exemplo: não da para comparar a efetividade do tratamento, se uma pessoa é atendida
semanalmente e a outra mensalmente.

AS FUNÇÕES DO ENQUADRE
• Fundamentalmente o enquadre/setting estabelece as regras nas quais o psiquismo pode se estruturar e se
desenvolver... Não existe desenvolvimento na desorganização, a previsibilidade organiza a mente.
• Ele delimita um espaço com uma função (terapêutica): cria um campo terapêutico
• Mantém um “fundo” fixo sob o qual podemos analisar em função do que os elementos variam
• Estabelece limites para que o indivíduo aprenda a lidar com eles, com os sentimentos que surgem deles
sem fugir disso.

O enquadre tem a função de organizar, de dar uma estrutura e previsibilidade, uma regularidade. Diante
disso, pode-se estruturar o psiquismo diante edssa organização, estruturação, é o enquadre que delimita as coisas,
que permite que a pessoa possa se organizar e saber que semanalmente, naquele horário, a pessoa terá terapia, lá
dentro, terá em torno de 50 minutos... sabe-se o como funcionam as coisas, o pagamento, afins. O enquadre visa
uma previsibilidade para poder organizar e observar a mente e o psiquismo.
Criando esse fundo, esse cenário fixo, pode-se observar outras coisas, outros elementos. O setting é um
espaço que possui uma função, de criar um campo terapêutico e, os elementos que forem surgindo nesse campo,
poderão ser analisados diante do próprio espaço, das delimitações do enquadre.
Pode-se analisar o que for surgindo no processo de terapia, quando tudo mantém-se fixo, invariável, o que
for surgindo ali poderá ser analisado então. Exemplo da transferência, só pode conseguir identificar que o paciente
está transferindo coisas para a figura do analista, pois o analista mantém-se em uma posição, uma postura, ele
reconhece que não é ele que está transparecendo determinada imagem, mas de que é o cliente que enxerga essa
imagem, uma reatualização na figura do analista, de questões antigas e que não puderam serem resolvidas/vividas
com outras pessoas, como os pais/patrão, por exemplo.
O enquadre permite a previsibilidade/regularidade; delimita um espaço, o espaço dentro da sessão e o lá
fora, “mundos distintos” e isolados uns dos outros, dentro da terapia ela pode ser ela, pois saindo pela porta, ela
voltará ao mundo, onde as coisas funcionam diferentemente dali de dentro, do mundo da terapia.
Embora não seja possível o terapeuta se manter puramente como espelho e quadro em branco, é
importante que o terapeuta não vivencie questões junto com o paciente, que tenham o mínimo possível de contato
no mundo concreto. Não pode o terapeuta e o cliente compartilharem o mesmo espaço – pois isso influi em uma
impressão do analista sobre a vida do paciente, da família do paciente, afins. A realidade subjetiva do terapeuta iria
influir a realidade subjetiva do paciente.
Manter o setting, fundo sempre fixo permite analisar o que surgir, pois não existem variações no setting, é
semanamente no mesmo dia, no mesmo horário, mesmo ambientação da sala, mesma postura do terapeuta, afins.
O que surgir nesse contexto poderá ser analisado, tentar entender o que resultou o que, qual a relação dos
fenômenos, desencadeadores, afins. Mantendo o setting fixo, é possível observar e analisar se o paciente está
melhorando, tendo insights, afins.
O enquadre é para todos os pacientes, idêntico a todos, o que acaba criando limites para os pacientes e,
diante desses limites, é possível observar o como cada um dos pacientes irão reagir. Ex: o pagamento será feito na
primeira sessão do mês seguinte. Diante disso, pode-se observar o comportamento dos pacientes que conseguem
realizar o pagamento na primeira semana do mês com o paciente que esquece/que tenta pagar
semanalmente/oferece outras formas de pagamento. Diante das regras gerais estabelecidas, pode-se observar
variações individuais – que serão observadas e analisadas.
Se ceder e deixar o ambiente da forma que o cliente quer, da forma que este gostaria, o terapeuta estará
perdendo grandes oportunidades de observar e captar informações do cliente, que sejam pertinentes e
devidamente analisadas – já que não está em um ambiente estruturado para tal, para permitir essa análise.
ENQUADRE NA PSICANÁLISE
• Os conselhos de Freud nos escritos técnicos estabelecem alguns pilares do atendimento psicanalítico
(elementos que podemos aceitar ou rejeitar, mas que não cabe discussão – se ainda quisermos fazer
psicanálise) e outros elementos mais “estilísticos”.
• Nos pilares temos a frequência e duração: 50 minutos, 5 vezes por semana (Freud atendia seis)
• Alguns seguem a análise on demand de Winnicott e muitos o tempo lógico de Lacan.
• Nas questões estilísticas temos os horários, honorários, feriados, férias etc. Alguns analistas mantém
sempre o mesmo horário (sempre às 16h, por exemplo), com ideia de simplificar e dar mais estrutura ao
atendimento.. outros alteram os horários pois acreditam perceber variações do paciente neste sistema.

Tem-se estabelecido por Freud, alguns pilares da psicanálise que basicamente precisam ser aceitos.
Psicanálise é 50 minutos, de 5-6 sessões semanais afins... Para ser psicanálise, essa frequência e duração é
necessário, do contrário, não é psicanálise.
Há pessoas que fizeram variações do modelo de Freud, que seria a análise on demand de Winnicott, que
seria o tempo que o paciente precisava para o fechamento daquela sessão – gasta o tempo que o paciente precisar
para conseguir entrar, começar um assunto e o fechar. Começa, lida com um assunto, se acalma e então vai embora.
Do outro lado, o tempo lógico de Lacan, que defendia o corte lacaniano, que cortava o paciente e encerrava
a sessão diante de um grande insight do paciente, de um assunto importante para que este possa pensar nisso ao
longo da sua semana. Corta o paciente, da uma interpretação e deixa-o pensando no assunto, já que a sessão foi
encerrada. Não compensa continuar a sessão depois desse assunto importante que surgia, já que o poder do insight,
o pensar sobre aquele assunto “pesado” se perderia, diante de banalidades e baboseiras que surgiriam no restante
da sessão.
Embora tenha uma fundamentação teórica que embase o corte lacaniano, de que o paciente usaria do resto
do tempo da sessão apenas como uma forma de defesa da interpretação que tinha sido feita. ‘Curiosamente’ os
cortes eram sempre antes de 50 minutos, nunca mais.
Existem questões estilísticas referentes a cada terapeuta, há pessoas que atendem em feriados, outras que
não o fazem, alguns só atendem pela manhã, outros não atendem de noite, etc. Ao atender a pessoa mais de uma
vez por semana, o terapeuta pode escolher fazer o atendimento no mesmo horário ou em horários diferentes – para
ver o como a pessoa funciona em diferentes momentos do dia, por exemplo.

• Além dos fatores objetivos, temos a “postura analítica”, as metáforas freudianas ainda seguem como o
melhor guia da regra da abstinência e da reserva analítica:
• “Analista como espelho” ou como “tela em branco”:
• “O médico não deve ser transparente para o analisando, mas, como a face de um espelho,
mostrar apenas o que lhe é mostrado”
• A ideia é que o analista devolve, através da interpretação, aquilo que o analisando coloca
nele ou no ambiente.
• Ele não deve contaminar este processo por suas projeções e tampouco por sua
contratransferência (uma tela em branco onde o desenho depende exclusivamente daquilo
que o analisando coloca, suas tintas, suas cores, seu desenho)

A postura analítica entra como um item do enquadre da psicanálise. Sendo assim, a postura do analista
como um quadro em branco ou como um espelho, onde tudo que o paciente enxergar no analista, refere-se a si
mesmo, a uma transferência, projeção, afins.
O que o paciente for colocando no campo, no ambiente, no analista, esse conteúdo pode ser analisado e
devolvido para o paciente. “você percebe que tenta me colocar como responsável da sua própria terapia? Como se
eu tivesse que me esforçar e fazer o trabalho por você?”, por exemplo, onde o paciente está transferindo uma
função de outra pessoa, como da mãe para o analista.
O analista não pode influir muito no campo, deve manter-se como uma função de espelho/tela em branco,
de modo que suas projeções e a contratransferência do próprio analista, não influa e prejudique o processo de
análise. Sendo assim, o terapeuta não pode mostrar o quadro que o paciente está pintando de si próprio, se o
analista acaba dando umas pinceladas nesse desenho – influindo também sobre.

• A regra da abstinência significa que o analisando não deve ser gratificado em seus desejos e, mais que isso
e principalmente, que o analista não deve ser gratificado em seu trabalho para além dos honorários:
• Se faço uma pergunta para satisfazer minha curiosidade, já rompi o setting psicanalítico (espelho);
se dou um conselho ou acalmo o paciente, o faço para me livrar do meu incômodo, já rompi o setting
e assim por diante.
• Nas imensas variações que acontecem na prática cotidiana, nenhum manual pode informar o que fazer em
cada situação... o melhor é compreender o enquadre psicanalítico como uma “atitude mental” que visa
auxiliar o desenvolvimento autônomo do sujeito com o mínimo de interferências possível.

Nem o analista e nem o paciente devem receber gratificação além do próprio honorário/pagamento. O
analista não pode elogiar o paciente e ficar “olha que legal, você finalmente conseguiu fazer isso/aquilo”. Nem o
terapeuta também pode aceitar algum tipo de gratificação, “te trouxe esse presente pois você é muito bom no que
faz”. Ambos os casos, o paciente ou o analista tentar gratificar um ao outro, isso é um bom elemento de análise.
Se o terapeuta se pega elogiando o paciente, o terapeuta pode ter entrado em uma contratransferência,
como o caso citado de função da mãe, de ter que elogiar o filho, dizer que tudo ficará bem, etc. Já de forma
contrária, o paciente que fica tentando gratificar o analista, está transferindo algo para ele.
O terapeuta que faz uma pergunta que não tem muito envolvimento com a análise, mas é de curiosidade
própria, rompeu com o enquadre psicanalítico, com a sua postura de espelho/quadro em branco; o terapeuta que
tenta dar conselhos, assume um papel que não é o seu próprio, entrou na contratransferência; o terapeuta que
tenta acalmar o paciente, tenta na verdade, se livrar do desconforto/incômodo que este paciente gera em si, em
todos os casos, rompendo com o setting.
Alguns pacientes gostam de receber punições, no lugar de gratificações, como paciente masoquistas, que
colocam o mundo como um lugar que ninguém liga para si, que ninguém gosta dele, afins. Nesse caso, os pacientes
podem tentar irritar o terapeuta, provocar raiva nele – consciente ou inconscientemente fazem isso –, de modo que
tentem receber essas punições, que o analista o coloque na posição que o paciente já se vê, como um coitado que
ninguém gosta, por exemplo. Há pacientes que ridicularizam o que o terapeuta fala, que volta e retomam a algum
tema que já fora sido trabalhado, fica se divertindo quando o terapeuta acaba se perdendo, perdendo a compostura,
etc. “O paciente que se satisfaz em provocar a raiva e irritação no outro, tentará fazer o mesmo com o terapeuta,
transferir algo de outra pessoa, como o que fazia com o pai, de irritar o pai e sentir-se bem quando ele se irritava”.
A abstinência de gratificações e punições, não só o analista que precisa se abster, a única coisa que o analista
pode receber de gratificação é o honorário, seu pagamento; Assim como o paciente, este também precisa se abster.
O cliente tenta colocar o terapeuta dentro de uma função, tenta fazer o analista entrar na transferência de papel
que estão colocando sobre este.
O terapeuta não da conselhos, ele irá usar do conteúdo trazido pelo paciente e fará interpretações,
devolvendo-as para o paciente – no lugar da ideia de se dar um conselho –, é assim que irá auxiliar este paciente ao
desenvolvimento. Entendendo o sofrimento e sua raiz, não apenas falar qualquer coisa para lidar com o mal estar e
incômodo diante do paciente.
Para saber se o terapeuta está interferindo no enquadre, basta observar se está favorecendo a dependência
– não pode favorecer a dependência do paciente, apenas se for uma dependência temporária para depois o paciente
poder desenvolvr sua própria autonomia. O terapeuta precisa interferir o mínimo possível, a sua postura é visando o
desenvolvimento desse sujeito, então se o paciente pedir para ficar mais tempo na sessão além dos 50 minutos, se
ele fica ligando e mandando mensagens ao longo da semana, afins, basta o terapeuta agir da melhor forma possível,
de tal modo que não favoreça a dependência do paciente – além dos casos a parte, como pacientes muito
fragilizados, por exemplo, que precisam sentir-se amparados em alguém, para conseguir desenvolver-se e alcançar a
própria autonomia.

ENQUADRE NA PSICOTERAPIA PSICANALÍTICA


• O enquadre da psicoterapia psicanalítica é distinto e, em vários aspectos, menos rígido do que o da
psicanálise.
• O uso do divã não é obrigatório, nem tampouco sugerido, mas fica à critério do paciente... alguns sentem-
se melhores não tendo a visão do analista, outros acham estranho deitar, o que seria analisado na
psicanálise (voyeurismo e exibicionismo) na psicoterapia não pode sê-lo, já que não é uma regra: a regra
serve para observarmos quando e como elas são quebradas, e o que isso revela da personalidade ou conflito
do paciente.
• O uso do divã ou do face a face tem diferenças que falaremos mais adiante.

Já na psicoterapia psicanalítica, existem regras menos rígidas em relação a psicanálise. O divã é obrigatório
na psicanálise, na psicoterapia é uma alternativa, o paciente pode ou não se deitar no divã, já que não é algo
obrigatória que fora discutido no contrato terapêutico.
Só da para interpretar o fato de o paciente negar-se ou se incomodar de usar o divã, se este tivesse sido um
ponto obrigatório no contrato, do resto, apenas o paciente fazendo oq está em sua liberdade, escolher ou não
deitar-se no divã.Da para interpretar, diante do estabelecimento de uma regra que está sendo descumprida.
O paciente que prefere ficar face a face, pode-se questionar se este seria voyeurista ou exibicinista, pois quer
ver as reações do analista, ou de que este o veja a todo momento, por exemplo. Só se pode interpretar esse tipo de
situação, diante do descumprimento da regra do jogo do divã obrigatório, por exemplo.
O uso do divã pode contribuir para atentar-se a palavra, a associação livre, deixando alguns pontos como o
próprio campo de visão do paciente e do analista mais “livre”.

• O modelo de analista como espelho ou tela em branco cede espaço para o “analista como pessoa real” ou
a “pessoa real do analista”. Daqui temos diversas consequências, críticas e cuidados:
• A ideia do analista não mais como um suporte de projeções mas mostrando aspectos de sua
individualidade merece diversas ressalvas.
• Não se trata de um agir espontâneo que descaracteriza o vínculo analítico, que acaba com a
dissimetria, que julga ou aconselha o paciente.
• Trata-se apenas de retirar o que existia de fóbico, de rígido, de artificial no contato terapêutico...
deste modo um analista hoje pode tranquilamente rir na análise, mas é claro que a terapia não deve
se conduzir nestes termos.. o riso possui diversos usos defensivos.

O analista como uma função, tela em branco ou espelho, acaba sendo deixado de lado na psicoterapia
psicanalítica, busca-se um analista mais real, pessoal, uma pessoa que se emociona, que da risada, que se expressa,
que é algo além de uma função, além do suporte de projeções (uma tela que está sendo pintada pelo paciente).
Não é possível essa abordagem de quadro em branco, mesmo tentando, o analista implica algo no paciente,
desde a forma que se veste, sua idade, sexo, a forma que decora o consultório, afins.
Do outro lado, não é um analista super espontâneo, ele ainda possui uma função analítica, ainda existe um
objetivo – cuidar do paciente. Não é uma tentativa de acabar com a dissimetria – paciente e terapeuta no mesmo
nível, ainda é claro que o analista está ali para ajudar o paciente, este sofrendo.
É uma pessoa real do analista, o analista antigamente ficava muito encafifado e pensando e se cobrando a
não sair da sua postura de quadro em branco, de neutro, espelho, era uma pessoa completamente rígida e inflexível;
agora com a psicoterapia breve, o analista pode rir de uma piada, por exemplo – mas não pode deixar a sessão virar
um show de standup, é um espaço de terapia, uma sessão.
O psicoterapeuta não deve receber nada além dos honorários, se o analista percebe que gosta muito de
atender um paciente, de que a sessão é leve, gostosa, tranquilizante, isso é algo preocupante. O terapeuta está lá
para trabalhar e não para se divertir e relaxar. Provavelmente o psicoterapeuta acabou se influindo no sintoma do
paciente – sintoma no sentido de ser a forma que conseguiu usar para comunicar-se, como o humor, consegue se
comunicar via humor, por ser a forma de expressar o próprio sofrimento, a necessidade de agradar o outro, afins. Se
o analista entra nessa tentativa de o paciente o agradar, não estará fazendo um tratamento, o paciente continua na
mesma, agradando outro, não entendendo o motivo de precisar agradar os outros, afins.
O paciente que não paga o honorário do terapeuta, buscará tentar pagar a sessão de outra forma,
agradando o terapeuta e falando o que acredita que este gostaria de ouvir; fazendo piadas e relaxando o terapeuta;
contando coisas catastróficas, pois acha que o terapeuta se delicia com seu sofrimento; afins... Tenta realizar algum
tipo de pagamento.

• Também o medo de encontrar o analisando fora do setting reduziu muito, a obrigatoriedade de rejeitar
qualquer presente também desapareceu e tudo isto é visto na particularidade do vínculo analista-
analisando. Ou seja, uma pergunta pessoal feita por um paciente pode ser um enorme progresso em suas
inibições enquanto em outro pode ser uma invasão da privacidade do analista. O presente pode ser uma
demonstração de afeto e gratidão como pode ser um ato de sedução ou submissão... O contexto, as
associações, a contratransferência e, sempre, a supervisão avaliarão o que está ocorrendo em cada caso.

Com a psicoterapia breve, o paciente questionar sobre a vida pessoal do analista pode representar algo
muito bom, um avanço, caso o paciente seja bastante inibido, por exemplo; mas também pode representar
intromissão, é necessário observar e se atentar a cada caso. Da mesma forma os presentes, enquanto de um lado
pode representar uma forma de demonstrar afeto e gratidão, do outro pode ser uma forma de seduzir ou se colocar
o terapeuta como submisso.
Como é questão de caso a caso, não existem regras genéricas para se definir qual é o caso, então, é
interessante levar essa questão para supervisão e tentar entender o que representa aquilo em cada um dos casos,
“aquele presente é uma forma genuína de mostrar afeto ou uma tentativa de sedução?”, “essa pergunta é uma
tentativa de me conhecer e tentar me seduzir posteriormente ou o que, será que está tentando estabelecer um
vínculo?”
“Qual o seu time de futebol? Para quem torce?”, isso pode representar que o paciente quer o que do
analista? Saber o time de futebol que o analista torce significa que tipo de coisa para aquele paciente? Pode
significar “se ele for santista ele é boa gente, ele sabe oq faz”, então o analista precisa interferir, “então quer dizer
que se eu torcer para outros times, eu automaticamente seria um profissional ruim? Como o time influenciaria na
minha profissão?”
“Você é casado? Pois para entender o que estou falando, só um casado entenderia”, “então quer dizer que
se eu fosse solteiro, eu não poderia fazer nada por você? Não teria recursos para te auxiliar de alguma forma?”
Entender o que cada pergunta significa e representa ao paciente em cada caso.
TIPOS DE VARIAÇÕES DO ENQUADRE
• Técnicas:
• Silêncio do psicanalista
• Não-diretividade
• Regra da abstinência
• Objetivas:
• Número de parceiros presentes (individual, casal, família, grupo e instituições)
• Distribuição geográfica (divã-poltrona, face a face, círculo)
• Temporalidade (frequência, duração)

Enquanto a terapia individual possui a duração de em torno de 50 minutos, a terapia de família possui
duração de aproximadamente 90 minutos. Entãoi o tempo pode mudar de acordo com o número de participantes,
como atender grupos e individualmente possuem durações diferentes.
Até mesmo a distribuição geográfica dos participantes, enquanto na terapia individual pode-se usar ou o
divã ou a poltrona, pode-se em grupo usar da organização em círculos, afins.
São pequenas alterações, variações do enquadre, por decorrência de alguma questão, técnica ou objetiva.
VARIAÇÕES OBJETIVAS DO ENQUADRE
• De número:
• A situação de grupo gera uma regressão tão mais intensa quanto maior for o grupo
• Existe uma impulsão maior para o compartilhamento
• Formação de uma “comunidade” de questões comuns

Grupos acabam regando uma regressão, cada vez mais intensa de acordo com o número do grupo. Quanto
maior o grupo, menos a pessoa se sente responsável por seus atos, sente que existe maior impulso para o
compartilhamento – as pessoas se sentem mais confortáveis para compartilharem diante de grupos, cita-se NA, AA,
onde as pessoas formam um vínculo de comunidade, um respeito entre eles, pois entendem o que estão passando
por decorrência dessa questão comum, “todos nós aqui entendemos o que é o vício”.
Exemplo: em grupos, as pessoas podem regredir mais facilmente, agir infantilmente, fazer piadas e tirando
sarro, por exemplo.
Percebe-se em grupos de protesto, quando uma pessoa decida quebrar uma vitrine, por exemplo, o grupo se
mobiliza e acaba entrando no vandalismo, juntos. Ou até mesmo, em grupo, a pessoa se sente mais confortável para
o ridículo, para fazer coisas mais animalescas – como em uma balada, agredir um homossexual, em grupo a pessoa
se sente mais confortável a fazer isso, o que dificilmente faria se estivesse sozinha.

• Do espaço:
• O conjunto divã-poltrona:
• Obriga ao paciente imaginar seu terapeuta, a reconstruí-lo através de suas imagens
internas (projeção)
• Impede que o paciente faça observações sobre o terapeuta atualmente (pois não o vê)
• Só falamos de lembranças (quando o paciente entrou no consultório, por exemplo)

Sobre o espaço, o divã acaba obrigando o paciente a imaginar sobre o terapeuta, imaginar coisas. No face a
face o paciente pode olhar as expressões do terapeuta e imaginar que ele está triste, chateado, feliz, etc... no face a
face, o paciente cria uma realidade objetiva de acordo com o que for percebendo do terapeuta. Do outro lado, no
divã, a pessoa terá que fantasiar sobre o que o terapeuta estaria achando e, para isso, ou estaria projetando no
outro algo de si próprio, ou estaria transferindo nesse outro, algo referente a outra pessoa; em ambos os casos –
transferência ou projeção –, você consegue colher informações sobre o paciente.
O paciente no divã poderia falar “nossa, agora você ficou muito decepcionado comigo né?”, ele usa da
fantasia para recriar as reações de o como acha que o terapeuta estaria, para isso, ele usa algo dentro de sí próprio.
A partir do momento que o paciente deita no divã, tudo é fantasia e imaginação, já que está em um
ambiente estruturado, no divã, sem o elemento terapeuta no alcance da visão para acompanhar suas expressões,
tudo que o paciente tem a fazer é devagar e imaginar. São tudo lembranças, o paciente entra, vê o terapeuta e deita
no divã, ele só pode falar da vaga lembrança de quando foi recebido na porta, do resto, apenas fantasias.

• A situação de face a face:


• O paciente vê o terapeuta e pode manter por mais tempo a ilusão de que suas
percepções são objetivas
• O paciente pode completar as interpretações com aquilo que acredita ter percebido na
linguagem não verbal do terapeuta
• Existe maior resistência à transferência

Já no face a face, um de frente para o outro o paciente poderá interpretar e ler as expressões faciais do
terapeuta de alguma forma e, por poder estar vendo algo, acredita que a sua percepção na verdade se trata de uma
realidade objetiva “você está decepcionado comigo”. O paciente ilude-se achando que está vendo a realidade.
“você se debruçou para trás, olhou para o relógio... está fazendo umas caras de cansaço, devo estar sendo
muito cansativo para você hoje, né?”
Por estar frente a frente, existe uma maior dificuldade em se realizar uma transferência, existe resistência à
transferência, já que estão se vendo face a face e, no divã, não vendo a pessoa, é muito mais propício de fantasiar e
imaginar as coisas, de transferir coisas para essa pessoa apenas imaginando seu rosto. “você está decepcionado
comigo da mesma forma que meu pai fica comigo”. Não existe aspectos objetivos no divã que apoiem a
interpretação do paciente, já no face a face é mais difícil de que ocorra uma transferência, pois há muitos elementos
próprios de uma pessoa que não podem ser preenchidos fantasiosamente – que ocorre no divã.

• Temporalidade:
• A frequência e duração determinam a intensidade da transferência e regressão
• A determinação e comunicação de uma duração limitada estabelece logo cedo as questões
relativas à dependência e separação

Quanto mais o paciente está acompanhado do terapeuta, mas fácil seria de se ocorrer transferências ou até
mesmo uma regressão, pois o paciente sente que existe alguém ali com quem pode contar com, com quem pode
depender.
Transferir pois o terapeuta está sempre presente, recorrentemente e, pode usar desse personagem para
transferir várias questões de seu dia-a-dia, da sua vida.
Já a regressão, por ser o terapeuta alguém que o paciente pode depender, o paciente sente que pode contar
tudo e se entregar para aquela pessoa, mesmo que coisas bastante sensíveis, mais infantis, do passado – na
psicanálise isso é mais fácil, já que se vê a pessoa 5-6 vezes por semana, se tem muito contato e tempo para
desenvolver essa visão de que pode depender do analista, de que ele está ali para cuidar do paciente, de qualquer
coisa que surgir.
Ao comunicar em uma psicoterapia breve, “teremos 20 sessões ao todo”, a pessoa, o paciente, em algum
momentoi irá demonstrar questões referentes à dependência e medo a separação, pois sabe que possuem um
tempo, de que a relação de ambos em um momento chegará ao fim e já está marcado esse fim. O paciente pode ter
medo de se entregar e de confiar, pois sabe que hora ou outra o terapeuta irá sumir e, pode sentir que vai se doar,
abrir-se e o analista acabará sumindo, não estando ali para tudo.

MODIFICAÇÕES NO ENQUADRE
• As modificações do enquadre nunca devem ocorrer por desejo do analista nem do analisando, mas por
questões da realidade objetiva (por mais que isso possa ser difícil de ser conhecido)
• Se um paciente é muito voraz, não se deve aumentar o número ou duração das sessões, mas
analisar sua voracidade; caso isso não seja feito, perdemos a oportunidade de analisar um elemento
fundamental da personalidade desta pessoa, e já não estamos mais sendo analistas.
• Se um paciente quer que o valor da sessão aumente ou diminua (por gratidão ou por avareza), isso
não deve ser realizado com bases nestas questões, mas talvez por conta da inflação ou do
desemprego.
O analista deve ter muito cuidado ao separar o subjetivo do objetivo. O desespero do paciente não deve ser
o motivo de mudança do enquadre, do outro lado, nem as motivações pessoais do terapeuta devem influir em
mudanças no setting.
Existem casos em que o paciente acaba mostrando bastante voracidade, não da tempo de o terapeuta
encerrar a sessão, fica falando, continuando o assunto, extendendo a sessão e, diante disso o terapeuta não deve
adaptar o setting para conseguir conciliar a problemática que for aparecendo – exemplo, extender o tempo de 50
minutos, lembrar de casos de humanidade, que são exceções.
Se o paciente apresentar bastante demanda a nível objetivo, que o terapeuta perceba que seria interessante
e benéfico para o paciente ser atendido duas vezes na semana, pode o fazer. Caso o paciente esteja passando por
uma situação muito crítica, que realmente precise de um apoio naquele momento, que pode colocar a própria vida
ou de outro em risco, que pode perder o emprego, separar-se, afins... Um paciente de que realmente está
precisando de uma outra sessão na semana.
Do outro lado, existem pacientes vorazes que apenas querem curar-se e melhorarem mais rapidamente, que
aumentar o número de sessões não significaria necessariamente que reduziria a duração do processo na metade do
tempo. Vale o paciente explicitar isso para o paciente, para lidar com as expectativas e desejos do paciente,
tentando trazer sempre para algo dentro da realidade objetiva – isso vai trazer resultados? É realmente benéfico
para esse paciente atender 2 vezes semanalmente? Mudar o enquadre para essa pessoa, será realmente util?
Se o terapeuta adapta o enquadre para lidar com a personalidade daquela pessoa específica, estará apenas
perdendo a oportunidade de fazer interpretações a respeito disso. Se seguissem o enquadre normalmente, essa
demanda que o paciente vem trazendo poderá ser interpretado, a pressa que o paciente trás de querer melhoras,
por exemplo.
O analista ao pensar em fazer uma mudança de enquadre, é interessante que leve esse assunto para a
supervisão, para poder esclarecer melhor o que o analista estará fazendo, se estaria cometendo uma falha de
enquadre ou não, qual seria a melhor conduta a se fazer naquela situação.
O aumento ou redução do valor da sessão não deve ocorrer por decorrência de avareza ou tentativa de
expressar gratidão com o serviço que está sendo prestado. O valor do honorário aumenta de acordo com a inflação
e o valor diminui de a cordo com questões de desemprego/situação social do paciente.
“preciso tirar a carta, vai ficar pesado eu concilair a carta e o valor das sessões”, abaixar o valor da sessão
nesse caso, seria uma questão de avareza do paciente e, de que o terapeuta ao aceitar essa situação estaira
tentando seduzir o paciente, com a ideia de que ele cede e pode ser bonzinho. Então é necessário sempre pensar
“por que estou fazendo isso? É necessário? Vale observar se é questões de avareza ou realmente bem estar do
paciente a redução do valor, por exemplo, “preciso sair de casa, a situação de lá é intragável, precisaria abaixar um
pouco o valor das sessões para eu conseguir concilair com o valor do aluguél”, nesse segundo caso, não é
simplesmente avareza, o paciente está tentando conciliar tudo enquanto busca por um ambiente mais saudável para
si próprio.

• Mais importante ainda é que o analista jamais deve modificar o setting por questões “experimentais”:
“acho que se eu aumentar o número será melhor, ele se sentirá mais amado”.
• O enquadre é o fundo sobre o qual observamos o processo... se perdermos esse referencial, não
sabemos mais o que é do sujeito e o que é do processo
• A modificação não necessariamente gerará o efeito que gostaríamos, e aí ficamos com uma
perturbação introduzida por nós mesmos atrapalhando o processo analítico.
• Laplanche afirma: “Penso que toda ação sobre o enquadre constitui um acting out do analista”

O analista não pode ficar experimentando mudanças no setting a nível experimental. “Será que se eu trocar
o horário dele e o atender pela noite, ele ficará mais feliz?”. Se realmente mudar o horário do paciente e depois
perceber que a mudança na verdade foi pior, o paciente só mostrou-se mais infeliz de noite, o analista estará
perturbando o processo analítico, pois ele mesmo produziu uma mudança – o horário do paciente – e ainda ficou
com uma expectativa de o que deveria ocorrer – no caso, esperando que o paciente se mostre mais feliz.
Mudanças no setting a níveis experimentais por parte do analista, permite uma brecha a resistências do
paciente “nossa, depois que você trocou o meu horário para noite, tem sido muito difícil conciliar... as coisas ficaram
muito corridas”, então o terapeuta pensa e oferece voltar ao horário comum, “mas agora eu já preenchi o horário
que tinhamos com coisas, estou atarefado”. Agora o terapeuta quem causou problemas na análise, pois queria
experimentar e induzir o paciente a um resultado, o terapeuta não tem controle de o como o paciente irá se sentir
em cada momento do dia.
A frase do Laplanche diz basicamente que as alterações do enquadre demonstram que o analista não está
pensando, mas que ele está agindo. No lugar de tentar entender o que se passa, o analista tenta mudar a realidade
externa.
Lembrar que muitas pessoas fazem isso, “estou triste, acho que seria bom eu mudar de cidade”, pode ser
bom e pode não o ser. É necessário fazer mudanças internas, pensar, refletir, antes de se tentar mudar o lado de
fora, a realidade externa. Percebe-se em relacionamentos, a pessoa está achando a relação desagradável, separa,
começa outro relacionamento e acaba achando um relacionamento muito parecido, pois ela não pensou sobre o que
a incomodava, o que desagradava e, simplesmente procurou outra pessoa, mudando a realidade externa.
Slide: A relação terapêutica

SUA IMPORTÂNCIA
• Louis Cozolino em The neuroscience of Psychotherapy (2006) retoma diversas pesquisas que concluem ser
a relação terapêutica o principal motor de mudança (muito mais que a linha teórica ou técnicas aplicadas)
• A relação terapêutica não encontra equivalente na vida dos indivíduos:
• Disponibilidade
• Compreensão
• Ausência de interesses pessoais
• Etc.

O principal motor de mudança na psicoterapia é a relação terapêutica. Que é observado na psicoterapia


comparada, onde se tem inúmeras compreensões a respeito do sofrimento e, em todas se tem resultados positivos –
além do efeito placebo. O ponto em comum seria a própria relação terapêutica.
Não existe nenhuma outra relação que a pessoa venha a ter que possa se assemelhar ou se comparar com a
relação terapeuta-paciente, pois nenhuma relação terá o interesse constante e renovado de saber daquela pessoa,
aguentando-a falando da mesma temática, de a apoiar; de tentar a compreender sem usar dos próprios valores,
mergulhar no universo dessa outra pessoa; não existe nenhum interesse pessoal do terapeuta na relação com o
cliente, embora os outros dois elementos possam existir em uma relação familiar, como na de uma mãe com o filho,
esse último elemento, de ausência de interesses pessoais só existe dentro da relação terapêutica, onde o terapeuta
não quer nada do paciente, não espera nada deste, apenas esta lá para apoiar os desejos do paciente – diferente dos
pais, que querem o melhor para o filho, na própria concepção que esse pai tem a respeito de o que significa o
melhor para aquele sujeito, o terapeuta não tem um jogo de interesse por trás, apenas uma disponibilidade e apoio
ao paciente, não existe nem mesmo o desejo de curar.
VARIÁVEIS
• O funcionamento desta relação depende de várias condições:
• Do paciente:
• Tipo de problemática
• Momento vital
• Nível cultural
• Estrutura caracteriológica
• Etc

Existem variáveis dentro da relação terapêutica, tanto do terapeuta como do paciente, de acordo com a
combinação das variáveis do paciente e do terapeuta, isso que pode definir o tipo de relação que terão, se será
realmente terapeuta-paciente, se irá se assemelhar a uma forma de irmandade, coisas do tipo.
Como variável do paciente, se tem o tipo de problemática, um paranóico irá apresentar esses traços e afetar
a relação terapêutica.
O momento vital do paciente influi, se tiver muito longe e desencontrar com o terapeuta pode ser
problemático, como um paciente idoso e um terapeuta jovem, o terapeuta ainda não entende o peso que a vida
tem, esse tipo de coisa, realmente terão coisas que o terapeuta não irá conseguir entender do paciente. Não imagina
o que é perder uma mãe, o como é ter um filho e o ver crescer e sair de casa, por exemplo, apenas imagina – pois
não passou pela situação de fato.
O nível cultural influi bastante também, já que é preciso um encontro entre a própria linguagem do
terapeuta e paciente. Se o terapeuta ao falar usa de inúmeros rebuscamentos, o paciente pode sentir-se inibido, já
se o terapeuta usa um linguajar chulo, o paciente o menospreza e duvida de sua capacidade. Observa-se o nível
cultural com base no nível de coisas que cada um vai citando, músicas que escuta, se já viajou para outro pais, nível
de formação acadêmica, afins, são questões a se reparar.
Sobre a estrutura caracteriológica, tem-se relação com a própria problemática, o exemplo do paciente
paranóico, ele acabará afetando a relação com essa variável, seu jeito de ser persecutório, por exemplo.

• Do terapeuta:
• Capacidades de oferecer contribuições específicas ao vínculo
• São as variáveis do terapeuta que estudaremos a seguir

Já como variáveis do terapeuta, se observa se ele possui capacidade de oferecer contribuições para o
vínculo, se ele consegue fazer o que é necessário para proporcionar uma boa relação terapêutica.
OS TRAÇOS GERAIS DA CONTRIBUIÇÃO DO TERAPEUTA
• Contato empático manifesto
• São evidências claras (não ambíguas) de que o terapeuta é capaz de compreender o que o paciente
expressa, mais especificamente de que ele é capaz de compreender isto dentro da perspectiva do
paciente.
• Esta empatia se mostra por gestos de escutar atentamente, perguntas apropriadas ao momento
(“e então, o que aconteceu?”, “e como você reagiu?”), gesto de assentimento (concordar com a
cabeça, por exemplo),
expressões faciais (estudos de Paul Ekman) etc.

O terapeuta consegue demonstrar que está compreendendo o que o paciente expressa? É capaz de
compreender e manifestar que está compreendendo a perspectiva do paciente? Faz gestos de assentimentos? Faz
perguntas de continuídade “e depois, quê aconteceu?”, vai dando ganchos à fala do paciente para tentar
compreender melhor a história, o que está sendo contado? Ao mesmo tempo que acompanha a narrativa, faz
perguntas relevantes para se busar entender a narrativa? Observa-se o próprio comportamento do terapeuta, ele
demonstra através das feições de que está acompanhando atentamente a narrativa? Ele pode sentar na ponta da
poltrona como uma tentativa de aproximação, o terapeuta consegue manifestar esse interesse pelo que o paciente
está transpassando? Manifesta empatia?

• Calor humano
• Através de seus gestos e tom de voz o terapeuta mostra que a pessoa de quem está tratando não
lhe é indiferente
• É um afeto profundo, discreto, não invasor, mas palpável (Fiorini, 1978)
• Deve ser discreto para não inibir quaisquer reações transferenciais hostis, bem como não
incentivar quaisquer transferências eróticas
• Este calor humano será um estímulo considerável para a continuação do trabalho (saber que o
terapeuta se importa com a melhora, com o sofrimento etc) – é um aliado.

O terapeuta consegue modular sua voz e falar com base no clima estabelecido na sessão? Se o clima estiver
delicado, o terapeuta consegue fazer uma pergunta com “jeitinho”? Usar de sua fala para manifestar e expressar as
coisas, com uma tonalidade afetiva adequada ao ambiente da sessão. Pode-se falar literalmente que odeia
determinada pessoa, usando de palavras, tonalidade vocal, expressões faciais, que sejam bastante amenas, por
exemplo. Da para se falar o que analisa, “percebo que você tem feito XYZ para se esquivar de olhar para você,
reconheco que se portar assim é a melhor forma que você encontra atualmente para lidar com o desconforto, com a
sensação desagradável de estar aprofundando-se na sua própria vida, mas você não acha que deveria olhar para si
próprio? Não é para isso que estamos aqui? Estou aqui para te auxiliar nesse processo”. Essa é uma opção bastante
amena para dar um ultimato no paciente, sem ser uma prenssa, “Você tem evitado a todo custo olhar para si
próprio, é assim que quer gastar o seu tempo e dinheiro? Fugindo de você mesmo?”
É impossível cuidar do paciente se não o amar – amor específico, mais paterno e maternal que qualquer
outra coisa –, é uma preocupação genuína, mas discreta. Não se elogia o paciente e fica tentando falar o que ele
gostaria de ouvir, isso elevaria a cisão do paciente – assim como estimula a transferêcia erótica – e não o auxiliando
a se ver.
Exemplo: Elogiar uma paciente que esteja reclamando do marido com quem briga muito, estaria elevando a
cisão no sentido de separar a paciente como totalmente boa e o marido como totalmente ruim. Sendo que o motivo
de eles brigarem também tem relação com ela, não é o marido que força brigas aleatórias e do nada. A paciente
diante desse elogio do terapeuta, dessa cisao extendida, poderá por acting-out concluir “tenho que achar outro
marido”. Sendo que ela não parou para olhar realmente ao que estava acontecendo, de que as brigas tinham alguma
razão, algum motivo de estarem ocorrendo, de que nela havia algo que incomodava o marido e, nele, algo que a
incomodava, por exemplo. A paciente cindida vai sair da sessão se vendo como incrivelmente boa e o marido como o
inverso. O terapeuta precisa que a paciente reconheça a contribuição dela no vínculo com o marido, recuperar
partes desse marido bom, por exemplo, “O quanto esse marido tentou fazer coisas boa para você? O quanto se
preocupou? Não é ele quem buscou e propôes que vocês fizessem terapia?”
O terapeuta precisa mostrar-se justo – estar na relação de verdade, seguindo o setting, tempo previsto, nada
menos e nada mais que o esperado e definido pelo setting –, não pode ser exageradamente bom, por exemplo, pois
impediria que recebesse transferencias hostis, assim como, esse terapeuta exageradamente bom, estaria
estimulando transferências eróticas.
Esse calor humano é necessário para o processo, para permitir a continuação do trabalho terapêutico, pois o
paciente precisa saber que tem alguém ali por ele, para ele, que se preocupa, afins.

• Espontaneidade
• O terapeuta contribui para criar um clima de liberdade, criatividade, permissividade
• É uma mensagem do terapeuta para que o paciente se sinta à vontade, conte o que lhe passa,
utilize gestos próprios para fazê-lo etc

O terapeuta precisa criar um clima espontâneo, mais leve, pode fazer comentários inofensivos, não rígido.
Exemplo: paciente deprimido por conta de sua rotina esmagadora, trabalho, cobranças, mais trabalho, afins. Sempre
ia com roupas formais para a terapia, pois tinha acabado de sair do trabalho. No dia que o paciente estava de folga e
foi com roupas mais casuais, o terapeuta comentou “hoje você veio a paisana”. Um comentário inofensivo, livre e
leve, sendo exatamente essa leveza que o paciente precisa, já que vive com tanta rigidez e inflexibilidade – por trás
da rotina e do trabalho, da falta de espontaneidade e criatividade, a pessoa se vê presa dentro de algo.
No exemplo, falta uma abertura para o paciente, um espaço criativo, refletir, olhar de outro modo a própria
vida, para que possam agir da forma que gostariam, livres, incentivados a olhar para a própria vida e rir da mesma, a
pensar sobre o que faz sentido para si próprio, afins. O que gostaria de fazer, simbolizar, dizer, oferecer um
momento de leveza (o comentário a respeito da roupa casual e não social) para que o paciente possa sentir essa
leveza para si.

• Com nossa espontaneidade podemos inclusive servir de modelo possível para a espontaneidade do
paciente, um modelo corporal, gestual, tonal que sugere alguém capaz de rir, de brincar, também de
sofrer sem barreiras forçadas.
• Podemos, com muita sensibilidade e tato, utilizar algumas piadas para apontar aspectos difíceis de
serem aceitos
• Winnicott, ao atender uma mulher adulta lhe disse: “Eu odeio sua mãe”.
• Uma combinação de espontaneidade, pessoa real do terapeuta, empatia etc.
• É claro que apenas um terapeuta muito experiente poderia formular uma frase desta da
maneira correta e no momento correto.
• O humor vem sendo cada vez mais estudado tanto pela neurociência (Jaak Panksepp) quanto pela
psicanálise (Daniel Kuppermann) em sua relação com a cura psicoterápica.

A espontaneidade do terapeuta, a forma que demonstra que pode rir, brincar, sofrer, afins... pode ser usado
como um modelo pelo paciente, a respeito de o como poderia ser espontâneo e de que é possível. Winnicott via o
terapeuta como uma pessoa sendo a sí próprio, que gosta da vida, que acha que existe algo estimulante e agradável
na vida, de que viver não é um peso, não é um fardo; para que o paciente possa ver a leveza nisso, a espontaneidade
do terapeuta.
A forma que o terapeuta se porta acaba dizendo algo como “calma, podemos passar por momentos ruins,
mas a vida tem algo a se aproveitar, ela pode ser prazerosa, mesmo com momentos difíceis”, claro que o terapeuta
não verbaliza isso, mas ele representa através de sua própria espontaneidade, que da para sofrer, sorrir, viver, que
da para encontrar o próprio ‘cantinho’ no mundo, um sentido para a vida.
O terapeuta usar de humor, rir de uma situação, pode servir para aliviar o peso da vida. Através do humor se
torna possível ouvir coisas “pesadas”, que possuem o mesmo efeito a nível de insight, mas fazer o paciente ouvir isso
de forma leve.
De forma geral, o psicanalista aprende de maneira bastante rígida a psicanálise, usar de um modelo mais
fechado, com o setting muito delimitado, quadro em branco, afins... E aos poucos, quando já se sabe o que está
fazendo, quando já conhece a metapsicologia, os transtornos, afins. O terapeuta pode começar a ser terapeuta do
seu próprio jeito.
Exemplo comparativo: Você pode seguir uma receita a rísca quando está aprendendo a fazer um bolo,
depois que já se torna expert, você pode improvisar os ingredientes, mudar o recheio, fazer bolo de forma diferente,
no microondas, afins.
A pessoa vai alterando com base na própria experiência e se autoriza a fazer pequenas modificaçoes (não no
enquadre em si, nas coisas fixas, mas ter uma liberdade no jeito de ser, uma liberdade com aquele paciente, com
coisas que contribuem para o vínculo, a relação e o próprio paciente, como o uso do humor)

• Iniciativa (atividade)
• O terapeuta estimula as tarefas e capacidades do paciente: interroga, orienta a busca, solicita
detalhes, constrói modelos, propõe ao paciente que os teste, traça perspectivas etc., ou seja, muito
além da “interpretação do material”
• Podemos perguntar: “E o que você acha de tudo que me contou até agora?”, esperamos a resposta
e podemos fornecer nossa própria compreensão do ocorrido.
• Assim tem duas informações: o relato inicial e a interpretação. Pode analisar os dois e
principalmente a relação entre eles, ou seja, “o que fez com que este paciente vivesse esta
situação?” e “o que fez com que este paciente compreendesse o que se passou deste
modo?”
• Mais que isso estimula-o a analisar seu modo de ver as coisas, suas distorções pessoais, o
que normalmente “deixa de fora” em suas interpretações
• É, então, analítico e terapêutico ao mesmo tempo.

O terapeuta não tem mais uma postura passiva, ele tem uma postura mais ativa atualmente, não fica apenas
passivamente ouvindo e depois fazendo interpretações. O terapeuta faz pequenos “cutucões”, ele solicita por mais
informações, mais detalhes, o terapeuta fica tentando interpretar o modelo do paciente e depois o informa, para
que esse possa testar ou refutá-lo “olha, eu acho que o que está acontecendo é isso, isso e aquilo... me parece que
quando você faz isso, sua mãe faz X e você fica assim e assado”.
O terapeuta pode fazer perguntas, “E o que você acha de tudo que me contou até agora?”, ouvir, depois dar
a própria compreensão sobre. Tenta-se tirar o paciente de uma posição passiva no momento que fala, fala, fala e
depois solta um “e ai?”, esperando uma resposta mágica para todos os seus problemas.
O analista devolve várias perguntas “e o que você acha que isso pode significar?”, por exemplo, de tal modo
que o paciente possa refletir sobre, mas também não é apenas devoluções – um modelo que terapeutas iniciantes
podem acabar se submetendo “e o que que você acha?” insistentemente.
O terapeuta pergunta sobre o que o paciente acha, escuta e depois da a própria visão a respeito de o que
que está acontecendo. Exemplo: “nesse caso, acho que quando você briga com a sua mãe, você acaba querendo
fugir e descontar em alguma coisa, como na bebida, para não ter que lidar com a culpa que você sente quando briga
com ela/para não precisar se desculpar pela briga que tiveram, mas depois você se desculpa por ter bebido e, essa
desculpa serve como uma reparação para a briga também”.
O terapeuta olha para o paciente e tenta entender a lente que ele usa para ver o mundo, usa desta lente
para a formulação das interpretações.

• Motivação e reforço da tarefa realizada


• Dar importância à motivação inicial para a psicoterapia, aproveitando toda oportunidade para
reforça-la:
• “Veja que aconteceu uma coisa nova: você ficou pensando durante toda a semana sobre o
que trabalhamos aqui e assim começaram a surgir novas lembranças de sua infância sobre o
assunto”
• “Você lembra qual era sua crença quando começou a fazer a terapia? Que nunca
conseguiria fazer sua mãe te ouvir, e nessa semana que passou você fez exatamente isso!
Acho que seria muito interessante rever exatamente o que cada um de vocês fez para que
isso fosse possível”
• Este trabalho não é “de apoio”, visa desenvolver partes do paciente através de novos insights
sobre como vê o mundo e como se comporta, e não apenas explicar as coisas e ensinar-lhe técnicas.

O terapeuta pode ir fazendo apontamentos de coisas que o paciente antes não conseguia fazer e, que agora,
consegue, servindo como uma forma de motivação, mas não só, para que o paciente possa olhar para isso e buscar
produzir novos insights sobre sua visão sobre o mundo, sobre o como a si próprio se comporta, afins.
Mostrar que a tarefa terapêutica rende frutos, de que “caminham na terapia” e acabam esquecendo o como
chegaram e, não conseguem visualizar as próprias mudanças. Então o terapeuta confrontar o paciente com uma
comparação de si próprio atualmente consigo próprio há um tempo atrás, essa confrontação permite o paciente a
enxergar e reconhecer as melhoras que teve ao longo do percurso.

• Exposição aberta de seu modo de pensar


• Quando dizemos alguma coisa, nos preocupamos em explicar o caminho que fizemos para chegar
neste pensamento, alcançando dois objetivos:
• Desenvolver no paciente uma instância analítica similar à nossa
• Permitir que ele questione nossos métodos e conclusões
• “Quando você me fala isso, sabe no que eu penso? Que talvez você esteja preocupado com a
reação de seus pais sobre o assunto... penso nisso pois você falou...., então me parece que...”
• Temos aqui uma visão sobre o caráter relação terapêutica, que se baseia numa troca entre dois
sujeitos falando honestamente um com o outro.

Diante de uma interpretação do analista, é importante que ele explique o caminho que o fez chegar àquela
interpretação. Falando sobre o caminho mental que teve para se chegar em um pensamento.
Dessa forma, o paciente pode desenvolver uma instância analítica parecida com a do próprio terapeuta.
Colocar um terapeuta dentro da própria mente e conversar consigo próprio, por exemplo, com esse terapeuta –
instância analítica – internalizado. Simular o analista para pensar sobre a própria vida, como uma forma de
autoanálise emprovisada.
Se o analista expressa o caminho de seu pensamento, o paciente pode questionar e falar sobre esse
caminho, explicar e explicitar algo que o terapeuta possa ter entendido errado/algo que o paciente deixou de
transparecer e que era pertinente, afins. São dois sujeitos, com um objetivo – trabalho terapêutico –, que usam da
hinestidade para falar uns com os outros. O paciente precisa falar, regra de associação livre; mas o terapeuta
também precisa falar e ser honesto, se esqueceu uma sessão, ele precisa falar disso para o paciente. “sexta passada
eu esqueci a sua sessão, você consegue pensar a respeito de o porquê eu esqueci?”, é algo que aconteceu na relação
e precisa ser falado livre e honestamente.

• Incorporação de novos recursos para a compreensão do paciente


• Podemos trazer novos meios de expressão do paciente se isto for necessário:
pinturas, fotografias, desenhos.
• As fotografias, em particular, trazem grande tonalidade afetiva para a sessão e, naquelas da
infância, muitas informações novas podem surgir
• As pinturas e desenhos trazem aspectos mais regressivos do paciente que dificilmente são
colocáveis em palavras

O paciente pode expressar-se de inúmeras formas, não apenas usando do discurso verbal, a pessoa pode
usar de outros recursos para expressar-se, como fotografias, desenhos, pinturas, uma música, uma série, afins. A
pessoa pode reconhecer-se em algo “escuta essa música aqui, estou me sentindo exatamente assim”. A pessoa pode
usar do suporte da música para expressar o como está se sentindo, não necessariamente falando e colocando em
palavras exatamente o que sentiu, por exemplo.
O terapeuta vai usar do discurso e tentar trazer coisas impossíveis e difíceis de a pessoa verbalizar, mas que
a pessoa encontrou de outro recurso para tal. Exemplo: Adolescente que trouxe um desenho para o terapeuta ver, o
analista pode olhar o que se trata e falar “nossa, parece que você estava se sentindo muito sozinho quando
desenhou isso”, por exemplo. Verbalizar sobre o que o paciente não estava falando, mas possivelmente
representando no desenho. Abrindo espaço para falarem sobre isso.

NEUTRALIDADE, ANONIMATO E ABSTINÊNCIA


• Os escritos técnicos de Freud estabeleciam princípios pelos quais o analista deveria se comportar
(metáfora do espelho ou tela em branco)
• Entretanto, nos dias de hoje, há muita controvérsia sobre estas questões, principalmente pelo fato
de Freud não ter sido muito freudiano (vide Doolittle, 2012)
• Ferenczi denunciou que estes princípios seriam traumáticos para alguns pacientes
• A neutralidade, tal como entendida normalmente, retira a ferramenta diagnóstica da identificação
projetiva
• A versão mais bem aceita sobre neutralidade vem de Anna Freud: o analista deve ficar numa posição
equidistante do id, ego, superego e realidade externa.

Enquanto Freud falava da importância da neutralidade, de se manter um quadro em branco, uma função,
isso não ocorria na prática, o Freud teorizava mas não seguia o que a si próprio teorizou. Freud não era freudiano.
A postura de analista neutro pode acarretar em um novo trauma para o paciente já traumatizado. Exemplo
de um paciente que não era ouvido e acolhido pela mãe, não era ouvido e acolhido pelo pai, esposa, ninguém, passa
a vida com esse trauma, até que busca ajuada, análise, lá também não se sente acolhido, gerando um novo trauma.
Se o terapeuta mantém-se neutro, retira-se a possibilidade de usar da identificação projetiva como
ferramenta diagnóstica. Identificação projetiva é a capacidade de o paciente depositar o que está sentindo e não
está conseguindo lidar, admitir, no terapeuta.
Exemplo: paciente que não consegue admitir que está com raiva do terapeuta, age de tal forma que o
terapeuta fique com raiva de si. O terapeuta só vai conseguir ecoar e sentir essa raiva se não for muito neutro, pois
se ele abordar uma postura de neutralidade, não poderá usar desse recurso da identificação projetiva para
diagnóstico.
Um terapeuta intelectualizado/neutro não consegue sentir o conteúdo que o paciente joga no terapeuta.
Mas se o terapeuta conseguir sentir a raiva que o paciente está transpassando para si, o terapeuta poderá pensar e
verbalizar, fazer uma interpretação “olha, acho que você está sentindo raiva de seus pais, pcausa disso, isso e aquilo,
mas você não se permite viver essa raiva, então você acabou direcionando essa raiva para que eu pudesse a sentir e
metabolizar para você, buscar entender o que ela significa e te devolver”.
Ser neutro, para Anna Freud, é quando o terapeuta está igualmente distante do id, ego, superego e
realidade. Quando não gratifica/agrada e desagrada ninguém, neutro é quem fica longe, distante, tentando ver de
longe cada um deles.

• O anonimato também é visto atualmente como uma construção mítica, entretanto a reserva é vista como
algo positivo, principalmente para evitar uma inversão de papéis.
• A abstinência, tão valorizada nos escritos técnicos de Freud (os desejos transferenciais do paciente não
devem ser satisfeitos, mas sim analisados) hoje já toma outra forma:
• A abstinência deve ser rigorosamente seguida quando falamos de contatos físicos
• Entretanto existem diversas gratificações psicológicas e emocionais aceitáveis, muitas vezes
necessárias (rir de uma piada, entristecer-se com uma história etc.)

Sabe-se que não da para ser anonimo, contudo, o terapeuta mostra pouco de si, fala pouco de si, ele tenta
não transparecer muito, mas também não se preocupa se o paciente descobrir coisas dele. “o que vai ser útil para
você, se eu te falar para quem eu torço no futebol?”, embora não mude nada, é interessante o analista a buscar
reservar-se na medida do possível, para que não afete e inverta o papel de cada um (existe uma dissimetria, o
paciente buscando ajuda, não o inverso).
Sobre contatos físicos, o terapeuta precisa se abster sim, o máximo possível – aperto de mão acontece, por
exemplo. De forma geral, não faz sentido o contato, não existe razão para esse toque.
Ao mesmo tempo que se tem uma abstinência pela parte do terapeuta, há coisas que são necessárias, como
rir de uma piada, mostrar-se triste diante de uma história de vida do paciente, afins. Que não gratificações
psicológicas e emoconalmente aceitáveis, gerar no terapeuta o que se tinha como a intenção do paciente, ao contar
uma piada, espera-se que riam; ao contar uma história super triste, espera-se que a pessoa se emocione
minimamente; etc. O paciente não consegue suportar – a não ser que seja masoquista – se o terapeuta não entrar e
reagir.

PERSONIFICAÇÃO DA RELAÇÃO
• O terapeuta, ao ser empático, espontâneo, etc. deixa transparecer traços de sua personalidade. Na
psicoterapia analítica isto não é considerado um acréscimo indesejado (como na psicanálise clássica).
• É claro que a “leitura” que o paciente fará do terapeuta será baseada em sua história de vida e mundo
interno, mas o fornecimento de um “pólo objetivo” (nossas ações reais), temos mais uma oportunidade de
trabalhar as distorções do paciente.

Seria uma relação mais pessoal, mais específica. O como o analista será com determinado paciente em
questão. O terapeuta na abordagem psicanalítica pode deixar transparecer um pouco de si, diferentemente da
psicanálise clássica.
O paciente diante de um terapeuta que não mostra nada, que só cumpre uma função de espelho, irá acabar
revelando muito de seu mundo interno, isso é claro; mas o pacient que consegue ver coisas mais objetivas no
terapeuta – como um terapeuta mais humorado, mais leve, empático, afins –, o paciente conseguirá perceber a
polaridade disso, o como é inflexível, rígido, que enxerga a vida como um peso, etc.

• Desde o primeiro contato o paciente indicará que tipo de relação necessita, é trabalho do terapeuta
fornecê-la na medida exata para que ele se desenvolva mas não de modo traumático.
• Chamamos de flexibilidade esta capacidade do terapeuta de ajustar suas atitudes e técnicas às
necessidades do paciente. Estas adaptações visam preencher funções vinculares (necessidade de
gratificação, necessidade de retificação dos vínculos primários, etc.) organizadas entre, por exemplo:
• Intimidade-respeito de limites
• Guiar-acompanhar
• Proteger-autonomizar
• Afetivizar-neutralizar
• Etc

No primeiro contato do paciente com o terapeuta, perceberá-se muito desse paciente, exemplo: paciente
que espera essa relação há muito tempo, que sonha com essa primeira sessão, que fica muito ansiosa e esperando
por isso. Nesse tipo de exemplo, percebe-se que o paciente da muita importância para o processo de terapia, de que
antes mesmo de este começar, a pessoa já estava imaginando o como seria, por exemplo.
Um analista competente, no primeiro contato, poderá perceber e retirar tudo que o paciente está
precisando. Um paciente muito tímido e inibido no primeiro contato, poderá transparecer que precisa de mais
flexibilidade, mais leveza para se viver, por exemplo. Ess paciente fica pressionando o terapeuta a preencher o vazio
e o silêncio da sessão, por exemplo, isso já diz muito desse paciente.
Exemplo desse paciente que acaba demandando preencher o vazio, o terapeuta espontâneo, que realmente
não tem nada para falar, ficará em silencio, a princípio o paciente fica muito desconfortável, depois percebe que não
tem problemas em existir espaços de silêncio – até mesmo nas suas relações pessoais, quando for sair com as
pessoas, não precisa ficar se preocupando em preencher os silêncios com algo.
O terapeuta identifica o que o paciente precisa e oferece esse espaço. “O que essa pessoa está precisando
ter num vínculo? De alguém para a proteger ou proporcionar autonomia? De desenvolver intimidade ou respeitar os
limites de cada um? Conforme as funções vinculares descritas no próprio slide, acima.
Um paciente com dificuldades em estabelecer limites, o terapeuta identifica isso e, quando chegar em 50
minutos de sessão a encessar, tranquilamente, mostrando que tudo bem estabelecer alguns limites. De que limites
não são uma forma de agressão ou indiferença ao outro. Exemplo de paciente que tentou remarcar uma sessão e o
terapeuta não tinha como, pois desregularia a sessão dos outros pacientes, afins, de que realmente não teria a
possibilidade de remarcar a sessão.

• O paciente vem à terapia resolver suas questões e para isso deve encontrar um vínculo adequado à sua
etapa de desenvolvimento.
• Assim, a relação deve dissipar (e não reforçar) certos medos (de dominação, de invasão, de castigo) bem
como suprir (ao invés de prolongar) algumas carências (de afetividade, de contenção, de discriminação)
• A estratégia implícita da demanda é a de repetir-diferenciando – para deixar de repetir. (Fiorini, 1978,
p.117).

É preciso conhecimento teórico das fases de desenvolvimento, para conseguir compreender os conflitos que
o paciente está vivenciando em sua vida.
Que tipo de postura o paciente precisa do terapeuta, para que o paciente cosiga se resenvolver? Precisa que
o terapeuta fique mais silencioso? Precisa que explique minuciosamente as coisas? Precisa que o terapeuta imponha
limites? Que o terapeuta esse paciente precisa? O que acontece com esse paciente e o como o terapeuta irá separar
essa necessidade do paciente sobre sua postura, separando de si próprio?
O terapeuta vai apresentar no vínculo, na própria relação terapeuta-paciente, oportunidades para que o
paciente possa ver o mundo de forma diferente. “olha, meu terapeuta não remarcou minha sessão, não abriu
espaço na agenda dele para conseguir me atender uma segunda vez na semana, mesmo não conseguindo me
atender, eu não o odeio, então eu também posso conseguir impor alguns limites para minha família/amigos e não
ser odiado”.
O terapeuta vai repetindo situações que o paciente possui dificuldade na sua vida, através da transferência.
Mas repete a mesma situação de forma diferete, de uma forma que o paciente possa aprender com isso, conforme o
parágrafo acima.
Slide: O diagnóstico em psiquiatria e em psicanálise

DIAGNÓSTICO PSICANALÍTICO
• Freud e o diagnóstico
• Interesse na viabilidade do processo
• Uma ou duas semanas de “sondagem”
• Diferenciação entre neurose e psicose
• Não possui roteiros estabelecidos
• Não determina a priori o que é importante
• Tem valor preliminar e frequentemente modifica-se ao longo do processo
• Serve para saber o que o paciente precisa, não do que ele sofre

Freud se preocupava em fazer o diagnóstico para analisar a viabilidade de realizar terapia/análise com
aquela pessoa. Verifica se a pessoa está disposta, se tem força de ego, se consegue acompanhar as interpretações,
afins. Analisar se o paciente conseguirá acompanhar o que Freud tinha a oferecer para o paciente. Percebia-se isso
através do momento de entrevistas.
Freud se preocupava em diferenciar neurose e psicose, pois acreditava que não existia tratamento para
pacientes psicóticos. Já que a pessoa teria perdido o contato com a realidade, enxergando o mundo de uma maneira
muito destorcida e de forma muito particular. Na psicose, não se tem como recuperar o contato com a realidade que
se encontra perdido – isso apenas antigamente, hoje tem medicação, afins que auxiliam nessa recuperação de
contato com a realidade.
O diagnóstico não possui um roteiro, como anamnese, embora busque investigar sim a respeito do paciente.
O diagnóstico não fica vendo a priori o que é importante, como observar a idade do paciente e verificar o tipo de
transtorno que é relacionado à idade – difícil desencadear uma esquizofrenia em paciente de 50 anos, pois
comumente ocorre esse desencadeamento por volta de 20 anos, por exemplo.
O diagnóstico psicanalítico não se importa muito com o que o paciente tem – exemplo TOC ou anorexia –,
pois usará-se de diversas ferramentas que se encaixam para diversos transtornos. Não é como na psiquiatria que
existem protocolos bem delimitados de o que se fazer com cada transtorno.
Na psicanálise o diagnóstico é preliminar e vai se modificando ao longo do processo. Faz-se o diagnóstico da
estrutura de personalidade, neurótico, perverso e psicótico. Ok. Do outro lado, a psicanálise inglesa enxerga o
sujeito como alguém com núcleos, que pode chegar paranóico e se tornar mais deprimido, depois ansioso, a pessoa
pode apresentar vários núcleos de estrutura de personalidade – núcleo perverso, núcleo neorótico, núcleo
obsessivo, afins... O tratamento em psicanálise vai modificando-se ao longo do processo, se oferece ao paciente um
tratamento com base no que ele vem mostrando naquele momento, o núcleo que está predominante.

• Fundamentalmente duas escolas: inglesa e francesa


• Inglesa: uso da contratransferência para determinar pontos não desenvolvidos no sujeito
• Francesa: uso da linguagem para determinar estrutura e posição subjetiva
• Incorpora a posição do sujeito frente ao que lhe acontece
• Deve transformar a queixa em enigma (procura de significado)
• Qual a função disto que acontece comigo? Por que comigo e por que agora?

A escola inglesa faz o diagnóstico usando a contratransferência, atenta-se ao que o analista sente diante dos
conteúdos que o paciente trás. “esse paciente me deixa sonolento/raivoso/preocupado/etc enquanto fala”. Diante
disso que se faz um diagnóstico, identificando o que está acontecendo com o paciente.
Exemplo do paciente que causa medo e preocupação de ser atacado no terapeuta – perversão.
Paciente que causa sono no analista, analista que não consegue focar na sessão, se pega devaneando,
distante – narcicismo.
O paciente gera um efeito no terapeuta, essa contratransferência, o como o terapeuta se sente, diz muito
sobre o diagnóstico do paciente.
Enquanto a escola inglesa usa do ecoamento no terapeuta sobre o efeito que o paciente causa nele; na
escola francesa se analisa a linguagem do paciente, o como ele fala sobre si, sobre os outros, o tipo de estrutura que
utiliza.
Exemplo da paciente que fica demandando que os outros resolvam as coisas para si, quer que os outros
cuidem e façam as coisas para si, o outro precisa fazer coisas e proporcionar coisas para a pessoa, se queixa bastante
das outras pessoas, por exemplo – histérica.
Paciente que fica se cobrando, tentando fazer de tudo pelos outros e não recebe reconhecimento, paciente
eu fica exausto tentando fazer o que julga correto, certo, o que se cobra, afins – obsessivo.
Se observa a forma que o paciente estrutura o próprio discurso, o como se coloca e o como coloca as outras
pessoas, diante disso, pode-se observar o tipo de diagnóstico daquele paciente, através desses lugares que a pessoa
coloca-se e coloca os outros. Pois através disso, se identifica a estrutura de personalisade – neurótica, perversa ou
psicótica – e a sua posição subjetiva – que seria uma subdivisão.
Estrutura psicose, posição subjetiva paranóica/esquizofrênica/bipolar
Estrutura neurótica, posição subjetiva histérica/fóbica
Etc...
No diagnóstico psicanalítico, incorpora-se a posição que o paciente adora frente às coisas que lhe
acontecem. Diferentemente do diagnóstico psiquiátrico que não se preocupa muito com isso, com a forma que a
pessoa reage ao próprio transtorno. Na psicanálise reconhece que a pessoa deprimida, por exemplo, pode abordar
diversas posturas, se fazer de coitado, tentar enfrentar, afins.
Enquanto a psiquiatria fala que é um desequilíbrio químico cerebral, que o sujeito nada tem envolvimento
com isso. Já na psicanálise se tem uma posição diferente, o sujeito se mistura de uma maneira confusa com a própria
doença, ele pode usar a doença como funções, esconder-se atrás da doença e se fazer de vítima, pode querer
manter a doença pois há ganhos por trás dela – pessoa pode ganhar mais atenção da família, ganhar presentes de
estranhos, ser melhor atendida em uma loja, afins, inúmeros ganhos secundários.
Na psicanálise, o paciente precisa procurar um significado para às próprias queixas. Tentar entender a
função e o sentido, questionar-se o motivo de isso estar acontecendo, afins.
“Foi meu marido que me causou isso”, então o analista questiona-se “e porquê você deixou seu marido fazer
isso contigo? Pq não foi embora antes?”, para entender o tipo de usabilidade que essa pessoa faz sobre a doença e
sobre a posição da pessoa a respeito.
A pessoa trás uma queixa, podendo reconhecer que não tem nenhum envolvimento nisso ou, de que possui
sim uma relação com a causa da queixa. A pessoa buscará procurar um significado, o motido de aquela sintomática
estar aparecendo, o motivo de não ter aparecido antes e o motivo de ser agora. O porquê a fobia é de gatos e não de
altura? Buscar entender as causas, a mensagem por trás do sintoma, o que esse sintoma diz da vida dessa pessoa, do
modo que a vive. Qual seria a função desse sintoma para essa pessoa?

DSM I e II
• Criado nos EUA como proposta de padronização de diagnóstico em psiquiatria
• Valia-se fundamentalmente de conceitos psicanalíticos
• Dividido em neurose, psicose e perversão
• Predominância do termo “reação”

CRÍTICAS À PSICANÁLISE
• Subjetividade extrema no diagnóstico
• Ausência de comprovação científica
• Multiplicação de conceitos pouco definidos
• Fechamento teórico

DSM III e IV
• Esforço para retirar qualquer teoria
• Tentativa naturalística de categorizar as doenças mentais
• Base em dados empíricos (ainda existem consensos)
• Dividido em 5 eixos
• Eixo I – normalmente representa os sintomas mais agudos
• Eixo II – desordens de personalidade e incapacidades intelectuais (normalmente desordens que
acompanham a vida toda)
• Eixo III – condições médicas ou neurológicas que podem influenciar um problema psiquiátrico
• Eixo IV – questões psicossociais recentes que podem influenciar o diagnóstico
• Eixo V – identifica o nível de funcionamento do paciente de 0-100

O DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO
• Roteiro estabelecido e escuta seletiva (anamnese) - a) escolaridade inicial; b) preferência sexual; c)
uso de álcool e narcóticos; d) atitude em relação à solidão; e) atitude em relação ao corpo; f) sono e
funções do sono; g) interesses de lazer.
• Exames físicos e complementares
• Sabe o que está errado e o modo de curar

Críticas ao DSM
• Lógica “tem ou não tem”
• Falta de critérios objetivos para marcar sim ou não (TOC)
• Palavras-chave para mascarar o problema: “significativo”, “apresentação
atípica”, “ansiedade excessiva”
• Total falta de definição da normalidade (talvez impossível sem teoria)
• Abertura à preconceitos
• Suscetível à diagnósticos baseados em expectativas sociais (TDAH)
• Limita-se a classificar, não produz hipóteses e testes
• Problemas em utilização nos EUA (seguros)

TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO: CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS


• A) Um padrão de comportamento negativista, hostil e desafiador com duração mínima de 6 meses,
durante os quais quatro (ou mais) das seguintes características estiveram presentes.
• 1) frequentemente perde a calma
• 2) frequentemente discute com adultos
• 3) com frequência desacata ou se recusa ativamente a obedecer a solicitações ou regras dos
adultos
• 4) frequentemente adota um comportamente deliberadamente incomodativo
• 5) frequentemente responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento
• 6) mostra-se frequentemente suscetível ou se irrita com facilidade
• 7) frequentemente enraivecido e ressentido
• 8) frequentemente rancoroso ou vingativo.
• Obs: Considerar o critérios satisfeito apenas se o comportamento ocorre com maior frequência do
que se observa tipicamente em indivíduos de idade e nível de desenvolvimento comparáveis.

• B) A perturbação do comportamento causa comprometimento clinicamente significativo no


funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
• C) Os comportamentos não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno Psicótico ou
Transtorno do Humor
• D) Não são satisfeitos os critérios para Transtorno da Conduta e, após os 18 anos, não são satisfeitos os
critérios para Transtorno da Personalidade Anti Social.

Quadro das Diferenças entre os Diagnósticos


PSIQUIÁTRICO x PSICANALÍTICO
Classifica uma pessoa como doente com todas as Não se pronuncia nestes domínios, funciona
consequências que isso implica (principalmente as principalmente para nortear o melhor modo de
sociais e legais) auxiliar o paciente

Se baseia nos problemas constatados e só em um Desde o começo se baseia numa indicação de


segundo momento talvez se pergunte por um tratamento que pode oferecer uma melhora geral,
problema terapêutico amplo maior liberdade de ação etc. sem que um problema
seja evidente.

Repousa nos sintomas manifestos de modo a classificá-los


diretamente manifestos: o método de análise foca-se
no funcionamento psíquico geral principalmente nas
estratégias relacionais
Respousa em elementos intrapsíquicos que não são

Acentua aquilo que o paciente tem de específico na


relação com o analista, ou seja, o modo de interagir
Acentua aquilo que o paciente tem em comum com os como analista e as estereotipias particulares (relativas
outros indivíduos que sofrem do mesmo problema. à história do sujeito) são o foco do diagnóstico.

É feito de modo independente do aspecto Possui em seu processo aspectos terapêuticos, uma
terapêutico, constitui um período anterior ao escuta empática, alguma interpretação etc. já
terapêutico possuem efeitos terapêuticos desde o momento
diagnóstico

PDM: TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO


• Psychoanalytical Diagnostic Manual (2006)
• Bases teóricas bem definidas: psicologia do desenvolvimento, neurociência, teoria do apego, teoria
psicanalítica.
• Foco no indivíduo e seu desenvolvimento
• Diminuição das comorbidades
• Desenvolvido para auxiliar a clínica
• Recupera o significado e vivência do distúrbio
• Estrutura: Adultos, Crianças e Adolescentes, Infância
• organização da personalidade, capacidade de funcionamento mental saudável e sintomas e
comportamentos identificados
11/9 ASSISTI E ANOTEI
14/9
18/9 discussão do episódio da série
21/9 prova
25/9 revisão da prova + aula
28/9 aula cancelada pq n dava pra gravar
2/10
5/10
9/10
12/10 (FERIADO)
16/10 trabalho portal do áudio+aulas
19/10 o enquadre
23/10 ENIC
26/10 enquadre + relação terapêutica
30/10 relação terapêutica + psicodiagnóstico

06/11 o diagnóstico narcisista


09/11 o diagnóstico narcisista – anotações no final do arquivo

SLIDE O ENQUADRE/SETTING

O enquadre serve para estruturar

AULA 11 - 09 11
O diagnóstico narcisista

Grandiosidade, seria o senso de a pessoa achar que é exageradamente acima das demais pessoas, de que é
muito mais bonito, melhor nos esportes, no trabalho, melhor que as pessoas “normais”, de que é uma pessoa ímpar
e, por isso, as pessoas deveriam buscar estar perto dele, ser amigo dele...
O narcisista tímido acaba sendo infeliz, pois ao mesmo tempo que deseja grandiosidade, não consegue se
expôr diante das demais pessoas, pois possui medo e receio de acabar se expôndo e falhando na frente dos outros.
Diante de realizações próprias, não se contenta e não aproveita a felicidade dessa conquista, pois está sempre
aspirando por mais, sempre achando que merece mais e que a sua realização atual não é suficiente.
O narcisista tímido tem receio de fracassar e cometer alguma gafe na frente das demais pessoas, do outro
lado, o narcisista arrogante se sente autorizado a desrespeitar as regras – em casos que esteja em situações de
poder.

A pessoa narcisista não consegue rir de si próprio, ele fica se cobrando de alcançar a perfeição, não
permitindo a si o humor a respeito de si mesmo.
Esse narcisista precisa de algum tipo de plateia, de pessoas que mantenham o seu senso de grandesa. Do
outro lado, no narcisismo a um nível saudável, a pessoa não se interessa muito por expôsição, ela aguenta críticas e
desaprovações, afins. O narcisista tímido deprime diante de sua falha, o narcisista arrogante demonstra raiva e
irritação.
A pessoa pode oscilar entre a grandiosidade e a inadequação; por exemplo através de redes sociais, a pessoa
se expôe a todo momento através de fotos, se infla diante do sucesso, mas gradualmente vai murchando e sentindo-
se inadequado, então tenta repostar uma foto famosa, para tentar se inflar novamente. Sendo assim, oscila entre
uma pessoa completamente vulnerável e uma pessoa arrogante e grandiosa. A pessoa pode oscilar entre as duas
facetas, mas chega na clínica com uma delas bem acentuada.
Embora o narcisista consiga ser simpática, ter um pouco de habilidade social, a pessoa não consegue ser
empática de fato, de conseguir entender com profundidade sobre o como a pessoa está se sentindo, entender seu
sofrimento, afins.

O narcisista pode se sentir muito irritado e furioso quando seu próprio sucesso acaba sendo ofuscado por
outra pessoa, pelo sofrimento dessa outra pessoa. O narcisista conta uma conquista e a pessoa conta uma derrota,
se sente bravo por a pessoa estar passando por um momento difícil e reclamando, quando o próprio narcisista está
contando vantagens de alguma conquista, por exemplo.
A empatia que o narcisista consegue expressar, não é de fato sua, apenas aprendeu por decorrência das
expectativas sociais, aprendeu que as vezes precisa ligar para X pessoa que está mal, não é um snetimento que de
fato surgiu internamente dessa pessoa.
Existe um senso de importância que o narcisista expressa, parece que o mundo que precisa se adaptar aos
horários e disponibilidade do narcisista. Exemplo ao marcar horário na terapia, o narcisista fala os horários que ele
quer e espera que o terapeuta que se regule e tente organizar-se para receber o paciente narcisista.
O narcisista sente que pode fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos, mas do outro lado, as outras
pessoas precisam pedir a autorização deles. Ex. um homem narcisista que escolhe a roupa que a mulher pode usa, p.
ex. O narcisista não sente a culpa, pois não existia uma intenção inconsciente de causar dano.

Sobre a vergonha, o narcisista a sente quando percebe-se inadequado, uma inadequação a nível social. O
narcisista sente a vergonha diante de uma crítica, pois seu senso de grandiosidade faz com que uma crítica diante de
seu erro seja avassaladora. Uma crítica/situação geradora de vergonha pode fazer o narcisista transitar entre a
grandiosidae e a inadequação, por exemplo – como vontade de ir embora do ambiente, de se esconder, de se matar,
afins.
Do outro lado, a inveja é algo bastante frequente nos narcisistas, na verdade seria o “motor” do narcisista,
enquanto não possui gratidão nenhuma, sustenta-se na base da inveja. Se compara muito com os outros, pois anseia
em ser sempre o primeiro lugar, para isso precisa se medir com os demais, os outros são vistos como inferiores e
menores que o narcisistas, se alguém for tido como melhor que o narcisista, cria-se justificativas, como se as regras
não fossem justas, as pessoas que são melhores que o narcisista conseguiram por várias causas – pai rico, teve sorte,
afins. A inveja pode existir mas não é sentida conscientemente.

O diagnóstico do narcisista pode ser confundida com outros transtornos.


Como uma personalidade obsessiva, que possui um isolamento emocional (esmiuçar e colcoar especificações
para justificar algo) que pode chegar a ser confundido com a frieza do narcisista. Sobre o perfeccionismo, o narcisista
não possui noção do esforço que precisa demandar para conquistar o reconhecimento e sucesso de algo, já o
obsessivo possui sim a noção desse esforço e tempo que será demandado para atingir a perfeição – sabe que
consumirá muito tempo e energia para conquistá-la.
Já sobre a personalidade histriônica, embora na busca de atenção o histriônico queira a atenção de seus
amigos e conhecidos, o narcisista irá querer a atenção de pessoas/figuras tidas como
superioras/importantes/famosas. O narcisista quer estar junto de pessoas que possuem poder, dinheiro e beleza,
pois quer aquilo para ela, compartilhar desses elementos.
Já sobre a personalidade anti-social, está pode comumente estar ocorrendo em comorbidade com o
narcisismo – pois existe o desrespeito a integridade do outro e de propriedade.

Sobre a queixa principal, o narcisista comumente busca ajuda quando se encontra no estado mais
deprimido, depois de já ter vivido uma vida com várias frutrações – as pessoas não reconhecendo a sua genialidade
e grandiosidade. A pessoa narcisista durante o período escolar pode se dar bem, mas chegando no mercado de
trabalho, pode sentir-se abalado, pois terá que se submeter a algumas atividades tidas como humilhantes, por
exemplo.
A pessoa também pode buscar a ajuda profissional por decorrência de algum ultimato de outra pessoa. Ex.
mulher “eu não quero mais viver assim, você não me reconhece, você me coloca para trás, lalala, e para mim deu,
melhor você procurar ajuda e começar a me valorizar, ou irei ir embora”.
O motivo da busca também pode ser decorrente de uma crise de meia-idade, onde a pessoa começa a
perceber que não conseguiu atingir a grandiosidade que havia almejado e, até mesmo percebe que possivelmente
nunca conseguirá os atingir. Calvice, flacilidade, machucar-se nos esportes, afins, são questões que colaboram para
que o narcisista busque ajuda na meia-idade, diante dessa crise.

Já sobre transferência e contra-transferência, o narcisista acaba sendo bastante sensível aos sentimentos
que a pessoa possui sobre si. “Está olhando no relógio, algum problema? Eu não sou interessante para você?”.
Diante do discurso narcisista de grandiosidade, de o como ele é tão maravilhoso, o terapeuta se cansa e se entedia,
essas questões de contratransferência são bastante relevantes ao se falar sobre o narcisismo; pois o narcisista
proporciona a sensação no analista de que este (analista) está perdendo tempo, pois não tem espaço para o
paciente pensar sobre o conteúdo, de que o paciente só quer falar e devagar sozinho sobre sua própria
grandiosidade.
Um ponto a se comentar é de que o narcisista tentará, de alguma forma, eliminar o sentimento que ele
mesmo possui de humilhação em estar buscando ajuda; tenta justificar de alguma forma, como se não tivesse um
problema em si, mas de que foi fazer terapia por curiosidade, pois a mãe estava implicando com ele, afins...

O narcisista pode aparentar engajamento no tratamento, contanto que o entrevistador continue ouvindo e
“reconhecendo” a grandiosidade do narcisista. “realmente, você é incrível e sua esposa é terrível... lalala”. O
narcisista se da bem com a transferência de espelhamento.
Já sobre a transferência de idealização, o narcisista pode elogiar a roupa do analista, elogiar seu consultório,
afins, de modo que o analsita possa o elogiar de volta.
O sentimento contratransferêncial de que o terapeuta não é uma pessoa, de que o terapeuta seria um
objeto, que não possui preocupações, de que não se cansa, afins, não se importa com o como esse “objeto” se
sentiria, se iria se chatear ou ficar triste, coisa do tipo. O narcisista acredita que pode fazer o que bem quiser, pois o
analista existe para satisfazer o narcisista, de fazer a terapia com ele.

A nível de contratransferencia, o analista acaba com vontade de menosprezar a grandiosidade do narcisista,


de expôr através das interpretações, o quão impossível e fantasioso aparentam ser os desejos de grandiosidade do
narcisista. “eu vou sair de casa com 18, comprar um carro, arrumar um emprego de gerente, passar na faculdade,
alugar um apartamento...”. O narcisista não reconhece todo o esforço para conseguir conquistar seus objetivos. Não
é efetivo tentar exibir para o narcisista a dificuldade para atingir esses esforços, o terapeuta fica irritado pois esse
caminho não leva a nada, o narcisista fica argumentando de que iria sim conseguir fazer aquilo “impossível”, pois ele
é ele, ele consegue “tudo”.
O narcisista não consegue se conectar com as pessoas, em algum momento, eventualmente, sentirão-se
isolados, sozinhos, com sentimento de vazio, sentindo-se inadequado (alguma coisa irá ocorrer, algumas... ou todas).
É necessário o analista reconhecer e “aguentar” as ofensas do narcisista, de que tudo isso é uma casca
protetora, que esconde esse vazio e inadequação do paciente narcisista. Reconhecendo essa casca, esse vazio
interno do paciente, poderá ter uma escuta mais empática para com este.

A nível sociológico, percebe-se que as pessoas estão em si mais narcísisicas, com problemáticas referentes
ao bullying, redes sociais, plásticas, afins. Reconhece-se que os meios de comunicação de massa e as redes sociais,
de forma geral, exploram bastante as inseguranças das pessoas, o que estimula a vaidade e as ambições das pessoas.
A pessoa posta uma foto, espera um resultado, fica trabalhando e demandando energia para conseguir um retorno.
As sociedades de massa acabam privilegiando a impressão imediata. A pessoa busca estar sempre se
encaixando, ficam preocupadas sobre o que poderiam ter, “será que se eu fizesse X coisa, eu poderia ser mais
feliz?”. Sempre tentando mudar a realidade externa para conseguir uma certa felicidade, sem reconhecer que talvez
tenha algo em sí próprio a ser observado e analisado, não o mundo ao seu redor.
Não reconhece-se como parte da problemática, mas o mundo que precisaria mudar para suprir e propiciar o
bem e a felicidade para essa pessoa. “Até mesmo o melhor parque pode ser considerado tedioso...”

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