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Psicoterapia Breve

Cognitiva-Comportamental
PROFESSOR LUÍS MASSILON
TCC em sessões breves:
 Como a TCC em sessões breves exige a capacidade de desenvolver
técnicas de forma rápida e habilidosa e de alinhavar de maneira eficaz
os componentes do tratamento de farmacoterapia e psicoterapia, os
clínicos precisam ter uma base sólida nas teorias e métodos da TCC
básica.
TCC em sessões breves:
 Recomendações de conhecimento básico e habilidades na TCC:
1. Entender o modelo básico da TCC para tratamento.
2. Obter experiência na condução de sessões-padrão de 45 a 50 minutos.
3. Elaborar conceituações de caso a planejar o tratamento com base nos
princípios da TCC.
4. Estruturar e dar andamento ao tratamento para intensificar o aprendizado.
5. Evidenciar e modificar os pensamentos automáticos e os esquemas.
6. Usar métodos comportamentais padronizados como a ativação
comportamental, a programação de atividades, a exposição e prevenção
de resposta, o retraimento da respiração e o treinamento de relaxamento.
7. Identificar e implantar estratégias da TCC para transtornos específicos.
TCC em sessões breves:
 Quando as sessões são breves, os terapeutas devem ser capazes de
gerar formulações sucintas e dirigidas que incluam as principais
informações para permitir um claro entendimento do paciente, ao
mesmo tempo procurando por problemas específicos ou questões com
probabilidade de render resultados positivos.
 Todos os atributos da boa TCC em sessões de duração regular como
formar relacionamentos altamente colaborativos, demonstrar
autenticidade e empatia adequada, estruturar e sequenciar as sessões
de modo a promover a eficiência e o aprendizado e fornecer
psicoeducação eficaz precisam ser ainda mais refinados quando as
sessões são breves.
TCC em sessões breves:
 Algumas das habilidades específicas da TCC que precisam ser
adquiridas são as seguintes:
1. Identificar e mudar pensamentos automáticos;
2. Modificar esquemas;
3. Métodos comportamentais comumente utilizados para depressão (p.
ex.: ativação comportamental, programação de atividades e
prescrições de tarefa gradual);
4. Técnicas comportamentais para transtornos de ansiedade (p. ex.:
exposição e prevenção de resposta, treinamento de respiração,
treinamento de relaxamento).
5. Deve incluir também um entendimento da abordagem às principais
formas de doenças psiquiátricas.
Considerações Terapêuticas
 Alguns pessoas se beneficiam de um tipo de terapia que os capacita a
obter insight e autocompreensão: outros requerem um programa de
treinamentos mais ativo em habilidades interpessoais.
 Algumas pessoas desabrocham em um clima de calor e empatia
terapêuticos; outros preferem um relacionamento mais formal como o
de negócios.
 Não existe terapeuta capaz de lidar com todos e cada um dos
distúrbios psiquiátricos.
 “Conheça suas limitações; Tente estar em contato com profissionais que
tenham habilidades e conhecimentos que você não tem; e não hesite
em fazer encaminhamentos apropriados.”
Considerações Terapêuticas
 Mais a Respeito de Limites:
1. Embora o tópico de limites em psicoterapia não seja específico para a
terapia breve ou de curto prazo, é, no entanto, extremante importante
e pode frequentemente interferir com o processo do tratamento eficaz
prejudicando assim as soluções em tempo oportuno em muitas
situações.
2. “Ladeira escorregadia” — Termo usado a exposição ao erro e a prática
muita vezes antiética em que os terapeutas estão sujeitos. O terapeuta
muitas vezes encontra-se em uma situação em que tenha que decidir
em sua vida pessoal e a vida profissional. Até onde é conduta
profissional? Até onde essa dinâmica com o paciente é casual?
Terapeuta Benevolente X Oportunista
 Terapeuta Benevolente
1. Respeita os limites com o paciente.
2. Sabe que suas funções profissionais estão limitadas ao local de sua
prestação de serviços, porém tenta fazer parte da vida do paciente
sem causar danos.
3. Não está presente na vida cotidiana e mundana dos pacientes,
enquanto membro da vida social ou afetivo-sexual.
4. É munido de técnicas que permitiam ao paciente expressar suas
demandas de modo natural e não invasivo ou libertinoso.
5. Por vezes faz o atendimento pontual fora de seu serviço .
Terapeuta Benevolente X Oportunista
 Terapeuta Oportunista
1. Se insere na vida do paciente.
2. Tem atividades sexuais com o/a
paciente ou com familiares do mesmo.
3. Antiético.
4. Causa dependência ao paciente.
5. Usa de técnicas para obter ganhos
financeiros, sociais e sexuais.
O que é Método Multimodal? – Arnold Lazarus

 A mudança de uma posição “estreita’’, para uma orientação de “amplo espectro”.


 Albert Ellis, fundador da terapia racional-emotiva, é um exemplo.
 Inicialmente ele chamava sua abordagem terapêutica de terapia racional (TR),
depois foi ampliada para a terapia racional-emotiva (TER), e mais recentemente foi
ampliada para terapia comportamental racional-emotiva (TCRE).
 A maioria dos trabalhos escritos sobre (TCRE), se referem a um formato ACC
(afeto-comportamento-cognição). Os praticantes do (TCRE) não dedicam especial
atenção ao amplo programa de procedimentos específicos, sensoriais e de
formação de imagens.
 Fazer um quadro de nós como indivíduos que apenas sentem, atuam e pensam (afeto-
comportamento-cognição), é ignorar o fato de que também temos cinco sentidos, que contribuem
significativamente para o nosso bem-estar.
 Lazarus propõe a Psicoterapia Breve e Abrangente – Sistema Multimodal: B-A-S-I-C ID (behavior,
comportamento, Afeto, Sensações, Imagens, cognição).

Situando o Basic I. D. em perspectiva

 Na avaliação multimodal, o BASIC I. D. funciona como um padrão para lembrar-nos de examinar


cada uma das modalidades e efeitos interativos.

 Isto implica em que somos seres sociais que se comovem, sentem, imaginam e pensam, e que na
base somos entidades bioquímico-neurofisiológicas.
Perfis de Modalidades

* Após a entrevista inicial ser conduzida e ser lido o Questionário


Multimodal do Histórico de Vida preenchido pelo paciente, é útil
esquematizar um Perfil de Modalidades, o qual lista as principais queixas
de cada área e os tratamentos propostos;

* Exemplo: Uma mulher de 33 anos de idade que procurou a terapia por


“ansiedade e depressão” e revelou 22 problemas específicos (inter-
relacionados) e foi produzido 19 estratégias para o tratamento.
Modalidade Problema Tratamento proposto

B
“Desorganizado/largado” Contingências limitantes;
Evitação fóbica Dessensibilização sistêmica ;
Deixar as coisas pra ultima hora Administração do tempo

A
Culpa Explorar antecedentes e ideias relacionais;
Ansiedade relacionada à crítica e à Enfrentar a disputa entre o imaginário e a razão;
rejeição Explorar pensamentos ruins e estimular a busca
Tristeza e desânimo de eventos positivos

S
Fadiga/dor lombar/dores de cabeça por Relaxamento/exercícios de fisioterapia
tensão

I
Imagens de Exercícios de imaginação
solidão/autoimagem/imagens de
fracasso

C
Dicotomia da Reestruturação cognitiva
racionalização/demasiado/”deverias”
supergeneralizados

I
Não confiante Assumir riscos;
Exageradamente competitivo Treinamento de cooperação;
Não assertivo Treinamento de assertividade;
Evita reuniões Treinamento de habilidades sociais

D
Usa alprazolam p.r.n Monitorar para evitar dependência
Excesso de peso Métodos de controle do peso (ex: grupo de
Insuficiências de exercícios apoio, autocontrole)
Programas de treinamento físico
PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL
A PRÁTICA COM PAIS E CRIANÇAS

DISCIPLINA. Psicoterapia Breve – Teorias e Técnicas


PROFESSOR: Luís Massilon
1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS:

• A Psicoterapia Breve Infantil (PBI) surgiu de um movimento mais amplo


envolvendo profissionais que saíram dos consultórios particulares para as
instituições, no inicio da década de 80 – no Brasil.
• Vários profissionais uniram esforços para analisar, refletir e propor novas
alternativas, baseadas na pesquisa e na experiência pessoal, e como
resultado surgiu uma publicação que teve e continua tendo grande
repercussão em nosso meio.
• Referimo-nos ao livro organizado por Macedo (1986): Psicologia e Instituição:
novas formas de atendimento.
1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS:

• A Sociedade de Psicologia Clínica Preventiva, sob o


comando de Ryad Simon (1989), enfatizava o
enfoque preventivo de atuação, através de uma
modalidade breve de atendimento no domicílio do
paciente.
• Aberastury (1972) e Knobel (1976) propunham um
trabalho de objetivos e tempo limitados com
crianças e pais. Ambos, psicanalistas, tiveram a
preocupação de desenvolver uma técnica,
considerando os componentes familiares e
ambientais também como objeto de tratamento.
2. BASE TEÓRICA:

• Parte do pressuposto básico de que os sintomas da criança refletem


dificuldades não resolvidas dos pais, principalmente da mãe.
• Bertrand Cramer (1974) refere-se à transmissão geracional como base
para a organização da personalidade da criança, que recebe dos pais a
herança psíquica e os valores familiares e culturais, indispensáveis ao seu
desenvolvimento.
• Sob qualquer circunstância o desenvolvimento psíquico da criança se
realiza através de um inter-jogo de projeções, introjeções e identificações,
entre a mãe e a criança. (Cramer, 1993).
2. BASE TEÓRICA:

• O bebê traz uma carga de investimentos que faz os pais reviverem com o
filho, sua própria experiência infantil de relacionamento com seus
progenitores.
• A projeção é entendida como identificação projetiva, mecanismo dos
pais, uma fantasia inconsciente na qual o sujeito se coloca ou coloca
aspectos de si próprio em um objeto, com uma finalidade de busca de
relação e comunicação ou de defesa.
2. BASE TEÓRICA:

• São mencionadas formas sadias, libidinais de identificação projetiva, tais


como as possibilidades de empatia;
• E formas patológicas, em que predominam os movimentos expulsivo (a
projeção propriamente dita) e anexante (a indiferenciação), com tendências
evacuadoras e possessivas.
2. BASE TEÓRICA:

• A identificação projetiva da mãe leva a criança a assumir, como seus, os


objetos ou aspectos projetados sobre ela, como forma de assegurar o
amor materno.
• Esse mecanismo, por um lado normal, permite a estruturação do ego,
necessário à formação e desenvolvimento do psiquismo infantil: entretanto,
por outro lado, pode se tornar patológico, dependendo da qualidade das
trocas.
2. BASE TEÓRICA:

• Cramer (1974) entende que esse conflito se manifesta na relação da mãe


com a criança, através da atualização de um padrão interativo específico e
repetitivo com o filho e corresponde ao que chama de área de
mutualidade psíquica.
• Refere-se a ela como o postulado básico do seu trabalho que constitui o
foco das intervenções terapêuticas breves.
2. BASE TEÓRICA:

• Esta leitura psicodinâmica permite compreender o padrão repetitivo de


conduta do paciente (criança), que faz com que as dificuldades não
resolvidas no passado dos pais sejam revividas nas relações atuais com o
filho, ou seja,

Os sintomas atuais da criança têm uma estreita relação com um


passado mais remoto, pertencente à história dos próprios pais.
2. BASE TEÓRICA:

• A intervenção terapêutica breve exige da mãe condições de funcionamento


psíquico que lhe permitam a compreensão e a retomada de suas próprias
dificuldades projetadas sobre a criança, num curto espaço de tempo.
• Quanto ao terapeuta, deve ter a formação específica, que lhe capacite, em
poucos encontros, formular uma proposta de atendimento, que tenha por
foco o conflito compartilhado pela dupla mãe/criança, e que se expressa
como área de multiplicidade psíquica.
2. BASE TEÓRICA:

• Simon (1996) considera a possibilidade de entender o foco como uma


dificuldade atual retratada no que chamou de situação-problema, ou seja,

O conjunto de fatores ambientais, existentes no presente,


interagindo com os fatores intrapsíquicos, provocando um
desequilíbrio da adequação, podendo causar crise adaptativa
ou deterioração gradual da adaptação existente.
2. BASE TEÓRICA:

• O foco pode ser entendido como a área de conflito a ser trabalhada ou


como a delimitação da área de interpretação e constitui uma construção
conjunta do terapeuta e da mãe, integrando: uma formulação do conflito
básico, um modo típico de relacionamento, uma forma central de ansiedade e
uma fantasia específica.
• Ou seja, o foco em PBI passa a ser compreendido como:
Uma área de conflito compartilhada pela criança e pelos pais, que
se reflete no padrão de relacionamento deles e que se expressa, no
momento, através dos sintomas da criança, como prejuízo da
adequação de suas respostas adaptativas.
2. BASE TEÓRICA:

• A intervenção do terapeuta terá, portanto, como objetivo, primeiramente,


identificar o padrão de relacionamento conflituoso decorrente das
identificações projetivas parentais sobre a criança, buscando o
desvelamento das fantasias, ansiedades e mecanismos de defesa
subjacentes.
• E, na interação com os pais, formular uma proposta de trabalho, que pode
incluir apenas os pais, os pais e a criança, ou apenas a criança.
3. CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO E CONTRAINDICAÇÃO:

• Os critérios de indicação para as intervenções terapêuticas breves


referem-se a níveis de funcionamento psíquico específicos da mãe como
indicadores favoráveis ou não para um processo breve bem sucedido.
• São, portanto, indicadas para PB, mães com funcionamento normal ou
neurótico, cujos principais conflitos referem-se a casos de luto não resolvido
pelos pais e recuperação através da criança de um objeto amado perdido.
• Os pais tentam reencontrar no filho, a criança amada que eles foram, ou
que imaginavam ser, identificando-se com seus próprios pais, que eles
amaram.
3. CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO E CONTRAINDICAÇÃO:

• A PBI é contraindicada, quando há projeção da mãe sobre a criança, dos


aspectos infantis detestados em si, ou de um pai detestado.
• Nessas circunstâncias, a projeção da mãe não visa à recuperação de um
objeto perdido, mas sua “evacuação”, ou ainda, “evacuação” de partes de si
mesma, sentidas como negativas ou detestadas.
• Nesses casos, as manifestações clínicas da criança bem como as
intervenções do terapeuta são vividas de maneira persecutória pelos pais,
impedindo o acesso às interpretações.

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