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Kimetsu no Yaiba: Shiawase no Hana


A Flor da Felicidade

Autor: Aya Yajima & Koyoharu Gotouge

Tradução original: Moko-Chan

Adaptação para o Português: Machi Kuro

Capítulo 2: Pelo Bem de Alguém

"Nezuko-chan, cuidado onde pisa por aqui."

"..."

Havia um pequeno buraco no chão. Zenitsu estendeu a mão para Nezuko


e ela agarrou sua mão firmemente.

(Uwah, que mãos macias... Estou de mãos dadas com a Nezuko-chan! Na


verdade, estou de mãos dadas!!! Isso é ótimo!!!!)

A sensação de uma pele suave fez com que uma expressão adorável
aparecesse no rosto de Zenitsu e ele cuidadosamente apreciasse a
sensação de felicidade vindo de dentro dele.

Como ele estava completamente imerso no treinamento rigoroso para o


Concentração Pacial e Total, este período de tempo onde ele foi capaz
de dar uma curta caminhada com a Nezuko depois que a lua revelou seu
rosto era algo que o fazia se sentir feliz o bastante que não dava para
pôr em palavras.

Além disso, ele só se atreveu a trazer a Nezuko abertamente para fora


depois que ele recebeu a permissão do irmão mais velho da Nezuko,
Tanjirou, assim como a de Shinobu, a proprietária da casa.

Durante esse período de tempo, todas as coisas que existem neste


mundo pareciam extremamente deslumbrantes.

Mesmo a lua que pairava no alto do céu parecia estar dando seus
parabéns.

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"Estamos prestes a chegar ao lugar que está cheio de flores, certo? Você
está cansada? Há muitos trevos brancos lá. Quando chegarmos lá, eu
vou ajudá-la a fazer uma coroa de flores.‖

Zenitsu disse enquanto corava.

Nezuko levantou o rosto, que estava mordendo uma mordaça, olhou


para Zenitsu e então concordou com seu delicado queixo.

Vendo aquela aparência adorável, Zenitsu pensou, enquanto se sentia


comovido: "Ahh... Que sorte eu ainda estar vivo. É ótimo eu não ter me
tornado uma aranha!

"Venha, Nezuko! Chegamos! "!!"

Chegando a um campo que não estava muito longe da Mansão


Borboleta, a expressão de Nezuko se iluminou.

O campo estava cheio de flores que floresceram. Se até o Zenitsu, que


era um menino, não podia deixar de se surpreender com a visão, então
pode-se imaginar o que Nezuko, que estava em seus anos de juventude,
estava sentindo.

Nezuko olhou animadamente em volta sob o fraco luar e Zenitsu soltou


um sorriso quando viu a visão e começou a arrancar os trevos brancos
como ele prometeu. Ele queria pegar o máximo que pudesse para poder
fazer muitas coroas de flores para ela.

(Eu pareço ser hábil em fazer esse tipo de coisa...desde um tempo


atrás.)

O cabelo preto brilhante da Nezuko definitivamente ficariam ótimos


com as coroas de flores.

(Eu vou fazer um com apenas trevos brancos e colocar outros tipos de
flores no resto. Eles ficariam mais coloridos dessa forma.)

Pensando até agora, Zenitsu abriu a boca e perguntou:

"Eh, Nezuko-chan... Que flor Nezuko-chan acha que é a mais—"

As palavras só saíram só foram até metade do caminho, mas ele calou a


boca.

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"..."

Uma flor amarela estava silenciosamente florescendo em um canto dos


trevos brancos, e uma memória fraca de Zenitsu reapareceu.

(Essa flor é...)

Foi um incidente que aconteceu antes de ele conhecer Tanjirou e


Inosuke.

Naquela época ele estava treinando com um ex-pilar.

"Certo... Eu finalmente fugi do Jii-chan.‖

(Nota: Jii-chan = Vovô)

Zenitsu se escondeu atrás de uma grande árvore e manteve um olho


atento em seus arredores enquanto soltava um suspiro de alívio ao
mesmo tempo.
"Jii-chan deve estar tão bravo~"

Mesmo que ele se sentisse um pouco culpado, ele era incapaz de


suportar por mais tempo.

Isso não era brincadeira, ele realmente morreria.

O "Cultivador" de Zenitsu era um velho mestre energético – Kawajima


Jigoro.

"Você não vai morrer por algo assim!".

Mesmo que isso fosse algo que ele sempre dizia, a próxima vez pode ser
o fim de Zenitsu.

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Ele poderia não ter a sorte de acontecer algo simples novamente como
só mudar a cor do cabelo após ser atingido por um raio.

(Desculpe, Jii-chan... Mas esse nível medíocre pode ser tudo o que eu
eu consigo... Esqueça de mim— na verdade, isso não é o que eu
realmente penso... Se você puder pensar em mim de vez em quando, eu
ficaria feliz. Eu realmente sinto muito sobre isso.. Eu amo o Jii-chan
mais que tudo... Mas não posso continuar fazendo isso.)

Pedindo desculpas ao seu mestre em seu coração, Zenitsu continuou


seguindo seu caminho, na esperança de chegar à parte mais baixa das
colinas antes do pôr do sol. O sol estava gradualmente se pondo ao
oeste.

Depois de chegar à aldeia, ele poderá provar alguns de seus deliciosos


pães no vapor.

Então ele desfrutará ao máximo da visão de garotas caminhando em sua


direção nas ruas.

Além disso, como ele não precisa se esconder para treinar no meio da
noite, ele poderia ter um bom sono finalmente.

Assistir a um filme também não soou tão mal.

Com esses pensamentos em mente, Zenitsu caminhou pelas montanhas


saltando de alegria. No entanto, quando ele chegou perto do pé da
colina, ele de repente parou.

Seu senso de audição extremamente agudo detectou o choro


dolorosamente triste de uma menina.

"Essa, não! Tem uma garota chorando!!‖

Como se tivesse se tornado outra pessoa, Zenitsu de repente tinha uma


expressão inspiradora e ele empurrou galhos para o lado, atravessou o
rio e foi em linha reta para a fonte do choro que estava sob um
penhasco.

Uma jovem que usava um quimono completamente branco estava


soluçando incontrolavelmente enquanto agachada na grama.

"Eh...Você está bem?! Você está sentindo dor em algum lugar?!‖

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"......Eee......"

Assim que Zenitsu fez um som, a menina ficou alarmada e seus ombros
tremeram.

Ela nervosamente virou a cabeça, então seus ombros caíram para baixo
como se ela estivesse aliviada depois de ver Zenitsu. Então ela começou
a chorar de novo.

"..................Uuu, Uu..................".

"Des... Desculpe! Eu te assustei?! Eh, você está realmente bem?! Você


está ferida em algum lugar?‖

Sob o persistente questionamento de Zenitsu, a garota finalmente


levantou a cabeça.

Os olhos de ambos se encontraram por acidente.

Os cílios da menina que foram umedecidos por lágrimas eram longos


como penas de um pássaro e eram lindos ao ponto de até mesmo flores
lamentarem e suspirarem.

(Hwagh...!!)

Zenitsu sentiu como se uma flecha atravessasse seu coração e ele


inconscientemente agarrou o lado esquerdo do peito.

Claro, era a flecha do Cupido.

Talvez tivesse a ver com não ter pais desde jovem e não saber o calor e
ter uma família enquanto ele estava crescendo—? Ele ansiava por amor
e casamento mais do que a maioria das pessoas e facilmente
mergulhava no amor.

Zenitsu tinha se apaixonado completamente por esta menina de olhos


marejados diante de seus olhos.

Ele ficou frenético. Ele queria que esta garota parasse de chorar, custe
o que custar.

"Hum, se... Se você não se importa, pode me dizer por que está
chorando? Eu posso ser capaz de ajudá-la...!!"

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"..."

"Meu nome é Agatsuma Zenitsu, e estou aprendendo esgrima com esse


"cultivador", o Jii-chan."

"Esgrima?‖

Ela provavelmente se sentiu desconfortável quando não sabia quem ele


era. Considerando esse ponto, Zenitsu se apresentou e o "som" da
menina começou a mudar um pouco.

Era o som que ele esperava.

O som de encontrar um pequeno raio de luz enquanto estava em uma


situação desesperadora.

Zenitsu percebeu que ele tinha se tornado a esperança da menina e ele


estava tão feliz que levantou a voz.

"Eh? Tudo bem se você só falar. Você quer falar comigo?!"

As lágrimas da garota só cessaram depois que Zenitsu de repente fez


essa pergunta de uma maneira destemida.

"....Meu nome é Sayuri."

Ela disse-lhe o nome dela com uma voz trêmula.

"Eu moro naquela vila lá na frente que está cheia de flores de glicínia
junto com minha mãe, padrasto e duas meias-irmãs."

"Entendo, então você se chama Sayuri. Que nome bonito. E então? O


que você está fazendo na colina hoje? E você está usando um quimono
que não parece fácil de caminhar..."

Depois de saber o nome da garota, Zenitsu continuou a perguntar


enquanto balançava as mãos ao redor, no entanto, a menina só
inclinava suas sobrancelhas para baixo, com tristeza.

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"Na verdade, algumas noites atrás, meu padrasto encontrou um demônio
nesta colina... Mesmo que ele tenha tido a sorte de escapar com vida,
naquela época, meu padrasto prometeu oferecer sua filha em troca..."

"Ehh?! Ele está oferecendo a Sayuri a um demônio? Que diabos é isso?!


Isso não é um exagero?!"

"Isso é algo que não pode ser evitado... Se meu padrasto não estiver por
perto, então minha mãe e meias-irmãs não seriam capazes de viver."

"......."

A menina abaixou as pálpebras e as lágrimas que permaneceram em


seus cílios rolaram por suas bochechas imediatamente.

Seu cabelo preto que estava amarrado na parte de trás da cabeça era
adorável demais para se comparar com qualquer coisa no mundo.

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De frente para esta triste menina, Zenitsu jogou todas as preocupações
de lado e gritou alto: "— Eu vou ajudá-la!"

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"Eu vou fingir ser a Sayuri para encontrar esse demônio, então eu vou
acabar com ele em um instante! Sayuri, você pode esperar por mim ao
pé das colinas!”

Enquanto Zenitsu caminhava na estrada mal iluminada da montanha, ele


rapidamente se arrependeu de ter deixado tais palavras saírem de sua
boca.

Mesmo que ele usasse um quimono para se disfarçar de Sayuri, a bainha


era ridiculamente longa, como se pudesse tropeçar a qualquer
momento. Além do mais, ele escondeu a espada nas costas, por isso
dificultou a movimentação.

Aliás, ele tinha que lutar contra um demônio e isso deixou Zenitsu
apavorado.

(Não, não é possível, né?)

(Desde quando eu tive a capacidade de matar um demônio sozinho?"

(E o que eu quis dizer com “em um instante”?! Em um instante!!)

(Como posso fazer isso?)

(Seria melhor voltar, abaixar a cabeça e pedir desculpas ao Jii-chan e


pedir para que ele venha comigo...)

(Mas não há tempo...)

(Vou morrer... Eu sou um homem morto.)

O lado racional de Zenitsu não conseguia parar de lamentar.

Ele realmente queria gritar em voz alta sem se importar com sua
dignidade e depois escapar deste lugar a toda velocidade.

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Mas, por outro lado, ele também sabia que só ele poderia impedir
aquela linda garota de chorar.

(Sayuri... parece estar feliz.)

Quando Zenitsu disse que ia se livrar do demônio, as lágrimas de Sayuri


começaram a escorrer de seus olhos sem parar e ela chorou até à
exaustão.

Mesmo que o som brilhante que representava esperança e alegria


gradualmente se fortalecesse, lá definitivamente também havia
entrelaçado os sentimentos de culpa, vergonha, assim como
desorientação.

Talvez tenha ido contra a vontade dela jogar Zenitsu, alguém que era
um completo estranho para ela, ao fogo.

Foi um som complexo e doloroso.

(Ela é realmente uma garota gentil.)

Quando eles estavam prestes a se separar, Sayuri agarrou as duas mãos


de Zenitsu com lágrimas nos olhos e pediu que ele voltasse em
segurança — naquele momento, Zenitsu lembrou aquela voz trêmula.

Embora seu padrasto quisesse sacrificá-la, que não tinha laços de


sangue com ele, e sua própria mãe biológica não planejava impedi-lo,
Sayuri nunca culpou os dois.

Por isso, Zenitsu queria ajudá-la ainda mais.

No entanto, mesmo que ele tivesse fortes sentimentos e coragem pela


garota, ele era incapaz de superar seu medo de enfrentar o demônio.
No caminho para o local que o demônio e seu padrasto prometeram se
encontrar, houveram muitas vezes que Zenitsu queria correr, mas com
muita dificuldade, ele se convenceu a seguir em frente.

Havia uma lua crescente no céu.

Zenitsu levantou a cabeça e olhou para a lua através da fenda entre as


árvores e silenciosamente orou dentro de seu coração.

(Espero que seja um demônio pequeno e fraco!!)

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Neste momento...

— O som de um demônio veio.

"Ee...".

Zenitsu freneticamente cobriu sua boca com as duas mãos para evitar
que seu choro escapasse de sua boca sozinho.

Era o som de algo que estava ansioso pela chegada da garota e mal
conseguia se conter de mastigar sua carne macia e suculenta. Parecia
ganancioso e cruel demais.

O corpo inteiro de Zenitsu tremia e ele parou seus passos.

Ele era incapaz de seguir em frente, não importa o quanto tentasse, ele
não podia dar outro passo.

Enquanto Zenitsu prendia a respiração e ficava imóvel nas montanhas


escuras, um enorme demônio emergiu das profundezas da grama. Esse
demônio foi formado irregularmente, tinha três braços gigantescos
brotando de suas costas e cada um estava segurando enormes foices.
Tinha uma boca grande escancarada que se estendia até seus ouvidos e
acima disso eram seis olhos cruéis e minúsculos que brilhavam no escuro
da noite.

(Isso é ruim... É meu fim, com certeza. Sayuri...me desculpe.)

Vendo aquela aparência grotesca e forma gigantesca que parecia tocar


as nuvens, Zenitsu estava tão aterrorizado que até seus dentes estavam
rangendo.

Haa, haa, haa, haa, haa, haa, haa, haa, haa, haa, haa, haa — Zenitsu
esqueceu da imagem que uma garota deveria ter e começou a ofegar
alto.

"Você é a filha mais nova daquele velho?"

O demônio perguntou com uma voz áspera.

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Em um piscar de olhos, o coração de Zenitsu saltou para sua garganta.
Ele mal conseguiu suprimir o medo em seu coração e respondeu.

"S... S-s-s-sim...‖

Mas foi incapaz de impedir que suas palavras saíssem de forma


estranha.

"Meu... meu... meu nome é Zenko."

Depois de olhar para Zenitsu...

"Aquele velho maldito. Ele mentiu para mim para proteger sua própria
vida. Como é que essa vadia feia pode ser a mulher mais bonita da
aldeia?‖

O demônio estalou sua língua, furioso.

A fim de se disfarçar de Sayuri, Zenitsu amarrou seu cabelo, apenas um


pouco, então esmagou algumas pétalas vermelhas para fazer suco para
maquiagem. No entanto, ele era um menino disfarçado de menina,
afinal.

Um grande número de demônios caçavam jovens garotas bonitas, este


demônio provavelmente também tinha esse tipo de fetiche. Ele veio
para a frente com impaciência e a decepção de suas esperanças sendo
destroçadas.

Zenitsu tremia como uma folha de medo.

"Tanto faz. De qualquer forma, eu vou matá-lo e comê-lo primeiro.


Então, quando as estações mudarem, essas flores odiosas de glicínia vão
cair, então eu vou comer a esposa daquele desgraçado e as outras duas
filhas na frente dele... Esse é o castigo dele por me enganar.‖

O demônio limpou a saliva vazando de sua boca e disse de uma maneira


ameaçadora.

Sua voz estava cheia de uma alegria maliciosa.

Aquela voz rouca sedenta por sangue era tão gelada que nem um pouco
de calor podia ser sentido.

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O demônio arrogantemente baixou sua voz:

"Primeiro, eu vou usar esta foice para arrancar seus olhos. Então vou
tirar sua língua. Depois—―

"Eeya.......... ".

Por estar muito assustado, Zenitsu finalmente desistiu de pensar.

O som de um fio estalando foi ouvido em seu cérebro e assim, a


escuridão o engoliu...

"Engahh?".

Acordando com o som de algo batendo no chão depois de cair bem alto
foi ouvido, Zenitsu rapidamente olhou aos seus arredores. Então ele
percebeu que o crânio do demônio tinha caído ao lado de seus pés e ele
involuntariamente soltou um grito.

"Kyaa———!!!"

O volume era alto o suficiente para causar um tremor na floresta


montanhosa durante a noite.

Quando Zenitsu saltou para longe dele, ele parecia chutar a cabeça do
demônio, e com um som desconfortável de ser atingido, o crânio rolou
sem parar e o sangue que permaneceu em sua ferida voou por toda
parte.

"Iyaaaaaa—————!!!!!! Não————-!!!!"

Como se o demônio visse algo inacreditável, seus seis olhos o encararam


esbugalhados e ensaguentados. O corte em seu pescoço também era
completamente plano, como se tivesse sido cortado por uma lâmina
afiada.

Assim como um rabanete branco que havia sido cortado.

"O quê?! O quê?! O quê?! Por que morreu de repente? Eu odeio isso!!!!
Eu cansei disso!!!!"

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Zenitsu gritou.

"Por que sua cabeça de repente foi cortada?! Por quê?! É tão assustador!
Eu odeio isso! O que é isso?!"

Ele não conseguia entender a situação.

O demônio foi subitamente decapitado.

E estranhamente, ele estava segurando a espada que estava escondida


nas costas.

O quimono branco puro que ele usava também estava coberto com o
sangue do demônio.

"Alguém me salvou?! Eh, onde você está?! Alguém salvou alguém inútil
como eu?!"

Zenitsu chorou enquanto olhava ao seu redor, mas não conseguia ver e
sinal de outra pessoa.

E então—

(Ah!!)

Ele chegou a uma conclusão.

Só havia uma pessoa no mundo que estaria disposta a dar uma mão para
salvá-lo, certo?

"Jii-chan..."

Lágrimas jorraram dos olhos de Zenitsu novamente.

Era muito provável que Jigoro, que queria trazer Zenitsu de volta, o
salvou das garras do demônio e, depois de entender a situação, decidiu
gentilmente se esconder.

Gratidão e culpa encheram o coração de Zenitsu.

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"Jii-chan... Obrigado... Eu definitivamente encontrarei felicidade com
a Sayuri... Obrigado por cuidar de mim todo esse tempo... Sério... Estou
tão grato por você salvar alguém como eu. Se cuida.‖

Zenitsu guardou sua espada enquanto chorava e se adentrou


profundamente na floresta escura.

Quando Zenitsu desapareceu, uma pessoa segurando uma bengala


começou a se mover entre a grama.

―...— Aquele discípulo idiota.‖

Aquela voz baixa parecia melancólica.

"Eu já disse que você tem o talento que não vai perder para ninguém.
Por que você não entende...?"

Sayuri está esperando por mim.

Sayuri está me esperando lá na frente!

Zenitsu segurou os lírios amarelos que ele arrancou no caminho para o


pé das colinas e estava tão perdido em seus próprios pensamentos que
era quase como se ele estivesse em um sonho.

"Obrigado.......Zenitsu-san, eu gosto de você."

A imagem da expressão em êxtase de Sayuri flutuou em sua cabeça.


―Ufufufufu‖, por um momento, Zenitsu ficou tão envergonhado que
soltou uma risada estranha.

Ele podia ver uma figura usando suas roupas ao lado da estrada.

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"Ah! Sayuri..."

Zenitsu estava prestes a acenar energeticamente, mas parou.

Sayuri não estava sozinha. Ao lado dela estava um jovem simples,


olhando em sua direção com a mesma expressão desconfortável.

"Zenitsu-san... "

"..........."

Lágrimas jorraram dos olhos de Sayuri.

Então, Zenitsu entendeu tudo.

Sayuri percebeu que Zenitsu carregava sentimentos por ela que estavam
além de apenas simpatia e compaixão, e era por isso que ele estava
disposto a tomar seu lugar. No entanto, ela já tinha alguém que amava.

Por causa disso, o som dela soou tão complexo e dilacerante.

Sayuri não enganou Zenitsu voluntariamente.

Ela não mencionou, apenas isso. Porque ela queria viver, porque ela não
queria morrer, ela não tinha escolha a não ser escolher permanecer em
silêncio.

Da última vez, houve uma mulher que enganou Zenitsu para pegar seu
dinheiro e fugiu com o homem que amava, mas Sayuri era diferente
dela.

Ficou claro pelo som.

Mas Zenitsu só queria focar no lado positivo da situação.

Agora, o som dela estava dizendo várias vezes: “Sinto muito, sinto
muito.”

Faria as pessoas quererem chorar...


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(... Não é culpa da Sayuri.)

Ao mesmo tempo em que sentiu sua paixão esfriar, Zenitsu ainda


mostrou um sorriso para a garota. Havia uma dor cortante em seu peito.

"O demônio está morto, você não precisa mais se preocupar."

"O...... Obrigada...... Obrigada."

"Muito obrigado...!!"

O homem também mostrou sua gratidão com sinceridade e estava a


ponto de se ajoelhar e se curvar.

"Nunca esquecerei sua generosidade e compaixão...! Vou embora com a


Sayuri, longe daquele padrasto sem coração dela! Eu realmente
agradeço muito! Caçador de Demônios-sama!!"

(Tão barulhento...! Eu não me esforcei tanto pelo seu bem! Foi tudo
pela Sayuri! Mas, na verdade, quem derrotou o demônio foi o Jii-chan?!
Droga! E esse cara não é bonito, ele é apenas um certinho. Isso me
irrita ainda mais, idiota!!)

Zenitsu chorava lágrimas de sangue dentro de seu coração e ele


furtivamente virou os lírios e os escondeu em suas costas.

"Zenitsu-san... Eu, isso... Desculpa..."

"............."

"De verdade... Eu realmente sinto muito..."

Lágrimas escorreram dos olhos de Sayuri.

O som dela se culpando foi angustiante.

"Sayuri, seja feliz..."

".....Tudo bem."

Sayuri chorou e curvou sua cabeça várias vezes.

No final, os dois voltaram para a aldeia juntos.


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Zenitsu viu os dois desaparecerem com um sorriso no rosto.

"............... Uu, Uu."

Quando só ele foi deixado, as lágrimas fluíram rapidamente.

Dentro de seu campo de visão embaçado, Zenitsu olhou para as flores


que queria dar a Sayuri, perdido.

Lírios amarelos.

Ele lembrou que na linguagem de flores seu significado era...

"Alegria" e "falsidade".

(.......!!)

O peito dele continuou doendo. Zenitsu queria jogar as flores na


estrada... mas no final, ele descartou esse pensamento.

Assim como ele estava tentando segurar suas lágrimas sob a luz da lua,
alguém apareceu ao lado dele.

Sem perceber, Jigoro apareceu.

Esse som era imponente e aterrorizante, mas, ainda assim, muito gentil.

Zenitsu nervosamente abriu a boca:

"... Sobre isso... Jii-chan, eu..."

"Seu idiota!!!"

Com apenas um grito de Jigoro, Zenitsu encolheu de medo.

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"Quantas vezes eu lhe disse e ainda assim você abandonou seu
treinamento e fugiu! Além disso, qual é a dessa roupa estranha?! É
horrível!"

"Ee.... Desculpe!!"

"Sério, é problemático ter um discípulo idiota."

Jigoro suspirou e disse baixinho.

Zenitsu se encolheu de vergonha.

"Mas você não é um simples idiota."

"Ugh......"

"Você é um grande idiota."

".............."

Assim como Zenitsu estava prestes a encolher ainda mais, Jigoro


suavizou seu tom.

"Você é um grande e gentil idiota."

"Jii-chan..."

Zenitsu levantou a cabeça, surpreso e Jigoro imediatamente levantou a


mão e a colocou na cabeça de Zenitsu.

Essa mão era grande e áspera.

Era uma mão que salvou muitas pessoas antes quando ele matava
demônios como um Pilar.

Zenitsu sonhava que ele poderia se tornar assim um dia...

O homem que ele respeitava tinha um par de mãos fortes e gentis.

"Você fez bem. Não só você não abandonou aquela menina, você
também superou seu medo e lutou.‖

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"...Quem a ajudou foi você, Jii-chan, eu não fiz nada.‖

Ouvindo Zenitsu dizer isso de uma forma deprimida, Jigoro fez uma
expressão confusa.

"O quê? Você acha que eu derrotei o demônio?‖

"Eh? Não foi? Quando eu desmaiei, o Jii-chan—"

"Quem derrotou o demônio foi você, Zenitsu."

"Uh......"

Os olhos de Zenitsu se abriram porque ele não conseguia compreender a


situação.

(Eh......? O que isso quer dizer? Não foi o Jii-chan que derrotou aquele
demônio? Por que ele disse que eu o derrotei...? Ehhh?)

Zenitsu ficou confuso, mas ele deduziu que poderia usar ideias
filosóficas para explicar isso.

(Por eu não ter escapado do demônio, o Jii-chan se dispôs a ajudar—


então é o mesmo que eu derrotá-lo? Deve ser isso que o Jii-chan quis
dizer, certo? Mas há muitas coisas omitidas no meio. Eu não entendo o
que ele está dizendo.)

Enquanto Zenitsu tinha suas próprias ideias e continuava acenando para


si mesmo, Jigoro chamou o nome de seu discípulo: "— Zenitsu".

Esse foi o tom imponente que ele usou quando estavam em


treinamento.

"Você sabe o que as pessoas querem dizer com „um bom espadachim‟?"

"Hum... É claro que é alguém que é um espadachim incrível. Assim


como o Jii-chan.‖

Ao ouvir a resposta de Zenitsu, Jigoro parecia ter se sentido um pouco


envergonhado e seu rosto ficou vermelho em um instante.

Ele limpou a garganta e disse:

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"Então que características você acha que um espadachim incrível
precisa ter?"

"Uh... Bom..."

"É compaixão."

Encarando Zenitsu, que estava gaguejando, Jigoro plantou nele essa


ideia.

"Compaixão pode tornar o coração de uma pessoa infinitamente forte.


Uma espada que você balança pelo bem dos outros pode ter um poder
imenso. Você deve se tornar esse tipo de pessoa.‖

Um olhar extremamente gentil apareceu no velho mestre que sempre


parecia estar furioso enquanto ele olhava para seu discípulo que não via
valor em si mesmo.

"Não importa o que aconteça, você deve pensar sobre os fracos e


protegê-los. Isso é algo que só você, alguém que entende o significado
de ser fraco, pode fazer."

"......"

Vendo o olhar suave de Jigoro e ouvindo o encorajamento reconfortante


que lhe foi dado, a parte de trás da garganta de Zenitsu e o canto de
seus olhos ficaram quentes por um momento, a sensação de tristeza
também se construiu em sua cavidade nasal.

"Contanto que você não perca essa compaixão, você definitivamente


pode se tornar um bom espadachim."

"Jii-chan..."

As lágrimas caíram de repente.

"Eu...... Eu......"

"..............."

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De frente para Zenitsu, que estava soluçando incontrolavelmente,
Jigoro apenas gentilmente acariciou seu cabelo loiro.

"..."

Havia também uma lua crescente no céu naquela noite.

"Eu me pergunto como a Sayuri está..."

Os olhos de Zenitsu expressaram felicidade e ele olhou para a flor


amarela balançando ao vento. E então, alguém puxou a manga dele.

Olhando para baixo, ele viu que Nezuko tinha uma expressão infeliz.

Zenitsu foi rapidamente trazido de volta à realidade.

"Ah, desculpe, Nezuko-chan! Eu vou fazer um para você logo.‖

"Uu-!"

"Desculpe, eu me destraí um pouco. Tudo bem, eu vou fazer uma linda


coroa de flores como um pedido de desculpas. Certo, vamos fazer para
o seu irmão mais velho e outra para aquele idiota do Inosuke?‖

Depois que Zenitsu terminou suas palavras de forma alegre, Nezuko


sorriu feliz.

"Un-!"

"Ah ha ha."

Depois de ver o sorriso de Nezuko, Zenitsu não podia deixar de sorrir.

Sayuri deve estar levando uma vida feliz e bem-aventurada com aquele
gentil namorado dela.

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Enquanto ele, como antes, ainda estava fraco, um bebê chorão, covarde
e só podia fugir.

Ele definitivamente não seria capaz de se tornar a lâmina forte que seu
Jii-chan mencionou naquele dia.

Honestamente falando, Zenitsu nem sabia se ele poderia ser


considerado uma pessoa compassiva.

(Mas um dia...)

Eu definitivamente vou—

Enquanto fazia um voto em seu coração, o menino arrancou a flor mais


bonita do campo para a linda garota.

Fim do capítulo 2, “Pelo Bem de Alguém”.


Autor: Aya Yajima & Koyoharu Gotouge
Tradução original: Moko-Chan

Adaptação para o Português: Machi Kuro

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