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Frei Luís de Sousa

Contexto histórico de quando Almeida Garrett escreveu a obra:


- Início do século XIX
- Invasões Francesas
- Fuga da Coroa e da corte portuguesa para o Brasil

Em relação ao conteúdo, Garrett considera a sua obra como uma tragédia, no entanto em
relação ao tema, é um drama escrito em prosa.

Descrição de Frei Luís de Sousa - RESUMO


ATO I (No palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada)
Indicações cénicas:
- luxo e elegância da época
- porcelanas, charões, sedas, flores, etc
- duas grandes janelas donde se avista o Tejo e Lisboa
- retrato de Manuel de Sousa Coutinho vestido com o hábito da ordem de S. João de Jerusalém
- comunicação com o exterior e o interior do palácio.
Dimensão simbólica:
- a família vive em paz e aparente harmonia;
- o retrato de Manuel de Sousa Coutinho transmite a serenidade da sua personalidade
- o incêndio e a consequente destruição do seu retrato tornar-se-ão um prenúncio da catástrofe
final.

ATO II (Palácio de D. João de Portugal, também em Almada)


Indicações cénicas:
- salão antigo de gosto melancólico e pesado
- retratos de família e, em lugar de destaque, os de D. Sebastião, D. João de Portugal e de
Camões
- reposteiros que impedem a vista para o exterior e a luz
- comunicação com a capela da Sra. Piedade
Dimensão simbólica:
- a ausência de luz pressagia a catástrofe final – o círculo fechado em que as personagens vão
ficando encerradas, entregues à sua própria angústia, separadas do mundo e da luz,
empurradas inevitavelmente para um beco sem saída.
- os retratos, para além do carácter nacionalista que transmitem (D. Sebastião, Camões),
evocam um passado extinto mas ameaçador, que inviabiliza o presente e, também, o futuro
- a comunicação com a capela da Senhora da Piedade indicia já o final trágico e demolidor do
Ato III, que aí ocorre.

ATO III (Parte baixa do palácio de D. João de Portugal)


Indicações cénicas:
- lugar vasto e sem ornato algum
- comunicação com a capela da Sra. Da Piedade
- decorado com símbolos de morte (esquife) e de dor (cruz, característicos da semana santa)
- existência de um hábito religioso.
Dimensão simbólica:
- o espaço é símbolo da morte e da impossibilidade de a superar
- a única saída para uma família católica que assume as suas convicções religiosas e sociais de
forma clara e rígida é a renúncia ao mundo e à luz (uma espécie de descida aos infernos).

Caracterização das personagens


D. Madalena
- já casou uma vez e agora está casada com M. S. C.
- tem uma filha, Maria
- medrosa e angustiada com os agoiros de Telmo
- feliz com o seu segundo casamento
- tinha uma relação de grande respeito por D. João de Portugal
- mãe preocupada perante a chegada de D. João de Portugal mostra grande preocupação com
a filha. Também se preocupa sobre a doença da filha e sobre a sua precocidade e crenças
- fraca, influenciável e obsessivamente centrada na felicidade familiar. Personagem romântica
- dominada pelo destino e impotente contra o fatalismo
Maria
- menina nobre
- inteligente e perspicaz
- patriota e bastante culta
- era considerada uma menina muito precoce, madura e adulta para a sua idade, apenas 13
anos
- encontrava-se doente e débil e teve por isso uma morte muito jovem, sendo a única
personagem a morrer no decorrer da obra
- sentia-se insegura pois achava que o pai quereria um filho e não uma filha: daí todo o seu
esforço para estudar e demonstrar que conseguia fazer tudo aquilo que um rapaz fazia
- era nacionalista pois opunha-se ao domínio filipino e defendia a nacionalidade portuguesa de
seu pai
- sebastianista, uma vez que defendia o regresso de D. Sebastião num “dia de névoa muito
cerrada”, dizendo assim que morto ele não estava
- era também uma personagem marcada pelo pecado pois teria sido fruto de um amor proibido
entre Madalena e Manuel
- representava a impossibilidade de viver sem amor (neste caso, de seus pais)

Manuel de Sousa Coutinho


- homem nobre, fidalgo
- bom português casado com D. Madalena. Também bom pai
- vivia de consciência tranquila em relação a toda a situação que rodava sobre D. João de
Portugal
- era íntegro e consciente das suas decisões
- cavaleiro de Malta
-insensível às inquietações e desassossego da esposa
- mostrava-se desapegado dos bens materiais sendo que pegou fogo a todo o seu palácio com
bastante “facilidade”
- aceita bem a sua entrada na vida religiosa
- culpabiliza-se mais tarde pela morte de sua filha e pela destruição da mesma e de sua mãe
Frei Jorge
- irmão de M. S. C.
- dominicano
- personagem que impõe uma certa racionalidade, tentando manter o equilíbrio no seio da
família angustiada e desfeita
- justo e coerente
- como padre, é confidente de D. Madalena. Apaziguando irmão, consolando-o no fim

D. João de Portugal
- é o Romeiro
- um homem nobre
- amava muito D. Madalena, sendo o seu primeiro marido
- pessoa determinada, porque queria chegar a Almada no dia em que fazia anos que tinha
casado
- M. S. C. considerava-o um “honrado fidalgo e um valente cavaleiro”
- regressa ao fim de vinte anos de ausência, na figura de Romeiro
- feito cativo em Alcácer Quibir e prisioneiro, em Jerusalém, durante vinte anos
- no fim, pede a Telmo que diga que o Romeiro é um impostor e aldrabão
- no final da obra, mostra assim ser um homem bondoso e sensível

Telmo
No princípio (1/2)
- escudeiro
- no princípio não acreditava na morte de D. João
- não aceitou o 2º casamento de Madalena
- “não podia ver” Maria
- mais tarde, afeiçoou-se a ela, ensinou-a a ler e ensinou-a a ler e ensinou-lhe muitos outros
temas
- perturbava Madalena com os seus agoiros
- homem patriota
No fim (2/2)
- assume que no fim preferia que o seu antigo amo não voltasse
- gosta mais de Maria
- considera-a sua filha
- está sempre à cabeceira de Maria
- inicialmente considerava Manuel de Sousa Coutinho como intruso. No entanto passa a admirá-
lo como patriota que tudo sacrifico
- também era uma personagem sebastianista que sempre duvidou da morte do seu amo
- comentador crítico do comportamento de D. Madalena
- no fim, fica só e sem ninguém, sem a família à qual estava ligado por laços afetivos

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA TRAGÉDIA CLÁSSICA

Hybris – Erro trágico, desafio, lançado consciente ou inconscientemente contra normais /


entidades superiores ao indivíduo / destino
- Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena desafiaram o destino casando sem saber se D.
João de Portugal estava mesmo morto – desafio.
Pathos – Aflição crescente do(s) protagonista(s)
- D. Madalena estava em sofrimento constante – sofrimento
Peripécia – Súbita mutuação dos acontecimentos
- chegada de Romeiro – alteração repentina
Anagnórise – Desvendar da identidade de uma personagem
- Romeiro afinal é D. João de Portugal – reviravolta
Climax – Culminar da tensão dramática
- quando o Romeiro diz que traz notícias da terra santa – maior tensão
Catástrofe – Aniquilamento das personagens
- A miúda morre e ambos os pais se separam para conventos e nunca mais se vêm – destruição
das personagens
DEIXIS

São palavras e expressões que remetem para referentes específicos do ato enunciativo.
Assinalam o sujeito enunciador e o sujeito a quem se dirige o ato enunciativo (deíticos pessoais),
o tempo da enunciação (deíticos temporais) e o espaço da enunciação (deíticos espaciais).
Deíticos pessoais – A quem se dirige
- Pronomes pessoais (eu, me, mim, te, ti, você, nós, nos)
- Pronomes e determinantes possessivos (meus, minhas, teus, vossos, nossos, deles…)
- Marcas de flexão verbal referentes à pessoa e ao número (cantamos, comes, arrumei…)
- Constituintes com a função sintática de vocativo (Já te chamei, Luís.)

Deíticos temporais – Marcas de tempo, tanto passado como presente ou futuro


- Advérbios e locuções adverbiais de valor temporal (hoje, agora, depois, no dia seguinte…)
- Tempos verbais
- Alguns adjetivos (atual, contemporâneo, futuro…)
- Alguns nomes (véspera, século, sábado…)

Deíticos espaciais – Marcas de localização no espaço


- Advérbios e locuções adverbais de valor locativo (aqui, ali, aí, à frente…)
- Pronomes e determinantes demonstrativos (este, esse, aquele aquilo…)
- Alguns verbos que indicam movimento (entrar, sair, ir, vir, chegar, aproximar-se…)
ORAÇÕES SUBORDINADAS E COORDENADAS
Coordenação
- Coordenada Copulativa – “Li esse livro, e gostei”
- Coordenada Adversativa – “Comprei esse livro, mas não o li”
- Coordenada Disjuntiva – “Vejo o filme ou leio o livro?”
- Coordenada Conclusiva – “A letra do livro é muito pequena, logo a leitura torna-se cansativa”
- Coordenada Explicativa – “Li com dificuldade este livro, pois tem uma linguagem complexa”

Subordinação
Adverbiais
- Causais – “Gosto de Lisboa, porque é alegre”; “Como nasci em Lisboa, é a minha cidade”
- Temporais – “Dá um passeio, quando puderes”; “Até anoitecer, fico aqui”
- Condicionais – “Se a água está gelada, não mergulho”; “Se fores ao Guincho, vês surfistas”
- Concessivas – “Embora não vá viajar, estou ansiosa pelas férias”
- Comparativas – “Gosto mais de andar de bicicleta do que de andar a pé”
- Consecutivas – “Choveu tanto que houve inundações”
- Finais – “Vamos ao castelo, para veres Lisboa”; “Vou a casa¸para me poder arranjar”

Substantivas
- Coletivas – “Ela promete que vinha.”, “Admiro-me que ela ainda não tenha chegado.”

Adjetivas
Relativas Restritivas – “Viste aquela camisola que está na montra?”
Relativas Explicativas – “Frei Luís de Sousa, que foi escrito por Garrett, é uma obra fantástica.”

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