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Frei Luís de Sousa (resumos)

Características do texto dramático


Texto principal:
o Falas das personagens;
o Acontecimentos, situações ou ações, que surgem num certo espaço ou tempo;
o Desenvolve-se, fundamentalmente, em diálogo (entre personagens), monólogo (apenas
uma personagem) ou apartes (interação entre uma personagem com o leitor/espectador).
Texto secundário:
o Didascálias;
o Inclui as indicações cénicas (informações fundamentais à representação do texto
principal);
o Contém informações fornecidas a quem está responsável pela representação das
personagens e do cenário e às próprias personagens, como:
- identificação das personagens;
- caracterização física e psicológica dos interlocutores;
- o modo como as falas devem ser expressadas;
- caracterização do espaço e do tempo;
-…

Frei Luís de Sousa - estrutura


Frei Luís de Sousa tem 3 atos:
Ato I  12 cenas
Espaço: Decorre no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada, numa “câmara
antiga”, onde, na cena I, Madalena se encontra a ler (“Os Lusíadas”, comparando-se a Inês de Castro).
Tempo: A ação situa-se no final do séc. XVI e início do séc. XVII, como podemos perceber
por algumas referências cronológicas.
Ato II  15 cenas
Espaço: Passa-se no palácio de D. João de Portugal, também em Almada, num “salão antigo,
com grandes retratos de família”, e os de D. Sebastião, Camões e de D. João de Portugal.
Tempo: 8 dias se passaram entre o Ato I e o Ato II.
Ato III  12 cenas
Espaço: Desenrola-se na “parte baixa do palácio de D. João de Portugal…” e na Capela da
Senhora da Piedade que com ela comunica.
Tempo: Passaram-se horas desde o segundo ato.
Exposição: cenas I e II do Ato I;
Conflito: a partir da cena III do Ato I até à cena IX do Ato III;
Desenlace: cenas X e XI do Ato III.
O tempo e o espaço na obra
Tempo: Passaram-se 7 anos entre a morte do primeiro marido e, também, o casamento com o
segundo (14 anos). Devido aos acontecimentos neste famoso dia, a sexta-feira tem um significado
muito forte para Madalena. O seu casamento, a funesta batalha e o conhecimento com Manuel
(segundo marido) caem no mesmo dia do ano, e é, também, neste dia que o seu primeiro marido
regressa. Consequentemente, este dia (dia do regresso) é uma data especial para o Romeiro. Assim, as
figuras evidenciam um sentimento desta fatalidade de datas e espaços de tempo; sentem medo da
“hora fatal” e do “dia fatal”.
Espaço: O Ato I passa-se no palácio de Manuel, no entanto, o segundo e o terceiro ato
passam-se no palácio de D. João de Portugal, devido ao desaparecimento do antigo palácio (Manuel
incendiou-o devido a intrigas). Esta mudança de espaço vem transformar memórias em
pressentimentos, devido a quem esse palácio pertencia (primeiro marido de Madalena, que mais tarde
vai regressar), ou seja, vem reavivar o passado. O espaço anuncia a desgraça que se aproxima, tem
uma ação opressiva, fatal.

Personagens
São em número reduzido e de condição social elevada, tal como é habitual na tragédia
clássica.
Neste drama, o protagonista é a família, constituída por: Manuel de Sousa Coutinho, D.
Madalena de Vilhena e Maria de Noronha (filha de ambos).
Manuel de Sousa Coutinho: É um nobre patriota, desapegado dos bens materiais, que valoriza
a honra e a coragem. Prevalece nele um caráter racional, por mais que tenha sido observada alguma
emotividade no momento em que incendeia o seu próprio palácio (símbolo de patriotismo e liberdade,
impede os governadores de Espanha de se instalarem em sua casa) e no início do Ato III, quando fala
com Frei Jorge (seu irmão).
D. Madalena: É dotada de grande densidade psicológica, isto é, vive em conflito interior
intenso, o que faz dela uma personagem modelada (nota-se uma mudança no seu comportamento ao
longo dos acontecimentos). Enquanto o seu primeiro marido, D. João, era vivo, amou Manuel, por
isso sofre, perseguida por esse pecado, acreditando que a sua felicidade não vá durar.
Maria: É uma criança doente (tuberculose), precoce e de uma inteligência invulgar, sensível e
intuitiva (prevê o futuro e tem curiosidade em saber mais do passado). É símbolo do presente, perante
o resto das personagens que vivem presas ao passado.

Romeiro (D. João de Portugal): Está presente fisicamente, apenas a partir do segundo ato, no
entanto tem uma presença constante no espírito de Telmo e de D. Madalena. Surge austero e
vingativo, quando se apercebe que a sua esposa está casada, no entanto, arrepende-se por ter achado
que, mesmo vinte anos depois do seu desaparecimento, encontraria a mesma situação que deixara
quando partiu e tenta corrigir o mal que o seu regresso causa.
Telmo Pais: Antigo aio de D. João de Portugal, dedica-lhe um enorme regresso, que faz com
que deseje o seu regresso; no entanto, quando isso acontece, descobre que o seu amor por Maria se lhe
sobrepõe e lamenta o seu regresso, pois isso implica a separação da família e, sobretudo, o sofrimento
de Maria.
Frei Jorge: Irmão de Manuel de Sousa Coutinho, é confidente e conselheiro da família.

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