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ESTRUTURA INTERNA
Exposição
Através das falas das personagens tomamos conhecimento dos antecedentes da ação que explicam
as circunstâncias atuais; conhecemos igualmente as personagens e as relações existentes entre elas.
Conflito
Desenrolar gradual dos acontecimentos, em que se vivem momentos de tensão e de expetativa –
desde o conhecimento de que os governadores espanhóis escolheram o palácio de Manuel de Sousa
para se instalarem até ao reconhecimento do Romeiro (Clímax) – e que desencadearam uma série de
peripécias.
Desenlace
Desfecho motivado pelos acontecimentos anteriores – dá-se a consumação da tragédia familiar em
que Maria morre e os seus pais se veem obrigados a separar-se, morrendo um para o outro assim
como para a vida terrena.
O que são indícios trágicos? Os indícios trágicos são sinais da fatalidade que se avizinha ou
pressente.
Indícios trágicos
O Romantismo vs. Tragédia Clássica
• Sebastianismo
Na obra Frei Luís de Sousa, segundo indicado pelo próprio autor • agouros e presságios
em Memória ao • os retratos de Manuel e de
Conservatório Real, existem dois estilos facilmente identificáveis D. João de Portugal
que convergem, o • a história dos condes de
romantismo, do que são característicos os “dramas” e a tragédia Vimioso
clássica, que é trazida deste o tempo dos gregos, cuja principal • a doença de Maria
característica se prende no facto de, sobre alguém que não tem
culpa (não fez nada) cair uma tragédia (desgraça) de forma que o
público sinta o efeito de catarse
- O erro de D. Manuel e D. Madalena em casar (sem saber se realmente D. João de Portugal estava
morto)
- Telmo, o fiel escudeiro da família, entra em cena e ambos discutem sobre Maria,
filha de D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho, afligindo-a com recordações do passado.
- Telmo confessa-se um crente no regresso de D. João e justifica a sua credulidade pelas palavras de
uma carta escrita por este onde garantia que “vivo ou morto” haveria de voltar.
- Madalena pede a Telmo que não fale a Maria assuntos relacionados com a batalha e D. Sebastião… e
ele promete que não lhe dirá nada.
- Esboça-se um pequeno conflito de Maria com o pai e com a mãe, pois ambos não aceitam ouvir falar
do regresso de D. Sebastião. Isto causa estranheza em Maria
- Na cena XI Manuel refere o acontecido com seu pai e põe a hipótese de lhe acontecer algo
semelhante, é uma prolepse () ou antecipação da desgraça que irá acontecer.
- Manuel mostra-se um herói clássico, racional, o homem presente, o patriota, de consciência limpa,
nada teme e para ele não há razões que justifiquem não mudar para o palácio que fora de D. João.
- Madalena age pelo coração, é modelo da heroína romântica, assustada, ligada ao passado cheia de
pressentimentos e crente que vai morrer, infeliz, naquela casa.
Prolepse:
Analepse:
Anagnórise: passagem da ignorância para o conhecimento;
- O incêndio do palácio provocou impressões diferentes entre Maria e Madalena, Maria ficou fascinada,
Madalena ficou doente, aterrorizada, cheia de pesadelos, e
liga o incêndio à perda do marido, consequência da destruição do retrato (premonição)
- Maria conhece dois dos três retratos, mas quer confirmar o de D. João de Portugal. Em analepse,
recorda o que ocorreu oito dias antes e que tanto perturbou a mãe, deixando-a doente. As atitudes
estranhas da mãe perante o retrato deixaram Maria curiosa.
- Telmo altera a sua posição face Manuel de Sousa depois do incêndio: antes admitia as suas
qualidades, mas não o admirava; agora admira-o pelo seu patriotismo e lealdade.
- Maria confessa ao pai as suas capacidades intuitivas: já sabia a identidade do retrato sem ninguém
lhe ter dito;
- Pai e filha conversam sobre a vida e esta confessa que com aquela capa parece um frade.
(premonição)
- D. Madalena sempre respeitou D. João, mas nunca o amou; em contrapartida, conheceu Manuel de
Sousa quando ainda D. João era vivo, amou-o e ama-o.
E por isso considera-se uma pecadora,
Também
- Maria quer acompanhar o pai a Lisboa; quer conhecer a tia Joana (é a Manuel e Madalena
abadessa que se separou do marido, para ambos professarem)
vão separar-se e
- Frei Jorge começa a sentir que alguma desgraça está para acontecer. professar
- Madalena confessa a Jorge que HOJE é o dia da sua vida que mais tem receado.
Importante:
No segundo ato há uma analepse pequena entre a Maria e o Telmo dando a entender que o incendio já
foi há 8 dias;
Na cena I, deste ato, percebe-se um afunilamento do espaço e a perda de luz (alegria)
Na cena III, Manuel de Sousa Coutinho diz a Maria que o misticismo não existe
- Manuel de Sousa, que até aqui nos apareceu como um homem racional e decidido, apresenta-se
agora, emotivo e atormentado sobretudo em relação ao destino de Maria: chega a afirmar que prefere
vê-la morta pela doença que a consome do que por vergonha pela situação de ilegitimidade em que
agora se encontra.
- O Romeiro encontra-se a sós com Telmo (que, entretanto, volta com Maria e D.
Manuel) e este imediatamente reconhece o antigo amo, mas a sua lealdade não é
certa (entre D. João e Maria, a sua nova ama apesar de ter criado ambos); o
Romeiro pede-lhe que minta por ele, que diga que é um impostor, que salve a
família (momento em que a audiência acredita que possa haver salvação);
- Telmo encontra-se em conflito interior: deve ficar ao lado do seu "filho", D. João
de Portugal, ou da sua "filha", Maria? Dividido entre a fidelidade ao passado e o amor ao presente,
ofereceu a sua vida a Deus em troca da vida de Maria.
- Telmo vai pedir conselhos a Frei Jorge, que lhe diz que, se tem a certeza ser D.
João, a verdade não deve ser escondida (mostra uma faceta obediente e inflexível
desta personagem)
- Alienada pela febre, em delírio, exprime-se de forma violenta, mostrando uma profunda revolta
contra o mundo, contra Deus, contra a sociedade hipócrita que não permite a dissolução do
casamento, transformando assim, em filhos ilegítimos
aqueles que são apenas vítimas de atos que lhe são alheios.
- Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de desgosto (de ser filha
ilegítima; de tuberculose) e os pais (D. Madalena e D. Manuel) vão para um
convento (a religião como consolação), tornando-se D. Manuel, Frei Luís de
Sousa
Personagens
Madalena
• romântica e sentimental vive o amor por Manuel de Sousa de forma intensa
• simbolicamente ligada à figura bíblica com o mesmo nome conotada com o pecado
• dedicada e zelosa do bem-estar da filha a quem tenta proteger de quaisquer influências
perturbadoras
• associada ao amor trágico através da aproximação a Inês de Castro (ato I, cena I)
• Vulnerável e dominada pelas lembranças do passado, pelo remorso (de ter amado Manuel
ainda em vida de D. João), pela culpa e pelo sentido de dever que a impedem de ser plenamente
feliz
• dominada pela angústia e pelos temores constantes
• crente em pressentimentos e agouros, que a atormentam.
Maria
• Figura idealizada sugerida como um anjo e detentora de capacidades sobrenaturais
• heroína romântica ligada à beleza e à perfeição
• frágil sensível pura e bondosa
• culta inteligente e perspicaz
• defensora de ideais patrióticos, partilhados com o pai, da fraternidade e da justiça social
• sebastianista por influência de Telmo
• objeto da atenção e da preocupação dos restantes personagens
• Vítima de doença (tuberculose), do erro dos pais e das convenções sociais, que determinam a
sua ilegitimidade após o regresso do primeiro marido de Madalena
Telmo
• Escudeiro honrado e dedicado à família da Madalena
• fiel a D. João de Portugal e convencido do seu regresso
• crente em agouros e profecias e sebastianista convicto por associação da figura de dom
Sebastião a do seu primeiro amo
• Dedicado a Maria e extremoso na sua proteção
• confidente e conselheiro de Madalena e de Maria
• comentador da ação, em especial por meio dos seus apartes
• Vítima de um conflito interior entre o amor a Maria (O Presente) e o amor a D. João de Portugal
(o passado).
Frei Jorge
• confidente de Maria
• sereno e ponderado, aconselha e consola a família.