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PORTUGUÊS

“Frei Luís de Sousa” – Almeida Garrett


Estrutura externa e interna da obra
 Estrutura externa  Estrutura interna
 Constituído por 3 atos  Exposição – cenas I a IV (Ato 1)
 1º e 3º atos constituídos por 12  Conflito – cenas V (Ato 1) até à cena IX (Ato 3)
cenas  Desenlace – cenas X a XII (Ato 3)
 2º ato constituído por 15 cenas

Personagens
 D. Manuel de Sousa Coutinho
 Homem culto, racional e cavalheiro
 Nobre cavaleiro de Malta, pai terno, bom marido
 Corajoso, audaz, patriota e nacionalista
 Fidalgo e bom português
 Revela-se ingénuo e pouco perspicaz

 D. Madalena de Vilhena
 Nobre e culta
 Sentimental, apaixonada, frágil e romântica
 Supersticiosa, pessimista, cautelosa e insegura
 Culpada pelos remorsos da vida passada
 Ligada aos amores infelizes de Inês de Castro

 Telmo Pais
 Escudeiro de famílias poderosas
 Sebastianista
 Aio de D. João de Portugal
 Amigo e confidente de D. Madalena

 Maria de Noronha
 Personagem principal
 Muita frágil e instável
 Apresenta uma faceta Sebastianista
 Curiosa, perspicaz e inteligente
 Doente, sofria de tuberculose

 D. João de Portugal
 Nobre
 Cavaleiro, austero e corajoso
 Patriota e ligado a D. Sebastião

 Frei Jorge
 Irmão de Manuel de Sousa Coutinho
 Representa a autoridade da Igreja
 Confidente de Madalena

Linguagem e estilo
 Presença de registos formais e informais
 Diálogos vivos: frases curtas, palavras soltas, suspense e presságios
 Vocabulário corrente e acessível
 Vocábulos em desuso no séc. XIX, conferindo ao discurso um tom epocal do séc. XVI
 Vocabulário próprio da expressão de sentimentos e emoções
 Uso do diminutivo com caráter afetivo
 Interjeições e locuções interjetivas
 Repetições frequentes
 Pontuação expressiva
 Pausas
A dimensão trágica

 Apesar de, em termos de género literário, a obra ser um drama romântico, o próprio Garrett reconheceu que
a peça tem uma natureza trágica
 A principal razão pela qual a peça é um drama romântico, é o facto desta não se reger por normas rígidas, o
que sucede com a tragédia

 Tempo e espaço em Frei Luís de Sousa


 Espaço
o Ato 1 (palácio de Manuel de Sousa Coutinho) – envolve um espaço amplo e aberto e decorado,
relacionando-se com alguma felicidade vivida naquele local
o Ato 2 (palácio de D. João de Portugal) – espaço mais fechado, sombrio e melancólico, não tem janelas
e há grandes retratos de família, lembrando o passado
o Ato 3 (parte baixa do palácio) – o espaço é ainda mais fechado e subterrâneo, não havendo portas
nem janelas. A decoração é mínima, existindo apenas um altar e uma cruz, símbolos do sacrífico e
morte
o Á medida que a ação avança e se torna mais trágica, o espaço é mais fechado e opressivo
 Tempo
o Frei Luís de Sousa não respeita a lei de unidade de tempo, visto que a ação decorre num período de 8
dias e não de 24h
o Há também alusões recorrentes à Batalha de Alcácer Quibir que teve lugar 21 anos antes dos atos 2 e
3
 Características da tragédia
 Nº reduzido de personagens e o facto destas terem um caráter nobre e serem de condição social elevada
 Tom grave e sério no tratamento do assunto e na linguagem usada
 O final funesto (catástrofe) no qual desembocam os acontecimentos
 A presença de elementos da tragédia clássica
 Existência de presságios que anunciam uma catástrofe

 Indícios de um final trágico em Frei Luís de Sousa


 Possível regresso de D. Sebastião e a vinda de D. João
 Sintomas da grave doença de Maria
 Mudança da família para o palácio de D. João
 Simbologia do 3 e do 7
 Referência à sexta-feira como dia fatal

 Elementos da tragédia
 Hybris – desafio à ordem instituída e às leis divinas ou humanas
 Ágon – conflito entre personagens ou conflito interior de uma personagem
 Peripécia – mudança súbita no rumo dos acontecimentos
 Anagnórise – reconhecimento
 Ananké – força do destino
 Pathos – sofrimento
 Clímax – ponto culminante
 Catástrofe – desenlace trágico
 Catarse – terror e piedade sentidos pelo espectador
O Sebastianismo: história e ficção

 O Sebastianismo é uma crença portuguesa que se inicia com o desaparecimento do rei D. Sebastião em
Alcácer Quibir. Como o corpo do rei nunca foi encontrado, alguns acreditavam que D. Sebastião poderia estar
vivo e que um dia regressaria para salvar Portugal, libertando-o do domínio espanhol
 Em Frei Luís de Sousa, o Sebastianismo associa-se ao patriotismo
 As personagens centrais são patriotas que assumem diferentes atitudes face à esperança no regresso de D.
Sebastião:
o Maria e Telmo anseiam pela chegada do rei, que segundo eles, libertará Portugal
o Manuel de Sousa Coutinho e Madalena, apesar de patriotas, inquietam-se com a ideia de regresso de
D. Sebastião, visto que a associam ao eventual regresso de D. João, 1º marido de Madalena
 O Sebastianismo é perspetivado negativamente em Frei Luís de Sousa, visto que esta crença condena o povo
à inação, não permitindo a mudança necessária
A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica

O "velho" O "novo"
Portugal Portugal -Reino aprisionado,
- Portugal do passado
integrado na
que desaparece com a
monarquia espanhola,
perda da
e que se encontra
independência
moribundo

Personagens Personagens
representantes: representantes
D. João de Portugal Manuel de Sousa
D. Sebastião Coutinho
Luís de Camões D. Madalena
Maria
Espaço Espaço
representativo: representativo:
Palácio de D. João Palácio de Manuel de
(pesado e antigo) Sousa Coutinho
(incendiado)

Elementos que o Elementos que o


simbolizam: simbolizam:
Retratos na sala do Retrato de Manuel de
palácio de D. João Sousa Coutinho
(destruído)

 Telmo – uma personagem dividida


 Fidelidade ao “velho” Portugal: mantém a fidelidade e estima por D. João, guarda recordações do seu amigo
Camões e anseia pelo regresso de D. Sebastião
 Por outro lado, Telmo estima Madalena e Maria e receia o efeito que o regresso de D. João possa ter na
família
 Assim, para Telmo e para Portugal trata-se de um conflito de harmonização impossível
 Esta personagem representa a encruzilhada em que Portugal se encontra
Resumo da história
ATO 1

 O ambiente leve e exótico revela o estado de espírito da família (feliz no geral);


 Inicia-se um ato com um excerto d’Os Lusíadas, mais precisamente o excerto de Inês de Castro, em que afirma que o
amor cega e condena a alma ao sofrimento; este excerto é lido por D. Madalena de Vilhena, mulher de Manuel de
Sousa Coutinho;
 Telmo, o fiel escudeiro da família, entra em cena e ambos discutem sobre Maria, filha de D. Madalena e Manuel de
Sousa Coutinho;
 Os medos de D. Madalena em relação ao regresso do ex-marido (D. João de Portugal, que nunca regressou da batalha
de Alcácer-Quibir) refletem-se na proteção da sua filha em relação ao Sebastianismo (se D. Sebastião voltasse, o seu ex-
marido também podia), um tema na altura muito discutido;
 Maria é considerada muito frágil (doente; possui tuberculose não diagnosticada), e Telmo, que já fora escudeiro de D.
João, incentiva-a a acreditar no Sebastianismo, o que ela abraça fortemente apesar do o desaprovar sua mãe;
 Por fim chega D. Manuel, que informa as personagens da necessidade de movimentação daquela casa, porque os
“governantes” (na altura Portugal estava sob o domínio espanhol) viriam e desejavam instalar-se em sua casa;
 O ato acaba com D. Manuel a incendiar a sua própria casa, como símbolo de patriotismo, incendiando também um
retrato seu (simboliza o inicio da destruição da família), movendo-se a família para o palácio de D. João de Portugal
(apesar dos agouros de D. Madalena)

ATO 2

 O ambiente fechado, sem janelas, com os quadros grandes das figuras de D. João, Camões e D. Sebastião revelam uma
presença indesejada e uma família mais abatida (algo está para vir);
 D. Madalena apresenta-se muito fraca; com a chegada de D. Manuel (que teve de fugir devido à afronta aos
governantes) e a indicação de que estes o tinham perdoado, D. Madalena fica mais descansada, mas ao saber por Frei
Jorge, que este terá de partir para Lisboa para se apresentar, fica de novo desassossegada;
 D. Manuel parte para Lisboa na companhia de Maria e Telmo, deixando em casa D. Madalena e Frei Jorge;
 Aparece um Romeiro que não se quer identificar ao princípio, mas dá indícios de ser D. João de Portugal, que voltaria
exatamente 21 anos depois da batalha de Alcácer-Quibir (7 para procurar o corpo + 14 casamento de D. Madalena e D.
Manuel)

ATO 3

 Um ambiente muito fechado, representando a falta de saída da família que, caso o romeiro fosse D. João, estaria
perante um casamento (D. Madalena e D. Manuel) e uma filha (D. Maria) ilegítimos (a morte era a única forma de
“divórcio”);
 O Romeiro encontra-se a sós com Telmo e este imediatamente reconhece o antigo amo, mas a sua lealdade não é certa
(entre D. João e Maria, a sua nova ama apesar de ter criado ambos); o Romeiro pede-lhe que minta por ele, que diga
que é um impostor, que salve a família (momento em que a audiência acredita que possa haver salvação);
 Telmo vai pedir conselhos a Frei Jorge, que lhe diz que, se tem a certeza ser D. João, a verdade não deve ser escondida
(mostra uma faceta obediente e inflexível desta personagem)
 Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de desgosto (de ser filha ilegítima; de tuberculose) e os pais (D.
Madalena e D. Manuel) vão para um convento (a religião como consolação), tornando-se D. Manuel, Frei Luís de Sousa.

“Amor de Perdição” – Camilo Castelo-Branco


Estruturas externa e interna

 Estrutura externa  Estrutura interna


 Constituído pela introdução, 20  “Amou, perdeu-se e morreu amando” - Introdução
capítulos e uma conclusão  “Amou” – capítulos I a IX
 “Perdeu-se” – capítulos X a XX
 “Morreu amando” – conclusão
Personagens
 Simão (herói romântico)
 Jovem (16-18 anos), belo, vigoroso e atraente
 Rebelde, individualista, luta contra as normas impostas pela sociedade
 Nobre de carácter, com valores bem definidos
 Possui três fases distintas:
o Quando desconhece o amor
 Rebelde e marginal
 Mau estudante
 Violento nas suas ações
o Quando conhece o amor
 Convertido à ordem instituída (torna-se um estudante exemplar)
 Sincero, fiel, amante dedicado e com veia poética
o Quando nada espera do amor
 Revoltado contra a sociedade
 Honrado e digno
 Individualista e egoísta

 Teresa (heroína romântica)


 Jovem (15-17 anos) bela e bem-nascida
 Aparentemente frágil, atua de forma inflexível, rompe com a família e com a sociedade, na defesa do seu
amor
 Assertiva e obstinada
 Mártir: prefere a clausura e a morte a ceder a um casamentado forçado pelo seu pai

 Mariana
 Jovem (24 anos) pobre com um rosto belo e triste
 Nobre de sentimentos, ama silenciosamente Simão
 Confidente e moderadora de impulsos passionais
 Mensageira, facilita a troca de correspondência entre Simão e Teresa, anulando-se face ao seu próprio amor

 Domingos Botelho e Tadeu de Albuquerque


 Conservadores: o antagonismo entre as duas famílias é motivado por um preconceito de honra social
 Egoístas e inflexíveis, que preferem perder os filhos à dignidade social
 Oponentes

 Baltasar Coutinho
 Opõe-se ao herói pelo conjunto de defeitos que o caracterizam:
o Presunção, vaidade e cinismo
o Covardia e insensibilidade ao próprio amor

 João da Cruz
 Honrado e bondoso
 Homem do povo e corajoso
 Oportuno, lúcido e estratégico
 Adjuvante – família acolhedora
Linguagem e estilo
 Linguagem
 Léxico corrente
 Recursos ao pretérito perfeito e imperfeito
 Anteposição do verbos aos restante constituintes da frase
 Escassez de adjetivos
 Frases curtas
 Metáforas e ironias

 Estilo
 Cartas (género epistolar)
o Forma de comunicação entre Simão e Teresa (tom confessional; linguagem sentimentalista)
 Diálogos
o Conferem verosimilhança à ação (linguagem adequada ao estatuto social, permitindo a sua
caracterização)
 Concentração temporal da ação
o Ritmo acelerado (capítulo I – 35 anos) e abrandamento do ritmo (capítulos II-XX – 7 anos e conclusão –
10 dias)
 Narrador
o Presença viva na história (dialoga, intervém, opina, comenta e critica)

A obra como crónica da mudança social


 Época de escrita e de ação da obra
 Amor de Perdição é uma novela escrita em 1861, em pleno romantismo, e representa os princípios do
liberalismo que vingaram em Portugal: liberdade igualdade e justiça
 Os episódios do amor de Teresa e Simão decorrem no início do século XIX e a novela retrata os valores do
Antigo Regime, mas também as novas ideias do Liberalismo

 Sinais de mudança social em Amor de Perdição

Valores e costumes do Antigo regime Sinais da mudança

 Retratam-se e criticam-se aspetos do Antigo  O embate entre a geração de Simão e de seus


Regime: pais representa o confronto entre os valores do
o Desigualdades sociais que diferenciam os Antigo Regime e do Liberalismo e Romantismo:
nobres do povo o Defesa da liberdade individual
o As presunções de honra e as “falsas o Desdém pelas hierarquias sociais
virtudes” o Valorização do amor e da nobreza de
o O poder patriarcal carácter
o Casamentos por conveniência o Emancipação da mulher
o Valorização excessiva do dinheiro o Luta por um mundo melhor, onde
o Os comportamentos mundanos do clero imperem a igualdade e a justiça

A construção do herói romântico

 A figura do herói romântico


 Personagem de exceção
 Tem uma imensa energia e forte determinação
 Revela sensibilidade romântica
 Luta por um mundo melhor, pela liberdade e pela igualdade
 Rejeita os valores instituídos pela sociedade
 Vive numa crise interior por não cumprir as suas aspirações
 É atormentado pela insatisfação e morre
Resumo da história
 O sobrinho de Simão (Camilo) dirige-se a um cartório local onde, enquanto vasculha um registo de prisões
descobre que o seu tio havia sido preso, na cadeia da Relação do Porto e desterrado para a Índia, por amor.
 Toda a ação centra-se na paixão de Simão e Teresa, demonstrando até que estâncias estão os apaixonados
dispostos a ir para ficarem juntos. Estes apaixonam-se através das suas janelas, que ficavam viradas uma para
a outra.
 Este amor é proibido devido a uma rivalidade entre as famílias, nomeadamente, devido ao Juiz Domingos
Botelho (pai de Simão) ter tomado uma decisão contra a família Albuquerque (família de Teresa)
 Ao descobrir o amor que está a florescer entre os dois jovens, o pai de Teresa (Tadeu de Albuquerque) tenta
obrigá-la a casar com um primo, acabando por a ameaçar com a entrada para um convento no Porto, quando
esta recusa os avanços de Baltasar (o primo).
 Enquanto isso, Simão vai estudar para Coimbra, numa tentativa, por parte do seu pai, acreditando que a
distância fá-lo-á esquecer a paixão.
 Numa tentativa de reatar o amor, Simão volta para Viseu, onde é visto por Baltasar, acabando por ficar ferido
e tendo que se refugiar em casa de João da Cruz, tendo Mariana como sua enfermeira.
 Um triângulo amoroso começa a surgir, quase invisível, devido ao enamoramento de Mariana por Simão.
Amor não correspondido, mas forte mesmo assim e capaz de ir até às últimas consequências.
 Após a contenda entre Baltasar e Simão, Teresa é enviada para um convento, de onde Simão a tenta raptar,
acabando por matar Baltasar no processo.
 A morte de Baltazar leva Simão a ser condenado à morte, no entanto, a interferência de seu pai reduz a sua
pena a degredo para a Índia durante 10 anos.
 Teresa vê o navio que levará Simão do mirante, no convento, acabado por morrer pois a sua vontade de viver
deixou-a.
 Simão empreende a viagem acompanhado por Mariana, mas passado alguns dias no mar, acaba por adoecer
e falecer. Já Mariana com o desgosto da perda atira-se ao mar, ficando para sempre sepultada ao lado de
Simão.

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